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As primeiras referências ao nome da escola aparecem somente na década de 1870, embora não se
saiba exatamente quem o cunhou e, nesse momento, quando o prestígio do grupo começava a
declinar, tinha um sentido pejorativo. Seus pintores refletem basicamente três impulsos
importantes dos Estados Unidos do século XIX: descobrimento, exploração e conquista, dentro de
uma óptica bucólica e pastoril, onde os seres humanos e a natureza coexistem pacificamente, e com
um tratamento detalhista e por vezes idealizado. De forma geral seus artistas acreditavam que a
natureza era a inefável manifestação de Deus, embora os pintores variassem na profundidade de
suas convicções religiosas. Foram inspirados pelas filosofias do Sublime e do Transcendentalismo,
pela obra de artistas europeus como Salvator Rosa, John Constable, William Turner e
especialmente Claude Lorrain, e compartilhavam a reverência às belezas naturais da América com
os escritores norte-americanos contemporâneos, como Henry David Thoreau e Ralph Waldo
Emerson.[3][4]
Antecedentes
Na virada do século XVIII para o XIX estava entre os interesses centrais dos pintores românticos
europeus a representação do transcendente na natureza, acompanhando a evolução do
pensamento filosófico da época. Rousseau falava de um retorno a um mundo primitivo intocado
pelo progresso, Burke, Kant e Diderot elaboravam a teoria do Sublime, poetas como Blake, Byron e
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No campo iconográfico, segundo Tim Barringer, desde a independência a história dos Estados
Unidos seguia um projeto consciente de construção de imagem e identidade nacional. O sucesso no
desligamento da Inglaterra, a feliz instituição do sistema democrático e a força do desenvolvimento
econômico na sequência desses eventos alimentavam o cultivo de uma doutrina de
excepcionalidade para a caracterização da nação, uma doutrina que procurava afirmar também a
unidade nacional a despeito de evidentes contradições internas - mormente no que dizia respeito à
questão escravocrata. Nesse contexto, a narrativa oficial da história dos Estados Unidos alcançava
o status de um épico, consumado na noção do Destino Manifesto, e parte fundamental nessa
narrativa era sua materialização através de símbolos visíveis, onde se solicitava o concurso dos
artistas.[11] Como dizia Henry Tuckerman em 1867,
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Assim, na ausência de um Pártenon, de uma Catedral de Notre Dame ou de uma Basílica de São
Pedro, carecendo de dinastias régias e tradições ancestrais de longa memória que definem outras
nações, e possuindo apenas uma galeria de heróis recente demais para ter se alçado ao patamar do
mito, nos Estados Unidos o emblema mais significativo e reconhecível da pátria era sua própria
paisagem, que se exaltava vigorosamente. Daí a pintura de paisagem, que até então, a despeito do
esforço dos artistas coloniais, havia conseguido um impacto apenas limitado sobre o grande
público, e ainda não podia se comparar com os resultados europeus nem em termos de qualidade
técnica nem como um símbolo realmente poderoso de tradição, adquirir uma primazia não
encontrada na arte europeia, onde a pintura histórica era o gênero mais prestigiado, passando a
natureza largamente virgem do país a ser vista como um espelho ainda mais fiel do mundo
imaculado de Rousseau do que o cenário europeu, e sua representação como um auto-retrato da
sociedade e um poder civilizador positivo. Além disso, ao contrário da pintura histórica, que exige
do público uma base cultural e literária relativamente ampla e consistente para poder ser
plenamente apreciada, a pintura de paisagem era uma expressão democrática, acessível a todos, e
só requeria a experiência natural que era patrimônio de todo ser humano.[13][14][15][16] Um
articulista do The Crayon acrescentava:
"Lembremos que o sujeito da pintura, o objeto ou objetos materiais a partir dos quais
ela é construída, são suas partes essenciais. Se não os amamos, não podemos ter
sentimentos genuínos pela pintura que os representa. Amamos a Beleza e a Natureza
- admiramos os artistas que as representam em suas obras… Um homem para quem
a natureza, em suas formas inanimadas, foi um deleite em sua juventude, amará uma
paisagem e será mais capaz de sentir os seus méritos do que qualquer artista crescido
nas cidades (…) Só serão capazes de ser justos críticos de arte aqueles que primeiro
aprenderam a amar as coisas de que trata a Arte".[17]
O imenso sucesso que os artistas da Escola do Rio Hudson não poderia ter acontecido sem a
existência de um sistema de arte amadurecido. A abertura do Canal do Erie em 1825 trouxe grande
prosperidade à cidade de Nova Iorque, onde eles tinham sua base de operações, e se tornou um
requisito da moda que os grandes investidores e comerciantes exibissem sua riqueza competindo
entre si num mecenato generoso. Não somente mantinham grandes coleções privadas mas também
faziam encomendas especiais para os pintores e subvencionavam seu aperfeiçoamento na Europa.
Somente desta forma os principais representantes da Escola puderam estudar com mestres de
renome internacional e conquistar uma desenvoltura técnica sem a qual suas ideias não teriam
como se materializar.[23]
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Ao mesmo tempo em que crescia o mercado, todo o sistema de arte se beneficiava, e seus produtos
podiam atingir um público considerável, que se ia educando através do acesso amiudado a
exposições importantes. Os registros históricos informam que na década de 1840 o consumo de
arte pela população através da visita a exposições já era impressionante, chegando à marca de 250
mil visitantes por ano nos salões da New York Art Union, incluindo crianças e operários das
indústrias, numa época em que a população da cidade não alcançava os 500 mil habitantes.[24]
Somados todos os fatores conjunturais preparatórios e propiciadores descritos até aqui, não
admira então o enorme fascínio que a produção da Escola do Rio Hudson exerceu sobre a
população, o entusiasmo com que foi recebida pela crítica e a importância que teve no incentivo da
colonização e na consolidação do nacionalismo norte-americano.[carece de fontes?]
Precursores
Entre os artistas europeus que se tornaram referências para os artistas da Escola do Rio Hudson
estavam Salvator Rosa, William Turner e John Constable, mas Claude Lorrain foi especialmente
importante, estabelecendo um modelo formal eficiente e expressivo para o paisagismo. Um
precursor local da escola foi William Guy Wall, um irlandês de carreira consolidada quando iniciou
a voga pelas paisagens do rio Hudson e arredores, e outro foi Washington Allston, que realizara
pesquisas formais onde a mancha, a cor e a "atmosfera" tinham um papel preponderante, como
faziam os românticos franceses na mesma época, e seu estilo foi um passo na direção da obra
daquele que é geralmente considerado o fundador da Escola do Rio Hudson, Thomas Cole.[25]
Thomas Doughty foi o primeiro artista norte-americano a decidir-se por seguir uma carreira
exclusivamente devotada ao paisagismo. E mais importante, o primeiro a escolher o cenário local
como tema de preferência, quando até então a cópia de modelos europeus convencionais era a
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regra. Até o aparecimento de Thomas Cole foi visto como o primeiro entre os paisagistas locais, e
depois sua obra foi ofuscada pela dele e considerada imperfeita. Não obstante, sua produção
exerceu um impacto significativo em Cole. Quando este viu pela primeira vez suas telas elas lhe
apareceram como uma revelação, tratando do tema que ele estava buscando definir para si mesmo,
um tema "que para todo Americano deveria ser do mais profundo interesse… sua própria terra,
sua beleza, sua magnificência, sua sublimidade - tudo é seu. E quão pouco merecedor de seu
direito de nascença seria se desviasse seus olhos dela e se lhe fechasse o coração!".[26]
Thomas Cole
Mesmo com toda essa carga ética e idealista, ele pôde formular uma linguagem plástica onde
"chiaroscuro, cor, forma, devem sempre ser subservientes ao sujeito, e jamais alçadas à
dignidade de um fim em si", transferindo para o gênero da paisagem os anelos heróicos dos
pintores históricos, que enfim podiam lançar raízes no solo norte-americano. Com isso ele se
coloca numa posição transicional entre duas tradições, sintetizando o conflito entre a
representação realista requerida pelo costume americano e as urgências de uma visão idealista
tipicamente romântica. Para os adeptos da teoria do Sublime como ele, a natureza não era somente
bela, mas trazia também um lado sombrio, selvagem e irracional, elementos considerados
igualmente necessários para a conquista de um efeito que unia o assombro e admiração reverentes
pela beleza com o terror diante das forças dinâmicas e incontroláveis da Criação. Seu acordo entre
realismo e idealismo não foi, porém, voluntário, conforme ele mesmo declarou, mas uma solução
ditada pelo seu contexto sociocultural, e se lamentava por ser obrigado a pintar de acordo com as
expectativas do mercado e com isso permitindo que sua inspiração fosse mutilada e sua expressão
aparecesse incompleta. Em seu tempo a noção do Sublime havia já perdido na América bastante do
seu significado explosivo e eletrizante original e estava sendo absorvida numa interpretação cristã
que incorporava o recolhimento contemplativo e o silêncio, e nesse sentido Cole era mais ou menos
um anacronismo. Mesmo tendo em parte aceito essa mudança, gastou muita energia se
justificando diante de patronos e do público, que criticavam seus excessos poéticos, embora pela
força de seu conteúdo moral suas séries heróicas tivessem uma recepção mais calorosa do que ele
poderia esperar. Somente seus sucessores encontrariam uma solução de compromisso mais
tranquila e mais popular entre idealismo poético e descrição realista da paisagem.[29][30]
Asher Durand
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Luminismo
Cabe mencionar por fim um outro elemento formador da linguagem típica da Escola do Rio
Hudson, que John Baur chamou de luminismo em seu estudo sobre a pintura norte-americana do
século XIX (American Luminism, 1954), um termo derivado do uso altamente expressivo que esses
pintores fizeram da luz e seus efeitos atmosféricos. Analisando as paisagens mais tranquilas, que
traduziam uma versão do Sublime atenuada, menos dramática e mais intimista, ele acredita que
nelas a luz e a transparência da atmosfera servem não somente para mostrar seus temas, mas para
revelá-los espiritualmente para o espectador, uma opinião que é compartilhada por pesquisadores
mais recentes como Hollander e Novak. Para eles esse resultado é conseguido através da anulação
da intermediação interpretativa do artista pelo uso de uma técnica de acabamento impecável e
acetinado que elimina os traços das pinceladas e com isso o gesto personalista e a distração da pura
materialidade, oferecendo como que uma "visão direta" do espetáculo natural, numa espécie de
"expressionismo impessoal" cujo efeito é pacificador e leva à contemplação superior, e que atendia
perfeitamente aos desejos do Transcendentalismo.[34][35] John Baur sugere que se pode aplicar a
essas obras a mesma observação que foi feita por George Santayana sobre Lucrécio:
"O principal sobre o seu gênio é o poder de se perder no objeto, sua impessoalidade.
Parece-nos que estamos a ler não a poesia de um poeta sobre as coisas, mas a
poesia das coisas em si mesmas. As coisas têm sua poesia, não porque fazemos
delas símbolos de algo, mas por causa de seu próprio movimento e vida".[36]
O termo Luminismo foi mais tarde aplicado a outros artistas e se tornou a denominação de uma
Escola autônoma, e seus princípios fundamentaram a produção de pintores importantes como
Martin Heade, Winslow Homer e Thomas Eakins [37]
Segunda geração
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O apreço pela ciência teve o efeito de levar os pintores a penetrarem ainda mais pelo interior do
país, buscando novas paisagens, impulsionando alguns, como Frederic Edwin Church, a viajar até
a América do Sul e ao Ártico, no mesmo espírito aventureiro e curioso dos verdadeiros
naturalistas.[39] Como diz Barbara Novak,
Na verdade Church foi muito influenciado por naturalistas como Darwin e Humboldt. Possuía
exemplares de seus trabalhos científicos e os levava consigo em suas viagens de exploração e
arte.[40] O mesmo Humboldt estava a par das implicações das descobertas científicas para o
mundo artístico quando disse:
"Aquele que, com uma aguda apreciação das belezas da natureza manifesta nas
montanhas, rios e florestas, viajou para a zona tórrida, e viu a vegetação luxuriante e
diversificada, não somente nos litorais cultivados, mas nas encostas dos Andes
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Bierstadt hoje é tido com um típico exemplo dos ideais que moviam o progresso norte-americano
em sua época: por um lado era um imigrante pobre que tinha conseguido fazer fama e fortuna em
um país novo e desafiador, espelhando a ideia muito cara aos norte-americanos do self-made-man,
e por outro os grandes formatos e o tratamento épico de alto voo que dava aos cenários
magnificentes logo foram reconhecidos como a expressão visual da noção de Destino Manifesto.
Em 1867 um crítico escreveu no The Leader urgindo o público para que acorresse à exposição da
tela As montanhas do Yosemite pois "saberiam que o mundo está progredindo e que os
americanos são um grande povo".[43]
Mas, a despeito da preocupação com a fidelidade à natureza, repetindo o exemplo de Cole, nem
Church nem Bierstadt, os dois mais populares nomes da segunda geração, hesitavam em alterar o
cenário para melhor compor a tela. Colhendo material em esboços do natural, e frequentemente
usando fotografias como auxiliar da memória, no atelier adaptavam elementos da realidade com o
objetivo primeiro de oferecer uma visão das verdades gerais e do espírito do panorama, antes do
que dar uma imagem literalmente acurada do conjunto. Apesar de os detalhes da composição
serem substancialmente corretos, a cena como um todo era geralmente falsa. Como assinalou
James Jarves, eles "idealizavam na composição e materializavam na execução".[44]
Outros integrantes
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John Frederick Kensett não foi um grande viajante, limitou-se à área da costa leste, mas tratou a
natureza selvagem às vezes com uma veia pungente, sob uma luz dura que efetuava um contraste
quase surrealista, onírico e nostálgico, com as superfícies do terreno e reforçava o sentimento de
vastidão e solidão das paragens ermas, mas em outras apresentava o cenário de forma lírica e
tranquila, mostrando sua grande sensibilidade à cor e à atmosfera. Conheceu o sucesso em vida e
foi um devotado incentivador de seus colegas.[48][49]
Samuel Colman foi aluno de Durand e um paisagista prolífico, com mais de mil obras identificadas,
virtuoso na aquarela, muito admirado pelo público e avidamente procurado pelos colecionadores,
acumulando uma pequena fortuna. Personalidade agregadora, foi membro de várias associações de
artistas. Viajante assíduo, em suas telas pintou uma vasta diversidade de temas, com um colorido
primoroso e sensível pendor para efeitos atmosféricos. Em suas viagens para o Oriente produziu
cenas em que captou o exotismo local. Enfocando o cenário americano, deixou obra importante, de
uma técnica impecável, onde não há qualquer traço de improviso.[50]
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Declínio e reabilitação
Em torno de 1870 o elevado conceito de que a escola desfrutara começou a desvanecer. Começou-
se a atacar o paroquialismo dos pintores de Nova Iorque, que dominavam a cena até então, o gosto
do público passava a se deslocar para temas menos patrióticos e mais cosmopolitas, e a arte
europeia voltava a se tornar o centro das atenções. O estilo da Escola de Barbizon e dos
impressionistas franceses ganhava precedência entre os colecionadores, que preferiam cenas mais
sugestivas do que detalhadas e realistas, e pareciam mais modernas e seculares do que o idealismo
romântico e transcendental da Escola do Rio Hudson, que lhes soava já fora de moda. A crítica
também denegria o que começou a ser visto como uma estereotipação do paisagismo, que parecia
mostrar sempre essencialmente a mesma cena, ano após ano, numa fórmula que se desgastara e
perdera seu apelo e vigor tanto na forma como no conteúdo. O crescimento dos centros urbanos
em todo o país tornara aquelas paisagens mostradas em telas excessivamente familiares e
próximas, algumas já estavam a pouca distância dos subúrbios, o senso de natureza virgem e
remota se perdera e era preciso novidades para abastecer o mercado. Na década de 1880 os
derradeiros representantes da Escola, depois de terem experimentado a glória e conhecido a
riqueza, viram no fim da vida seu trabalho não apenas ferozmente criticado, mas coberto de
ridículo, enquanto outros transitavam para outras correntes estéticas. Quando Church e Bierstadt
morreram, em 1900 e 1902, pouca atenção receberam dos jornais; a Escola do Rio Hudson estava
esquecida.[15][55]
A pintura da Escola do Rio Hudson permaneceu desprezada durante boa parte do século XX. Suas
obras foram retiradas de exibição nos museus e os colecionadores já não faziam questão de mantê-
las em seus acervos privados. Em 1956 o prédio onde muitos mantiveram seus ateliês foi demolido.
Na década de 1960 os curadores e críticos começaram a se interessar novamente por aquela
produção, num momento em que os problemas ecológicos começavam a se tornar graves. Em 1976,
acompanhando as comemorações do bicentenário da independência, a história e a herança
artística do país voltaram à cena com força, e se organizaram várias exposições com suas pinturas.
Hoje seus integrantes mais destacados são colocados entre os maiores artistas dos Estados
Unidos,[56] e alguns dos antigos estúdios, como os de Cole e Church nas Montanhas Catskill, são
hoje patrimônio nacional.[57] Em 2009 uma obra de Thomas Moran foi escolhida para adornar o
Salão Oval da Casa Branca.[58]
Legado
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"O estilo paisagístico da Escola do Rio Hudson nos rodeia - nos anúncios publicitários
para tudo, desde atividade ambientalista até as cafeterias expressas, nos álbuns de
foto e slide shows que criamos para lembrar das nossas férias. Ela parece ter
canonizado, no discurso visual do desenvolvimento da cultura nacional, uma retórica
estética que possibilita aos cidadãos articularem o interior selvagem indeterminado
que estão manejando para habitar em termos consistentes com suas aspirações".[64]
Mas a iconografia da Escola do Rio Hudson não está imune a críticas. Sua enorme popularidade
atual também tem sido vista como um fator de exclusão de outras formulações e de padronização
estética. Mas ainda mais grave é a acusação que se faz contra o seu programa ideológico, a partir da
rara presença humana na paisagem e do aspecto intocado do ambiente, interpretados como se os
pintores quisessem ignorar o fato de que em sua época o processo de ocupação do território já
estava cobrando um preço elevado em termos de destruição do ambiente natural e de massacre dos
povos indígenas. O simples ato de se retratar uma paisagem simboliza sua apropriação pelo ser
humano, e é conhecido que o sucesso do paisagismo da Escola do Rio Hudson entre o público e a
crítica agiu como fator de estímulo para a penetração para o interior. Mas praticando uma estética
idealista que não denunciava os efeitos deletérios do homem sobre o ambiente, separava o homem
da natureza e sustentava uma ética ambígua de conquista e exploração que sujeitava a natureza ao
controle e posse do homem branco, sendo que incluídos nesse conceito de "natureza" estavam os
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povos nativos, numa postura que ainda hoje sobrevive em certos círculos e que exerce uma
influência negativa para a perfeita integração da multirracial sociedade norte-americana e
incentiva atos políticos questionáveis ligados à problemática ecológica.[65]
Modernamente o paisagismo da Escola do Rio Hudson é em geral lido de forma positiva. Pesquisas
recentes dizem que o que os norte-americanos preferem em arte corresponde em linhas gerais à
descrição do estilo dessa Escola,[62] e o curador da Ala Americana do Metropolitan Museum of Art,
John Howat, onde são exibidos exemplares importantes da Escola, considera que a mensagem
principal dessas pinturas é que a natureza deve ser preservada.[69] De fato, foram historicamente
uma das forças para o surgimento ali do movimento ecológico. Isso se confirmou já no século XIX.
As pinturas do vale do Yosemite produzidas por Church, Bierstadt e outros motivaram o governo
dos Estados Unidos em 1864 a decretar 100 acres do estado da Califórnia como reserva natural, a
fim de serem preservados por sua beleza cênica, e no mesmo espírito, com o subsídio visual das
obras de Moran, os congressistas foram convencidos a criar em 1872 o Parque Nacional de
Yellowstone.[70] Por fim, a tela Os últimos búfalos, de Bierstadt, quando inscrita para um salão de
1888, embora rejeitada por razões técnicas e estéticas, desencadeou um debate público sobre o
destino da fauna americana que levou o governo a iniciar um recenseamento da população desses
animais com vistas ao manejo e conservação da espécie.[71]
Ver também
Pintura nos Estados Unidos da América
Pintura do romantismo
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Pintura do realismo
Luminismo
História da pintura
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_do_Rio_Hudson 18/19
06/03/2023, 15:07 Escola do Rio Hudson – Wikipédia, a enciclopédia livre
Ligações externas
The Hudson River School (https://web.archive.org/web/20080519144553/http://home.att.net/~h
udsonriverschool/home.htm) - Visão geral da Escola do Rio Hudson
AVERY, Kevin J. The Hudson River School (http://www.metmuseum.org/toah/hd/hurs/hd_hurs.
htm) - Resumo no website do Metropolitan Museum of Art.
Hudson River school (http://www.britannica.com/EBchecked/topic/274715/Hudson-River-schoo
l) - Artigo na Encyclopaedia Britannica
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