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COLETIVOS E
INDIVIDUAIS
HOMOGÊNEOS
E DIREITO
PROCESSUAL
COLETIVO
Direitos Fundamentais do Processo
Coletivo
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITOS DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS E
DIREITO PROCESSUAL COLETIVO
Direitos Fundamentais do Processo Coletivo
Diogo Surdi
Sumário
Direitos Fundamentais do Processo Coletivo. .................................................................................................3
1. Teoria Geral dos Direitos Difusos e Coletivos.............................................................................................3
1.1. Evolução Histórica dos Direitos Fundamentais e do Processo Coletivo. .................................3
1.2. Distinção entre Direitos e Interesses. ..........................................................................................................9
1.3. Interesse Primário e Secundário.................................................................................................................. 10
1.4. Características dos Direitos Fundamentais............................................................................................13
1.5. Destinatários............................................................................................................................................................17
1.6. Eficácia Horizontal e Vertical..........................................................................................................................18
1.7. Interesses Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos..............................................................19
2. Princípios do Direito Processual Coletivo Comum.................................................................................21
2.1. Princípio do Acesso à Justiça......................................................................................................................... 22
2.2. Princípio do Devido Processo Legal Coletivo...................................................................................... 22
2.3. Princípio da Não Taxatividade. . .....................................................................................................................23
2.4. Princípio da Prioridade Jurisdicional.........................................................................................................23
2.5. Princípio da Indisponibilidade....................................................................................................................... 24
2.6. Princípio da Participação no Processo e pelo Processo. ............................................................... 24
2.7. Princípio da Reparação Integral do Dano...............................................................................................25
2.8. Princípio da Obrigatoriedade da Execução Coletiva pelo Ministério Público. ..................25
2.9. Princípio da Predominância de Aspectos Inquisitoriais................................................................25
3. Tutela de Urgência, Tutela de Segurança, Tutela de Evidência e Tutela Inibitória no
Processo Coletivo.. ........................................................................................................................................................26
3.1. Tutela de Urgência................................................................................................................................................26
3.2. Tutela de Evidência.. ............................................................................................................................................30
3.3. Tutela de Segurança...........................................................................................................................................30
3.4. Tutela Inibitória.....................................................................................................................................................32
Resumo................................................................................................................................................................................34
Questões de Concurso................................................................................................................................................40
Gabarito...............................................................................................................................................................................49
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................50
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Obs.: Inicialmente, a atuação do Estado consistia em uma série de imposições e deveres aos
indivíduos que estavam sob a sua proteção.
Como resultado destas ações do Poder Público, tínhamos uma população acuada e
que praticamente não podia expressar as suas vontades.
Com o surgimento dos primeiros direitos fundamentais, passou-se a exigir uma “não
atuação” do Estado, resultando em um aumento das liberdades conferidas à população
e em uma maior autonomia das relações privadas ante a atuação do Poder Público.
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Como exemplo de tratado global, pode-se citar o Pacto Internacional sobre Direitos Políticos.
Como exemplo de convenção regional, cita-se a Convenção Americana de Direitos Humanos.
Em ambas as situações, para que os direitos humanos previstos nos acordos possam ter vali-
dade em um determinado Estado, faz-se necessário que o respectivo país reconheça e positive
os direitos acordados.
Uma vez positivados, tais direitos podem ou não assumir o status de direitos fundamentais.
De acordo com o momento histórico em que surgiram e foram reconhecidos pelo orde-
namento jurídico, os direitos fundamentais podem ser classificados em cinco gerações ou
dimensões.
a) Primeira Geração: Até meados da Idade Média, o Estado era conduzido mediante as
ordens da monarquia. As opiniões do rei, nesta época, eram absolutas, não podendo ser objeto
de contestação por parte da população.
Com o passar do tempo, os indivíduos começaram a se revoltar com os desmandos e
abusos cometidos, dando ensejo ao surgimento do Liberalismo e dos primeiros direitos
fundamentais.
Os direitos fundamentais de primeira geração são formados pela necessidade de uma “não
atuação” do Estado, aumentando assim a liberdade da população.
Por este motivo, tais direitos são comumente conhecidos como “direitos negativos” ou “di-
reitos de defesa”, uma vez que são resultados da necessidade de proteção à população ante
os desmandos do Estado.
Importante mencionar que os direitos fundamentais de primeira geração surgiram em me-
ados do século XVIII, possuindo como principal objetivo a conquista de liberdade e sendo ma-
terializado pelos direitos políticos e civis.
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Na medida em que direitos sociais como as férias e o descanso semanal remunerado são
garantidos à população, temos um Estado que não apenas está deixando de agir, mas sim que
está ofertando à população melhores condições de vida.
Nesta situação, o que está pautando a atuação estatal é a igualdade, de forma que todas as
pessoas que estejam sob a mesma condição devem fazer jus aos mesmos benefícios e pres-
tações do Poder Público.
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O direito a integridade do meio ambiente – típico direito de terceira geração – constitui prerrogativa
jurídica de titularidade coletiva, refletindo, dentro do processo de afirmação dos direitos humanos,
a expressão significativa de um poder atribuído, não ao indivíduo identificado em sua singularidade,
mas, num sentido verdadeiramente mais abrangente, a própria coletividade social. Enquanto os di-
reitos de primeira geração (direitos civis e políticos) – que compreendem as liberdades clássicas,
negativas ou formais – realçam o princípio da liberdade e os direitos de segunda geração (direitos
econômicos, sociais e culturais) – que se identifica com as liberdades positivas, reais ou concretas
– acentuam o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração, que materializam poderes de
titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais, consagram o princípio
da solidariedade e constituem um momento importante no processo de desenvolvimento, expansão
e reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados, enquanto valores fundamentais indisponí-
veis, pela nota de uma essencial inexauribilidade.
Tais direitos foram introduzidos no âmbito jurídico pela globalização política, compreendem o di-
reito à democracia, informação e pluralismo. Os direitos fundamentais de quarta dimensão com-
pendiam o futuro da cidadania e correspondem à derradeira fase da institucionalização do Estado
social sendo imprescindíveis para a realização e legitimidade da globalização política.
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e) Quinta Geração: Parte da doutrina identifica, ainda, uma quinta dimensão ou geração
de direitos fundamentais. De acordo com esta corrente, fortemente defendida por constitucio-
nalistas como Paulo Bonavides, a quinta geração seria representada como o direito de toda a
espécie humana à paz.
De acordo com o mencionado autor, a concepção de paz deve ser a mais ampla possível,
abrangendo todas as nações e servindo de base para a preservação da dignidade da pes-
soa humana.
Desta forma, podemos resumir todas as características acerca das gerações ou dimen-
sões dos direitos fundamentais por meio do gráfico abaixo:
Geração ou
Fundamento Características
Dimensão
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Conceitua-se processo coletivo como aquele instaurado por ou em face de um legitimado autôno-
mo, em que se postula um direito coletivo lato sensu ou se postula um direito em face de um titular
de um direito coletivo lato sensu, com o fito de obter uma providência jurisdicional que atingirá uma
coletividade ou um número determinado de pessoas.
Ação coletiva é, pois, a demanda que dá origem a um processo coletivo, pela qual se afirma a exis-
tência de uma situação jurídica coletiva ativa ou passiva. Tutela jurisdicional coletiva é a proteção
que se confere a uma situação jurídica coletiva ativa (direitos coletivos lato sensu) ou a efetivação
de situações jurídicas (individuais ou coletivas) em face de uma coletividade, que seja titular de uma
situação jurídica coletiva passiva (deveres ou estados de sujeição coletivos)
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Observa-se assim que a ação coletiva é o instrumento por meio do qual temos o início do
processo coletivo, cujo objeto é a tutela jurisdicional coletiva.
No caso de processo instaurado para a defesa de direitos coletivos em sentido amplo, são tama-
nhas as diferenças em relação ao processo tradicional-individualista que se convencionou identifi-
cá-lo como processo coletivo. A par de inúmeras peculiaridades, pode-se elencar três característi-
cas principais do processo coletivo: a) objeto; b) legitimidade para agir; c) coisa julgada.
Desta forma, podemos memorizar que três são as principais peculiaridades do processo
coletivo em relação ao processo individual, sendo elas:
• O objeto: direitos difusos, direitos coletivos em sentido estrito ou direitos individuais
homogêneos.
• A legitimidade para agir: legitimação extraordinária ou legitimação autônoma, que é
aquela distinta da parte que está eventualmente sofrendo a lesão.
• A coisa julgada: efeitos erga omnes no caso de direitos difusos e direitos individuais
homogêneos e efeitos ultra partes no caso de direitos coletivos em sentido estrito.
Neste ponto da matéria, apenas é necessário que tenhamos conhecimento destas característi-
cas. Ao longo da aula, nos aprofundaremos, quando necessário, nas peculiaridades mencionadas.
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Assim, ao passo que o interesse se refere apenas a uma pretensão, o direito abarca um
fundamento lógico que serve de base para que o pedido efetivamente seja realizado perante a
autoridade competente.
No âmbito da proteção coletiva, ainda que o mais correto seja a utilização do termo “direi-
to”, ambas as definições são constantemente utilizadas com o mesmo significado.
Prova disso é que o próprio texto da Constituição Federal estabelece, em diversas passa-
gens, a proteção aos “direitos e interesses”.
Art. 5º, LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funciona-
mento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
III – ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclu-
sive em questões judiciais ou administrativas;
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e indi-
viduais indisponíveis.
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social,
do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
V – defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;
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Indisponibilidade do Interesse
Supremacia do Interesse Público
Público
Agora que conhecemos estes dois princípios, surge uma questão interessante: o interes-
se público mencionado em ambos os casos é o primário ou o secundário?
Antes de respondermos esta importante questão, devemos saber que o interesse público
primário é o verdadeiro interesse do Poder Público, ou, em outras palavras, a razão de ser da
Administração Pública, que possui como finalidade o bem estar da coletividade.
Já o interesse público secundário é aquele leva em conta, preponderantemente, o interesse
patrimonial do Poder Público, e não o da coletividade.
O autor Celso Antônio Bandeira de Mello apresenta uma importante definição e distinção
em relação a estes dois interesses:
Primário: coincide com a realização de políticas públicas voltadas para o bem estar social. Satisfaz
o interesse da sociedade, do todo social. O interesse público primário justifica o regime jurídico ad-
ministrativo e pode ser compreendido como o próprio interesse social, o interesse da coletividade
como um todo. Pode-se afirmar também que os interesses primários estão ligados aos objetivos do
Estado, que não são interesses ligados a escolhas de mera conveniência de Governo, mas sim de-
terminações que emanam do texto constitucional, notadamente do art. 3º da Constituição Federal.
Secundário: decorre do fato de que o Estado também é uma pessoa jurídica que pode ter interesses
próprios, particulares. “O Estado pode ter, tanto quanto as demais pessoas, interesses que lhe são
particulares, individuais.” Estes interesses existem e devem conviver no contexto dos demais inte-
resses individuais. De regra, o interesse secundário tem cunho patrimonial, tendo como exemplos o
pagamento de valor ínfimo em desapropriações, a recusa no pagamento administrativo de valores
devidos a servidor público, a título de remuneração.
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Retornando para a indagação inicial, o interesse público que é defendido pelo Poder Públi-
co em todas as ações coletivas destinadas a proteger os interesses transindividuais é o primá-
rio, ou seja, o interesse que tem como fundamento o bem estar coletivo.
• Interesse Primário: leva em conta o bem estar coletivo, sendo a razão de existir do Poder
Público. É o fundamento de validade para a tutela coletiva dos direitos transindividuais.
• Interesse Secundário: leva em conta o interesse patrimonial do Estado.
Se tomarmos como exemplo o direito à vida, nota-se que se trata de um direito fundamental
que deve ser assegurado a toda a humanidade. Todas as pessoas são titulares deste direito,
que, devido à sua importância, é reconhecido como parte de um núcleo essencial de direitos
fundamentais.
Se, em sentido, oposto, tomarmos como exemplo o direito social a férias remuneradas, vere-
mos que este, ainda que se seja um direito fundamental, não é assegurado, indistintamente, a
toda a população, mas sim apenas aos trabalhadores.
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Desta forma, os direitos fundamentais não podem ser utilizados como uma forma de acober-
tar o cometimento de atividades ilícitas, tampouco a responsabilidade das pessoas que, fazendo
uso deste direito, cometam infrações tipificadas como crime em nosso ordenamento jurídico.
Em caso de conflito entre dois ou mais direitos fundamentais, deverá a autoridade com-
petente, analisando o caso concreto, fazer uso da concordância prática ou da harmonização.
Nesta situação, um direito prevalecerá sobre o outro, de forma que a decisão apenas será
aplicável às partes do conflito. Caso, posteriormente, ambos os direitos novamente sejam ob-
jeto de conflito, a autoridade deverá realizar o mesmo procedimento de análise do caso concre-
to, podendo perfeitamente decidir pela prevalência do outro direito. Tudo dependerá, conforme
mencionado, da análise do caso concreto.
Caso uma pessoa, invocando o direito fundamental da liberdade de pensamento, expresse comen-
tários racistas acerca de outrem, estaremos diante de um conflito entre direitos fundamentais.
De um lado, a liberdade do pensamento. Do outro, a vedação ao racismo.
Nesta situação, a autoridade competente deverá analisar o caso concreto e decidir, com base
na ponderação e na harmonização, qual o direito que deverá prevalecer.
Como a decisão apenas produzirá efeitos para as partes envolvidas, nada impede que a autori-
dade competente, em momento posterior, e estando diante de uma situação onde os mesmos
direitos estejam em conflito, decida de forma contrária.
Ainda que a imensa maioria da doutrina entenda que nenhum dos direitos e garantias fun-
damentais possua caráter absoluto, tem crescido, cada vez mais, o entendimento (ainda mino-
ritário) de que três situações seriam o caso de direitos de caráter absoluto, sendo eles:
• A proibição à tortura;
• A proibição à escravidão;
• A proibição ao tratamento cruel ou degradante;
Todas as três situações derivam do princípio maior da dignidade da pessoa humana. De acor-
do com a doutrina que defende a existência de direitos de caráter absoluto, a relativização das situ-
ações apresentadas acabaria gerando uma relativização da própria dignidade da pessoa humana.
Neste sentido, merece destaque o entendimento de Ingo Wolfgang Sarlet:
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Uma das principais finalidades dos direitos fundamentais é assegurar a todos a dignidade da
pessoa humana.
Contudo, você acha que este objetivo será alcançado em sua plenitude de que maneira: com
apenas alguns dos direitos ou com todos os direitos fundamentais existentes?
Logicamente que a utilização e interpretação de todos os direitos fundamentais é que propor-
cionará o atingimento da finalidade.
1.5. Destinatários
Inicialmente, os destinatários dos direitos fundamentais eram apenas as pessoas naturais,
uma vez que o que estava sendo exigido era uma não atuação do Estado em prol da liberdade
da população.
Com o tempo, a doutrina passou a estender os efeitos dos direitos fundamentais para as
pessoas jurídicas, sendo que uma série de direitos positivados em nosso ordenamento são
destinados a tais pessoas.
Modernamente, os direitos fundamentais passaram a ter como destinatários, ainda, o pró-
prio Estado, ou seja, órgãos e entidades da Administração Pública.
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Isso não implica em dizer que todos os direitos fundamentais previstos da Constituição Fe-
deral são destinados, indistintamente, às pessoas naturais, às pessoas jurídicas e ao Estado.
Em sentido oposto, nossa Constituição Federal apresenta direitos que possuem como des-
tinatários exclusivamente as pessoas naturais, direitos que apenas podem ser exercidos pe-
las pessoas jurídicas, direitos exclusivos do Estado e, ainda, direitos fundamentais que podem
ser exercidos pelas três classes de pessoas.
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Suponhamos que duas pessoas tenham formulado um contrato de trabalho, sendo que uma
das cláusulas do instrumento em questão previa que o trabalhador renunciaria expressamente
ao seu direito de férias anuais remuneradas.
Nesta situação, o contrato de trabalho é válido?
A reposta é sim! Como estamos no âmbito das relações particulares, nada impede que um ins-
trumento seja pactuado da forma como demonstrado.
Contudo, como as férias anuais remuneradas são um dos direitos sociais previstos na Consti-
tuição Federal, tal cláusula é nula, não podendo ser invocada por nenhuma das partes.
Nesta situação, o que tivemos foi a eficácia dos direitos fundamentais influenciando as rela-
ções entre particulares.
Quando os direitos fundamentais são utilizados no âmbito das relações entre particula-
res, estamos diante da eficácia horizontal destes direitos, também conhecida como eficá-
cia externa.
Por outro lado, quando os direitos fundamentais são utilizados no âmbito das relações
entre os particulares e o Poder Público, a eficácia será vertical ou interna.
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Os direitos ou interesses difusos são aqueles que são compartilhados por um grupo inde-
terminável de pessoas e possuem natureza indivisível. Como exemplo, pode-se citar as ações
relacionadas com a defesa do meio-ambiente.
Os direitos ou interesses coletivos também são compartilhados por um grupo de pessoas.
Contudo, ao contrário do que acontece com os direitos difusos, tal grupo é determinável, ou
seja, é possível identificar todas as pessoas que estão usufruindo daquele direito.
Um exemplo seria uma ação civil pública coletiva com a finalidade de anular cláusula de-
corrente de um contrato celebrado com a finalidade de repassar valores públicos para a cons-
trução de casas populares. Nesta hipótese, sabe-se quais são as pessoas que beneficiadas
com a construção das casas populares, sendo elas, portando, determináveis e decorrentes de
uma relação jurídica.
Os direitos ou interesses individuais homogêneos também reúnem um grupo determiná-
vel de pessoas, mas, ao contrário do que ocorre com os direitos coletivos, os interesses são
divisíveis, ou seja, possuem uma origem comum. Como exemplo, temos uma ação coletiva
com o propósito de obter indenização decorrente da não prestação de serviço público federal.
Neste caso, a ação coletiva apenas reúne as pessoas que foram lesadas em virtude de
uma mesma prestação de serviços. Contudo, a indenização pode ser diferente de uma para
outra pessoa, a depender da gravidade do dano causado.
Direitos ou Grupo Decorrem de uma situação
Objeto
Interesses indeterminável de que une todas as pessoas
indivisível
Difusos pessoas envolvidas
Direitos ou
Grupo Apenas possuem origem
Interesses Objeto
determinável de comum, ensejando diferentes
Individuais divisível
pessoas resultados
Homogêneos
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Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em
juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividu-
ais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si
ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;
III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.
Podemos relacionar a força normativa dos princípios com a construção de uma torre:
Inicialmente, e como forma de evitar que um futuro desabamento ocorra, devem os responsá-
veis pela construção garantir que a base seja extremamente sólida. Caso contrário, ainda que
o restante da construção seja perfeita, correrá a obra o risco de desabar, situação que deixaria
todo o trabalho posterior seriamente comprometido.
Assim também ocorre com o nosso ordenamento jurídico: Se não tivermos uma base sólida
(os Princípios), toda a construção posterior (as Leis) pode ficar comprometida.
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Ainda que inúmeros sejam os princípios que orientem a atuação do administrador em re-
lação ao processo coletivo, é possível identificar, de acordo com a doutrina majoritária, os
seguintes princípios do direito processual coletivo comum.
Art. 5º, LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
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No âmbito do processo coletivo, o devido processo legal implica em assegurar que todas
as fases ou etapas do processo sejam devidamente observadas, sem prejuízo para os particu-
lares que estão sendo defendidos.
A título de exemplo, podemos elencar as formalidades estabelecidas no CDC em relação à
competência para julgamento da demanda e no que se refere à obrigatoriedade de publicação
no meio oficial como forma de garantir que todos os interessados possam intervir no processo
como litisconsortes.
Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a justiça local:
I – no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local;
II – no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou re-
gional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência concorrente.
Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de que os interessados possam
intervir no processo como litisconsortes, sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios de comuni-
cação social por parte dos órgãos de defesa do consumidor.
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsa-
bilidade por danos morais e patrimoniais causados:
IV – a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.
Sendo assim, como decorrência do princípio da não taxatividade, todo e qualquer interesse
difuso ou coletivo pode ser defendido por meio da ação judicial competente (normalmente,
uma Ação Civil Pública).
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Art. 5º, § 3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o
Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa.
Além disso, caso o Ministério Público tenha o interesse em arquivar o processo, o rito a ser
observado será bem mais dificultoso do que o previsto, por exemplo, para as ações individuais.
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Fica evidente aqui a presença do princípio de reparação integral do dano: mesmo que não tenha sido
feito o pedido de condenação, este se retira da natureza da ação popular e da ação de improbidade
administrativa, admitindo-se uma espécie de pedido implícito.
No âmbito legislativo, o princípio em questão pode ser mais bem verificado por meio do art.
11 da Lei da Ação Popular:
Art. 11. A sentença que, julgando procedente a ação popular, decretar a invalidade do ato impugna-
do, condenará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e os beneficiários
dele, ressalvada a ação regressiva contra os funcionários causadores de dano, quando incorrerem
em culpa.
Trata-se de uma regra que faz todo o sentido: como, nas ações coletivas, o bem tutelado
envolve toda a coletividade, a reparação integral do dano implica em um dever do particular
para com a sociedade na qual ele está inserido.
Art. 15. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória, sem que a
associação autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual
iniciativa aos demais legitimados.
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Sendo assim, os tribunais e juízes que, no exercício de suas funções, tiverem conhecimen-
to de fatos que possam ensejar a propositura da ação civil, deverão remeter as peças ao Mi-
nistério Público para as providências cabíveis.
LACP. Art. 7º Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribunais tiverem conhecimento de fatos
que possam ensejar a propositura da ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as pro-
vidências cabíveis.
Quando falamos em tutela, estamos nos referindo à possibilidade de uma decisão ser to-
mada antes da prolação da sentença. De acordo com a doutrina, é possível identificar dois
requisitos que, primordialmente, devem estar presentes para a concessão da tutela, sendo eles
o fumus boni juris e o periculum in mora.
O fumus boni juris consiste na probabilidade de os fatos imputados ao agente público
serem verossímeis. Isso não significa que o ato deve estar cabalmente provado, uma vez que
tal pressuposto é averiguado por ocasião da sentença. O que deve existir é uma grande possi-
bilidade, no curso do processo administrativo, da ocorrência da infração ou conduta que está
sendo alegada.
O periculum in mora (também conhecido como perigo de dano iminente e irreparável) por
sua vez, refere-se à possibilidade na não adoção de uma medida rápida e célere prejudicar de-
masiadamente o direito que está sendo violado, trazendo danos irreparáveis.
Em um primeiro momento, é importante salientar que a tutela de urgência poderá ser con-
cedida em caráter antecedente ou incidental.
Na tutela antecedente, o pedido está relacionado com a mesma finalidade do processo,
tratando-se, por isso mesmo, de uma mera “antecipação” da decisão que posteriormente será
prolatada.
Na tutela incidental, por sua vez, o pedido é feito durante o transcurso do processo ou,
ainda, como uma questão paralela. Consequentemente, a tutela incidental segue “ao lado” do
processo. Um ponto a ser destacado é que a tutela provisória requerida em caráter incidental
independe do pagamento de custas.
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A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, mas pode, a qualquer
tempo, ser revogada ou modificada. Neste sentido, salvo decisão judicial em contrário, a tutela
provisória conservará a eficácia durante o período de suspensão do processo.
A tutela provisória será requerida ao juízo da causa e, quando antecedente, ao juízo com-
petente para conhecer do pedido principal. Na decisão que conceder, negar, modificar ou revo-
gar a tutela provisória, o juiz motivará seu convencimento de modo claro e preciso.
De acordo com o CPC, a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
Basicamente, há a necessidade de comprovação do fumus boni juris e do periculum in mora.
Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real
ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a
caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.
Aqui, é importante destacar que a tutela em questão pode ser concedida de forma anteci-
pada ou com natureza cautelar.
Quando tiver natureza antecipada, a tutela de urgência não será concedida quando houver
perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.
Já a tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, seques-
tro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida
idônea para asseguração do direito.
Independentemente da reparação por dano processual, a parte responde pelo prejuízo que
a efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa, se:
a) a sentença lhe for desfavorável;
b) obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não fornecer os meios necessários
para a citação do requerido no prazo de 5 dias;
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De acordo com a doutrina, a tutela de urgência pode ser classificada quanto ao conteúdo e
quanto ao momento de concessão, da seguinte forma:
Antecipada: Ocorre quando o Cautelar: O mérito da decisão
mérito do pedido é antecipado. não é antecipado, sendo
Conteúdo
Logo, o que se pede ao final é que o objetivo é garantir o
concedido antes da sentença. provimento final do pedido.
Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial
pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a
exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil
do processo.
§ 1º Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste artigo:
I – o autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação de sua argumentação, a juntada
de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela final, em 15 (quinze) dias ou em outro
prazo maior que o juiz fixar;
II – o réu será citado e intimado para a audiência de conciliação ou de mediação na forma do art. 334;
III – não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na forma do art. 335.
§ 2º Não realizado o aditamento a que se refere o inciso I do § 1º deste artigo, o processo será ex-
tinto sem resolução do mérito.
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§ 3º O aditamento a que se refere o inciso I do § 1º deste artigo dar-se-á nos mesmos autos, sem
incidência de novas custas processuais.
§ 4º Na petição inicial a que se refere o caput deste artigo, o autor terá de indicar o valor da causa,
que deve levar em consideração o pedido de tutela final.
§ 5º O autor indicará na petição inicial, ainda, que pretende valer-se do benefício previsto no caput
deste artigo.
§ 6º Caso entenda que não há elementos para a concessão de tutela antecipada, o órgão jurisdicio-
nal determinará a emenda da petição inicial em até 5 (cinco) dias, sob pena de ser indeferida e de o
processo ser extinto sem resolução de mérito.
Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-se estável se da decisão que
a conceder não for interposto o respectivo recurso.
§ 1º No caso previsto no caput, o processo será extinto.
§ 2º Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou invalidar a
tutela antecipada estabilizada nos termos do caput.
§ 3º A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista, reformada ou invalidada por
decisão de mérito proferida na ação de que trata o § 2º.
§ 4º Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos autos em que foi concedida a medida,
para instruir a petição inicial da ação a que se refere o § 2º, prevento o juízo em que a tutela antecipada
foi concedida.
§ 5º O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto no § 2º deste artigo, extingue-se
após 2 (dois) anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo, nos termos do § 1º.
§ 6º A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade dos respectivos efei-
tos só será afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada por
uma das partes, nos termos do § 2º deste artigo.
Na tutela cautelar, por sua vez, as regras a serem observadas constam nos art. 305 a 310,
com a seguinte redação:
Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter antecedente
indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo
de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza antecipada, o juiz
observará o disposto no art. 303.
Art. 306. O réu será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar o pedido e indicar as provas
que pretende produzir.
Art. 307. Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo autor presumir-se-ão aceitos pelo
réu como ocorridos, caso em que o juiz decidirá dentro de 5 (cinco) dias.
Parágrafo único. Contestado o pedido no prazo legal, observar-se-á o procedimento comum.
Art. 308. Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado pelo autor no prazo de
30 (trinta) dias, caso em que será apresentado nos mesmos autos em que deduzido o pedido de
tutela cautelar, não dependendo do adiantamento de novas custas processuais.
§ 1º O pedido principal pode ser formulado conjuntamente com o pedido de tutela cautelar.
§ 2º A causa de pedir poderá ser aditada no momento de formulação do pedido principal.
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§ 3º Apresentado o pedido principal, as partes serão intimadas para a audiência de conciliação ou
de mediação, na forma do art. 334, por seus advogados ou pessoalmente, sem necessidade de nova
citação do réu.
§ 4º Não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na forma do art. 335.
Art. 309. Cessa a eficácia da tutela concedida em caráter antecedente, se:
I – o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal;
II – não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias;
III – o juiz julgar improcedente o pedido principal formulado pelo autor ou extinguir o processo sem
resolução de mérito.
Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela cautelar, é vedado à parte reno-
var o pedido, salvo sob novo fundamento.
Art. 310. O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a parte formule o pedido principal, nem
influi no julgamento desse, salvo se o motivo do indeferimento for o reconhecimento de decadência
ou de prescrição.
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A tutela de segurança ganha maior destaque no curso dos procedimentos coletivos, uma
vez que, por intermédio de diversos instrumentos jurídicos, é possível garantir que direitos de
um grupo de pessoas (ou mesmo de toda a coletividade) sejam tutelados.
Um dos principais instrumentos de efetivação destes direitos é o mandado de seguran-
ça coletivo.
A possibilidade de impetração de mandado de segurança coletivo decorre de uma previ-
são constitucional. Assim, estabelece a Constituição Federal, em seu art. 5º, LXX, a seguin-
te redação:
Art. 5º, LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funciona-
mento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
Obs.: Caso o partido, após o ajuizamento, deixe de contar com a representação exigida, o
mandado de segurança não será extinto por ilegitimidade.
O que é exigido, apenas, é o atendimento da representação no momento da impetra-
ção. Depois disso, mesmo que o partido deixe de atender esta regra, o mandado segui-
rá normalmente o seu curso.
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Com relação às entidades de classe, o STF possui entendimento sumulado de que a possi-
bilidade de interposição de mandado de segurança coletivo ocorre ainda que a pretensão seja
de interesse, apenas, de uma parte da categoria.
Súmula n. 630 – A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando
a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.
Logo, não há necessidade de interesse, por exemplo, de toda a classe para que a entidade
possa ajuizar um mandado de segurança coletivo.
Importante frisar que a interposição de mandado de segurança coletivo por parte de en-
tidade de classe independe da autorização dos associados. Assim, por exemplo, é o entendi-
mento do STF:
Súmula n. 629 – A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor
dos associados independe da autorização destes.
Merece ser destacado, ainda, que o mandado de segurança coletivo, tal como ocorre com
o individual, trata-se de uma ação residual, ou seja, que apenas pode ser proposta quando não
existir outro remédio constitucional disponível.
Art. 497, Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a prática, a reite-
ração ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência
de dano ou da existência de culpa ou dolo.
Não há uma lista taxativa de situações em que a tutela inibitória pode ser aplicada. Em
sentido diverso, a doutrina identifica uma série de atividades que podem dar ensejo à utilização
deste importante instrumento.
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RESUMO
A origem dos direitos fundamentais está intimamente relacionada com a necessidade de
imposição de limites à atuação do Estado. Por intermédio dos direitos fundamentais, desta
forma, os indivíduos passaram a contar com uma proteção, gerando um aumento em sua li-
berdade e uma limitação na atuação do Poder Público.
Não devemos confundir os direitos fundamentais, contudo, com os direitos humanos.
O termo direitos humanos trata-se de um conceito mais amplo, compreendendo todos os direi-
tos reconhecidos em tratados e convenções internacionais pelo direito internacional público.
Os direitos fundamentais, por sua vez, são os direitos reconhecidos à população de um
dado território mediante a confecção de um documento específico. E este documento especí-
fico nada mais é do que a Constituição do respectivo país, responsável por instituir o ordena-
mento jurídico e por positivar os direitos assegurados aos seus indivíduos.
Com isso, chegamos à importante conclusão de que nem todos os direitos humanos são
considerados direitos fundamentais, mas sim apenas aqueles que foram positivados pela
Constituição Federal.
De acordo com o momento histórico em que surgiram e foram reconhecidos pelo ordenamento
jurídico, os direitos fundamentais podem ser classificados em cinco gerações ou dimensões.
Geração ou
Fundamento Características
Dimensão
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Geração ou
Fundamento Características
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É importante, antes de conhecermos o rito processual a ser observado nas ações coletivas,
que tenhamos contato com as principais similaridades e diferenças existentes entre os direi-
tos ou interesses difusos, coletivos em sentido estrito e individuais homogêneos.
Antes disso, é importante mencionar que todos estes direitos ou interesses formam, em
conjunto, os direitos transindividuais.
Os direitos ou interesses difusos são aqueles que são compartilhados por um grupo inde-
terminável de pessoas e possuem natureza indivisível. Como exemplo, pode-se citar as ações
relacionadas com a defesa do meio-ambiente.
Os direitos ou interesses coletivos também são compartilhados por um grupo de pessoas.
Contudo, ao contrário do que acontece com os direitos difusos, tal grupo é determinável, ou
seja, é possível identificar todas as pessoas que estão usufruindo daquele direito.
Os direitos ou interesses individuais homogêneos também reúnem um grupo determiná-
vel de pessoas, mas, ao contrário do que ocorre com os direitos coletivos, os interesses são
divisíveis, ou seja, possuem uma origem comum. Como exemplo, temos uma ação coletiva
com o propósito de obter indenização decorrente da não prestação de serviço público federal.
Neste caso, a ação coletiva apenas reúne as pessoas que foram lesadas em virtude de uma
mesma prestação de serviços. Contudo, a indenização pode ser diferente de uma para outra
pessoa, a depender da gravidade do dano causado.
Grupo Decorrem de uma situação
Direitos ou Objeto
indeterminável de que une todas as pessoas
Interesses Difusos indivisível
pessoas envolvidas
Direitos ou
Grupo Apenas possuem origem
Interesses Objeto
determinável de comum, ensejando
Individuais divisível
pessoas diferentes resultados
Homogêneos
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Quando falamos em tutela, estamos nos referindo à possibilidade de uma decisão ser to-
mada antes da prolação da sentença. De acordo com a doutrina, é possível identificar dois
requisitos que, primordialmente, devem estar presentes para a concessão da tutela, sendo eles
o fumus boni juris e o periculum in mora.
O fumus boni juris consiste na probabilidade de os fatos imputados ao agente público serem ve-
rossímeis. Isso não significa que o ato deve estar cabalmente provado, uma vez que tal pressuposto
é averiguado por ocasião da sentença. O que deve existir é uma grande possibilidade, no curso do
processo administrativo, da ocorrência da infração ou conduta que está sendo alegada.
O periculum in mora (também conhecido como perigo de dano iminente e irreparável) por
sua vez, refere-se à possibilidade na não adoção de uma medida rápida e célere prejudicar de-
masiadamente o direito que está sendo violado, trazendo danos irreparáveis.
A tutela de urgência poderá ser concedida em caráter antecedente ou incidental. Na tutela an-
tecedente, o pedido está relacionado com a mesma finalidade do processo, tratando-se, por isso
mesmo, de uma mera “antecipação” da decisão que posteriormente será prolatada. Na tutela inci-
dental, por sua vez, o pedido é feito durante o transcurso do processo ou, ainda, como uma questão
paralela. Consequentemente, a tutela incidental segue “ao lado” do processo. Um ponto a ser desta-
cado é que a tutela provisória requerida em caráter incidental independe do pagamento de custas.
A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, mas pode, a qualquer
tempo, ser revogada ou modificada. Neste sentido, salvo decisão judicial em contrário, a tutela
provisória conservará a eficácia durante o período de suspensão do processo.
A tutela provisória será requerida ao juízo da causa e, quando antecedente, ao juízo com-
petente para conhecer do pedido principal. Na decisão que conceder, negar, modificar ou revo-
gar a tutela provisória, o juiz motivará seu convencimento de modo claro e preciso.
É importante destacar que a tutela em questão pode ser concedida de forma antecipada
ou com natureza cautelar. Quando tiver natureza antecipada, a tutela de urgência não será
concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.
Já a tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, seques-
tro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida
idônea para asseguração do direito.
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Não há uma lista taxativa de situações em que a tutela inibitória pode ser aplicada. Em
sentido diverso, a doutrina identifica uma série de atividades que podem dar ensejo à utilização
deste importante instrumento.
Trata-se a tutela inibitória de uma ação de conhecimento de natureza preventiva, sendo
destinada a impedir a prática, a repetição ou a continuação do ilícito. Como resultado, podere-
mos ter a determinação da obrigação de fazer ou de deixa de fazer alguma coisa, sob pena da
aplicação das sanções legalmente estabelecidas.
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (CEBRASPE-CESPE/DP-RS/DPE-RS/2022) A respeito da tutela provisória, julgue o item
seguinte, à luz do Código de Processo Civil.
Apenas para os casos de tutela provisória de urgência — antecipada ou cautelar —, o Código de
Processo Civil prevê expressamente que a parte responderá pelo prejuízo que a efetivação da
tutela causar à parte adversa, em caso de sentença desfavorável àquele que a requereu.
004. (VUNESP/ADV (CODEN)/CODEN/2021) Poderá ser proferida decisão contra uma das
partes sem que ela seja previamente ouvida
a) como regra geral do direito processual civil.
b) no caso de concessão de tutela de evidência, quando ficar caracterizado o abuso de direito
de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte.
c) no caso de concessão de tutela de evidência, quando a petição inicial for instruída com pro-
va documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o Réu não oponha
prova capaz de gerar dúvida razoável.
d) no caso de concessão de tutela de evidência, desde que demonstrado o perigo de dano ou
de risco ao resultado útil do processo, quando as alegações de fato puderem ser comprovadas
documentalmente.
e) nos casos de tutela provisória de urgência.
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006. (CEBRASPE-CESPE/PJ (MPE SC)/MPE SC/2021) Alison deixou de cumprir sua parte
em obrigação de dar coisa certa firmada com Nicolas, razão por que este ajuizou ação cabível,
juntando as devidas provas do incumprimento. Citado, Alison se desfez da coisa objeto da
obrigação. Nicolas, então, requereu tutela provisória em caráter incidental, com a intenção de
resguardar seu direito.
A partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir, à luz das disposições do Código de
Processo Civil.
A tutela provisória incidental requerida por Nicolas depende do devido pagamento de custas.
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Já a locução direitos fundamentais é reservada aos direitos relacionados com posições bási-
cas das pessoas, inscritos em diplomas normativos de cada Estado. São direitos que vigem
numa ordem jurídica concreta, sendo, por isso, garantidos e limitados no espaço e no tempo,
pois são assegurados na medida em que cada Estado os consagra.”
(MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 13. ed. São Paulo:
Saraiva Educação, 2018. p. 147)
011. (FCC/ANA JUR (SEAD AP)/SEAD AP/2018) Em relação à eficácia horizontal dos direitos
fundamentais, são destinatários das normas constitucionais que dispõem sobre esses direitos:
a) as Entidades autárquicas.
b) os Órgãos do Poder Executivo.
c) as Entidades paraestatais.
d) os Particulares.
e) os Órgãos do Poder Judiciário.
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022. (INSTITUTO AOCP – DEL POL (PC PA)/PC PA/2021) Analise a seguinte situação
hipotética:
Maria, casada, mãe de dois filhos, teve a terceira gestação aos quarenta e quatro anos. Quando
estava na 13ª semana da gestação, descobriu que o feto era anencéfalo e, com 100% de certe-
za, não teria perspectiva de sobrevida. Imediatamente, Maria pensou em fazer um aborto, mas
não tinha certeza se poderia em razão do direito fundamental à vida, previsto na Constituição
Federal Brasileira. Após conversar com o médico, Maria acredita que poderá fazer o aborto,
mediante comprovação por laudo médico da condição do feto, em razão de o Supremo Tribu-
nal Federal já ter decidido sobre a matéria, entendendo favoravelmente ao aborto em algumas
situações. Nesse caso, no que tange ao direito fundamental à vida previsto no art. 5º da Cons-
tituição Federal, é correto afirmar que
a) por ser um direito fundamental, é absoluto, mas, nesse caso, diante da inexistência de pers-
pectiva de sobrevida do feto, não há o que se falar em proteção do direito à vida.
b) por ser um direito fundamental, é absoluto e, na verdade, Maria não poderá fazer o aborto,
mesmo com o laudo médico.
c) apesar de ser um direito fundamental, não é absoluto e, nesse caso, foi relativizado, dentre
outros, pelos princípios da proporcionalidade e da dignidade da pessoa humana, em prol da
proteção da mãe.
d) apesar de ser um direito fundamental, não é absoluto e sequer é considerado em uma situ-
ação como a apresentada no enunciado.
e) por ser um direito fundamental, não é absoluto, mas o princípio da dignidade da pessoa
humana, considerado nesse caso pelo STF na proteção da mãe, está acima de qualquer outro
direito fundamental.
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GABARITO
1. C
2. C
3. E
4. e
5. b
6. E
7. E
8. C
9. b
10. C
11. d
12. a
13. e
14. E
15. C
16. C
17. C
18. d
19. c
20. C
21. e
22. c
23. E
24. a
25. a
26. d
27. e
28. c
29. C
30. e
31. a
32. b
33. b
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GABARITO COMENTADO
001. (CEBRASPE-CESPE/DP-RS/DPE-RS/2022) A respeito da tutela provisória, julgue o item
seguinte, à luz do Código de Processo Civil.
Apenas para os casos de tutela provisória de urgência — antecipada ou cautelar —, o Código de
Processo Civil prevê expressamente que a parte responderá pelo prejuízo que a efetivação da
tutela causar à parte adversa, em caso de sentença desfavorável àquele que a requereu.
A questão elenca uma das situações em que a parte responderá pelo prejuízo que a efetivação
da tutela causar à parte adversa, conforme previsão do art. 302 do CPC.
Art. 302. Independentemente da reparação por dano processual, a parte responde pelo prejuízo que
a efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa, se:
I – a sentença lhe for desfavorável;
Certo.
A questão elenca os dois requisitos (fumus boni juris e periculum in mora) que devem ser leva-
dos em conta para que a tutela provisória de urgência possa ser concedida.
Além disso, devemos saber que, nos termos do § 1º do art. 300, consta a previsão de que
Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fide-
jussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser
dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
Certo.
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004. (VUNESP/ADV (CODEN)/CODEN/2021) Poderá ser proferida decisão contra uma das
partes sem que ela seja previamente ouvida
a) como regra geral do direito processual civil.
b) no caso de concessão de tutela de evidência, quando ficar caracterizado o abuso de direito
de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte.
c) no caso de concessão de tutela de evidência, quando a petição inicial for instruída com pro-
va documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o Réu não oponha
prova capaz de gerar dúvida razoável.
d) no caso de concessão de tutela de evidência, desde que demonstrado o perigo de dano ou
de risco ao resultado útil do processo, quando as alegações de fato puderem ser comprovadas
documentalmente.
e) nos casos de tutela provisória de urgência.
Nos casos de tutela provisória de urgência, estaremos diante da exceção à regra geral de
que a decisão apenas poderá ser proferida contra uma das partes após ela ter sido previa-
mente ouvida.
Para fins de prova, devemos memorizar que, na tutela de urgência, poderá ser proferida deci-
são contra uma das partes sem que esta seja previamente ouvida.
Letra e.
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Estabelece o art. 300 que “A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evi-
denciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”.
Letra b.
006. (CEBRASPE-CESPE/PJ (MPE SC)/MPE SC/2021) Alison deixou de cumprir sua parte
em obrigação de dar coisa certa firmada com Nicolas, razão por que este ajuizou ação cabível,
juntando as devidas provas do incumprimento. Citado, Alison se desfez da coisa objeto da
obrigação. Nicolas, então, requereu tutela provisória em caráter incidental, com a intenção de
resguardar seu direito.
A partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir, à luz das disposições do Código de
Processo Civil.
A tutela provisória incidental requerida por Nicolas depende do devido pagamento de custas.
Diferente do que afirmado pela questão, o art. 295 estabelece que “A tutela provisória requerida
em caráter incidental independe do pagamento de custas”.
Errado.
De acordo com o § 2º do art. 5º, “Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não ex-
cluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados inter-
nacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”.
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Logo, a lista de direitos e garantias fundamentais não consta como uma lista taxativa no texto
da Constituição Federal. Em determinadas situações, os direitos e garantias podem inclusive
constar de forma implícita, como, por exemplo, no desdobramento do direito à vida.
Certo.
a) Errada. O termo direitos humanos trata-se de um conceito mais amplo, compreendendo todos
os direitos reconhecidos em tratados e convenções internacionais pelo direito internacional pú-
blico. Os direitos fundamentais, por sua vez, são aqueles reconhecidos à população de um dado
território mediante a confecção de um documento específico, que é a Constituição Federal.
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b) Certa. Os direitos humanos, conforme já afirmado, são uma definição mais ampla. Logo,
possuem estas espécies de direitos natureza universalista e filosófica, decorrente do direito
natural. Em outros termos, ainda que os direitos humanos não sejam positivados, serão eles
assegurados à coletividade.
c) Errada. Os diretos humanos podem ou não estar positivados. Os direitos fundamentais, por
sua vez, são aqueles que devem estar positivados.
d) Errada. Não há necessidade de positivação para que a matéria seja classificada como “direi-
tos humanos”. Além disso, uma característica dos direitos humanos é a universalidade, e não
a nacionalização.
e) Errada. Os direitos fundamentais são aqueles positivados e expressos em um documento
do Poder Público. Logo, diferente do que afirma a alternativa, tais direitos possuem conteú-
do jurídico.
Letra b.
Durante algum tempo, contestou-se a constitucionalidade das regras relacionadas com a po-
lítica de reserva de vagas em concursos públicos. Atualmente, já está pacificado que este
tipo de medida (denominada de ação afirmativa) é uma forma de garantia dos direitos fun-
damentais, cujo objetivo é minimizar ou eliminar uma situação histórica de desigualdade ou
discriminação.
Certo.
011. (FCC/ANA JUR (SEAD AP)/SEAD AP/2018) Em relação à eficácia horizontal dos direitos
fundamentais, são destinatários das normas constitucionais que dispõem sobre esses direitos:
a) as Entidades autárquicas.
b) os Órgãos do Poder Executivo.
c) as Entidades paraestatais.
d) os Particulares.
e) os Órgãos do Poder Judiciário.
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Como as relações entre particulares são pautadas pelo princípio da igualdade, estamos
diante, quando da sua ocorrência, de uma relação de horizontalidade. Consequentemente, é
correto afirmar que os particulares são os destinatários da eficácia horizontal dos direitos
fundamentais.
Letra d.
A soberania popular é exercida, dentre outras formas, por meio dos direitos políticos. Através
destes direitos, os cidadãos podem participar direta ou indiretamente das decisões políticas
do Estado.
De acordo com a classificação dos direitos fundamentais, os direitos políticos são classifica-
dos como de primeira geração.
Letra a.
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b) Errada. A eficácia mediata dos direitos fundamentais não está ligada, necessariamente, às
normas que instituem procedimentos. Em sentido oposto, certas disposições que estabele-
cem procedimentos (como o devido processo legal) possuem eficácia plena e aplicabilida-
de imediata.
c) Errada. Mesmo nas relações entre particulares, o entendimento é de que é possível a eficá-
cia imediata dos direitos fundamentais.
d) Errada. Ainda que o certos direitos fundamentais possuam eficácia mediata, isso não im-
plica em afirmar que o Juiz, ao analisar o caso concreto, não tenha que verificar os respecti-
vos efeitos. Em outros termos, mesmo que o direito ainda não esteja regulamentado, pode o
magistrado, fazendo uso até mesmo da analogia, garantir que determinados direitos sejam
concretizados para certas classes de indivíduos.
e) Certa. Na eficácia mediata, o direito fundamental carece de regulamentação legal. Logo, es-
tes direitos são dirigidos, em um primeiro momento, para o legislador, que, ao editar a norma,
torna possível o pleno exercício das disposições constitucionais.
Letra e.
Nos dias atuais, o entendimento é de que são titulares dos direitos e garantias fundamentais
não apenas as pessoas físicas, mas sim também as pessoas jurídicas e até mesmo o próprio
Poder Público.
Errado.
Uma das principais características dos direitos fundamentais, conforme visto em aula, é o fato
deles não se perderem com o decurso do tempo, sendo, por isso mesmo, imprescritíveis.
Certo.
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Como regra, os direitos fundamentais são irrenunciáveis, o que implica em dizer que os seus
destinatários não possuem disposição sobre estes. Importante destacar que a doutrina tem
entendido que a característica da irrenunciabilidade pode, diante de um caso concreto e desde
que por um período determinado de tempo, ser abrandada.
Certo.
Uma das características dos direitos fundamentais é a universalidade, por meio da qual os
direitos se destinam, indistintamente, a todos os seres humanos.
Certo.
Item I: Na situação descrita, estamos diante de uma relação em que uma das partes é o Esta-
do. E quando os direitos fundamentais são utilizados no âmbito das relações entre os particu-
lares e o Poder Público, a eficácia será vertical ou interna.
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Item II: Quando os direitos fundamentais são utilizados no âmbito das relações entre particu-
lares, estamos diante da eficácia horizontal destes direitos, também conhecida como eficácia
externa. Na situação narrada, a relação é entre a imprensa e os particulares. Logo, o que preva-
lece é a eficácia horizontal dos direitos fundamentais.
Letra d.
Os direitos fundamentais de primeira geração estão relacionados com a liberdade, sendo defi-
nidos como “liberdades negativas”, haja vista que possuem o objetivo de proteger o indivíduo
contra os abusos do Poder Público. Tais direitos são comumente chamados, apenas, de direi-
tos individuais.
Os direitos sociais, por sua vez, exigem uma atuação positiva do Estado, estando relacionados
com a igualdade. Aqui, a atuação do Poder Público deve ser feita por meio de medidas desti-
nadas a concretizar e efetivar direitos. Por isso mesmo, os direitos sociais são exemplos de
liberdades positivas e de observância obrigatória.
Certo.
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a) Errada. Aqui, estamos diante dos direitos de terceira dimensão, cujo fundamento é a fraternidade.
b) Errada. Os direitos sociais, econômicos e culturais estão inseridos na segunda geração dos
direitos e garantias fundamentais.
c) Errada. O meio ambiente equilibrado e a fraternidade entre os povos são clássicos exemplos
de direitos de terceira geração.
d) Errada. Aqui, estamos diante de direitos oriundos da quarta geração.
e) Certa. Os direitos fundamentais de primeira geração são formados pela necessidade de
uma “não atuação” do Estado, aumentando assim a liberdade da população. Sendo assim, são
exemplos os direitos e garantias individuais e políticos clássicos, que tem o indivíduo no centro
de proteção, como o direito à vida, à liberdade, à expressão e à locomoção.
Letra e.
022. (INSTITUTO AOCP – DEL POL (PC PA)/PC PA/2021) Analise a seguinte situação hipotética:
Maria, casada, mãe de dois filhos, teve a terceira gestação aos quarenta e quatro anos. Quando
estava na 13ª semana da gestação, descobriu que o feto era anencéfalo e, com 100% de certe-
za, não teria perspectiva de sobrevida. Imediatamente, Maria pensou em fazer um aborto, mas
não tinha certeza se poderia em razão do direito fundamental à vida, previsto na Constituição
Federal Brasileira. Após conversar com o médico, Maria acredita que poderá fazer o aborto,
mediante comprovação por laudo médico da condição do feto, em razão de o Supremo Tribu-
nal Federal já ter decidido sobre a matéria, entendendo favoravelmente ao aborto em algumas
situações. Nesse caso, no que tange ao direito fundamental à vida previsto no art. 5º da Cons-
tituição Federal, é correto afirmar que
a) por ser um direito fundamental, é absoluto, mas, nesse caso, diante da inexistência de pers-
pectiva de sobrevida do feto, não há o que se falar em proteção do direito à vida.
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b) por ser um direito fundamental, é absoluto e, na verdade, Maria não poderá fazer o aborto,
mesmo com o laudo médico.
c) apesar de ser um direito fundamental, não é absoluto e, nesse caso, foi relativizado, dentre
outros, pelos princípios da proporcionalidade e da dignidade da pessoa humana, em prol da
proteção da mãe.
d) apesar de ser um direito fundamental, não é absoluto e sequer é considerado em uma situ-
ação como a apresentada no enunciado.
e) por ser um direito fundamental, não é absoluto, mas o princípio da dignidade da pessoa
humana, considerado nesse caso pelo STF na proteção da mãe, está acima de qualquer outro
direito fundamental.
Inicialmente, é preciso mencionar que o nosso ordenamento jurídico não admite a existência
de direitos fundamentais de caráter absoluto. Sendo assim, podemos eliminar as Letras A e B.
Na Letra D, ainda que não seja absoluto, o direito à vida deve ser considerado na situação apre-
sentada no enunciado.
Na Letra E, o erro está em afirmar que o princípio da dignidade da pessoa humana está acima
de qualquer outro direito fundamental.
A Letra C e o gabarito da questão. Apesar do direito à vida ser um direito fundamental, ele não
é absoluto e, na situação apresentada, foi relativizado, dentre outros, pelos princípios da pro-
porcionalidade e da dignidade da pessoa humana, em prol da proteção da mãe.
Letra c.
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em
juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais,
de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou
com a parte contrária por uma relação jurídica base;
III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem
comum.
Errado.
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No Item I, estamos diante de um direito coletivo, uma vez que é possível quantificar as pessoas
que passaram pela mesma situação que Jair.
No Item II, o direito é difuso, haja vista que a propaganda enganosa pode fazer coo vítima um
grupo indeterminável de pessoas.
No Item III, trata-se de um direito individual homogêneo, uma vez que apenas um grupo deter-
minável de pessoas (os que estavam no transatlântico) sofreram o dano.
O fundamento para as definições e diferenciações acerca dos direitos difusos, coletivos s indi-
viduais homogêneos consta expressamente no art. 81 do CDC:
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em
juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais,
de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias
de fato;
II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais,
de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou
com a parte contrária por uma relação jurídica base;
III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem
comum.
Letra a.
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DIREITOS DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS E
DIREITO PROCESSUAL COLETIVO
Direitos Fundamentais do Processo Coletivo
Diogo Surdi
Nessa situação hipotética, de acordo com as definições estabelecidas pelo Código de Defesa
do Consumidor, os usuários lesados poderão ajuizar ação coletiva para defesa de interesses
a) individuais homogêneos.
b) transindividuais de natureza divisível.
c) difusos.
d) transindividuais de natureza indivisível.
e) individuais de natureza divisível.
O exemplo apresentado pela questão trata-se de clara violação aos direitos individuais homo-
gêneos. E conseguimos perceber isso na medida em que há um grupo determinável de pesso-
as que sofreram o dano (no caso, os assinantes da TV a cabo) e o interesse é divisível (cada
pessoa possui um pacote de assinatura específica).
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em
juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem
comum.
Letra a.
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DIREITOS DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS E
DIREITO PROCESSUAL COLETIVO
Direitos Fundamentais do Processo Coletivo
Diogo Surdi
Na cláusula contratual abusiva de alunos de uma escola, estamos diante de um grupo de pes-
soas ligadas entre si ou com a parte contrária (a escola) por uma relação jurídica base (o con-
trato). Sendo assim, trata-se de um direito ou interesse coletivo.
No acidente de avião, o dano alcança um grupo determinado de pessoas (os passageiros e
respectivos parentes). Por isso mesmo, estamos diante de direitos ou interesses individuais
homogêneos.
Letra d.
A veiculação de propaganda enganosa é uma das situações clássicas de afronta aos direitos
e interesses difusos. Nestes casos, estamos diante de afronta a interesses de natureza indivi-
sível e dos quais são titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato (a
veiculação da propaganda).
Letra e.
Para respondermos a questão, temos que verificar, do enunciado, a parte que menciona que
estamos diante de interessados determináveis. No caso dos direitos difusos, os interessados
sempre serão indetermináveis. Logo, o direito em questão não é o difuso.
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DIREITOS DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS E
DIREITO PROCESSUAL COLETIVO
Direitos Fundamentais do Processo Coletivo
Diogo Surdi
Para ser um direito coletivo em sentido estrito, há a necessidade de ligação do grupo por meio
de uma relação jurídica base (como um contrato), algo que não ocorre no enunciado. Assim, o
interesse em questão também não é o coletivo.
No caso, estamos diante de interesses ou direitos individuais homogêneos, uma vez que o
dano abrange um grupo determinável de pessoas (as pessoas que adquiriram a mercadoria) e
o objeto é perfeitamente divisível (cada pessoa comprou um ou mais produtos).
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em
juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais,
de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias
de fato;
II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais,
de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou
com a parte contrária por uma relação jurídica base;
III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem
comum.
Letra c.
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Direitos Fundamentais do Processo Coletivo
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A segunda geração dos direitos fundamentais é caracterizada por prestações positivas do Es-
tado para os indivíduos. Nesta etapa, o paradigma utilizado é a igualdade, sendo exemplos os
direitos sociais, os direitos econômicos e os direitos culturais.
Letra a.
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DIREITO PROCESSUAL COLETIVO
Direitos Fundamentais do Processo Coletivo
Diogo Surdi
Os direitos de primeira geração são os direitos que buscam restringir a ação do Estado sobre
o indivíduo, impedindo que este se intrometa de forma abusiva na vida privada das pessoas.
São, por isso, também chamados de liberdades negativas, traduzem a liberdade de não sofrer
ingerência abusiva por parte do Estado.
Para o Estado, consistem em uma obrigação de “não fazer”, de não intervir indevidamente na
esfera privada.
Esses direitos têm como valor-fonte a liberdade. Como exemplos, citamos o direito de proprie-
dade, o direito de locomoção, o direito de associação e o direito de reunião.
Letra b.
Diogo Surdi
Diogo Surdi é formado em Administração Pública e é professor de Direito Administrativo em concursos
públicos, tendo sido aprovado para vários cargos, dentre os quais se destacam: Auditor-Fiscal da Receita
Federal do Brasil (2014), Analista Judiciário do TRT-SC (2013), Analista Tributário da Receita Federal do
Brasil (2012) e Técnico Judiciário dos seguintes órgãos: TRT-SC, TRT-RS, TRE-SC, TRE-RS, TRT-MS e MPU.
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