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Pereira AM

ARTIGO et al.
ORIGINAL

Avaliação da memória em crianças e


adolescentes com capacidade intelectual
limítrofe e deficiência intelectual leve
Amanda Morão Pereira; Carolina Rabelo Araújo; Sylvia Maria Ciasca; Sônia das Dores Rodrigues

RESUMO – O presente estudo teve como objetivo avaliar e comparar a


memória de crianças e adolescentes classificados como intelectualmente
deficiente (grau leve), inteligência limítrofe e sem comprometimento
intelectual. Especificamente, foram analisadas a memória operacional,
memória de curto prazo imediata e memória de longo prazo (episódica
e semântica) nos três grupos mencionados. Participaram deste estudo 38
sujeitos divididos em três grupos: deficientes intelectuais de grau leve (GDI),
limítrofes (GL) e controle (GC), constituído por crianças com quociente de
inteligência dentro da normalidade. Para avaliação dos diferentes tipos
de memória foram utilizados os instrumentos: Figura Complexa de Rey,
Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey (RAVLT), Blocos de Corsi
(TBC) e os subtestes da WISC-IV dígitos, sequência de números e letras
e vocabulário. Os dados obtidos demonstram que, quando comparado ao
GC, o GDI apresentou prejuízo significativo na memória operacional e na
memória de longo prazo semântica, mas não na memória episódica. Em teste
que utiliza a repetição de informações, as crianças do GDI tiveram melhor
desempenho. Tal dado é importante, pois remete à ideia de que estratégias
de ensino embasadas nessa abordagem podem favorecer a aprendizagem
dessas crianças. Quanto ao GL, constatou-se prejuízo significativo em todos

Amanda Morão Pereira – Psicóloga, São Carlos, SP, Bra­sil. Correspondência


Carolina Rabelo Araújo – Neuropsicóloga, mestre em Amanda Morão Pereira
Ciências Médicas pela FCM/UNICAMP, Campinas, Rua Padre Teixeira, 2670 – bloco Roma – apto. 153 –
SP, Brasil. Vila Nery – São Carlos, SP, Brasil – CEP: 13560-210
Sylvia Maria Ciasca – Professora Livre-Docente do E-mail: amanda.moraop@gmail.com
Departamento de Neurologia e Coordenadora do
DISAPRE – Laboratório de Pesquisa em Distúrbios de
Aprendizagem, Dificuldades de Aprendizagem e Trans­
torno de Atenção – FCM/UNICAMP, Campinas, SP,
Brasil.
Sônia das Dores Rodrigues – Pedagoga, Psicopedagoga
e Psicomotricista, Mestre e Doutora em Ciências Médi­
cas pela FCM/UNICAMP, Campinas, SP, Brasil.

Rev. Psicopedagogia 2015; 32(99): 302-13

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Avaliação da memória em crianças e adolescentes com capacidade intelectual limítrofe e deficiência intelectual leve

os tipos de memória avaliados, quando comparado ao GC. A comparação


entre o GL e o GDI demonstrou que os primeiros tiveram melhor desempenho
(estatisticamente significativo) apenas na memória semântica. Diante disso,
considera-se importante que se discuta a necessidade de crianças com
inteligência limítrofe receberem na escola o mesmo suporte educacional
especializado oferecido às crianças intelectualmente deficientes.

UNITERMOS: Memória. Aprendizagem. Inteligência. Deficiência in­


telectual.

INTRODUÇÃO até 3 a 6 horas, o que representa o tempo de efeti­


O aprendizado pode ser definido como a mo­ vação da MLP. O papel da MCP é permanecer
dificação de comportamentos em resposta ao tempo suficiente para que o indivíduo possa dar
meio, cuja principal característica é aquisição de continuidade a alguma tarefa por meio de uma
informações. A base do aprendizado é composta “cópia” momentânea da memória principal, que
por diversas funções cognitivas, como atenção, será gradativamente substituída pela MLP1.
percepção, gnosias, memória, linguagem, pra- A MLP armazena grande quantidade de in-
xia, inteligência e funções executivas, além de formações e permanece por muitas horas, dias
adequado aparato neuropsicológico. Interessa-nos, ou até anos e, neste ultimo caso, tem o que se
neste estudo, abordar a memória, função cogni­ denomina de memória remota4.
tiva responsável pela aquisição, formação, con- Quanto ao conteúdo, a memória costuma ser
servação e evocação de informações1-3. di­vidida em declarativas, que registram fatos,
Existem diferentes tipos e classificações de eventos ou acontecimentos, e procedimentais,
memória. No que se refere ao tempo, esta função que estão relacionadas com procedimentos auto-
é normalmente dividida em memória operacio- máticos (motores) e com informações adquiridas
nal, memória de curto prazo (MCP), memória de por condicionamento e habituação4,6.
longo prazo (MLP) e memória remota1,4. A memória declarativa se subdivide ainda em
A memória operacional mantém a informa­ção função do tipo de conteúdo, ou seja, denominam-
durante alguns segundos, no máximo poucos -se de memória episódica os eventos aos quais
minutos, até que seja utilizada para solu­cionar al- assistimos ou dos quais participamos e de me-
guma tarefa. Tem também como característica a mória semântica àquelas relacionadas a conhe-
possibilidade de atualizar as informações neces- cimentos gerais, fatos, conceitos e vocabulário.
sárias para a concretização de uma atividade, ou É a memória operacional que define o que será
para realizar outra tarefa. Quatro componentes guardado na memória declarativa ou procedi-
compõem a memória operacional: a alça fono- mental e que memória deverá ser evocada em
lógica, que armazena as informações auditivas; cada caso1.
o esboço visuoespacial, que sustenta as infor- A memória operacional é um forte preditor da
mações espaciais e visuais; o buffer episódico, capacidade de raciocínio, ou seja, quanto maior
que integra as informações auditivas, visuais e o nível de agregação da memória operacional,
espaciais provenientes dos outros subsistemas; maior a capacidade de raciocínio e inteligência
e o executivo central, que gerencia e controla geral. Nesse sentido, a memória operacional
o fluxo de informações e tem a capacidade de tem papel essencial na realização de tarefas
acessar a informação, manipulá-la e modificá-la5. complexas7.
Quanto à MCP, esta se estende dos primeiros A literatura indica que o treinamento da memó-
segundos ou minutos seguintes ao aprendizado ria operacional pode melhorar a inteligência, já

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que as tarefas desse tipo de memória necessitam dizagem, porém há facilidade na adaptação;
de processos de execução variados, intimamente quando adultos, podem conseguir trabalhar e
associados à inteligência fluida8. manter relacionamentos sociais9,12.
A titulo de esclarecimento, entende-se por in­ Indivíduos classificados com inteligência
teligência a capacidade mental geral, que inclui limítrofe apresentam capacidade suficiente para,
raciocínio, planejamento, resolução de proble- com apoio, alcançar bom grau de autonomia nas
mas, pensamento abstrato, compreensão de atividades de vida diária. Quanto às característi-
ideias complexas e aprendizagem. Inteligência cas dessa população, destacam-se: ausência de
fluida e cristalizada são subtipos desse conceito traços físicos aparentes; defasagem entre a idade
mais amplo. Enquanto a primeira se refere às cronológica e a idade mental; carecem de inicia-
operações mentais utilizadas pelo indivíduo em tiva; tem dificuldade para generalizar mecanis-
tarefas novas que não podem ser executadas de mos racionais que lhes permitam desenvolver-se
forma automática, a segunda refere-se à habili- com autonomia em situações cotidianas; dificul-
dade de aplicar definições, métodos e procedi- dade na tomada de decisões e na resolução de
mentos aprendidos previamente, para lidar com conflitos; dificuldade para adaptar-se com êxito
situações-problema8-10. em situações difíceis; baixo desempenho escolar;
Um dos modos de medir a inteligência é a dificuldade para estabelecer e manter relações
quan­tificação, o que pode ser realizado com interpessoais, bem como em organizar o tempo
o uso de instrumentos psicológicos variados. livre; baixa autoestima e baixa tolerância ao fra­
Dentre estes instrumentos, destaca-se a Escala casso e à frustração13.
Wechsler de Inteligência para crianças (WISC-­ Em se tratando da relação entre aprendiza­
IV), que utiliza a seguinte classificação em ter- gem e memória, chama-se a atenção para a
mos de Quociente de Inteligência (QI): muito me­mória operacional, pois há relatos de que
superior (QI de 130 ou mais), superior (QI de dificuldade nessa habilidade pode impactar de
120 a 129), médio superior (QI de 110 a 119), forma negativa o aprendizado.
médio (QI de 90 a 109), médio inferior (QI de 80 No caso de crianças e adolescentes com de-
a 89), limítrofe (QI de 70 a 79) e intelectualmente ficiência intelectual, estudos referem que estes
deficiente (QI abaixo de 69)11. apresentam estrutura de memória operacional
No presente estudo, atentamo-nos para defi- semelhante à de indivíduos com desenvolvimen-
ciência intelectual e para inteligência limítrofe. to cognitivo dentro do esperado. Considera-se
A deficiência intelectual é definida pela que, possivelmente isto ocorre porque tais sujei-
American Association on Mental Retardation tos se apoiam em conhecimentos armazenados
(AAMR) como incapacidade que se caracteriza na memória de longo prazo, ou nas habilidades
por limitações consideráveis principalmente no executivas centrais, o que maximiza o seu de-
funcionamento intelectual e também na capaci- sempenho nessa habilidade. Assim, quando se
dade adaptativa, competências práticas, sociais compara a memória operacional de deficientes
e emocionais. Desenvolve-se antes dos 18 anos e intelectuais com aqueles que têm desenvolvi-
resulta em prejuízos no funcionamento social do mento cognitivo dentro do esperado, pode não
indivíduo. Aprendizagem, raciocínio e resolução haver diferença significativa entre ambos14.
de problemas são capacidades cognitivas que Há estudos, no entanto, que sugerem o con-
também são prejudicadas nesse quadro9. trário, ou seja, que há diferenças significativas
A deficiência intelectual subdivide-se em entre os dois grupos mencionados, no que diz
leve (QI na faixa de 50 a 69), moderada (QI na respeito a vários elementos da memória opera-
faixa de 35 a 49), grave (QI na faixa de 20 a 34) cional. Essa diferença estaria relacionada, prin-
e profunda (QI abaixo de 20). Na deficiência cipalmente, ao comprometimento na alça fono-
in­telectual leve, ocorrem dificuldades na apren- lógica, região responsável pelo armazenamento

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de informações auditivas. Nesse caso, haveria MÉTODO


re­dução da capacidade de armazenamento, e O presente estudo foi realizado no Labora­
não na precisão de processamento. Supõe-se, tório de Pesquisa em Distúrbios de Aprendiza-
ainda, que esse prejuízo seria fator causal na gem, Dificuldades de Aprendizagem e Trans-
deficiência intelectual, cujos efeitos ocorrem torno de Atenção (DISAPRE/FCM/UNICAMP)
desde o início do desenvolvimento cognitivo15,16. e em duas escolas públicas dos municípios de
Estudo comparando o desempenho de defi­ Campinas e Limeira, após aprovação pelo Co-
cientes intelectuais e sujeitos classificados como mitê de Ética em Pesquisa (Parecer: 923.066).
limítrofes com crianças de grupo controle cons- Contou com a participação de 38 sujeitos, de
tatou que somente crianças com deficiência ambos os gêneros, com idade entre 7 e 15 anos.
intelectual tiveram defasagem em atividades Os sujeitos foram divididos em três grupos:
processadas pela alça fonológica; sujeitos com onze indivíduos no grupo experimental 1, com
inteligência limítrofe obtiveram o mesmo desem­ deficiência intelectual (GDI); 10 no grupo expe­
penho que o grupo com desenvolvimento cog- rimental 2, com inteligência limítrofe (GL) e
nitivo dentro do esperado15. 17 no grupo controle, sem comprometimento
Em relação à recuperação de informações cognitivo (GC).
complexas, dados sugerem que crianças e ado- Os sujeitos dos grupos experimentais (GDI
lescentes com deficiência intelectual apresen­tam e GL) foram avaliados no referido laboratório,
enquanto que as crianças do grupo controle
melhor desempenho quando estas são aprendi-
(GC) foram avaliados na própria escola que
das de forma implícita, e não explícita, enquanto
frequentavam. Os seguintes critérios foram defi­
os sujeitos com desenvolvimento cognitivo den-
nidos para inclusão nos grupos experimentais:
tro da normalidade apresentam desempenho
1) os sujeitos do GDI deveriam ter QI entre 50
eficiente, independente da forma que são dadas
e 69, segundo a Escala Wechsler de Inteligên-
as instruções17.
cia para crianças (WISC-IV)9 e, assim, serem
Diante do até então exposto, a questão que se
classificadas como deficientes intelectuais de
coloca é se crianças e adolescentes com deficiên-
grau leve; 2) os sujeitos do GL deveriam ter QI
cia intelectual leve e com inteligência limítrofe
entre 70 e 79, segundo a mesma escala e, assim,
se diferenciam em termos de funcionamento nos
serem classificadas como inteligência limítrofe;
diferentes tipos de memória. O conhecimento de 3) Ambos os grupos (GDI e GL) não poderiam
tal dado é importante, pois a partir disso se pode apresentar nenhuma síndrome ou patologia
direcionar e elaborar estratégias eficazes que de base que justificasse tal quadro; 4) Os pais
possam favorecer positivamente o aprendizado ou responsáveis deveriam assinar o Termo de
de tais crianças. Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), após
Nesse sentido, o presente estudo teve como esclarecimento sobre o teor da pesquisa; 5) As
objetivo principal avaliar e comparar a memó­ crianças/adolescentes deveriam ser informadas
ria de crianças/adolescentes classificados como sobre a pesquisa e concordarem em participar
intelectualmente deficiente de grau leve e da mesma, assinando o Termo de Assentimento
crianças/adolescentes com inteligência classifi­ para Menores.
cada como limítrofe. Especificamente, foram Os sujeitos do grupo controle (GC) foram es­
avaliadas e comparadas a memória de curto colhidos aleatoriamente em duas escolas públi-
prazo (imediata e operacional) e de longo prazo cas dos municípios de Campinas/SP e Limeira/
(episódica e semântica) de crianças com defi- SP, tendo sido estabelecidos como critérios de
ciência intelectual leve, inteligência limítrofe inclusão: 1) crianças/adolescentes sem alteração
e com desenvolvimento cognitivo dentro da neurológica ou queixas de dificuldade de apren-
normalidade. dizagem, de acordo com seus professores; 2)

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deveriam estar regularmente matriculados na foram analisados de forma qualitativa e quan-


série correspondente à sua idade cronológica; 3) titativa. A análise estatística foi feita por meio
deveriam ter QI acima de 80, segundo a WISC-­ de programas SAS System for Windows (versão
IV e, assim, serem classificadas no mínimo com 16.0). Foi considerado significativo valor de p
inteligência dentro dos padrões de normalidade; igual ou menor que 0,05.
4) os pais ou responsáveis deveriam assinar
o TCLE, após esclarecimento sobre o teor da RESULTADOS
pesquisa; 5) as crianças/adolescentes deveriam Dos 38 sujeitos que constituíram a presente
ser informadas sobre a pesquisa e concordarem casuística, 23 eram do gênero masculino. A
em participar da mesma, assinando o Termo de
idade variou de 7 a 15 anos (média de 10 anos).
Assentimento para Menores.
Conforme mencionado anteriormente, a
Para avaliação da memória foram utiliza­­dos
WISC-IV foi o instrumento utilizado para classi-
os seguintes instrumentos: WISC-IV, Figura
ficar as crianças dos grupos experimentais (GDI
Complexa de Rey, Teste de Aprendizagem
e GL) e controle. Em relação a este último, fo­ram
Auditivo-Verbal de Rey (RAVLT) e Blocos de
obtidas as seguintes classificações: superior (2
Corsi (TBC).
sujeitos), médio superior (3 sujeitos), médio (7
A memória de curto prazo imediata foi avalia-
sujeitos) e médio inferior (5 sujeitos). Nos tópicos
da pelo subteste dígitos ordem direta da WISC-IV
seguintes serão apresentados os dados relativos
e Blocos de Corsi (ordem direta). A memória ope-
à comparação dos três grupos analisados, nos
racional foi avaliada pelo teste Blocos de Corsi
diferentes tipos de memória.
(ordem inversa) e pelos subtestes dígitos ordem
inversa e sequência de números e letras da
WISC-IV. A memória de longo prazo episódica Desempenho e comparação dos grupos nos
verbal foi avaliada pela evocação tardia (RAVLT testes de memória operacional
– A7) e aprendizagem verbal (RAVLT – A1-A5); Nos subtestes dígitos ordem inversa e se­
a memória de longo prazo episódica visual pelo quência de números e letras da WISC-IV, GDI
teste Figura Complexa de Rey (reprodução); a e GL apresentaram desempenho significativa-
memória de longo prazo semântica foi avaliada mente inferior quando comparados ao GC. En-
pelo subteste vocabulário da WISC-IV. tretanto, não houve diferença estatisticamente
Foram realizadas duas sessões com duração significativa entre o GDI e GL nos referidos
de aproximadamente uma hora com cada parti- subtestes (Tabela 1).
cipante para aplicação dos testes neuropsicoló- No Teste Blocos de Corsi (ordem inversa), é
gicos citados. Após coleta de dados, os mesmos possível observar que GDI e GL apresentaram

Tabela 1 – Comparação do desempenho dos grupos nos testes de memória operacional da WISC-IV –
dígitos ordem inversa (DOI) e sequência de números e letras (SNL).
“mean rank” “mean rank”
Grupo Valor de “p” (*) Valor de “p” (*)
DOI SNL
GDI 8,00 8,27
GC 18,71 0,000 18,53 0,000
GL 7,25 9,35
GC 17,97 0,019 16,74 0,000
GDI 10,41 9,77
GL 11,65 0,336 12,35 0,636
Legenda: (*)Teste de Mann-Whitney, GDI = Deficiente Intelectual, GL = Limítrofe, GC = Controle.

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desempenho significativamente inferior ao GC. Desempenho e comparação dos grupos nos


Porém, o mesmo não foi observado quando se com- testes de memória de longo prazo
parou o desempenho entre GDI e GL (Tabela 2). No subteste vocabulário da WISC-IV, GDI e
GL apresentaram desempenho significativamen-
Desempenho e comparação dos grupos nos te inferior quando comparado ao GC; também
testes de memória de curto prazo houve diferença estatisticamente significativa na
GDI e GL apresentaram desempenho signifi- comparação do GDI e GL, com melhor desem-
cativamente inferior, quando comparados ao GC penho do GL (Tabela 4).
no subteste dígitos ordem direta da WISC-IV. Na Na avaliação da aprendizagem verbal (A1-A5
comparação entre ambos, no entanto, constatou-se do RAVLT), observa-se que apenas GL apresen-
que o GL teve melhor desempenho que o GDI, tou desempenho significativamente inferior,
porém a diferença não foi estatisticamente signi- quando comparado ao GC. GDI obteve resulta­
dos inferiores ao GC, mas superiores ao GL,
ficativa. No Teste Blocos de Corsi (ordem direta),
po­rém, em ambos os casos, não houve diferença
apenas GL teve desempenho significativamente
estatisticamente significativa. Já a avaliação da
inferior ao GC; não houve diferença estatistica-
evocação tardia (A7 do RAVLT), GDI teve desem­
mente significativa entre GDI e GL (Tabela 3).
penho inferior ao GC e superior ao GL, mas am-
bos sem diferença estatisticamente significati­va.
GL teve desempenho significativamente infe­­rior,
Tabela 2 – Comparação do desempenho dos quando comparados ao GC (Tabela 5).
grupos no Teste “Blocos de Corsi” (TBC) – Na cópia da Figura Complexa de Rey, GDI e
ordem inversa. GL apresentaram desempenho inferior, estatis-
“mean rank” ticamente significativo, quando comparados ao
Valor de
Grupo TBC
“p”(*) GC. Entre GDI e GL, GDI obteve melhores resul-
Ordem inversa
tados na cópia, mas não foi significativo do ponto
GDI 9,45 0,008
GC 17,76 de vista estatístico. Em relação à reprodução
GL 8,90 0,010 da figura, apenas GL apresentou desempenho
GC 17,00 significativamente inferior, quando comparado
GDI 10,36 0,619 ao GC. GDI apresentou resultados inferiores ao
GL 11,70 GC e superiores ao GL, mas essa diferença não
Legenda: (*) Teste de Mann-Whitney, GDI = Deficiente In- foi estatisticamente significativa em ambos os
telectual, GL = Limítrofe, GC = Controle.
casos (Tabela 6).

Tabela 3 – Comparação do desempenho dos grupos no subteste dígitos ordem direta (DOD)
da WISC-IV e Teste Blocos de Corsi (TBC) ordem direta.
“mean rank” “mean rank” Valor de “p”
Grupo Valor de “p” (*)
DOD TBC ordem direta (*)
GDI 7,55 0,000 11,64 0,134
GC 19,00 16,35
GL 7,40 0,001 9,40 0,020
GC 17,88 16,71
GDI 10,18 0,507 12,14 0,375
GL 11,90 9,75
Legenda: (*) Teste de Mann-Whitney, GDI = Deficiente Intelectual, GL = Limítrofe, GC = Controle.

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DISCUSSÃO atividades de ensino, então, deveria levar em


Indivíduos com limitação intelectual muitas con­sideração o desempenho desses sujeitos nos
vezes são prejudicados na aprendizagem acadê- diferentes tipos de memória.
mica e, em parte, isso decorre do fato de que a Isso, no entanto, requer que os profissionais
escola não costuma se atentar para as defasagens da educação tenham conhecimento sobre os
e habilidades cognitivas dessa população. subtipos de memória e seu funcionamento. En-
A memória é uma dessas habilidades que tretanto, comparado a outras causas que resul-
merece atenção, já que está intimamente rela- tam em dificuldade de aprendizagem, pode-se
cionada à aprendizagem. O planejamento das dizer que são escassos os estudos sobre funções
cognitivas nessa população, principalmente no
que diz respeito às crianças com inteligência limí-
trofe. Tal constatação é que motivou a realização
Tabela 4 – Comparação do desempenho dos
grupos no subteste vocabulário da WISC-IV.
deste estudo, que teve como objetivo principal
investigar memória operacional, de curto prazo
Grupo “mean rank” Valor de “p” (*)
e de longo prazo em crianças com quociente de
GDI 7,05 0,000
GC 19,32 inteligência abaixo dos padrões de normalidade,
GL 8,60 0,006 mais especificamente, em crianças com deficiên-
GC 17,18 cia intelectual leve e com inteligência limítrofe.
GDI 8,00 0,01 Os resultados obtidos trazem informações inte-
GL 14,30 ressantes que serão a seguir relatadas.
Legenda: (*)Teste de Mann-Whitney, GDI = Deficiente In­ Em relação à memória operacional, consta­
telectual, GL = Limítrofe, GC = Controle.
tou-se que os grupos experimentais (GDI e GL)

Tabela 5 – Comparação do desempenho dos grupos no RAVLT – A1-A5 e RAVLT – A7.


“mean rank” “mean rank”
Grupo Valor de “p” (*) Valor de “p” (*)
A1-A5 A7
GDI 11,36 0,104 12,91 0,405
GC 16,53 15,53
GL 9,20 0,016 9,10 0,013
GC 16,82 16,88
GDI 11,73 0,573 12,00 0,431
GL 10,20 9,90
Legenda: (*) Teste de Mann-Whitney, GDI = Deficiente Intelectual, GL = Limítrofe, GC = Controle.

Tabela 6 – Comparação do desempenho dos grupos no teste Figura Complexa de Rey.


“mean rank” “mean rank”
Grupo Valor de “p” (*) Valor de “p” (*)
Cópia Reprodução
GDI 10,59 0,036 11,09 0,071
GC 17,03 16,71
GL 8,00 0,002 9,05 0,010
GC 17,53 16,91
GDI 11,64 0,509 12,09 0,333
GL 10,30 9,80
Legenda: (*)Teste de Mann-Whitney, GDI = Deficiente Intelectual, GL = Limítrofe, GC = Controle.

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tiveram pior desempenho (estatisticamente sig­ também apresentam prejuízo na memória opera-
nificativo) que o controle (GC) nos testes que cional, quando comparado a controle, tanto em
avaliam processamento de informações auditi- relação ao domínio verbal, quanto visuoespacial.
vas (avaliado por meio dos subtestes de dígitos Quanto aos deficientes intelectuais, sugere-se
ordem inversa e sequência de números e letras que, quanto maior o prejuízo cognitivo, menor a
da WISC-IV). A hipótese que se levanta é que sua capacidade de memória operacional, o que
tal fato está relacionado à menor capacidade de justificaria o desempenho inferior desse grupo
armazenamento da alça fonológica, um dos com- em tais testes16,18.
ponentes da memória operacional responsável Vale ressaltar que, no nosso estudo, os defi-
pelo armazenamento de informações auditivas. cientes intelectuais tiveram pior desempenho
A literatura a respeito dessa temática é con­ que os limítrofes, no entanto, a comparação entre
troversa, pois trazem dados divergentes. En­ ambos não foi estatisticamente significativa.
contram-se dados que sugerem não haver dife- No que se refere à memória de curto prazo,
renças estruturais na memória operacional de verificou-se que, nas tarefas que envolvem in-
deficientes intelectuais quando comparados a formações auditivas, o desempenho dos nossos
grupo controle, pelo menos no que diz respeito grupos experimentais (GDI e GL) foi significa-
à alça fonológica, esboço visuoespacial e exe- tivamente inferior ao grupo controle.
cutivo central14. Por outro lado, outros estudos Uma possível explicação para esse fato é en­
de­monstram o contrário. contrada na literatura, quando menciona que a
Alloway18, por exemplo, avaliou e comparou memória operacional seria o melhor preditor de
o desempenho da memória operacional de defi­ habilidades intelectuais para tarefas de memó-
cientes intelectuais (grau leve), limítrofes e grupo ria de curto prazo. Logo, prejuízo na memória
sem comprometimento cognitivo. Os dados ob- operacional resultaria em prejuízos também nas
tidos demonstraram déficit específico na capa- tarefas de memória de curto prazo, em relação
cidade de armazenamento da alça fonológica à capacidade de armazenamento das informa­
em crianças com deficiência intelectual leve. ções auditivas. Há relato também de que o pre­
Entretanto, diferente do nosso estudo, não foi juízo dos deficientes intelectuais não estaria
encontrada diferença significativa no grupo de relacionado somente à redução na capacidade
crianças com inteligência limítrofe. de armazenamento, mas também à lentidão no
Brankaer et al.16 também investigaram o de- processamento da informação7,19.
sempenho na memória operacional de crianças Interessante mencionar que neste estudo
deficientes intelectuais e grupo controle e en- uma situação diferente aconteceu nas tarefas
contraram alteração não só no processamento que avaliam aprendizagem verbal, que envolve
da alça fonológica, mas também em outros dois informações auditivas com repetição. Embora o
componentes da memória operacional, ou seja, grupo de deficientes intelectuais tenha obtido
no esboço visuoespacial e executivo central. resultados inferiores, a diferença não foi esta-
Sugere-se, ainda, que tais alterações seriam pro­ tisticamente significativa. A hipótese que se
porcionais ao grau de deficiência intelectual. levanta, a partir de dados fornecidos pela litera-
Nesse estudo depreendeu-se que os sujeitos tura19, é que tais sujeitos teriam capacidade para
dos grupos experimentais tiveram prejuízo no aprender, entretanto, diferentemente daqueles
esboço visuoespacial, uma vez que foram encon- que não possuem comprometimento cognitivo,
tradas alterações no processamento de infor- estes necessitariam de mais tempo e do uso de
mações visuoespaciais, como confirmado por repetições do conteúdo para o favorecimento da
outros autores15,16. memorização. Quanto maior o comprometimen-
No que se refere ao grau de comprometimen- to, maior seria a necessidade de repetições. Isso
to cognitivo, há relato de que sujeitos limítrofes demonstra que estratégias de ensino envolvendo

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repetições seriam mais eficazes para o aprendi- em conhecimentos armazenados na memória


zado desses indivíduos. de longo prazo para compensar seus prejuí-
No que se refere ao desempenho no teste zos na memória operacional. Tal estratégia foi
Blocos de Corsi, que avalia memória de curto observada nos deficientes intelectuais, que se
prazo com informações visuoespaciais, não foi lembraram mais facilmente das primeiras pala-
encontrada diferença significativa, quando se vras (efeito de primazia), que é proveniente da
comparou o desempenho dos grupos experi- recuperação da memória de longo prazo. Houve
mentais (GDI e GL) em relação ao controle (GC). ainda sujeitos do GDI que se lembraram com
Uma possível explicação para tal fato é que esse mais facilidade das últimas palavras (efeito de
tipo de memória envolve um sistema baseado recência), o que pode indicar tanto limitação
em coordenadas visuoespaciais e um sistema maior na capacidade de armazenamento, como
cinestésico, que armazena séries de movimentos, ausência de revisão. Porém, em relação ao gru-
além de componentes motores20, o que pode ter po experimental de limítrofes, a diferença de
favorecido os referidos grupos a obterem melhor desempenho foi significativa, o que demonstra
desempenho. que a memória de longo prazo episódica desse
Além disso, tanto a codificação, como o arma- grupo apresenta prejuízos14,23,24.
zenamento das sequências espaciais a serem exe- O mesmo aconteceu no teste da Figura
cutadas pelo examinando, estariam envolvidos Complexa de Rey, que também avalia memória
com o sistema executivo central, além do esboço de longo prazo episódica. Ambos os grupos
visuoespacial. A simetria utilizada na realização experimentais (GDI e GL) tiveram pior desem-
das sequências espaciais poderia ser uma contri-
penho (estatisticamente significativo) quando
buição da memória de longo prazo, integrada à
comparados ao controle na cópia de figura; im-
informação da memória visuoespacial21,22.
portante destacar que certo nível de dificuldade
Apesar do desempenho no teste Blocos de
foi também observado no GC, possivelmente,
Corsi ser favorecido por componentes visuoes-
isso se deve ao fato de que nesta atividade são
paciais, ocorreu diferença em relação ao desem-
exigidos também planejamento e habilidade
penho na ordem direta e inversa, o que pode ser
motora. Os sujeitos com limitação cognitiva,
justificado pelo prejuízo na memória operacional.
neste caso, têm pior desempenho. No que se
O pior desempenho, significativo estatistica-
refere ao subteste de reprodução da Figura
mente, na memória de longo prazo semântica no
Complexa de Rey, apenas os limítrofes tiveram
GDI e GL, quando comparados ao GC, pode ser
desempenho significativamente inferior ao con-
justificado pela capacidade de armazenamento
trole. Destaca-se que a literatura é escassa, em
limitada desses indivíduos, que dificulta aquisi-
ção de vocabulário. Dessa forma, a dificuldade se tratando desse instrumento de avaliação em
na linguagem também teria influência no pior crianças e adolescentes. São mais frequentes
desempenho desse teste. A literatura indica15 os estudos que o utilizam para avaliar memória
que nos sujeitos com limitação intelectual o de longo prazo em idosos que tenham sofrido
processo para adquirir o conhecimento é lento, lesões cerebrais.
assim, menos conteúdo é inserido e processado, A escassez de literatura sobre as habilidades
consequentemente, diminuindo o volume de cognitivas, especificamente a memória, de sujei-
informações na memória de longo prazo. tos com inteligência limítrofe, demonstra maior
Já os resultados obtidos na memória epi- necessidade de estudos nesse contexto.
sódica (evocação tardia) demonstraram que o
GDI teve pior desempenho, mas este não foi CONCLUSÃO
estatisticamente significativo. Isso pode ser in- De acordo com os dados obtidos neste estu-
dicativo de que tais indivíduos se apoiam mais do, conclui-se que crianças e adolescentes com

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Avaliação da memória em crianças e adolescentes com capacidade intelectual limítrofe e deficiência intelectual leve

deficiência intelectual apresentam pior desem- e memória de longo prazo episódica e semântica.
penho nas habilidades de memória operacional Quando comparados aos deficientes intelec­tuais,
auditiva e visuoespacial, memória de curto prazo os limítrofes apresentaram diferença significati-
auditiva e na memória de longo prazo semântica, va apenas na memória semântica, com melhor
quando comparados a crianças com desempenho desempenho que os deficientes intelectuais de
cognitivo global preservado. Na memória de grau leve. Com isso, sugere-se que discussões
longo prazo episódica, no entanto, o desempe- amplas sejam realizadas no contexto escolar,
nho, apesar de inferior, não foi estatisticamente principalmente, no sentido de se avaliar a ne-
significativo; em relação à aprendizagem verbal, cessidade de crianças com inteligência limítrofe
este dado pode ser útil, pois aponta o benefício receberem na escola o mesmo suporte educacio-
do uso dessa habilidade no desenvolvimento nal oferecido às crianças com deficiência inte-
de métodos de aprendizagem na população de lectual. Além disso, sugere-se que seja realizada
deficientes intelectuais. a análise pormenorizada dos diferentes tipos de
Finalizando, ressalta-se que o grupo de su- memória das crianças que apresentem qualquer
jeitos com inteligência limítrofe teve desempe- nível de comprometimento cognitivo (limítrofe e
nho significativamente inferior ao controle na deficiente intelectual), a fim de que sejam pla­
memória operacional auditiva e visuoespacial, nejadas estratégias adequadas de ensino e de
memória de curto prazo auditiva e visuoespacial intervenção.

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Pereira AM et al.

SUMMARY
Memory evaluation in children and adolescents with
limitrophe intellectual capacity and mild intellectual disability

This study aimed to evaluate and compare the memory of children and
adolescents classified as intellectually disabled (mild degree), limitrophe
intelligence and with no intellectual impairment. Particularly the operational
memory, the short-term immediate memory and long-term memory (episodic
and semantic) were subjected to analysis in the three aforementioned groups.
Thirty-eight subjects participated in this study divided in three groups, all of
which were composed by children with intelligence quotient of normality:
intellectually disabled of mild (GDI), limitrophe (GL) and control degree
(GC). In order to evaluate the different types of memory the Rey Complex
Figure, the Rey Auditory-Verbal Learning Test (RAVLT), the Corsi Block
Test (TBC) and the WISC-IV digits, sequence of numbers and letters, and
vocabulary subtests were performed. The obtained data shows that when
compared to GC, the GDI presented meaningful loss in the operational
and in the long-term semantic memory, but not in the episodic memory.
With tests that use information repetition, children with GDI had better
performance. Such data is important because refers to the idea that tea­
ching strategies based on this approach may favor these children learning.
As for the GL, a meaningful loss in all the types of evaluated memory was
noticed, when compared to the GC. The comparison between GL and GDI
presented that the firsts had better performance (statistically meaningful)
only in the semantic memory. Accordingly, the debate regarding the need
of children with limitrophe intelligence receiving at school the same
specialized educational support offered to children intellectually disabled
is considered important.

KEY WORDS: Memory. Learning. Intelligence. Intellectual disability.

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Trabalho realizado no Laboratório de Pesquisa em Artigo recebido: 28/9/2015


Distúrbios de Aprendizagem, Dificuldades de Apren­ Aprovado: 3/11/2015
dizagem e Transtorno de Atenção (DISAPRE) do Hos­
pital de Clínicas da Unicamp, Campinas, SP, Brasil.

Rev. Psicopedagogia 2015; 32(99): 302-13

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