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RESUMO DE PSICOLOGIA MÉDICA, CONTEÚDO DO ESTÁGIO II.

Sávio Brandão - T83

Transferência
● Transferência se refere à transferência de sentimentos de um paciente para a pessoa do
médico.
● Está presente desde o início da consulta, ocorrendo de maneira inconsciente, às vezes
com um motivo consciente. (Não sei porque eu confio nele, ele parece meu pai, mas
só isso)
○ Desde o início do tratamento, a transferência se faz presente, sendo o mais
poderoso móvel do processo, ou seja, a transferência é responsável pela
adesão ou não adesão e continuidade do tratamento.
● Os sentimentos envolvidos na transferência, seja ela positiva ou negativa, não se
formam pela situação do paciente no tratamento da doença, e sim, os sentimentos vêm
de outro lugar, guardados no paciente, apenas sendo externados no momento do
contato médico-paciente.
● A transferência possui várias formas de manifestação e de intensidade. Ela pode se
manifestar como um sentimento amoroso intenso, que pode evoluir para uma
condição patológica, ou pode ser mais moderada, não necessariamente de maneira
amorosa.
○ Pacientes mais jovens que se consultam com médicos idosos podem emergir o
sentimento de afeto que existe para com seus avós.
○ Pacientes podem realizar a transferência de sentimentos existentes entre os
mesmos e amigos próximos.
● Algumas mulheres conseguem moldar a transferência, de tal modo que essa troca de
sentimentos seja viável e saudável. Outras não conseguem e expressam a transferência
de maneira crua, original, impossível e patológica.
○ No fundo, para estes casos, a transferência é a mesma, apenas o modo como as
pacientes modulam essa relação, que diferencia o resultado final.
● Para o sexo masculino, existe a mesma vinculação com relação ao médico que em
pacientes femininas, lembrando que a transferência, embora possa ter cunho sexual,
não é regra.
○ Existe uma supervalorização da figura do médico, colocando as características
dele em um pedestal.
○ É mais comum a forma de transferência sublimada entre homens, do que a
transferência de cunho sexual.
● A primeira vista, a transferência que o médico encontra em pacientes masculinos, é
uma transferência negativa.
○ Sabe-se que a transferência pode ser de sentimentos afetuosos, muitas vezes
sexuais, ou de sentimentos hostis.
○ Os sentimentos hostis se revelam mais tarde que os afetuosos, muitas vezes
sendo mascarados através dos sentimentos afetuosos.
○ Quando existe a presença tanto de sentimentos hostis, quanto de sentimentos
afetuosos, existe uma boa ambivalência emocional.
● Como é superada a transferência ?
○ O médico não pode ceder às exigências do paciente, seja sua transferência
positiva ou negativa.
○ O médico deve explicar ao paciente que os seus sentimentos não tem origem
com a relação atual, de médico-paciente, e não se aplicam ao médico.
○ Deve ser explicado que esses sentimentos apenas repetem algo acontecido
anteriormente, tentando sempre transformar a repetição desses sentimentos em
lembranças, ou seja, não deve repetir os sentimentos para com o médico.
● A transferência, seja ela positiva ou negativa, constitui a melhor ferramenta para o
tratamento de histeria, histeria de angústia e neurose obsessiva, chamadas de neuroses
de transferência.
○ Pois a partir da transferência, o médico tem acesso ao íntimo do psicológico
do paciente.
○ A contratransferência é a ferramenta utilizada para a transformação da
transferência negativa. Caso seja utilizada uma contratransferência, também
negativa, hostil, violenta, isso não trará benefícios para o tratamento. Porém,
se for usada uma abordagem oposta, tendo gentileza, humanidade, sem levar a
situação para o extremo da relação afetiva, pode-se transformar a transferência
hostil em um processo proveitoso.
○ Os neuróticos têm uma tendência à transferência aumentada.
■ MENOS os neuróticos narcisistas. Eles não possuem/possuem muito
pouca tendência à transferência.
○ Neurose de transferência:
■ Projeção das neuroses da infância no momento de transferência, a fim
de evocar os sentimentos traumáticos experimentados pelo paciente.
● Ex: O médico parece com meu tio que abusava fisicamente de
mim.
● Exs: Neurose obsessiva.
● Neurose narcísica x Transferência narcísica:
○ Na neurose, o indivíduo não possui capacidade de transferência.
○ Na transferência, o indivíduo fará de tudo para obter a aprovação do médico,
medindo suas palavras e modificando suas histórias para omitir partes que na
sua cabeça viriam a fazer com que ele perdesse a aprovação do médico.

Contratransferência
● Reações emocionais inconscientes do analista, seja ele médico, psicólogo, frente às
investidas emocionais do paciente, ou seja, frente à transferência.
● A contratransferência é um obstáculo ao tratamento analítico, devendo ser
reconhecida, diferenciada dos sentimentos do paciente e dominada.
● O manejo da contratransferência é fundamental para a continuidade do tratamento,
visto que os sentimentos do médico, que se transferem ao paciente, podem causar
efeitos neste.
● A postura de neutralidade e a abstinência do analista na relação analítica são ponto
fundamental para o processo investigativo do inconsciente.
○ A neutralidade frente às investidas emocionais do paciente faz com que o
tratamento seja possível sem a interferência do emocional do médico no
paciente.
● Freud mantém ao longo de sua obra a perspectiva clássica em relação ao manejo da
contratransferência, em relação à qual enfatiza o dever do analista de controlar seus
próprios sentimentos contratransferenciais e manter postura de neutralidade e
abstinência com a finalidade de evitar a "tentação de projetar para fora algumas
peculiaridades de sua própria personalidade".
● Nova visão de contratransferência:
○ A contratransferência é uma forma do médico poder utilizar da benevolência
para compreender o que o paciente sente, seus aspectos que não podem ser
reproduzidos por meio da fala, apenas por transferência emocional.
● TICS - Faço a menor ideia do que seja.

Sintoma na psicanálise e na medicina


● Sintoma possui relação direta com a transformação histórica do conceito de doença,
para a medicina.
● Sintoma: Fenômeno/mudança no organismo descrito pelo paciente como queixa,
sendo dotado de sentido, porém, não possuindo significado, sendo esse o papel do
médico.
○ O médico vai dar sentido ao sintoma, ou seja, vai dizer se ele é ou não sinal de
uma doença.
● Os sintomas e sinais são estudados pela semiologia, que hoje possui um significado
quase semelhante ao método clínico, responsável por afastar ou afirmar a hipótese de
uma doença, tendo como resultado um diagnóstico.
● Pimenta e Ferreira - 2003
○ “Pelo ideal da semiologia, o método clínico deve se basear fundamentalmente
na habilidade artesanal do médico, que apropriando-se das manifestações das
doenças no paciente e, complementando ou não por meios instrumentais, deve
chegar a um diagnóstico”.
○ Traduzindo: O método clínico se baseia na capacidade do médico de se
apropriar dos sintomas, dando significados ou não, transformando assim, em
sinais de uma doença, construindo um diagnóstico.
● Paradigmas: Modelo dominante de construir o conhecimento médico, mudando de
época em época.
○ Pré-científico;
○ Científicos:
■ Anatomoclínico (diagnóstico feito com base na análise anatômica de
lesões ou do próprio paciente como um todo);
■ Biológico;
■ Tecnológico.
● O sintoma na psicanálise, do mesmo modo que o sintoma na medicina, é dotado de
sentido, porém, a clínica psicanalítica redefiniu o sintoma como algo não detectável
no organismo, sendo uma formação do inconsciente, do mesmo jeito que é o sonho, o
chiste e o ato falho.
● O sentido é variável, de pessoa para pessoa, devendo ter sua significação dada pela
história pessoal de cada paciente.
● O sentido do sintoma só trará benefício ao paciente se o próprio paciente ver que o
sintoma tem sentido, ou seja, se o sentido dado pelo analista for adquirido pelo
paciente, essa análise será benéfica.
● Exemplo de Augustine:
○ Abusada por seu empregador.
○ Paresia do MMSS direito, dor no estômago, alteração na sensibilidade e atraso
na menarca.
○ Aparentemente esses sintomas foram devido ao abuso. (como? eu não faço a
menor ideia)
● Clavreul: Discurso médico é o das ciências biológicas, e não linguísticas, ou seja, os
signos médicos preexistem à linguagem, não precisando da linguagem falada do
médico e nem do doente para existir. Isso quer dizer que os sinais médicos não
obedecem às leis da linguística, não constituindo metáforas, portando, sendo
objetivos, não estão ligados à subjetividade, diferente do sintoma da psicanálise, que
está intrinsecamente ligado à subjetividade do paciente.
○ Um sintoma na medicina, devido à sua falta de subjetividade, não poderá ser
considerado mentiroso, ambíguo.
● O tratamento do mal-estar humano: O tratamento vai mudando de época para época.
○ Tribos primitivas: Xamã cuida das moléstias e das doenças em um caráter
mágico-religioso, utilizando da natureza para fazer medicamentos.
○ Idade antiga: Medicina pré-científica. Onde ocorre a separação entre o
religioso e o natural. Porém, a prática médica ainda possuía elementos
religiosos.
■ Ex: Epiléptico → Mensageiro dos deuses.
○ Idade moderna: Hegemonia da racionalidade por meio de Descartes. Maior
desenvolvimento da ciência, sistematizando e tratando doenças com mais
facilidade. A Psiquiatria não segue os mesmos rumos da medicina, pois lesões
anatomopatológicas não eram encontradas em casos psiquiátricos, além de não
poderem fazer um diagnóstico psiquiátrico com as ferramentas da época.
● O sintoma neurótico tem uma natureza diversa, sendo um sinal de uma moléstia que
não deve ser eliminado, mas acolhido, decifrado e dado um significado que deve ser
aceito pelo paciente.
● O sintoma neurótico é possível de ser captado e decifrado graças à teoria psicanalítica
de Freud, por meio da conceituação do recalque, do inconsciente enquanto sistema,
das pulsões, etc.

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