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FUNDAÇÃO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE BARUERI

Unidade Prof. Munir José

Curso Técnico em Recursos Humanos

AS MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS NOS ALUNOS DO 3°ANO DE


RECURSOS HUMANOS DA FIEB

Ana Luiza de Abreu Carvalho


Bianca Nunes Godoi
Giovanna Marcela Alves dos Santos
Gracielly Dafinny de Oliveira Silva
Lara Andrade Reis
Maria Vitória da Silva
Stefany de Sousa Oliveira

Barueri
2022
Ana Luiza de Abreu Carvalho
Bianca Nunes Godoi
Giovanna Marcela Alves dos Santos
Gracielly Dafinny de Oliveira Silva
Lara Andrade Reis
Maria Vitória da Silva
Stefany de Sousa Oliveira

AS MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS NOS ALUNOS DO 3°ANO DE


RECURSOSHUMANOS DA FIEB

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


como exigência parcial para a obtenção da
Habilitação Profissional Técnica de Nível
Médio em Recursos Humanos à Fundação
Instituto de Educação de Barueri, Unidade ITB
Munir José, sob a orientação do Professor
Newton Cesar de Freitas Sportore.

Barueri
2022
RESUMO: Essa pesquisa apresenta como tema central o estudo das Inteligências
Múltiplas, precisamente nos alunos do último ano da FIEB, cursando Recursos
Humanos. Tem como objetivo geral saber qual inteligência está presente nos estudantes.
Já os objetivos específicos buscaram explicá-las, como desenvolvê-las e quais se
destacam mais dentre os alunos do curso. Em relação a metodologia, trata-se de
pesquisa qualitativa de caráter exploratório. Para a coleta de dados, foi realizado um
questionário pelo Microsoft Forms, baseado no teste de múltiplas inteligências,
direcionados para os estudantes do 3° ano, em grupos de WhatsApp. Aplicou-se 40
questões, com as oito inteligências múltiplas, sendo cinco perguntas de cada
inteligência. As análises dos dados foram realizadas através da tabela de resultados com
os índices de cada inteligência. Como resposta do questionário desenvolvido,
comprovou-se que os alunos se identificam mais com a inteligência Intrapessoal (2,06)
e menos com a Espacial (3,01). Chegou-se à conclusão de que a inteligência
intrapessoal traz vantagens no mercado de trabalho em gestão de Recursos Humanos,
sabendo lidar e liderar bem com as situações e necessidades, tendo capacidades de
autoconsciência, autorregulação e motivação. Assim, apresentará uma boa relação e um
bom ambiente no mercado de trabalho.

Palavras Chaves - Inteligências Múltiplas. Resultados. Vantagens. Autoconhecimento.

ABSTRACT: This research presents as its central theme the study of Multiple
Intelligences, precisely in the students of the last year of FIEB, studying Human
Resources. Its general objective is to know which intelligence is present in the students.
The specific objectives sought to explain them, how to develop them, and which ones
stand out the most among the students in the course. As far as methodology is
concerned, this is qualitative research of an exploratory nature. For the collection of
data, a questionnaire was carried out by Microsoft Forms, based on the multiple
intelligences test, directed to 3rd year students, in WhatsApp groups. It was applied 40
questions, with the eight multiple intelligences, being five questions for each
intelligence. The data analysis was done through the results table with the indexes of
each intelligence. The answers to the questionnaire showed that the students identify
themselves more with the Intrapersonal intelligence (2.06) and less with the Spatial
intelligence (3.01). The conclusion was reached that intrapersonal intelligence brings
advantages in the job market in Human Resource management, knowing how to deal
and lead well with situations and needs, having self-awareness, self-regulation and
motivation skills. Thus, it will present a good relationship and a good environment in
the labor market.

Keywords - Multiple Intelligences. Results. Advantages. Self-knowledge.


INTRODUÇÃO

Sabe-se que a visão construída na sociedade ao longo do tempo sobre a


inteligência é muito falha, acreditava-se que existiam apenas os aspectos racionais e
cognitivos como elementos de uma atividade intelectual. Pensando nisso, o psicólogo
Howard Gardner (1983) criou a teoria das inteligências múltiplas, mostrando que não
existem somente estas, mas sim, oito tipos diferentes, sendo comum que alguém possua
mais de uma. O presente estudo, portanto, desenvolveu-se a partir da seguinte dúvida:
quais inteligências múltiplas os estudantes mais se identificam, especificamente, os
alunos do 3° ano do ensino médio técnico de recursos humanos?
O trabalho terá como objetivo: identificar a importância das inteligências múltiplas
e como podem agregar na vida social e profissional dos alunos e com objetivos
específicos buscou explicá-las, como desenvolvê-las e quais se destacam mais dentre os
alunos do último ano do ensino médio da FIEB que cursam recursos humanos na
unidade do Paulista.
Para o desenvolvimento desta pesquisa, realizou-se, no primeiro capítulo, segundo a
definição de alguns autores, o conceito de inteligência e a importância de haver um
equilíbrio entre a mente racional e a mente emocional, enfatizando a necessidade de
despertar e aprender a desenvolver essas potencialidades humanas, para que seja
possível utilizar esses recursos internos nas relações sociais e profissionais. Na
sequência, procurou-se abordar, uma descrição dos estudos de Gardner sobre a teoria
das inteligências múltiplas, cuja ideia principal é a de que a inteligência se compõe de
competências inter-relacionadas e todos os seres humanos possuem tais inteligências,
mas em diferentes graus de desenvolvimento. Por fim, foi realizado um questionário
formal e prático, desenvolvido para responder a problemática desta pesquisa, baseado
no teste de perfil de múltiplas inteligências do site portal positivo, utilizado para
entrevistar os alunos de Recursos humanos, do 3° ano da FIEB. Desse modo, a análise
demostra resultados através de uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório, ou seja,
uma abordagem de pesquisa que estuda aspectos subjetivos de fenômenos sociais e do
comportamento humano, com análise de estudos teóricos de produções científicas
pertinentes ao tema escolhido, tendo Howard Gardner como a sua principal referência. 
A escolha do tema se deu através da percepção da relevância das múltiplas inteligências
no desenvolvimento dos alunos, que precisam de diferentes estímulos para demonstrar
seus potenciais, ou seja, nem todas as pessoas têm os mesmos interesses e habilidades,
nem aprendem da mesma maneira. Principalmente, alunos do último ano do ensino
médio, que entrarão no mercado de trabalho muito em breve, diante de suas
necessidades, e saber identificar pontos fortes da sua inteligência ajudará a escolher uma
carreira que seja pertinente ao seu perfil profissional.
1. O CONCEITO DE INTELIGÊNCIA E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

No dicionário de Psicologia (Associação Psicológica Americana, 2010), pode-se


encontrar a definição de inteligência como sendo a “capacidade de extrair informações,
aprender com a experiência, adaptar-se ao ambiente, compreender e utilizar
corretamente o pensamento e a razão”.
Machado (1984) diz: “A inteligência é uma faculdade que pode ser
desenvolvida e não algo que vem pronto com o nascimento e não pode ser alterado”. Em
resumo, ser inteligente não é ser o gênio da matemática ou ter uma boa memória, mas
sim saber usar essa inteligência em momentos apropriados, sabendo resolver problemas
distintos. Deve se indagar sobre a definição de inteligência e como acontece seu
desenvolvimento, Gardner (1995) em seu livro chamado “Inteligências Múltiplas: a
teoria na prática” escreveu:
Todos esses papéis diferentes devem ser levados em conta se aceitarmos a maneira
pela qual eu defino a inteligência - isto é, como a capacidade de resolver problemas ou
de elaborar produtos que sejam valorizados em um ou mais ambientes culturais ou
comunitários. Até o momento, eu não estou dizendo nada sobre a existência de uma
dimensão, ou mais de uma dimensão, da inteligência; nada sobre ser a inteligência
inata ou adquirida. (GARDNER, 1995, p. 14).

Para Daniel Goleman (2001) o ser humano possui duas mentes, a emocional e a
racional, uma sente e a outra pensa e as duas trabalham harmoniosamente na maior parte
do tempo, sendo a racional a capacidade de refletir e decidir tomar a melhor decisão em
relação a uma situação e a emocional a que age mais rápido, de forma irrefletidamente,
sem parar para pensar antes. Há, em geral, um equilíbrio necessário entre essas duas
mentes para que haja um bom gerenciamento das emoções, que pode evitar conflitos e
situações de desequilíbrio que causariam prejuízo aos envolvidos. Goleman garante que
“emoções em equilíbrio abrem portas” e afirma que a inteligência emocional é
responsável pela competência que pessoas com qualidade de relacionamento humano
têm em ter mais chances de obter sucesso na vida:
As pessoas com prática emocional bem desenvolvidas têm mais probabilidade de se
sentirem satisfeitas e de serem eficientes em suas vidas, dominando os hábitos
mentais que fomentam sua produtividade; as que não conseguem exercer nenhum
controle sobre sua vida emocional travam batalhas internas que sabotam a capacidade
de concentração no trabalho e de lucidez de pensamento. (GOLEMAN, 2001, p. 49).

A palavra inteligência tem sua origem da junção de outras duas palavras latinas,
a palavra Inter (entre) mais a palavra legere (eleger ou escolher). Adaptando-se a origem
desse termo ao conceito atual de inteligência chega-se à ideia de que a inteligência é a
escolha (melhor) entre duas ou mais situações. Assim, é inteligente quem escolhe a
melhor saída ou a melhor resposta, e esse conceito indica a capacidade de que dispomos
para, através da seleção, penetrar na compreensão das coisas (Antunes, 1998).
O termo ´´Inteligência Emocional´´ surgiu graças a um artigo de Salovey e
Mayer (1990), eles acreditavam que as pessoas se diferenciavam num certo tipo de
inteligência social que estaria ligada ao conhecimento das próprias emoções; ao controle
das emoções; ao reconhecimento das emoções alheias e ao controle das relações sociais.
Consequentemente, a definição de inteligência emocional ficou conhecida como:

Habilidade para reconhecer o significado das emoções e suas inter-relações, assim


como raciocinar e resolver problemas baseados nelas. A inteligência emocional está
envolvida na capacidade de perceber emoções, assimilá-las com base nos sentimentos,
avaliá-las e gerenciá-las. (Mayer, Caruso & Salovey, 2000, p. 267).

O psicólogo Daniel Goleman (2001) refere-se à inteligência emocional como ´´à


capacidade de identificar nossos próprios sentimentos e os dos outros, de motivar a nós
mesmos e de gerenciar bem as emoções dentro de nós e em nossos relacionamentos”.
Ou seja, a base para a inteligência pessoal é o autoconhecimento. Pessoas que têm essa
inteligência bem desenvolvida, sabem gerenciar emoções, promover a cooperação,
tomar decisões adequadas, desenvolver o autoconhecimento e ter empatia pessoal. São
autoconfiantes e capazes de persistir num determinado objetivo, apesar dos percalços.
Conseguem controlar impulsos e se mantêm em bom estado de espírito, não deixando
que a ansiedade interfira em sua capacidade de raciocinar.
É importante destacar que essa inteligência representa a capacidade de conciliar
emoções e razão, ou seja, usar as emoções para promover a racionalidade de forma
inteligente sobre as emoções (Cabral-Cardoso, Campos e Cunha, Pina e Cunha, &
Rego,2007). Satisfação na vida pessoal e profissional está ligada a melhores níveis de
bem-estar pessoal e saúde mental. Sendo assim, as pesquisas de Goleman, e outros vêm
promovendo a inteligência emocional que é útil para educadores, gestores e outros
profissionais fundamentalmente envolvidos no trabalho de relacionamento com as
pessoas. Também pode ser muito útil para pessoas comuns, desde que estejam
interessadas em melhorar suas relações interpessoais.
Daniel Goleman (2001) mapeia a inteligência emocional em habilidades, sendo
elas: Autoconhecimento Emocional (conhecimento sobre o que se sente); Controle
Emocional (saber lidar com as próprias emoções em momentos intensos);
Automotivação (capacidade de conseguir encontrar em você mesmo motivos para
alcançar seus objetivos) e Reconhecimento de emoções em outras pessoas. Como aponta
Figueiredo, Pinheiro e Nascimento (1998), a inteligência se dá de diversas formas,
concebidas não só como uma habilidade única, mas um conjunto delas. O primeiro
domínio da inteligência emocional, percepção das emoções, inclui habilidades
envolvidas na identificação de sentimentos nas expressões faciais, nuances de voz,
imagens e outros estímulos. Por exemplo: em geral, o indivíduo que se sobressai na
percepção de emoções, vislumbra de imediato quando uma pessoa próxima está triste. A
segunda ramificação da inteligência emocional, o uso das emoções, é a habilidade de
empregar as informações emocionais para facilitar outras atividades cognitivas. Certos
humores podem criar estados de espírito mais adequados a certos tipos de tarefas
(Grewal & Salovey, 2007, p. 40).
Aprender a identificar as próprias emoções exige treino e persistência. Não basta
dizer, estou triste, mas porque estou triste, o que me deixou triste e como lidar com esse
sentimento. Assim é possível desenvolver a inteligência emocional, a autoconsciência;
substituindo, por exemplo, os hábitos indesejáveis, inveja, rancor, arrogância,
pessimismo, por outros positivos como amor, compreensão, empatia, otimismo,
lealdade, que acabam sendo incorporados em algum tempo no vocabulário
transformacional.

2. A TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

Howard Gardner, psicólogo e professor universitário, nasceu em 1943 na


Pensilvânia. Após a conclusão de um estudo desenvolvido em 1980, por sua equipe de
investigadores de Harvard, foi desenvolvido a concepção de Inteligências Múltiplas,
devido a sua insatisfação com os testes de “QI” (quociente intelectual), ele buscou
analisar melhor os conceitos de inteligências definidos nestes testes, que para o autor,
não eram suficientes para descrever a variedade de habilidades cognitivas humanas,
acreditando não ser possível medir a inteligência através de testes com papéis e lápis
(Gardner, 1995).
O professor mostrou que as questões de “interpretação dos escores de
inteligência são de natureza matemática e não suscetíveis a resoluções empíricas” e que
tudo não passa de “uma questão de gosto ou preferência ao invés da conclusão científica
que tende a ser atingida”. Questionando os testes de inteligência ele afirma que grande
parte das informações que eles nos dão, refletem conhecimentos resultantes da vivência
em determinado ambiente socioeducacional, pois os testes raramente avaliam a
capacidade de resolver problemas ou de assimilar novas informações.
Visto que cada indivíduo pode possuir mais de um tipo de inteligência, os
especialistas acreditam que o processo de ensino e aprendizagem deve ser repensado
para que os potenciais possam ser desenvolvidos com menos dificuldades, Gardner
afirma:
“É de máxima importância reconhecer e estimular todas as variadas inteligências
humanas e todas as combinações de inteligências. Nós todos somos tão diferentes em
grande parte porque possuímos diferentes combinações de inteligência. Se
reconhecermos isso, penso que teremos pelo menos uma chance melhor de lidar
adequadamente com os muitos problemas que enfrentamos nesse mundo. Se pudermos
mobilizar o espectro das capacidades humanas, as pessoas não apenas se sentirão
melhores em relação a si mesmas e mais competentes; é possível, inclusive, que elas
também se sintam mais comprometidas e capazes de reunir-se ao restante da
comunidade mundial para trabalhar pelo bem comum. Se pudermos mobilizar toda a
gama de inteligências humanas e aliá-las a um sentido ético, talvez possamos ajudar a
aumentar a probabilidade de nossa sobrevivência neste planeta, e talvez inclusive
contribuir para a nossa prosperidade” (GARDNER, 1995, p.18).

A Teoria das Inteligências Múltiplas fundamenta-se sobre três fontes, que


segundo Gardner jamais haviam sido consideradas juntas anteriormente.
A primeira fonte estuda o desenvolvimento de diferentes tipos de capacidades
nas crianças normais, onde cada uma apresenta habilidades diversas em determinadas
áreas. Por exemplo, uma criança que em testes psicométricos apresenta excelente
desempenho em linguística e matemática pode não apresentar o mesmo desempenho em
testes que exijam capacidades espaciais ou artísticas.
A segunda fonte de pesquisa foi realizada com crianças autistas, idiotas sábios ou
idiot. savants e crianças com dificuldades de aprendizagem que, segundo Gardner
(1995) “são todos aqueles que apresentam perfis cognitivos muito irregulares – perfis
que são extremamente difíceis de explicar nos termos de uma visão unitária”. Neste caso
a criança não acompanha as atividades das crianças normais, no entanto, sobressaem-se
em outras atividades. Jocenir é uma criança com 12 anos, que está na 3ª série do Ensino
Fundamental. Apresenta dificuldades em quase todas as atividades escolares, com
exceção no cálculo matemático, onde é capaz de fazer cálculos complexos mentalmente.
Ele é inteligente? Se não é inteligente, como explicar a habilidade com os cálculos? Para
Gardner (1993), neste caso observa-se uma única habilidade humana integral poupada,
contra um fundo de desempenhos medíocres ou retardados.
A terceira fonte é o estudo de pessoas que sofreram alguma lesão cerebral e que
após a lesão não apresentam as mesmas capacidades intelectuais anteriores à lesão. Aqui
o indivíduo pode perder algumas habilidades completamente, enquanto outras
permanecem intactas.
Do estudo cuidadoso de indivíduos normais cujos cérebros foram danificados,
recebemos insights penetrantes sobre a natureza de atividades cerebrais como leitura,
escrita, fala, desenho, matemática e música. Podemos revelar as ligações e as distâncias
sobre tais atividades (Gardner,1999).
Gardner aborda as oito inteligências, indicando que a maioria das pessoas
possuem todo esse espectro intelectual, porém cada um demonstra características
cognitivas diferenciadas, utilizando todas as inteligências e combinando-as de forma
extremamente pessoal. Nesse sentido, sua teoria expõe que todas as pessoas têm
habilidade de questionar e buscar resposta utilizando todas as inteligências, mas o
desenvolvimento de cada uma é determinado por fatores genéticos, neurológicos e
condições ambientais. Afirma também que cada cultura valoriza diferentes talentos, os
quais devem ser dominados por algumas pessoas ou líderes e passados para as gerações
futuras.

A teoria das IM é elaborada à luz das origens biológicas de cada capacidade de


resolver problemas. Somente são tratadas aquelas capacidades que são universais na
espécie humana. Mesmo assim, a tendência biológica a participar numa determinada
forma de solução de problemas também deve ser vinculada ao estímulo cultural nesse
domínio. Por exemplo, a linguagem, uma capacidade universal, pode manifestar-se
particularmente como escrita em uma cultura, como oratória em outra e como a
linguagem secreta dos anagramas numa terceira. (GARDNER, 1995, p. 21).

Segundo Campbell (2000, p. 22):


Outro aspecto das Inteligências Múltiplas é que elas podem ser conceituadas em três
amplas categorias. Quatro das oito – espacial, lógico-matemática, cinestésico-corporal
e naturalista – podem ser consideradas como formas de inteligência “relacionadas ao
objeto’’. Essas capacidades são controladas e moldadas pelos objetos que os
indivíduos encontram em seus ambientes. Por outro lado, as inteligências ‘’isentas de
objetos’’ – linguística – verbal e musical – não são moldadas pelo mundo físico, mas
dependem da linguagem e dos sistemas musicais. A terceira categoria consiste das
inteligências “relacionadas às pessoas”, com as inteligências Inter e
intrapessoais refletindo um conjunto poderoso de contrapesos.
Cada inteligência parece ter sua própria sequência de desenvolvimento, emergindo e
florescendo em diferentes momentos da vida. A inteligência musical é a forma de
talento humano que emerge mais precocemente; a razão disso é um mistério. Gardner
sugere que a revelação de um grande talento musical na infância pode estar
condicionada ao fato de tal inteligência não depender da experiência adquirida com a
vida.

A principal mudança de paradigma estabelecida por Gardner ao abordar a


questão de inteligência foi a modificação da pergunta: “quão inteligente você é?” para a
pergunta: “de que modo você é inteligente?” (Najmanovich, 2001). A inteligência não
pode ser pensada como uma entidade única e abstrata, mas como uma “atitude que se
expressa através de sistemas simbólicos diferentes e que isso ocorre num domínio
cultural” (Najmanovich, 2001). Assim, o foco sobre o estudo das inteligências não deve
estar na quantidade, mas na variedade de aptidões e características necessárias para a
solução de problemas e criação de produtos.
Howard Gardner desenvolve uma lista, inicialmente de sete inteligências, em
uma “tentativa preliminar de organizar esta massa de informações”, afastando-se,
portanto, dos tradicionais testes de inteligência, ou de “quociente de inteligência”,
desenvolvidos especialmente por Alfred Binet e depois aprimorados por outros
pesquisadores da área da psicologia, como Willian Stern. Doze anos após a publicação
de seu livro (Inteligências múltiplas, 1983), onde definia esses sete tipos de inteligência
o psicólogo acrescentou ao seu modelo uma oitava categoria: a inteligência naturalista.
De acordo com o professor, essas inteligências são relativamente independentes,
tem suas origens e limites genéticos próprios e fundamentos neuro anatômicos
específicos, além de disporem de processos cognitivos próprios. Para o autor, as pessoas
apresentam graus variados de cada uma das inteligências e maneiras diferentes com que
elas se combinam, organizam e se utilizam dessas capacidades intelectuais para, por
exemplo, resolver problemas. Vale destacar que, embora essas inteligências sejam
independentes, até certo ponto, uma das outras elas raramente funcionam isoladamente
(Gardner, 1995).

2.1 AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

Inteligência linguística é responsável pela capacidade que os indivíduos


possuem de citar poesias, contar estórias, gramática, metáforas, símiles, raciocínio
abstrato, pensamento simbólico, modelagem conceitual e, também, por meio da palavra
escrita. Ela é despertada pela habilidade oral, pela leitura das ideias de alguém
(pensamentos ou poesia), e pela escrita das próprias ideias (pensamentos ou poesia). Há
sensibilidade aos sons, ritmos e significados das palavras (Cortezzi; Ayub, 2000).

Inteligência interpessoal está ligada à compreensão das outras pessoas, incluindo


assim a capacidade empática e aptidão para identificar a singularidade e as diferenças
entre os indivíduos, podendo assim saber qual a melhor forma de comunicar-se com
cada pessoa e com cada grupo. Já a intrapessoal se relaciona com conhecimento sobre si
mesmo, de quem você é, quais são suas habilidades, potencialidades e limitações, sendo
possível experienciar intuições sobre o futuro e daquilo que o sujeito deseja realizar, por
exemplo, é possível encontrar essa inteligência entre os filósofos, psicólogos, psiquiatras
(Passarelli, 1995). Essas inteligências estão sempre ligadas, pois quando uma pessoa
desenvolve o conhecimento de si mesma, ela sabe a imagem que passa para as pessoas e
o que esperar das relações com o outro.
Inteligência corporal-cinestésica está relacionada com o movimento físico e a
sabedoria do corpo, que é controlado por meio de um órgão chamado de córtex cerebral,
essa inteligência geralmente é encontrada em atletas, atores, mímicos e dançarinos
profissionais. Também se percebe que na vida cotidiana o corpo pode expressar essa
inteligência por meio de atividades como: andar de bicicleta, skate, a digitação em
aparelhos eletrônicos dentre outros (Passarelli, 1995).

Inteligência espacial é a habilidade do escultor, arquiteto, artistas plásticos, de-


senhistas, dentre outros. Essas pessoas possuem habilidades com artes visuais, criação
de mapas, arquitetura e conseguem visualizar os objetos a partir de diferentes
perspectivas, portanto, são capazes de criar imagens mentais, possuindo assim um
sentido de visão aguçado (Passarelli, 1995).

Inteligência musical é a inteligência dos artistas musicais em geral, sejam can-


tores, compositores, dentre outros, essas pessoas desenvolveram a habilidade de
reconhecer padrões de tons rítmicos, os sons ambientais e coordenam fenômenos
acústicos para produzir efeitos estéticos (Fonseca, 2002).

Inteligência lógico-matemática está associada ao “pensamento científico” que é


ativada em situações que são necessárias a solução de novos problemas e padrões
lógicos de raciocínio. Entre aqueles que possuem essa inteligência desenvolvida es- tão
os cientistas e matemáticos, pois geralmente eles desenvolveram uma habilidade para
enfrentar desafios novos (Cortezzi, Ayub, 2000).

Inteligência naturalista foi adicionado posteriormente, em 1995, pois


inicialmente as capacidades desta eram incluídas na inteligência espacial e lógico-
matemática. No entanto, depois de investigar sobre ela e os diversos aspectos que a
compõem, decidiu considerá-la e reconhecê-la como uma inteligência independente e
diferenciada (Gardner, 1995). Compreendida como a capacidade de reconhecer e fazer a
distinção entre animais, vegetais, minerais e, permitindo assim desenvolver uma
preocupação com a natureza e com aquilo que é ecologicamente correto, é possível
identificar a inteligência naturalista em ecologistas e biólogos (Gáspari; Schwarts,
2002).

Um exemplo de alguém que poderia apresentar todas as inteligências seria o


gênio Leonardo da Vinci, pois ele foi matemático, engenheiro, inventor, anatomista,
pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico.
3. ANÁLISE E RESULTADOS

Para obter os resultados buscados pela pesquisa, foi realizado um questionário


direcionado especificamente aos alunos que cursam o 3°ano de recursos humanos, que
frequentam a Fundação Instituto de Educação de Barueri (FIEB) - serviço autônomo da
Prefeitura Municipal de Barueri, existente há 28 anos, na qual prepara o aluno cidadão
de Barueri em três anos do Ensino Médio para se inserir no mercado de trabalho, na
sociedade e para dar sequência aos estudos na universidade.
As perguntas foram desenvolvidas no Microsoft Forms, baseado no teste de perfil de
múltiplas inteligências do site portal positivo, e em outubro de 2022, foi divulgado para
os estudantes, em grupos de WhatsApp.
Foram aplicadas 40 questões sobre as 8 inteligências múltiplas, sendo 5 perguntas de
cada inteligência. No questionário, os estudantes declaram a opinião deles de acordo
com a escala de likert, um tipo de escala de resposta psicométrica usada habitualmente
em questionários, e frequentemente utilizada em pesquisas de opinião. Para chegar à
conclusão de qual inteligência é a mais destacada nos alunos, utilizou-se as respostas do
formulário. Os perguntados especificaram o seu nível de concordância com uma
afirmação, classificada em: “discordo totalmente”, “discordo”, “indiferente (neutro)”,
“concordo” e “concordo totalmente”, tendo elas respectivamente o peso de: 5, 4, 3, 2 e
1.
Os dados coletados foram usados como base para obter a média ponderada, que é
calculada por meio do somatório das multiplicações entre valores e pesos divididos pelo
somatório dos pesos.
Após realização da pesquisa obtivemos os seguintes resultados: corporal-cinestésico
(2,74) que se aproxima mais do indiferente; linguística (2,62) que está entre “concordo”
e “indiferente”; musical (2,64) que está entre “concordo” e “indiferente”; interpessoal
(2,60), naturalista (2,34) que se aproxima de ‘concordo”; lógico-matemático (2,89) que
se aproxima do “indiferente”, espacial (3,01) se classifica exatamente como indiferente,
intrapessoal (2,06) se classifica como concordo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do que foi exposto na pesquisa, pode-se concluir que a inteligência emocional é
fundamental para o desenvolvimento pessoal e profissional do ser humano. Nesse
sentido, o ambiente escolar é um fator de extrema importância, pois, é o lugar onde na
maioria das vezes o ser humano tem o primeiro contato com demais pessoas. A partir
disso são desenvolvidas atividades individuais e compartilhadas, ou seja, em que se
aprende a conviver consigo mesmo e com os outros, por isso o ambiente deve ser apto
para que o aluno se sinta confortável, a fim de desejar cada vez mais conhecimento, e
assim dar o seu melhor nas tarefas em que lhe são propostas.
Um ambiente escolar positivo e uma boa relação com as pessoas ao redor, é capaz de
contribuir para o crescimento tanto de cada aluno, quanto da instituição. Para isso, as
emoções são extremamente relevantes, sendo ainda mais importante o domínio sobre
elas. Saber lidar com as emoções, principalmente no ambiente escolar, se torna de
extrema importância para o sucesso acadêmico e, futuramente, profissional, pois se você
desde jovem já consegue dominar seu autoconhecimento e reconhecer as inteligências
que mais domina e as que não, facilmente saberá em que área se encaixar para obter
bons resultados.
A teoria das inteligências múltiplas auxilia no entendimento de que cada aluno tem
aptidões diferentes, mesmo que sejam ensinados da mesma forma. Para que um aluno
possa desenvolver essas inteligências, é necessário que desde sempre tenha sido
estimulado dentro e fora de casa. O Instituto de ensino precisa estar sempre atualizando
os métodos avaliativos para não frustrar a aprendizagem dos alunos, e assim
desenvolver as inteligências de acordo com que se identifica. Com isso se lhe for
aplicado o ensino sobre a existência das múltiplas inteligências, o aluno tende a ter
consciência de que a inteligência é mais do que o falho conceito básico que desde
sempre é apresentado pela sociedade, e assim se lhe for esclarecido ele pode ter
consciência de quais delas mais se indentifica e descobrir quais ele tem, de forma a
colocar seu foco nelas e se beneficiar na vida profissional e pessoal.
Ao analisarmos os resultados, pudemos chegar à conclusão de que os alunos de 3° ano
de RH da unidade FIEB mostrou destaque na inteligência intrapessoal (2,06). Na qual os
jovens possuem capacidade de se autoconhecer, entender suas próprias motivações e
potenciais. Uma pessoa com a inteligência intrapessoal desenvolvida, consequentemente
desenvolve também a inteligência interpessoal. Pois quando a pessoa tem conhecimento
de si mesma, ela sabe exatamente a imagem que passa para as outras pessoas e o que
esperar das relações com o outro. O que já é um ótimo resultado para alunos prestes a
entrar na vida profissional.
A carreira do Técnico em Recursos Humanos tem ganhado destaque no mercado de
trabalho devido a sua importância estratégica nas empresas, podendo atuar em: gestão
de pessoas, recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, administração de
cargos e salários, qualidade de vida e segurança no trabalho, entre outros. Com base
nessas informações, podemos refletir e relacionar as inteligências múltiplas dentro da
gestão de recursos humanos, tendo ciência da importância da valorização e dos
estímulos das mesmas, uma vez que um profissional da área pode atuar em diversos
setores, executando diversas atividades, porém, independente do cargo, sempre lidando
com pessoas, e isso faz com que a inteligência em que os alunos da área que foram
consultados através desta pesquisa mais se identificaram esteja diretamente ligada
dentro do curso, que como já foi apresentado é a inteligência que estimula o
conhecimento e domínio pessoal (intrapessoal), que faz relação direta com a inteligência
que a principal característica é o relacionamento com pessoas (interpessoal).

BIBLIOGRAFIA

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