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CHOQUE SÉTICO
MAPA DE REVISÕES
Assinatura do(s)
Responsável (eis) pela
Revisão Página(s) Motivo Data responsável(eis) pela
Revisão
aprovação
Dr.ª Joana Aquino
Dr.ª Nina Abreu
01 Todas 2015.03.05
Atualização periódica. Dr.ª Margarida Pereira
(Originais no Serviço
(Serviço de Pediatria)
de Pediatria)
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PROTOCOLO CLÍNICO
CHOQUE SÉTICO
A. OBJETIVO
Protocolo de atuação clínica do choque sético pediátrico, contemplando apenas a
abordagem estruturada na primeira hora. São excluídas as situações de choque sético no
período neonatal.
B. ÂMBITO
Destina-se aos profissionais que prestam cuidados na área da Pediatria.
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CHOQUE SÉTICO
D. ALGORITMO DE ATUAÇÃO
(Adaptado das guidelines da ACCM-PALS [American College of Critical Care Medicine-Pediatric Advanced Life
Support])
1 – Os antibióticos devem ser administrados na 1ª hora, eventualmente por via IO; não devem ser iniciados antes
da colheita de sangue para hemocultura, mas esta não deve atrasar o seu início
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3) Acessos venosos: Se possível, obter de imediato, pelo menos, 2 vias. Pode ser utilizado
inicialmente acesso periférico ou IO para fluídos ou inotrópicos
4) Análises de sangue
QUADRO I
Hemocultura Glicemia, ureia, creatinina
Hemograma com plaquetas, tipagem TGO, TGP
Coagulação – TP, aPTT, INR Na, K, Ca2+i, P, Mg
PCR Gasimetria venosa
5) Monitorização
QUADRO II
FC, FR, ECG, ritmo Estado de consciência
PA, SatO2 Diurese - algaliar
TRC, pulsos Início/progresso púrpura
6) Preenchimento vascular
Bólus de soro fisiológico de 20 mL/kg a correr em 5-10 minutos
o TRC ≤ 2 seg
o PA normal
o Pulsos periféricos normais
o Extremidades quentes
o Estado de consciência normal
o DU > 1 mL/Kg/h
Após cada bólus avaliar sinais de sobrecarga hídrica:
o Taquipneia, tosse, fervores, hepatomegália, ingurgitamento jugular
Se necessário e se não existirem sinais de sobrecarga hídrica, podem administrar-
se bólus até um máximo 200 mL/kg (habitualmente é suficiente 40-60 mL/kg)
Logo que se consiga uma boa resposta, reduzir progressivamente a oferta de
líquidos
Se existirem sinais de sobrecarga hídrica: restringir a administração de fluídos e
iniciar suporte inotrópico e entubação endotraqueal
Se indicada ventilação mecânica, administrar primeiro inotrópicos
Nas crianças com anemia hemolítica grave sem hipotensão a transfusão de
concentrado eritrocitário é preferível ao bólus de cristalóides ou albumina
7) Entubação endotraqueal
Sempre que haja sinais de sobrecarga hídrica
Considerar entre o 2º e o 3º bólus
Fármacos pré-entubação: Atropina 20 mcg/kg/dose ev (mín. 0,1 mg) + Ketamina
1-2 mg/kg/dose ev [1º administrar atropina e depois ketamina] e Rocurónio 0,6-
1,2 mg/kg/dose ev
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9) Antibióticos
Empíricos, dependendo da situação clínica e epidemias
o Se vacina conjugada 13-valente contra Streptococcus pneumoniae:
Ceftriaxone ev (máximo: 4g/dia) – nas primeiras 24 horas administrar 2 tomas
de 100 mg/kg/dose com 12 horas de intervalo e nos dias seguintes uma toma
de 100 mg/kg/dose de 24/24h
o Se ausência de vacina conjugada 13-valente contra Streptococcus
pneumoniae: Ceftriaxone ev (máximo: 4g/dia) – nas primeiras 24 horas
administrar 2 tomas de 100 mg/kg/dose com 12 horas de intervalo e nos dias
seguintes uma toma de 100 mg/kg/dose de 24/24h + Vancomicina 60
mg/kg/dia ev de 8/8 horas (máximo: 2g/dia)
Administrados na 1ª hora, eventualmente por via IO
Culturas prévias (mas não devem atrasar o seu início)
Controle agressivo e precoce de fonte de infeção
10) Transfusões
Transfusão de concentrado eritrocitário → Valores alvo de Hb 10g/dL (fase inicial
reanimação)
Plasma → Se coagulação vascular intradisseminada (nunca em bólus) – 10 mL/kg
em 1-2 h
Plaquetas → Profiláticas se < 10.000/μL ou se < 20.000/μL se fatores de risco
hemorrágico; manter > 50.000/μL se hemorragia ativa, cirurgia ou procedimentos
invasivos
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F. ANEXOS
Anexo I - Definições
Choque Sético
Sépsis E disfunção cardiovascular
Sépsis
SRIS na presença, ou em resultado, de infeção suspeita ou comprovada
Síndrome de Resposta Inflamatória Sistémica (SRIS)
Presença de pelo menos 2 dos 4 critérios seguintes, devendo um deles ser a alteração
da temperatura ou da contagem leucocitária:
1) Temperatura central > 38,5ºC ou < 36ºC
2) Taquicardia, definida como FC média mais de 2 DP acima do valor normal para
a idade na ausência de estímulos externos, medicação crónica ou estímulos
dolorosos; ou elevação persistente e inexplicável da FC durante um período >
30 min
OU
Em crianças <1 ano: Bradicardia, definida como FC média <P10 para a idade na
ausência de estímulo vagal externo, β-bloqueantes, ou cardiopatia congénita;
ou diminuição persistente e inexplicável da FC durante um período > 30 min
3) FR média mais de 2 DP acima do valor normal para a idade ou ventilação
mecânica para processo agudo não relacionado com doença neuromuscular
subjacente, nem com efeito de anestesia geral
4) Contagem leucocitária aumentada ou diminuída para a idade (não secundária
a quimioterapia) ou neutrófilos imaturos > 10%
Diagnóstico clínico
o Suspeita de infeção manifestada por hipotermia ou febre
o Sinais de má perfusão periférica dos tecidos
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Anexo III – Valores alvo dos sinais vitais e leucócitos de acordo com a faixa etária
PA sistólica
Idade Taquicardia Bradicardia FR Leucócitos (/μL)
(mmHg)
1M-1A >180 <90 >34 <100 >17500 ou <5000
2-5A >140 NA >22 <94 >15500 ou <6000
6-12A >130 NA >18 <105 >13500 ou <4500
13-18A >110 NA >14 <117 >11000 ou <4500
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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(8) Ventura L, Barata D. Sépsis. In Amaral JMV. Tratado de Clínica Pediátrica. 2ª ed .
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