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Trabalho final de Recuperação

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questões e respondê-las (Não precisa copiar os textos). Entregar até segunda-feira.
No final do século XIX, surgiu no sul dos Estados Unidos uma das maiores riquezas musicais do país e
símbolo da resistência negra: o blues.
“As definições em torno do blues estão impregnadas, em sua maioria, por representações melancólicas
sobre a vida. Paul Oliver, pesquisador do tema, sintetiza: ‘o blues é um estado de espírito e a música que
dá voz a ele. O blues é o lamento dos oprimidos, o grito de independência, a paixão dos lascivos, a raiva
dos frustrados e a gargalhada do fatalista. É a agonia da indecisão, o desespero dos desempregados, a
angústia dos destituídos e o humor seco do cínico. O blues é a emoção pessoal do indivíduo que encontra
na música um veículo para se expressar [...]’.
[...] o blues nasceu com a chegada dos escravos negros vindos da África para os Estados Unidos, durante o
século XVII. Em sua formação inicial, encontraremos as chamadas worksongs. Estas eram formas de canto
que os negros entoavam durante os trabalhos no campo, às margens do Rio Mississípi. Uma vez que o uso
de instrumentos musicais [...] pelos escravos não era permitido, a voz passou a ser o principal instrumento
musical do negro. A marcação do ritmo da música por meio do canto funcionava como uma espécie de
elemento unificador do trabalho nas lavouras. [...] as worksongs eram canções em que o feitor cadenciava
o trabalho dos escravos a fim de amenizá-lo, tornando-o mais rentável; além disso, tranquilizava o
proprietário que as ouvia, garantindo que os seus escravos estavam todos em seus devidos lugares.
Alguns especialistas salientam que o blues surgiu da música religiosa e dos spirituals. No início do século
XIX, os escravos passaram por um processo de evangelização, e o canto religioso se tornou um importante
meio de expressão. Essa música e seus intérpretes nasceram da capacidade desses homens de transformar
os hinos batistas e metodistas em cantos que mesclavam as origens africana e europeia. [...] Com a abolição
do tráfico de escravos nos Estados Unidos, em 1808, a influência musical e religiosa da África Ocidental
diminuiu. O canto de hinos, antes compartilhado pelos brancos, tornou-se algo próprio do convívio entre
os negros. As letras adquiriram duplo sentido e foram sutilmente modificadas [...]. Os temas da salvação,
do acesso ao paraíso (céu) e da terra prometida expressavam o anseio pela liberdade na vida terrena, e as
melodias se reportavam à herança musical dos próprios negros. Tanto as worksongs como o “negro
spiritual” desempenharam um papel muito importante na elaboração do blues.
Todavia, segundo Gérard Herzhaft, não podemos alegar que o blues existia na época da escravidão. Os
testemunhos escritos e orais consultados e recolhidos pelo autor indicam que essa forma de música não
nasceu da emancipação em si mesma, mas das transformações da música negra inserida em novas condições
socioeconômicas. Logo, seu nascimento, propriamente dito, estaria situado muito provavelmente entre o
fim do século XIX e meados do XX.”
1. O que eram as worksongs e o negro spiritual? De que maneira eles foram uma forma de resistência à
escravidão?
2. Qual seria o significado de blues?
3. O texto afirma que o blues teria surgido das novas condições socioeconômicas dos negros nos Estados
Unidos no final do século XIX. Quais eram essas condições e de que modo elas se relacionam ao significado
do blues?

As tensões entre o norte e o sul


A economia dos Estados Unidos no século XIX desenvolvia-se aceleradamente, tanto no setor
industrial quanto no setor agrícola. A produção de tecidos no Reino Unido impulsionou a cultura algodoeira
das terras sulistas. Em 1850, os Estados Unidos eram o maior fornecedor de algodão do mundo. O
crescimento acelerado da economia estadunidense não ocultava, porém, os contrastes regionais. A divisão
entre o norte e o sul do país, que tinha origem na formação das Treze Colônias, continuou no século XIX.
No sul, o predomínio da agricultura e a grande procura por seus produtos no mercado internacional, em
especial o algodão, contribuíram para a manutenção da estrutura escravista.
Grandes fazendeiros, além de dominarem as terras férteis, controlavam a maior parte dos
escravizados, estimados, em 1860, em quase 4 milhões. As pequenas propriedades ocupavam menos de
20% da área total de estabelecimentos rurais do país e eram pouco produtivas. Com a população
concentrada no campo, poucas cidades sulistas tinham mais de mil habitantes. Os estados industrializados
do norte, já nas primeiras décadas do século XIX, ultrapassaram os estados do sul na produção de riqueza.
A maior parte deles já tinha abolido a escravidão e adotado o modelo capitalista de trabalho assalariado.
No campo, as pequenas propriedades rurais permitiram a formação de uma classe média forte e numerosa.
Nas cidades, a elite financeira atuava no comércio internacional e nas atividades industriais e
bancárias. O crescimento populacional dos estados do norte e do oeste foi impulsionado pela imigração,
principalmente de europeus. Calcula-se que, entre 1800 e 1930, quase 35 milhões de pessoas tenham
deixado seus países para tentar a sorte nos Estados Unidos. Um dos principais objetivos desses imigrantes
era conseguir trabalho nas indústrias do norte ou exercer atividades agrícolas, pastoris e extrativistas nas
terras do oeste.
Os interesses opostos Consolidada a conquista do oeste, a definição das leis que regeriam cada um
dos novos estados tornou-se mais um motivo de divergência entre o norte e o sul. Os fazendeiros do sul
queriam ampliar as áreas de cultivo de algodão no oeste, assim como o modelo de mão de obra escrava que
prevalecia na agricultura de exportação sulista. Os capitalistas do norte, por sua vez, lutavam pela ampliação
das áreas destinadas às pequenas propriedades rurais, para que elas abastecessem as grandes cidades da
costa atlântica com produtos agropecuários. Além disso, o oeste também poderia ser um mercado
consumidor das manufaturas e dos produtos industrializados do norte. As diferenças entre os estados do
norte e do sul geraram enfrentamentos políticos entre parlamentares no Congresso. Um tema que acirrou
as divergências entre as duas regiões dizia respeito às taxas cobradas sobre as importações. Os estados do
sul, com poucas indústrias, preferiam manter as taxas sobre as importações baixas, enquanto os industriais
do norte desejavam taxas mais altas, para que suas mercadorias não sofressem concorrência dos produtos
importados. A questão escravista O principal motivo de discórdia entre o norte e o sul era a escravidão nos
novos estados admitidos na União. A partir de 1820, um acordo determinava que, para cada estado
escravista admitido na União, um não escravista também seria incorporado. O objetivo era manter um
equilíbrio entre parlamentares do sul e do norte em Washington. Em 1850, uma grande negociação permitiu
o ingresso da Califórnia na União como estado não escravista, sem que houvesse a entrada simultânea de
um estado escravista. Apesar disso, os fazendeiros do sul conseguiram aprovar uma lei bastante rigorosa
contra as fugas de escravos: os foragidos podiam ser capturados em qualquer estado e enviados aos seus
proprietários. Além disso, quem ajudasse um fugitivo receberia uma multa alta e poderia ser preso. Em
1854, uma nova lei (Kansas- -Nebraska) autorizava a criação e o ingresso desses estados na União,
independentemente de sua opção abolicionista ou escravista, rompendo definitivamente com o acordo de
1820. A decisão levou nortistas e sulistas a buscarem apoio desses estados para conseguir a hegemonia no
Congresso. A disputa política entre os dois grupos logo se transformou em conflito armado.

4. A guerra civil entre o norte e o sul dos Estados Unidos, ocorrida entre 1861-1865, teve por consequência
profundas mudanças na economia e na sociedade do país. Assinale a alternativa que apresenta essas
mudanças.
a) A abolição da escravidão e a afirmação do modelo capitalista de inspiração nortista em todo o país.
b) A manutenção da escravidão e a disseminação do modelo de agricultura monocultora sulista para toda a
nação.
c) A conquista do México e a ampliação da escravidão em direção aos territórios recém- -conquistados.
d) A vitória do sul industrial diante do norte rural e sua separação permanente da União.
e) A conciliação entre norte e sul e a manutenção da escravidão em ambas as regiões.

A missão estadunidense

Em 1845, o jornalista John O’Sullivan comparou a expansão dos Estados Unidos em direção às
terras do oeste a um Destino Manifesto. A ideia foi recuperada da crença dos imigrantes puritanos do século
XVII de que a América seria a nova terra prometida e de que seus habitantes seriam o novo povo eleito por
Deus para expandir seu poder na região. O’Sullivan defendeu a expansão para o oeste como um destino
traçado pela providência divina, justificando a necessidade de ocupar, até por meios violentos, as terras que
pertenciam a indígenas, franceses, espanhóis e mexicanos. A ideologia defendida por
O’Sullivan foi influenciada pela Doutrina Monroe, criada pelo presidente James Monroe, em 1823,
com o objetivo de defender os interesses estadunidenses sobre o continente americano e de afastar a
influência europeia. A frase “América para os americanos” definia essa doutrina.
Além disso, o Destino Manifesto também se aproximava das ideias europeias de superioridade
étnica do homem branco, que teria a missão de levar a civilização e o progresso à Ásia e à África, vistas
por eles como atrasadas. No caso estadunidense, os indígenas e os negros seriam os povos de cultura
inferior.

5. O que foi a ideologia do destino manifesto?

Indígenas no Primeiro Reinado


Como os indígenas foram tratados nas políticas do Primeiro Reinado? É o que discute o texto a seguir.
“[No] documento ‘Apontamentos para a civilização dos índios bravos do Império do Brasil’ [de José
Bonifácio] [...], três pontos merecem ser destacados [...]. Em primeiro lugar, a convicção de que os índios
estavam no ‘estado selvático’. Mais ainda [...], os homens eram dotados do ‘lume natural da razão’ e
capazes, por isso mesmo, de civilizar-se. [...] Em segundo, a necessidade de criação de novos aldeamentos
ou de reativação de antigos, onde os índios retirados dos sertões e das florestas pudessem ser reunidos,
fixados, controlados e ressocializados (‘civilizados’).
Em terceiro, o entendimento que a melhor forma de civilizar os indígenas era por meio do método
‘brando’, que incluía um leque [...] de ações, como a educação, o trabalho, a agricultura, o comércio, o
convívio com os brancos, os casamentos mistos [...]. [...] apesar da simpatia de Bonifácio pelos índios, ele
era um homem do seu tempo e construiu um ponto de vista bastante etnocêntrico sobre eles. Para Bonifácio,
a população indígena era, na melhor das hipóteses, uma espécie de página em branco, sem cultura, Estado,
religião e vida social realmente apreciável, que poderia ser facilmente moldada segundo o padrão cultural
e comportamental europeu. [...] Sua proposta previa [...], na prática, um intenso processo de transformação
na vida tradicional das populações indígenas [...]. [...] Bonifácio [...] também insiste na miscigenação e na
‘nacionalização’ dos índios. Propõe uma espécie de segregação parcial e temporária dos índios nos
aldeamentos, frisando ser a meta o fim das diferenças étnicas, sociais e políticas entre os ‘índios’ e a ‘nação’.
[...] As ideias de Bonifácio sobre os índios, seus direitos e deveres, embora não fossem novas ou
revolucionárias, eram avançadas o suficiente para desagradar a elite agrária, ansiosa por ampliar os seus
negócios e lucros mediante a apropriação territorial sem limites e restrições. [...]
[...] Na Assembleia Constituinte, [...] a reflexão sobre a ‘questão indígena’ limitou-se ao debate
se os índios poderiam ser considerados membros da sociedade brasileira e, por conseguinte, ‘cidadãos
brasileiros’, ou se, ao contrário, eram apenas habitantes do Brasil. Para o deputado Montezuma, ser
‘Brasileiro, é ser Membro da Sociedade Brasílica: portanto todo Brasileiro é Cidadão Brasileiro: convém
sim dar a uns mais direitos, e mais deveres do que a outros; e eis aqui Cidadãos ativos, e passivos’. [...]
Montezuma [...] fazia uma clara distinção entre índios ‘bravos’ e índios ‘domesticados’, dando a entender
que apenas os índios ‘bravos’ ou ‘selvagens’ não faziam parte da ‘sociedade’ e nem eram ‘súditos’ do
Estado. [...]”

6. Quais foram as propostas políticas em relação aos indígenas defendidas por José Bonifácio? Qual era o
seu objetivo com tais propostas?
7. Por que as ideias de Bonifácio revelam uma visão etnocêntrica sobre os indígenas?
8 Qual foi a principal questão sobre os indígenas discutida na Assembleia Constituinte de 1823?
9. De que modo a posição de Montezuma dialoga com as ideias de Bonifácio e, ao mesmo tempo, as
contrapõe?
10. Por que as questões indígenas foram excluídas da Constituição de 1824?
11. Com base no que você já estudou sobre as condições de vida e os direitos dos indígenas, houve avanços
na forma como os governos os tratavam? Por quê?

Imprensa: formadora de opinião


No fim do Primeiro Reinado, a maior parte da imprensa tinha tendência liberal e procurava disseminar entre
a população uma imagem negativa de D. Pedro I. Entre os jornais que atacavam o imperador destacava-se
O Tribuno do Povo. Leia, a seguir, um trecho de um artigo publicado em 1831. “Ninguém pode duvidar do
dano que causam essas monarquias hereditárias, opostas à razão, e ao bem-estar dos estados. Elas oprimem
a nação, que se vê diante de uma série de homens incapazes de governar, [...] que [...] só fazem a
retrogradação dos povos no caminho da civilização e da liberdade. Com efeito, aprovar as monarquias
hereditárias, é supor que os príncipes têm superioridade mental [...], mas que certamente a maioria deles
não possui. [...] Quantas vezes não temos nós visto diversidade de gênios nas famílias dos príncipes? Na
mesma família de D. Pedro não vemos que D. João VI, debaixo da covardia que lhe era inerente, perjurou
tantas vezes, e fez tanto dano ao Brasil? [...] Porém, essa mesma família não quis apresentar D. Pedro como
uma exceção de regra? [...] Todavia, será D. Pedro o complemento das perfeições humanas? Não,
certamente: ele tem mostrado fraquezas [...]. Apesar de sua vigilância, tem sido enganado, e muito
enganado; e quem sabe o que será o filho destinado pela Constituição para o suceder? [...] O cetro e a coroa
não os fazem superiores aos outros homens. Repetimos; [...] e fique ao Brasil a liberdade natural de dar ao
trono àquele em quem reconhecer mais mérito, instrução, patriotismo [...].”

11. O texto apresenta princípios iluministas. Explique, apontando as críticas às monarquias hereditárias e
os argumentos usados para defender a monarquia sem direito natural.
12. Podemos afirmar que o autor não era contra a monarquia? Justifique, identificando a solução sugerida.
13. De que forma esse texto dissemina uma imagem negativa de D. Pedro I?

Aluno cidadão
Provavelmente, você já ouviu dizer que a feijoada, típico prato brasileiro, foi criado pelos escravos que
aproveitavam os restos de carne, dispensados pelos senhores, para preparar o prato. Contudo, isso é um
equívoco, como mostra o texto a seguir.
“Só se diz feijoada quando há carne e verduras. O feijão com carne, água e sal, é apenas feijão. [...] Há
distância entre feijoada e feijão. Aquela subentende o cortejo das carnes, legumes, hortaliças. Essa feijoada
completa terá pouco mais de meio século. Até finais do século XIX e primeira década imediata não havia
nascido para a extensão nacional com tais roupagens de vegetais e carnes. [...] Nenhum informante fala-me
dessa feijoada à volta de 1900. [...] O [livro] O Cozinheiro nacional evidencia a diferença das feijoadas de
então [1887], comidas pelas bocas imperiais, e a assombrosa iguaria contemporânea.”
14. Segundo o texto, qual seria a origem da feijoada?
15. A atual feijoada é um prato composto de carnes de porco e de boi, feijão preto e temperos. Ela
geralmente vem acompanhada de arroz, couve refogada, banana frita, laranja e farofa. Pesquise, na internet,
que nutrientes importantes estão presentes em um prato de feijoada completo.
16. Agora, consulte na internet uma pirâmide alimentar, que classifica os alimentos de acordo com suas
funções e nutrientes em uma alimentação balanceada. Com base nela, é possível dizer que a feijoada é uma
refeição equilibrada e saudável? Por quê?
17.Você tem uma alimentação balanceada? Se não, o que poderia mudar nos seus hábitos alimentares para
melhorá-los?

Tempos difíceis, um testemunho histórico? Tempos difíceis é um romance de Charles Dickens publicado
pela primeira vez em 1854.
História em construção “[Coketown] Era uma cidade de tijolos vermelhos, ou de tijolos que seriam
vermelhos caso as cinzas e a fumaça permitissem [...]. Era uma cidade de máquinas e chaminés altas [...].
Havia um canal negro e um rio que corria púrpura por causa da tintura malcheirosa, e grandes pilhas de
edifícios cheios de janelas, onde se ouviam ruídos e tremores o dia inteiro, e onde o pistão das máquinas a
vapor trabalhava monótono [...]. Havia ruas largas, todas muito semelhantes, [...] e ruelas ainda mais
semelhantes umas às outras, onde moravam pessoas também semelhantes umas às outras, que saíam e
entravam nos mesmos horários, produzindo os mesmos sons nas mesmas calçadas, para fazer o mesmo
trabalho, e para quem cada dia era o mesmo de ontem e de amanhã [...].”

18. Como Charles Dickens descreve a cidade fictícia de Coketown em seu romance?
19. A industrialização alterou o cotidiano e a maneira de viver dos trabalhadores ingleses. O trecho citado
acima confirma ou nega esse processo? Justifique.
20. Em sua opinião, a literatura pode ser utilizada como fonte de informação para a escrita da história

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