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Se eu fosse ensinar filosofias africanas, eu as ensinaria como a hermenêutica


do bem viver

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Henrique Cunha Junior


Universidade Federal do Ceará
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Se eu fosse ensinar filosofias africanas,
eu as ensinaria como a hermenêutica do bem viver
HENRIQUE ANTUNES CUNHA JUNIOR*

Resumo: Maat é o princípio filosófico da antiguidade do Egito e Núbia. Pela teoria da africanidade de
Diop, como um princípio de todas as sociedades africanas, o equilíbrio social do Maat reverbera nas
sociedades africanas. As filosofias africanas têm em comum as relações de solidariedade social e de
equilíbrio entre os seres da natureza e os seres humanos. Num plano duplo do mundo, do visível e o
invisível, a matéria e antimatéria utilizando uma noção da física ocidental. O artigo propõe a filosofia
africana como uma Hermenêutica do “Bem Viver”. Partindo do equilíbrio universal cósmico que deveria
ser reproduzido na realidade dos seres humanos. Existe a “Energia Vital”, bem definida na filosofia
Bantu, que entende que tudo, material e imaterial, do passado, do presente e do futuro, a teoria da
ancestralidade, a Energia Vital, inter-relacionada com outras energias formam a teórica sistêmica da
complexidade africana. Se fossemos ensinar a filosofia africana colocaríamos a teórica do Maat e
mostraríamos o reflexo nas sociedades africanas tradicionais, mostrando o desenvolvimento das filosofias
africanas. Colocando as rupturas com os problemas da ocidentalização e do domínio tecnológico. Em
torno desses eixos faz-se uma exposição geral e classificatória de um possível entendimento da filosofia
africana.
Palavras chaves: Ensino de filosofias africanas; Hermenêutica do bem viver; Africanidade e
afrodescendência; Sociabilidade africana.
If I were to teach african philosophies I would teach them as the hermeneutics of the good to live.
Abstract: Maat is the philosophical principle of ancient Egypt and Nubia. According to Diop's theory of
Africanity, as a principle of all African societies, the social balance of the Maat reverberates in African
societies. African philosophies have in common the relations of social solidarity and balance between
natural beings and human beings. In a double plane of the world, of the visible and the invisible, matter
and antimatter using a notion of Western physics. The article proposes African philosophy as a
Hermeneutics of “Well Living”. Starting from the universal cosmic balance that should be reproduced in
the reality of human beings. There is the "Vital Energy", well defined in the Bantu philosophy, which
understands that everything, material and immaterial, from the past, the present and the future, the theory
of ancestry, the Vital Energy, interrelated with other energies form the systemic theoretical African
complexity. If we were to teach African philosophy, we would place the Maat theory and show the
reflection in traditional African societies, showing the development of African philosophies. Placing the
ruptures with the problems of westernization and technological dominance. Around these axes it is made
a general and classificatory exposition of a possible understanding of African philosophy.
Key words: Teaching African philosophies; Hermeneutics of good living; Africanity and Afro-descent;
African sociability.

*
HENRIQUE ANTUNES CUNHA JUNIOR é Professor Titular da Universidade Federal do
Ceará. Membro do Instituto de Pesquisa da Afrodescendência – IPAD.
Para introduzir a filosofia africana: europeu de dominação (CAMARA,
resolvendo problemas 2005). Eles não imaginavam a
propagação dos efeitos das suas obras.
Desde 1976, aproximadamente, venho
Obras que não tem nada de espetacular
acompanhando o curso do
se não fossem os contextos temporais e
desenvolvimento da filosofia africana
espaciais dos momentos históricos em
ligado ao Pan Africanismo. Durante
que foram apropriados. Somente pela
esse tempo se discutiu no que consistia
grandeza da geopolítica da dominação
a filosofia africana. Outro debate
ocidental foram considerados geniais.
importante foi se a filosofia era grega e
Fazem parte de tudo que os governos
se a filosofia grega seria uma versão da
elaboraram numa sistemática
filosofia do antigo Egito. Embora essas
arquitetura da dominação europeia.
questões sejam consideradas
ultrapassadas na literatura, elas ainda Poderíamos denominar de filosofia
ocorrem no Brasil devido ao atraso africana tudo que serve para negar e
conservador da intelectualidade local. renegar a dominação eurocêntrica e
Podemos iniciar o entendimento da produzir um lugar para a libertação
filosofia africana como uma proposição, africana. Não é tão simples e nem talvez
ela existe porque existe. Existe porque é possível definir num mesmo conceito
própria do ser humano. Existe porque os 6000 anos de pensamento coletivo e de
momentos históricos exigiram essa pensadores africanos. São contextos e
existência. propósitos tão díspares que hoje não é
possível elencar num desespero em
A filosofia africana: o conhecimento poder respirar, e desespero porque falta
dos sábios (ORUKA, 1990), (MBITI, o ar e a falta do ar produz a morte.
1969), (OLUWOLE, 1997), as marcas
egípcias (OBENGA, 1990) e etiopês A filosofia africana é a viga das
(SUMNER, 2004) e os embates com a sociedades africanas, são as regras que
dominação eurocêntrica (NYERERE, regem a sociedade, são as forças sociais
1968), (NKRUMAH, 1964), (NGUGI das nossas religiões. Não serve como
WA, 1981). Desse misto, podemos racionalidade no mundo ocidental, mas
conceituar a filosofia africana, um misto gera todas as possibilidades da
radical de diversas práticas e muitos convivência entre o coletivo dos seres
embates. Se não houvesse a prepotência humanos e equilíbrio desses com os
da dominação eurocêntrica não teríamos seres da natureza, numa procura de
dúvidas e dívidas do que é filosofia equilíbrio entre o mundo visível e o
africana. Caso a civilização europeia invisível. A teoria é a prática da
não tivesse concentrado seu epíteto da exposição da complexidade na versão
dominação na racionalidade científica a africana. Sendo que o que é novo e
filosofia e a matemática não seriam a problemático para os europeus, como a
parte central da construção do sistema teoria da complexidade (CUNHA
de dominação e não discutiríamos o que JUNIOR, 2017), é velho e simples para
discutimos hoje. Descartes com o nossa africanidade, simples e prático,
discurso do método que é considerado a todos comungam da existência social
base da ciência moderna e Hegel que dependendo de muitos fatores, e todos
projetou um sistema para a ciência e a zelam pelo zelar desses fatores nos
dialética, foram ingenuamente nossos ritos religiosos. Não existe nas
utilizados, habilmente divulgados e sociedades africana a necessidade em
transformados no centro do sistema separar a religião do pensamento
racional visto que a religiões africanas plurais de muitos significados, a
contêm a racionalidade de hermenêutica como uma leitura do
compatibilizar ensinamentos da mundo herdado da ancestralidade. A
convivência entre os seres da natureza e complexidade dada pelas interações das
os seres humanos. Religião e a filosofia diversas formas de energia vital; A
africana exercem uma missão, a de hermenêutica do sistema complexo de
estabelecerem uma “Hermenêutica do energia vital em interações dinâmicas
Bem viver”. Indicam como bem viver (CUNHA JUNIOR, 2017). O terceiro
em sociedade complexa, na qual existe bloco reservado para complexidade da
o mundo visível e o invisível, os seres arte e da estética africana, da geométrica
da natureza e os seres humanos e é de Kemet à racionalidade da estética
preciso estabelecer um equilíbrio nesta africana. Os ritmos da arte africana e
vivência. relação deles com as hermenêuticas do
bem viver em sociedades complexas
Sobre o ensino da filosofia africana (DELFINO, 2020). O quarto bloco,
penso ser interessante reunir um longo voltado para as pessoas que criaram
percurso histórico em quatro grandes demarcações conceituais importantes na
blocos. Sendo o primeiro bloco a filosofia e polemizaram com relação à
filosofia do antigo Egito, começando filosofia africana.
pelo poderoso conceito da Maat e do
equilíbrio do universo e da sociedade A filosofia da Maat e a filosofia de
(DECOEUR, 2011). Vendo também o Kemet
texto de Théophile Obenga sobre a
Maat é um conceito, um símbolo e uma
filosofia egípcia (OBENGA, 1990).
Deusa, como conceito filosófico refere-
Apresentando depois o texto filosófico
se aos antigos conceitos egípcios de
mais antigo que conhecemos colocado
verdade, equilíbrio, ordem, harmonia,
nas Máximas de Ptahotep (SIMPSON,
lei, moralidade e justiça. Como símbolo
1986) e concluindo este passeio
representa construção estética presente
filosófico egípcio com um dos autores
em monumentos e escritos egípcios.
mais difíceis e contestados, Hermes
Maat também foi a Deusa que
Trismegisto (LACHMAN, 2011). No
personificou esses conceitos, a sua
segundo bloco, a hermenêutica do bem
história como Deusa é relacionada à
viver. As filosofias das sociedades
regulação do universo, aos astros
Bantu e da África Ocidental (ORUKA,
celestes, às estações do ano e à
1990), (TEMPELS, 1969); (KAGAME,
regularidade do universo. Como
1976), (ALTUNA, 2006), (DELFINO,
ideologia de vida das populações, o
2020). Hermenêutica como universo de
equilíbrio da Maat possui como
interpretação das relações entre os seres
oposição o Isfet, com os significados de
da natureza e os seres humanos.
injustiça, caos, violência ou fazer o mal,
Partimos de vários pressupostos de
representado por uma serpente
compreensão da criação do mundo e do
gigantesca que abarca parte do universo.
universo e da relação com a existência
de sociedades humanas, coletivas Três mil anos de continuidade das
relacionados à nossa existência como dinastias egípcias de grandes
seres de um sistema complexo, do realizações no campo das construções,
mundo visível e invisível, dos seres da ciência e da organização social são
humanos e dos demais seres da estabelecidos devido a percepção tida
natureza, como o artefato geral do sobre a Maat. Na religião os seres eram
processamento das energias. Contextos julgados quando da sua morte pelas leis
da Maat (DECOEUR, 2011). O Ptahhotep - Ptahohotep foi o vizir do
hieróglifo que representa a Maat na faraó Djedkare Isesi, da quinta dinastia,
escrita Egípcia é a pluma de avestruz no vigésimo quinto século antes da era
que a Deusa Maat carrega na cabeça. cristã. Vizir era ministro e conselheiro
No julgamento final a alma era pesada do monarca. Os vizires foram pessoas
numa balança e para ter a absolvição e de elevada cultura e ocupavam muitas
passar para a iluminação a alma funções na administração pública. Na
precisava ser mais leve que a pena de história da filosofia o texto mais antigo
avestruz. A leveza, um entre os conhecido é referido a ele e se encontra
princípios era não ter feito o mal, mas na Biblioteca Nacional da França em
não ter feito o mal não bastava era um papiro descoberto em 1847. Texto
necessário ter feito o bem. onde Ptahhotep ensina as máximas dos
bons comportamentos de um
Maat se encontra na gênese das administrador público para seu filho. Os
filosofias e valores sociais de todas as temas das suas máximas são: o silêncio,
sociedades africanas. Conclusão o tempo, a veracidade, os
derivada do conceito de africanidade de relacionamentos e as maneiras de agir
Diop (DIOP, 1999). A Maat contém dos governantes. O silêncio importante
um princípio importante em toda a para ouvir as pessoas e a necessidades
filosofia egípcia e africana, o conceito do povo. O tempo como as
de equilíbrio e harmonia. Conceito de possibilidades de mudanças e do
origem cosmológica retirado do aparecimento da verdade. Nada resiste
equilíbrio e da harmonia do universo e ao tempo e tudo aparece depois de certo
aplicado às diversas instâncias da vida tempo. A veracidade é a sabedoria das
humana enquanto ser social. Abriga os verdades, é como se aprende a vida. Os
diversos fins do conhecimento africano, relacionamentos entre os que possuem e
tais como a ética social e o conjunto de os que não possuem, entre os que tem
leis sociais para a filosofia do bem viver poder e os que não têm e a necessidade
na sociedade em relação ao conjunto dos governantes de atender aos fracos e
social e ao conjunto da natureza. Maat é de protegê-los. Como os governantes
um complexo de conceitos importantes devem agir segundo os preceitos do
e fundamentais para compreensão da Maat, ou seja, a justiça e o equilíbrio na
sociedade egípcia na antiguidade e do sociedade (FONTAINE, 1981). As
pensamento das sociedades africanas na práticas éticas são inspiradas na
atualidade, visto que todo conhecimento filosofia do Maat (SIMPSON, 1986).
africano denominado de tradicional
Hermes Trimegistus, foi três vezes o
possui relação ancestral com o conceito
máximo, três vezes sábio, figura
de Maat.
histórica egípcia que provavelmente
viveu a mais de 2500 anos antes da era
Em síntese a Maat do ponto de vista denominada como cristã. Seus textos
filosófico, por ser uma hermenêutica fazem parte do pensamento hermético,
social. Maat é considerado o princípio um conjunto filosófico relacionado com
mais importante no antigo Egito, um a astrologia e com a antiga alquimia.
princípio que fundamenta os
Três são as obras mais conhecidas de
conhecimentos clássicos holísticos das
Hermes Trimegistus: A tabua de
sociedades africanas. É o equilíbrio e
Esmeralda, Corpus Hermético
harmonia do universo, é o equilíbrio e a
(apresentado em quatro volumes) e
harmonia da vida humana. Caibalion (Kybalion) (LACHMAN,
2011). O livro Tabua de Esmeralda desse fato é possível a elaboração na
contem treze das leis para atingir a atualidade de uma ciência dos sons para
iluminação. O caminho entre o Céu e a fins de cura. Uma hipótese científica
Terra. Os dois mundos. O caminho sobre as grandes construções da
entre o espírito e matéria. A cor verde humanidade refere-se ao conhecimento
como simbolismo desse caminho sobre música no passado e
mental. Nos quatro volumes de Corpus principalmente sobre as construções e
Hermético encontramos um conjunto de conhecimentos egípcios; pode ser
ideias de difícil interpretação, que estão considerada uma ciência que foi
entre a teologia e o porquê da existência perdida; 6 - Princípio do Gênero, tudo
humana (LACHMAN, 2011). Baseado que tem vida natural apresenta na sua
nos princípios egípcios conhecido como criação os dois gêneros; 7 - Princípio da
Leis Herméticas, O Caibalion Causa e do Efeito, toda causa
(Kybalion), palavra que pode ser corresponde a um efeito e todo efeito a
traduzida como “tradição ou preceito uma causa. Um não existe sem o outro.
manifestado por um ente de cima” é Os trabalhos de Trimegistos são uma
considerado um livro esotérico e grande síntese dos conhecimentos
contém a explicação do princípio da egípcios.
causa e efeito e apresenta considerações
A lógica formal Bantu
teológicas. Para o estudo da filosofia
africana é importante a relação feita na O problema da pré-existência
história entre a figura de Hermes e a
divindade egípcia Thoth, que é a Na lógica Bantu e do antigo Egito tudo
divindade com a cabeça de Ibis depende de uma pré-existência. A
relacionada aos conhecimentos de dois existência possui causas originais, as
mundos, do mundo cósmico e do vezes múltiplas, e de processos de
mundo terrestre (AUFRERE, 2008). transformação de diversas influências
resultando na existência atual. O ser
Acredito ser de interesse para a filosofia divino é único não depende dessa
da ciência a apresentação dos sete lógica, o criador pré-existente. Com um
princípios Herméticos sopro criou a energia que permitiu todas
(HANEGRAAFF,2008). A saber, 1- as criações. Não se discute o divino nas
Princípio do Mentalismo, a totalidade sociedades africanas. O ponto de partida
é mental, ou seja, tudo que podemos de tudo é a energia vital e os processos
conhecer se restringe a mente humana; da sua transformação.
2 - O Princípio da Correspondência
A sociedade existente e os valores
onde tudo tem uma correspondência
societários
entre o ínfimo e o grande, entre o que se
encontra no cosmo e na terra; 3 - Na compreensão da filosofia africana há
Princípio da Vibração, tudo se encontra a necessidade de admitirmos a
vibrando em diversas frequências, nada existência dos valores societários,
se encontra completamente estático; 4 - designados como: sociais, morais,
Princípio da Polaridade, tudo apresenta religiosos, políticos, estéticos e
dupla polaridade, tudo contém o econômicos (IDANG, 2015). Os valores
negativo e o positivo; importante em sociais são dados pela participação
relação à visão da física e as teorias constante de todos os membros da
modernas da complementaridade; 5 - O sociedade em formas de reuniões,
Princípio do Ritmo, tudo contém na sua festivais, danças e trocas de bens. Os
criação uma música, um ritmo. A partir valores morais caracterizam-se pelo
sentido de trazer equilíbrio nas relações linguagem. Sendo que a principal
entre os membros da comunidade. A categoria metafísica no pensamento das
cultura africana está inserida em fortes sociedades de língua Bantu é a Força
considerações morais. Possui um Vital ou a Energia Vital. Pensando pela
sistema de várias crenças e costumes física ocidental a melhor teminologia
que todo indivíduo deve manter para seria energia. Pensar em energia implica
viver e para evitar trazer maldições a que a realidade é sempre dinâmica,
eles e para a comunidade. Relativo aos tudo possui movimento e se encontra
valores religiosos tem-se que todas as em constante transformação. O ser é a
sociedades giram em torno de fatos e energia ou a força vital. (ALTUNA,
ritos religiosos (OLIVEIRA, 2003). 2006); (TEMPELS, 1969); ( KAGAME,
Tudo e todos têm relação em todos os 1976 ), (CUNHA JUNIOR, 2017).
lugares-tempos com o sagrado. A
religião nas sociedades africanas parece
ser o ponto de apoio ao redor do qual Tempels produziu a noção de força vital
toda atividade humana converge. e instituiu como base do pensamento
Acreditam na existência da alma Bantu três noções fundamentais: força
humana e que a alma não morre com o vital, intensificação das forças e
corpo. Na religião tradicional existem influência vital. Para ele existia um
bons e maus espíritos e esses espíritos princípio filosófico central a “força
são o que torna possível a comunicação vital” em torno da qual se organiza
com o Ser Supremo. tudo; é a realidade do próprio ser
Quanto aos valores políticos as humano. Sendo que o ser é igual à
sociedades africanas possuem noção de força e também “vida”, “força
instituições políticas com chefes vital” e “ser” são termos correlatos.
legados pela tradição e respeitados por Para a sociedade Bantu a vida é um
isso. A coisa mais significativa sobre a valor supremo, portanto a força vital e o
sociedade tradicional é que a hierarquia viver com força é fundamental e a
política começa com a família. Cada sociedade deve se esforçar para
família tem um chefe de família, aumentar a força vital de cada indivíduo
também cada vila tem um chefe. A e da comunidade. A força vital dos
estética africana é baseada no sistema indivíduos e das comunidades pode
de crenças e conhecimentos diminuir ou aumentar na dependência
tradicionais, muito ligados às formas de de influências externas. Coisas como as
conservar ou proteger simbolicamente a desgraças, pragas, guerras, doenças,
energia vital. Os valores econômicos tristeza e cansaço representam a
são marcados pela cooperação. A diminuição da força vital. Os seres
economia tradicional, baseada estariam interrelacionados, em dois
principalmente na agricultura e na níveis, o do sensível e do
pesca, acontece em regime de suprassensível. O sensível através dos
cooperação (IDANG, 2015). sistemas visíveis, químicos, físicos,
acústicos e mecânicos. O
Estrutura das formas de pensar suprassensível, com sistemas invisíveis,
africano Bantu com os ancestrais, com os espíritos e
A filosofia Bantu pode ser reconhecida com o ser supremo. Tempels mostrou a
pelo argumento de que as categorias organização de um sistema de
filosóficas africanas são identificadas pensamento que organiza as sociedades
através das categorias inerentes à dos povos Bantu.
A língua falada e as interpretações dos estudo da morfologia das línguas Bantu,
significados dos termos foi um caminho Alex Kagame produziu uma visão de
para compreensão da lógica formal racionalidade classificatória dos termos
Bantu. Categoriza-se a energia vital ou inerentes às sociedades Bantu
força vital como o NTU, que não (KAGAME, 1976). As línguas Bantu
expressa a força da natureza em si, mas em geral apresentam ainda uma
a sua existência. Importante que Deus é organização silábica típica, uma sílaba é
a única categoria à parte que não tem produzida por uma consoante “C” e
necessidade de se expressar pelo NTU. uma vogal “V”, a silaba é “CV”. A
Os ancestrais e Inquices são parte de um forma morfológica sobre a qual se
dado NTU. O NTU é uma expressão de organizam as palavras Bantu é
energia. Tudo é composto da tipicamente CV, VCV, CVCV,
combinação ou de transformações da VCVCV; A construção CVC não é
energia em qualidades diversas encontrada na maioria ds linguas.
(CUNHA JUNIOR, 2017). Cada
A estética africana
categoria de palavras tem um NTU em
determinada qualidade ou modalidade. A compreensão da estética africana e da
Sendo quatro categorias básicas de tudo arte africana tem fortíssima relação com
que existe: MUNTU, para os seres a compreensão de religiões africanas
humanos completos; KINTU, para as (PINN, 2009). A religião africana
coisas animadas e inanimadas tradicional é holística e transcendental.
portadoras de vida; HANTU, Comporta o mundo visível e invisível.
representando tudo que tem relação com O ser humano é composto de corpo,
tempo e espaço; KUNTU, como os espírito e alma. Sendo que a arte
atributos de interrelação de categorias, africana e sua estética cuidam da
como uma força que permite a ligação preservação destas três partes. O ser
entre dois significados (KAGAME, humano precisa sintonizar-se como o
1956). Toda a existência, toda a sagrado, ancestrais e espíritos, com a
essência, em toda forma que ela pode sagrada natureza, como as plantas,
ser concebida, pode ser submetida a este animais, metais e minerais, nos planos
conjunto de categorias. As palavras do invisíveis e visíveis. Necessita de
Bantu dentro dos grupos de sintonia com a energia celeste ou
classificação são conhecidas pelos sons cósmica é através da arte e a estética
que agrupam energias de uma artística. A arte é uma compreensão da
determinada qualidade (FINNEGAN, ordem, da organização da natureza, do
1983). Cada palavra possui uma espécie que tem de bom nesta ordem, mas o que
de prefixo determinativo da sua deve ser expurgado da desordem.
natureza, da qualidade ou estado da sua
força ou energia interna. A arte transmite a percepção de lugares,
tem a dimensão cognitiva e afetiva dos
Resultados da morfologia dizem que a lugares. Transita pela identidade,
característica morfológica mais sentimento, pertencimento e valores.
distintiva das línguas bantus é o Transita entre o símbolo, significado e a
agrupamento de substantivos em representação, procurando na ordem a
diferentes classes, marcado por um vivencia e a apreciação do bem viver.
prefixo compostos pela sonoridade dos Todo lugar permite uma apropriação
temos e pela justaposição das simbólica, pois possuem significados
sonoridades. Os membros de uma classe simbólicos, em níveis cósmico ou
compartilham o mesmo prefixo. No físico, assim é arte e a estética se insere
no mundo das religiões de matriz africanas, dança que forma um
africana e vida africana em geral. complexo conjunto de grande valor
Pensando a estética, a apreciação da arte social. A ancestralidade é uma síntese
como expressão do desejo do bem do território e da sua comunidade e a
viver. dança africana representam em muitos
aspectos estes valores societários.
Os padrões, a organização dos padrões,
a matemática como parte da ciência dos As danças ocorrem em diversas
padrões e a geométrica é uma forma ocasiões, algumas partem do calendário
materialização da compreensão da das cidades como os festivais anuais,
relação dos seres humanos com os outras acontecem em ocasiões
lugares e necessidade de controle da relevantes, como rituais de nascimento,
ordem para o bem viver. O universo é casamentos, nos quais as danças de
equilibrado e estável, e essa organização máscaras funcionam como a união dos
obedece a padrões. Da mesma forma ancestrais com os presentes, como uma
que a vida na terra cujo objetivo grande conexão de energia entre o passado e o
é o equilíbrio é desejável ser presente, como uma garantia de benção
interpretado por padrões. Assim a arte e e prosperidade para o futuro. Para a
a estética africana são partes da ciência relação dança Ioruba e estética um
dos padrões (FRANÇA, 2017), artigo histórico é o de Joel Adedeji
(CUNHA JUNIOR, 2017). (ADEDEJI, 1969) e no livro de
A estética nas danças e máscaras Omofolabo Ajayi uma discussão sobre
dançantes na filosofia da as linguagens não verbais no continente
ancestralidade africano (AJAYI, 1998).

A sociabilidade, a solidariedade, a fala Filosofia africana de combate


dos tambores, a comunidade de
vivências, a comunidade de propósitos A filosofia africana e afrodescendente
sociais e os antepassados são valores frente à massa de formas de aniquilação
sociais africanos que as danças e os do “Ser Africano” e do “Estar Ser
festivais incorporam na sacralidade Humano” sendo negro trabalhou
social dos rituais grupais das intensivamente durante todo o século
comunidades africanas. Uso o termo vinte o tema de quem somos nós e de
sacralidade social em razão de que as como vivemos em diversas formas de
festas e festivais são sempre sagrados, expressão, produzindo um discurso
passam pela reverência à ancestralidade, filosófico étnico das identidades. A
não se dividem em sagrados e profanos. afirmação das identidades foi a grande
Tudo é sagrado. Dançar e produzir produção desse capítulo da filosofia
festivais dançantes são parte do africana e afrodescendente; em muito
cotidiano das sociedades africanas. Nas organizada em torno do movimento
sociedades africanas existe a expressão intelectual Pan- africano. A revista
social da fala dos tambores, inclusive “Presence Africaine”, editada em Paris,
algumas sociedades realizaram foi o centro do importante debate e da
linguagens de tambores para a publicação de diversos trabalhos de
comunicação de longa distância. O diferentes autores. Notamos que se
tambor e as suas sonoridades é um valor tratou de uma profunda necessidade do
estético africano; acompanha os reconhecimento de si por africanos e
tambores as vestimentas e as afrodescendentes, sendo em síntese um
performances dramáticas das danças grande debate sobre a racionalidade
humana e sobre as competências Sistema de Educação; Iniciação de
africanas de organização civilizatória. meninos e meninas; A vida sexual entre
os Jovens; Sistema de Casamento; O
A filosofia da identidade africana nem
Sistema Gikuyu de Governo; Religião e
sempre foi trabalhada no campo
Adoração aos Antepassados; A nova
específico e nominal da disciplina da
religião na África Oriental; Práticas
filosofia, encontramos trabalhos em
Mágicas e Médicas e a Conclusão.
literatura, antropologia, política,
Trata-se de uma valorização do povo
economia e artes, principalmente no
Gikuyu, foi um dos textos mais lidos no
campo da estética e sem a pretensão ou
processo de independência do Quênia.
a intenção em fazer filosofia, porém
fazendo. Apresentando no seu conjunto
No livro “Philosophy and Oral
começos seminais bastante anteriores ao
Tradition” duas questões são relevantes,
século vinte, como os autores da
uma é sobre a importância e eficiência
revolução do Haiti ou do rastafári
da tradição oral para a filosofia e para o
jamaicano, e retomados
conhecimento africano. Outra, trata da
complementares, também apresentou
filosofia do Ifá e de seu pensador
contestações importantes. Nesse tópico
supremo Orunmila, comparado pela
é grande a variedade de opções de
autora a Sócrates na literatura do
trabalhos relevantes (VIEIRA, 2012).
ocidente, e dos conhecimentos do povo
Como opção e pela forma de Ioruba. Os ensinamentos e obras de
entenderem e pensarem o continente Oluwole são geralmente atribuídos à
africano e a diáspora caribenha e escola iorubá de pensamento filosófico,
brasileira apresenta-se quatro autores, o que estava ancorada nos conhecimentos
queniano Jomo Kenyatta com “Facing culturais e religiosos (Ifá) das várias
Mout Kenya” (KENYATTA, 1936), a regiões Yorubanas. Nas tradições orais
nigeriana Sophie Oluwole com de Ifá, Oluwole também encontrou
“Philosophy and Oral Tradition” evidências convincentes de
(OLUWOLE, 1997), o antilhano conhecimentos antigos pertencentes à
Edouard Glisant com o livro “Le ciência da computação moderna e à
discours antillais”, um livro de 1981, física de partículas. Tornou-se uma das
com uma edição em 1997 (GLISANT, grandes críticas ao sistema educacional
1997) e a brasileira Leda Martins com o nigeriano, principalmente por ser feito
livro “Afrografias da Memória” em língua inglesa. As afirmações de
(MARTINS, 1995). Oluwole sobre o Ifá e a computação
comprovamos em tese recém defendida
O supracitado livro “Facing Mout
na Universidade Federal do Ceará
Kenya” possui uma questão importante
(DELFINO, 2020).
sobre quem é o povo queniano e quais
as suas tradições. Kennyata elenca os
mistos da criação, as formas de Depois da introdução aos problemas da
organização da sociedade Gikuyu, um identidade e da oralidade dois autores
dos grupos nacionais do Quênia. O livro mostraram decorrências dessa
é uma descrição profunda e com muitas discussão: Edouard Glisant nas
Antilhas com o livro “Le Discours
interrogações sobre a narrativa Gikuyu
antillais’, um livro de 1981 (GLISANT,
– Queniana e apresenta os seguintes
1997) e a brasileira Leda Martins como
capítulos: Origem tribal e sistema de
a livro Afrografias da Memória
parentesco; O Sistema Gikuyu de Posse
(MARTINS, 1995).
da Terra; Vida econômica; Indústrias;
Edouard Glissant é um pensador que ágrafas como pensamento social e
luta contra o totalitarismo ocidental destaca a construção poética das
capitalista e também contra o Afrografias e dos rituais das danças e
totalitarismo soviético comunista; e dos cortejos.
antecipa os pensamentos sobre a
Durante o século vinte o segundo
desilusão dos seres humanos com os
grande tema da filosofia africana foi a
governos e as formas de governo. Em
política e o Estado. Um embate entre o
outro enfoque produz uma contra
socialismo africano e o socialismo
corrente à naturalidade do africano
denominado de científico pelos
contido no movimento da negritude, não
europeus e assim aceito pelos africanos.
exatamente contraria, mas critica as
Existia a necessidade de repensar a
naturalizações e generalizações.
organização africana e dos estados
Glissant insiste na poética, como um
africanos para os africanos. Também se
meio de construir novos imaginários,
processava uma luta africana contra as
devido a uma desilusão com os
hegemonias. Era necessário repensar as
processos políticos como meio de
estruturas das nações independentes sob
mudança. Como parte de sua
uma ótica africana. Duas grandes
intervenção poética, Glissant
solenes vozes e práticas políticas foram
desenvolveu um rico repertório de
o ganense, de etnia Akan, Kwame
neologismos com base na nova ciência
Nkrumah (1909-1972) e o tanzaniano
da física de partículas que desenvolve a
Julius Kambarage Nyerere (1922-1999),
teoria do caos e a teoria da
(ASSENSOH, 1998).
complementariedade dos opostos. No
campo da identidade a sua luta é pela Para as ciências políticas e para as
afirmação antilhana que desenvolve em filosofias da libertação Kwame
“Le discours antillais”, um livro de Nkrumah deixou pelo menos dois textos
1981, com uma edição em 1997 de grande importância: Consciencism:
(GLISANT, 1997). Existem outros Philosophy and Ideology for De-
fatores importantes na obra de Glissant, Colonisation (NKRUMAH, 1970) e
como a oposição as ideias da African Socialism Revisited
mestiçagem contrapondo com o (NKRUMAH, 1967). O tema da
conceito de criolização. descolonização do pensamento e dos
hábitos já era tratado por ele e outros
Leda Martins com Afrografias da
pensadores desde pelo menos 1952.
Memória retoma a importância da
Como também o grande tema do
oralidade e da memória na formação da
socialismo africano e das estruturas de
identidade africana no Brasil. Se detém
poder no continente africano.
sobre o sentido e a relevância da
textualidade oral afro-brasileira, As origens de Nhrumah eram a etnia
focalizando os patrimônios culturais da Akan, que processou parte da riqueza
população negra através dos Reinos do ouro africano por quatro séculos e
Negros e dos Congados em Minas apenas perdeu a hegemonia pelo
Gerais. Trabalha a recriação da história colonialismo europeu. Ele foi criado
e da identidade que esses grupos dentro dessa tradição, usando os tecidos
conferem à população negra, num da tradição. Depois foi estudar nos
ambiente de negação desses como Estados Unidos da América. Aproveitou
valores e como parte do conhecimento o período para estar em contacto com
presente na sociedade brasileira. Ela um universo precioso de interlocutores,
teoriza, registra e produz as inscrições como Marcus Garvey e o grande poeta e
ativista e socialista do Caribe C. L. R. diversos é um exercício difícil. Sendo
James. Nkrumah foi inspirado pelos que nos atuais padrões das
escritos de intelectuais negros, como universidades brasileiras somos
Marcus Garvey, W.E. Du Bois e George condicionados e nós aceitamos esses
Padmore, líderes do movimento Pan marcadores burocráticos organizadores
Africano. Uma das ideias foi a da do espaço, do tempo e do nosso
“África para os africanos e a partir das processamento mental sobre a
questões africanas”. Isto implicou numa transmissão do conhecimento, no ensino
ruptura filosófica importante com o em número limitado de horas, os
ocidente, onde se pensava um mundo conteúdos feitos para tantas horas
homogeneizado pelo capital e pela curriculares. Dentro dessa limitação a
cultura europeia. estratégia de apresentação em quatro
grandes blocos permite uma síntese de
Julius Kambarage Nyerere, também
momentos históricos e de tendência e
conhecido em seu país, a Tanzânia,
não da amplitude do tema e nem de
como Mwalimu Julius Kambarage
todas as grandes contribuições e a
Nyerere. Mwalimu, que em língua
diversidade de discussões. A abordagem
Swahili, falada em toda a região
realizada focalizou os temas da
africana oriental, significa mestre,
filosofia, cultura, identidade e
professor, aquele que ensina. O “mestre
africanidade através dos autores citados.
escolar”, como as professoras que
Grande lacuna entre as opções é de se
alfabetizam e que abrem para as pessoas
ter negligenciado por completo a
o universo da escrita e da leitura
filosofia cristã africana, desde a igreja
(OTUNNU, 2015). Assim foi e é
Copta (Etíope e Egípcia), passando pela
considerado para parte da população da
igreja da teologia de Santo Agostinho,
Tanzânia. Na filosofia política africana
que faz parte da herança africana para
desenvolveu e implantou como
construção do ocidente cristão e mesmo
referência de estado, quando governou, diversos africanos teólogos cristãos.
o conceito de Ujamaa (NYERERE, Foram omitidas as relações da filosofia
1968), (NYERERE, 1971). Ujamaa, que e ciência africana e o islã.
é traduzido como família tradicional
africana. Pensava o poder tendo como A contribuição mais importante do
referência os exemplos das vilas artigo é relacionar o desenvolvimento
tradicionais da Tanzânia, onde as terras do conceito de filosofia africana com a
eram de propriedade comunitária, as história. Priorizou-se produzir um
decisões eram de consenso, pensava panorama da complexidade e amplitude
também que nas cidades se repetia o do tema da filosofia africana sem uma
mesmo. Sem, contudo, negligenciar as discussão de algumas abordagens da
mudanças da modernidade e da moda nacional e americana em
integração na comunidade econômica apresentar a filosofia africana pelo
africana e depois na mundial afrocentrismo (ASANTE, 1980).
(ASSENSOH, 1998).
Portanto, se eu fosse fazer o ensino faria
Se eu fosse ensinar filosofia africana:
desta forma, mas não pretendo fazê-lo,
as conclusões
deixo para os que são de profissões da
Pensar o que fazer para ensinar e como filosofia e de conhecimentos maiores
propor um conjunto de temas em um sobre a filosofia africana. Esse ensaio
semestre de 60 a 80 horas aulas apenas resume a percepção do pouco
abordando quase 6000 anos de feitos que pude aprender sobre o
desenvolvimento da temática da de aula. São Paulo: Dissertação de mestrado em
filosofia africana durante meio século. Educação Matemática – PUC, 2017.
Registro que meu primeiro grande FINNEGAN, Ruth. Oral literature in Africa.
contato com a filosofia africana no Londres: Oxford University Press, 1983.
Brasil foi através da filósofa, professora FONTAINE, Carole R. A Modern Look at
e decana da filosofia africana no Brasil, Ancient Wisdom: The Instruction of Ptahhotep
Helena Theodoro, no final da década de Revisited. The Biblical Archaeologist. Vol. 44,
1970, quando ela ensaiava os No. 3 (Summer, 1981), pp. 155-160.
preparativos para o que foi mais tarde a GLISANT, Edouard. Le Discours antillais.
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