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Ensino Einstein

Pós Graduação em Cuidados Paliativos – Einstein

Continuidade do Cuidado
em Cuidados Paliativos

Dra Keite Priscila Paiá


2020
• Dra Keite Priscila Paiá
• Médica Geriatra
• Título de Especialista em Medicina de Família e Comunidade
SBMFC/AMB
• Título de Especialista em Clínica Médica SBCM/AMB
• Título de Especialista em Geriatria SBGG/AMB
• Título de Especialista Área de Atuação em Cuidados Paliativos AMB
• Atuação ambulatorial São Paulo: Hospital Santa Paula, Unimed CNU,
URSI Cidade Ademar
• Professora Pós Graduação em Geriatria IPEMED
Por que falar em continuidade do
cuidado em Cuidado Paliativo?
Contextualizando

• A mudança do perfil demográfico e epidemiológico da população,


destacando-se o envelhecimento e a alta prevalência dos agravos e doenças
não transmissíveis, amplia os desafios para os sistemas de saúde.

• Esses agravos requerem convivência prolongada dos usuários com os


profissionais de saúde e reforçam a necessidade de projetos cuidadores que
favoreçam a manutenção e ampliação da sua autonomia.

A regulação assistencial e a produção do cuidado: um arranjo potente para qualificar a atenção. Baduy RS et al. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 27(2):295-304, fev, 2011
• Para tanto, além de o usuário ocupar um novo papel na produção da saúde,
são indispensáveis arranjos que propiciem a continuidade da atenção e
que favoreçam a integralidade do cuidado.

• Também a articulação entre os serviços dos diversos níveis de atenção é


um desafio importante, agravado pelo fato de estarem organizados e
financiados segundo lógicas distintas. Isso implica limitada resolubilidade,
descontinuidade, desresponsabilização, retrabalho e perda de qualidade da
atenção prestada ao usuário

A regulação assistencial e a produção do cuidado: um arranjo potente para qualificar a atenção. Baduy RS et al. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 27(2):295-304, fev, 2011
• União Européia: Estudos apontam o aumento das condições crônicas como
o maior desafio a ser enfrentado, no século XXI, pelos sistemas de saúde
preocupados com a equidade, eficiência e efetividade.
• Apontam também a fragmentação dos serviços como uma dificuldade
para a produção da integralidade, mesmo naqueles países onde há uma
forte atenção primária e serviços de atenção domiciliar.
• Alguns autores destacam a necessidade de estudar novos arranjos em
experimentação para o enfrentamento dos problemas crônicos de saúde nas
populações

A regulação assistencial e a produção do cuidado: um arranjo potente para qualificar a atenção. Baduy RS et al. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 27(2):295-304, fev, 2011
• A prestação de serviços de saúde, atualmente, fragmenta a atenção ao
paciente, com multiplicação de consultas de especialistas, informação não
compartilhada, inúmeros fármacos, exames e outros procedimentos.

• Sobrecarrega o sistema, provoca forte impacto financeiro em todos os


níveis e não gera benefícios significativos para a qualidade de vida.

Linha de cuidado para o idoso: detalhando o modelo. Veras R. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, 2016; 19(6): 887-905
• A porta de entrada acaba sendo a emergência do hospital.

• Tal modelo, além de inadequado e anacrônico, tem uma


péssima relação custo-benefício, pois é centrado no hospital e
faz uso intensivo de tecnologias de alto custo

Linha de cuidado para o idoso: detalhando o modelo. Veras R. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, 2016; 19(6): 887-905
Sistema de saúde

Reativo Proativo
Fragmentado Integrado
Episódico Continuado
Objetivo

• O modelo assistencial deve organizar e articular os recursos nos diferentes


níveis de atenção, para que sejam garantidos o acesso aos serviços e o
cuidado integral.

• As pessoas devem ser vistas como sujeitos, na singularidade de sua


história de vida, condições socioculturais, anseios e expectativas.

• A abordagem dos indivíduos com a doença deve acolher as diversas


dimensões do sofrimento (físico, espiritual e psicossocial)

Ações de Controle - Linha de cuidado e integralidade da atenção - INCA


Ações de Controle - Linha de cuidado e integralidade da atenção - INCA
Enfermeiro Médico

Psicólogo

Fisioterapeuta
Nutricionista

Farmacêutico
Assistente Social
Assist. Espiritual

Cedido por Dr. Luis Alberto Saporetti


Objetivo

• Integralidade
• Boa prática profissional
• Articular prevenção com assistência
• Acolhimento
• Comunicação
• Acesso
• Equipe Interdisciplinar
Ferramenta

• As linhas de cuidado são estratégias de


estabelecimento do “percurso assistencial” com o
objetivo de organizar o fluxo dos indivíduos, de
acordo com suas necessidades.
• Modelo baseado na identificação precoce dos riscos de fragilização
dos usuários

• Conjunto de ações assistenciais estruturadas para atender a determinado


agravo de saúde do indivíduo, com base numa avaliação de risco. Esse
risco é composto por aspectos clínicos, sociais, econômicos e
ambientais, entre outros.

• Os níveis hierárquicos devem ser parte integrante do projeto


terapêutico e do ‘caminho’ assistencial a ser percorrido pelo usuário

Linha de cuidado para o idoso: detalhando o modelo. Veras R. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, 2016; 19(6): 887-905
• A hierarquização da rede possibilita pelo menos dois
elementos fundamentais para o cuidado: a diminuição de
iatrogenia e a organização do fluxo de cuidados.
• As diretrizes e os protocolos clínicos também são
essenciais na construção do projeto terapêutico. Eles devem
direcionar a boa prática, serem pautados na melhor
evidência disponível e adequados a cada situação clínica.
• O plano terapêutico é o fio condutor para o fluxo da linha
do cuidado, e esta estabelece o percurso assistencial de
acordo com suas necessidades.

Linha de cuidado para o idoso: detalhando o modelo. Veras R. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, 2016; 19(6): 887-905
• O importante é que cada instituição de saúde tenha
conhecimento de sua carteira, seu perfil e necessidades, de
modo a construir a melhor forma de organizar sua prestação de
serviços.

Linha de cuidado para o idoso: detalhando o modelo. Veras R. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, 2016; 19(6): 887-905
• A porta de entrada no sistema tem de ser o local facilitador
para que o cliente e sua família sintam-se protegidos e
amparados.
• É nessa instância, do primeiro contato, que o usuário é
informado de todas as possibilidades e dos percursos
assistenciais.
• Acolher é fundamental para quem chega, e um estímulo para
desenvolver confiança e fidelizar-se

Linha de cuidado para o idoso: detalhando o modelo. Veras R. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, 2016; 19(6): 887-905
• Os modelos de atenção para esse segmento precisam ser
centrados na pessoa e na família, considerando suas
necessidades especiais. O cuidado deve ser gerenciado desde a
entrada no sistema até o fim da vida, com acompanhamento
constante

Linha de cuidado para o idoso: detalhando o modelo. Veras R. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, 2016; 19(6): 887-905
Ponto Delicado >Desospitalização
• Processos de alta de forma simplificada, pontual e não oficializada
• Falta de busca ativa

AMBULATÓRIO/REDE ATENÇÃO BÁSICA


• Procura espontânea familiar
• Contato da rede hospitalar

Ignacio, Denise Sarreta – Alta hospitalar responsável: em busca da continuidade do cuidado para pacientes em Cuidados Paliativos
no domicílio, uma revisão integrativa. Ribeirão Preto, 2017
Desospitalização
• Articulação entre serviço hospitalar e rede de atenção básica

Exemplo
• Contato do hospital com SAD– visita da equipe em paciente com planejamento de
alta, depois visita ao domicílio
• Braço da equipe ambulatorial trabalhando no hospital
• Equipe única hospital-ambulatorial
• NUCLEO CUIDADOR – HOSPITAL – AMBULATÓRIO/ATENÇÃO BÁSICA

Ignacio, Denise Sarreta – Alta hospitalar responsável: em busca da continuidade do cuidado para pacientes em Cuidados
Paliativos no domicílio, uma revisão integrativa. Ribeirão Preto, 2017
Objetivo

• Desinstitucionalização
• Evitar hospitalizações desnecessárias
• Evitar reinternação
Objetivo

• Preparo e capacitação de quem vai receber o paciente pós alta


• Rede de apoio primária (parentes, vizinhos, amigos)
• Rede de apoio secundária (unidade de saúde, igreja,
comunidade)
• Cuidado ao cuidador
• Diretivas antecipadas
• Orientações de óbito domiciliar
• “Todo sistema de saúde é perfeitamente desenhado para atingir
os resultados que se atinge”

Don Berwick - Institute for Healthcare Improvement (IHI),


Qual é o nosso foco?
Cuidado Paliativo....

.... não se faz sozinho....

....não se faz em só um lugar....


Como garantir a continuidade do
cuidado?
Algum Cuidado Paliativo é
melhor que nenhum Cuidado
Paliativo
• Compreender o seu contexto
▫ Em qual modelo de assistência se encaixa?
▫ Que perfil de paciente assiste?
▫ Qual a porta de entrada?
▫ Quais os recursos disponíveis?
▫ Quais os recursos potenciais?
▫ Quais os “gargalos” para continuidade de cuidado?
Modelos de Assistência em
Cuidados Paliativos
• Enfermaria:
▫ Unidade de Cuidados Paliativos
▫ Leitos em Enfermaria Geral
• Grupo consultor
• Ambulatório
• Assistência Domiciliar
• Hospice
• Hospital-Dia
• Compreender o seu contexto

▫ Que perfil de paciente assiste?


• Compreender o seu contexto

▫ Quais os recursos disponíveis?


▫ Quais os recursos potenciais?
▫ Quais os “gargalos” para continuidade de cuidado?
• Antecipar-se
• Adaptar-se

Não tem receita de bolo!


• Não criar anticorpos com outros profissionais
e/ou equipes
Dicas práticas
• Bom registro em prontuário
• Discussão de caso com equipe multidisciplinar
• Comunicação direta com outras equipes envolvidas na
assistência
• Relatórios médicos
• Carta de diretivas
• Busca ativa da rede de suporte
• Ligação pós-alta
• Comunicação com paciente e família
• Reservar momentos para ajustar o foco
Paliar é trabalhar em Equipe a serviço do paciente e de suas
prioridades

Ana Claudia Arantes


Continuidade do Cuidado
Interface Hospital e Ambulatório
Experiência de Serviço Privado

Case de Sucesso
Interface Hospital e Ambulatório
Experiência de Serviço Privado

• Modalidades de Atendimento:
▫ Ambulatório
▫ Enfermaria
▫ Grupo consultor
▫ Central de Monitoramento Telefônico de Enfermagem
▫ Assistência Domiciliar
Interface Hospital e Ambulatório
Experiência de Serviço Privado

• Perfil de pacientes
▫ Idosos
▫ Múltiplas comorbidades
▫ Neurológicos crônicos
▫ Oncológicos
Interface Hospital e Ambulatório
Experiência de Serviço Privado
• Histórico:
▫ 2006: primeiros atendimentos por geriatras do Programa de
Atendimento Interdisciplinar (PAI)
▫ Agosto de 2008: ambulatório específico dentro do PAI
▫ Outubro de 2010: atividades dentro do Hospital
▫ Abril de 2011: leitos em enfermaria
▫ Agosto de 2012: Ambulatório de Cuidados Paliativos Não-
Oncológicos
▫ Central de Monitoramento Telefônico de Enfermagem
▫ 2015: Programa específico para pacientes acamados (SIAD –
Suporte Integrado ao paciente com Alta Dependência)
Interface Hospital e Ambulatório
Experiência de Serviço Privado

Ambulatório de Cuidados Paliativos


▫ Fluxo de encaminhamento:
 Ambulatório de Oncologia
 Hospital
 Outros ambulatórios de especialidades
▫ Todos os encaminhamentos são agendados no ambulatório de
Acolhimento
▫ Sem demanda reprimida para inclusão no ambulatório
▫ Gestão: taxas de absenteísmo, de internação e de passagem no PS;
indicador de qualidade do serviço: ligação pós-óbito.
Interface Hospital e Ambulatório
Experiência de Serviço Privado

▫ Central Telefônica de Enfermagem: para orientação aos


pacientes e familiares.
▫ Ativa
▫ Passiva
▫ Monitoramento de passagens em PS
Interface Hospital e Ambulatório
Experiência de Serviço Privado

▫ Hospital-Dia: para transfusão, hidratação e antibioticoterapia


parenteral, analgesia de pacientes que vem a consulta com dor
não controlada, etc.
▫ Ligação Pós-óbito: ligação telefônica aos familiares dos
pacientes assistidos no ambulatório, para avaliação e orientação
psicológica no período de luto, além de indicador de qualidade
do serviço e satisfação do usuário.
Suporte Integrado ao paciente com
SIAD - Suporte Integrado ao paciente com Alta Dependência
Alta Dependência - SIAD
✓Avaliações ambulatoriais pontuais e espaçadas (algumas com cortesia de remoção);
✓Visita domiciliar de enfermagem periódica;
✓Monitoramento telefônico ativo e passivo;
✓Alinhar a assistência quando paciente procurar serviço de emergência e/ou internar;
Critérios Clínicos Critérios Sociais

•Pacientes cronicamente incapacitados (Demências FAST >=7D, sequelados •Rede de suporte social precária
crônicos confinados ao leito); •Nível socioeconômico / ambiente /
•Pacientes gravemente incapacitados após acidente vascular ou traumático transporte
recente, em fase pós crítica, com possibilidade de reabilitação; •Demanda familiar / risco de liminar
•Idosos frágeis pós fratura de fêmur ou com outra condição de acamamento
temporário;

•Pacientes com falência funcional avançada, com períodos de instabilidade


clínica e necessidades de intervenções proporcionais (grandes utilizadores dos
serviços de emergência e paliativos não oncológicos);

•Pacientes Oncológicos ECOG 4.


Suporte Integrado ao paciente com
Alta Dependência - SIAD
Encaminhamentos para o SIAD:

Time de Central de
Ambulatório de
Desospitalização do Relacionamento
Geriatria ou Cuidados
Hospital Santa Helena (+/-5%)
Paliativos (+/-10%)
(+/- 85%)

Ligação telefônica da Central de Monitoramento para


Inclusão no Programa

Consulta Ambulatorial com Médico e Serviço Social

Equipe Médica do Programa


Visita analisa todos os relatórios de Ligações pela Central de
Domiciliar de ligações e de visitas Monitoramento de
Enfermagem domiciliares para conduta Enfermagem

Atendimentos Atendimento Acompanhamento Remoção de ambulância


domiciliares pontuais ambulatorial com psicológico: para avaliação em
(curativo; Equipe focado em estresse do ambulatório para casos
antibioticoterapia, etc) Multidisciplinar cuidador selecionados

Acompanhamento do Serviço Social

Reunião Interdisciplinar semanal


Interface Hospital e Ambulatório
Experiência de Serviço Privado
 Funções assistenciais da equipe hospitalar
Interconsulta: (todos os setores do hospital)
 Identificar pacientes elegíveis para Cuidados Paliativos e auxiliar na elaboração
do plano terapêutico e objetivos da internação
 Auxiliar na comunicação de prognóstico com pacientes e familiares
 Auxiliar no processo de tomada de decisão em relação a condutas específicas
(como emprego de medidas invasivas de suporte artificial de vida ou manejo de
intercorrências)
 Fazer a “ponte” entre a internação e o seguimento ambulatorial
Enfermaria:
 Pacientes sob Cuidados Paliativos exclusivos em fase final de vida
 Pacientes oncológicos do ambulatório de Cuidados Paliativos internados com
sintomas de difícil manejo
 Paciente com indicação de Cuidados Paliativos em tratamento de intercorrências
potencialmente reversíveis
Interface Hospital e Ambulatório
Experiência de Serviço Privado
 INTERFACE HOSPITAL X AMBULATÓRIO

 PEP
 Carta de Planejamento de Cuidados – “Carta Rosa”
 Discussão de casos com equipe do ambulatório
 Passagem de caso entre médicas do ambulatório e do hospital
 Central telefônica
 “Ponte” da Central Telefônica com equipe de Paliativo, com médico do Pronto
Atendimento, com enfermeira da desospitalização – grupo de wpp e sistema
informatizado próprio da Central Telefônica
Interface Hospital e Ambulatório
Experiência de Serviço Privado
 INTERFACE HOSPITAL X AMBULATÓRIO X DOMICILIAR

 Equipe de desospitalização
 SIAD
 Central de Monitoramento
 Domiciliar – Vista de Enfermagem
Caso clínico 1

AMRS, 34 anos, amasiada há 2 anos, 3 filhos ( 2 anos do relacionamento atual, 7


anos de pai falecido e 17 anos). Filho mais velho interno na Fundação Casa

Internada em 23/07/16 com quadro de astenia, náuseas e oligúria


AP: Diagnóstico de CEC de colo de útero IV em 08/08/14, submetida a radioterapia
concomitante com QT (cisplatina semanal, Hospital Pérola Byington).
Junho de 2015: recorrência pélvica, fez QT com CDDP + paclitaxel por seis
ciclos

Durante internação apresentação IRA revertida com hidratação (C=2 → 1), e devido
quadro de suboclusão intestinal realizou RNM: carcinomatose peritoneal
Caso clínico 1

29/07/16 – avaliação psicóloga CP na internação:


“Demonstra grande preocupação com seu filho mais velho, devido a comportamentos do
mesmo. Realizo orientação de suas demandas, e combino que irei tentar programar com
equipe para suprir suas demandas psicológicas.
Segue em acompanhamento psicológico.”
01/08/16 – “Realizo atendimento psicológico a ela, a qual apresenta temas importantes
para elaboração no processo de seu adoecimento, pendências legais, entre outros. Percebo
grande preocupação com seus filhos, pois todos são menores de idade, demonstrando
maior preocupação com o Vinicius (7 anos). Oriento sobre pedido de avaliação do serv.
social, afim de auxiliá-la mais pontualmente sobre tais questões.”

Recebeu alta em 02/08/16 com reinternação programada para passagem de portocath em


08/08/16
Caso clínico 1
→ Internação de 08 a 10/08/16 programada para implante de porto cath
Avaliação da Equipe de Cuidados Paliativos em 10/08: desejosa em receber alta
hospitalar para resolução de pendências
Agendamentos com Acolhimento, Oncologia, e passagem de caso da psicóloga do
hospital para equipe do Ambulatório

→ Consultas com Oncologia: faltou em 11/08, depois passou em duas consultas (25/08 e
31/08), sendo definido suporte paliativo exclusivo por baixo PS
→ Consulta no Acolhimento de Cuidados Paliativos em 17/08/16, a partir de então
seguimento no ambulatório CP
→ 01/09/16 – Durante atendimento psicológico paciente relata dificuldade em lidar com
suas limitações e expectativas que pessoas próximas criam frente a sua cura e traz
questões relacionadas aos filhos de 7 e 17 anos → SS
→ SS atende em plantão referente as seguintes pendências:
- desejo em ver o filho recluso
- passar a guarda do filho de 7 anos para madrinha/amiga
- questões burocráticas com RH da empresa
Caso clínico 1
→ SS faz contato com SS do fórum para pendências em relação ao filho do meio para
passagem da guarda para madrinha

→ SS faz contato com SS da Fundação Casa, que solicita relatório médico para
solicitação da liberação do interno para visita ao Juiz (negado)

→ 20/09: última consulta ambulatorial – paciente com piora progressiva de performance


e da dor
Neste dia SS e psicóloga da Fundação Casa acompanham o filho mais velho em
visita monitorada por SS e psicóloga da equipe em nossa Unidade Ambulatorial

→ 25/09 – Internação em fase final de vida


Caso clínico 1

→ 26/09 – Evolução de psicologia:


“ Discuto caso com Assistente Social Thais (ambulatório de cuidados paliativos) sobre como
estavam os documentos da paciente para passagem de guarda do filho, demanda essa
apresentada pela paciente durante internação anterior. A mesma orienta que paciente já havia
entrado com os documentos jurídicos para tal. “

“Ao final desta manhã, Dra. Renata comunica que paciente faleceu. Acompanho Dra. Renata
na notícia ao esposo, o qual demonstra grande emoção, compreende gravidade da doença de
Ana Maria. Agradece os cuidados dispensado a ele e sua esposa.
Comento com esposo que iria comentar com Assistente Social Thais sobre falecimento de sua
esposa, para tentar trazer o filho dela para os rituais funerários, conforme foi expresso o
desejo pela paciente para Assistente Social Thais e Psicóloga Waleska em ambulatório. O
mesmo concorda.
Informo Ass. Social Thais sobre falecimento da paciente.
Solicito orientação do serviço social do hospital para Sr. Fábio para os trâmites burocráticos
para realização de funeral.”
Caso 2
GSPF, 83 anos, encaminhada pela Oncologia ao Ambulatório de Cuidados
Paliativos HC/FMUSP, em junho de 2008, por CEC de colo uterino com
recidiva em cúpula vaginal, após radioterapia e intolerância à quimioterapia,
por toxicidade inaceitável.
Em avaliação pelo Serviço Social, checada má aderência em outros serviços,
múltiplas passagens por especialidades e falta de um acompanhante principal
às consultas. Após acolhimento e abordagem familiar, otimizados
acompanhamentos, focado tratamento neste ambulatório e formalizada uma
das filhas como acompanhante principal, com grande melhora na aderência.
Houve abordagem da espiritualidade da mesma durante todo o seguimento,
com momentos específicos da consulta dedicados a este aspecto. A paciente
era católica, não frequentadora de missas, com prática domiciliar e adepta a
promessas. Houve reforço positivo às suas práticas, tendo ela cumprido todas
as promessas que tinha feito. O acompanhamento psicológico foi realizado
com a família, já que paciente não aderiu, priorizando aspectos do conflito
entre os filhos.
Em seguimento clínico, apresentou sintomas como dor ñ
controlada, sangramento vaginal, com investigação e tratamento
pela equipe. Em janeiro de 2009, evoluiu com metástases em
região vulvar e inguinal, sendo encaminhada à radioterapia, com
melhora local e controle de dor. Em março de 2009, apresentou
linfedema por obstrução alta, respondendo a tratamento clínico, já
que não havia condições para nova RT, nem QT, segundo
oncologia. Em julho de 2009, progressão de doença, com
supuração em região inguinal, piora nas dores, piora no status
funcional. Família foi orientada sobre fim de vida. Em agosto de
2009, otimizado o controle de sintomas, priorizando conforto,
com paciente falecendo em 20/08/2009, no hospital. Seu
sepultamento ocorreu em local escolhido pela paciente.
CASO 3

Paciente A, 85 anos, masculino, seguimento no ambulatório de geriatria desde 2009.

Inicialmente Doença de Parkinson moderada, rigidez predominando a tremores, alteração de


marcha, instabilidade e quedas. Também HAS e DLP controlados. Morava sozinho, tinha apenas
funcionária que cuidava da casa. Passava os finais de semana nas casas das filhas.

Piora motora lenta e progressiva, bem como na instabilidade e na marcha, aumentando grau de
dependência, piorando deglutição também, mas sem sinais de aspiração. Contratada cuidadora
para morar com paciente.

Até que há 2 anos, iniciou com sintomas comportamentais, alucinações visuais e auditivas,
desorientação. Iniciada investigação sem achados, encaminhado para interconsulta com neuro,
sem achados específicos, sugerido prosseguir investigação mas familiares não desejaram.

O quadro cognitivo evoluiu rapidamente, o grau de dependência também. A cuidadora, que tinha
cerca de 50 anos e alguns problemas de saúde não estava mais conseguindo manter os cuidados
sozinha. Filhas começaram a revezar para dormir na casa dele à noite. Iniciamos conversa sobre
possibilidade de institucionalização. Filhas preferiram mantê-lo em casa o quanto conseguiram.

Há cerca de 1 ano, foi institucionalizado, com boa adaptação dele e das filhas. Ficou menos
apático com o convívio com outros idosos. Manteve alimentação adaptada via oral, filhas não
desejaram via alternativa de alimentação.

Há poucas semanas, filhas receberam ligação da ILPI, para comparecerem ao local porque
paciente precisaria ser levado ao hospital. Estava com desconforto respiratório.

No hospital....
CASO 4
Paciente B, 78 anos, feminino, diagnóstico há cerca de 4meses de tumor extenso em
SNC sem possibilidade de ressecção, já com sinais de edema e desvio de linha média.
Chega ao ambulatório de Cuidados Paliativos, após ser medicada e receber alta da
neurocirurgia. Vem com filha e genro.
Logo na primeira consulta, filha trouxe desejo de manter mãe com cuidados de
conforto e qualidade de vida. Paciente ainda andava e tinha muitos sintomas
comportamentais, fala repetitiva, acelerada, não conseguindo ficar segundos na
mesma posição.
Iniciado seguimento, otimizadas medicações neuropsiquiátricas. *
Evoluiu com disfagia, filha optou por manter via oral com dieta adaptada pela fono.
Ingesta foi diminuindo cada dia mais, e foi mantida alimentação de conforto.
Teve apenas uma internação curta por convulsão, onde foram otimizadas as drogas
(progressão da doença).
Outra filha veio do Sul ajudar nos cuidados nos últimos 2 meses de vida.
Paciente iniciou com desconforto respiratório, foi levada ao hospital e faleceu dois
dias após, na enfermaria com familiares.
• Muito Obrigada!

• Keite – keite@uol.com.br

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