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O dono da porquinha preta

O pai de Zezinho queria vender a Maninha - porquinha de estimação do


filho. Zezinho se revoltou e acabou tomando uma surra do pai.
Decidido, levou a porquinha para um chiqueiro distante de sua casa. Só
que naquela noite choveu muito e, no dia seguinte, o menino saiu em
busca da porquinha com medo de que a enchente a tivesse levado.
Descalço foi pelo trilheiro ainda meio molhado, cheio de rastros de bois.
Desatou uma corrida. Precisava agir apressadamente. Saiu na grota.
Havia ainda água suja correndo. Foi subindo ali beirando. Notava que a
enchente tinha sido arrasadora. Por ali a Maninha devia ter passado,
arrastada pela enchente, morta decerto. O coraçãozinho dele se afligia
mais e mais à medida que ele se aproximava de onde tinha feito o
chiqueirinho. Chegou. Parou de estalo. A respiração carregadinha de
emoção. Os olhos arregalados.
“Cadê o chiqueirinho?”
Não havia mais nada. A enchente tinha levado tudo. Não havia um pau sequer da cerquinha que ele tinha
feito. Certamente a Maninha tinha sido levada e aquela hora já estava rodando longe no rio Paranaíba. Lá no
fundo só havia um poço com água suja. Os olhos dele começaram a marejar água de choro.
- Fiz coisa errada.
Falou alto. A voz saiu com lágrimas. Ele espalhou o pranto do rosto. Agachou. Sentou no capim.
Estava suado. O sol tinha se tornado quente. Era uma tristeza muito grande invadindo a natureza dele. Agora
podia apanhar que não tinha importância. Levantou-se. Os olhos ainda borbulhando lágrimas.
“Também não conto pra ninguém. Ela morreu na enchente. Não é minha mais, mas também não vai ser de
ninguém. Nunca mais.”
Estava desolado. O azul do céu não valia nada. As flores enfeitiçando a natureza ainda verde também não
valiam coisa alguma. A ilusãozinha dele naquela época da vida era sua porquinha de estimação. Agora não
sabia o que fazer. Ir para casa não podia. Era até perigoso encontrar o pai em casa. Estava tão sem sorte! O
jeito era voltar para a escola. Mas não devia entrar.
“Foi o Valtério! Ele é que me fez esconder a Maninha nessa grota pra ela morrer na enchente. Vou voltar lá
na escola e dar outro murro no nariz dele. O Orlando não vai deixar ele me bater.”
Levantou a cabeça. Os olhos ainda lagrimando. Não. Decidiu que ia descer beirando a grota. Talvez a
porquinha estivesse presa nalguma forquilha, nalguma galhada ou até mesmo nalgum buraco no barranco.
Decidiu que não ia mesmo entrar na escola e, portanto tinha tempo para ficar bestando por ali, curtindo
aquela tristeza enorme. Decidiu apanhar algumas pedras na pedreira não longe da grota. Caminhou beirando
moitas bastas de capim-jaraguá.
- Arruf-ruf-ruf.
Uma porca roncou valentemente numa espessa moita ali perto. Nem parecia o ronco da Maninha, mas
era ela sim. Zezinho quase tinha pisado na cria.
- Maninha!? Maninha!?
A porquinha parecia estar brava. Bateu queixo. Estava enciumada, protegendo os leitõezinhos.
- Deu cria, Maninha!? A enchente não te levou, danadinha?
Zezinho estremeceu sob o domínio da emoção. Esqueceu de tudo. Não tinha que brigar com ninguém
e tomar mais uma surra do pai não tinha importância.
- Maninha, minha nega!
A princípio a porquinha parecia estar enraivecida, tocada de ciúme por causa da cria, mas de repente
Ficou calma. Roncou com ternura.

(Jair Vitória. Zezinho, o dono da porquinha preta.)


Interpretação
 
Vocabulário:

Arrasador- destruidor, demolidor, devastador.

basto- cerrado, compacto, fechado.

capim-Jaraguá – erva de origem africana, muito cultivada por ser uma excelente pastagem.

rastro – sinal, vestígio

2. Construa uma frase com a expressão “sair de fininho.”

3. Responda:

a) Quem é a protagonista ou personagem principal?

b) Qual é o assunto do texto?

4) No 1º parágrafo do texto, Zezinho sai emocionado à procura de Maninha. Transcreva trechos do


texto que expressam sentimentos de:

a) urgência b) sofrimento c) emoção d) raiva e) susto, medo f) carinho

5) Por que, depois que a porquinha sumiu, Zezinho não se importava mais com o “azul do céu” e com
as flores enfeitiçando a natureza”?

6) Por que Zezinho não podia voltar para casa?

7) Zezinho culpa Valtério da morte de Maninha. Qual sua opinião sobre isso?

8) Zezinho precisava de alguém que o protegesse e o amparasse. Que frase do texto expressa isso?

9) Em dois momentos diferentes, Zezinho sentiu que não tinha importância apanhar do pai. Explique
esses momentos.

a) 1º momento b) 2º momento

10) Como a porquinha demonstrou amor pelo menino?

11) O que você faria se estivesse no lugar de Zezinho?

12) Faça uma capa para o seu trabalho e ilustre, na capa, a parte que mais achou interessante na
história. Não se esqueça de colocar na capa: Trabalho de Língua Portuguesa – Aluno – Série – Turma –
Turno e nome da sua Escola. Capriche.

13- responda

a- Espaço:

14- foco narrativo ( ) 1ª pessoa ( ) 2º pessoa

15- tempo ( ) cronológico () psicológico


Atividade de produção textual diagnóstica de Língua Portuguesa /6º ano

E você tem um, ou alguns animais


de estimação? Ou não tem
nenhum, mas tem vontade de ter?!
Conte-nos!
Escreva um texto contando sobre
seu animal de estimação, como
ganhou, o nome, a raça, onde ele
dorme, o que come, enfim todas as
particularidades.
Se acaso não tem , conte-nos se
gostaria de ganhar um, o que seria,
que nome daria, enfim tudo a
respeito.
Boa produção!!!
Aluno(a): ............................................................................turma :....../....../....../ data:...../....../........

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