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Aula 3: a linguagem - forma, método e ordem

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Aula 3: a linguagem - forma, método e ordem

ÍNDICE

IMPORTÂNCIA DA LINGUAGEM
EM RELAÇÃO AOS DEMAIS
CONHECIMENTOS 3

LINGUAGEM: DEFINIÇÃO
E IMPORTÂNCIA 4

LINGUAGEM: A FORMA DA LÍNGUA 12

LINGUAGEM: A ORDEM DO
APRENDIZADO 19
Fluência na leitura 20
Versificação 20
Morfologia 21
Sintaxe 23
Semântica, Estilística e Crítica 23

LINGUAGEM: O MÉTODO CLÁSSICO 26

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS 32

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Aula 3: a linguagem - forma, método e ordem

IMPORTÂNCIA DA LINGUAGEM
EM RELAÇÃO AOS DEMAIS
CONHECIMENTOS
Na aula de hoje, vamos explicar por que
a linguagem é o conhecimento mais im-
portante para a formação em geral e dar
alguns critérios para você entender, tan-
to o processo de autoeducação nessa
área, quanto o caminho para fazer a edu-
cação do seu filho. 3
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Linguagem: definição
e importância
Antes de qualquer coisa, devemos enten-
der, de maneira mais detalhada, o que é
a linguagem.
Para responder o que é a linguagem, pri-
meiro, temos que ter em mente que ela é
uma espécie, um tipo de comunicação.
Comunicar é tornar algo comum. Os ani-
mais se comunicam ao emitir sinais in-
dicativos de algo presente, como um ali-
mento, um perigo, a chuva.
O homem também se comunica. E tem
o seu próprio meio para fazer isso: a lin-
guagem.
Podemos definir a linguagem como: a
capacidade de tornar comuns significa-
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dos, ideias ou conceitos; o que se faz por


meio de sinais que expressam um discur-
so com sentido.
Os sinais — gráficos, sonoros ou de ou-
tros tipos —, permitem que um homem,
que ouviu ou leu um discurso, represen-
te na sua mente a intenção ou conteú-
do mental que estava na mente de outro
homem.
Esses sinais funcionam, portanto, como
meio ou instrumento para tornar comum
na mente de ambos essa intenção.
Qual seria então a diferença entre o nos-
so modo de comunicação, a linguagem, e
o modo animal?
A diferença mais fundamental é o fato
de possuirmos uma faculdade chamada
inteligência, faculdade esta que nos per- 5
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mite captar a realidade e os seres que a


compõem como essências, como unida-
des que podem ser conceituadas.
Os animais, por outro lado, captam to-
dos os seres apenas como agências, for-
ças que atuam sobre o seu ser, e não
como entes ou seres com unidade e
existência próprias.
O fato de podermos captar os seres com
a inteligência amplia e eleva a nossa ca-
pacidade de expressar intenções e sen-
tidos para os nossos semelhantes. Tro-
cando em miúdos: a nossa linguagem
comunica o que percebemos com a inteli-
gência.
Ademais, nossa inteligência pode captar
a própria ideia de “sinal”, separar a ideia
de sinal das situações em que ocorre a
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sinalização ou representação e, portan-


to, separar o sinal daquilo que é sinaliza-
do.
Com isso, podemos utilizar os sinais de
maneira muito mais elaborada e supe-
rior, formando os conceitos, palavras e
noções.
A partir dessas capacidades, podemos
não apenas indicar elementos do am-
biente ou da memória, como fazem os
animais, mas também nos referir a seres
que não estejam presentes ou próximos,
ou mesmo a seres criados ou imaginados
por nós; podemos ainda conceber e co-
municar um objetivo mais amplo para as
nossas ações, objetivos que não estejam
diretamente vinculados às necessidades

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mais imediatas; podemos fazer promes-


sas e nos comprometer uns com os ou-
tros, podemos nos perguntar o porquê
das coisas e a cadeia de causas e conse-
quência para um determinado fato etc.
Todas essas possibilidades advêm do uso
da linguagem, capacidade típica de seres
dotados de inteligência.
Desde muito pequenos aprendemos a
linguagem por meio de um código, da
língua concreta do nosso meio, e come-
çamos então a participar da comunica-
ção da cultura humana, que é o elemento
fundamental e principal para o desenvol-
vimento da nossa própria inteligência e
personalidade.
Disso, podemos concluir que a lingua-
gem é a ponte para quaisquer outros co-
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nhecimentos que almejemos adquirir.


Sem a linguagem, qualquer processo de
aprendizado se torna muito mais penoso
e lento, quando não impossível.
A linguagem é o maior dos auxílios para
que o homem aprenda a lidar com o
mundo, com os outros homens e com
tudo aquilo que ele queira aprender ou
descobrir. Ela é, enfim, o principal ins-
trumento para o homem tomar posse de
suas capacidades.
Mais: a linguagem é também um poder.
Um poder para entender, mas também,
e por isso, um poder para fazer grandes
riquezas, para convencer os homens a
fazer a paz ou lutar, para estimulá-los a
trabalhar, para dispô-los a amar, para in-
dicar o melhor caminho, para alegrar um
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infeliz, para acalmar um aflito, para ensi-


nar a quem ignora.
E justamente por isso, os grandes edu-
cadores da humanidade sempre foram
unânimes em priorizar o ensino da lin-
guagem sobre todos os demais.
Na educação atual, todas essas noções
foram muito relativizadas e esquecidas,
e o prejuízo para a formação das últimas
gerações é incalculável.

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LINGUAGEM, A FORMA DA LÍNGUA


Então, entendido isso, podemos pen-
sar na língua, na nossa língua concreta,
a portuguesa, como essa ponte para os
demais conhecimentos.
E uma primeira noção importante para
esse aprendizado é a de que devemos
aprendê-la não como um conjunto de

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regras rígidas e frias estabelecidas por


algum gramático obscuro.
Podemos ter essa impressão errada por
alguma experiência escolar, mas a verda-
de é que a língua, tal como nós a conhe-
cemos e estudamos, é, fundamentalmen-
te: um conjunto dos melhores modos de
dizer as coisas.
As línguas não nascem prontas. A estru-
tura lógica, as formas consolidadas de
expressão, o vocabulário, tudo isso vai se
explicitando a partir de uma forma origi-
nal muito sintética.
Quer dizer, as línguas vão ganhando uma
forma mais clara só muito lentamente,
com base nos usos que se faz delas ao
longo dos séculos.

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E numa sociedade sempre há aqueles


que são dotados de uma sensibilidade
mais profunda, de uma inteligência mais
criativa no uso dessa linguagem. E esses
sujeitos, geralmente os grandes escrito-
res, utilizam a língua com tanta maestria,
com tanta precisão e força, que acabam
se tornando, para todos os demais, mo-
delos memoráveis de como se expressar,
de como manejar a linguagem.
Isto é, as palavras que esses literatos es-
colhem, as maneiras de combiná-las, o
emprego novo que dão a vocábulos ve-
lhos, tudo isso vai se incorporando ao
patrimônio daquele idioma e passa a ser
transmitido, pelos gramáticos, diciona-
ristas e professores, às gerações seguin-
tes.
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E esse conjunto de usos e expressões


guarda uma ordem interna às vezes mui-
to sutil, que nós só vamos captando aos
poucos. Quer dizer, vamos adquirindo,
no contato com a grande literatura, um
senso da língua, um senso do que é me-
lhor ou pior no falar ou no escrever.
Para entendermos melhor esse caráter
da nossa língua, fiquemos com uma bela
imagem, tirada do poeta Francisco Ro-
drigues Lobo:
“[A língua portuguesa] é branda para deleitar,
grave para engrandecer, eficaz para mover, doce
para pronunciar, breve para resolver e acomo-
dada às matérias mais importantes da prática e
escritura. Para falar é engraçada com um todo
senhoril, para cantar é suave com um certo sen-
timento que favorece a música; para pregar é
substanciosa, com uma gravidade que autoriza
as razões e as sentenças; para cartas nem tem 15
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infinita cópia que dane, nem brevidade estéril


que a limite; para histórias nem é tão florida
que se derrame, nem tão seca que busque o favor
das alheias. A pronunciação não obriga a ferir
o céu da boca com aspereza, nem a arrancar as
palavras com veemência do gargalo. Escreve-
-se da maneira que se lê, e assim se fala. Tem de
todas as línguas o melhor: a pronunciação da
Latina, a origem da Grega, a familiaridade da
Castelhana, a brandura da Francesa, a elegância
da Italiana. Tem mais adágios e sentenças que
todas as vulgares, em fé de sua antiguidade. E se
à língua Hebreia, pela honestidade das palavras,
chamaram santa, certo que não sei eu outra que
tanto fuja de palavras claras em matéria des-
composta quanto a nossa. E, para que diga tudo,
só um mal tem: e é que, pelo pouco que lhe que-
rem seus naturais, a trazem mais remendada
que capa de pedinte.”

Então, o nosso fim último com o apren-


dizado da língua deve ser adquirir um
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senso cada vez mais apurado do que nela


é melhor, para que compreendamos cada
vez com mais profundidade e nos ex-
pressemos com cada vez mais clareza.

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LINGUAGEM: A ORDEM DO
APRENDIZADO
Nós podemos ainda pensar numa sequ-
ência de conhecimentos e habilidades da
linguagem necessários para adquirirmos
aquilo que chamamos de senso da língua,
ou domínio da língua.

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LINGUAGEM: A ORDEM DO
APRENDIZADO
Nós podemos ainda pensar numa sequ-
ência de conhecimentos e habilidades da
linguagem necessários para adquirirmos
aquilo que chamamos de senso da lín-
gua, ou domínio da língua.

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Fluência na leitura
Primeiro, devemos verificar se estamos
lendo com fluência. Ler em voz alta para
verificar como estão os aspectos da nos-
sa voz, como o tom, o volume, a pronún-
cia, a velocidade e o ritmo.

Versificação
Outra série de conhecimentos importan-
te é a da versificação, matéria em que se
estuda os elementos fundamentais dos
textos poéticos, como o verso, a estrofe,
a sílaba poética e sua tonicidade, as liga-
ções rítmicas, as classificações de métri-
ca, ritmo, rima etc.
O conhecimento técnico inicial das for-
mas poéticas tem como função facilitar o
estudo concreto dos bons poemas, o que
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envolve uma sensibilidade auditiva, uma


percepção de formas e efeitos sonoros
e de como eles ajudam a representar os
sentidos no texto.
Diga-se que conhecer o melhor da po-
esia intensifica o nosso senso da língua
justamente porque o caráter musical,
rítmico, do idioma está muito mais des-
tacado nos textos em versos.

Morfologia
São também fundamentais os estudos
dos morfemas e da etimologia. É a par-
tir dessas matérias que entendemos os
processos de formação das palavras, tor-
nando-nos capazes de identificar suas
partes constitutivas que em si mesmas
carregam significado, bem como ter um
senso histórico do sentido das palavras e 21
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das suas partes, o que nos faz entender


os seus usos mais precisos e sutis.
Junto a esse último, devem ser feitos es-
tudos das classificações das palavras, da
divisão das palavras em classes (como os
substantivos, verbos, adjetivos etc.). Co-
nhecer essas classificações nos permite
entender que as palavras:
1) Servem para indicar ordens diferentes
da realidade.
Por exemplo: os verbos indicam ações e
estados; os adjetivos as qualidades dos
seres, e assim por diante;
2) Podem sofrer mudanças na sua forma
para indicar realidades ou aspectos di-
ferentes;
3) Podem desempenhar papéis ou fun-
ções específicas numa frase. 22
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Sintaxe
Depois do estudo das classes, devemos
aprender os papéis que as partes de uma
frase desempenham em cada contexto.
Sabendo diferenciar essas funções, ad-
quirimos meios de averiguar se compre-
endemos ou não o sentido de uma frase
mais extensa ou mais exigente.

Semântica, Estilística e Crítica


Esses estudos podem prosseguir para
aspectos mais finos da linguagem, para
ordens de conhecimento que enrique-
cem muito a nossa capacidade de com-
preensão da grande literatura. Enten-
der as figuras de linguagem de maneira
mais aprofundada, bem como perceber
os níveis de sentido que a linguagem
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pode tomar; aprofundar a percepção dos


sentidos que as palavras podem tomar
em cada contexto, nas suas nuances e
abrangências; adquirir conhecimentos
de formas mais amplas como os gêneros
literários etc.

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LINGUAGEM: O MÉTODO
CLÁSSICO
E se esses são os degraus de aprendiza-
do da linguagem, resta-nos saber qual
método nos levará a subi-los a fim de al-
cançar o domínio da nossa língua.
Isto é, qual é o melhor modo de adquirir
esse senso da língua e, portanto, domi-

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nar a linguagem?
Não existe apenas um meio de se fazer
isso, mas o que vamos explicar aqui é o
método mais consolidado da nossa civili-
zação, o mais tradicional e eficaz. Trata-
-se do método clássico de ensino da lín-
gua.
O que fundamenta esse método é justa-
mente o que mencionamos: como a me-
lhor expressão da língua está nas gran-
des obras literárias, o melhor modo de
dominá-la é através do estudo dessas
mesmas obras.
Por ora, vamos falar desse método nas
suas linhas gerais, na sua estrutura. Na
próxima aula, daremos uma série de in-
dicações concretas, um roteiro na ver-

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dade, para que um adulto consiga utili-


zá-lo no seu processo de autoeducação.
O primeiro passo é escolher um bom
texto. E a escolha deve ser norteada pe-
los seguintes critérios:
1) O texto deve ser bem escrito. Como
dissemos, o aprendizado da língua deve
ser intermediado por uma obra de qua-
lidade formal, com um uso claro e har-
mônico do vocabulário, do ritmo, das
construções frasais e imagens;
2) Deve ter um conteúdo de bom valor
literário. Isto é, a obra deve ter uma
construção que seja valiosa, que trans-
mita experiências autênticas e interes-
santes. Ou seja, o que está sendo nar-
rado, descrito ou expresso deve ter um
valor.
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Para escolher o texto, vale a pena per-


guntar por autores e livros para profes-
sores, críticos e outras pessoas que li-
dam com a literatura de maneira mais
profissional. Na próxima aula, indicare-
mos uma porção de nomes e obras atra-
vés das quais se pode iniciar essa forma-
ção.
De qualquer modo, antes de começar a
leitura do texto, é importante procurar
saber algo mais acerca dele, do autor, do
enredo ou tema, da sua estrutura. O su-
ficiente para você não chegar ao texto
sem nenhum ponto de referência.
Escolhido o texto, deve-se iniciar a lei-
tura e estudo da obra, buscando, por um
lado, as referências de cultura geral ali

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contidas e, claro, os elementos da lin-


guagem que estejam dificultando o seu
entendimento.
Em relação ao último ponto, as dificulda-
des com a linguagem propriamente dita,
temos que as dúvidas podem surgir:
I. Quanto ao sentido das palavras. Cada
palavra que não estiver perfeitamente
clara deve ter seu significado verificado
num dicionário
II. Quanto a elementos formais de versi-
ficação, caso se trate de um texto ver-
sos, para que você possa absorver o
texto na sua forma e conteúdo de ma-
neira plena.
III. Quanto ao sentido de uma certa fra-
se. Por exemplo, se você não está com-
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preendendo o que está sendo dito so-


bre quem numa frase, ou a relação dela
com as anteriores ou seguintes.
IV. Quanto ao sentido de certas imagens
e uso figurado da linguagem.
V. Quanto à estrutura como um todo do
texto; a sequência ou ordem de uma
narração, por exemplo.
Lembre-se, essa é uma leitura de estudo,
então você tem que fazê-la com essa du-
pla intenção, a de conhecer bem o texto
e ao mesmo tempo ir desenvolvendo as
habilidades da linguagem que aumenta-
rão sua capacidade de compreensão tex-
tual.
Feita essa leitura estudada, é possível re-
alizar exercícios complementares para
treinar e desenvolver outras habilidades. 31
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Podemos, por exemplo, exercitar a habi-


lidade de leitura em voz alta, corrigindo
eventuais problemas de fluência, do uso
do tom e ritmo na leitura, do volume da
voz, da pronúncia em geral.
Para desenvolver a memória, a atenção
e a capacidade descritiva e narrativa, re-
comendamos fazer a memorização de
trechos da obra, em verso ou em prosa;
com as mesmas finalidades, pode-se fa-
zer a recontagem da história, retomando
os principais personagens e a sequência
de ações.
Com o fim de desenvolver a capacidade
expressiva, vale fazer exercícios de com-
posição como as paráfrases.
Na próxima aula cada um desses pon-

32
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tos do método clássico será tratado de


maneira prática, com dicas concretas de
como realizá-los.

Indicações bibliográficas:
Para quem quiser se aprofundar nesses
assuntos, vale a pena ler as seguintes
obras (que não são fundamentais para os
estudos que mencionamos anteriormen-
te, pelo menos não na fase inicial):

Comunicação em Prosa Moderna,


de Othon M. Garcia.

Ensaio de Estilística da Língua Portuguesa,


de Gladstone Chaves de Melo.

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