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FACULDADE SANTA RITA DE CÁSSIA - UNIFASC

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO SANTA RITA DE CÁSSIA -


ISESC

RELATÓRIO

FERNANDA APARECIDA DE FREITAS MIRANDA

NUTRIÇÃO

Itumbiara

2022
1. Cisticercose: Uma larva de tênia no olho

Jake, o entrevistado mora em no norte de Nova York com sua esposa Andréia, trabalha como
caminhoneiro, mas também cuida da sua ampla propriedade. Ele relata sobre quando
percebeu um “ponto preto” flutuando em seu olho esquerdo, mas não sabia ao certo se era
algum tipo de resquício de poeira que havia adentrado nele. De início não acreditou ser algo
preocupante, após terminar a sua rota e voltar para casa, só momentos mais tarde ao sentir
fortes dores e se deparar com o olho avermelhado, se deu conta que deveria levar em
consideração o que estava acontecendo. Entre outros sintomas citados, Jake comenta sobre
estar enxergando através de uma folha de papel vegetal, e até pensou que estivesse ficando
cego.
No hospital, foi atendido por um especialista em retina, o qual usa um instrumento especial
para identificar o que havia dentro do olho de Jake. O médico se refere ao corpo estranho que
estava presente no olho como um ‘pedaço de tecido branco, flutuando’ achando-o muito
peculiar, ademais registra fotos de alta resolução mostrando então pequenas estruturas
descritas também como ‘misteriosas’ e ‘cisto branco, alongados em forma de ganchos’, e
então confirma ser uma condição rara e difícil de ser encontrada nos Estados Unidos,
cisticerco no olho.
Quando os ovos da Taenia chegam no intestino, eclodem e se tornam larvas, e então pela
corrente sanguínea podem ser levadas para dois lugares do organismo: olhos ou o cérebro.
Em Jake, a larva de Taenia formou uma estrutura em forma de bolsa, chamada de cisto. E
quando esse cisto cresce nesta região, o sistema imunológico reage enviando células
inflamatórias para que matem o corpo estranho, gerando então a inflamação local, dores e
até então, a perda da visão. Nesse caso, a única opção seria a cirurgia para a remoção do
cisto, mas a mesma apresenta seus riscos. Caso o cisto se rompa durante o procedimento, o
organismo geraria uma reação inflamatória de longo prazo, ocasionando a perda de visão
total de Jake.
Na realização da cirurgia, é feita uma incisão de 4mm no olho infectado, usando um
instrumento de sucção para extrair cisto. Em 3 horas, Jake já estava na sala de recuperação.
Ao final é relatado que Jake se recuperou totalmente da cirurgia e pôde voltar para a sua vida
normal.

2. Neurocisticercose
As irmãs Wendy e Paola Berrios, estavam passando uma tarde em um parque, quando a
Wendy começou a se sentir mal, com dores de cabeça e acabou concluindo que seria poderia
ser por conta do sol que pegaram durante esse período e acreditou que logo passaria. Ao
tomar remédios,sem fazer efeito, horas mais tarde a situação começou a piorar, já que Wendy
ao fazer qualquer movimento com o seu corpo piorava o sintoma de dores de cabeça. Sua
irmã Paola, leva-a para um pronto socorro, os médicos com um exame físico e ao examinar
seus olhos, concluíram apenas que era por conta do tempo que passaram no sol, o que havia
gerado uma desidratação também.
Paola desconfiada dessa simples resposta, pede para realizarem uma ressonância, onde é
mostrado o cérebro de Wendy começa a inchar. Identificaram em torno de 10 a 15 parasitas
nesta região. Os cisticercos, sendo neste caso a Taenia Solium, encontrada no porco, é um
parasita perigoso, e em 60% dos casos diagnosticados, a vítima possui o cisto no seu interior
do cérebro. Dentre os sintomas, o indivíduo pode apresentar convulsões, entrar em coma e
até mesmo a morte. Essa taenia possui dois hospedeiros: humanos e os porcos, quando
ingerimos a carne mal passada desse animal infectado em seu organismo com os cistos
formados em seu tecido, passamos então a ser o novo hospedeiro desse parasita, onde em
nosso intestino passam a ser adultas, podendo atingir vários metros de comprimento. Os
vermes adultos põem ovos que vão se alojar nas fezes humanas, e se entrarem em contato
com os porcos, esse ciclo se repetirá novamente. Esse parasita pode ser encontrado em
lugares com um péssimo saneamento, podendo então, cerca de 6% da população abrigar
este parasita. Em grande parte dos casos, o homem que se infecta com o verme consumindo
a carne de porco mal cozida, acaba com a Taenia no intestino, mas se consumirem os ovos
que se alojam nas fezes, os seus tecidos irão absorver os cistos e podendo resultar em um
grave quadro clínico. Os médicos presumiram que foi isto que aconteceu com Wendy. Na
Bolívia, onde ela cresceu, durante a sua infância pode ter consumido alguma comida
contaminada com fezes cheias de ovos, as quais se transformam em larvas e invadiram seu
cérebro e formaram o cisto. Durante anos, ficaram incubados, sem produzir sintomas e
lentamente foram crescendo, liberando toxinas no tecido e causando uma perigosa
inflamação no cérebro.
No ponto de vista do parasita, atacar o cérebro humano é uma boa estratégia para que
possam sobreviver dentro do organismo, é um local que será ofertado oxigênio e nutrientes e
podendo ser de difícil acesso para nosso sistema imunológico, sendo também difícil de
removê-lo. No caso da Wendy, a estrutura de suas cavidades cerebrais eram anormais,
possuindo um acúmulo de líquido, conhecida como hidrocefalia, caracterizada por esse
excesso de líquido cefalorraquidiano nos ventrículos cerebrais e no espaço subaracnoide
entre as membranas aracnóide e pia-máter das meninges. Em Wendy, um dos parasitas se
prendeu em um ventrículo restringindo o fluxo de líquidos para fora do cérebro, com esse
acúmulo a pressão no cérebro aumenta. Uma forma encontrada para combater o verme, é a
ingestão de uma droga forte chamada albendazol, que irá matá-los de fome. De início, o
tratamento estava dando certo, mas continuava com as dores de cabeça, após 3 anos, sentiu
a mesma dor de quando descobriu o parasita invasor e depois de realizar mais uma
ressonância observou-se que um dos parasitas haviam sobrevivido ao tratamento. E
novamente o parasita estava restringindo o fluxo do líquido raquidiano, voltando a aumentar
a pressão em seu cérebro.
Tentar a remoção total do verme seria impossível por conta da sua localidade em uma região
extremamente sensível e de difícil acesso, o procedimento cirúrgico que seria realizado, é
para aliviar a pressão e redirecionar o líquido raquidiano. Com pequenos orifícios no tecido
cerebral aliviará essa pressão mas não matará o verme. Após 3 meses, a cirurgia foi um
sucesso e Wendy seguiu com sua vida normal mesmo com o parasita alojado em seu cérebro.

3. Documentário Doença de Chagas

A doença de Chagas foi intitulada com este nome por ter sido descoberta pelo médico
sanitarista brasileiro Carlos Ribeiro Justiniano Chagas, que na época combatia a malária no
interior de Minas Gerais. Nesse período, estava havendo muitos casos de malária em virtude
da construção de uma estrada de ferro no Brasil Central, onde reúne o norte ao sul do país,
ocorreram diversos desmatamentos nessas áreas contribuindo para o aumento de
contaminações. Seu orientador e professor Osvaldo Cruz, o envio para aquela região para
que pudesse estudar clinicamente a malária, e dentro desse estudo também se descobriu que
havia insetos ingerindo o sangue dos indivíduos durante a noite, e percebe-se que no sangue
desses indivíduos o protozoário existente neles era o mesmo do inseto vetor, denominado
barbeiros. Foi de uma grande importância esta tríplice descoberta, onde Carlos Chagas
descreveu 13 aspectos da doença, os protozoários Trypanosoma cruzi, sendo o agente
etiológico da doença, os vetores transmissores conhecidos como barbeiros, chupões ou
vicões. E como médico também descreveu clinicamente a doença, sendo justo então, a
doença receber seu nome.
Os barbeiros se alimentam de sangue de vários animais inclusive de humanos, eles
apresentam várias formas evolutivas, sendo a primeira fase são os ovos que as fêmeas
colocam após copular com os machos. Dos ovos surgem pequenos insetos sem asas e
sistema reprodutor chamado no início de ninfas, passando por 5 estágios e alimentando de
sangue. Durante esta fase como ninfas é importante ressaltar que são negativos para a
doença de chagas e eles só irão transmitir a doença caso o barbeiro se alimenta de sangue
de um hospedeiro positivo para T. cruzi, seja ele um animal ou um humano infectado, e então
será transmitido através de suas fezes.
Ao acompanhar a equipe de vigilância em saúde, eles relatam que ao visitarem as residências
domiciliares, encontram dois tipos, os intradomiciliar detectados dentro das casas e os
peridomiciliar que ficam nos anexos, ou seja, galinheiros, chiqueiros, paiol, são lugares
perfeitos para que encontrem alimento. Os vigilantes procuram pelos barbeiros em todos os
cantos que ficam mais escondidos dentro da casa, onde dificilmente seriam encontrados.
Alertam sobre a importância de procurar por esse vetor atrás de quadros nas paredes, roupas
penduradas, virar colchões, assim observar se não há nenhum vestígio do inseto e durante o
verão sempre haverá mais presença deles, são nesses meses mais quentes que saem dos
seus esconderijos.
No município de Santo Cristo, as equipes de vigilância encontraram os maiores focos da
região noroeste do Rio Grande do Sul, e com um bom trabalho tiveram eficácia no controle
de uma grande infestação. Dentro de uma igreja, foi encontrado o maior foco de insetos em
seu telhado, como as equipes não tinham acesso nesse local, não viam a grande quantidade
de barbeiros presentes. Depois de fazerem borrifação em toda extensão da igreja,
conseguiram então o controle do vetor e observou-se a queda das incidências tanto na igreja
quanto em seu torno. Com estudo e conhecimento desses insetos, é possível impedir a
proliferação dos insetos e uma família que possuem uma propriedade próxima da igreja,
receberam recursos para melhorias em locais que poderiam servir de abrigo para os
barbeiros. Além disso, eles participaram de atividades educativas para terem conhecimento
das melhorias que deveriam acontecer.
Dentre as transmissões conhecidas, a por via oral é atualmente a mais notificada no Brasil,
onde ocorre após a ingestão de alimentos contaminados, entre eles os mais comuns como
caldo de cana e suco de açaí. Quando esses alimentos são preparados sem a higienização
correta, eles apresentam resquícios das fezes em sua preparação. A transmissão congênita
é aquela que se passa da mãe contaminada para o filho durante a gestação, e durante a
amamentação devem observar se há fissuras em seus seios, caso o bebê sugue o leite com
o sangue, ele se contaminará com o parasita . A transmissão ocidental ocorre em laboratórios,
ou entre coletadores quando entram em contato com o protozoário presente nas fezes de
barbeiros contaminados ou então com sangue de pessoas infectadas, onde os profissionais
não utilizam equipamentos de proteção individual adequadamente, mas essa transmissão
ocorre mais raramente. Outro tipo de transmissão pode ocorrer através do consumo da carne
de animais de caça, como lebres, tatus e roedores mal cozidos ou crus podem transmitir a
doença de chagas.
A doença se divide em duas fases, a aguda e a fase crônica. Na fase aguda o paciente pode
ser assintomático, o que ocorre na maioria das vezes, como também podem apresentar um
quadro febril, mas o médico pode não desconfiar que seja chagas por não ser um sintoma
característico da doença. Outros sinais mais específicos, como o sinal de romaña, que é um
edema inflamatório bipalpebral, ou o chagoma de inoculação, uma formação cutânea
caracterizada por uma mancha avermelhada ou violácea por conta da penetração do parasita
naquele local. Como 80% dos pacientes não vão apresentar sintomas, ele irá evoluir para
outra fase, a crônica. Somente na fase aguda, temos um medicamento específico ante o
protozoário, que é o benzonidazol, o paciente tratado nesta fase normalmente ficam tratados.
Na fase crônica, não possui um medicamento específico para o protozoário, ela é possui duas
características subdividindo-a, em fase crônica assintomática em que o paciente não terá
nenhum sintoma ou alteração no coração e em seu trato digestivo durante toda a sua vida, e
a fase crônica sintomática, e cerca de 40% dos pacientes irão evoluir para esta fase e tende
a ser grave. Quando ocorre no tecido cardíaco, o coração tende a aumentar de tamanho,
tendo suas células nervosas e musculares destruídas e trocadas por células fibróticas, o
coração ficará cheio de cicatrizes. Um coração humano normal bate 70 a 100 vezes por
minuto, enquanto o coração acometido pela doença, também conhecido como coração de boi,
bate apenas por 29 a 35 vezes, caracterizando uma insuficiência cardíaca, e é onde o paciente
terá dificuldade respiratória, e ficará inchado.
Na fase crônica que acomete o sistema digestivo, afeta principalmente o esôfago ou o cólon,
que fica no intestino grosso. Ambos órgãos sofrem alterações em suas células nervosas e
muscular, ficam dilatados, o paciente passa a ter dificuldades para se alimentar, o alimento
não desce pelo esôfago ou quando estão no intestino as fezes ficam duras e difíceis para
serem eliminadas, sendo necessário intervenção cirúrgica para a remoção delas.
Devido à gravidade da doença de chagas nesta fase crônica e a dificuldade do diagnóstico na
fase aguda, é de grande importância trabalharmos com prevenção da doença, sendo a
principal sob os vetores, os barbeiros e também investimentos na melhoria habitacional. A
vigilância dos transmissores da doença, é fundamental para monitorar a presença dos insetos,
como também é importante a participação de toda a comunidade no combate, sendo
necessário promover atividades de educação e saúde em escolas e em espaços comunitários
e sempre que possível usarmos recursos da comunicação para informação e divulgação.

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