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OBESIDADE
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
FARMACOLÓGICO
SUMÁRIO INTRODUÇÃO
IMPACTO DA OBESIDADE
AVALIAÇÃO
Definição e classificação
3
4
7
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Avaliação inicial 9
Causas da obesidade 11
Consequências para a saúde 13
Motivação para o tratamento 14
TRATAMENTO 15
Alimentação e atividade física 17
Medicamentos 19
Sibutramina 20
Orlistate 21
Agonistas do receptor do GLP-1 22
Bupropiona-naltrexona 23
Outros fármacos 24
Tratamento cirúrgico 26
A ARTMED 28
REFERÊNCIAS 29
Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico
INTRODUÇÃO
A obesidade é uma doença crônica complexa
e com consequências potencialmente graves.
Ela tem alta prevalência e, por isso, é causa de
morbidade e mortalidade significativa, bem como
gera custos elevados aos sistemas de saúde (1).
Embora haja controvérsias, especialistas defendem
a definição de obesidade como uma doença em vez
de apenas um fator de risco. Esse posicionamento
tem em vista o potencial de prejuízo à saúde,
assim como a facilitação de acesso a prevenção e
tratamentos (2).
Por isso, neste e-book, você vai saber mais sobre
essa condição e ter acesso a todas as ferramentas
para avaliar e indicar o tratamento farmacológico
correto aos pacientes.
Boa leitura!
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Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico
IMPACTO DA
OBESIDADE
A prevalência da obesidade é crescente e triplicou nas últimas
décadas (3). De acordo com a Organização Mundial de Saúde, mais
de 2 bilhões de adultos têm IMC > 25 kg/m2, dos quais 650 milhões
são obesos (IMC > 30 kg/m2). O Brasil não fica de fora dessas
estatísticas: um a cada cinco adultos é classificado como obeso. No
cenário nacional, a condição está associada à menor escolaridade
e predomina em homens jovens e mulheres de meia idade (4). A
elevada prevalência também impacta em custos ao sistema de
saúde: estima-se que os custos diretos e indiretos somem 2% do
Quadro 1.
produto interno bruto de um país (5).
Fórmula para cálculo do índice
O excesso de tecido adiposo é a definição de obesidade - apesar de,
de massa corporal (IMC).
muitas vezes, a condição ser considerada apenas como “excesso de
Adaptado de (6).
peso corporal”. Isso se deve às dificuldades de distinguir aumento de
tecido adiposo do peso corporal total. Apesar desse desafio, o índice Peso
de massa corporal (IMC - Quadro 1) tem uma ótima correlação com
o percentual de gordura corporal e é considerado um bom marcador (Altura2)
para o diagnóstico de obesidade. Portanto, para fins práticos, o IMC
pode ser utilizado para classificação.
Peso em kg e altura em m
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Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico
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Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico
A relação entre IMC e mortalidade por todas as causas é independente de outros fatores de risco e se traduz em uma curva em J,
com elevação mais marcada a partir do valor do IMC > 30 kg/m2 (Figura 1) (8). Nesse ponto, também é necessário ressaltar que não
existe “obesidade saudável”: mesmo com outros marcadores de doença cardiovascular normais, o excesso de peso aumenta de forma
independente risco para eventos cardiovasculares.
HR - I.C. 95%: hazard ratio com intervalo de 95%. IMC: índice de massa corporal.
Devido ao impacto tão significativo, todo indivíduo adulto deve ser rastreado para obesidade, aconselhado sobre tratamentos
disponíveis e, se motivado (ver a seguir), ofertado tratamento (9,10). Mesmo indivíduos com sobrepeso (IMC > 25 kg/m2) podem
se beneficiar de tratamento, especialmente quando houver presença de comorbidades. Nos últimos anos, o cenário do tratamento
farmacológico se alterou rapidamente, com o desenvolvimento e lançamento de novos fármacos para perda ponderal (11).
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Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico
AVALIAÇÃO
Definição e classificação
Como discutido, conceitualmente a obesidade
é o aumento da massa de gordura, mas,
do ponto de vista prático, o IMC é utilizado
como substituto. De acordo com o IMC da
pessoa, é possível classificar o indivíduo
em peso normal (eutrófico), sobrepeso e
obesidade com os seus diferentes graus (I, II
e III) (Tabela 1) (10,12). Essa categorização
deriva da associação progressivamente
maior do aumento do IMC com morbidade e
mortalidade por causas como infarto agudo
do miocárdio e acidente vascular cerebral
(Figura 1) (13).
Apesar dessa categorização, devemos lembrar
que, a partir do IMC > 25 kg/m2, a associação
é contínua e progressiva de risco; portanto,
indivíduos dentro da mesma categoria podem
necessitar de abordagens mais ou menos
intensivas conforme o contexto.
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Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico
Tabela 1. Classificação por IMC conforme a Organização Mundial da Saúde. Adaptado de (10,12).
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Avaliação inicial
Figura 2. Contribuintes para sobrepeso e obesidade. Adaptado de (12).
Como discutido, rastreamento
de obesidade com medida
de altura, peso e cálculo
do IMC (Quadro 1) é
recomendada como medida
populacional (9). O cálculo
do IMC e classificação do
paciente conforme os estratos
apresentados na Tabela 1
também é o primeiro passo da
avaliação clínica. A avaliação
do adulto com sobrepeso ou
obesidade inicia com anamnese
e exame físico. As informações
principais são início do excesso
de peso, tentativas prévias
de emagrecimento, hábitos
alimentares, prática de atividade
física, uso de medicamentos e
tabagismo (12). Os principais
contribuintes para sobrepeso/
obesidade estão listados na
Figura 2.
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Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico
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Causas de obesidade
Conforme discutido, existe uma sobreposição de
causas genéticas, adquiridas e ambientais para a
obesidade. Apesar disso, hábitos não saudáveis
são considerados os principais determinantes
(Figura 2) (12). Outras causas secundárias,
como distúrbios endócrinos primários, também
podem contribuir para a condição. Quanto à
avaliação, deve-se investigar causas conforme a
suspeita clínica; algumas dicas são (12):
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Antipsicóticos
Antidepressivos tricíclicos, inibidores seletivos da recaptação
de serotonina, inibidores da monoaminoxidase e lítio
Anticonvulsivantes
Antidiabéticos (insulina, glibenclamida)
Contraceptivos orais
Betabloqueadores
Inibidores de protease
Corticoides
Anti-histamínicos
Anticolinérgicos
Avaliação sistemática genética, da taxa metabólica basal ou mesmo “painel endocrinológico” não são indicados. Deve-se considerar
causa monogênica de obesidade em pacientes que se manifestam desde o início da infância (12).
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Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico
Consequências
Figura 4. Algoritmo para avaliação dos estágios de
para a saúde mudança em relação à perda de peso. Adaptado de (10).
Como parte final da avaliação
e já começando a planejar o
tratamento, deve-se avaliar a
motivação do indivíduo. Sem
este passo, o profissional corre
o risco de gerar frustração para
o paciente e para si mesmo com
recomendações que o paciente
não está pronto para implementar.
Aqui, vale lembrar que cada pessoa
vive em um contexto peculiar e,
por vezes, existem prioridades
concorrentes ao tratamento da
obesidade. Em suma, o paciente
deve estar na fase de ação para
iniciar o tratamento da obesidade
(10,18). Para identificar a fase que
o paciente se encontra, sugere-se
a utilização do modelo expresso na
Figura 4, que permitem direcionar
melhor as ações e metas para o
momento. No modelo, o avanço de
fase reflete o sucesso do indivíduo
na etapa anterior (10).
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TRATAMENTO
O objetivo do tratamento da obesidade é prevenir, tratar e reverter as
complicações da doença e melhorar a qualidade de vida minimizando
os efeitos adversos do tratamento (10,11,18). Perdas de peso de 5%
já são suficientes para atingir esse objetivo, mas alguns pacientes com
obesidade grau II ou III podem necessitar perdas maiores. Com ajustes
alimentares e atividades físicas, pode-se atingir 5-7%; a associação com
medicamentos pode levar a 10-15%; e cirurgia bariátrica pode atingir
valores tão altos quanto 30-50% (18).
Como se trata de uma doença complexa e cujo tratamento dependente
de mudanças comportamentais, é necessária uma abordagem
multifacetada, que envolve orientações sobre alimentação saudável e
mudança de hábitos, prática de atividade física e, por vezes, intervenções
farmacológicas ou até mesmo cirúrgicas (18). Sempre que disponível,
deve-se trabalhar em equipe multidisciplinar para este objetivo; além
disso, novas modalidades, com intervenções a distância e aplicativos,
são promissoras.
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Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico
Apesar dos grandes avanços no assunto, as recomendações de intensidade do tratamento de acordo com o IMC são baseadas
principalmente em opiniões de especialistas; existem variações de pontos de corte, mas, em conjunto, todas são semelhantes
(18). O conceito é que, quanto maior a gravidade e o excesso de peso, mais intensa deve ser a intervenção – apresentamos uma
proposta de abordagem na Figura 5. Em todos os cenários, são indicadas mudanças de estilo de vida, como dieta e atividade física,
enquanto o uso de fármacos é reservado para pacientes de moderado a alto risco. O tratamento cirúrgico deve ser considerado em
pacientes de alto risco (18). Essa abordagem segue os estudos clínicos que avaliaram as intervenções individualmente.
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Medicamentos
A história da farmacoterapia para
obesidade é repleta de medicamentos com
efeitos adversos graves e suspensão de
comercialização, desde o risco cardiovascular
das anfetaminas até o risco de suicídio
do rimonabanto. Talvez em função disso,
muitos profissionais têm resistência em
iniciar farmacoterapia para indivíduos com
obesidade. Um desafio adicional para a
seleção desses medicamentos é a falta de
bons estudos comparando-os diretamente.
Dessa forma, vantagens comparativas são
sempre indiretas e, portanto, mais frágeis.
Infelizmente, não existe uma abordagem
única para definir a escolha do fármaco:
utilizam-se alguns parâmetros como
preferência por monoterapia e levar em conta
comorbidades dos pacientes, custos e efeitos
adversos (18). O início de uso de todos
os medicamentos é usualmente realizada
na menor dose disponível com aumentos
graduais a cada 1-4 semanas – observando-
se tolerância e resposta. A seguir, serão
apresentadas as opções disponíveis e a
Tabela 4 resume suas características.
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Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico
SIBUTRAMINA
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ORLISTATE
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Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico
Existe apreensão com a ocorrência de neoplasia medular de tireoide, porém este efeito foi identificado apenas em roedores. De toda
forma, há a recomendação formal de não se usar o medicamento em pessoas com história pessoal ou familiar de neoplasia medular de
tireoide (esporádico ou associado à neoplasia endócrina múltipla tipo 2).
Há suspeitas não confirmadas de risco aumentado de pancreatite e câncer de pâncreas. Do ponto de vista clínico, a recomendação é
investigar pancreatite em pacientes que desenvolvem dor abdominal grave e persistente durante o uso do medicamento. Por outro lado,
não há recomendação de monitoramento de amilase e/ou lipase em pacientes assintomáticos – sua elevação é um evento esperado
com o tratamento. A apreensão com câncer de pâncreas não foi comprovada, mas é um evento monitorado por agências regulatórias.
É frequentemente considerada a primeira opção para tratamento farmacológico para obesidade pela sua eficácia elevada (11), em
especial a semaglutida. Entretanto, o custo elevado e a falta de liberação da semaglutida para tratamento da obesidade no Brasil são
as principais barreiras para o uso.
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BUPROPIONA-NALTREXONA
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OUTROS FÁRMACOS
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Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico
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Tratamento cirúrgico
Existem diversas modalidades de
tratamento invasivo atualmente, sendo
os mais utilizados a gastrectomia em
sleeve e o bypass gástrico com Y de Roux;
tratamento com balão e bandas gástricas
são consideradas como ponte para
procedimentos “definitivos” em pacientes
selecionados.
Como regra geral, são candidatos a esse
tratamento pacientes com IMC ≥ 40 kg/
m2 (ou ≥ 35 kg/m2 com comorbidades
não controladas) e falha a 2 anos com
tratamento conservador ou, ainda, IMC ≥
50 kg/m2 a qualquer tempo (Figura 5) (29).
Tem ótimos resultados para perda ponderal
e provavelmente gera, inclusive, benefício de
redução de mortalidade em longo prazo (18).
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CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Obesidade é uma doença altamente prevalente, com extensas consequências para os indivíduos
e para as populações. Felizmente, seu diagnóstico e avaliação são baseados em recursos
baratos e amplamente disponíveis:
Deve-se estar atento a causas associadas a ganho de peso (Figura 2 e Tabela 3). Quanto ao
manejo, intervenção multicomponentes, com enfoque em mudança de hábitos, alimentação
saudável e prática de atividade física são a base. Em relação à farmacoterapia, trata-se de um
cenário em rápida e franca mudança, com os agonistas dos GLP-1 dominando rapidamente o
cenário – a principal restrição ao seu uso é o custo elevado.
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A ARTMED
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