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Grau Complementar

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Módulo C- 7

Portugal, do Autoritarismo à Democracia

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Grau Complementar

Módulo: PORTUGAL: DO AUTORITARISMO À DEMOCRACIA

40 horas

Durante quase meio século, estruturou-se e perpetuou-se um regime autoritário em


Portugal. Que concepções e que mecanismos explicam tal longevidade ?

A agonia e queda do Estado Novo na resultante de um vasto conjunto de factores,


internos e externos, abriu caminho a um intenso processo de transição democrática, que
se institucionalizou com a Constituição de 1976.

A construção do Portugal democrático alicerça-se assim sobre a ruptura de uma velha


ditadura e um período de fortes e contraditórias pulsões que o edifício constitucional
não deixaria, inevitavelmente, de reflectir.

Neste sentido, torna-se relevante que o desenvolvimento temático proposto tome


como horizonte, mais do que um processo histórico próximo, a possibilidade dos
formandos reforçarem o conhecimento das instituições e mecanismos que gerem a
sociedade portuguesa e percepcionarem-se como cidadãos de pleno direito,
avaliando princípios e práticas sociais.

Trata-se, afinal, de procurar que os formandos possam, com autonomia,


compreender e interpretar melhor o Mundo Actual, incentivando, para o efeito,
designadamente a recolha, selecção e organização da informação.
1 - Competências

- Compreender as origens do regime autoritário em Portugal;


- Caracterizar de um ponto de vista económico e político o Estado Novo;
- Identificar as estruturas e os mecanismos de perpetuação do poder de Salazar;
- Reconhecer formas e meios de resistência social e política à ditadura;
- Compreender as causas que permitiram o derrube da ditadura;
- Avaliar a complexidade do processo de transição democrática em Portugal;
- Reflectir sobre as grandes mudanças operadas em Portugal;
- Avaliar o carácter e a importância da Constituição de 1976.

2 - Conteúdos

1. Estado Novo: um regime autoritário de quase meio século


1.1. As origens do Estado Novo
- a crise das democracias liberais entre guerras
- a decadência da República e a sedução autoritária
- O 28 de Maio de 1926
1.2. Economia e sociedade do Portugal salazarista
- um país rural e fechado sobre si mesmo
- Corporativismo e resistências à industrialização
- Os anos cinquenta e sessenta
- O impacto das guerras coloniais
- O marcelismo
1.3. O autoritarismo político
- Uma constituição de liberdades amordaçadas
- As estruturas repressivas do regime (PIDE, Legião, Mocidade Portuguesa,...)
- As instituições de controlo político e social (União Nacional, Igreja,...)
1.4. A resistência
- A intervenção legal (eleições, sindicatos, petições..., movimento estudantil)
- A luta clandestina (anarquistas, comunistas, socialistas, extrema-esquerda...)
- Os meios de acção: greves, manifestações, acções violentas

2. O 25 de Abril e a transição democrática


2.1. Causas próximas do 25 de Abril
- as guerras coloniais,

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- crise petrolífera, carestia e movimentações sociais
2.2. O 25 de Abril
- Geografia e diário de um golpe revolucionário
- Os protagonistas
2.3. Uma transição democrática complexa
- A dualidade de poderes
- A sociedade em ebulição: Saneamentos, Reforma Agrária, Nacionalizações
- O 25 de Novembro e o reequilíbrio de forças

3. A Constituição de 1976 e a institucionalização do regime democrático

3 – Sugestões metodológicas

O tema, pelo seu âmbito cronológico, está, em larga medida, ainda muito próximo do
universo vivencial dos formandos, dos seus familiares ou dos seus círculos de
sociabilidade. Torna-se assim possível abordar o tema a partir das representações e das
opiniões que os formandos têm desse período e, a partir daí, confrontá-los a diferentes
níveis e em diferentes situações de aprendizagem, quer com os documentos da época
quer com construções historiográficas. O recurso ao confronto de diferentes pontos de
vista, de diferentes experiências de vida, vivências constitui um caminho a seguir.

A relativização da verdade histórica, construída sobre uma pluralidade de pontos de


vista e de opiniões, sentido em que as actividades a desenvolver com o formando se
devem orientar; a capacidade de distanciamento e de diferenciação entre o que é facto
concreto, documento de época e construção posterior, torna-se um importante eixo
estratégico para o desenvolvimento de capacidades relacionadas com o respeito pelos
outros e com o posicionamento aberto perante o debate.

Trata-se ainda de construir um ambiente de trabalho que permita pelo envolvimento do


formando no aprofundamento temático.

Propõe-se, em consequência que o formador procure criar situações diversificadas de


aprendizagem, em que o formando se implique de forma activa, quer trabalhando
individualmente, quer cooperando com os colegas e a turma, pesquisando informação,
criticando, construindo opinião, confrontando, debatendo, sistematizando
conhecimentos.

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1. A partir de um documento audiovisual da época, designadamente um
documentário de propaganda ou um filme de ficção, desenvolver actividades
de comentário e organização de um debate. É o caso, por exemplo, de A
Revolução de Maio
2. A exposição do formador pode ajudar a introduzir o tema, completando o
quadro geral de conteúdos e facilitando a sistematização e articulação das
conclusões dos formandos nos trabalhos realizados.
3. O ponto 2 dos conteúdos pode ser abordado a partir de um documento-base:
audiovisual, banda desenhada, documento histórico,...
4. O ponto 2.3. dos conteúdos pode ser desenvolvido em trabalho de projecto,
articulando a proximidade familiar ou de vizinhança ou, em caso disso, a
própria experiência pessoal, com a realidade estrutural envolvente.
5. Análise de excertos da Constituição de 1976, seguida de debate como forma
interessante de avaliação crítica do processo de transição e das formas como
se relaciona com a Constituição de 1976 e com a institucionalização do
regime democrático.

Estas sugestões implicam ainda tanto a realização de trabalhos de abordagem parcelar,


de duração diversa, incidindo sobre um tópico ou conjunto de tópicos, que podem tomar
a forma, por exemplo, de um dossier temático, construído através da recolha de
documentos da época, com o respectivo enquadramento histórico quer em forma de
apresentação como de síntese e conclusão.

4 - Avaliação

A avaliação deve incidir sobre o conjunto das actividades desenvolvidas, procurando de


modo equilibrado que o esforço, o desempenho, como a aquisição de saberes sejam
considerados e reflectidos na avaliação.

Desta forma, a avaliação, incidindo sobre o processo e o produto (organização de


trabalho e envolvimento, capacidade de análise, esforço e profundidade da
sistematização, qualidade da apresentação), deve reflectir ainda o contributo do material
avaliado para o progresso da turma na abordagem e desenvolvimento do tema (interesse
com que é recebido e debatido, pertinência da informação transmitida) assim como o
ponto de vista dos vários intervenientes (formandos do grupo e da turma, formador).

Torna-se assim importante verificar o desempenho do formando tanto ao nível da


aquisição de conhecimentos, como ao nível de competências, tanto quando solicitado

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para a recolha autónoma de informação ou, em caso disso, como coopera com o seu
grupo de trabalho ou com o grupo turma, como se apropria, como partilha ou como
contribui para o reforço dinâmico da actividade da turma em que se integra.

Isto significa que para os diferentes tipos de actividades sugeridas devem existir
instrumentos de avaliação especificamente orientados para as tarefas desenvolvidas e
para as propostas formuladas, reconhecendo-se a importância da participação activa dos
formandos no processo de avaliação, quer ao nível da auto e da hetero-avaliação, como
na própria definição e construção dos instrumentos a utilizar.

5 – Identificação de recursos

As comemorações do 25º aniversário do 25 de Abril proporcionaram a edição de um


interessante e diversificado conjunto de materiais, designadamente videogramas, CD-
Rom e CD, livros, com grande interesse do ponto de vista do seu aproveitamento
didáctico.

A RTP, por exemplo, editou uma colecção de cinco vídeos: "Cravos de Abril", "Os
caminhos da liberdade", "As ruas do pós-25 de Abril" e "Dois anos de Revolução".

Sobre as relações da Banda Desenhada com o tema em questão, o Centro de Estudos


Sociais da Universidade de Coimbra publicou "Uma Revolução desenhada. O 25 de
Abril e a BD".

O Centro de Documentação 25 de Abril fez sair o CD-ROM "25 de Abril. Uma


aventura democrática e o Museu da Resistência e da República um outro intitulado "25
de Abril de 1974. Roteiro da Revolução".

Por sua vez, a Movieplay editou uma colectânea de canções em dois CD designada
"Canções com História" e, mais especificamente sobre a guerra colonial a Valentim de
Carvalho fez sair o CD "Canções Proibidas".

Para o período do Estado Novo, o filme A revolução de Maio, documentários de


propaganda da época, assim como filmes actuais em suporte vídeo, como Sinais de
Fogo podem ser utilizados proveitosamente.

Na Internet, um destaque particular para o site do Centro de Documentação 25 de Abril,


da Universidade de Coimbra (www.ci.uc.pt/cd25a) que apresenta um amplo conjunto de

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recursos organizados tematicamente. Assim, aí podemos encontrar uma detalhada
cronologia dos factos, um vasto levantamento de documentos da época, centrando-se
nos anos de 1974-75 e organizados, por sua vez, por assuntos.

Neste site, é ainda possível encontrar textos sobre o sistema político português, assim
como uma aprofundada bibliografia. Mas merece particular referência, ainda aqui, o
arquivo electrónico da democracia portuguesa, com textos digitalizados e fac-símile,
fotografias e material sonoro.

Também ligado à Universidade de Coimbra é interessante o site do Centro de Estudos


Sociais dedicado à Guerra Colonial (www.uc.pt/ceis20/colonial), onde podemos
encontrar uma larga informação - cronologia, bibliografia, testemunhos, imagens ou
uma antologia.

A Fundação Mário Soares (www.fundacao-mario-soares.pt) ou o Museu da República e


da Resistência da Câmara Municipal de Lisboa
(www.cm-lisboa.pt/servicos/dc/resistencia) são outros locais a que pode aceder pelo seu
interesse e pertinência em relação a este tema.

Sobre o período do autoritarismo, sugere-se como obra de referência fundamental para


os formadores, O Estado Novo, de Fernando Rosas, VII volume da História de Portugal
(dir. de José Mattoso), editada pelo Círculo de Leitores e também pela Editorial
Estampa.

Em relação ao período seguinte, assinala-se o título Portugal e a Transição para a


Democracia (1974-1976), editado pelas Edições Colibri, pela Função Mário Soares e
Pelo Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa.

Também a obra em três volumes Revolução e Democracia (1- Do marcelismo ao fim do


império, 2- O país em revolução, 3- Os caminhos da democracia), em curso de
publicação pela Editorial Notícias, coordenada por J.M. Brandão de Brito constitui um
importante recurso para formadores.

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