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RESENHA – Cap.

3 – O uso da teoria
O autor inicia o capítulo afirmando que uma das funções da revisão de literatura é apresentar
quais as teorias que podem ser utilizadas para explorar um estudo. Ele divide o capítulo em
seções nos quais aborda o uso da teoria nos métodos quantitativos, qualitativos e mistos.
Na pesquisa quantitativa, o pesquisador testa teorias a fim de obter respostas para suas
perguntas. A teoria é colocada no início do estudo, e utilizada de forma dedutiva, tornando-se
assim uma base para todo o estudo. O pesquisador testa uma teoria examinando hipóteses ou
questões derivadas dela. Essas hipóteses apresentam variáveis que precisam ser definidas pelo
pesquisador. Creswell pontua que para entender as teorias quantitativas é necessária
compreensão do conceito de variável: “Característica ou atributo de um indivíduo ou organização
que pode ser medido ou observado e que varia entre as pessoas ou organizações que estão
sendo estudadas”. Uma variável varia em duas ou mais categorias ou em um continuum de
pontuações, e pode ser medida em uma escala. As variáveis são relacionadas para dar resposta
a uma questão ou para realizar previsões (hipóteses). As variáveis comumente medidas são
gênero, raça, idade, classe econômica, atitudes ou comportamentos, e são diferenciadas pela
ordem temporal e sua medição. Variáveis independentes são aquelas que (possivelmente)
produzem ou afetam os resultados. Variáveis dependentes são aquelas cujos resultados sofrem
influências das variáveis independentes. Variáveis intervenientes ou mediadoras se localizam
entre as variáveis independentes e dependentes. Variáveis moderadoras consistem em variáveis
estruturadas pelo pesquisador ao multiplicar uma variável por outra a fim de medir o impacto
conjunto das duas. Essas variáveis são estudadas por meio de procedimentos estatísticos.
Assim, na pesquisa quantitativa, a teoria consiste em um conjunto inter-relacionado de variáveis
organizadas em hipóteses que explicam a relação entre essas variáveis, e que auxilia na
explicação ou previsão de um fenômeno. As teorias variam em três níveis: micro (explicações de
pequenos grupos ou espaços de tempo), meso (ligam os níveis micro e macro) e macro
(explicações de grupos maiores como sistemas culturais ou sociedades). As teorias podem ser
apresentadas como um conjunto de hipóteses, de declarações lógicas ou modelos visuais. Dessa
forma, em uma discussão da teoria quantitativa, devem ser incluídos a teoria a ser utilizada, suas
hipóteses e conceitos centrais, dados sobre o uso anterior da teoria e sua aplicabilidade, e
explicações de como se relaciona com o estudo sugerido.
Ainda na pesquisa quantitativa, o autor sugere algumas etapas para a aplicação da teoria: 1.
Procurar uma teoria na literatura baseada na disciplina que estuda o fenômeno a ser analisado; 2.
Examinar estudos anteriores que abordam o tema e identificar uma teoria que abranja a hipótese
central da pesquisa; 3. Formular a pergunta que une a variável independente à variável
dependente; 4. Traçar um roteiro a seção teórica.
Na pesquisa qualitativa, a teoria é utilizada de forma mais diversificada, podendo fornecer uma
explicação ampla para comportamentos e atitudes. Dessa forma, a teoria norteia o estudo de
questões de gênero, classe e raça, os tipos de indagações realizadas e informa como os dados
serão coletados e analisados. Nos estudos qualitativos, a teoria torna-se o ponto final, elaborada
a partir de um processo indutivo no qual sua construção se dá a partir dos temas obtidos por meio
das informações coletadas. Os temas são configurados em padrões mais amplos, teorias ou
generalizações que são comparadas com experiências pessoais ou com a literatura sobre o tema.
Na teoria dos padrões, o raciocínio lógico-dedutivo não é enfatizado, e não são exigidas
declarações causais. Os conceitos e as relações se correlacionam mutuamente, formando um
sistema fechado e explicitando uma sequência de fases ou ligação de partes a um todo.
O autor pontua que alguns estudos qualitativos, apesar de não empregarem nenhuma teoria
explícita, como na fenomenologia, não partem da observação pura, e que teoria e método
consistem nos pré-requisitos para qualquer observação. Creswell apresenta ainda algumas
sugestões para o uso da teoria na pesquisa qualitativa: 1. Decidir se a teoria deve ou não ser
utilizada e, em caso positivo, decidir como será o seu uso (como uma explicação, um ponto final
ou uma lente de defesa); 2. A localização da teoria deve ser realizada de forma consistente com
seu uso. Se a teoria é utilizada como uma lente teórica, ela deve vir no início do estudo. Nos
estudos nos quais a teoria é um ponto final, um padrão ou uma generalização, a teoria aparece
no fim do estudo.
Em estudos com métodos mistos, o uso da teoria pode ser dedutivo, como na pesquisa
quantitativa, ou indutivo, como em estudos qualitativos. Aqui a teoria pode ser utilizada ainda
como um norteador da investigação. Creswell sugere que, na utilização da teoria em uma
pesquisa com métodos mistos, o pesquisador deve: 1. Avaliar a utilização ou não da teoria; 2.
Decidir se a utilização será de acordo com o método quantitativo ou qualitativo; 3. Se a teoria for
utilizada como uma estratégia transformacional de investigação (pesquisas emancipatórias,
antidiscriminatórias e participativas), deve-se definir os pontos nos quais as ideias emancipatórias
serão utilizadas.

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