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Amante.
Destruidor de corações.
Então Jesse faz à Katie uma oferta irresistível: agir como sua
namorada por seis semanas enquanto ele promove seu novo
álbum. O único problema? Suas sessões de amassos escaldantes
serão apenas para as câmeras.
O que está bom para Katie, já que ela não vai confiar seu coração
ao amante mais lendário do rock. Seu corpo? Talvez...
Irresistível.
Para a minha melhor amiga, que arrasa.
Uma nota sobre Dirty Series e a ordem de leitura da série...
Da bela Vancouver,
Jaine
Katie
Eu não queria interromper a reunião.
Ele escapou-me.
Ótimo.
Não. Bala.
Torta de cereja?
Devi fez uma careta. — Não me diga que você andou de skate
na chuva. Eu odeio quando você faz isso.
— Katie.
— Só torta?
— E alguns bolinhos.
Ela ergueu uma sobrancelha fina.
— Qual sabor?
— Gota de chocolate.
— Uh-huh.
— E manteiga de noz-pecã.
— Nada.
— Falar sobre…?
— Com certeza.
— ALELUIA!
— Um cliente?
— Dirty o quê?
— A banda. Dirty.
— Naturalmente.
— Oh. Bem, isso é uma merda. — Por que Devi estava toda em
cima de mim sobre isso?
Foda-se.
Deixei cair a calça jeans que estava vestindo e, desta vez, deixei
minha cueca ir junto com ela. Chutei o jeans dos meus pés, fiquei
lá totalmente nu e disse: — Façam esta valer, senhoras.
Maggie encarou isso como a profissional que era e entregou o
jeans com uma careta de desaprovação. Uma das garotas do
vestuário parecia ter engolido a língua e ficou ocupada olhando
para qualquer lugar, menos para o meu pau. A outra quase disse
algo quando entrei na calça jeans, sem cueca, e fechei o
zíper. Quase.
Tudo o que realmente queria era acabar com esse dia de merda
e ir para Los Angeles.
Eu já estava entediado.
— Quem?
— Katie. — Maggie olhou de mim para a garota com o robe e
acenou com o polegar para ela. — Sua namorada du jour1. Você a
conheceu no escritório da agente.
1 Do dia, em francês.
Involuntariamente sexy.
Excelente.
— Legal — disse Katie. Ela olhou para Zane, porque era isso
que as mulheres faziam.
— Tudo bem — disse Maggie, dando a volta na mesa e puxando
Katie para longe. Maggie era uma das poucas mulheres que já
conheci que era imune às besteiras de Zane. — Não ligue para
Zane. Ele é assim com todo mundo.
Muito.
3 Cidade no Canadá.
5 É uma marca de lingerie e produtos de beleza, reconhecida por ter as modelos mais
bonitas do mundo.
— Sim, isso — assobiei. Teria gritado com ela pela primeira vez
em nossas vidas se não tivesse medo de que todas as pessoas
bonitas na sala ao lado pudessem me ouvir. Puxei a renda
minúscula da calcinha que agora parecia vários tamanhos menor
do que quando a coloquei, tentando fazer com que cobrisse mais a
minha bunda.
— Aquilo é diferente.
— Como é diferente?
Tipo, sexo?
Engoli em seco.
— Tudo o que você precisa fazer é fingir que fica com Jesse —
disse Devi, como se fosse a coisa mais simples do mundo. — Ele é
lindo, certo? E você estava toda preocupada em ter que dançar em
cima da hora ou se exibir ou algo assim. Dessa forma, você nem
precisa se apresentar.
Certo. Porque fingir que estava transando uma estrela do rock
super gostoso enquanto a equipe de filmagem filmava era uma
ocorrência diária para mim. Totalmente natural.
— Katie?
— Estou respirando.
— No banheiro.
Eu provavelmente ia vomitar.
Seminua.
Olhei para minha figura com a lingerie, que era muito mais
sexy do que imaginava, agora que eu estava vendo pelos olhos da
garota que estava prestes a usá-la na frente de Jesse
Mayes. Sempre fui meio pequena, nada como as outras mulheres
que eles contratavam para isso, mas pelo menos eu tinha
curvas. Eu costumava ser uma moleca, na verdade. Uma criança
skatista, vestia-me como os meninos com quem saía e me parecia
com eles também. Era difícil não ver aquela garota no espelho. Eu
desenvolvi tarde, mas havia desenvolvido.
— Ele deveria?
— Um, sim? Pensei que ele me escolheu. Mas ele nem sabia
que eu fui contratada.
— Devi...
Vomitei. Silenciosamente.
Isto.
Era exatamente por isto que Devi era, e sempre seria, minha
melhor amiga.
Ela me amou quando precisei de amor. E ela me amava forte
quando eu precisava de um chute na bunda. Infalivelmente.
— Com certeza.
Então respirei fundo, abri a porta e fui dar uns amassos com
uma estrela do rock.
Jesse
Sentei-me na cama king-size enquanto a equipe trabalhava ao
meu redor em um caos um tanto organizado, mas não era o caos
que me incomodava. Eu não era estranho ao caos. Simplesmente
ignorei e toquei trechos de uma nova música em um dos meus
antigos violões, o que me pareceu uma maneira melhor de
processar qualquer merda que estivesse acontecendo na minha
cabeça do que os métodos usados pelos meus colegas de banda.
Quando Dylan tinha que lidar com uma merda, ele tendia a
desaparecer.
Zane fodia seus sentimentos para longe. O que era pelo menos
melhor do que beber demais como costumava fazer.
Eu não podia deixar Zane estragar tudo apenas por ser Zane.
Disse a ele para ficar fora desta sala enquanto filmamos esta
cena. Não disse o porquê, mas o homem não era estúpido. Era
dizer a ele para se foder ou deixá-lo por perto, jogando seus olhares
foda-me para Katie.
Zane fodido.
Assim que ficamos mais ou menos sozinhos, Katie sorriu um
pouco para mim. — Suponho que você não tenha outro chiclete?
Ela olhou para minha boca e corou. — Acho que não. Eu, uh,
acabei de vomitar.
Disse o quê?
— Entendi.
— Vamos tirar o robe e o chiclete — Liv gritou enquanto se
posicionava perto do monitor, onde estaria assistindo o que a
câmera capturava.
Para ela.
— Tudo bem — disse Katie. Ela olhou para mim, olhou para
minha virilha, mas apenas ficou lá.
A música.
Porra.
Eu pisquei.
— Corta — Liv chamou. — Katie, estamos em cima de você
agora, então observe suas expressões faciais, ok? Queremos ver o
calor. Você está loucamente apaixonada, esta é a melhor manhã
da sua vida. E Jesse?
— Sim, chefe.
Pelo menos nossa pequena luta livre deve ter sido bem aceita
na câmera, porque Liv estava adorando isso. Ela ficava dizendo
coisas como — Mais! — e — Sim, assim. Agarre-o com mais força,
Katie. Pense em todas as garotas que querem estar onde você está
agora e faça valer a pena. Rasgue-o em pedaços.
Jesus.
Eu: — O quê?
Ela: — Espere. Isso significa que minha agente não será paga?
Eu: — Você só está aqui porque ela mandou você fazer isso?
Eu: — Corta.
— Um... sim, — ela disse, sua voz ficando mais baixa. — Você
é o Jesse Fodido Mayes. Você toca guitarra no Dirty e acaba de
lançar um álbum solo. — Ela parecia envergonhada, cautelosa e
talvez um pouco irritada. — Há algo mais que eu deva saber?
Pensei errado. Tão errado pra caralho que fez meu pau latejar.
Eu esqueci a letra.
Porra.
Eu estava fazendo isso de novo. Revivendo cada momento
fumegante, sem fôlego, mordendo os lábios do meu falso namoro
com Jesse Mayes em sua gravação de vídeo, em meus sonhos.
◊◊◊
Com isso eu quis dizer minha vida, não a vida daquela garota
do vídeo que rolou na cama com Jesse Mayes. Porque claramente
essa vida não existia, como evidenciado pelo fato de que depois que
terminamos de filmar, nunca mais o vi.
Está feito.
12 Bairro.
saltando de sua camisa preta sem mangas. Ele estava usando
óculos escuros e encostado em um carro preto de luxo estacionado
na zona proibida e, para um cara com uma tatuagem gigante de
uma árvore nodosa subindo por um braço, ele meio que tinha a
vibração de um agente do Serviço Secreto. Ou talvez um guarda-
costas...
Puta merda.
Merda.
— Só uma vez.
— Mostre o caminho.
Alucinante.
Certo. A torta.
Um pouco.
— Apenas boa?
— As minhas são melhores.
Uau.
Não sabia bem como lidar com isso. Era praticamente a última
coisa que eu esperava que ele dissesse.
Isso eu não entendi. Zane era lindo e tudo, mas Jesse? Merda.
Hum.
O quê?
Errada de novo. Essa foi a última coisa que esperava que ele
dissesse.
— Sim.
E agora isso?
Merda.
— Certo.
— Garota nova?
Certo.
— Hum... de nada?
— Eu estava.
Deus.
— Sim.
— Sim.
— Sua namorada.
— Sim.
— Exatamente assim.
— Mas... você é o talento. Quero dizer, não que Elle não seja
talentosa... mas você escreve as músicas, certo?
— Mas pensei que suas fãs iriam adorar que você ficasse
solteiro.
Merda.
— Oh. Você quer dizer que tem uma proposta para a minha
cliente. — Ela desceu do pátio e se aproximou de nós. Mesmo
depois da noite passada, estava impecavelmente polida. A mulher
nunca conheceu uma jarra de sangria que pudesse entorpecer o
brilho de sua armadura.
Puta merda.
Mas Devi riu, seus dentes brancos brilhando contra sua bela
pele morena como um conjunto de pequenas adagas polidas. —
Querido, — disse ela. — Você pagou a ela quarenta mil por um dia
de trabalho para a gravação do vídeo e agora está lhe pedindo que
se afaste da vida por seis semanas por cinquenta?
Jesse sorriu, seus olhos escuros brilhando ao sol como
briquetes de carvão. Excelente. Dois viciados em negociação. — O
que você tinha em mente? Setenta e cinco?
— Bem, sim. Exceto que eu não acho que ele realmente precisa
da minha ajuda para ficar bem, e incidentalmente 'prostituta para
uma estrela do rock' não é exatamente algo que estou morrendo
de vontade de adicionar ao meu currículo.
13Muppet são personagens, como marionetes, criadas por JimHenson. Algumas são
famosas, como as que aparecem em Vila Sésamo e filmes como Os Muppets (2011).
questão. Você posa para fotos, aparece onde ele precisa que você
apareça, fica bem no braço dele. Feito.
— Certo. Você acha que ele não vai querer me comer como
parte do acordo?
— Se ele quiser e você não quiser, diga não. Você é uma garota
crescida. Nós redigimos um contrato e se ele te assediar
sexualmente, você vai embora. O que você tem a perder? Nada —
ela respondeu por mim. — E o que você tem a ganhar?
— Deixe-me adivinhar…
Sabia que ela estava certa sobre pelo menos uma coisa. Não é
como se eu não pudesse usar esse tipo de dinheiro.
Já tinha gastado cada centavo dos quarenta mil dólares que
Devi tinha me dado para fazer o vídeo - menos a taxa de agência e
depois de reservar o que eu teria que pagar em impostos - para
pagar meus empréstimos estudantis. O que significava que a cara
educação da escola de arte que recebi, mas ainda não tinha
colocado em uso, agora estava pelo menos quase paga.
Tentei dizer a mim mesma, como sempre fazia, que isso não
era tão ruim. Que outro trabalho me permitiria trazer meu
cachorro para o trabalho? E eu pude sair com minha sobrinha e
sobrinho no meu horário de almoço. E Jack, meu cunhado
incrível, limpou um grande espaço no porão para minhas telas e
materiais de arte para que eu pudesse montar um estúdio
temporário.
Devi me deu uma leve cotovelada, já que fiquei ali parada como
uma idiota.
— Me pagando?
— Hotel?
De jeito nenhum.
Bem, merda.
— Sua irmã? — Torci meu pescoço para ver melhor. Claro que
Jesse Mayes teria uma irmã modelo. Mas tarde demais, a Ferrari
já havia saído daquele ponto em seu retrovisor. — Ela estará lá
esta noite?
Tentei fingir que não gostei do som disso, mas não pude negar
o pequeno ponto quente que a história acendeu em meu peito e os
vários quilômetros de calor que senti por ele depois de ouvi-la.
Qualquer coisa que ele dissesse para mim, estava dizendo por
obrigação. Protegendo a mentira que inventou a si mesmo, para
sua imagem pública, com o único propósito de vender discos e
ingressos para shows.
E eu não gostava da ideia de fingir ser algo que não era, mas
pela quantia de duzentos mil e uma chance de colocar minha vida
nos trilhos, prometi a Devi - e a mim mesma - que tentaria.
— Isso é um intervalo.
— Sim, eu era o bebê 'oops' que meus pais tiveram no final dos
trinta.
15 Cutucada.
16 Torta de cereja.
— Você tem um melhor amigo? — Perguntei.
— Sim. Jude.
Ele não percebeu. — Que tal você me dizer o que você sabe, e
direi se é verdade ou não.
— Mesmo?
Arg. Eu odiava ter que admitir que estava lendo sobre ele. —
Não muito diferente do óbvio. Você sabe, deus do rock, lenda da
guitarra em formação, blá, blá, blá. Oh. E você saiu com muitas
mulheres famosas. Modelos. Atrizes.
— Isso é verdade.
Estava meio que esperando que ele negasse. Não que isso
importasse para mim - namorada falsa que eu era. Mas não gostei
exatamente de ser comparada ao seu “tipo” usual.
— Não.
— Isso te envergonha?
— Algo mais?
Para minha surpresa, ele não riu ou se gabou. Ele não disse
nada sobre isso.
— Seriamente?
— Infelizmente sim.
— Como é isso?
— Eu aprendo devagar?
Jesse olhou para mim, sua boca aberta como se quisesse dizer
algo. Então ele fechou. Então, abriu novamente.
— Pizza.
— Todo mundo gosta de pizza. Que tipo?
— Não.
— Estranhas peculiaridades?
— Nunca?
— Esquisito.
— E é sorte porque...?
— Sim.
— Mesmo.
— Sim.
— Acho que ouvi você murmurar algo sobre ter meu nome
tatuado em sua bunda.
— Sério?
— Por que não? Nem todo mundo pode se apaixonar por uma
cutucada. Algumas meninas precisam de um pequeno pau.
Ele riu. Eu gostava de fazê-lo rir. O que não era um bom sinal.
Presumi que ele estava brincando e riria, mas não o fez. Ele
parecia sombriamente sério quando entramos na entrada de um
hotel incrivelmente chique perto da água.
18 Nome da música.
dois longos bares. Sobre o palco, um cenário iluminado exibia a
imagem da capa do álbum solo de Jesse, Sunday Morning: um par
de botas de couro de homem sujas, jogado no chão ao lado do que
era obviamente uma cama de mulher.
Sim. Isso.
— Ah, meu Jesse. Ele é especial, — ela disse, seus olhos azuis
claros suaves. — Ele não é realmente meu, querida. Zane é meu
neto. Conheci Jesse quando ele tinha oito anos, quando os
meninos estudavam juntos.
Uau.
Olhei para Jesse. Ele estava em uma conversa profunda com
Jude e Brody e se eu o imaginasse como um menino sem pai e
uma mãe doente, levando sua irmã mais nova para a casa da avó
de Zane para que ela pudesse ser alimentada, definitivamente o
via de forma diferente.
Talvez eu fosse uma idiota, mas juro que foi a primeira vez que
realmente o vi como um ser humano.
— Bem, eu fiz o que pude. Veja bem, não tínhamos muito, mas
meus netos sempre viveram melhor do que isso. — Seu olhar gentil
se ergueu para Zane, que estava de pé sobre nós, bem a tempo de
vê-lo apertando a bunda de uma garota loira sexy em um vestido
metálico apertado.
— Oh, você sempre foi a boca suja desta banda — Dolly disse
a ele, seu tom provocador, mas orgulhosa.
— Isso é um fato — Brody acrescentou, juntando-se à
conversa.
Zane riu tanto que caiu da poltrona, quase levando a loira com
ele.
◊◊◊
Nunca.
— Certo. Exceto que todo mundo está sendo tão legal comigo,
me sinto como uma idiota mentindo para eles.
Hum…
Engoli.
— Katie!
— Um falso!
Uau.
Ele se masturbou?
— Eu estou me divertindo.
— Ok. Esta festa é incrível. Juro que acabei de ver aquele cara
do The Walking Dead22 ali.
22 Série.
cabelo enquanto sorria ainda mais, como se eu tivesse acabado de
dizer algo incrível. — Não posso acreditar nisso.
Porque, oh.
Meu.
Deus.
Era Josh.
Era ele. Vestido com um terno sob medida, porque é o que ele
usa em todos os momentos, porra, até mesmo para uma festa de
rock 'n' roll.
— Oh Deus.
— Não — eu disse.
Tentei sorrir quando notei Jude olhando por cima. Então
respirei fundo e tentei relaxar.
Meu ex-noivo era muitas coisas; corajoso não era uma delas.
◊◊◊
Eu tive arrepios.
Estava suando.
Pedi licença para sair da mesa onde ainda estava sentada com
Dolly, achando que era uma boa hora para usar o banheiro. Jude
havia desaparecido no final do show de Jesse, sem dúvida para se
encontrar com ele nos bastidores. Balancei a cabeça para Flynn,
pensando que deveria reconhecê-lo, já que o homem tinha
observado todos os meus movimentos a noite toda. Estava claro
para mim agora, embora ninguém tivesse dito isso, que ele tinha
recebido ordens para cuidar de mim.
Verdade, não tinha retornado as ligações que ele fez para mim
depois que saiu do nosso casamento. Mas a última delas foi há
mais de um ano. E essa dificilmente era a maneira de tentar um
reencontro.
— Se arrepende?
— Sim, querida.
Vai saber.
Passei por ele e corri para a porta, abri a fechadura e corri para
o corredor, colocando distância entre nós antes que eu fizesse algo
que me faria sentir mal mais tarde, como dar um tapa naquele
sorriso mimado estúpido de seu rosto.
Engoli, sem saber o que dizer. Olhei dele para Josh, que veio
atrás de mim.
Jesse olhou longamente para mim e depois para Josh, que não
estava exatamente sendo discreto sobre o fato de estar prendendo
o cinto.
Odiava confrontos.
Jesse alisou meu cabelo para longe do meu olho enquanto seu
olhar procurava meu rosto. Senti seu pulso batendo contra mim
na ponta dos dedos, quente e lento. Meus olhos encontraram os
dele e me senti culpada. Estava louca para fugir dele, certo? Quero
dizer, ele era lindo e tinha sido um cavalheiro perfeito até
agora. Mas, apesar de meus esforços para desligá-lo, continuei
vendo Josh me observando do outro lado da sala. Tinha que dar o
fora daqui.
— Na verdade, já passou de uma — disse Jesse. — Eu tenho
uma festa depois para aparecer, no entanto. Você deveria vir.
Verdade. Deveria ter ido com ele. Se Devi não tivesse saído
com algum cara há um tempo, depois que jurei que estava bem
sem sua interferência, ela me diria isso agora. Mas eu estava
exausta. Emocionalmente extrapolei sobre o desentendimento
com meu ex e a enxurrada de sentimentos feios desenterrados por
seu rosto sorridente. Não estava orgulhosa disso, mas estava
lá. Eu meio que queria enterrar minha cabeça em algum lugar e
me sentir uma merda, mas não ia contar isso a Jesse.
Em vez disso, dei a ele o que esperava ser meu sorriso mais
bonito e apologético e disse: — Sinto muito por não ter
funcionado. Posso te pagar pelo quarto de hotel e tudo...
Também verdade.
◊◊◊
E Josh, avaliando-o.
Mas então fiz algo ainda mais insípido. Menti na cara de Jesse.
Eu disse que estava saindo em turnê com ele, bem ali na frente
de Josh e Brody.
— Saúde.
— Precisa de companhia?
— Uh-huh.
Estúpida.
Imprudente.
— Sobre o quê?
— Seria ele.
— Droga.
— Tipo, literalmente no altar. Eu estava lá em cima com um
vestido branco que não podia pagar, com todos olhando para mim,
e ele desistiu. Esperou até aquele momento exato. — Desviei o
olhar, com medo de fazer algo ridículo como começar a chorar se
eu tivesse que olhar nos olhos de Jesse por mais tempo. — Quero
dizer, ele não poderia simplesmente ter me contado de antemão?
— Não.
— Sim.
— Por quê?
— Por quê. — Obriguei-me a olhar para Jesse novamente,
desejando que ele pudesse entender de alguma forma, sem que eu
tivesse que admitir. — Porque pensei que ele era o rei da
merda. Pensei…
— Você pensou…?
Evitei o olhar de Jesse. Por que ele tinha que sair dizendo
coisas assim e sendo tão decente e legal? Por que ele não podia ser
apenas um astro do rock estúpido e safado que era impossível de
levar a sério?
— Você sabe?
— Não sei. — Não diga isso, uma pequena parte de mim que
parecia muito com Devi sussurrou, bem no fundo em algum
minúsculo quarto dos fundos do meu coração. Não mostre a
ele. Ele não precisa saber o quão quebrada você está. — Talvez eu
tema que ele esteja certo.
— Vou lhe dizer uma coisa agora e você vai esperar até eu
terminar, para não levar para o lado pessoal.
— Se quiser sair, Katie, não vou usar isso contra você, — disse
ele. — Eu não vou torcer seu braço. Vou te dar esta noite para
pensar sobre as coisas. É justo. Houve muita pressão sobre você
esta noite. Todas essas pessoas novas, seu ex-noivo aparecendo. A
mídia. E você está parecendo que precisa de um tempo para
dormir. — Percebi que ele educadamente omitiu meu atual estado
de intoxicação daquela avaliação. — Então. Aqui está o que
fazemos. — Ele se inclinou um pouco, seu ombro cutucando o
meu. — Vou te levar para a cama.
Uma coisa eu sabia: não queria isso. Mas era perigoso querer
o que eu estava começando a querer quando olhei nos olhos de
Jesse Mayes.
Josh não valia isso. Nunca deveria ter deixado ele me atingir
ou atrapalhar o tempo que eu pudesse ter com Jesse Mayes,
mesmo que nosso relacionamento não fosse real.
E foi então que me dei conta, enquanto olhava para seu lindo
rosto à luz bruxuleante de velas. Que o tempo todo estava me
preocupando se estava indo a um encontro com algum babaca rico
e mimado que poderia se transformar em um idiota a qualquer
segundo, eu deveria estar me preparando para um cenário
diferente. Porque e se Jesse Mayes fosse legal?
Nua.
Esfreguei meus olhos até que pudesse ver direito. Até ter
certeza do que estava vendo.
Soltei o lençol. Eu não era uma pessoa religiosa, mas fiz uma
pequena oração para que Jesse Mayes não acordasse nos próximos
segundos com a visão de minha bunda branca e nua correndo para
o banheiro. Ou no ar enquanto procurava minhas roupas no chão.
Porra.
E arg.
Fugh24.
Sim, eu escolhi.
Você está dormindo aqui, então eu também. Vou fingir ser uma
namoranda nessa merda de lugar.
Vividamente.
Porque eu tinha.
Despido.
Maravilhoso.
Deitei-me na cama.
Foda-se, Katie. Eu não vou dormir com você nua, a menos que
vamos foder, e não vamos foder enquanto você está
bêbada. Principalmente na primeira vez.
Fizemos sexo?
Certo?
— Sim, mas você não precisa fazer isso. — Ela fechou a porta
atrás de mim. Seu cachorro estava sentado a seus pés, abanando
o rabo. — Tenho certeza de que seu melhor amigo não quer ser seu
mensageiro.
Ela também estava sem sutiã, o que não era mal. Eu podia ver
a forma exata da porção perfeita de seus seios, seus mamilos duros
contra o algodão fino. Meu pau definitivamente gostou disso. A
calça do pijama estava baixa, mostrando uma fatia de pele macia,
o recuo sexy de seus quadris e a borda rendada de sua calcinha
branca.
— Arg.
— Tenho medo.
— O que significa?
— A roupa fica.
Talvez ela não tivesse ideia disso, mas seu mau humor fodia
tudo para diminuir a fofura. Pelo contrário, meio que me
estimulou. O que definitivamente não era meu modo usual com
mulheres. Desde a puberdade, e definitivamente desde que a fama
chegou, tornei-me bastante confortável com
mulheres me perseguindo.
25Sugar Ray é uma banda de rock, Snow é um cantor de reggae e Limp Bizkit é uma banda
de rock.
Katie riu. — E ficamos imaginando de onde veio seu amor pela
música...
27 Banda de rock.
— Com licença?
— Qualquer coisa.
— Eu sei o suficiente.
— E os divórcios em seguida.
— Tal como?
— Investiguei você.
— Repete de novo?
Ataquei minha omelete, irritado pra caralho por não ter batido
no cara quando tive a chance.
Katie estava olhando para mim. — Por que você faria isso?
Ela fez um ruído de pigarro fofo que a fez soar como uma
senhora idosa tensa. — Quem disse que estamos fazendo isso?
— E quanto ao Brody?
— Então vou jogar uma bebida na sua cara como uma cadela
civilizada.
Senti o sorriso tremer nos cantos da minha boca. — Parece
justo. Mas tenho algumas condições. Não precisamos de tinta. Um
acordo verbal está bom para mim. Vou acreditar na sua palavra.
— OK…?
— Tudo bem.
— Tudo bem. Número dois. Você não pode ver mais ninguém.
— OK.
— Entendido.
Entendi. De verdade. Ela foi deixada no altar. Dois anos
atrás. E não tinha beijado um único cara desde então. Exceto eu,
um cara que estava pagando por um relacionamento falso.
— O que significa?
— Isso é tudo?
— Não é um problema.
Era isso?
— Seis semanas.
— Ok?
Isso era tudo que ela precisava ouvir, todo esse tempo? Que
eu não ia bancar um Romeu sobre ela e ficar de joelhos ou alguma
merda no final de tudo isso?
— Ok. E você?
— Voando para Montreal hoje. — Joguei meu prato na pia,
tirando Max de seu sono. — Você vai ter que lavar a louça sozinha,
querida.
Suas coisas foram jogadas em uma das camas, mas ele havia
sumido. E sim, a visão de todas as suas coisas em nosso quarto
me deu um pouco de emoção. Mas acabei com essa merda, pronto.
Quer dizer, estava tudo bem gostar do cara, certo? Afinal, ele
me fez bacon com ovos, e em meus livros, isso era porra da nota
10. E não havia como negar que o homem era incrivelmente
agradável aos olhos.
Sério?
E era isso.
Então deixei na cama para ele, caso voltasse para o hotel antes
que o visse.
◊◊◊
Que foi sem dúvida, como ela sobreviveu por tanto tempo
coadministrando a mais sexy banda de bad boys do rock 'n' roll do
mundo.
— Oh. Isso.
— E os novos caras?
— Que é?
— Loucura total, — disse ela, e riu. — Sorte sua, você não terá
que lidar com isso.
Merda.
Eu ri, mas joguei o esboço no meu caderno para que não fosse
abandonado.
Vi Jude no corredor, mas não vi Jesse até que ele veio por trás
de mim e colocou seus braços fortes em volta da minha cintura.
Alguém pigarreou.
Meu coração estava batendo tão forte que eu podia sentir sobre
as vibrações insanas da música através do concreto sob meus pés.
Maggie bateu nos ombros comigo e, quando olhei para ela, ela
sorriu. — É hora de ver seu homem em ação.
Jesse me surpreendeu.
Não foi nada parecido com o show VIP em Vancouver, que foi
pequeno, íntimo e em grande parte desconectado.
◊◊◊
Foi estranhamente sobrenatural caminhar pela área externa,
a área pública, da arena enquanto a banda tocava as notas finais
de Try Me On. A música estava abafada, minha cabeça parecia que
estava debaixo d'água e fiz uma nota mental para conseguir alguns
protetores de ouvido antes do próximo show. Quando a música
terminou, o grito da multidão também foi abafado, batendo como
um batimento cardíaco irregular.
— Hey, querida.
— Ei — eu disse.
Hum... certo.
— O cara o quê?
Olhei para Maggie novamente, que pela primeira vez não tinha
nada útil, inteligente ou administrativo a dizer.
Fiquei para trás e fora da batalha com Flynn, fingindo que fui
pega na história de Pepper sobre a última vez que ele esteve neste
clube, com sua outra banda, e ele foi expulso por tirar as
calças. Provavelmente foi uma história hilária; todo mundo estava
rindo, menos eu. Simplesmente não conseguia tirar os olhos de
Jesse e das garotas circulando como tubarões sobre um pedaço de
carne ensanguentada.
Sabia que o jeito que estava me sentindo era irracional, porque
o homem não era realmente meu. Talvez fosse porque ele não era
meu, nunca seria meu, mas senti uma pontada de inveja daquelas
garotas. Não poderia nem mesmo ser uma delas, atirando-me
abertamente sobre ele na esperança de ser notada. Eu não podia
dar ao luxo de me jogar nele. Eu era
sua empregada contratada. Se eu fizesse isso e ele me dissesse
para tomar um banho frio e superar, ficaria humilhada.
Sim, essa era a triste verdade. Eu poderia lidar com toda essa
coisa de fingimento, sabendo que ele realmente não me
queria. Contanto que ele continuasse acreditando que eu
realmente não o queria também.
Seus fãs.
Bonita.
Não era como se ele fosse o primeiro cara a dizer isso, mas
vamos lá. Jesse Mayes? O homem era a encarnação da beleza. Ele
não tinha um espelho? Como alguém poderia olhar para aquele
rosto no dia a dia e usar a palavra linda para me descrever?
Ele largou sua bebida e colocou a mão no meu joelho nu, seus
dedos frios de segurar o copo. Bebendo minha bebida, olhei ao
redor para os rostos da banda e da equipe. Eu meio que senti como
se estivéssemos em um pequeno palco aqui no sofá, como se todos
estivessem esperando algum tipo de performance começar. Mas,
para meu alívio, eles não estavam realmente nos observando.
Ele olhou para mim, alisando o polegar para frente e para trás
na minha coxa. — Como quem?
— Não, Katie. Você não fez com que ninguém fosse demitido.
— Bem, não.
Muito quente.
Certo.
Sendo visto.
Até onde eu deixaria isso ir? Até onde eu iria por duzentos mil?
Pergunte-me amanhã.
— Oi — eu disse.
Ele não disse nada. Seu olhar varreu meu rosto, meu vestido,
seus longos cílios escuros mascarando seus olhos. E bem quando
pensei que estava em perigo por me sentir bem e ser tateada, ele
retirou a mão de debaixo do meu vestido e deslizou pela minha
cintura em vez disso. Suas juntas roçaram meu seio. Meu mamilo
endureceu, formigando dentro do meu sutiã quando ele colocou a
mão no meu pescoço.
Sua mão agarrou meu cabelo com mais força e ele encontrou
minha boca novamente, me beijando ainda mais devagar, mas
ainda mais fundo. Jurei que meu batimento cardíaco diminuiu
para combinar com seu ritmo, batendo no fundo do meu peito,
entre as minhas pernas. Meus dedos tremeram quando espalhei
minha mão em seu peito. Minhas unhas cravaram no algodão
quente e macio de sua camisa. Rodei minha língua contra a dele
até sentir a vibração baixa de seu gemido ou rosnado, mas não
pude ouvir no barulho do clube. Deixei meus dentes arrastarem
contra seu lábio. Chupei sua língua. Fiz tudo o que sempre quis
fazer com a boca de um homem com a minha desde que cheguei à
puberdade.
E agora, usando esse vestido rosa colado, esse que fazia ela
parecer nua pra caralho enquanto deslizava no meu colo, seus
seios macios pressionados no meu peito, seus lábios rosados
carnudos deslizando contra os meus, aquela pequena língua dela
movimentando me provocando... Cristo. Eu estava duro como uma
vara de merda. Não me importava quem estava olhando. Eu a teria
chupado da cabeça aos pés, lambido a porra do vestido dela se ela
me deixasse.
— Ela vai ser boa para nós — eu disse, tão vagamente quanto
possível. E ela já era boa para nós. Ela estava nos ajudando a
vender música. Estava nos mantendo entretidos. Já estava
tornando essa turnê mais interessante do que teria sido sem
ela. Não há dúvida sobre isso.
Agora, estava realmente feliz por ter feito ela concordar em não
mexer com mais ninguém. A última coisa que eu precisava era que
Katie se apaixonasse por Jude ou qualquer outra pessoa da minha
equipe. Não precisava dessa complicação.
Ela pode ser minha namorada falsa, mas ela era a porra
da minha namorada falsa.
— Você deve.
Fiz o meu melhor para ter certeza de que desta vez Jesse
estava mais bêbado do que eu. Não foi uma tarefa fácil. O homem
poderia conter seu álcool. Mas, felizmente para mim, todos e até
seus malditos cachorros queriam pagar-lhe uma bebida, então a
embriaguez era uma eventualidade definitiva. O verdadeiro chute
foi quando cruzamos o caminho com uma despedida de solteira de
oito mulheres bêbadas, que insistiram em nos enviar três garrafas
de champanhe. Jude havia se recusado terminantemente a beber
com eles, aparentemente se sentindo responsável por nossos
traseiros bêbados e percebendo, corretamente, que ele era a última
linha de defesa sóbria entre Jesse e um monte de garotas bêbadas
com tesão. Então Jesse acabou mandando Flynn, sob ameaça de
demissão, beber conosco.
Olhei para ele, mas admito que meu julgamento estava mais
do que um pouco prejudicado. Havia dois de seus rostos sexy
sorrindo para mim.
Ele seguiu meu olhar para sua ereção flagrante, então sorriu
um sorriso arrogante. — Só queria ter certeza de que poderia. Caso
você queira.
Indecisa.
— Boa noite, linda. — Sua voz estava baixa e rouca pelo uso
quando apagou a lâmpada ao lado da cama.
Olhei e pude apenas ver seu braço, jogado sobre seu rosto, seu
pulso sobre os olhos, e era tão sexy pra caralho. Poderia ficar
olhando para ele a noite toda, a luz fraca da janela roçando as
longas curvas de sua pele lisa e dourada...
Tive seu corpo contra o meu, suas mãos em mim, sua língua
na minha boca... e pior, eu vi aquele olhar em seus olhos. Aquele
que disse quero te foder. Era um olhar que eu não sentia de perto
há muito tempo.
Louco.
◊◊◊
E agora, meu.
Nu.
— Sempre.
Mal.
Foda-se isso.
Nem tanto.
Comecei a tirar minhas roupas. Primeiro a camisola elástica,
depois a calça pijama e, por último, minha calcinha. No momento,
apesar da dor incessante entre minhas pernas que me dizia que
tudo o que eu realmente queria era que Jesse Mayes enfiasse seu
grande e lindo pau dentro de mim, o mais fundo que pudesse, e
me socasse como uma idiota, realmente não importava o quanto
eu o queria. De jeito nenhum terminaria como apenas mais uma
conquista em sua longa linha de corações partidos. Pior, algum
tipo de maravilha de uma noite que ele tira do seu sistema. Sim,
ele estava duro para mim neste minuto. Como é que os caras
chamam? Boceta disponível. Bem, eu estava definitivamente
disponível. Mas se eu desistir, o que acontecerá amanhã?
Ele começou a se virar para mim, mas mordi seu lóbulo. Forte.
— Jesse — sussurrei.
Mas aqui estava eu, parada na rua ouvindo o lento e sexy som
clássico de guitarra no início de Magic Man do Heart's,
completamente confusa sobre porque parecia estar saindo da
minha bolsa... quando me lembrei que Devi o tinha programado
no meu telefone como toque de Jesse antes de eu deixar
Vancouver. Tinha esquecido de mudar isso.
Flynn ergueu uma sobrancelha enquanto eu pegava meu
celular na bolsa. Corando, me virei e respondi. — Ei, Jesse.
— Perfeito.
Mas tudo que tive que fazer foi me lembrar daquele “show
privado” que ele esperava se eu perdesse, e reuni minha
resistência.
30Dr. Robert Underdunk "Bob" Terwilliger Jr., PhD, mais conhecido como Sideshow Bob, é
um personagem convidado na série animada de televisão Os Simpsons.
estive em uma reunião com um executivo de gravadora. Por outro
lado, eu definitivamente não tinha uma irmã que era uma
supermodelo. Quer dizer, Becca era bonita e tudo, mas
merda. Pesquisei a irmã de Jesse no Google depois que ele me
disse o nome dela e, como descobri, Jessa Mayes era linda de
morrer e tinha sido modelo para mais marcas de moda do que eu
já tinha ouvido falar.
A aposta.
Quase perdi o controle ali mesmo. Era o tom de sua voz, como
se ele estivesse morrendo de fome por mim. Mas tentei como o
inferno manter minha cabeça. Porque eu não tinha ideia se podia
confiar em meus instintos nisso, ou se meus fios estavam apenas
entrando em curto com a sobrecarga hormonal.
Eu gritei.
— Chegando! — Gritei.
Sem audiência.
Merda.
Repetidamente.
Ele olhou para isso e depois para mim. Seu olhar varreu meu
corpo, que agora estava enrolado no travesseiro como um coala, e
finalmente pousou no vibrador novamente. Ele o pegou e olhou.
— Eu... hum...
Seu corpo era outra coisa. Ela fez seu trabalho e fez bem. Ela
desempenhou seu papel para a porra de uma profissional, e ela
parecia incrível fazendo isso. Para todas as aparências, ela ainda
estava louca por mim, minha namorada dedicada, pendurada nos
bastidores, no meu braço em todos os eventos, lutando contra mim
em todas as casas noturnas que visitamos. Sempre que eu queria
- em público - ela estava lá, quente e pronta. Mas ela estava
segurando algo... segurando-se, e eu não tinha ideia do porquê.
Ele poderia muito bem tê-la feito gozar bem na minha frente.
◊◊◊
— Que porra é essa?
Porra.
Idiota do caralho.
— O que?
— Certo.
Ela me encarou.
— Como?
— Porque você fode tudo. Você flerta, você abraça, você assina
seios. E eu simplesmente fico lá.
Ela me encarou.
Eu encarei de volta.
— Estou brincando!
O problema era que eu ainda não sabia o que ele queria, a não
ser que eu fizesse meu trabalho e talvez eu fizesse outro
paralelamente.
Merda.
◊◊◊
O que me fez rir tanto que quase chorei, e todos olharam para
mim e queriam saber o que era engraçado pra
caralho. Principalmente Jesse.
◊◊◊
Horas depois, tropecei para fora da pista de dança, minhas
pernas parecendo meio de borracha de tanto dançar. Eu desabei
ao lado de Jesse e ele passou o braço em volta de mim, sorrindo.
— Se divertindo?
Ele fez.
— Jesse...
Disse a mim mesma que não era culpa dele ele ser um beijador
fabuloso, que seu toque fez meu pulso disparar, minha cabeça
girar e meus dedos dos pés se curvarem. Não era culpa dele que
minha vagina estivesse enviando sinais confusos para meu cérebro
e eu estivesse reagindo de forma irregular. Às vezes, eu estava em
cima dele. Às vezes, estava distante. Às vezes, excedia-me e ficava
estranhamente alegre.
Mas foda-se.
Porra.
Você me tem.
Então ele saiu de mim, pulou da cama e foi até o banheiro para
se limpar.
Uh-uh. Eu fiz sexo. Muito sexo. Com Josh. E nunca foi assim.
Oh Deus…
Meu outro olho se abriu. Ele estava nu. Como veio para o
mundo. Quando cantou a primeira linha da música, reconheci a
letra. Definitivamente, Foxy Lady.
Uau.
E de novo.
— Você disse que eu teria que fazer meu próximo show pelado.
Eu sorri.
— Estamos quites.
— Não.
— Então?
— Eu não sei.
— Jesse...?
Jesse
Meia hora depois, Katie estava devorando um sanduíche
gigante de café da manhã com dois ovos fritos e queijo triplo. Eu
já tinha devorado o meu. Raf tinha fumado conosco enquanto os
outros caras pegavam nosso café da manhã e estávamos na
estrada novamente. Estávamos a cerca de meia hora de nosso
destino, o que significava que eu tinha cerca de quinze minutos
para fazer Katie me dizer o que diabos estava acontecendo com sua
arte, e quinze para uma rapidinha.
— Não sei.
— É claro.
— E? — Perguntei.
— Eu quero — disse.
— Eu fui presa.
Ela fez uma careta para mim. — Não me diga que você nunca
foi preso, Sr. Fodão Rock Star.
— Eu não fui.
— Besteira.
— Sério?
— Oh, foda-se.
— Josh, Sênior?
— Isso é uma merda, Katie. Mas você sabe que não pode deixar
isso te impedir, certo? —Perguntei-me se ela havia pensado em
usar o dinheiro dessa turnê para começar algo, mas era bastante
óbvio que ela não tinha confiança para acreditar que realmente
poderia fazer seu caminho como artista. Ainda não.
— Ei, Jesse?
— Aqui?
Não era como se fosse a primeira vez que havia fotos minhas
online. Desde que começamos a turnê, Jesse e eu estávamos em
todos os lugares. Devi me enviava links quase que diariamente,
embora eu tentasse não clicar em todos eles. Era demais para meu
cérebro processar, mas o fato era que provavelmente já havia
centenas, senão milhares de fotos nossas por aí.
Mas esta foi a primeira vez que viram fotos minhas em uma
festa sem Jesse, e não gostei do que isso implicava.
— Sobre o quê?
— Mais?
Eu ri.
— Isso te assusta.
Ele beijou meu lábio inferior, lambeu minha boca com a língua
e então começamos. Ele me tocou enquanto nos beijamos, seu
polegar esfregando meu clitóris. A doce fricção cresceu, rápido, o
calor crescendo em meu núcleo. Beijei-o com força, segurando
firme enquanto o prazer tomava conta do meu corpo.
Isso me fez pensar sobre aquela garota. Ela estava aqui agora,
sentada no colo de Jesse Mayes?
Ele me levou para fora, para um beco atrás do clube. Jude nos
acompanhou até a porta, mas não nos seguiu para fora. Não havia
ninguém por perto. Estava quieto, apenas algum ruído do tráfego
distante e o baque abafado do clube enquanto caminhávamos para
as sombras.
— Huh?
◊◊◊
Muitos dias depois, em algum lugar na estrada para Nashville,
o ônibus da turnê saiu da estrada em uma parada de ônibus e eu
dei uma volta, sozinha com meu telefone.
Porra.
— Katie…
— O que?
— Não sei, Devi. Não posso ter essa conversa agora, ok? —
Senti-me perigosamente perto de chorar e de jeito nenhum poderia
lidar com isso. Agora não. Não até que eu estivesse em casa e a
quilômetros de Jesse Mayes e toda aquela loucura acabasse e eu
pudesse pensar direito novamente.
— OK.
— OK.
Outro silêncio.
— Santo inferno.
— Mas você sabe, não importa o quão real isso seja ou não
seja, ou quanto tempo dure, só há uma coisa que realmente
importa, — disse minha melhor amiga, de tão longe. — Ele é bom
para você?
Jesse
— O dano que você fez à minha língua me fará cantar com a
língua presa — informei Katie enquanto subia no banco do
motorista do ônibus da turnê. Verifiquei minha língua inchada no
espelho, e o dano vermelho furioso onde o dente havia cortado.
Verdade.
Também verdade.
— Eu não sei. Falar sobre meninos? A última vez que fiz uma
viagem de carro, eu tinha dezoito anos.
— Oh, sim?
— Parece maravilhoso.
— Ensine-me!
— OK. É fácil. Vou lhe dar um tópico e você diz as cinco coisas
principais nessa categoria.
— Tal como?
Porra.
— Sim.
— Obviamente.
— Escolha interessante.
Ela me olhou de lado, como se esperasse por uma
discussão. — Você não quer irritar o Sting32, quer? Esse cara vai
superar você com zen pra merda.
— Errado.
— O quê!?
— David Bowie.
— Preciso?
— Que lista?
— Mesmo?
— Eu sabia. Mentirosa.
— Oh Deus.
— Pare de perguntar.
— Quais?
— Eu sou eu.
Certo. Josh.
— Viu? Pervertido.
— Número um.
— Hmm.
— Oh! Esqueça essa coisa de fã. Vamos fazer uma fita de sexo!
Devi disse que a única coisa que realmente importava era que
ele era bom para mim. Ela provavelmente estava certa sobre
isso. E ele foi bom para mim.
— Oh, sim?
— Faça isso.
— Estou esperando.
— Não.
— Certo.
— Uau.
— Código de fãs?
— Uau.
— Sortudo Jude.
— Tripulação de estrada sortuda. O que as fãs não sabem é
que Jesse Mayes, embora com tesão pra cacete depois de um show,
não confraterniza com fãs nos bastidores. No entanto, alguns de
seus tripulantes fazem.
— Pau de consolação?
— Esse é popular.
— A última rapidinha?
— Oh Deus…
Matador de libido.
Matou o encanto.
Tudo parecia irreal. Suspenso. Câmera lenta. Eu ainda o
sentia, ainda o queria, ainda me envolvi em torno dele, mas era
como se ele tivesse me dado um soco bem no coração.
— Que cheiro?
— Totalmente.
Ofeguei com seu toque, mas desta vez não fechei os olhos. Eu
observei seu rosto enquanto ele me observava, meu corpo
arqueando para fora da cama quando o prazer me atingiu
novamente.
◊◊◊
Eu realmente poderia ter ficado na cama o dia todo, mas Jesse
insistiu que nós nos levantássemos para comer.
Perfeição.
— O que significa?
— O que significa que você ganha um presente.
Ele foi até um dos armários e tirou uma caixa longa e achatada
embrulhada para presente, do tamanho de seu braço. Ele o trouxe
para mim e meu coração bateu forte quando o colocou no meu
colo. Era meio pesado e fazia um pequeno barulho de chocalho.
— Sim. Então?
— Então, você ficou toda nostálgica e com olhos de fada e disse
que sentia falta do skate.
— Nada de skate para ele, — disse ele. — Ele só vai ter dar um
jeito.
Ele ainda estava dentro de mim e tudo que eu queria fazer era
transar com ele novamente.
E de novo.
Se eu pudesse me mover.
Louco.
Fundido.
Gostoso.
Ou não tinha?
Sério, pelo que eu sabia, o cara ganhava zilhões de dólares,
então talvez comprar um skate para mim não fosse nada. Talvez
ele tenha jogado essas bugigangas para todas as garotas que
conhecia, não é grande coisa.
Argh.
◊◊◊
Eu não pude.
— Goze, Katie.
— Sim — eu sussurrei.
Entrei e tentei não escutar, mas era meio difícil não notar que
a voz que vinha de seu quarto era a voz de uma mulher. Eu não
sabia o que ela estava dizendo, mas o dia 29 seria em uma
semana; estaríamos em LA…. e tudo que eu conseguia pensar
era, Elle mora em LA.
— Ei — eu disse suavemente.
Pode ser.
Mas, mesmo assim, o que realmente importava era que ele não
estava apaixonado por mim. E eu definitivamente estava
desenvolvendo sentimentos por ele.
— Mmm.
— Sua fixação oral só vai ter que redirecionar. Você não pode
voltar a fumar?
Ele riu. Levantou-se e me beijou, longa e profundamente, sua
boca molhada com a minha excitação. — Eu prefiro torta de cereja
— ele disse quando voltou para respirar. Ele tinha as mãos no meu
cabelo e me segurou perto, meu rosto virado para o dele enquanto
ele me beijava novamente.
◊◊◊
Muito pior.
— Excelente.
Foda-me.
Ou ele estava tão envolvido com Elle que nem estava pensando
nisso?
Liguei para minha irmã e fiz com que ela colocasse Max no
telefone, só para que eu pudesse ouvir meu cachorro e saber que
ainda tinha uma casa e uma família que me receberia de volta no
final dessa confusão de braços abertos.
— Bem, eu acho.
No meu aniversário.
— Onde?
— No restaurante.
— Sim.
Seu tom dizia que ele sabia disso, mas eu não acreditei
totalmente. Eu particularmente não comprei nada que a equipe de
Jesse me disse, por que quem poderia dizer que eles não mentiam
para acobertá-lo diariamente? Certamente eles fizeram isso com
suas fãs, talvez eles tenham feito isso com outras mulheres que ele
namorou, e talvez eles tenham feito isso comigo.
— Leve-me até lá — eu disse.
Mas por quanto tempo mais eu poderia fingir para Jesse que
estava fingindo estar apaixonada, enquanto o mundo conseguia
ver a verdade, que eu realmente estava apaixonada? E quando
ficaria óbvio para ele que eu não estava fingindo?
Ao nos aproximarmos do restaurante, comecei a me sentir
enjoada. Eu odiava confrontos e, honestamente, não queria
nenhum. Eu só precisava ver. Eu precisava saber. Não aguentava
mais essa espera, e claramente ele nunca me contaria o que diabos
o estava deixando quieto e retraído.
E sim, ela era linda. Como uma linda de morrer. Ela parecia
uma modelo. Na verdade, ela parecia...
A área VIP era uma área elevada na parte de trás da sala como
um palco próprio, fechada com corda de veludo e uma parede de
homens bem constituídos. Lá dentro estavam Raf, Letty, Pepper e
suas esposas, Dylan e seu amigo Ash, e um monte de outras
pessoas que eu conhecia ou pelo menos reconheci da equipe de
Jesse e vários outros eventos em que estivemos ao longo da
turnê. Eu conhecia quase todo mundo aqui.
Girl de Jessie.
Mais ou menos.
Elle.
Fui com ele colocar sua irmã em um táxi e, depois que nos
despedimos e ela se foi, eu disse a ele: — Ela é tão linda, Jesse.
Virei-me, mas ele segurou meu queixo e voltou meu rosto para
ele.
— Qual banho?
— Por quê?
— Você quer dizer que ela nunca dançou à mesa com suas
outras amigas?
◊◊◊
Sério.
Então eu fiz.
Eu amo você.
E se isso não fosse real, se nada disso fosse real, isso me faria
em pedaços.
◊◊◊
Havia tanto sobre ele, sobre sua vida, que eu não sabia. Tanto
que eu ainda queria aprender.
— Por que você simplesmente não me disse que iria se
encontrar com ela?
Percebi, porém, que ele não disse que foi um momento difícil
para ele.
Desaparecia.
E como sempre, eu evitei o problema quando a vi ontem à
noite, com medo de que se eu a confrontasse sobre isso
diretamente, ela desistisse e desaparecesse ainda mais.
A única coisa de que eu tinha certeza era que não tinha ideia
de como falar com ela sobre nada disso. Continuou fingindo que
estava tudo bem e, quando pressionei, ela se afastou.
— Mas você não acha que ela está feliz. — Ela me estudou com
seus olhos azuis esverdeados, as sobrancelhas franzidas e a boca
rosada em um beicinho pensativo.
Ela olhou para mim, seus olhos rosados, mas pelo menos
nenhuma lágrima estava caindo. — Tente cinco semanas — ela
sussurrou.
Fui até ela. — Katie. Olhe para mim. Isso não é tão grande
quanto você pensa. Mesmo. Essa merda acontece o tempo
todo. Você precisa crescer uma pele mais grossa, é tudo. Você vai
se acostumar com isso. — Ela não parecia estar ouvindo, ainda
mexendo no telefone, mas continuei. — Dói no começo, certo? Mas
você verá, você se acostuma. Simplesmente vai rolar. Não deixe
isso te derrubar.
— O quê?
— Ela sabe sobre nós. Alguém deve ter contado a ela. Ela disse
que nosso relacionamento era falso.
— Não é isso. Não é você. — Ela olhou para mim com os olhos
mais tristes que eu já vi. — Eu realmente sinto muito pelo que está
acontecendo com sua irmã, Jesse. Ela é tão adorável. E o que
vocês dois passaram faz meu coração doer. — Ela esfregou o nariz,
ainda lutando contra as lágrimas. Quase desejei que ela
simplesmente chorasse; talvez então ela sentasse e parasse de
tentar dar o fora daqui. — Não é que eu não me importe. Mesmo. O
problema é que não terei mais nada para dar, para lidar com nada,
se seguir por esse caminho. Você sabia que não desenhei esta
semana? Não estou nem comendo muito.
— Eu não sabia...
— Antes do que?
— Katie...
— Não. Não é quem eu sou. Não sou uma fã. Não sou sua
esposa. Eu nem sou sua namorada. Isso é apenas um trabalho. E
eu desisto.
— Katie...
— Você se preocupa com ela, dê a ela tudo que você tem. Não
apenas um intervalo de tempo entre seus outros compromissos.
— Eu me lembro.
— Então? — Eu disse.
— Você está me dizendo que ela é família?
— Se ela é, então dê a ela tudo que você tem. É tudo o que vou
dizer.
— Elle não vazou merda nenhuma. Ela não vai dizer merda
nenhuma sobre você ou Katie.
Cristo.
— Vou desligar.
— Eu disse isso.
— Ela não se foi, irmão. Ela está em casa. Ela estará aqui
quando você voltar.
— Ela vai.
E o porquê.
— Sabe, — disse ele — Jude nem me disse aonde você foi na
outra noite em LA.
Foda-me.
Meu coração caiu cerca de dois pés. Brody sabia. Ou, pelo
menos, ele suspeitou que eu me encontrei com Jessa em LA e não
contei a ele.
Nunca.
Porra.
— Para quê? Nada do que você possa dizer chegará a ele. Você
apenas tem que aceitar isso. O cara é um idiota completo e sempre
será. Você faria muito melhor deixando-o para trás, tipo
permanente, querida.
— Eu sei, mas...
Não. Isso era muito profundo para isso. Jesse era muito
profundo.
Quando eu estava com ele, queria coisas que nunca pensei que
iria querer novamente, até que ele abriu seu caminho direto para
minha vida, minha cama, meu coração. O homem estava em
minha cabeça, em meu sangue e sob minha pele.
Até eu ouvi como isso soou fodida. Porque nunca dei a Jesse
a chance de me amar. Apenas presumi que não era possível.
Minha irmã fez uma careta para mim, mas foi pegar a lata de
chantili.
— Onde?
Ele foi até a porta e abriu para mim. — Onde quer que você
esteja indo.
◊◊◊
— Uh-huh.
— Uh-huh.
— Você sabe, todas as merdas na mídia. Caras assustadores,
com lentes de câmera tirando fotos minhas com minha
família. Pessoas tirando fotos minhas em clubes com seus
celulares e colocando-as online. Me assistindo. Me
julgando. Dizendo todo tipo de merda que nem era verdade. —
Olhei para ele com culpa. — E algumas eram. Mas, você sabe, foi
uma merda ter que ler sobre isso.
— É mesmo?
— Acho que há muita coisa que você não sabe. Talvez você
deva ficar por aqui, descobrir um pouco mais.
Merda.
— Eu sei que não foi legal da minha parte deixá-lo como fiz —
eu disse baixinho.
Mas se Jesse queria algo mais de mim do que isso, por que ele
não me disse isso?
Até agora, ele nem tinha me dito que queria que eu fosse sua
namorada de verdade. Ou para ficar dois segundos a mais no final
da turnê.
Eu não tinha ideia de que tudo isso era para sua irmã. Para
tentar ajudá-la?
— Então ele quer que este álbum seja um sucesso... para que
ele possa fazer mais músicas com ela?
— Não — disse ele, e meu coração meio que caiu com sua
franqueza, com o pensamento de que Jesse não iria conseguir o
que esperava. — Não é como se todos nós esperássemos... mas a
garota já se foi há muito tempo. Ela mudou quando Dirty saiu em
sua primeira turnê. Jesse sempre se culpou por isso.
— Por quê?
Não sabia como faria isso, mas como Jesse era um cara e
Brody disse que não gostava de falar sobre sua dor, imaginei que
poderia assumir com segurança que ele provavelmente
nunca disse a sua irmã o quão preocupado ele estava com ela. E
Jessa e eu parecíamos ter um relacionamento. Quer dizer, nós
dançamos na mesa, pelo amor de Deus. Alguma conversa de
garotas à moda antiga provavelmente poderia ir muito longe.
Tudo parecia tão sério quando ele disse isso, e tão claro
quando eu repassei na minha cabeça. Mas, saindo da minha boca,
parecia errado.
— Eu só pensei que talvez pudesse ajudar. Você sabe, para
explicar...
— Ele faz.
— Então por que você se sente suja? É sobre isso que a música
fala, certo?
Ela parecia que quase poderia sorrir com isso, mas ela não o
fez. — A maioria das pessoas simplesmente pensa que é sexy.
— Jessa...
— Eu...
— Jessa...
— Está tudo bem, Katie. Não há nada mais que alguém possa
dizer para mudar o fato. Você não. Não meu irmão. Eu amo-o. Eu
te amo por tentar. — Com isso, ela me pegou suavemente pelos
ombros, se inclinou e deu um beijo na minha bochecha que me
deixou gelada. Então ela me segurou com o braço estendido e
disse: — Não vou voltar.
◊◊◊
A primeira coisa que notei: ela era mais baixa do que parecia
no clube. Ela provavelmente estava usando salto na época. Agora
estava descalça e apenas alguns centímetros mais alta do que eu.
Usava jeans skinny branco com um padrão floral bordado nas
laterais, e uma pequena frente única de crochê de cor creme sobre
seu torso bronzeado, um top de biquíni de fio dourado por
baixo. Seu longo cabelo loiro-branco estava puxado para trás do
rosto em várias tranças grossas, as tranças e o cabelo solto
penteado para o lado em um rabo de cavalo bagunçado que pendia
sobre um ombro. Sem nenhum traço de maquiagem ela era linda,
seus olhos claros de aço me olhando. E ela usava óculos. Molduras
retangulares pequenas, finas e cor de bronze que combinavam com
seus olhos.
Estava feliz por ter usado meus jeans mais sexy e um top sem
alças com babados; Eu me vesti para jantar com uma
supermodelo, o que, no fim das contas, também era a maneira de
se vestir para enfrentar o ex-namorado falso de alguém.
— Com licença?
— Nossa relação. Você estava certa. Não foi real. Mas... então
eu acho que talvez fosse. Meio. — Hesitei. — Agora... eu não
sei. Não sei o que é.
— Ele vai tocar em Portland esta noite. — Olhei para Elle. Ela
estava cortando o que estava dentro da frigideira que Ash tirou do
forno.
Digeri isso.
Era Jesse.
Deus.
— Sei que está tudo acabado entre Jesse e eu, Katie — ela
disse, seus olhos de aço nos meus. — Mas o coração precisa de
tempo para se curar. Você o conhece. Tenho certeza de que você
pode imaginar quanto tempo isso pode levar.
Levantei meu queixo para Jude. — Porque você não vai para o
local, cara. Dê uma mão a Brody e diga a ele que estarei lá. Raf
pode me dar cobertura até lá.
— Tchau.
— Isso não foi o que eu quis dizer. Merda. — Passei minha mão
pelo meu cabelo. Tinha sido um dia longo pra caralho, uma
semana longa pra caralho, sem ela.
Subi os degraus, mas ela não me encontrou ou correu para os
meus braços. Apenas ficou lá, deixando um espaço entre nós. Era
apenas um pé, mas parecia a porra do mundo inteiro.
— Entre — eu disse.
Ela me seguiu para dentro de casa, que era alugada. Apenas
um lugar onde eu dormia quando não estava em turnê ou em
qualquer lugar. Não chamaria exatamente de um lar.
Levei-a para a sala de estar nos fundos da casa, que dava para
False Creek. Katie vagou pela sala, observando as janelas do chão
ao teto e a vista épica.
— Katie...
Sem resultados.
— O que era?
Droga. Não esperava por isso. Porque ela não estava mais
chateada com isso, não tinha certeza. Mas talvez fosse um bom
sinal. Um sinal de que ela finalmente estava colocando para
descansar. — Então você sabe que ele queria que você visse. Ele
queria que eu visse. Ele queria que você sentisse tudo o que está
sentindo agora.
Era verdade. O cara ainda estava tentando foder com ela. E eu
poderia enviar Jude para cuidar disso. Essa parte não era um
problema. O problema era como Katie estava se sentindo, o que
era uma merda, aparentemente.
— É isso?
Ela respirou fundo, talvez surpresa, talvez para dizer algo, mas
eu a beijei antes que ela pudesse. Longo e profundo, até que meus
dedos do pé se enrolassem. Quando ela se afastou e mordeu o
lábio, eu disse: — Fiquei esperando para fazer isso o dia todo. —
O que era um eufemismo. Beijá-la era tudo que eu queria fazer
desde que saiu de LA.
Certo.
— Você sabe o que seus amigos falam sobre você? 'Jesse não
é do tipo que fala sobre sua dor.'
— Jesse...
— Eu entendo.
Ela queria mais, mas também não estava pedindo. Talvez ela
estivesse com medo de que eu nunca daria? O que era uma
loucura, porque eu daria a essa garota a porra do mundo.
Então foi isso? Ela pensou que eu iria usá-la e cuspi-la, jogá-
la na beira da estrada?
De jeito nenhum.
Ela me encarou.
— Você foi ver minha irmã, — disse ele. — Fui ver a sua.
Merda. Ele sabia sobre meu jantar com Jessa?
— Jesse...
— Percebi.
— Eu não sabia.
— Farei o que for certo pela minha família. E isso inclui você.
— Ela colocou as mãos em meus braços e apertou. — Nós vamos
ficar bem, Katie. Faça isso por você mesma. — Ela me puxou para
outro abraço. — Pelo que eu posso ver, ele realmente se preocupa
com você. Esta é uma oportunidade real. Faça isso pela sua arte.
— Ela olhou em direção à escada, onde Jesse havia
desaparecido. — E para o seu coração.
◊◊◊
Depois de deixar Becca e Devi sair, tranquei a porta e caminhei
ao redor da sala.
Não sabia o que dizer. — Quer dizer... acho que meu trabalho
pode ser melhor. Mas essa é a coisa da arte. Ela cresce e evolui. —
Eu também estava crescendo. Tinha muitas ideias para o trabalho
que queria fazer. — E estou tão sem prática... mas estou morrendo
de vontade de voltar a fazer isso.
— Funciona — eu disse.
— É seu. Mereceu.
— Sim.
— Eu sei, mas...
Eu não pude.
Engoli. — Pela mesma razão que fui ver Elle, eu acho. Não
gosto de alguém que você se preocupa, sentir dor.
Ele não disse nada. Eu ainda nem sempre sabia como ler seus
olhos, e me matou não ter ideia do que ele estava pensando.
— Katie. Já faz anos. Se ela não vai fazer isso por ninguém,
não vai fazer isso por você. — Ele me puxou para mais perto e
segurou meu rosto com as mãos. — Estou maravilhado pra
caralho por você ter tentado. — Ele me beijou suavemente nos
lábios. — O que você tentou fazer por ela, — ele disse
suavemente. — Por mim. Isso significa tudo para mim. — Ele
segurou minhas mãos. — Sempre fomos eu e Jessa, sabe? Nós e
mamãe, e quando ela morreu... muitas pessoas se
manifestaram. Dolly. Os caras. Eu sei que Jude e Brody matariam
por mim. Literalmente. Por Jessa também. E a banda, eles são
uma família para mim. Você sabe disso. Mas estou lhe dizendo,
Katie, nunca amei ninguém, nunca, como amo você.
Ele tirou algo do bolso com tanta facilidade que nem percebi
até que abriu a pequena caixa aveludada. Uma caixa de anel.
— É perfeito.
Ele recuou e fez uma careta para mim. — Você estava prestes
a terminar comigo?
— Você deve.
Jessa
O mensageiro me pegou quando eu estava saindo do meu
apartamento em Nova York.
Falar sobre isso não mudou nada, no entanto. Ele ainda não
entendia. Eu ainda não queria que ele entendesse.
Brody parecia tão bonito que doía. Com seus olhos azuis
escuros e rugas de expressão profundas nos cantos, seu cabelo
castanho um pouco bagunçado e aquele sorriso no rosto. Eu não
colocava os olhos nele há anos. Não até que as fotos de Katie
começaram a chegar. Realmente não precisava vê-lo, mas não foi
culpa de Katie.
Pensando em você.
Isso foi tudo o que ele disse. Mas Brody sempre conseguia
dizer a coisa certa para explodir minha vida.
Olhei pela janela do táxi, sem realmente ver nada, mas seu
rosto sorridente naquela foto. Fechei os olhos e ele estava lá, me
esperando no escuro. Eu não conseguia apagá-lo dos meus
pensamentos, mas sabia que não podia me permitir retroceder
assim.
Ela disse que eles iriam morar juntos no próximo mês, mas eu
sabia que meu irmão estava ansioso para tirá-la de sua favela -
palavra dele - e colocá-la em sua casa. Katie estava demorando
para empacotar suas coisas e fazer os arranjos, e não parecia
querer apressar as coisas. Eu sabia de tudo isso porque Katie
tinha sido muito gentil em manter contato comigo, via e-mail e
mensagem de texto, mesmo quando eu nem sempre respondia. A
culpa corroeu meu estômago e fiz uma pequena promessa de fazer
mais esforço lá. Também fiz uma nota mental para enviar a eles
um presente de inauguração, algo legal e atencioso de Londres.
Suja.
Mas era inevitável, não era? Jesse nunca iria viver sua vida
sozinho.
Fim