Você está na página 1de 17

2188

SETENTA E SEIS ANOS DE EDUCAÇÃO TÉCNICA FEMININA NA ETE “FERNANDO


PRESTES”, RETRATADOS POR FONTES ICONOGRÁFICAS.

Daniele Torres Loureiro da Silva Guimarães


Escola Técnica Estadual “Fernando Prestes”

RESUMO

Este trabalho tem a pretensão de mostrar, por meio de registros fotográficos, a evolução do ensino
técnico feminino ao longo dos 76 anos de existência da Escola Técnica Estadual “Fernando Prestes”
de Sorocaba. Não pretendemos, porém, discutir a questão de gênero, mas resgatar à memória as
diferenças épicas desse período, como o material tecnológico, os recursos utilizados pelos professores
para o ensino, a evolução do mercado de trabalho misto, comportamento e postura das estudantes,
diferentes estilos de uniformes e os diversos tipos de instalações educacionais. Há oito anos, o
Fernando Prestes iniciou, junto com mais oito escolas técnicas do Estado de São Paulo, o projeto
Historiografia, desenvolvido numa parceria do Centro Estadual de Educação Tecnológica “Paula
Souza” (Ceeteps) e do Centro de Memória da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo
(USP). Com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o projeto
proporcionou àquelas unidades a implantação de seus centros de memória, nos quais foram reunidos
acervos documentais, iconográficos, objetos museológicos, entre outros elementos devidamente
organizados. Criada em 1929 como Escola Profissional Mixta de Sorocaba, a ETE “Fernando Prestes”
ofereceu às mulheres, ao longo de um determinado período, os cursos específicos de Flores e
Bordados, Pintura, Corte e Costura, Puericultura, Economia Doméstica, pois havia o paradigma de que
a mulher devia ser preparada para a família, portanto não recebia instruções que a levasse à autonomia
profissional, mas sim à sua formação moral. Com o decorrer do tempo, a escola passou a oferecer os
cursos técnicos de Secretariado, Contabilidade, Informática, Administração, Construção Civil, Design,
Segurança do Trabalho, entre outros, para acompanhar o desenvolvimento do mercado regional. As
fontes iconográficas do Centro de Memória da ETE “Fernando Prestes” registram esses variados
momentos dos cursos oferecidos nas suas quase oito décadas de existência. No passado, os registros
eram feitos apenas por meio de papéis, hoje o conceito mudou e as fotografias também passaram a ser
consideradas como documento oficial para os registros históricos. O desenvolvimento deste trabalho
será feito por meio da apresentação de fotos dos diferentes momentos da educação feminina na ETE
“Fernando Prestes”, descrevendo-se as informações transmitidas por essas fontes documentais. Assim,
pretendemos enfatizar a importância do acervo iconográfico para a pesquisa e ressaltar que as
informações contidas nas fotografias de um acervo escolar revelam a história da educação e da
instituição, mas também podem contar a história de uma cidade, mostrar os estilos arquitetônicos, as
tendências de época da moda, as técnicas fotográficas mais utilizadas, entre outros dados históricos
importantes. A idéia de produzir este trabalho surgiu a partir dos resultados obtidos na exposição
“Escola Técnica Estadual ‘Fernando Prestes’ na história desde 1929”, realizada no espaço público de
um hipermercado da cidade Sorocaba-SP, em setembro de 2005. Entre os resultados, citaria a
divulgação do evento nos jornais da cidade, contando sobre a importância dos cursos técnicos para a
formação da sociedade ao longo da história; a visita de ex-alunos, ex-professores da Fernando Prestes,
de diversos períodos; inclusive de pesquisadores e pessoas ligadas à historiografia de Sorocaba.
2189

TRABALHO COMPLETO

Este trabalho tem a pretensão de mostrar, por meio de registros fotográficos, a evolução do ensino
técnico feminino ao longo dos 76 anos de existência da Escola Técnica Estadual “Fernando Prestes”
de Sorocaba. Não pretendemos, porém, discutir a questão de gênero, mas resgatar à memória as
diferenças épicas desse período, como o material tecnológico, os recursos utilizados pelos professores
para o ensino, a evolução do mercado de trabalho misto, comportamento e postura das estudantes,
diferentes estilos de uniformes e os diversos tipos de instalações educacionais.
Há oito anos, o Fernando Prestes iniciou, junto com mais oito escolas técnicas do Estado de São Paulo,
o projeto Historiografia, desenvolvido numa parceria do Centro Estadual de Educação Tecnológica
“Paula Souza” (Ceeteps) e do Centro de Memória da Faculdade de Educação da Universidade de São
Paulo (USP). Com o apoio inicial da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(Fapesp), o projeto proporcionou àquelas unidades a implantação de seus centros de memória, nos
quais foram reunidos acervos documentais, iconográficos, objetos museológicos, entre outros
elementos devidamente organizados.
Criada em 1929 como Escola Profissional Mixta de Sorocaba, a ETE “Fernando Prestes” ofereceu às
mulheres, ao longo de um determinado período, os cursos específicos de Flores e Bordados, Pintura,
Corte e Costura, Puericultura, Economia Doméstica, pois havia o paradigma de que a mulher devia ser
preparada para a família, portanto não recebia instruções que a levassem à autonomia profissional, mas
sim à sua formação moral. Com o decorrer do tempo, a escola passou a oferecer os cursos técnicos de
Secretariado, Contabilidade, Informática, Administração, Construção Civil, Design, Segurança do
Trabalho, entre outros, para acompanhar o desenvolvimento do mercado regional.
As fontes iconográficas do Centro de Memória da ETE “Fernando Prestes” registram esses variados
momentos dos cursos oferecidos nas suas quase oito décadas de existência. No passado, os registros
eram feitos apenas por meio de papéis, hoje o conceito mudou, e as fotografias também passaram a ser
consideradas como documento oficial para os registros históricos.
O desenvolvimento deste trabalho será feito por meio da apresentação de fotos dos diferentes
momentos da educação feminina na ETE “Fernando Prestes”, descrevendo-se as informações
transmitidas por essas fontes documentais, assim como a parte escrita que foi quase totalmente
baseada em dados empíricos do acervo do Centro de Memória.
A idéia de produzir este trabalho surgiu a partir dos resultados obtidos na exposição “Escola Técnica
Estadual ‘Fernando Prestes’ na história desde 1929”, realizada no espaço público de um hipermercado
da cidade Sorocaba-SP, em setembro de 2005. Entre os resultados, citaria a divulgação do evento nos
jornais da cidade, contando sobre a importância dos cursos técnicos para a formação da sociedade ao
longo da história; a visita de ex-alunos, ex-professores da Fernando Prestes, de diversos períodos;
inclusive de pesquisadores e pessoas ligadas à historiografia de Sorocaba.

A importância da fotografia como fonte documental

Para proporcionar um entendimento mais claro da importância da fotografia como fonte documental e
a amplitude de informações que podem ser obtidas por meio da análise da fotografia, destaco as
seguintes citações:

“A compreensão da fotografia como fonte histórica supõe conhecer os


espaços e tempos determinados de sua criação, as condições de seu
desenvolvimento como técnica e arte, sua apropriação, preservação e uso
pelas gerações.” (Ciavatta, 2002)

“Uma das grandes dificuldades que a fotografia impõe ao seu tratamento


como fonte consiste em superar a contemplação estética, o encanto exercido
pela imagem, e apreendê-la enquanto produção de significados, cuja análise
a partir da semiótica, da antropologia e da sociologia – envolve o
2190

conhecimento do fotógrafo, dos agentes contrastantes, dos recursos


tecnológicos disponíveis e das condições sócio-históricas em que foi efetuado
o registro” (Moraes; Vidal, 2002)

“A fonte é uma construção do pesquisador, um reconhecimento que se


constrói em uma atribuição de sentido e valor”. (Dissertação de mestrado de
Maria Cristina Vendrameto, 2005)

A partir da atuação da escola francesa dos Annales ampliou-se o conceito de fontes documentais e as
fotografias, assim como outros objetos passaram a ser considerados como documento oficial aos
registros históricos.
No mundo contemporâneo, a imagem é fundamental. Com a disseminação das novas tecnologias,
desde o carte de visite até as atuais máquinas digitais e celulares com câmeras, a imagem fotográfica
está presente em todo o momento na vida das pessoas, comprovando a sua relevância como
documento histórico.
Uma fotografia não pode simplesmente ser analisada esteticamente, ou seja, pelo seu contexto de
produção e pela técnica utilizada, mas, também, poeticamente, considerando-se seus significados
semióticos, tempo, condições sociais e históricas. Um documento iconográfico deve ser analisado por
todos os seus ângulos.
As afirmações acima confirmam a pretensão de enfatizar a importância do acervo iconográfico à
pesquisa e ressaltar que as informações contidas nas fotografias de um acervo escolar revelam a
história da educação e, por conseguinte, da instituição; contudo, podem contar a história de uma
cidade, mostrar os estilos arquitetônicos, as tendências de época da moda, as técnicas fotográficas
mais utilizadas, entre outros dados históricos importantes.

Evolução do ensino técnico, da economia e do papel da mulher perante o mercado de trabalho


paralelamente à evolução da ETE ”Fernando Prestes”

A expansão do ensino profissional no estado aconteceu ao longo da década de 20, quando foram
instituídas gradativamente as escolas de Campinas, Franca, Sorocaba, Rio Claro, Jacareí, entre outras.
Cidades estas que já apresentavam um certo desenvolvimento industrial.
O ensino profissional adquiriu tamanha dimensão que, em 1934, houve a descentralização da Direção
do Ensino, sendo criada a Superintendência da Educação Profissional e Doméstica, permitindo a
unificação de diretrizes tanto administrativas quanto pedagógicas. Foi quando surgiram os cursos
vocacionais nos quais os alunos faziam um estágio rotativo, com duração de um ano, pelas oficinas
dos cursos oferecidos pela escola, e após uma série de exames o Gabinete de Psicotécnica mostrava o
resultado sobre a profissão mais adequada a cada aluno. Esta pode ser considerada a mudança mais
profunda na concepção da aprendizagem profissional no estado.
Antes do código de educação, os cursos eram escolhidos pela diretoria da escola, apenas respeitando
as necessidades de mão-de-obra da indústria regional. Os cursos tinham uma base comum formada por
noções de português, matemática, desenho e modelagem e mais tarde foram introduzidas as disciplinas
de geografia e história do Brasil.
A ETE “Fernando Prestes” foi criada em 9 de junho de 1929 como Escola Profissional Mixta de
Sorocaba (Lei nº 1.860), cujo objetivo era atender à demanda de mão-de-obra especializada para a
indústria regional.
Em 1930, a Escola Profissional recebeu o nome de “Escola Profissional Coronel Fernando Prestes” e
foi desmembrada em seções feminina e masculina. A primeira funcionou no casarão do Barão de Mogi
Mirim e a segunda permaneceu em um prédio alugado na esquina das ruas Barão do Rio Branco e Dr.
Álvaro Soares.
Na década de 40, a Escola Profissional Coronel Fernando Prestes transfere-se para o prédio próprio
localizado na Av. Comendador Pereira Inácio, 190, onde se manteve até 1969.
Em 1943, por força do Decreto Federal n º 11.315, a escola é equiparada à Lei Orgânica do Ensino
Industrial (Decreto-Lei nº 4.073, de 30-01-1942), passando a se chamar Escola Industrial “Fernando
Prestes”.
2191

Esta denominação foi mantida até 1960, quando a escola passou a se chamar Ginásio Industrial
“Coronel Fernando Prestes”. Em 1968, foi criado e instalado, no mesmo prédio, o Colégio Técnico
Industrial de Sorocaba.
Em 1970, as duas escolas foram oficialmente separadas. O Ginásio Industrial “Cel. Fernando Prestes”
foi transferido para instalações alugadas no antigo prédio do Seminário Diocesano na Av. Dr. Eugênio
Salerno. Já o Colégio Técnico Industrial de Sorocaba permaneceu no prédio da Av. Comendador
Pereira Inácio e recebeu a denominação de Escola Estadual de Segundo Grau “Rubens de Faria e
Souza”.
Em 1980, o Ginásio Industrial recebeu a denominação de Centro Estadual Interescolar “Fernando
Prestes” e ganhou novo prédio na rua Natal, 340.
Em 1982, ambas as escolas foram integradas ao Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula
Souza (Ceeteps), na categoria de Escola Técnica Estadual (ETE), e as denominações de “Fernando
Prestes” para a da rua Natal e “Rubens de Faria e Souza” para a da Av. Comendador Pereira Inácio
foram mantidas, permanecendo como tal até hoje.
Como descrito no início deste texto, a ETE “Fernando Prestes” ofereceu às mulheres, ao longo de
quase quatro décadas, os cursos de Puericultura, Tecelagem, Flores e Bordados, Pintura e Desenho
Artístico, Corte e Costura, Economia Doméstica, pois havia o paradigma de que a mulher devia ser
preparada para a família, portanto não recebia instruções que a levassem à autonomia profissional, mas
sim à sua formação moral.
Em relatos de história oral, existentes no acervo do Centro de Memória da Fernando Prestes, a
professora Jurema Leão Sonetti conta que as alunas recebiam a formação para o lar, mas, também,
trabalhavam em oficinas de costura ou montavam seus próprios ateliês.
Na década de 40, o governo federal transformou os cursos profissionais em industriais considerando o
crescimento da industrialização no país (Decreto Federal n º 11.315). Como exemplo claro dessa
mudança, podem ser vistos nos livro de chamadas da década de 50 registros dos cursos básico
industrial e de mestria feminina.
No livro Sorocaba Registros Históricos e Iconográficos, o autor Adolfo Frioli, no capítulo “Evolução
Histórica de Sorocaba”, conta que o progresso de Sorocaba foi interrompido por uma epidemia de
febre amarela, no final do século XIX, e só foi retomado na segunda metade do século XX, com a
expansão da indústria local. Até a década de 60, a cidade guardava o aspecto do século anterior. Foi a
partir de 1969 que a cidade realmente despertou.
Em meados da década de 70 e início dos anos 80, período que coincide com o aumento de mulheres no
mercado de trabalho, observamos em livros de chamadas e de médias que os cursos que preparavam a
mulher para o lar foram sendo extintos, as classes tornaram-se mistas, os cursos de culinária e
alimentos eram oferecidos a ambos os sexos, e, seguindo as tendências do mercado, a escola passou a
oferecer gradativamente, nas décadas de 80 e 90, novos cursos técnicos, integrados ao colegial, atual
ensino médio, com duração de três anos, tais como Contabilidade, Secretariado, Informática, além de
cursos que permitiam a habilitação apenas técnica, de menor duração, como o de auxiliar de
escritórios, e, assim, atender às novas demandas do mercado regional. Esse crescimento e a mudança
no cenário econômico permitiram uma nova formação profissional às mulheres, inclusive, seu ingresso
em um mercado até então dominado por homens.
No final do século XX e início do XXI, com o mercado voltado para a prestação de serviços, outros
cursos foram surgindo como Administração, Turismo, Design, Segurança do Trabalho, desta vez
seguindo os parâmetros estabelecidos pelo Decreto nº 2.208/97, que determinou a separação entre o
Ensino Técnico e o Ensino Médio.
Os cursos masculino também sofreram alterações em suas diretrizes e muitos deles, como o de
Ferroviários e o de Marcenaria, foram extintos. Mas aqueles que permaneceram, como Mecânica e
Construção Civil, passaram a contar com a presença feminina.
Nessas quase oito décadas de existência, as habilitações técnicas acompanharam as tendências de
mercado, mas, não foram essas as únicas mudanças acontecidas com o ensino técnico, os planos de
ensino mostram as diferenças nas estruturas curriculares – competências, habilidades e conteúdos –
nos instrumentos de avaliação, critérios e evidências de desempenho, assim como as fotos mostram os
novos recursos didáticos. Todos esses instrumentos sofreram e sofrem, periodicamente, alterações para
acompanhar não só o cenário local como também as necessidades do mundo globalizado.
2192

Início do século XX - mulher preparada para atuar no âmbito familiar

No Curso de Puericultura, as alunas recebiam instruções sobre higiene da criança, cuidado com as
mamadeiras, preparação de alimentos e de leite esterilizado. Na fotografia abaixo observamos os
utensílios de cozinha; as mamadeiras de vidro; o olhar atento da professora; o uso de uniformes; a
construção rústica e a pouca iluminação.

Aula prática de puericultura - meados da década de 30


Acervo:Centro de Memória ETE F.P.

Curso de Economia Doméstica - década de 40 –– neste curso, as alunas aprendiam horticultura, lavar
e passar roupas, cozinhar, conservar alimentos. As fotos selecionadas também mostram os
equipamentos da época como fogão a carvão, geladeira cujo motor ficava em cima, balança com
pesos; a importância das medidas para uma receita perfeita; suporte para panelas, lata de mantimentos;
decoração e mobiliário de cozinha.

Aula prática de culinária – década de 40


Acervo: Profº Luiz Almeida Marins

Além dos utensílios de cozinha; o estilo da balança; as louças coordenadas; a toalhinha de renda
enfeitando os armários; notamos, também, que as alunas não usam as toucas próprias para esta prática,
e a professora apresenta uma postura descontraída para a época.

Aula prática de culinária – 1941


Acervo: Centro de Memória ETE F.P.

Destacamos nesta foto o fogão a carvão; o brilho das panelas de alumínio organizadas em suporte
próprio; um detalhe interessante é a disposição dos utensílios, conchas, escumadeiras, o suporte para
pano de prato e também paneleiro organizados próximos ao fogão, mostrando que já nesta época
havia a preocupação com a cozinha planejada.
2193

Aula de culinária – 1941


Acervo: Centro de Memória da ETE F. P.

Geladeira da década de 30 com motor em cima; armário embutido sob a pia; cozinha com azulejos.

Aula prática de horticultura – 1941


Acervo: Centro de Memória ETE F. P.

Esta imagem mostra o uso da enxada como recurso didático e a técnica para a plantação de milho; um
detalhe interessante é o semblante e a postura descontraídos da professora.

Aula prática de lavanderia – 1941


Acervo: Centro de Memória da ETE F. P.

Normas de ergonomia não existiam, haja vista o tanque utilizado para está prática.

Aula prática de economia doméstica – década de 40


Acervo: Profº Luiz Almeida Marins

Mesa de passar e o ferro como recursos didáticos; postura da aluna.


No Curso de Corte e Costura, as alunas recebiam instruções teóricas e práticas para confecção de
roupas. Aprendiam sobre tecidos, técnicas de corte, utilização de máquinas de costura.
2194

Aula prática de corte e costura – final da década de 40


Acervo Centro de Memória ETE F. P.

Nesta foto, observamos o uso da lousa e do giz, da tesoura e da máquina de costura como recursos
didáticos, o mobiliário da sala em madeira escura, a construção mais moderna, ampla e iluminada.

29 de abril de 1946 - Exposição de trabalhos da seção feminina


Acervo: Centro de Memória ETE F. P.

Exposição de produtos utilizados nos cursos de corte e costura e bordados. Acredito que uma das
grandes características desta foto é as logomarcas.

Aula prática de corte e costura - década de 40


Acervo: Profº. Luiz Almeida Marins

Concentração da alunas nos trabalhos desenvolvidos; uso da fita métrica e da tesoura como recurso
didático.

Aula prática de corte e costura - década de 40


Acervo: Profº. Luiz Almeida Marins

Uso da máquina da década de 30, com pés de metal, como recurso didático.
2195

Aula prática de corte e costura - década de 40


Acervo: Profº. Luiz Almeida Marins

Alunas fazendo ajuste no vestuário. Fita métrica e alfinetes como instrumentos de trabalho; piso, o
espelho e a poltrona retratam as tendências e design da época.

Exposição de Manequins Vivos – 1955


Acervo: Centro de Memória da ETE F. P.

Era uma tradição da escola, desde seu primeiro ano de funcionamento organizar exposições que
mostrassem o resultado do trabalho dos alunos. Esta imagem retrata a organização, capricho e glamour
desse evento.

No Curso de Bordados, as alunas aprendiam as mais variadas técnicas de bordados como frivolité,
crivos, rechilieu, filet, monogramas, bordados cheio e inglês, rendas irlandesa e de milão. Recebiam
instruções práticas e teóricas. As avaliações eram rigorosas, exigiam-se muito capricho e perfeição.

Aula prática de bordados – década de 40


Acervo: Centro de Memória ETE F. P.

Alunas e professora atentas ao ofício; construção rústica, portas e janelas amplas retratam as
tendências arquitetônicas da época.

Caderno e certificados da aluna Maria Navarro


estudante do curso de bordados, na década de 40
Acervo: Centro de Memória da ETE F. P.

Modelo de caderno usado naquela época; estilos de diplomas.


2196

Desenho artístico – as alunas aprendiam técnicas de desenho e pinturas em tecidos, gesso, quadros,
entre outros.

Sala de desenho – seção feminina – 1942


Acervo: Centro de Memória da ETE F. P.

Além da construção rústica; portas e janelas amplas; móveis de madeira maciça com design reto; a
frase na parede retrata claramente o paradigma de que a mulher era preparada para atuar no âmbito
familiar.

Todos os anos aconteciam grandes exposições dos trabalhos feitos pelos alunos da Fernando Prestes.
Havia grande repercussão, inclusive em nível estadual, e era um evento esperado por toda a cidade.

Exposição de trabalhos da seção feminina – 1942


Acervo: Centro de memória da ETE F. P.

Esta exposição mostra os trabalhos desenvolvidos pelas alunas em todos os cursos femininos: pinturas,
bordados, costura, como resume a placa sobre a mesa “Artes Domésticas”. Um outro detalhe
importante é a assinatura do fotógrafo “Navarro Foto”, fato que explica a nitidez da imagem que foi
retratada por um profissional.

Expansão da atuação da mulher no mercado de trabalho e o surgimento de cursos voltados à


gestão de negócios.

Os cursos voltados à gestão de negócios visavam habilitar o aluno aos conhecimentos técnicos e éticos
da sua área de atuação, bem como prepará-lo para enfrentar com naturalidade as responsabilidades
profissionais.
Estes cursos tinham a duração de três anos e no primeiro os alunos recebiam formação básica de
português; matemática; química; física; biologia; história; geografia; educação moral e cívica;
educação física. A partir do segundo ano eram introduzidas as disciplinas técnicas.
Uma característica marcante nas fotos apresentadas abaixo é o uso do uniforme típico da época em
todas as situações: aulas internas e externas, bem como em apresentações de trabalho.

No Curso de contabilidade, além da formação básica, os alunos aprendiam sobre direito e legislação;
contabilidade bancária, comercial e agrícola; custos; mecanografia e processamento de dados;
organização e técnicas comerciais; matemática comercial e financeira entre outros conhecimentos
relativos à área de atuação.
2197

Aula prática de contabilidade – década de 90


Acervo: Centro de Memória da ETE F. P.

Uniforme típico daquela década composto por camiseta cinza com o nome do curso e da escola, calça
jeans para meninos e meninas; uso de calculadora como instrumento básico do trabalho do
contabilista; cadernos universitários de 10 matérias; classe mista; postura flexível do professor e
alunos; carteiras e cadeiras em ferro e madeira; armários de aço contrastando com o antigo armário de
madeira.

Curso de Desenho de Construção Civil – habilita o aluno a desenhar, projetar, fiscalizar e fazer
orçamento de pequenas obras civis e reformas; executar levantamentos topográficos e atuar na
comercialização de materiais para construção.

Alunos e professores analisando uma maquete – anos 90


Acervo Centro de Memória da ETE F. P.

Crescimento da indústria da construção civil - presença da mulher em uma área predominantemente


masculina.

Aula prática de topografia – década de 90


Acervo Centro de Memória da ETE F. P.

Homens e mulheres compartilhando o trabalho; equipamento de medição como recurso didático; aula
ministrada fora do ambiente escolar, proporcionando aprimoramento das práticas profissionais.

Sala de pranchetas - década de 90


Acervo: Centro de Memória da ETE F. P.
2198

Sala usada para as aulas de desenho de construção civil e desenho de projetos mecânicos; postura
descontraída dos alunos; arquitetura contemporânea, esquadrias de ferro, lâmpadas florescentes;
cortinas de tecido; uso de pranchetas como recurso didático.

Desenho de Construção Civil - Laboratório de CAD – 2006


Acervo: Centro de Memória ETE F. P.

Alunos de construção civil desenvolvendo projeto em CAD; predominância de alunas no curso;


admiração do professor e alunos com o resultado do trabalho.

No Curso de Processamento de Dados os alunos recebiam conhecimentos técnicos de linguagem de


programação mais usadas naquela época como Cobol e Pascal; fundamentos de P.D; técnicas de
sistemas; introdução aos sistemas operacionais; organização de empresas; contabilidade e inglês
técnico além da formação básica.

Aula prática de processamento de dados – década de 90


Acervo: Centro de Memória da ETE F. P.

Computadores de quarta geração; disseminação da informática em todos os campos de trabalho;


encanto dos alunos em relação aos resultados apresentados pelo equipamento; divisórias de “Eucatex”;
cortinas de tecido; cadeiras com estruturas de ferro e espuma.

Curso de secretariado – preparava o aluno para executar serviços típicos de escritório tais como
recepção, organização, registro de compromisso, informações, atendimento telefônico, assessoria de
reuniões, viagens, redação de correspondências e datilografia e processamento de dados, e taquigrafia.

Feira de profissões - década de 90


Acervo: Centro de Memória da ETE F. P.

Representação das atividades desenvolvidas pelo profissional de secretariado como serviços de


recepção, arquivo, datilografia, etc.
2199

Aula de processamento de dados – década de 90


Acervo: Centro de Memória da ETE F. P.

Avanço das tecnologias usadas por essa profissão; sala com poucas máquinas; equipamentos
de quarta geração; uso de filmes preto e branco ainda naquela década.

A globalização e o desenvolvimento do ensino e do perfil da mulher no mercado de trabalho.

Na chegada do século XXI, aconteceu o fenômeno da globalização e com ele veio a tendência à
terceirização dos serviços; a aposta nos valores femininos; maior oferta de postos de trabalho para
mulheres; constantes mudanças das diretrizes de ensino e dos recursos didáticos e tecnológicos, para
acompanhar o ritmo vertiginoso da era da informação.
Destaco duas grandes mudanças ocorridas neste início de milênio em relação aos cursos da Fernando
Prestes: extinção do curso de contabilidade em 2004 e a presença massiva da informática em todas as
áreas do conhecimento.

Curso de informática - antigo curso de processamento de dados. Recebeu esta denominação por ser
um termo mais abrangente, pois, significa a ciência que estuda o tratamento automático da
informação. Este curso prepara o aluno a dimensionar, instalar e operacionalizar computadores e seus
periféricos; desenvolver e implementar sistemas informatizados quanto à Plataforma Operacional;
Banco de Dados; Segurança; Linguagem de Programação; Documentação; Aplicativos.

Sala multidisciplinar – 2005


Acervo: Centro de Memória da ETE F. P.

Este é o laboratório de informática mais completo atualmente na escola, possui equipamentos


modernos de quinta geração; mobiliário feito com material plástico; acesso à internet; recursos
multimídia; ar-condicionado; quadro branco; tevê e tv colder: equipamento que permite a
transmissão das imagens do computador para a tevê, facilitando a explanação da aula. Além dos
recursos tecnológicos, podemos observar uma postura mais solta dos alunos, a não obrigatoriedade de
uso do uniforme e a naturalidade dos estudantes diante do computador.

Curso de Secretariado em 2006 – A percepção de que as atividades da secretária evoluíram é muito


clara. Hoje o requisito para seleção dessa profissional é a sua formação e competência. A secretária
atualmente é preparada para ser gestora de pessoas, estar centrada no cliente, dominar a tecnologia da
2200

informação, além de outros idiomas, entender e participar das metas e diretrizes da empresa e
assessorar responsáveis pelos centros decisórios de qualquer organização.

Por ser esta uma profissão predominantemente feminina, as competências, supracitadas, mostram
claramente a evolução do papel da mulher no mercado de trabalho.
As fotografias abaixo retratam a semana de palestras em comemoração ao Dia Internacional da
Mulher, organizada pelas alunas do segundo módulo do curso técnico em secretariado, em março de
2006.

Vale citar que todos os cursos ministrados atualmente organizam, ao menos uma vez ao ano, uma
semana de palestras com temas relacionados à formação profissional de seus alunos. Podemos
comparar esses eventos àquelas exposições realizadas nas primeiras décadas de funcionamento da
escola.

Apresentação da Semana da Mulher – março de 2006


Acervo: Centro de Memória da ETE F. P.

Destacamos o uso do datashow, retroprojetor e equipamento de som como recursos tecnológicos; a


construção moderna e planejada do anfiteatro; organização de cerimonial; postura exigida das alunas
neste curso em relação ao vestuário e comportamento; fotografia digital.

Semana da Mulher – março de 2006


Acervo: Centro de Memória da ETE F. P.

Abertura da palestra “Direitos da Mulher e a Mulher no Século XXI” ministrada pela Dra. Maura
Roberti, promotora do estado. Essa imagem retrata o novo perfil da mulher enquanto ser pensante e
conhecedor de seus direitos e valores; fotografia digital tirada por fotógrafo amador, falta de
enquadramento.

Semana da Mulher – março de 2006


Acervo: Centro de Memória ETE F.P.
2201

Palestra “Direitos da Mulher e a Mulher no Século XXI” ministrada pela Dra. Maura Roberti,
promotora do estado. Trabalho de conscientização dos direitos e valores da mulher feito de forma
simples e clara.

Semana da Mulher – março de 2006


Acervo: Centro de Memória da ETE F. P.

Palestra “Saúde da Mulher”, ministrada pela Dra. Vera L. E. Archila. Mitos e verdades sobre a saúde
da mulher, assunto tratado com naturalidade; preocupação com a decoração do ambiente; uso da tela
de projeção.

Alunas de Secretariado - março de 2006


Acervo: Centro de Memória da ETE F. P.

Momento de descontração nos corredores da escola; integração entre as diferentes faixas etárias;
ausência de uniforme.

Curso de Administração – prepara seus alunos para assessorar, acompanhar e controlar os diversos
setores de uma empresa, além de habilitá-lo para a tomada de decisões e análise de dados.

Aula de contabilidade – março de 2006


Acervo: Centro de Memória ETE F. P.

Esta sala é a mesma mostrada na foto do curso de contabilidade, porém vista por outro ângulo, em
fotografia digital e colorida. Observamos uma postura ainda mais solta dos alunos; extinção do uso de
uniforme; tevê, vídeo, computador e quadro branco como recursos didáticos.
2202

No curso de turismo o aluno aprende a promover e planejar programas de viagem; vender produtos
turísticos; aplicar técnicas de marketing e acompanhar grupos de turista na qualidade de guia.

3ª Semana Cultural de Turismo – Dez/2003


Acervo: Centro de Memória ETE F. P.

Este evento teve por objetivo proporcionar aos alunos de turismo o conhecimento da cultura e dos
costumes de diversos povos que vivem na cidade Sorocaba e expandir essas informações a toda a
comunidade escolar. Por outro lado, esta imagem retrata parte da história da cidade, bem como mostra
as técnicas aplicadas ao aprendizado do turismo.

Desenhos de Projeto de Mecânica – prepara seus alunos para desempenhar funções de criação e
desenvolvimentos de projetos de máquinas, motores e ferramentas, estudar modificações em
ferramentas e dispositivos, bem como executar desenhos de peças e conjuntos mecânicos no
computador (CAD).

Aula de CAD – março de 2006 – Acervo da ETE F. P.

Desenvolvimento de projeto usando o Auto-CAD, software próprio para desenhos, presença de uma
aluna em um curso predominantemente masculino; ar-condicionado; uso de computadores de quinta
geração.

Aula de desenho de projetos de mecânica – março 2006


Acervo: Centro de Memória ETE F. P.

Antes de iniciar o uso de sistemas para desenhos informatizados os alunos aprendem a desenvolver
projetos no papel. Esta sala mostra detalhadamente os recursos utilizados para esta prática como
pranchetas reclináveis, com luminárias; lousa para desenhos de partes de projetos; modelo de peças
sobre a mesa; a foto mostra também que o estilo de cortinas mudou, antes eram de tecidos e agora são
persianas. Esta imagem retrata a presença feminina, ainda que pequena, em áreas de domínio
masculino.
2203

Web Design – mais novo curso oferecido pela escola para atender à demanda crescente dos negócios
virtuais. Os alunos são preparados para desenvolver e operar sistemas para Web, aplicações e
interfaces gráficas; projetar, implantar e realizar manutenção de sistemas; aplicações e portais da
internet; selecionar recursos de trabalho, linguagens de programação, ferramentas e metodologia para
o desenvolvimento de sistemas para Web; montar estrutura de Banco de Dados para internet e
codificar Web Sites.

Aula prática de Web design – março de 06


Acervo: Centro de Memória ETE F. P.

Esta imagem mostra a concentração dos alunos; uso de softwares específicos para construção de web
sites; a importância do uso da tevê, tv colder e computador para explanação da aula; um detalhe
interessante, que comprova a conexão à internet, é a exposição do cabo, logo abaixo da tv.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Decreto nº 2.208, de 17 de abril de 1997.


CIAVATTA, Maria. O mundo do trabalho em imagens: a fotografia como fonte histórica. Rio de
Janeiro: DP&A editora, 2002.
FRIOLI, Adolfo. Evolução Histórica de Sorocaba. In:______. Sorocaba: registros históricos e
iconográficos. São Paulo: Laserprint, 2003. p.10-15.
LAURINDO, Arnaldo. Cinqüenta Anos de Ensino Profissional no Estado de São Paulo, 1911-1961.
São Paulo: Fundo do Ensino Profissional, 1962.
LIEUTHIER, Bernadete. Respeito a Imagem. www.fenassec.com.br/respeito.htm. Acesso em 03 de
março de 2006.
MORAES, Carmem Sylvia Vidigal; VIDAL, Daiana Gonçalves. Fotografia de Escola: alguns desafios
à analise histórica e ao tratamento documental. In:______; ALVES, Julia Falivene (org.). Escolas
Profissionais Públicas do Estado de São Paulo: Uma História em Imagens (Álbum Fotográfico). São
Paulo: Centro Paula Souza, 2002. p.15-16.
PROBST, Elisiana Renata. A evolução da mulher no mercado de trabalho. www.icpg.com.br/
artigos/rev02-05.pdf. Acesso em 11 de março de 2006.
VENDRAMETO, M.C. Da Escola Masculina da Capital (São Paulo) à Escola Técnica Estadual
Getúlio Vargas: uma proposta de gestão documental. 2005. Dissertação (Mestrado em História e
Historiografia da Educação) - Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo.

DOCUMENTAÇÃO PRIMÁRIA

Acervo documental do Centro de Memória da ETE “Fernando Prestes”, Sorocaba, SP:

• Livro de chamadas – 1929 a 1993


• Livro de médias – 1930 a 1993
• Livro de registro de diplomados - 1931 a 1977
• Plano de cursos – 1990 a 2006
• Historiografia das mais antigas escolas técnicas do Estado de São Paulo – transcrição de
relatos orais.
2204

ACERVOS FOTOGRÁFICOS

Sorocaba – SP (Escolares e Familiares)

• Centro de Memória da ETE “Fernando Prestes”


• Profº. Luiz Almeida Marins

Você também pode gostar