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Estudos Eleitorais,
Brasília, DF, v. 2, n. 3, p. 79-98, maio/ago. 2006.
(Gabi, a maioria do fichamento já está escrito com formato que te permite copiar e colar
no documento do trabalho sem maiores problemas. As citações diretas estão
assinaladas).
O eleitor alemão tem dois votos à sua disposição: um no candidato, eleito a partir do sistema
majoritário - em seu distrito eleitoral e o segundo voto é dado na lista partidária estadual. Na
primeira forma de eleição, em candidatos majoritários distritais, é permitida a eleição de
candidaturas avulsas, isto é, sem a filiação em algum partido. (p. 80).
Há outras instituições relacionadas ao processo eleitoral que são apresentadas por Viana
(2006). O Conselho Federal Alemão, chamado de Bundesrat, é o órgão, eleito por voto
1 Citação direta: “A composição dos assentos no Parlamento alemão é definida pelo percentual de votos dado ao
partido em cada estado. No caso de um partido conseguir mais mandatos diretos (primeiro voto), nos distritos
eleitorais, do que lhe caberia pelo percentual obtido na lista partidária estadual, todos os parlamentares eleitos
pelo primeiro voto mantêm seus mandatos. Esses são os chamados “mandatos excedentes”. Nas eleições de
2002, em vez de 598 foram eleitos 603 deputados” (p. 80).
popular, que tem como capacidade a incidência em temas legislativos. Caso exista
discordância entre as decisões do Conselho e do Parlamento, uma comissão mediadora entre
as duas casas é criada como forma de buscar um consenso (p. 81).
Assim como no Brasil (cuja implementação vem de inspiração alemã), há uma cláusula de
barreira de 5% (chamada de fünfprozentklausel), também chamada de cláusula dos três
mandatos diretos ou cláusula de barreira (sperrklausel). Este, se constitui como um
mecanismo, introduzido na partir da Lei Eleitoral de 1953, que determina que somente tem
direito a representação no Parlamento alemão (Bundestag), os partidos que alcançaram, ao
menos, 5% dos votos nas listas partidárias ou nível nacional ou três parlamentares eleitos na
forma majoritária (p 81-82).
Caso o partido não obtenha o percentual ou o número de mandatórias no majoritário, este não
tem direito a participação na distribuição de cadeiras, tendo os votos obtidos excluídos do
cálculo para a distribuição de cadeiras para o Parlamento. A primeira vez que esse mecanismo
barrou a entrada de um partido foi nas eleições de 2002, onde o PDS conseguiu eleger apenas
dois parlamentares pelo sistema majoritário e não chegou nos 5% de votos no segundo voto.
Ainda que exista a permissibilidade da cláusula para os dois sistemas de votação, somente os
partidos que ultrapassam a cláusula pela votação na lista partidária têm o status de bancada
partidária. Os partidos que são eleitos apenas pelo sistema majoritário ganham o status de
grupo, o que os permite menos benefícios estatais do que as bancadas partidárias, porém,
ainda assim, mais do que os eleitos por candidaturas avulsas (p. 82).
Citação direta: “Apesar de derrotas nas primeiras e segundas leituras (na República Federal
da Alemanha, uma lei, para ser aprovada, precisa passar por três leituras, sendo a terceira e
última definitiva), os opositores da cláusula de barreira conseguiram, na última leitura, em 9
de fevereiro de 1949, aprovar, por onze votos a dez,requerimento alterando a cláusula de
exclusão. A comissão dos cinco e a comissão eleitoral usavam o argumento de que a
exigência de uma barreira tiraria a liberdade do voto. Conforme Eckhard Jesse, a cláusula de
barreira não representava importância para o Conselho Parlamentar. No entanto, depois do
pedido de comentário dos aliados ingleses, franceses e americanos, os primeiros-ministros
alemães (o cargo de primeiro-ministro na Alemanha equivale ao de governador de estado no
Brasil) elaboraram a própria proposta de cláusula de barreira. O que representava motivo de
discussão, agora, era se ela deveria ser aplicada em nível federal ou estadual (p. 83-84)”.
Citação direta: “Para as eleições federais de 1953, três mudanças importantes foram
determinadas para o sistema eleitoral alemão. A divisão dos assentos no Parlamento, que, em
1949, era de 60% pelo voto majoritário e 40% pela lista partidária, agora seria igualada, com
50% para cada um. Os eleitores agora votariam duas vezes. A cláusula de barreira foi a outra
mudança. O objetivo principal do governo era ampliar a cláusula de 5% para todo o território
alemão. Já a comissão eleitoral era favorável a um percentual de 3%. ” (p. 87-88).
A medida de 5% foi apresentada em nome do Governo por deputados do CDU, que tinha ao
seu lado o partido FDP, que antes havia se pronunciado de forma contrária. Em 1956,
novamente a cláusula foi modificada, adotando os percentuais hoje considerados (p. 89). Na
primeira leitura, a proposta foi aprovada pelos deputados do CDU/CSU, FDP e DP, contra o
SPD e GB/GHE. Com a aprovação destes partidos, essa proposta foi aprovada, sendo a que
vigora até hoje no sistema alemão (p. 90).