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Eleja um dos pontos da Teoria do Apego e compare-o com um dos pontos

da Teoria Freudiana. Ao final, discorra como essas duas teorias podem


colaborar com o Direito.

A Teoria do Apego e a Teoria de Freud do Complexo de Castração

Um dos pontos advindos da Teoria do Apego é o da necessidade inata de, na


primeira infância, a criança se vincular a uma figura principal de apego. Caso
esse indivíduo fosse privado desse vinculo, ou o mesmo viesse a ser rompido
de alguma forma, a incidência de consequências negativas, não somente eram
prováveis, como óbvias. Para Bowlby, o mais provável é que esse vínculo se
formasse naturalmente com a figura materna, uma vez que, para o mesmo,
esta seria diferente de qualquer outra relação. Em contrapartida, essa figura
materna também passara a desenvolver uma necessidade biológica de vínculo
com seu bebê. Estes dois seres estariam então, condicionados à uma
interdependência pré-programada e com valor de sobrevivência. O fator
determinante para essa dependência seria principalmente a necessidade de
um cuidado, que somente por meio deste os possibilitaria sobreviver. Já no que
pese a Teoria Freudiana do Complexo de Castração, advinda do conceito do
Complexo de Édipo, esta, por sua vez, diz respeito à uma espécie de castração
mental, que partiria dos limites impostos pelos pais às crianças, também na
mais tenra infância. Esses limites seriam impostos e respeitados pelo apego e
o vínculo criado desde aquele primeiro momento, como uma linha tênue entre
vínculo/respeito e apego/obediência. De acordo com Freud, o filho tende a
reconhecer em seus genitores o poder de castração de seus desejos e pulsões
advindos de seus id’s (área localizada no inconsciente, responsável por
pulsões de vida e desejos – principalmente os impróprios, os quais a sociedade
reprime). Já os pais, tenderiam a impor esse “freio”, como uma consequência
do apego e do sentimento de posse inerente a estes. Isto é, ao controlar os
desejos e ações dos seus filhos, eles exerceriam o poder de tê-los em sua
dependência, sem que algum terceiro elemento obste aquele vínculo criado no
início, ou sem que aquele aja em desconformidade com os planos destes que
se consideram responsáveis por suas vidas, como já foram no princípio. Os
limites os cerceiam para que estes se mantenham ali, perto e dependentes e,
assim, o apego formado no início se manteria, sob outras circunstancias e
nuances, mas continuaria alimentando aquela relação fraternal. Outrossim, se
voltarmos a ótica destas teorias para a esfera do Direito, podemos constatar
algumas semelhanças no que tange a forma como as leis e suas sanções se
mostram na vida do homem. Isto é, entende-se a lei como aquela mãe da
primeira infância, que vincula o indivíduo, assegurando a estes um rol de
direitos que os possibilita sobreviver, que os garante dignidade e os coloca na
condição de seres humanos, ao passo em que mostra-se também com o seu
viés de castração freudiano quando os limita quanto aos seus desejos e
pulsões naturais, assim como os pais na infância, para que estes dependentes
dela não rebelem-se e vão em sentido oposto à suas ordens. O que, para o
Direito tende a ser um ponto positivo uma vez que os homens passam a agir
em consonância com seus padrões estabelecidos na esfera legal, agindo de
maneira adequada mediante as suas diretrizes e com isso, garantindo uma
maior promoção da paz social.

A Teoria do Apego e Teoria Freudiana do Superego

Bowlby, ao trazer a concepção da Teoria do Apego, trouxe também, consigo,


uma consequência inerente à mesma. De acordo com o mesmo, uma vez
frustrada essa necessidade biológica de apego e vínculo fraternal na primeira
infância, os resultados seriam completamente negativos na formação daquele
menor, a ponto de moldá-lo e determinar como se daria a sua saúde mental e,
consequentemente, conduta, a partir dali. Uma vez que a perspectiva desse
apego, cedesse lugar a sentimentos como o de separação, a insegurança, ou
medo, aquilo refletiria até o fim da vida daquela criança. Isto é, pode-se inferir
que suas ações seriam o resultado final da má condução desse processo
natural. É possível, assim, sopesar a Teoria do Apego com a Teoria Freudiana
do Superego, uma vez que de acordo com a mesma, este consiste em uma
instância reguladora detentora da definição de moral e ética, além de noção do
certo e errado. Seria assim, esta, o nosso “poder de polícia”, fiscalizador de
nossas ações. Assim, uma criança que foi privada de sua necessidade
biológica de apego fraternal, tende a ter uma disfunção nesta instância
reguladora, uma vez que sua saúde mental e sua conduta foram totalmente
prejudicadas por esta falta, o que faz com que, consequentemente, o seu
senso de certo ou errado, bom ou ruim, moral ou imoral seja deturpado e suas
ações não vão de acordo com o que considerar-se-ia positivo socialmente.
Analisando essa condição sob a ótica do Direito, temos fenômenos que
causam situações similares, como o abandono ou a alienação parental, onde o
menor é privado de ter aquele apego necessário para uma boa formação de
sua conduta e acaba por crescer desviado de valores que deveriam estar
atrelados à sua conduta desde o primeiro momento de sua criação. Nestes
casos, a colaboração na esfera legislativa se daria por meio de uma
responsabilização civil (até mesmo por meios indenizatórios) do abandono
parental ou abandono afetivo, uma vez conhecidas as consequências que tal
conduta tende a causar prejudicial e irreversivelmente na formação da criança.

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