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O dilema do fundador.
No ciclo de vida de uma empresa o fundador muitas vezes vai se deparar com uma grande escolha
“trade off” a fazer, deverá escolher se quer manter o poder, o controle o gerenciamento da companhia
que criou, ou está disposto a abrir do controle (poder) em função de capital para expandir a empresa,
fazer o negócio prosperar.
Esta decisão nem sempre é fácil pois o fundador tem muitas vezes um laço afetivo com o negócio,
ele acredita que só ele, e somente no seu controle a empresa pode prosperar. O que nem sempre é
verdadeiro pois num certo estágio da organização ele pode necessitar de competências que o
fundador não possui, e se o fundador não tiver disposição ou enxergar esta necessidade pode levar
o futuro da empresa a estagnação ou até mesmo extinção.
A decisão ainda é também difícil porque qual fundador não quer ver sua ideia (negócio) prosperar,
crescer. Este crescimento demanda capital, processos mais estruturados, organizações mais
complexas. A experiência tem mostrado que quanto mais rápido o fundador cede ao capital, seja de
investidor, anjo investidor, um grupo industrial, mais rápido ele perderá controle da organização e
terá que ceder o lugar de comando. Que pode ocorrer tanto pela pressão imposta pelos investidores
como também quando os investidores atingem mais de 50% da participação no capital total do
negócio.
Abrir do controle nem sempre significa abandonar o negócio por completo, existem muitos casos
onde o fundador abandona o posição de controle, porém atua como conselheiro ou ainda passa a
trabalhar numa área que tenha maior afinidade, e ainda podemos ter casos onde o fundador passa
a trabalhar para desenvolver as competências necessárias a um bom CEO e retorna ao comando
da empresa anos mais tarde.
Quando este tipo de fundador tem uma clara visão do potencial do negócio, ele pode ter a tendência
a abrir mão do controle da empresa para fazer empresa crescer, se bem feita esta transição, a
empresa cresce, o fundador tem seu capital expandido e ainda com uma boa participação no
negócio.
Orientados pelo poder:
Este tipo de fundador não está disposto a abrir mão do poder em função de dinheiro, com uma boa
administração este fundador pode levar ao crescimento da empresa, porém num ritmo muito menor
que o orientado pelo dinheiro, porém o fundador orientado por poder terá um crescimento sólido
mantendo total controle das suas operações e visão para o futuro.
Sendo assim, concluímos com que foi apresentado como “trade-off” do REI x RICO:
O fundador “Rico” será o que souber abrir mão do poder em função dinheiro.,
O caso oposto será o fundador “Rei” que saberá comandar seu negócio com crescimento lento
porém sólido sem abrir mão do controle.
O fundador que quiser o crescimento e resistir no poder, seja resistindo à pressão dos investidores,
e sem as habilidades para gerenciar e conduzir o negócio numa maior escala, pode levar ao
fracasso. Ou em casos de exceção ainda pode existir os casos de fundadores que apesar da pressão
vão conseguir gerar crescimento sem perda da posição de comando.
A Rede Pague Menos de farmácias tem como plano de expandir seu capital desde 2012 porém o
fundador, Deusmar Queiroz, vinha protelando esta decisão de abrir o capital da rede de farmácias,
como vimos no texto “Founder´s Dilema” para não perder o poder de decisão para um grupo
acionário, porém em Setembro de 2018 Deusmar foi preso por crimes contra o sistema financeiro
nacional, o adiou mais uma vez a abertura do capital da empresa que estava prevista para enfim
ocorrer em 2019. Uma abertura de capital com seu fundador preso ou condenado poderia levar a
um grande prejuízo. Sendo assim a estratégia do grupo foi afastar Deusmar do comando,
desvinculando o fato da prisão do fundador (que nada tem a ver com as operações da rede de
farmácias) com os negócios da família, o comando da empresa passou para o filho de Deusmar, o
que ainda de certa forma mantem o controle das operações, já que o comando ainda está com o clã
Queiroz.
Em fevereiro de 2019 a General Atlantic, uma empresa investidora que já tinha 17% do capital da
Rede Pague Menos queria forçar a família Queiroz fazer valer o acordo de abertura de capital firmado
em 2015. Mais uma vez vemos, um paralelo com o texto Founder´s Dilema, onde os investidores
vão paulatinamente fazendo a pressão para assumir o controle da empresa, uma vez que querem
também obter o retorno de seus investimentos mais rápidos, acreditando que o fundador não possui
as habilidades gerenciais além do ponto ali atingido.
E em julho de 2019 a Rede Fármacias Pague Menos, suspende os planos de IPO por entender que
não é o melhor momento econômico no cenário Brasileiro para esta abertura, e assim a família
Queiroz segue no Dilema do Foundador: Ser Rico ou ser Rei.
Textos de apoio:
NEGÓCIOS
Valéria Bretas
14/09/18
66 - 11h00 - Atualizado em 19/09/18 - 12h52
Fonte: https://www.istoedinheiro.com.br/o-dilema-da-pague-menos/
General Atlantic pode obrigar Pague Menos a fazer IPO
Publicado 26 fevereiro, 2019
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A gestora de private equity General Atlantic pode fazer valer seu direito de obrigar a rede
de drogarias Pague Menos a fazer uma oferta pública inicial de ações (IPO). Pelo acordo de
acionistas da gestora e da família Queirós, assinado em 2015, a gestora pode exigir uma oferta
qualificada de abertura de capital a partir do 30º mês do acordo, marco que aconteceu em junho
do ano passado.
Como o cenário para ofertas não era favorável no segundo semestre do ano passado e a Pague
Menos vem fazendo ajustes em sua administração, a gestora pode concretizar o plano este ano,
apurou o Valor. Uma oferta qualificada, nos termos do acordo, significa uma transação que
movimente ao menos R$ 600 milhões.
Apesar de ter essa opção, a General Atlantic não pretende fazer uma oferta impondo a cláusula
à família e sim chegando a um acordo comum, conforme uma pessoa com conhecimento do
assunto. A preferência é que aconteça este ano, mas não há compromisso de prazo.
Ainda conforme o acordo, até o ano passado a General Atlantic tinha o dever de ancorar o IPO
em até R$ 250 milhões caso não houvesse demanda suficiente de mercado ou o preço por ação
não atingisse determinado múltiplo. Este ano, a gestora não tem mais a obrigação de
ancoragem.
“O fundo não tem pressa, mas quer levar a empresa à bolsa. A preferência é que seja este ano,
mas os números da Pague Menos não estão ajudando”, complementa a fonte.
No terceiro trimestre de 2018, resultado mais recente publicado, o lucro da Pague Menos caiu
37%. A margem Ebitda caiu de 5,4% para 4,9% no comparativo anual. A Pague Menos tem
1.150 lojas em todo o país, cerca de 300 abertas nos últimos dois anos.
Em fevereiro, a Pague Menos emitiu R$ 200 milhões em debêntures com vencimento em 2024,
com juros de CDI mais 1,95%, para pagar uma Cédula de Crédito Bancário (CCB), tipo de
empréstimo de curto prazo no valor de R$ 100 milhões tomada com Santander em janeiro.
A empresa chegou a contratar bancos para um IPO em 2012. Procuradas, Pague Menos e
General Atlantic não comentaram.
De acordo com uma das fontes, a decisão foi motivada pelo atual cenário
macroeconômico e do mercado de capitais. Outra fonte próxima à empresa disse
que a Pague Menos decidiu "não fazer o IPO com os números do primeiro
trimestre".
A empresa não havia divulgado ainda o total de ações que seriam colocadas à
venda, a faixa estimativa de preço e o cronograma da oferta, que teria emissões
primária e secundária. O lançamento da oferta, entretanto, estava previsto para
acontecer no final de junho.
"(A Pague Menos) vai fazer o IPO em algum momento... mas o Brasil perdeu o
brilho neste momento, esse é o grande motivo por trás da decisão (de suspender
a oferta)", disse uma fonte.
Outras quatro empresas desistiram de realizar IPO este ano na Bovespa até
agora: Brasil Travel, Seabras, Isolux e CVC.
https://www.terra.com.br/noticias/pague-menos-suspende-plano-de-ipo-
fontes,60d8a418851ca310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html