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de lucro direto ou indireto, nos termos do art. 184 do código penal
e lei 9.610/1998.
Uma linda estrela do rock.

Uma proposta indecente.

Como uma garota pode resistir?

A batalhadora barista Katie Bloom nem mesmo sabe quem é


Jesse Mayes até que ela, inadvertidamente, ganha o cobiçado
papel de gatinha sexy em seu novo videoclipe. Mas no momento
em que está na cama com ele, ela reconhece sua reputação.

Amante.

Destruidor de corações.

Ficar com um estranho na frente de uma equipe de filmagem não


é como Katie se imaginou superando um coração partido, mas
quando Jesse a toca, faíscas voam. O sexo é falso, mas a química
é real, e logo o vídeo quente está explodindo nas paradas.

Então Jesse faz à Katie uma oferta irresistível: agir como sua
namorada por seis semanas enquanto ele promove seu novo
álbum. O único problema? Suas sessões de amassos escaldantes
serão apenas para as câmeras.

O que está bom para Katie, já que ela não vai confiar seu coração
ao amante mais lendário do rock. Seu corpo? Talvez...

Acontece que fingir apaixonar-se é incrivelmente sexy.

E se apaixonar de verdade, por um homem pelo qual prometeu


não se apaixonar?

Irresistível.
Para a minha melhor amiga, que arrasa.
Uma nota sobre Dirty Series e a ordem de leitura da série...

Este livro, Dirty Like Me (Dirty #1), é o primeiro romance


completo da série Dirty - uma série romântica de rockstar sobre os
membros da banda de rock Dirty, e as mulheres e homens que os
amam.

Cada romance da série Dirty se concentrará na história de


amor de um casal diferente no mundo maior da série. Considero
os livros da série como autônomos interconectados, o que significa
que você pode escolher quais você lê, em qualquer ordem, mas
definitivamente obterá o máximo da série, os livros individuais e
as relações dentro, se você ler os livros consecutivamente.

A única exceção ao acima mencionado será Dirty Like Us (Dirty


#0.5). Dirty Like Us é uma novela prequel; os eventos nesse livro
antecedem os eventos de Dirty Like Me (Dirty #1), mas ele
apresenta diferentes personagens principais. Considero Dirty Like
Us (Dirty #0.5) uma história bônus no escopo da série, e você não
precisa lê-la primeiro.

Se estiver interessado em ler tanto Dirty Like Me quanto Dirty


Like Us, eu na verdade recomendaria começar com este livro, Dirty
Like Me (Dirty #1). Ele é provavelmente o melhor ponto de entrada,
pois dá uma introdução mais ampla ao mundo da série e aos vários
personagens.
Seja qual for o livro que você escolher ler primeiro, espero que
continue com o resto dos livros da série Dirty à medida que forem
sendo lançados. Será um passeio quente, selvagem e às vezes
louco enquanto nos aprofundamos na vida amorosa dos
personagens que abalam o universo Dirty. Espero que você
continue conosco até o final de tirar o fôlego.

Da bela Vancouver,

Jaine
Katie
Eu não queria interromper a reunião.

Pretendia totalmente bater antes de entrar, como uma pessoa


civilizada. Max tinha outros planos. Por um lado, ele era um
cachorro e, por outro, sabia que estávamos visitando minha
melhor amiga, Devi. Devi era uma gata total, e Max amava garotas
gostosas. Um vislumbre da porta de seu escritório, que estava
entreaberta, e ele passou correndo pela recepção, o grande rabo
molhado balançando, assustando alguns colegas de trabalho de
Devi.

— Pega ele! — Gritei, tentando pegá-lo, mas ele já tinha visto


a porta aberta. No momento em que o alcancei, meu rebelde
labrador preto estava sacudindo seu pelo molhado como chuva em
uma onda de excitação, borrifando Devi e as outras três pessoas
em seu escritório. Agarrei loucamente em sua coleira.

Ele escapou-me.

Aparecendo desajeitadamente na soleira, agarrei o pote de


mini tortas que eu estava desempacotando no saguão e
murmurei desculpe! para minha melhor amiga.
— Ei, Katie! — Devi sorriu brilhantemente, batendo nas
orelhas de Max com um tapinha amigável. — Max! Você está
molhado. — Ela me lançou um olhar que dizia algo como, Bom te
ver, mas que raio é isso?

— Um... oi — eu disse. Devi era uma agente de talentos; sua


agência representava modelos e atores, então, estava acostumada
a encontrar gente bonita em seu escritório. Embora geralmente
não invada suas reuniões com meu cachorro, molhada e
desgrenhada em meus jeans manchados de tinta. — Desculpe pelo
meu cachorro. Vamos, Max. — Dei a Max o olhar de tire sua bunda
peluda daqui, um olhar que ele conhecia bem, mas completamente
ignorado, já que Devi e seu lindo convidado estavam agora fazendo
carinho nele.

— Sem problemas. Estamos terminando. — Devi gesticulou


para que eu ficasse ali, embora realmente só quisesse pegar meu
cachorro delinquente e dar o fora de lá. Senti-me ridiculamente
visível em minha blusa branca, que me arrependi de usar cerca de
dois segundos depois de começar a chover. Enquanto Devi
concluía as coisas com seus convidados, fiz um
balanço. Sim. Sutiã roxo totalmente visível através da minha
regata agora transparente.

Ótimo.

Devi estava apertando a mão do cara musculoso em uma


camiseta e notei algumas tatuagens em seu braço, mas era só
isso. Minha atenção já havia se voltado para o outro cara quando
uma parte inconsciente e primitiva de mim registrou sua
sensualidade antes que o resto de mim pudesse alcançá-lo.

Além disso, ele estava olhando para mim.


Ou, pelo menos, para minha camisa transparente.

Devi caminhou até a porta para ver seus convidados saírem e


eu me afastei, segurando meu pote de tortas, tentando
desaparecer na parede. Ele estava vindo para mim. Alto e de
ombros largos, seu cabelo escuro e espesso em ondas bagunçadas
que davam uma aparência de ter saído de uma foda, como se
alguma vadia sortuda tivesse acabado de passar as unhas. Todo
trabalhado. Ele usava uma camiseta preta justa, que jurei que
podia ver seu abdômen bem definido, e jeans escuro rasgado
moldado em suas coxas longas e duras...

Meu cérebro deve ter entrado em curto-circuito, porque meu


olhar ficou preso no pacote na frente daquele jeans. Quando olhei
para cima, seus olhos escuros como mel estavam fixos nos
meus. Ele parou um palmo de distância na minha frente e
encarou.

Muito justo, já que me pegou examinando-o como uma


pervertida excitada.

Limpei minha garganta, que de repente estava apertada. —


Torta? — Atrapalhei-me com o pote, levantando-o entre nós,
bloqueando sua visão do meu sutiã. — São de cereja.

Ele olhou para o pote, onde duas dúzias de mini tortas


artesanais estavam bem-organizadas, meu recheio de cereja
característico aparecendo através do topo de massa
cruzada. Então seu olhar levantou-se para o meu novamente. Ele
tinha os cílios mais longos e escuros que já vi em um
homem. Maçãs do rosto altas. Lábios deliciosos e
beijáveis. Mandíbula forte sombreada por uma barba escura, como
se ele não se barbeasse há dias. E aqueles lindos olhos escuros,
ardendo na minha direção que me fizeram corar, a sério.

— Talvez outra hora — disse ele, o som sexy e profundo de sua


voz mexendo com partes da minha anatomia que não eram
mexidas há muito tempo. Percebi algo movendo em seus dentes
quando ele me deu um sorriso fraco, mas ainda aqueles de parar
o coração. Um piercing?

Não. Bala.

Canela. Seu hálito cheirava a canela.

Olhei para Devi. Ela e os outros estavam parados na soleira da


porta, olhando para nós.

Max, sempre o oportunista, cheirou na mão do cara mais


gostoso do mundo enquanto eu estava lá, atordoada. Notei os
grandes anéis de prata em seus dedos enquanto ele acariciava as
orelhas aveludadas de Max, e a tatuagem em seu pulso, um par de
asas escuras enroladas no seu forte antebraço.

— Vamos, Max. — Puxei Max de volta para que ele pudesse


avançar. — Desculpe. Ele, hum, gosta de você. — Normalmente
Max preferia as mulheres, mas dificilmente poderia criticar seu
gosto.

O cara mais gostoso do planeta não disse nada. Ele realmente


não teve uma chance antes que a sempre encantadora Devi
interviesse e conduzisse nós três para fora da porta.

Coloquei meu pote de mini tortas na mesa de Devi, sentindo-


me meio que levada pelo vento, como se tivesse acabado de sair de
uma tempestade em vez de uma leve névoa de
Vancouver. Realmente, uma garota deveria ser avisada antes que
um cara tão gostoso desse a ela a mais completa troca de olhares
foda de sua vida.

Eu realmente ofereci a torta para ele?

Torta de cereja?

Ah. Tão suave pra caralho.

Arrumei Max em uma bola obediente no tapete sob a mesa e


desejei que ele ficasse parado enquanto Devi voltava, fechando a
porta atrás dela.

— Eu sei — ela irrompeu. — Tão gostoso, certo?

Um, sim. Mas sabia que não devia responder honestamente. A


última vez que perguntei casualmente sobre um cara sexy que vi
de relance no escritório da minha melhor amiga, ela se encarregou
de nos colocar em um encontro às cegas. E quando um modelo
masculino gostoso fica com alguém que ele presume que será uma
modelo feminina igualmente gostosa, mas acaba sendo apenas
uma garota normal, as coisas não vão bem. Para a garota normal.

Felizmente, Devi nem esperou pela minha resposta. — Jesus,


Katie. — Ela se aproximou com uma xícara de café para viagem
em cada mão. — Que merda?

— Eu sei. Max simplesmente fugiu para o seu escritório...

— Isso não. — Ela me deu um abraço sem contato no ar, em


seguida, olhou para o meu peito. — Você parece um rato sexy
afogado. Já ouviu falar de guarda-chuva?
— Minhas mãos estavam ocupadas.

Devi fez uma careta. — Não me diga que você andou de skate
na chuva. Eu odeio quando você faz isso.

Revirei meus olhos um pouco. Minha melhor amiga glamorosa


nunca entendeu meu caso de amor com meu skate. É claro, ela
dirigia um SUV de luxo que seus pais compraram para ela e
morava em sua própria suíte em sua casa gigante, então ela não
se identificou exatamente com a minha economia. No caso do meu
meio de transporte preferido, ela apenas viu isso como um
comportamento de risco. Infelizmente, minha irmã mais velha
concordou com ela. — Becca já me deu a palestra quando parei
para pegar os cafés.

Devi colocou meu café com leite de cereja e baunilha na mesa


com um pequeno pigarro e olhou para as mini tortas com
desconfiança. — Você tem cozinhado.

— Apenas algumas tortas. — Joguei-me em uma das cadeiras


de frente para a mesa, que ainda tinha feromônios daquele cara
gostoso por toda parte. Respirei fundo, saboreando os aromas
persistentes de canela, couro e o almíscar tênue e inebriante de
um homem gostoso e limpo.

— Katie.

— O quê? — Olhei para cima; Devi estava me estudando


acusadoramente.

— Só torta?

— E alguns bolinhos.
Ela ergueu uma sobrancelha fina.

— E alguns biscoitos — acrescentei.

— Qual sabor?

— Gota de chocolate.

— Uh-huh.

— E manteiga de noz-pecã.

— Eu sabia. O que está errado?

— Nada.

— Besteira. Você parece... — Devi olhou para mim de lado. —


Com tesão.

— Não estou com tesão — menti. Quem não ficaria depois de


ser comida com os olhos assim? Minha cabeça ainda estava
perigosamente privada de sangue.

Devi sentou-se atrás de sua mesa. Ela estava linda, como


sempre, seu cabelo escuro alisado, pele impecável de cappuccino
realçada com batom vermelho aveludado, blusa preta sem mangas
enfeitada com uma gargantilha e leggings com estampa de
leopardo, que ela provavelmente usou especificamente para a
reunião que tinha acabado de ter. A moda era apenas uma das
muitas maneiras pelas quais Devi construía afinidade com as
pessoas.

Eu, por outro lado, me considerava coordenada se conseguisse


calçar sapatos combinando.
— Desembucha. — Ela juntou uma série de fotos de modelos
que se espalhavam pela superfície de sua mesa, colocando-as em
uma pasta de arquivo. — Tenho cerca de dez minutos antes da
minha próxima reunião. E aí?

— Nada. Nós apenas sentimos sua falta. — Era


verdade; minha melhor amiga vinha fazendo muitas horas extras,
o que era ótimo para a carreira dela, mas não tão ótimo para mim.

— Eu sinto saudades de vocês também. — Ela enfiou a mão


embaixo da mesa e acariciou Max. — Mas essa não é a razão pela
qual você invadiu aqui.

— Novamente, me desculpe. Só queria falar com você. Achei


que essa podia ser minha única chance de fazer isso cara a cara.

— Falar sobre…?

Respirei e suspirei. — Eu acho... que posso estar pronta.

Devi se iluminou, então se controlou e esfriou sua reação. —


Oh? — Ela estava se esforçando muito para não pular de
alegria. Era meio fofo.

— Sei que você está me dizendo isso há muito tempo. Eu só


tinha que chegar lá sozinha.

— Com certeza.

— Por muito tempo eu simplesmente não estava pronta,


sabe? E então talvez estivesse, mais ou menos, mas estava com
medo. E então ficou fácil continuar evitando isso. Mas agora…

— Agora? — Devi balançou os cílios escuros com esperança.


Tomei um gole do meu café com leite. — Tem certeza de que
tem tempo para isso?

— Claro que sim.

— Ok. Acho que preciso ir a um encontro.

— ALELUIA!

— Bem. Arg. Eu sou tão ruim nisso. — Apenas dizer isso em


voz alta para Devi me deixou nervosa. Especialmente quando ela
ficou toda animada sobre isso.

— O quê? Encontros? — Devi tomou um gole de café,


acenando com a mão bem cuidada no ar. — Você sempre diz isso,
mas nunca vai em encontros. Como você ficará boa em qualquer
coisa a menos que pratique? — Ela ergueu as sobrancelhas,
fazendo-me sorrir.

Quando se tratava de namoro, Devi era uma profissional


total. Eu, por outro lado, era praticamente uma virgem de novo,
mais ou menos por definição.

— Você vai encontrar alguém que vai abalar sua estrutura,


gata. Você apenas tem que se colocar lá fora. — O celular de Devi
tocou e ela olhou para a tela. — Oh! Tenho que atender essa
chamada. — Ela atendeu. — Ei, Maggie!

Vaguei até a pilha de revistas na mesa de café. Ultimamente,


estava me acostumando a compartilhar Devi com sua outra
vida. Apenas mais uma dica do universo de que eu precisava ter
uma vida própria.
Afundei no sofá e folheei uma Vogue francesa. Max veio se
deitar aos meus pés e eu toquei seu pelo macio com meu
tênis. Devi era tão natural com as pessoas. Ela tinha se esquecido
de mais homens sexys do que jamais sonhei em conhecer. O
conceito de não se colocar lá fora nem passaria por sua
cabeça. Mas para mim, toda a ideia de me expor à rejeição e ao
fracasso fez meu estômago embrulhar.

Ainda assim, ela estava certa. Eu não encontraria caras


ficando sentada em casa com meu cachorro.

Não é como se eu nunca tivesse tentado.

— OK? Oh. OK…

Olhei para o tom estranho na voz de Devi. Más notícias? Seus


olhos encontraram os meus, mas não pude ler o olhar neles.

— Mm-hmm. Certo. Ok... não, sem problema. Eu compreendo


perfeitamente. — Voltei para a minha revista enquanto ela
terminava a conversa, que foi breve e consistia em muitos
“Totalmente,” “Sem problemas” e “Claro”.

Olhei para cima novamente quando Devi desligou. Ela estava


encarando o telefone, como se pudesse de alguma forma explicar
o que aconteceu. — Bem. Isso foi interessante.

— Um cliente?

— Não. Maggie Omura. Você acabou de conhecê-la. Mais ou


menos.
— Oh. — Certo. A menina bonita de cabelos escuros com o
cara gostoso e o cara ainda mais gostoso. — Max gostou dela. Não
foi, Max? — Ao som de seu nome, Max latiu contente.

Devi recostou na cadeira, avaliando-me. — Você também


acabou de conhecer Jesse Mayes, sobre o qual você está
terrivelmente calma a respeito.

— Quem? — Bebi chantilly do topo do meu café.

Devi suspirou. — Honestamente, Katie. Você está brincando


comigo? Jesse Mayes?

— O quê? Aquele cara que acabou de sair? — Fingi estar


encantada com um anúncio de desodorante na minha revista. —
Um de seus modelos?

— Quem me dera. Jesse Mayes é apenas uma das estrelas do


rock mais sexys do mundo e, como uma jovem incrivelmente legal,
você realmente deve saber do que estou falando.

Presumi que ela acrescentou o comentário “jovem


incrivelmente legal”, já que na semana passada começamos uma
discussão quando ela disse que parecia que uma idosa morava no
meu apartamento. E depois de ter defendido rigidamente minha
coleção de músicas (em vinil), meu telefone residencial (com fio) e
minha TV (que não existia), percebi que ela tinha razão, e talvez
ela só estivesse com medo de perder sua melhor amiga para o clube
das solteironas aos 24 anos, o que provavelmente era um medo
realista.

Dei a ela meu melhor olhar feio de qualquer forma. — Então?


— Em seguida voltei para a minha revista, porque na verdade não
tinha ideia de quem era Jesse Mayes. Além do cara mais gostoso
do universo.

— Então, — disse ela — pensei que você gostasse de Dirty.

— Dirty o quê?

— A banda. Dirty.

— Oh. Quem não gosta? — Olhei para cima novamente. —


Você quer dizer que ele está naquela banda? — Eu conhecia
música. Meio que me orgulhava disso. Mas as pessoas? As
pessoas eram o domínio de Devi.

— Ele é o guitarrista principal. E ele canta como uma besta


sexy.

Isso eu poderia acreditar.

— Ele acabou de lançar um álbum solo e eles estão gravando


um videoclipe na cidade. A mulher que eles escalaram para
estrelar com ele como sua namorada no videoclipe, desistiu. —
Devi ergueu o lindo nariz. — Não de nossa agência, é claro.

— Claro — eu disse, mas ela me perdeu em algum lugar perto


de uma besta sexy. Agora estava tentando me lembrar de todas as
músicas do Dirty que conhecia e imaginando como Jesse Mayes
ficaria tocando violão e cantando sob os holofotes todo coberto de
suor.

— De qualquer forma. — Devi deu um gole em seu café,


olhando-me por cima da borda. — Resumindo. Conheci Maggie em
uma festa um tempo atrás. Ela trabalha com Dirty como assistente
do empresário, sabe, o cara com todas as tatuagens.
Uh-huh. Gostoso número dois.

— Ela está envolvida em grande parte da publicidade deles e


essas coisas e, naturalmente estivemos em contato.

— Naturalmente.

— Ela me ligou ontem à noite. Eles estão procurando uma


reformulação, mas estão tendo alguns problemas para fazer o Sr.
Rock Star se comprometer com o que ele quer. Maggie sabia que
estariam na vizinhança hoje, então ela aproveitou a oportunidade
para puxar seu traseiro para cá e fazer com que ele escolhesse uma
de nossas garotas.

— Esta vai ser uma garota de sorte. — Continuei folheando a


revista, mas realmente não vi as páginas. Estava muito ocupada
tentando imaginar Jesse Mayes sem camisa.

— Exatamente. Eles acabaram de contratar uma de nossas


modelos.

— Bem, isso é bom para você, certo?

— É ótimo para mim. Katie, preste atenção. — Devi se


levantou, deu a volta em sua mesa e pegou a Vogue de minhas
mãos. — Eles mudaram de ideia. Eles apenas ligaram para
desfazer o acordo.

— Oh. Bem, isso é uma merda. — Por que Devi estava toda em
cima de mim sobre isso?

Ela largou a Vogue na mesa de centro com um barulho


retumbante. — Eles a deixaram porque querem você.
Jesse
Se havia uma coisa que eu odiava em ser uma estrela do rock,
era filmar videoclipes.

Eles eram tediosos como o inferno, ou mais especificamente,


limbo. Era tudo sobre se apressar e esperar, a porra do dia todo.

Eles também eram uma besteira total. Passei metade da


manhã filmando tomada após tomada após tomada. Fingir cantar
com minha guitarra, fingir cantar sem camisa, fingir cantar com
minha guitarra sem camisa. E fingir era uma porra de tédio.

Passei o resto da manhã no meu telefone em um dos quartos


extras de Brody, enquanto as garotas do vestuário me vestiam
como uma maldita boneca. Maggie até tinha entrado nisso,
aparecendo entre um par de araras com um par de jeans, que
parecia exatamente como todos os outros que experimentei.

Foda-se.

Deixei cair a calça jeans que estava vestindo e, desta vez, deixei
minha cueca ir junto com ela. Chutei o jeans dos meus pés, fiquei
lá totalmente nu e disse: — Façam esta valer, senhoras.
Maggie encarou isso como a profissional que era e entregou o
jeans com uma careta de desaprovação. Uma das garotas do
vestuário parecia ter engolido a língua e ficou ocupada olhando
para qualquer lugar, menos para o meu pau. A outra quase disse
algo quando entrei na calça jeans, sem cueca, e fechei o
zíper. Quase.

— Perfeito. — Virei-me para sair.

— Jesse! — Maggie me chamou. — Nós ainda precisamos de


uma camisa.

— Tanto faz. — Puxei minha camiseta enquanto ia. — Vou


usar qualquer coisa.

Desci as escadas, para a batalha, acenando para a meia dúzia


de pessoas que queriam falar comigo ao longo do
caminho. Qualquer um deles provavelmente teria trazido qualquer
coisa que eu quisesse, mas já estava cansado de ser cutucado,
enfeitado e servido.

Tudo o que realmente queria era acabar com esse dia de merda
e ir para Los Angeles.

Havia muitas pessoas aglomeradas na casa de Brody. A equipe


de filmagem, os agentes da banda, a segurança, o vestuário, a
maquiagem e os muitos modelos que foram contratados para a
filmagem estavam fazendo a enorme casa parecer o ônibus que
usamos em nossa primeira turnê do Dirty - totalmente lotado de
parasitas.

A casa estava repleta de luzes, equipamentos de câmera e todo


tipo de porcaria que estaria sendo usada na cena do dia seguinte
na sala de estar. Poderia ter sido apenas mais fácil dar uma festa
e deixar todo mundo destruir a casa, em vez de fazer com que
pareça o resultado de uma coqueteleira. Zane sugeriu
isso; nenhuma surpresa Brody vetar.

Passei pela sala de estar, onde eles estavam se preparando


para aquela cena, a equipe preparando uma câmera nos trilhos
para filmar. Zane estava lá, as únicas mulheres na sala zunindo
ao redor dele como abelhas em um favo de mel, enxugando-o com
esponjas de maquiagem e penteando seu cabelo loiro de praia com
os dedos enquanto ele comia uma tigela de algo com pauzinhos.

Zane e Dylan, dois dos meus companheiros de banda no Dirty,


estavam fazendo participações especiais no vídeo, o segundo single
do meu primeiro álbum solo. Já que o álbum se chamava Sunday
Morning, Brody me perguntou o que eu estaria fazendo em uma
manhã de domingo ideal. Eu disse: — Fodendo — ele concordou,
e o conceito do vídeo nasceu. Zane e Dylan estariam desmaiados
na sala de estar, ao final de uma festa, junto com um bando de
gatas, o que levaria cerca de dois segundos para ser filmado, já que
tudo o que eles tinham que fazer era ficarem deitados. Enquanto
isso, eu e a modelo que estava interpretando minha namorada
estaríamos transando, o que provavelmente levaria horas para
filmar, já que teria que fingir cantar a música inteira para ela
enquanto transávamos, e a câmera provavelmente teria que captar
de um bilhão de ângulos diferentes.

Eu já estava entediado.

Entrei na sala de jantar, que estava quase vazia. Apenas um


bando de gostosas se preocupando com seus reflexos no grande
espelho de parede e fazendo olhos pedintes para Dylan, que estava
na sala de música ao lado, relaxado atrás da bateria em seu kilt,
conversando com Brody, comendo um cone de sushi e sendo
caracteristicamente sossegado, quase indiferente sobre a atenção.

Eu estava prestes a mergulhar no sushi quando a garota


solitária do outro lado da mesa prendeu meu olhar.

Ela parecia diferente das outras garotas vagando pela


casa. Para começar, ela era pequena para uma modelo. As outras
meninas também estavam ignorando completamente a
comida. Esta estava pairando sobre, parecendo adoravelmente
confusa em seu robe enorme.

— Você está bem? — Peguei um dos rolinhos de abacate que


ela estava olhando e coloquei inteiro na boca.

Ela olhou para mim e seus olhos já grandes se


arregalaram. Eles eram de um lindo azul esverdeado, um bom
contraste com seu cabelo escuro. Ela parecia familiar, talvez. Mas,
novamente, passei o último mês com centenas de fotos de modelos
enfiadas na minha cara.

— Hum... só não tenho certeza do que comer? Eles me deram


um canudo para minha bebida, para proteger o batom, e o robe
para proteger minhas roupas. — Ela ergueu a garrafa de água que
estava segurando, um canudo saindo da tampa. — Mas não tenho
certeza de como comer sem destruir isso. — Ela fez um gesto amplo
para indicar seu rosto.

— Coma o que quiser — eu disse a ela. — Eles vão retocar.

Ela mordiscou o lábio inferior, insegura.

— Comendo seu lábio provavelmente será pior.


Ela soltou o lábio e corou um pouco. Podia ver a cor em suas
bochechas, mesmo através da maquiagem de alta definição que
eles haviam aplicado em sua pele já impecável. Ela sorriu um
pouco. — Obrigada pela dica profissional.

— E você tem batom nos dentes — eu disse, colocando um


tomate cereja na boca.

— Droga. — Ela passou a língua pelos dentes da frente.

— Se você está realmente preocupada com isso, coma um


pouco disso. — Coloquei a tigela de tomates cereja na frente
dela. — Eles nem precisam tocar seus lábios. — Pisquei para e ela
corou novamente.

Essa garota era muito fofa. Infelizmente, estava sendo fanática


por mim.

Então, novamente... Eu não tinha fodido uma fã fazia muito


tempo.

— Ei, Jesse. — Maggie entrou. — Eles estão prontos para sua


próxima tomada. Então é hora de sua cena com Katie.

— Quem?
— Katie. — Maggie olhou de mim para a garota com o robe e
acenou com o polegar para ela. — Sua namorada du jour1. Você a
conheceu no escritório da agente.

Olhei para ela de novo, lentamente - o que eu podia ver dela


naquele robe. — O que aconteceu com a loira?

Maggie parecia irritada. — Você não quis a loira, lembra? —


Eu me lembrava. Só gostava de brincar com Maggie. — Você disse
que ela era, cito, esquecível, assim que saímos do escritório.

— Porque eu não tinha ideia de qual você escolheria. — Era


verdade. Praticamente estive escrevendo letras de músicas na
minha cabeça o tempo todo que ela e Brody examinaram as
modelos em oferta.

Os olhos de Maggie se estreitaram. — Eu sabia. — Ela fez um


gesto em direção à garota de robe novamente, que estava parada
ali como uma corça capturada pelos faróis de um caminhão
Mack. — Ainda bem que escolhemos outra pessoa. Katie. Lembra?

Encarei a garota e finalmente me lembrei.

Garota com a camisa molhada.

Ela parecia diferente na ocasião. Sem maquiagem. Cabelo


úmido. Um pouco corada.

1 Do dia, em francês.
Involuntariamente sexy.

Agora ela parecia estranhamente sexy.

Maggie fez um barulho exasperado. — Não ligue para ele —


disse ela à Katie. — Ele está de mau humor. Há um ano.

— Eu lembro. — Segurei o olhar de Katie, ignorando Maggie. —


Torta de cereja.

Suas bochechas ficaram rosadas novamente. Droga, ela era


fofa.

Esta filmagem ficou muito mais interessante.

— Tem torta? — Zane entrou e demorou dois segundos para


seu olhar encontrar Katie. E ficar lá.

Excelente.

— Quem é você? — Ele exigiu.

— Hum, Katie — ela disse.

Zane, sendo Zane, deu a volta na mesa muito comprida, pegou


a mão dela e beijou-a. — Prazer em conhecê-la, Katie. Eu sou
Zane. — Ele deu a ela seu olhar ultra intenso de viking de olhos
azuis; aquele que geralmente conseguia qualquer boceta que ele
quisesse.

— Legal — disse Katie. Ela olhou para Zane, porque era isso
que as mulheres faziam.
— Tudo bem — disse Maggie, dando a volta na mesa e puxando
Katie para longe. Maggie era uma das poucas mulheres que já
conheci que era imune às besteiras de Zane. — Não ligue para
Zane. Ele é assim com todo mundo.

Nem todos. Apenas mulheres que ele queria foder.

Quando as meninas foram embora, Zane olhou para mim. Ele


congelou ao receber o olhar que dei a ele. — O quê?

Virei-me para sair, assim que uma das garotas do vestuário


entrou com uma camisa para mim.

— Essa não — eu disse, e saí.


Katie
Nunca me senti tão fora do ambiente na minha vida.

A questão era que estive sentada à margem de minha própria


vida por tanto tempo que meio que esqueci qual era o meu
ambiente.

Foi assim que acabei aqui. Deixei minha melhor amiga me


convencer, Katie Bloom, garota normal sem nenhum vestígio de
modelo ou experiência de atuação, que eu poderia interpretar a
namorada-superlegal de uma estrela do rock no novo videoclipe de
Jesse Mayes.

Que porra eu estava pensando?

Hoje foi a primeira vez na minha vida que suei de verdade.

Esfreguei minhas palmas no robe felpudo, minhas mãos


enfiadas nos bolsos enquanto seguia Maggie pela casa enorme que
ela disse pertencer ao empresário de Jesse, Brody, o cara com as
tatuagens do escritório de Devi. Eu o conheci de verdade dessa vez,
e ele tinha essa coisa de negócios-e-rock-n'-roll intensamente sexy
que me deixou com a língua presa. Fiquei aliviada quando a
incrivelmente simpática Maggie me resgatou daquela conversa. O
mesmo, quando ela fez isso de novo com Zane. Porque o que raio
eu diria a Zane Traynor, o vocalista mais carismático do rock desde
Jim Morrison2, em um par de calças de couro?

Sim, pesquisei no Google desde que fui contratada para essa


coisa.

Muito.

O vocalista do Dirty tinha o corpo de um deus do amor e uma


voz pela qual ele claramente vendeu sua alma ao diabo, e sim, ele
era lindo, mas eu só o encarei porque era isso ou ser sugada pelo
contato visual com Jesse Mayes de novo.

E isso era uma séria ameaça à minha sanidade.

Quando o homem olhou para mim, aconteceram coisas com


meu corpo que eu só poderia descrever como uma insanidade
hormonal temporária, mas que consumia tudo. Era estonteante,
emocionante e assustador, e precisava me recompor antes de
filmar essa cena. Eu deveria estar tranquila e agir como uma
namorada, curtindo uma festa ao lado dele ou algo assim, não
desmaiando como uma virgem reprimida que poderia entrar em
combustão se esbarrasse os ombros comigo.

2Foi um cantor, compositor e poeta norte-americano, mais conhecido como o vocalista da


banda de rock The Doors.
Não ajudou o fato de ele ter trazido todos os seus amigos
exuberantes para a filmagem.

Quer dizer, tinha visto fotos de todos os membros do Dirty na


web. Mas como essa filmagem foi para o álbum solo de Jesse, não
esperava que Zane ou o baterista do Dirty, Dylan Cope, estivessem
aqui.

Que raios eu esperava?

Talvez algum tipo de palco de som estéril com uma equipe de


filmagem eficiente e voltada para todos os negócios comandando
as cenas?

Parecia mais uma festa, as pessoas se amontoavam em cada


cômodo da maravilha arquitetônica da casa de Brody, que ficava
em North Vancouver3 , montanha acima em Canyon Heights 4 , e
provavelmente custava sete dígitos.

A equipe de filmagem se parecia muito com o que eu sempre


pensei que os assistentes de palco seriam, os assistentes de palco
pareciam criminosos, os seguranças pareciam motociclistas
heterossexuais e a equipe de gestão, que consistia em Brody,
Maggie e vários subordinados, pareciam estrelas do rock.

Jesse, Zane e Dylan? Pareciam algo saído da fantasia de


masturbação de uma deusa grega.

3 Cidade no Canadá.

4 Bairro da cidade North Vancouver.


Nunca conheci pessoas assim na vida real.

Quando cheguei, Maggie misericordiosamente me arrancou de


uma sala cheia de mulheres que pareciam ter vindo direto dos
bastidores de um desfile de moda da Victoria's Secret5. Devo ter
parecido tão deslocada quanto me sentia com minha camiseta dos
Rolling Stones 6 , jeans respingados de tinta e sapatilhas
roxas; aparentemente, todos os meus jeans estavam pintados,
algo que só percebi naquela manhã.

Honestamente, o que raios eu estava fazendo aqui?

Pela segunda vez hoje, Maggie me deixou em um dos quartos


do andar de cima que havia sido ocupado pela equipe de vestuário,
prometendo me buscar em dez minutos.

Dez minutos até minha cena com Jesse Mayes.

Minhas palmas estavam suando novamente.

As garotas do vestuário me livraram do robe e me colocaram


em uma pequena plataforma para me encarar. O que não teria sido
tão estranho, dada a profissão delas, se eu não estivesse
totalmente nua, exceto por um sutiã e calcinha. Definitivamente
não era minha zona de conforto, mas como havia apenas algumas

5 É uma marca de lingerie e produtos de beleza, reconhecida por ter as modelos mais
bonitas do mundo.

6 Banda de rock inglesa.


modelos e as garotas do vestuário no quarto, e elas faziam isso o
tempo todo, tentei me convencer de que não era grande coisa.

Não é aterrorizante nem um pouco.

Elas me fizeram fazer uma troca rápida no banheiro adjacente,


mantendo o sutiã de cetim champanhe e renda preta, mas
trocando a calcinha combinando por uma calcinha de renda preta,
que mostrava um monte de nádegas. Felizmente, eu tinha nádegas
decentes.

— Oh, tão perfeito — disse uma das garotas do vestuário


quando me viu, e me convenci que era meio fofo e nada estranho
que elas se importassem tanto com o que eu estaria vestindo por
baixo das minhas roupas, já que ninguém veria isso.

Então uma das maquiadoras entrou com uma paleta de


maquiagem, seu pequeno cinto de ferramentas cheio de pincéis e
esponjas, e começou a pintar um hematoma na minha coxa com
sua maquiagem mágica que parecia que eu não tinha poros.

E foi então que me dei conta.

Essas eram minhas roupas.

Tipo, todas elas.

Porque aparentemente eu estava prestes a ser filmada no


videoclipe de Jesse Mayes vestindo nada além de calcinha e sutiã.

— Tenho tempo para usar o banheiro antes de descer? —


Perguntei a quem quisesse ouvir, o pânico quente subindo como
bile na minha garganta.
— Claro, — disse a maquiadora. — Apenas tente não borrar a
maquiagem.

Corri para o banheiro e fechei a porta, bem a tempo para o


primeiro suspiro. Agarrei a bela pia de mármore e me desesperei,
tão silenciosamente quanto pude, meu estômago apertando
enquanto eu vomitava. Graças a Deus não apareceu nada. Estou
feliz agora que nunca consegui comer aquele sushi.

Engoli, soltei, engoli novamente e me concentrei em obter o


controle da minha respiração. Aerosmith 7 estava balançando o
sistema de som da sala ao lado com Sweet Emotion, então pelo
menos sabia que eles não podiam me ouvir.

Fechei os olhos com força e respirei longa, lenta e


profundamente. Então cavei nos bolsos da minha calça jeans
descartada e encontrei meu telefone. Liguei para Devi com as mãos
desajeitadas, uma mistura tóxica de nervos, raiva e humilhação
queimando em meu intestino.

— Ele é tão gostoso quanto você lembra? — ela respondeu, e


pude ouvir o sorriso de satisfação em sua voz.

— Mais gostoso. Devi. Que porra é essa.

— Huh? Você está bem? — Alarmada. Ela parecia alarmada


agora e eu teria me sentido mal se ainda não estivesse engolindo a
bile.

7 Banda estadunidense de rock.


— Você sabia que eles querem que eu faça essa coisa de
calcinha e sutiã?

— Oh, — minha melhor amiga disse. — Isso.

— Sim, isso — assobiei. Teria gritado com ela pela primeira vez
em nossas vidas se não tivesse medo de que todas as pessoas
bonitas na sala ao lado pudessem me ouvir. Puxei a renda
minúscula da calcinha que agora parecia vários tamanhos menor
do que quando a coloquei, tentando fazer com que cobrisse mais a
minha bunda.

— Katie, Jesus. Sério, você está bem? Você parece toda


espumosa.

— Sim, porque estou espumando pela boca. Você nunca me


disse que eu faria isso pelada.

— Um. Calcinha e sutiã não significam nudez. Você usa


menos na praia. Aquele seu biquíni sexy?

— Aquilo é diferente.

— Como é diferente?

Arg. Odiava quando ela argumentava comigo. O que ela fazia


o tempo todo. Consequentemente, eu estava de pé, aqui, em uma
roupa íntima sexy que nem era minha. — Eu não sei. Apenas é.

— Não é. E dois. Não cheguei a dizer que eles mudaram o


plano porque sabia que você iria surtar e cair fora e eu realmente,
realmente acho que você deveria fazer isso.

— O que você quer dizer com eles mudaram o plano?


— Aquela coisa da cena de festa? Eles ligaram ontem para
dizer que mudaram um pouco, então sua cena com Jesse agora
será uma coisa mais cara-a-cara. Tipo, só vocês dois.

Apenas nós dois?

Sobre o que ela estava falando?

— Devi, para que raios você me inscreveu?

— Nada. É apenas uma cena de amor.

Frio. De repente, senti um arrepio de frio, meu estômago uma


bola agitada de lava quente. — O que você quer dizer com uma
cena de amor?

Tipo, sexo?

Sexo simulado, na câmera?

Com Jesse Mayes? O cara mais gostoso do universo?

Pânico. Bile subindo.

Engoli em seco.

— Tudo o que você precisa fazer é fingir que fica com Jesse —
disse Devi, como se fosse a coisa mais simples do mundo. — Ele é
lindo, certo? E você estava toda preocupada em ter que dançar em
cima da hora ou se exibir ou algo assim. Dessa forma, você nem
precisa se apresentar.
Certo. Porque fingir que estava transando uma estrela do rock
super gostoso enquanto a equipe de filmagem filmava era uma
ocorrência diária para mim. Totalmente natural.

— Sem mencionar que consegui mais dinheiro para você. Você


sabe, por fazer isso em suas calcinhas.

Devagar. Inspire pelo nariz, expire pela boca.

— Katie?

— Estou respirando.

— Onde diabos você está?

— No banheiro.

— Ok... então respire e coloque sua bunda lá fora. Nós já


falamos sobre isso. Bebemos vinho. Lembra? Você vai arrasar com
isso.

Arrasar com isso. Certo. Apesar da confiança de Devi em mim,


tinha certeza de que Jesse Mayes era quem iria arrasar com isso.

Eu provavelmente ia vomitar.

Pela primeira vez desde que comecei a vomitar, peguei meu


reflexo no espelho: o reflexo da garota que estava prestes a fingir
uns amassos com Jesse Mayes.

Seminua.

Pisquei e encarei, tentando imaginar aquela garota em um


videoclipe.
Ela estava com muito mais maquiagem do que o normal, mas
tudo bem ... não é como se não houvesse nada lá para
trabalhar. Rosto em formato de coração. Feições
simétricas. Sobrancelhas arqueadas e maçãs do rosto
decentemente salientes. Lábios carnudos. Grandes olhos azuis
esverdeados emoldurados por cílios escuros. Pele irlandesa pálida
com algumas micro sardas espalhadas por um nariz decentemente
fofo.

Olhei para minha figura com a lingerie, que era muito mais
sexy do que imaginava, agora que eu estava vendo pelos olhos da
garota que estava prestes a usá-la na frente de Jesse
Mayes. Sempre fui meio pequena, nada como as outras mulheres
que eles contratavam para isso, mas pelo menos eu tinha
curvas. Eu costumava ser uma moleca, na verdade. Uma criança
skatista, vestia-me como os meninos com quem saía e me parecia
com eles também. Era difícil não ver aquela garota no espelho. Eu
desenvolvi tarde, mas havia desenvolvido.

E alguém gostou do que viu, o suficiente para me contratar


pra isso, né?

— Katie? — Devi parecia preocupada agora. Não gosto de ser


a única a fazê-la soar assim.

Tentei envolver minha cabeça em torno da ideia de andar por


aí, nisto, na frente de Jesse Mayes, e todos os seus amigos
gostosos, e os caras da segurança e a equipe de câmera e todos
aqueles outros modelos - modelos reais... e simplesmente não
conseguia. Eu não conseguia. Minhas mãos ainda estavam
suando quando me agarrei à pia.
— Merda, Devi — disse em uma voz baixa e ressecada. — Ele
nem sabe quem eu sou.

— Ele deveria?

— Um, sim? Pensei que ele me escolheu. Mas ele nem sabia
que eu fui contratada.

— Então? Você foi contratada. Sei que você se sente estranha


porque nunca fez isso antes, mas quem se importa? Confie em
mim, querida. Esse é o tipo de coisa que algumas garotas, garotas
lindas, dão duro tentando conseguir suas carreiras inteiras e
nunca fazem. Este é o Jesse Fodido Mayes.

— Sim. Estou ciente.

Devi e Google haviam me informado sobre a extensão da fama


do homem, informando-me que Jesse Fodido Mayes era nada
menos do que um deus do rock, um deus do sexo e um destruidor
de corações total.

Sem mencionar que sua namorada atual era ninguém menos


que Elle, a baixista super gostosa do Dirty.

Mesmo se conseguisse reunir coragem para andar por aí com


essa lingerie, eu, Katie Bloom, não fui feita para esse tipo de
pressão.

— Você sabe que representamos uma atriz que acabou de


filmar uma cena de amor com Leonardo? — Devi continuou. — E
uma verdadeira modelo da Victoria's Secret. Eles passaram por
todos elas. Eles querem você.
— Uhum. — Essa parte, para ser honesta, ainda não fazia
sentido. Mas isso me fez sentir mais enjoada. — Por que raios eu
concordei em fazer isso? Você sabe que odeio estar no centro das
atenções. — Fechei os olhos, lutando contra as voltas.

Devi ficou em silêncio. Ela sabia, certo.

Ela estava lá, parada ao meu lado no altar enquanto o ministro


olhava com grande simpatia e os minutos passavam. Enquanto
todos ficavam olhando para mim com meu vestido branco; todos,
menos a pessoa que deveria estar lá.

Aquele que tinha acabado de sair.

Eu queria desaparecer então, mas não pude. Não pude


escapar daquele momento horrível que se estendeu
indefinidamente.

Eu ainda estava revivendo, quase dois anos depois.

— E é exatamente por isso que você precisa fazer isso — disse


minha melhor amiga.

— Por que, exatamente?

— Você sabe o porquê. Olha, Katie, eu estive lá com você. Por


tudo isso. Vi você ficar deprimida pelos últimos dois anos de sua
vida...

— Um ano e dez meses. Não vamos exagerar.

Alguém bateu na porta do banheiro. — Katie?


Era Maggie, aqui para me levar para filmar minha
cena. Imaginei Jesse Mayes lá fora, esperando... Merda, ele estaria
seminu também?

— Só um minuto! — Avisei o mais docemente que pude,


mesmo quando a bile subiu novamente. Tentei sufocar, mas
estava ganhando.

— Tudo bem — Devi pressionou. — Eu vi minha melhor amiga


em todo o mundo se sentir mal consigo mesma por um ano e dez
meses, por causa de algum idiota que não a merecia de qualquer
maneira...

— Devi...

— Espere. Ele nunca mereceu você em primeiro lugar, e nós


duas sabemos disso. Eu sei que você sabe, no fundo, que ele era
um idiota total e a maneira como ele te machucou foi desprezível.

Vomitei. Silenciosamente.

Só um pouquinho, na bela pia de mármore do gerente tatuado


de Jesse Mayes.

— Mas o fato de que você ainda está deixando isso comandar


sua vida — disse Devi, alheia ao meu vômito — Katie, isso é por
sua conta.

Isto.

Era exatamente por isto que Devi era, e sempre seria, minha
melhor amiga.
Ela me amou quando precisei de amor. E ela me amava forte
quando eu precisava de um chute na bunda. Infalivelmente.

— Você está certa — resmunguei. Passei um pouco de água


pela boca e cuspi na pia, enxaguando o vômito pelo ralo.

— Você precisa agarrar este momento pelas bolas. Pegue a


porra da sua vida de volta, querida.

Devi estava sempre tentando me fazer pegar algo pelas


bolas. Vida normal. Às vezes um homem.

Nunca estive mais grata por isso.

— Tudo bem — eu disse.

Ela estava certa e eu sabia disso.

Não podia deixar o que aconteceu comigo quase dois anos


atrás naquele dia de merda, o dia que deveria ser o melhor dia da
minha vida, mas acabou sendo o pior, arruinar minha vida.

E se eu não tomasse uma atitude drástica, era exatamente o


que iria acontecer.

— Eu estou fazendo isto.

Limpei minha boca com um lenço de papel, certificando-me de


que não havia nenhum traço de vômito no meu rosto maquiado
enquanto me estudava no espelho.

— Com certeza.

— E, por falar nisso, — eu disse a ela — eu te amo.


Desliguei e lavei a boca com um pouco do enxaguante bucal
que havia sobrado, graças a um pequeno milagre, na pequena
bandeja de produtos de higiene pessoal.

Então respirei fundo, abri a porta e fui dar uns amassos com
uma estrela do rock.
Jesse
Sentei-me na cama king-size enquanto a equipe trabalhava ao
meu redor em um caos um tanto organizado, mas não era o caos
que me incomodava. Eu não era estranho ao caos. Simplesmente
ignorei e toquei trechos de uma nova música em um dos meus
antigos violões, o que me pareceu uma maneira melhor de
processar qualquer merda que estivesse acontecendo na minha
cabeça do que os métodos usados pelos meus colegas de banda.

Quando Dylan tinha que lidar com uma merda, ele tendia a
desaparecer.

Elle entrava em confrontos.

Zane fodia seus sentimentos para longe. O que era pelo menos
melhor do que beber demais como costumava fazer.

Eu tocava guitarra. Fazia música. Escrevia canções até me


sentir melhor sobre o que quer que fosse que estava me
incomodando.

Ultimamente, tenho escrito muito. Era isso ou aquela merda


sombria que deixava todos ao meu redor loucos. Já estava
obcecado sobre como seriam as próximas semanas da minha vida
e a guerra fria que me esperava assim que chegasse em LA, mas
estava impaciente pra caralho para chegar lá, de qualquer
maneira. E por mais que odiasse o processo, essa filmagem
precisava da minha atenção primeiro.

Este vídeo tinha que ir bem. A música tinha que ir bem. O


álbum tinha que se sair melhor do que bem.

Eu não podia deixar Zane estragar tudo apenas por ser Zane.

Disse a ele para ficar fora desta sala enquanto filmamos esta
cena. Não disse o porquê, mas o homem não era estúpido. Era
dizer a ele para se foder ou deixá-lo por perto, jogando seus olhares
foda-me para Katie.

Eu vi aquele olhar arregalado que ela lhe deu. E soube como


as coisas iriam a partir daí. Tinha visto garotas suficientes
perderem a cabeça por causa dele para saber quando uma garota
foi atingida por Zane.

Eu também pude ver por que Maggie e Brody escolheram Katie


para esta cena. Ela era super fofa pra caralho. Sim, poderia estalar
os dedos e substituí-la por qualquer garota da casa. Mas eu
não queria nenhuma das outras garotas na casa.

Qualquer um poderia ver que essa garota era diferente.

E desde que eu não estaria dando uns amassos a tarde toda


com uma gatinha super fofa conquistada por Zane, só teria que
fazê-la esquecer dele.

Podia vê-la parada no final da escada conversando com


Maggie, mas ela ainda não havia entrado no cômodo. Estava de
costas para mim, apenas seu cabelo escuro e robe branco visíveis
através das luzes postas ao redor da cama.

Estávamos filmando a cena no porão de Brody, o lendário


salão de festas. Não conseguiria contar, ou mesmo lembrar, todas
as vezes que estive bêbado, drogado ou deitado nesta sala. Nunca
tinha visto isso assim, no entanto. Sem barris, sem farras, sem
gatas seminuas. A mesa de bilhar e outros móveis foram
empurrados contra as paredes e cobertos com cobertores de
proteção.

Mais luzes foram instaladas no quintal, irradiando através da


parede de janelas. Cortinas longas e onduladas foram penduradas
e ventiladores foram colocados para soprá-las para dentro, a luz
brilhando através delas. O cenário era simples, mas lindo. Liv, a
diretora, tinha feito vários vídeos do Dirty ao longo dos anos e eu
sabia que ela faria essa coisa parecer sexy.

Com aquela gracinha na cama comigo, era garantido.

Mesmo se ela tivesse preferido Zane.

Observei enquanto ela se virava para seguir Maggie para


dentro do cômodo. No segundo em que Katie ultrapassou a soleira,
Brody ligou a música, bem na hora. Start Me Up, dos Rolling
Stones, acelerou pela sala.

Katie parou, quase tropeçando. Alguns caras da equipe


mergulharam para pegá-la, e ela corou ao acenar para eles. Havia
fios elétricos correndo por toda parte, presos ao chão, e ela ergueu
o robe, pisando cautelosamente em seus sapatos roxos, mostrando
sua perna nua.
Sem nem mesmo querer, a garota estava fazendo uma entrada.

A música era perfeita, a letra untada com luxúria e


praticamente resumindo a impressão que ela estava causando na
maioria dos caras na sala.

Eu a observei ir para a cama. Katie Bloom. Vinte e quatro


anos. Morava na East 7th em Vancouver. Depois que a vi na sala
de jantar, fiz Jude obter todas as informações que
pôde. Aparentemente ela havia chegado de skate, vestindo uma
camiseta dos Stones e carregando biscoitos para a equipe, que
nunca passou pela segurança desde que os caras de Jude os
devoraram à primeira vista. Além de uma coisa para assados, eu
tinha todos os fodidos motivos para seguir em frente, a não ser um
aparente interesse por rock clássico.

Dedilhei preguiçosamente o meu violão quando ela parou bem


no pé da cama, praticamente o ponto mais distante de onde eu
estava sentado perto da cabeceira. Maggie a apresentou à Liv, e
Liv, uma figura calma em meio ao caos apressado de sua equipe,
anunciou que estávamos prestes a começar a filmar.

— Começaremos com algumas tomadas amplas e


gradualmente avançaremos — disse ela à Katie. — Estamos à
procura de sexo matinal apaixonado, como se você mal dormisse e
tivesse feito isso a noite toda, mas nunca se cansasse. Você foi
informada sobre tudo isso?

— Uh-huh, — Katie disse, sua voz baixa. Eu mal ouvi por


causa da música. — Maggie meio que me informou.

Ela olhou para mim, apenas um pouco. Seu olhar perdeu-se


completamente no meu rosto, varrendo meu peito nu e meus
braços enquanto eu tocava a guitarra. Foi-me oferecido um robe,
mas estava quente com todas as luzes e pessoas na sala, então,
não estava usando nada além da cueca boxer preta que as garotas
do vestuário me deram.

— Jesse irá guiá-la — Liv estava dizendo. — Basta seguir sua


liderança. Começaremos devagar e seguiremos no ritmo que
parecer certo para vocês dois. — Ela disse algumas outras coisas
sobre onde a câmera estaria e tudo mais. Eu não estava ouvindo.

Estava observando Katie.

Ela parecia meio pálida, mas uma maquiadora se materializou


para retocar seu rosto. Enquanto fazia suas coisas, Katie olhou
para qualquer lugar, menos para mim.

Talvez essa garota não fosse tão diferente, afinal.

Definitivamente conheci um inferno de monte de garotas que


se esforçam para chegar aos bastidores, então agem como se
fossem legais demais para estarem lá.

Mas porra, ela era bonita.

Quando Liv deu as costas, ela encontrou meus


olhos. Finalmente.

Uma das garotas do cabelo se aproximou para despentear seu


cabelo sexual já matador. Junto com seu olhar de corça inocente,
estava começando a fazer meu pau latejar.

Zane fodido.
Assim que ficamos mais ou menos sozinhos, Katie sorriu um
pouco para mim. — Suponho que você não tenha outro chiclete?

— Eu poderia. — Mastiguei meu chiclete com sabor de canela


exageradamente. — Talvez este seja meu último pedaço. Nós
poderíamos compartilhar.

Ela olhou para minha boca e corou. — Acho que não. Eu, uh,
acabei de vomitar.

Disse o quê?

Ela se virou para mim, com cuidado, como se virasse muito


rápido, todo o quarto iria girar debaixo dela. Até mesmo estendeu
a mão e segurou a cama para se firmar.

Coloquei meu violão de lado.

Então mandei alguém buscar Jude para pegar o chiclete da


minha jaqueta, que estava trancada no escritório de Brody.

— Eu enxaguei minha boca, — Katie explicou — mas sinto que


poderia usar um pouco mais... você sabe... — Ela parou de falar,
seus olhos arregalados.

Inclinei-me para frente, examinando-a. — Você está chapada?

Seus olhos brilharam com surpresa, brilhantes e claros. —


Não.

Eu a examinei com mais cuidado. — Mas você está doente? —


Merda. Estava planejando criar algumas faixas difíceis em LA nos
próximos dias, e não poderia fazer isso se estivesse vomitando
minhas tripas.
— Não, — ela disse. — Nada como isso.

Examinei-a novamente, mas o robe não estava revelando


nada. — Você não está grávida, está? — Pior do que ficar doente
ou apaixonada por Zane. Se eu tivesse que filmar uma cena de
amor com essa garota enquanto ela estava grávida do filho de outro
cara, isso mataria totalmente a coisa toda.

— Definitivamente não. — Corou de novo, o que foi bom. Ela


poderia usar um pouco mais de cor em seu rosto. — Só... nervosa.

E talvez eu fosse um idiota, mas isso me fez sorrir. De orelha


a orelha.

Um dos rapazes de Jude apareceu com o chiclete e Katie enfiou


um pedaço do chiclete na boca. — Obrigada.

Então, um dos servos de Liv ordenou as coisas e Liv caminhou


até nós novamente.

— Vamos repassar a música algumas vezes, — disse ela —


cobrindo tudo de diferentes ângulos, depois vamos fazer alguns
closes.

Katie assentiu, mastigando furiosamente.

Liv se virou para mim. — Sinta-se à vontade para ir com o que


parece natural, como conversamos, e avisarei quando precisarmos
mudar isso.

— Entendi.
— Vamos tirar o robe e o chiclete — Liv gritou enquanto se
posicionava perto do monitor, onde estaria assistindo o que a
câmera capturava.

Brody desligou a música. Alguém tirou meu violão e entregou


alguns lenços de papel para nosso chiclete. Uma garota do
vestuário apareceu para pegar o robe de Katie.

Katie tirou os sapatos, respirou fundo e desamarrou, tirando


o robe dos ombros. A garota do vestuário o pegou, ajustou uma
das alças do sutiã de Katie e saiu do caminho.

Katie e eu estávamos sozinhos ao lado da cama, as luzes


brilhando sobre nós. Todo mundo estava olhando para nós.

Para ela.

A garota era uma perfeição delicada. Pele suave e


macia. Corpo esguio e curvilíneo com uma cintura fina e seios
fartos e naturais. E aqueles quadris doces e redondos...

Quase babei pra caralho. Eu era um homem totalmente de


quadris. Quadris e bunda. Dê-me algo para agarrar enquanto
comia uma garota.

— Ok, Katie, vamos começar com você por cima — Liv


gritou. — Vamos repassar a música uma vez para aquecer todos.

— Tudo bem — disse Katie. Ela olhou para mim, olhou para
minha virilha, mas apenas ficou lá.

— Bem, querida, — eu disse. — Você ouviu a mulher. —


Inclinei-me para trás em minhas mãos para dar a ela acesso total
ao meu colo. — Suba.
Ela revirou os olhos um pouco. Percebi isso antes que
desviasse o olhar e subisse na cama. Ela rastejou
desajeitadamente sobre minhas pernas e finalmente olhou para
mim por baixo de seu cabelo escuro.

Inclinei-me para frente, meus lábios roçando sua bochecha


enquanto sussurrava em seu ouvido. — Provavelmente deve
chegar mais perto, se vamos foder. — Agarrei aqueles lindos
quadris e ela engasgou quando a puxei para mim, forçando-a a se
sentar no meu colo. Sua virilha ainda estava a centímetros da
minha, mas era um começo. E ela poderia ir em frente e reclamar
da maneira pouco profissional com que eu a estava manipulando
para quem quisesse ouvir. Não me importei. Valeu totalmente a
pena ver aquele olhar assustado em seu rosto e aquele lento rubor
descendo por seu peito, seus seios arfando enquanto respirava.

Olhamos um para o outro. Tão perto, podia praticamente


prová-la. Ela cheirava a doces e a porra de raios de sol. Como goma
de canela e torta de cereja caseira.

Então Liv anunciou que estava rolando a filmagem e a música


começou a tocar.

A música.

A melhor música que já escrevi. Co-escrevi.

Dirty like me8.

8 Sujo como eu.


Uma música clássica do Dirty de nosso primeiro álbum, que
gravei uma nova versão simplificada para meu álbum solo, quase
dez anos depois da gravação original. O momento parecia certo, e
como a música era uma das favoritas dos fãs, esperava que
ajudasse a vender o novo álbum. As novas canções.

Além disso, amava essa música. A música, e Katie Bloom no


meu colo, meio que fizeram toda essa filmagem valer a pena.

A câmera nos colocou de perfil, então segurei Katie pelos


quadris, inclinei-me e corri a ponta do meu nariz por seu pescoço,
apenas roçando sua pele. Ela cheirava ainda melhor de perto. Ela
inclinou a cabeça para trás, dando-me acesso, e colocou os braços
frouxamente em volta do meu pescoço, sentando-se ereta para que
eu pudesse roçar meus lábios em sua garganta, sua
clavícula. Quando a letra começou, cantei para ela suavemente,
deixando minha respiração fazer cócegas em sua pele enquanto
quase a beijava.

Na verdade não deveríamos nos beijar. Essa foi a abordagem


de Liv para o vídeo, e eu confiei em sua visão.

Nenhum beijo real. Apenas uma grande provocação do


caralho.

Bem quando Katie começou a se contorcer no meu colo em


resposta ao meu toque, comecei a questionar todo o plano.

— Deslize suas mãos para baixo, Jesse — Liv gritou, então eu


fiz. Deslizei minhas mãos para baixo sobre a bunda redonda de
Katie e apertei suas nádegas roliças e firmes através de sua
calcinha de renda.
Então Liv chamou — Corta.

Soltei a bunda de Katie e depois de um pequeno atraso ela


deixou seus braços caírem dos meus ombros.

Liv explicou que faríamos tudo de novo de um ângulo diferente


e nos fez virar um pouco, então ficamos na mesma posição, mas a
câmera agora podia ver mais do rosto de Katie.

Eu não tirei meus olhos de Katie.

— O quê? — Exigi quando ela não piscou.

— Nada, — disse ela, sua voz suave e sem fôlego. — Eu só...


meio que amo essa música.

Sim. Que mulher não gostava?

Você me pergunta, liricamente, foi a melhor música já


escrita. Eu poderia dizer isso, já que não escrevi a letra.

Claro, ela provavelmente amou porque estava acostumada


com Zane cantando.

Ela tentou quebrar o olhar, mas agarrei seu queixo e a


segurei. Pouco antes de começarmos a gravar novamente, inclinei-
me e sussurrei em seu ouvido. — Cuidado com o que deseja,
querida.

Ela piscou seus grandes olhos azuis esverdeados para


mim. Quando começamos a filmar, ela sussurrou em meu
ouvido. — Que raios isso significa?
— Corta — Liv gritou. — Katie, podemos ver seus lábios se
movendo. Deixe a conversa entre as tomadas, por favor. Vamos
começar de novo, do início.

A música começou novamente e nós seguimos as instruções


de Liv enquanto fingíamos nos beijar. À medida que Katie ficava
mais confortável, suas mãos se espalharam pelas minhas
costas. Suas unhas cravaram na minha pele, enviando pequenas
pontadas de prazer direto para o meu pau. E toda vez que eu
apertava sua bunda e a fazia suspirar, ou roçava meus lábios em
sua pele e a fazia estremecer, minhas bolas apertavam. Meus
mamilos endureceram. Arrepios começaram a formigar na minha
pele.

Porra.

— Isso significa, — eu disse, puxando-a para perto no próximo


intervalo — você não deveria ter jogado seu chapéu no ringue a
menos que estivesse pronta para cavalgar com os grandes touros.

— Essa é uma metáfora estranhamente misturada — ela disse


em um tom de professor desaprovador, que foi sexy pra caralho
nela. Tudo que ela precisava era de um par de óculos e eu teria
uma ereção.

Assim que começamos a filmar novamente, minhas mãos


voltaram para sua bunda para continuar tateando exatamente de
onde pararam. Apertei-a com tanta força que sua calcinha desceu
alguns centímetros e ela fez uma careta para mim.

Eu pisquei.
— Corta — Liv chamou. — Katie, estamos em cima de você
agora, então observe suas expressões faciais, ok? Queremos ver o
calor. Você está loucamente apaixonada, esta é a melhor manhã
da sua vida. E Jesse?

— Sim, chefe.

— Pare de brincar, o que quer que você esteja fazendo.

Eu sorri. — Sim, senhora.

Katie estreitou seus lindos olhos para mim.

Eu não parei. Continuei fazendo tudo e qualquer coisa que


achasse que poderia fazer para deixar Katie Bloom desconfortável
e possivelmente excitada.

Chame-me de imaturo, mas sim, eu era aquele pirralho na


escola que puxava o cabelo da garota por quem tinha uma queda.

Algumas coisas nunca mudam.

Fingi ter meu polegar preso em sua calcinha e mostrei uma


nádega inteira para a câmera. Acidentalmente mordi seu lóbulo
enquanto estava sussurrando em seu ouvido. Puxei com tanta
força a alça do seu sutiã enquanto estávamos apalpando um no
outro que seu lindo mamilo rosa saltou para fora.

Na verdade foi um acidente, mas de jeito nenhum ela iria


acreditar. Ninguém realmente viu além de mim, já que ela estava
de costas para a câmera quando aconteceu, então fui em frente e
consertei, deslizando a renda elástica sobre o botão rosa perfeito
antes que ela pudesse reagir.
Quando olhei em seus olhos novamente, havia uma faísca
definitiva lá. Uma faísca de indignação, talvez.

Pelo menos eu tinha toda a atenção dela.

As próximas tomadas se tornaram uma espécie de discussão


tateante, uma batalha silenciosa sobre quem poderia irritar o outro
a mais no desconforto ou, no meu caso, aumentar a excitação.

Para minha frustração, ela estava ganhando rapidamente.

Pelo menos nossa pequena luta livre deve ter sido bem aceita
na câmera, porque Liv estava adorando isso. Ela ficava dizendo
coisas como — Mais! — e — Sim, assim. Agarre-o com mais força,
Katie. Pense em todas as garotas que querem estar onde você está
agora e faça valer a pena. Rasgue-o em pedaços.

Jesus.

A certa altura, quando Katie puxou meu cabelo e mordeu meu


pescoço, Liv realmente aplaudiu.

Eu estava começando a ganhar uma nova apreciação por


gravações de videoclipes.

Mas enquanto estava ficando excitado, tinha certeza de que


Katie estava ficando brava. Porque entre as próximas tomadas
cada vez mais suadas, continuamos uma discussão afetada, que
foi algo como...

Ela (com uma cara feia): — Eu não joguei nada no ringue,


sabe. Nem queria estar aqui.

Eu (tentando ignorar minha semi inconveniente): — Uh-huh.


Ela: — Só estou aqui porque minha melhor amiga é uma
agente de talentos incrível e tão boa em seu trabalho que me
convenceu a fazer isso.

Eu: — O quê?

Ela: — Não sou nem modelo.

Ela: — Nunca fiz nada assim antes.

Ela: — Então, se você não gosta do que estou fazendo ou quer


que eu vá embora, pode ir em frente e me despedir.

Ela: — Espere. Isso significa que minha agente não será paga?

Eu: — Você realmente não queria esse emprego?

Ela (um pouco em pânico): — Esqueça o que eu falei. Minha


agente ainda pode ser paga se eu renunciar à minha taxa e
ficarmos quites?

Eu: — Você só está aqui porque ela mandou você fazer isso?

Ela: — Sim. Quero dizer, não. Hum.

Ela (se debatendo): — Quer dizer... você parece... popular... e


tudo mais...

Eu: — Corta.

Liv me lançou um olhar feio. Ela odiava quando diziam “corta”


em seu set. O que eu geralmente fazia muito, mas foda-se. Nós
nem estávamos filmando quando disse isso, mas eu estava
distraído pra caralho pelas divagações de Katie Bloom.
— Preciso falar com Katie — rosnei. — Conversem entre vocês,
porra.

Enquanto a equipe se ocupava, puxei Katie para mais perto de


mim, movendo seus quadris para cima em minhas coxas até que
estávamos quase virilha com virilha. Brody aumentou a
música. Desta vez foi AC / DC 9 , You Shook Me All Night Long,
porque Brody era um fodido espertinho e ele sabia que nenhum
cara poderia ouvir essa música tendo, ao mesmo tempo, uma
garota seminua tão gostosa em seu colo e não estar excitado pra
caralho.

— Você ao menos sabe quem eu sou? — Exigi, meu nariz a


uma polegada do de Katie.

Ela engoliu em seco. — Você é Jesse Mayes.

— Certo. O que isso significa para você?

Sem expressão. Grandes olhos azuis esverdeados piscando


para mim. — Hum... o que você quer dizer?

— Você. Sabe. Quem. Eu. Sou.

— Um... sim, — ela disse, sua voz ficando mais baixa. — Você
é o Jesse Fodido Mayes. Você toca guitarra no Dirty e acaba de
lançar um álbum solo. — Ela parecia envergonhada, cautelosa e
talvez um pouco irritada. — Há algo mais que eu deva saber?

9 Banda australiana de rock.


Encarei-a, totalmente confuso pra caralho. Talvez porque já
fazia muito tempo que eu não tinha uma garota no meu colo
que não era totalmente estúpida e perplexa. Na verdade, não
tenho certeza se já tive uma garota no meu colo que não estivesse
deslumbrada, já que eu era um músico quando comecei a ter
garotas no meu colo.

Inferno, até mesmo Elle tinha estrelas em seus olhos quando


transamos, e ela provavelmente era mais famosa do que eu.

— Pensei que você tivesse sido atingida, querida — eu disse,


tentando como o inferno entendê-la. — Aquele olhar que você deu
a Zane, vi um milhão de vezes.

— Atingida? — Ela olhou para mim meio sem expressão


novamente. — O que você quer dizer com atingida?

— Você sabe, abalada. Afetada. Golpeada por pau.

Suas bochechas ficaram rosadas e ela se contorceu um pouco


no meu colo como se estivesse tentando colocar mais distância
entre nós. Sem chance, porra. Meus dedos cravaram em seus
doces quadris, segurando-a lá. — Hum... não — disse ela.

E foda-se, mas acreditei nela.

Ela estava respirando mais forte, porém, e aquele rubor que


eu estava começando a gostar demais estava rastejando em seu
peito. Ela parecia perturbada como o inferno.

E eu estava repentinamente rígido.

O que raios estava acontecendo?


— Não? — Minhas mãos se contraíram, apertando, agarrando
seus quadris com mais força. Provavelmente machucando-a.

— Desculpe. — Ela engoliu em seco. — Que eu não


sou... golpeada por pau.

Lambi meus lábios como a porra de um cachorrinho. Essa


garota estava dando um significado totalmente novo ao
termo. Porque meu pau foi atingido. Eu estava duro pra
caralho. Felizmente, a garota ainda estava olhando nos meus
olhos e não tinha notado a ereção a uma mera respiração da renda
que cobria seu clitóris.

— Hum... estou confusa, no entanto — ela disse. — É pelo pau


de Zane ou pelo seu que eu deveria ser golpeada? — Então seus
dentes se prenderam em seu lábio inferior carnudo e rosado e eu
quase gemi alto.

Fui estúpido pra caralho? Estava cansado pra


caralho? Porque nunca me ocorreu que a garota não estava
procurando por pelo menos um de nós.

— Dylan? — Eu disse, engolindo em seco.

— Hum... curto o kilt e tudo, mas não. — Ela se inclinou,


envolvendo os braços em volta do meu pescoço, respirando sua
pequena respiração quente ao meu redor. — Antes da semana
passada, — ela sussurrou sem fôlego, como se estivesse me
pedindo para comer sua boceta — Eu não sabia que vocês
existiam.

Porra. Ela tinha alguma ideia do quanto estava me excitando?

— Jesse, — Liv gritou. — Podemos começar?


— Sim — disse, nunca tirando meus olhos de Katie. O menor
sorriso se contraiu nos cantos de sua boca rosada. Eu não tinha
ideia do que estava vendo naqueles grandes olhos azuis
esverdeados. Achei que já tinha planejado tudo sobre essa garota.

Pensei errado. Tão errado pra caralho que fez meu pau latejar.

Aparentemente, gostava de estar errado, porra.

— Está bem, Katie? — Liv perguntou. — Vamos ver um pouco


mais desse calor.

Katie sorriu por cima do ombro, para a câmera, e disse: — Sim,


senhora — tão doce quanto poderia ser.

Então ela se virou para mim e sussurrou em meu ouvido: —


Talvez se eu canalizar 'golpe no pau', isso a faça feliz.

E assim que estávamos filmando novamente, ela ergueu os


quadris e empurrou sua boceta contra mim, como se de repente
não pudesse suportar porra nenhuma entre nós... além do meu
pau, no qual se sentou diretamente. Meu pau incrivelmente duro,
o que ela claramente não esperava.

Seus olhos ficaram enormes e sua boca abriu, mas não


recuou.

O que estava bom para mim.

Então Dirty Like Me entrou em ação e logo na hora abri a


boca... e me engasguei.

Não saiu nada.


Pela primeira vez em dez malditos anos, esqueci a letra.

Eu esqueci a letra.

Katie Bloom olhou para mim, seus lábios rosados e carnudos


se separaram de surpresa, e não pude evitar, porra.

Inclinei-me e a beijei. Forte.


Katie
Seu olhar como mel escuro derreteu sobre mim, seus lábios se
separaram enquanto ele respirava trêmulo. Podia sentir a tensão
de sua contenção em seu corpo duro e musculoso pairando sobre
o meu. Sua pele estava ficando escorregadia. Uma gota de suor
desceu lentamente por sua têmpora. Me perguntei se a câmera
capturou.

Agarrei-me a ele, minhas unhas cravando em suas costas


musculosas enquanto seus quadris me pressionavam contra a
cama. Ele se moveu contra mim, empurrando seu comprimento
duro contra a suavidade da minha coxa, nada além do algodão
macio de sua cueca entre nós. Então o fez novamente. Com força.
Mais lento. Minha respiração ficou presa quando a ponta de seu
pau roçou meu clitóris através da renda da minha calcinha. Rude
Boy de Rihanna começou a tocar.

Meus olhos se abriram com um susto.

Ao meu lado, meu cachorro se aninhou na dobra do meu


joelho.

Porra.
Eu estava fazendo isso de novo. Revivendo cada momento
fumegante, sem fôlego, mordendo os lábios do meu falso namoro
com Jesse Mayes em sua gravação de vídeo, em meus sonhos.

Soltei um suspiro forte e esfreguei meus olhos. Pelo menos


desta vez não gozei dormindo.

Meu cachorro continuou a molestar meu joelho com sua


língua desleixada ao som de Rude Boy.

— Arg... Max. — Rolei, lutando contra as orelhas de Max e


empurrando-o gentilmente para fora da cama.

O toque da minha melhor amiga parou abruptamente.

Procurei na mesa de cabeceira meus óculos e depois meu


telefone. Devi me mandou uma mensagem quando perdi sua
ligação. Dizia simplesmente: Número Um, Baby!

Devi tem rastreado incansavelmente tudo o que tem a ver com


o vídeo Dirty Like Me desde seu lançamento, há duas semanas. Se
alguma coisa, mesmo remotamente relacionada à minha aparição
naquele vídeo, foi mencionada em algum canto empoeirado da
internet, Devi tinha um alerta do Google para isso.

E não, o vídeo não era “Número Um”. Não exatamente. Mas…

Abri a mensagem que tinha chegado ontem à noite de Maggie,


que também me manteve atualizada, de uma forma mais casual,
mas factualmente precisa. Seu texto incluía um link do YouTube
e um relatório mais específico.
Acabou de superar November Rain10.

Meu coração deu uma marreta esquisita, o que tem acontecido


muito ultimamente.

Caí de costas e olhei para a grande rachadura no teto do meu


quarto, aquela que ocasionalmente vazava e meu síndico prometia
consertar. Jurei que estava meio balançando. A sala inteira estava
vibrando, como um minúsculo trem de carga fazendo círculos em
volta do meu crânio, que era mais ou menos como eu sempre me
sentia depois de beber vinho tinto.

Parecia prematuro, para mim, comemorar quando não éramos


realmente o “Número Um”, mas Devi tinha toda a desculpa de que
precisava para abrir vários jarros de sangria na noite passada.

— Slash 11 , — dizia minha melhor amiga bêbada. — Você


venceu Slash.

Ela estava totalmente animada com o fato de que, de acordo


com Maggie, November Rain do Guns N' Roses era o vídeo de rock
mais assistido no YouTube, tipo, de todos os tempos - até que um
certo vídeo estrelado por Jesse Mayes e, hum, eu, apareceu.

Agora, Dirty Like Me teve essa honra.

10 Música e videoclipe da banda de rock Guns N’ Roses.

11 Guitarrista da banda Guns N’ Roses.


Mandei uma mensagem de volta para Devi. Trabalho
agora. Falo mais tarde.

Sua resposta zumbiu antes que eu pudesse desligar o


telefone. Te encontro lá! Você é uma estrela!!!!!

Isso foi seguido por cerca de cinquenta emojis de rosto feliz


com estrelas nos olhos.

Gemi e joguei meu telefone de lado. Então estiquei meu corpo


dolorido, provavelmente ainda um pouco bêbada, e me sentei.

Ao contrário de Devi, que estava sonhando com todos os


empregos fabulosos de modelo que deveria tentar, eu estava em
negação sobre essa coisa toda. Era demais para envolver minha
cabeça em torno do fato de que agora eu fazia parte dos negócios
como Rihanna e Adele - outras mulheres cujos vídeos foram
assistidos tanto quanto o meu e, ah, sim, eram tão famosas que
passaram a ser reconhecidas por um nome. Como a verdadeira
namorada de Jesse Mayes, Elle.

Não que eu fosse tão famosa, mas ainda assim.

Estranho pra caralho.

Pelo menos todas essas mulheres tinham um talento real. Não


apenas não queria ser famosa, mas muito particularmente não
queria ser famosa por não fazer absolutamente nada a não ser
colocar uma roupa íntima rendada e ser apalpada por um astro do
rock. O que eu meio que fui.

Enquanto pensava nisso, Max choramingou e fungou meu pé.

— Sim, Max. Eu sei. Xixi e comida.


Dei mais três segundos para me assustar com tudo isso, então
arrastei minha bunda para fora da cama. Porque embora eu fosse
uma espécie de sensação do videoclipe lá fora na terra da internet,
na realidade ainda era uma garota normal com contas a pagar,
sem namorado - estrela do rock ou não - e um trabalho a fazer. Um
trabalho de baixa qualidade, mas ainda assim.

E um cachorro para fazer xixi lá fora.

◊◊◊

Era uma linda manhã de verão, árvores carregadas de flores e


o ar doce com o cheiro da grama recém-cortada. O sol já estava
brilhando em um céu azul impecável. Max correu ao lado do meu
skate enquanto eu rolei para o trabalho, a língua pendurada
contente para fora de sua boca.

Realmente, minha vida era muito boa.

Com isso eu quis dizer minha vida, não a vida daquela garota
do vídeo que rolou na cama com Jesse Mayes. Porque claramente
essa vida não existia, como evidenciado pelo fato de que depois que
terminamos de filmar, nunca mais o vi.

Isso não significa que minha vida não mudou nada.

Eu ainda era a mesma pessoa, mas agora tinha crianças


pequenas vindo até mim pedindo meu autógrafo, garotas
ciumentas me olhando fixamente e caras aleatórios dando em cima
de mim muito mais do que antes. Eu até tinha ido a alguns
encontros. Eles não eram exatamente de abalar as estruturas ou
algo assim, mas realmente, não se podia esperar que caras
normais e mortais se comparassem com Jesse Fodido Mayes. O
que estava bem. Uma vez que as memórias esmagadoras das
minhas horas na cama com ele eventualmente se dissipassem, e
os sonhos loucos e sensuais parassem, estava determinada a
encontrar alguém super legal que abalaria meu mundo, certo?

Ou então eu estava dizendo a mim mesma para superar a


sensação de que a coisa mais emocionante que já fiz, e posso fazer,
acabou. E não estava acontecendo novamente.

Esqueça isso, disse a mim mesma, parte do meu novo mantra


diário. Isso foi legal. Foi louco. Foi breve.

Está feito.

Bem-vinda à realidade. Não é tão ruim.

A casa de minha irmã era uma casa histórica muito bem


mantida em Mount Pleasant12, a menos de cinco minutos do meu
apartamento, onde o Nudge Coffee Bar ocupava os cômodos da
frente. Se eu achasse que poderia me safar, teria passado direto e
levado Max para um passeio mais longo pela vizinhança, mas já
estava atrasada, graças à minha ressaca de vinho tinto. Então virei
meu skate e rolei pela calçada em direção à casa.

Notei o cara grande na frente imediatamente. É meio difícil


passar despercebido. Mais de um metro e oitenta, os músculos

12 Bairro.
saltando de sua camisa preta sem mangas. Ele estava usando
óculos escuros e encostado em um carro preto de luxo estacionado
na zona proibida e, para um cara com uma tatuagem gigante de
uma árvore nodosa subindo por um braço, ele meio que tinha a
vibração de um agente do Serviço Secreto. Ou talvez um guarda-
costas...

Puta merda.

Rolei até parar.

Uma estrela do rock estava sentada na escada da varanda da


casa da minha irmã. O que explicaria toda a vibração que meu
celular estava fazendo no bolso da minha bunda no caminho para
cá. Meio que me arrependendo de ter ignorado isso até agora.

Ele estava usando óculos escuros, então eu não tinha certeza


se ele tinha me visto ainda. Ele tinha uma xícara de café para
viagem e comecei a calcular rapidamente as chances de que tivesse
acabado de passar por aqui para tomar um café. Então sua cabeça
se inclinou em minha direção e um sorriso deslumbrante apareceu
em seu rosto. Ele se levantou e começou a andar até mim.

Merda.

Desviei o olhar por um segundo para me orientar. Estava no


lugar certo, certo? Eu estava acordada, certo? Este não era apenas
mais um sonho excitante em que estávamos prestes a ir para o
capô de seu carro enquanto seu guarda-costas assistia e então
acordaria em um monte de suor, sozinha com meu cachorro?

Coloquei meu skate na minha mão e soltei a coleira de Max o


suficiente para que pudesse saltar sobre Jesse Mayes, o que ele
estava morrendo de vontade de fazer. Assisti enquanto Jesse
Mayes acariciava meu cachorro e depois colocava os óculos
escuros na cabeça, onde ficava em seus cachos grossos e escuros.

Ele parou na minha frente. — Katie Bloom — Ainda estava


sorrindo quando disse meu nome.

— Jesse Mayes — eu disse tão friamente quanto pude


enquanto meu coração batia forte como um solo de bateria de
Dylan Cope. Seus olhos caíram para o meu peito e por uma fração
de segundo achei que ele pudesse realmente ouvir. Então me
lembrei de que seria quente pra caralho hoje e eu estava usando
um top de biquíni estilo frente única branco e o menor short jeans
menor que possuía.

Mesmo que ele tivesse me visto com menos roupas, senti-me


totalmente nua enquanto me olhava. Seu sorriso desapareceu,
substituído pelo mesmo olhar sombrio e ilegível que ele me deu na
maior parte do tempo em que estávamos filmando aquele vídeo.

— Hum... pensei que as estrelas do rock não saíssem da cama


antes do meio-dia ou algo assim — eu disse. Porque era realmente
muito cedo de manhã para ficar cara a cara com Jesse Mayes,
despreparada. E definitivamente era muito cedo para ele estar tão
bonito.

— Você já esteve na cama com uma estrela do rock? — ele


perguntou, o rosto sério.

— Só uma vez.

Com isso, ele sorriu novamente. — Você tem um minuto?

Para você? Um, sim. Certeza de que encontraria tempo.


— Uh-huh. Quer me acompanhar? Eu tenho que deixar Max.

— Mostre o caminho.

Nós contornamos os fundos da casa, o guarda-costas de Jesse


permanecendo na frente, mas foi Max quem realmente liderou o
caminho, saltando pela trilha lateral e através do portão do
quintal. A cerca estava coberta de árvores e todo o quintal era um
labirinto de arbustos e jardins às vezes concorrentes; minha irmã
e seu marido duelavam para ver quem tinha mais habilidade. O
quintal dizia caos confortável e eu adorei. Era um dos meus
lugares favoritos no mundo.

E agora Jesse Mayes estava lá.

Alucinante.

Minha sobrinha e meu sobrinho vieram gritando em nossa


direção.

— Katie! — Owen gritou, atirando-se na minha perna.

— Você está atrasada — Sadie anunciou.

Excelente. Owen e Sadie tinham quatro e seis anos,


respectivamente, e não tinham conceito de tempo. O que
significava que minha irmã estava procurando por mim.

Inclinei-me e beijei Owen em sua cabeça loira, bagunçando


seu cabelo rebelde. — Vá dizer a sua mãe que estarei lá em alguns
minutos, por favor.

— Sim! — Owen entrou correndo em casa, feliz por ter um


trabalho a fazer.
— Vou falar com, hum, meu amigo — informei Sadie, que
estava parada, brincando com a barra do vestido de verão e
olhando para Jesse. — Você pode ir brincar com o Max?

— Tudo bem — disse ela, e conduziu Max até a área de festas


no canto do quintal.

Eu os observei ir, dando-me alguns segundos extras para


respirar. Sadie observou Jesse por cima do ombro durante todo o
caminho, me lembrando das garotas que vinham até mim de vez
em quando querendo saber como era Jesse Mayes. Geralmente
dizia a elas que ele era super legal, porque era adorável quando
ficavam todas risonhas e com os olhos brilhantes. Mas a verdade
é que eu não tinha ideia se o cara era legal ou não.

Tudo que sabia era que ele me pagou um monte de dinheiro


para que pudesse me apalpar, me beijar e empurrar seu pau duro
contra mim até que quase vi estrelas, então ele me jogou para um
de seus grandes seguranças que pareciam motociclistas, que me
levou para casa.

E agora aqui estava ele, e eu tinha certeza de que estava


olhando minha bunda em meus shorts jeans... porque eram tão
curtos, e honestamente, se eu fosse uma estrela do rock arrogante,
é o que estaria fazendo.

Virei-me para encará-lo e sorri. Como se não fosse grande


coisa ele estar aqui no caminho de paralelepípedos entre as
roseiras de Becca e as hortênsias de Jack olhando para minha
bunda.

— Crianças lindas — disse ele.


— Minha sobrinha e sobrinho.

Pisquei, desejando ter colocado um pouco de maquiagem para


cobrir os círculos induzidos pela sangria sob meus olhos, em vez
de apenas planejar passar um pouco de brilho labial e rímel
quando começasse a trabalhar. Porque o homem era nada menos
que deslumbrante, a luz do sol batendo em seus cílios e brilhando
em seus anéis, cegando-me enquanto ricocheteava na camiseta
branca esticada sobre seus peitorais duros.

— Você gostou da torta? — ele perguntou, toda inocência,


mostrando um flash de dentes brancos perfeitos.

Certo. A torta.

Embora não o tivesse visto desde a gravação do vídeo, tive


notícias dele. Uma vez.

Um pouco.

Na manhã seguinte a gravação, ele me mandou uma torta. O


que foi meio cruel, já que só aumentou minhas esperanças de que
eu pudesse realmente vê-lo novamente, ou que me enviar tortas
poderia ser algum tipo de coisa normal. Não foi. Havia apenas
uma, da Stella's Pies, enviada para o meu apartamento. Um
entregador apareceu com ela, com um cartão que dizia: Ouvi dizer
que elas são as melhores da cidade. J.

A torta era de cereja.

— Estava boa — eu disse.

— Apenas boa?
— As minhas são melhores.

— Achei a da Stella's melhor.

— Isso é porque você não provou a minha.

— Eu ficaria feliz em provar sua torta, gata.

Uau.

Do outro lado do quintal, Max latiu quando Owen voltou


correndo para fora. Observei meu cachorro brincar feliz com as
crianças em sua caixa de areia gigante, o que me deu uma
desculpa para parecer distraída para que pudesse me recuperar
daquele comentário.

— Bem, — disse, arriscando-me — talvez eu possa fazer uma


para você algum dia.

— Eu gostaria disso — disse ele. O que fez meu coração pular


algumas batidas e me deu todo tipo de ideias erradas.

— Olha. — Ele se sentou em um dos bancos de pedra em sua


calça jeans rasgada, espalhando suas coxas duras, e gesticulou
para que eu me sentasse em frente a ele. — Gostaria de me
desculpar com você.

Não sabia bem como lidar com isso. Era praticamente a última
coisa que eu esperava que ele dissesse.

Sentei-me. — Pelo quê?

— Por beijar você na gravação do vídeo, — disse ele —


naquela... situação.
Percebi que ele não disse por me beijar, ponto final.

— Por te deixar desconfortável. Você sabe, sendo um idiota. —


Um sorriso se contraiu no canto de sua boca linda. — Devo
continuar?

— Ou você pode simplesmente parar de fazer coisas pelas


quais precisa se desculpar.

— Vou trabalhar nisso. — Ele deu um gole no café. — Sério,


no entanto. Desculpe por toda aquela coisa de golpeada por
pau. Sinceramente, pensei que você estava lá apenas para
conhecer Zane.

Isso eu não entendi. Zane era lindo e tudo, mas Jesse? Merda.

Estudei-o para qualquer dica de que ele estava brincando, mas


não estava lá. — Isso acontece muito com você?

Ele sorriu, um sorriso incrivelmente genuíno. — Mais do que


gosto de admitir.

Uau. Quem diria que arrogância misturada com o traço certo


de humildade era tão... sexy.

Eu não sabia o que dizer. Quando saí da filmagem,


definitivamente não esperava uma torta no dia seguinte, muito
menos um pedido de desculpas no quintal da minha irmã.

— Tudo bem — disse. — Se te faz sentir melhor. Eu te


perdoo. Mas, realmente, ser beijada por você dificilmente foi um
momento baixo na minha vida. — Senti minhas bochechas
esquentarem enquanto dizia as palavras, mas disse mesmo assim,
mantendo minha promessa à Devi de continuar agarrando a vida
pelas bolas. — É legal da sua parte, mas você realmente não
precisava vir aqui apenas para se desculpar.

— Não estou aqui apenas para pedir desculpas, — disse ele. —


Estou aqui para pedir que você venha em turnê comigo.
Katie
Jesse Mayes queria que eu saísse em turnê com ele.

Hum.

O quê?

Aparentemente, eu estava errada antes. Essa foi a última


coisa que esperava que ele dissesse.

— Como minha namorada — acrescentou.

Errada de novo. Essa foi a última coisa que esperava que ele
dissesse.

— Você sabe, como no vídeo.

Pisquei para ele. Repetidamente. — Hum... no vídeo


estávamos atuando.

— Sim.

Encarei-o. Por um tempo.


Então comecei a ficar irritada. O que diabos ele pensa que eu
sou, algum tipo de amor de aluguel?

— Sim, — disse, um pouco irritada na minha voz. —


E você estava... você sabe...

Sua boca se curvou em um sorriso malicioso. — Duro.

Jesus. Ele nem mesmo tentou dar desculpas ou parecer o


mais envergonhado com isso. Meio que me fez sentir pena de sua
namorada de verdade. Mesmo ela sendo linda, talentosa e podre
de rica. Quer dizer, o namorado dela estava na cama comigo, com
uma ereção gigante, e ele nem fingia se importar.

E agora isso?

— Mas você tem namorada.

— Não, — ele disse. — Terminamos.

Ok. Informação totalmente nova.

Meu cérebro de ressaca lutou para entender.

— Mas vocês estavam juntos quando gravamos o vídeo?

— Na verdade, nós terminamos mais de um mês antes das


filmagens. Só não tornei isso público ainda.

Merda.

O que significava que quando filmamos o vídeo, ele não


estava sendo um bastardo sujo e traidor quando me beijou. Achei
que ele só tinha feito isso porque seu ego gigante estava
machucado quando pensou que eu gostava de Zane. E eu só o
beijei de volta porque com sua língua na minha boca meio que
esqueci, momentaneamente, que ele não era solteiro.

Definitivamente teria me sentido muito menos suja e em


conflito com a coisa toda, no entanto, se soubesse que estava
solteiro.

Ele olhou para mim, sorrindo, enquanto contemplava isso.

Encarei de volta, corando como uma idiota. Apenas tentando


me acalmar e ouvir o que o homem estava dizendo. Porque ele não
estava me pedindo para ser sua namorada. Ele estava me pedindo
para ser sua namorada, como no vídeo. O que significava...

— Mas... você estava me pagando para... hum... fazer todas


essas coisas.

— Certo.

— Então você quer me contratar para ser


sua namorada falsa?

— Sim, em turnê. — Quando apenas o encarei, ele


acrescentou: — Uma turnê é o que os músicos fazem, geralmente
depois de lançar um novo álbum. Você sabe, eles programam
shows em vários locais e as pessoas compram ingressos para esses
shows e então os músicos aparecem e tocam suas músicas.

Fiz uma careta para ele. — Eu sei o que é uma turnê.

— Você parecia um pouco confusa.


Tente muito confusa. — Acho que preciso de mais
informações.

— Certo. Estou fazendo uma turnê norte-americana de seis


semanas para divulgar meu novo álbum. Principalmente nos EUA,
alguns shows aqui no Canadá. E o telefone de Brody tem tocado
sem parar. Todo mundo quer saber da nova garota.

— Garota nova?

— A garota do vídeo — disse ele. — É você.

Certo.

— Então, aparentemente, tenho que agradecer a você pelo


vídeo ser um sucesso.

— Hum... de nada?

Ele deu um gole no café. — Porque, de acordo com a fofoca,


podemos ser um casal.

Sim, também ouvi “a fofoca”. Graças à Devi. Embora tivesse


escolhido ignorar isso, já que não era verdade.

— Assisti ao vídeo ontem à noite — disse ele, e senti o calor


subir em minhas bochechas novamente. O mero pensamento de
Jesse Mayes assistindo aquele vídeo... todos aqueles flashes de
coisas embaraçosas como minhas unhas cravando em sua pele e
meu lábio inferior tremendo enquanto eu respirava... — Você
parecia estar se divertindo.

Corei mais forte, mas não podia exatamente argumentar


contra isso.
— Você também — rebati.

— Eu estava.

Deus.

— Então o que você diz?

Limpei minha garganta. — Você quer me pagar para fingir


que sou sua namorada por seis semanas?

— Sim.

— Tipo, vinte e quatro horas por dia?

— Sim.

— Sua namorada.

— Sim.

— Como eu fiz naquele vídeo?

— Exatamente assim.

Hum. — Por quê?

— Porque este é o meu primeiro álbum solo e significa muito


para mim. A música está indo bem e isso tem muito a ver com
você. Mesmo que você seja muito modesta para admitir, posso
dizer que é um fato. Mas desde a separação... — Ele olhou para as
crianças e esfregou a mão na nuca, que eu imaginei ser Jesse
Mayes em pensamento ou possivelmente até nervoso, o que era
muito fofo. — O álbum solo de Elle foi incrivelmente bem. Vendeu
mais do que os dois últimos álbuns do Dirty juntos. Entre o álbum
e seus outros projetos paralelos, filmes, cosméticos... ela está
matando. E há muitas pessoas que pensam que este álbum só
venderá se ela, de alguma forma, estiver conectada. Algumas
dessas pessoas estão na gravadora.

— Mas... você é o talento. Quero dizer, não que Elle não seja
talentosa... mas você escreve as músicas, certo?

Ele olhou para mim como se eu fosse adoravelmente


ingênua. — Não se trata de talento, Katie. É sobre o que vende. E
se eles estiverem certos, não vão apoiar outro álbum solo meu. —
Ele se inclinou, apoiando os cotovelos nos joelhos. — Quando Elle
e eu estávamos namorando, estávamos em todos os
lugares. Éramos visíveis. Todos queriam saber cada pequeno
detalhe de nosso relacionamento. Agora acabou. Não confirmamos
ou negamos exatamente, mas há um limite para que possamos
evitar a pergunta. Por enquanto, posso esperar que Elle finja que
ainda está comigo e não a deixe continuar com sua vida, apenas
para ajudar minha carreira. Eu preciso deixá-la fora do gancho,
oficialmente. Vou fazer isso amanhã.

— Mas pensei que suas fãs iriam adorar que você ficasse
solteiro.

Seus lábios se curvaram. — Você pode pensar assim,


certo? Mas, mesmo assim, preciso de ajuda para ficar na memória
dos fãs. Há um ditado que diz que você é tão grande quanto seu
último álbum. Ou hoje em dia você poderia dizer seu último
single. Bem, o último álbum do Dirty foi lançado quase dois anos
atrás. A turnê acabou há muito tempo. E eu nunca fiz um álbum
solo antes. Mas você, querida, você veio do nada e você vende. —
Seus olhos escuros brilharam em mim. — Ou pelo menos você e
eu juntos, nós vendemos.

— Oh. — Mordi meu lábio. — Então... basicamente... você quer


que eu te ajude a ganhar dinheiro?

— Se você se sente melhor sobre isso, pense desta forma. Há


muitas pessoas que contam comigo para ganhar dinheiro para
serem pagas. Brody e Maggie têm trabalhado muito, e cada
membro da equipe com quem trabalhamos na estrada ganha a
vida por minha causa.

Ok. Eu gostava de Brody - quero dizer, ele me contratou para


o vídeo - e faria qualquer coisa por Maggie. Essa garota tinha sido
nada menos que incrível para mim. Embora tivesse o cuidado de
nunca perguntar a ela sobre Jesse quando conversávamos, porque
A, eu não queria que ela pensasse que essa era a única razão pela
qual estava mantendo contato com ela, e B, não queria
que eu pensasse que manter contato com ela significaria, de
alguma forma, que poderia vê-lo novamente.

E, no entanto, aqui estava ele no quintal da minha irmã, me


oferecendo um emprego. Um trabalho estranho pra caralho, mas
ainda assim.

— Esta é uma turnê especial, Katie. Estou pagando muito por


isso porque é muito importante para mim. É para isso que eu
acordo tão cedo de manhã. — Ele sorriu e tomou um gole de café.

— O que Brody e Maggie pensam sobre esta... proposta?

— Eles ainda não sabem, — disse ele. — O que você acha?

— Eu realmente não sei.


— Mesmo? — O olhar levemente atordoado que ele me deu me
fez pensar quantas vezes esse cara tinha realmente ouvido a
palavra não da boca de uma mulher... e só isso me deu vontade
de dizer. — Por que não?

— Bem, para começar, eu tenho um emprego.

Ele ergueu sua xícara de café. — Este?

— Sim, este. Esta é a casa da minha irmã e eu trabalho aqui


quatro dias por semana.

— Sim? Quanto você ganha aqui em um dia?

Cruzei meus braços sobre meu peito. — Sabe, é muito rude


perguntar. — Principalmente porque a resposta era
constrangedora. Mas, felizmente, fomos interrompidos por uma
batida de porta oportuna e um par de sapatos de salto alto
atravessando o pátio.

Virei-me para encontrar minha melhor amiga olhando para


nós.

— Oi — disse Devi, sorrindo seu sorriso encantador para Jesse


Mayes, depois para mim. — Owen disse que você estava aqui. —
Seu tom dizia: Ele se esqueceu de mencionar que você estava com
o cara mais gostoso do mundo.

— Nós estávamos apenas conversando — soltei, como se


tivéssemos sido pegos atrás da escola ou algo assim.

— Na verdade, — disse Jesse — eu só estava pedindo a Katie


para vir em turnê comigo.
Devi olhou para ele, o sorriso encantador estampado em seu
rosto. — Em turnê?

— Sim. Como uma oferta de trabalho — eu disse.

O comportamento de Devi mudou. Foi sutil, mas a conhecia


bem o suficiente para sentir minha melhor amiga entrando em
modo de furacão.

Merda.

— Oh. Você quer dizer que tem uma proposta para a minha
cliente. — Ela desceu do pátio e se aproximou de nós. Mesmo
depois da noite passada, estava impecavelmente polida. A mulher
nunca conheceu uma jarra de sangria que pudesse entorpecer o
brilho de sua armadura.

— Eu tenho. — Jesse se levantou. — Estava prestes a oferecer


a Katie cinquenta mil para vir em turnê comigo por seis
semanas. O que eu acho que é mais do que ela conseguiria aqui
em um ano.

Puta merda.

Pulei de pé. Isso não era apenas constrangedor, era verdade. E


totalmente generoso.

Mas Devi riu, seus dentes brancos brilhando contra sua bela
pele morena como um conjunto de pequenas adagas polidas. —
Querido, — disse ela. — Você pagou a ela quarenta mil por um dia
de trabalho para a gravação do vídeo e agora está lhe pedindo que
se afaste da vida por seis semanas por cinquenta?
Jesse sorriu, seus olhos escuros brilhando ao sol como
briquetes de carvão. Excelente. Dois viciados em negociação. — O
que você tinha em mente? Setenta e cinco?

— Só pode estar brincando comigo.

Encolhi-me, mas Jesse parecia gostar da batalha. — Cem?

— Dobre isso e podemos conversar.

Fiz um pequeno ruído involuntário de angústia no fundo da


garganta, mas Devi apenas piscou para mim como se
dissesse: Não se preocupe, eu cuido disso.

— Duzentos. — Jesse enrolou as palavras na boca como se


estivesse vendo o gosto delas. Embora soasse mais como uma
afirmação do que uma pergunta.

— Além da viagem e acomodação, obviamente — disse minha


melhor amiga.

Eu tossi, tentando limpar minha garganta. Aparentemente,


tinha algum tipo de alergia a outras pessoas tendo uma negociação
salarial de alto risco sobre mim.

— Obviamente — disse Jesse.

Então os dois olharam para mim, como se eu de repente


tivesse acabado de me juntar a eles.

— Uh, tenho uma palavra a dizer sobre isso?


Eles esperaram em silêncio. Merda. Estava meio que
esperando que simplesmente não me deixassem falar uma palavra,
já que eu nem tinha certeza do que diabos dizer.

Virei-me para Jesse. — Enquanto agradeço a oferta generosa


e por pensar em mim para a... hum, oportunidade... minha
resposta neste momento terá que ser um não.

— Dê-me um momento com minha cliente. — Devi enganchou


seu braço no meu e me puxou pelo jardim como um Muppet13 em
um gancho. Assim que alcançamos o canto mais distante do
quintal, ela se virou para mim. — Katie. Duzentos mil. Seis
semanas. Não seja idiota.

— Você nem sabe o que ele quer que eu faça!

— Deixe-me adivinhar. Mais do mesmo? Fazê-lo parecer bem


e fazê-lo ganhar muito dinheiro no processo?

— Bem, sim. Exceto que eu não acho que ele realmente precisa
da minha ajuda para ficar bem, e incidentalmente 'prostituta para
uma estrela do rock' não é exatamente algo que estou morrendo
de vontade de adicionar ao meu currículo.

— Seu currículo precisa de toda a ajuda possível. — Fiz uma


careta e ela acenou com a mão bem cuidada no ar como se não
fosse nada demais. — Apenas diga a ele que o sexo não está em

13Muppet são personagens, como marionetes, criadas por JimHenson. Algumas são
famosas, como as que aparecem em Vila Sésamo e filmes como Os Muppets (2011).
questão. Você posa para fotos, aparece onde ele precisa que você
apareça, fica bem no braço dele. Feito.

— Certo. Você acha que ele não vai querer me comer como
parte do acordo?

— Se ele quiser e você não quiser, diga não. Você é uma garota
crescida. Nós redigimos um contrato e se ele te assediar
sexualmente, você vai embora. O que você tem a perder? Nada —
ela respondeu por mim. — E o que você tem a ganhar?

— Deixe-me adivinhar…

— Duzentos mil dólares do caralho. Isso é o suficiente para


começar sua vida, Katie. Você pode conseguir um estúdio de arte
de verdade. Você pode ser uma artista sem ter que morrer de fome
por isso. Este é o sonho de todo artista. Basta pensar nele como
um patrono rico e louco.

Suspirei. — Quando você coloca assim...

Ela me pegou pelos ombros e me mostrou seu rosto sério. —


Olha. Aquele homem lá fora já está vivendo seu sonho, Katie. Ele
está ganhando dinheiro com isso. Muito dinheiro. Duzentos
mil mais viagens e despesas. Ele nem sequer piscou seus longos
cílios loucos quando exigi um quarto de milhão por seus serviços,
querida. Ele tem dinheiro. Você tem algo que ele quer. Deixe-o
contratar você. Seis semanas não é nada, um piscar de
olhos. Então você segue com sua vida, com algum grande e
suculento banco apoiando seu sonho.

Sabia que ela estava certa sobre pelo menos uma coisa. Não é
como se eu não pudesse usar esse tipo de dinheiro.
Já tinha gastado cada centavo dos quarenta mil dólares que
Devi tinha me dado para fazer o vídeo - menos a taxa de agência e
depois de reservar o que eu teria que pagar em impostos - para
pagar meus empréstimos estudantis. O que significava que a cara
educação da escola de arte que recebi, mas ainda não tinha
colocado em uso, agora estava pelo menos quase paga.

Embora a melhor coisa que tirei de toda a experiência foi o


início da minha criatividade. Estava pintando regularmente de
novo, o que não tinha preço.

Olhei para minha sobrinha e meu sobrinho brincando com


meu cachorro. Podia sentir o cheiro do café saindo pelas janelas e
ouvir o barulho de pratos e o barulho de vozes e risadas à
distância.

Tentei dizer a mim mesma, como sempre fazia, que isso não
era tão ruim. Que outro trabalho me permitiria trazer meu
cachorro para o trabalho? E eu pude sair com minha sobrinha e
sobrinho no meu horário de almoço. E Jack, meu cunhado
incrível, limpou um grande espaço no porão para minhas telas e
materiais de arte para que eu pudesse montar um estúdio
temporário.

Não era muito, mas era o que tinha.

O que era meio patético, na verdade.

Porque, na verdade, o que eu tinha era um monte de dívidas,


um diploma não utilizado, um trabalho que só mantive porque
amava minha irmã e estava evitando continuar com minha vida, e
os resquícios de um sonho destruído.
Minha melhor amiga me olhou com seus olhos castanhos
firmes. — Você me fez uma promessa de agarrar a vida pelas bolas
— disse ela. — Bem, há um conjunto gigante de bolas naquele
banco, esperando por você.

— Eca, — eu disse. — Legal. Vou dar a ele um grande doce,


talvez.

— Sim! — Devi me beijou na bochecha, ajeitou a parte de cima


do meu biquíni para mostrar um pouco mais o decote e me levou
de volta para Jesse Mayes.

— Que jeito de não me sentir uma prostituta — resmunguei


para ela, que apenas sorriu.

Jesse olhou para mim quando nos aproximamos, o sol batendo


em seus olhos. O homem era lindo mesmo quando estava
semicerrando os olhos.

— Você parece angelical, — disse ele, levantando-se. — Todas


as silhuetas recortadas pelo sol assim.

— Hum, bajulação é sempre bem-vinda, mas não vai ajudar


no seu caso. Eu realmente poderia usar algum tempo para pensar
sobre isso.

— Não tenha pressa, — disse ele. — A turnê não começa até


domingo. — Ele deu um gole no café. — Este é realmente um ótimo
café.

— Domingo? Tipo... neste domingo? — Gaguejei. — O dia


depois de amanhã?

Ele sorriu. — Sim.


— Hum... você não poderia me avisar um pouco mais cedo?

— Acabei de voltar para a cidade há alguns dias. Estive em


LA. E, bem... — Ele deu de ombros. — As coisas acontecem rápido
no meu mundo. Falando nisso. Faremos uma festa VIP na cidade,
amanhã à noite, apenas um pequeno show privado para iniciar a
turnê. Venha como meu encontro. Dê uma chance. Se você decidir
que sou um idiota ou que não pode lidar com o espetáculo, vou
entender.

Devi me deu uma leve cotovelada, já que fiquei ali parada como
uma idiota.

— Hum, está bem? — Consegui responder.

— Ela vai precisar de mais um ingresso — acrescentou Devi.

— Você pode nos encontrar lá — Jesse disse a ela, então


acenou para mim. — Eu vou te buscar. Oito horas. — Em seguida,
ele tomou um gole de café, fez uma saudação com o dedo na
sobrancelha, se virou e saiu do quintal da minha irmã.

Olhei para Devi, minha mandíbula balançando aberta.

Seriamente. O que diabos aconteceu?

Tenho um encontro com Jesse Mayes?

E uma oferta de emprego?

Minha melhor amiga sorriu para mim e fez uma pequena


dança sexy de celebração em seus saltos incrivelmente altos. Não
pude deixar de sorrir para ela. Porque merda. — Você é louca pra
caralho.
Ela sorriu. — É por isso que você me ama. Duzentos mil? Vai
comprar muitos pincéis, querida.
Katie
Às oito horas da noite seguinte, encontrei uma Ferrari preta
estacionada ilegalmente em frente ao meu prédio.

Jesse Mayes encostou-se a uma árvore usando jeans


pecaminosamente justo, uma camiseta larga com gola redonda,
um blazer e óculos escuros, presumivelmente me observando
tentando descer os degraus da frente com meus saltos altos e não
escorregar na minha própria baba. Sua boca se curvou em um
sorriso sexy enquanto eu me aproximava. Meu coração deu uma
cambalhota estranha quando ele disse: — Oi.

— Hum, oi. Onde está o seu motorista? — Íamos para essa


coisa sozinhos?

— Às vezes eu gosto de dirigir sozinho, querida. — Ele deslizou


seus óculos escuros sobre a cabeça e me acertou com aqueles
olhos escuros, sua expressão ilegível enquanto me
olhava. Estendeu a mão para abrir a porta do carro para mim. —
Por quê? Você tem uma queda por Jude?
— Hum... o cara grande com a tatuagem de árvore? Não. —
Sentindo a necessidade de explicar, acrescentei: — Não é
realmente o meu tipo.

— O quê, sombrio e perigoso?

Claro, sombrio e perigoso poderia facilmente descrever Jesse,


embora ele fosse um tipo diferente de perigoso; o tipo que fodeu
você bobinha e partiu seu coração no processo. Seu músculo
contraído, por outro lado, parecia saído de uma cena de Sons of
Anarchy14.

— Belo vestido, — acrescentou ele, antes que eu pudesse


formular uma resposta. — Couro e renda — ele meditou, então deu
um passo para trás e segurou a porta para mim.

— Obrigada. — Virei-me e coloquei minha bunda no carro, me


acomodando no assento baixo tão graciosamente quanto
pude. Tentei não dar uma olhada na minha calcinha enquanto
aquele olhar ardente flertava com a bainha do meu vestido curto
de renda vermelha e descia pelas minhas pernas nuas. Então ele
fechou a porta e eu exalei.

É hora da minha pequena conversa estimulante. Aquela que


preparei na minha cabeça desde que concordei com esse encontro
falso, esse pequeno ensaio bizarro para determinar se haveria mais
encontros falsos. Seis semanas deles.

14 Série norte-americana sobre um clube de motoqueiros.


Lembrei-me de que não precisava estar aqui. Se Jesse Mayes
fosse um idiota total, realmente não precisava de duzentos mil
tanto assim. Minha integridade não estava à venda, por nenhum
preço. Era apenas uma noite. Então, poderia ir embora. Digo aos
meus futuros netos que certa vez tive um encontro com uma
estrela do rock. Mesmo eles não precisavam saber que era falso.

O sol estava nos olhos de Jesse quando ele entrou no carro,


mas não colocou os óculos escuros novamente, provavelmente
para que pudesse me comer com os olhos sempre que pudesse,
como estava fazendo agora. — Você fica sexy de vermelho.

— Você não tem que dizer isso.

A Ferrari ganhou vida com um rugido e saímos para a rua. —


Um cara não pode dar em cima da própria namorada? —
perguntou ele, com toda a inocência obscena.

— Eu não sou sua namorada.

— Você é esta noite, querida. Estou pagando por isso, certo?

— Me pagando?

— Este é o acordo. Duzentos mil pelas próximas seis semanas.

— Sim, se eu entrar em turnê. — Arg. Ouvi-lo dizer isso em


voz alta me pareceu todo tipo de coisas erradas. Ainda recusei o
que parecia um preço exorbitante pelos meus “serviços”, mas se
ele estivesse disposto a pagá-lo, como disse Devi, seria uma
loucura recusar. Ainda assim... — Vamos chamar de brinde esta
noite. Considere como uma experiência antes de comprar. — A
ideia de ele me pagar pelo encontro de hoje à noite me fez sentir
como uma acompanhante, e eu não tinha estômago para isso.
— Achei que já tivesse um desses. — Ele me lançou um olhar
acalorado que trouxe de volta todos os momentos quentes de nossa
sessão de pseudo amassos na gravação do vídeo.

— Sim, mas desta vez estarei na vertical.

Ele riu, uma risada incrível e sexy que provocou arrepios em


alguns lugares bem íntimos. Ele definitivamente não tinha rido
daquele jeito na gravação do vídeo. Hoje à noite parecia com um
humor melhor. — Se é assim que você quer.

— Eu quero — disse afetadamente.

— Mas estou pagando pelas bebidas, pelo hotel e por tudo o


que surgir.

— Hotel?

— Temos quartos perto do local. Estaremos fora até tarde.

Observei-o de lado enquanto ele dirigia.

Certo. Fora até tarde.

Ele realmente acha que eu seria tão fácil? As outras garotas


eram tão fáceis? Sério? Ele apenas estalou os dedos e a calcinha
caiu?

De jeito nenhum.

Fizemos uma curva fechada para a rua principal e me agarrei


no assento. A Ferrari tinha bolas. Nunca estive em um carro tão
potente. Isso fez meu coração disparar do jeito que foi de zero a
uma chicotada com a mera carícia da bota do pé de Jesse. Mas ele
parecia muito sexy ao dirigir, totalmente à vontade, com as mãos
soltas no volante.

Ele usava muito mais joias do que qualquer homem que já


conheci; anéis, pulseiras, colares em camadas. Era sexy e meio
fodão, como tudo sobre ele. Seu blazer era de veludo fosco, marrom
tão escuro que era quase preto, muito parecido com a cor de seus
olhos. E o jeans moldado em suas coxas estava desgastado; na
verdade, pude ver fatias de pele através dos rasgos. Olhei para
cima... e encontrei seu olhar.

Excelente. Ele me pegou olhando para a carne de sua


coxa. Senti o rubor percorrer meu corpo enquanto sua mandíbula
flexionava; ele estava mascando chiclete novamente.

— Então, hum... você gosta de canela. — Jeito de ter uma


conversa. — Quer dizer, acabei de perceber... — Podia sentir o
cheiro do chiclete. Combinava muito com os cheiros de Ferrari
nova e deus do rock masculino, mas não diria isso a ele.

— Minha fixação oral?

— É assim que você chama?

— Eu gosto de ter algo na boca o tempo todo. — Um sorriso se


espalhou por seu rosto lindo e ele mascou chiclete
exageradamente. — Parei de fumar no ano passado. Chiclete
ajuda, mas não gosto de hortelã.

E agora eu não conseguia parar de olhar para sua boca.

— Então, quem vai estar nisso? — Mudei de assunto, tentando


soar alegre mesmo enquanto movia os nós dos dedos brancos no
assento de couro. Felizmente, o tráfego estava muito
congestionado, então não podíamos ir muito rápido.

— Apenas a banda, — ele disse enquanto deslizávamos para


um sinal vermelho. — Alguma mídia. E um monte de pessoas que
Brody convidou e com as quais você não precisa se
preocupar. Estaremos na sala VIP.

— A nova banda? — Eu meio que esperava e rezava para que


fosse isso o que ele quis dizer. A ideia de passar a noite com os
membros de sua nova banda de projeto solo, quem quer que
fossem, parecia muito menos assustadora do que sair com os
membros do Dirty. De acordo com a informação de Devi, apenas
Jesse ainda morava em Vancouver, onde Dirty começou; os outros
membros da banda moravam em LA, mas não tinha ideia do que
esperar hoje à noite.

— Ambos, na verdade — ele disse.

Bem, merda.

Elle estaria lá?

— Eles sabem sobre isso? — Perguntei. — Nós?

— Só o que nós dizemos.

— Você não contou a eles?

— Que estou pagando para você fingir ser minha


namorada? Não muito.

— Então... eles acham que estamos realmente juntos?


— Eles vão quando eu aparecer com você.

Puta merda. Isso estava ficando real.

O olhar de Jesse se fixou em algo à frente e eu segui sua linha


de visão. Era um ponto de ônibus. Uma das paredes exibia um
anúncio envidraçado mostrando uma linda modelo morena
usando jeans, óculos escuros, batom e nada mais.

— Então, — perguntei enquanto o tráfego começava a se mover


novamente — por que eu? Quer dizer, você poderia ter qualquer
uma. Você poderia tê-la. — Indiquei a modelo enquanto
passávamos.

— Essa é minha irmã — ele disse, seu tom um pouco áspero.

— Sua irmã? — Torci meu pescoço para ver melhor. Claro que
Jesse Mayes teria uma irmã modelo. Mas tarde demais, a Ferrari
já havia saído daquele ponto em seu retrovisor. — Ela estará lá
esta noite?

— Ela está em LA.

— Qual é o nome dela?

Seus lábios se curvaram um pouco. — Jessa.

— Com licença? — Não pude evitar uma risada. — Jesse e


Jessa?

Mais uma vez, a sugestão de um sorriso. — Uh-huh. Acho que


minha mãe se sentiu mal porque nosso pai foi embora enquanto
ela estava grávida. Então ela me deixou dar um nome ao bebê. Eu
queria chamá-la de Jesse, mas mamãe disse que eu tinha que
escolher outra coisa, visto que esse já era meu nome. Escolhi
Jessa. Eu tinha quatro anos. — Ele olhou para mim. — Acho que
você deveria saber de tudo isso, já que somos um casal.

Tentei fingir que não gostei do som disso, mas não pude negar
o pequeno ponto quente que a história acendeu em meu peito e os
vários quilômetros de calor que senti por ele depois de ouvi-la.

Deus, eu era uma idiota. Só tinha que me lembrar, e continuar


lembrando, que tudo isso era falso. Tudo isso.

Não importa o que aconteceu entre nós... ou parecia acontecer.

Qualquer coisa que ele dissesse para mim, estava dizendo por
obrigação. Protegendo a mentira que inventou a si mesmo, para
sua imagem pública, com o único propósito de vender discos e
ingressos para shows.

E eu não gostava da ideia de fingir ser algo que não era, mas
pela quantia de duzentos mil e uma chance de colocar minha vida
nos trilhos, prometi a Devi - e a mim mesma - que tentaria.

— Certo, — eu disse. — Bem, já que somos um casal. O nome


da minha irmã é Becca, abreviação de Rebecca. Ela é dez anos
mais velha que eu.

— Isso é um intervalo.

— Sim, eu era o bebê 'oops' que meus pais tiveram no final dos
trinta.

— Alguma outra família?


— Becca é casada com Jack. Felizmente. Eles estão juntos
desde a adolescência. Você conheceu os filhos deles, Sadie e
Owen. Becca e Jack são donos do Nudge Coffee, você sabe, onde
eu trabalho.

— Certo. E por que eles chamam de Nudge15?

— Aparentemente, Jack se aproximou de Becca no meio da


multidão em um show e deu uma cutucada nela. E acho que o
resto é história.

— E o que mais você faz além de trabalhar no Nudge e assar


tortinhas?

Infelizmente, era basicamente isso esses dias. — Eu saio


muito com Devi. Somos melhores amigas desde a sexta série. Você
provavelmente deveria saber disso também. Ela é minha ligação
em caso de emergência, minha ligação da prisão. Você sabe, todas
essas coisas.

Jesse ergueu uma sobrancelha em minha direção. — Você


está pensando em ir para a cadeia esta noite, Cherry Pie16?

— Nunca se sabe quando se sai com uma estrela do rock.

Lá estava de novo, aquela risada sexy e gutural.

15 Cutucada.

16 Torta de cereja.
— Você tem um melhor amigo? — Perguntei.

— Sim. Jude.

O cara grande, com aparência de motociclista, com a tatuagem


da árvore? Apenas presumi que o homem era um empregado. —
Oh. Eu teria adivinhado que era alguém da banda.

— Brody e Zane são próximos também, mas Jude é a coisa


mais próxima de um irmão que eu já tive. Todos nós quatro
crescemos juntos. Esses são meus amigos.

— Eu não sabia disso. — Assim que saiu da minha boca, me


arrependi. Isso levantou a questão do que eu sabia, e a única
maneira que eu poderia saber alguma coisa sobre Jesse Mayes
era ficar perseguindo-o online.

Ele não percebeu. — Que tal você me dizer o que você sabe, e
direi se é verdade ou não.

Suspirei. — Ok, divulgação completa? Eu não sabia nada


sobre você até ser escalada para o vídeo. Quando nos encontramos
no escritório de Devi, realmente não sabia quem você era.

— Mesmo?

— Mesmo. Mas quando fui contratada, pesquisei você. Estava


meio que esperando que você acabasse sendo um perdedor com
um histórico sórdido de períodos de vai e vem de reabilitação,
processos de paternidade de pai solteiro e fotos assustadoras.

Ele parecia perplexo, mas divertido. — Por quê?

— Então, eu teria uma desculpa para ficar longe.


Ele absorveu isso por um momento. — E como isso acabou
para você?

— Não muito bem. Para um astro do rock, sua reputação é


estranhamente desprovida de escândalo e controvérsia. Acho que
a coisa mais alarmante com que me deparei foi o incidente das
perseguidoras. Um grupo de garotas invadiu sua casa?

— Duas garotas, na verdade.

— O que você fez?

— Chamei o segurança, dei um beijo em cada uma delas e as


mandei embora.

— Mesmo? — Pela primeira vez, estava meio que contente de


que o tráfego em direção ao viaduto para o centro da cidade
estivesse lento. Conhecer meu encontro falso estava se tornando
muito interessante.

— Eu fiz uma ordem de restrição contra elas, por


recomendação de Brody e nossos advogados, — disse ele. — Elas
pareciam inofensivas o suficiente, talvez um pouco
malucas. Recebo muitas fãs com excesso de zelo.

— Então, qual é a diferença entre uma fã excessivamente


zelosa para uma perseguidora, se invadir sua casa não se
qualifica?

— Isso se qualifica. Mas tive um perseguidor sério uma vez,


nos nossos primeiros dias. Um cara que se vestiu como eu e
conseguiu abrir caminho para os bastidores em alguns shows,
roubou uma das minhas guitarras e entrou no ônibus da turnê. As
meninas que invadiram minha casa nadaram na minha
piscina. Esse cara dormia no meu beliche, vestia minhas roupas
sujas e se masturbou na capa da minha guitarra. Eu diria que é
um tom diferente de loucura.

— Uau. Ordem de restrição?

— É melhor você acreditar.

— Pobre rapaz. Talvez tudo o que ele quisesse era um beijo.

Jesse sorriu. — O que mais a Internet disse a você sobre mim?

Arg. Eu odiava ter que admitir que estava lendo sobre ele. —
Não muito diferente do óbvio. Você sabe, deus do rock, lenda da
guitarra em formação, blá, blá, blá. Oh. E você saiu com muitas
mulheres famosas. Modelos. Atrizes.

— Isso é verdade.

Estava meio que esperando que ele negasse. Não que isso
importasse para mim - namorada falsa que eu era. Mas não gostei
exatamente de ser comparada ao seu “tipo” usual.

— Mas não muitas namoradas de verdade — eu disse,


investigando um pouco.

— Isso também é verdade.

— Uma, na verdade. — Porque, de acordo com a Wikipedia,


Elle era a única mulher que tinha essa distinção.

— Duas, — ele disse. — Eu tive uma namorada no


colégio. Então partimos em nossa primeira turnê e a fama seguiu
seu curso. Os relacionamentos ficaram pegajosos.
Pegajoso como, eu não tinha certeza, embora obviamente a
coisa de longa distância provavelmente fosse uma droga. E poderia
imaginar que namorar um cara que de repente ganhou destaque
seria muito difícil, especialmente quando ele estava sendo
apalpado por fãs raivosas todas as noites. Mas não tinha certeza
se queria os detalhes sobre isso. Estava nervosa o suficiente para
entrar nesta festa de braço dado com Jesse Mayes e ser objeto de
ciúme e julgamento. Eu tinha experimentado isso desde que o
vídeo foi lançado, e era muito difícil de engolir.

— Então, você simplesmente não faz a coisa de namorada?

— Não.

Fiquei surpresa com a resposta direta. E talvez, bem no fundo,


apenas um pouco decepcionada, o que era além de estúpido.

— Você provavelmente vai ouvir muitas coisas, — disse ele. —


Mas aqui está a verdade. Elle é uma família para mim. Mas ela não
era mais certa para mim do que qualquer uma das outras
mulheres com quem saí nos últimos dez anos. Esperamos um
pouco, provavelmente mais do que deveríamos, por causa da
banda. Estávamos no meio da turnê quando percebemos que as
coisas não estavam bem.

— Quanto tempo vocês ficaram juntos?

— Cerca de um ano. Mas os últimos meses foram uma


separação prolongada.

— Tudo bem, — eu disse. — Obrigada por me informar.

— É isso? — ele perguntou. — A trilha da internet esfriou lá?


— Claramente, ele sabia que não.
— Não exatamente. — Encontrei seu olhar. — Você fica com
tesão no palco.

Ele sorriu e meio que revirou os olhos. — Eu gostaria de poder


dizer que é uma mentira.

— Isso te envergonha?

— Se eu dissesse sim, você acreditaria em mim?

— Não sei ainda. — Depois da maneira como ele fingiu me


foder sem sentido na frente de uma equipe de câmera, o tempo
todo com uma ereção furiosa, era difícil imaginar que algo iria
envergonhar o homem.

— Algo mais?

— Hum... sim. Também parecia evidente que você tem uma


reputação de... — Tentei colocar isso da forma mais diplomática
que pude, e não dar a seu ego um golpe muito forte. — Um amante
talentoso.

Para minha surpresa, ele não riu ou se gabou. Ele não disse
nada sobre isso.

— E você? — ele perguntou. — O que seus ex-amantes diriam


sobre você?

— Não sei. Talvez você possa perguntar a ele algum dia.

— Seriamente?

— Infelizmente sim.
— Como é isso?

— Como é isso o quê?

— Como é que você só teve um amante?

— Eu aprendo devagar?

Ele sorriu da minha piada idiota. — Parecia saber o que você


estava fazendo quando me beijou na gravação do vídeo.

— Você quer dizer, quando você me beijou. — Tentei não


sorrir muito com esse comentário. — E obrigada por dizer isso. Eu
estava me sentindo um pouco sem prática. — Olhei para ele. —
Tipo, hum... dois anos sem prática.

Jesse olhou para mim, sua boca aberta como se quisesse dizer
algo. Então ele fechou. Então, abriu novamente.

— Bem, porra — disse ele.

Sim. Certeza de que acabei de explodir sua mente. Embora


talvez não de um jeito bom.

— Então... — Ele limpou a garganta. — O que mais devo saber


sobre Katie Bloom?

— Hum... eu não sei. Nunca tive um perseguidor. Nunca estive


no palco, então não sei se isso me deixaria com tesão.

— Qual sua comida favorita?

— Pizza.
— Todo mundo gosta de pizza. Que tipo?

— Queijo duplo. Triplicado se eu conseguir.

— É isso? Sem coberturas?

— O queijo é uma cobertura.

— Alguma alergia estranha?

— Não.

— Estranhas peculiaridades?

— Você quer dizer excitação de palco? — Lancei a ele um olhar


de soslaio. — Hmm... eu nunca uso meias combinando.

— Nunca?

— Nunca. Descombino as meias assim que compro.

— Esquisito.

— Tenho uma jaqueta de couro da sorte. — Indiquei a que eu


estava usando.

— E é sorte porque...?

— Porque coisas boas sempre acontecem quando a uso. Eu


uso com moderação.

Ele olhou para mim como se eu estivesse louca. — Por que


você não usa isso o tempo todo?
Dei a ele o mesmo olhar de volta. — Por que e se eu esgotar
toda a benevolência?

Ele riu dessa lógica. — Ok... posição sexual favorita?

Eu tive que pensar sobre isso. — Missionária?

— Mesmo? — Seu tom era totalmente incrédulo. Agora


estávamos presos em um lento rastejar para Gastown17, então, não
sairia dessa tão cedo.

— Sim.

— Mesmo.

— Sim.

— O que você gosta sobre isso?

— Bem... eu gosto de ter um homem em cima de mim. Você


sabe, ser capaz de senti-lo... seu peso e sua força... — Optei por
fechar minha boca, já que os olhos de Jesse estavam brilhando em
mim. Mexi-me no assento. Estava começando a suar em meu
couro e renda. — E você?

— Comida favorita, bisteca, malpassada — ele disse. — Sou


alérgico a gatos. Às vezes eu falo enquanto durmo.

— Mesmo? O que você diz?

17 Bairro em Vancouver, Canadá.


— Não sei. Você é minha namorada. Você me diz.

— Acho que ouvi você murmurar algo sobre ter meu nome
tatuado em sua bunda.

— Parece algo que eu diria.

Eu ri. — Posição sexual favorita?

— Meu rosto. Entre suas pernas.

Minha risada sufocou quando o calor inundou minhas


bochechas. Certo. Fixação Oral. — Hum... — Engoli. — Não é mais
uma posição preliminar?

Ele não respondeu, apenas mascou o chiclete e sorriu. O


rugido da Ferrari ecoou nos prédios próximos enquanto
passávamos pelas ruas estreitas.

— Então, o que eu digo às pessoas? — Perguntei, tentando


desviar a conversa do sexo. — Quero dizer, elas vão
perguntar. Você sabe, eu, com você. — Talvez toda arrumada com
maquiagem, lingerie e iluminação sofisticada em um videoclipe
brilhante, eu era páreo para ele em algum nível, mas a verdade da
questão era que Jesse Mayes estava totalmente fora do meu
alcance. Ele tinha que saber disso.

Todo mundo sabia.

— Apenas diga a eles que eu fodo seus miolos todas as noites


e você nunca esteve mais feliz — disse ele, despreocupado. — O
que mais eles precisam saber?
— Mas não deveríamos resolver alguns detalhes? Confirmar
nossas histórias? Como o que você mais gosta em mim? Supondo
que o que eu mais gosto em você é que você fode meus miolos todas
as noites.

Ele sorriu. — Eu gosto de foder seus miolos todas as noites.

Corei... Estava ficando muito quente na minha jaqueta de


couro, mas estava com medo de tirá-la e ser comida com os olhos
novamente quando ele tivesse um vislumbre do decote profundo
do meu vestido.

— Diga-me o que mais eu gostaria de você — disse ele.

— Não sei. Eu gosto de animais. Você conheceu meu cachorro,


Max. Sou bastante limpa e organizada. Sou uma boa confeiteira.

— Você acabou de descrever minha avó.

Corei de novo, desta vez de vergonha ao invés de excitação


crescente. Porque não mencionei minha pintura, não tinha
certeza. Talvez não quisesse soar como uma aspirante
patética. Muitas vezes tinha visto uma centelha de interesse nos
olhos de alguém, apenas para vê-la extinguir-se novamente
quando descobriram que eu nunca tinha realmente feito nada
com minhas aspirações artísticas. — Hum... e eu fodo como um
animal?

— Isso é mais parecido.

— E o que mais eu gosto em você, além do sexo frequente?


— Você gosta do meu grande ego, — ele disse facilmente. —
Você acha isso encantador. Você gosta do meu pau grande. E eu
tenho uma traçada fenomenal.

Doce Jesus. — Isso é tudo?

— O que mais você precisa?

— Como estamos juntos?

— Eu te enviei uma foto do meu pau após a gravação do vídeo


e o resto é história.

— Sério?

— Por que não? Nem todo mundo pode se apaixonar por uma
cutucada. Algumas meninas precisam de um pequeno pau.

— Pensei que era um pau grande. Vê? Precisamos esclarecer


nossa história.

Ele riu. Eu gostava de fazê-lo rir. O que não era um bom sinal.

— E quanto a LA? — Perguntei. — Achei que você estivesse


fora da cidade desde as filmagens.

— Não é um problema. Temos mensagens de sexo, sexo por


telefone e sempre há chamadas de vídeo via Skype. E estou de
volta à cidade há seis dias.

Paramos em outro sinal vermelho, na orla de Coal Harbour, e


lancei a ele um olhar cético.
— Confie em mim, — disse ele. — Podemos causar muitos
estragos em seis dias.

Tudo bem, então. — Ok... então, a partir de agora, estamos


fazendo isso há seis dias seguidos?

— Cada momento livre.

Quando o sinal ficou verde e seu olhar me deixou, tentei conter


meu sorriso. Esse relacionamento falso estava começando a soar
muito divertido.

— E há algo neste relacionamento além de sexo?

— É claro. Acabei de escrever uma nova música sobre você que


irei cantar na turnê. Chama-se New Girl.

Presumi que ele estava brincando e riria, mas não o fez. Ele
parecia sombriamente sério quando entramos na entrada de um
hotel incrivelmente chique perto da água.

— Ninguém realmente se importa com quem estou transando,


Katie — disse ele. Enquanto ele nos estacionava no posto de
manobrista, seus olhos escuros fixaram-se nos meus. — Não por
mais de cinco minutos. Jesse Mayes apaixonado, essa é a história.
Katie
Quando chegamos, o clube já estava lotado.

Inúmeros seguranças estavam esperando para escoltar Jesse


e sua comitiva até o local. Jude e o outro dos seguranças pessoais
de Jesse, Flynn, nos encontraram no hotel e, ao longo do caminho,
conseguimos encontrar vários outros caras grandes vestidos de
couro com tatuagens. Eu não tinha ideia se eles eram amigos de
Jesse ou seus guarda-costas ou ambos. Ele me deu sua mão e
agarrei-me a ela com as e não fiz perguntas, apenas tentei absorver
tudo.

O clube ficava em um prédio antigo, mas reformado, original,


de pedra centenária por fora, vidro e aço por dentro. Entramos pelo
saguão de um prédio vizinho, pela entrada dos funcionários do
bar. Podia distinguir os 99 problems de Hugo18 batendo na parede
de vidro que dava para o bar e poderia dizer que estava bem
escuro, as pessoas lotavam pelo menos três profundidades nos

18 Nome da música.
dois longos bares. Sobre o palco, um cenário iluminado exibia a
imagem da capa do álbum solo de Jesse, Sunday Morning: um par
de botas de couro de homem sujas, jogado no chão ao lado do que
era obviamente uma cama de mulher.

Havia um monte de gente esperando para falar com Jesse no


estreito corredor de funcionários. Ele falou com alguns deles,
brevemente, mas não me apresentou. Fiquei para trás com Flynn,
que parecia estar pairando perto de mim, mas Jesse nunca soltou
minha mão. Até agora, ele era um par muito elegante. Só esperava
não o ter desapontado. Não tinha ideia do que fazer ou dizer a
todas essas pessoas, então apenas sorri - o suficiente para parecer
que estava feliz por estar aqui, mas não tanto a ponto de parecer
uma esquisita. Assim que Jesse terminou de falar, Jude acenou
com a cabeça e os seguranças nos levaram escada acima até a sala
VIP. O que foi legal, porque nunca tinha sido VIP antes.

Demorou vários segundos para meus olhos se ajustarem à


escuridão. Havia velas acesas em tigelas de vidro em mesas baixas
com assentos confortáveis vermelho-sangue agrupados ao redor
delas. Uma teia de pequenas luzes como estrelas encheu o teto. A
sala era cercada em três lados por uma parede baixa com uma
grade que dava para o andar do clube abaixo e tinha uma vista
incrível do palco. Duas telas gigantes, uma em cada extremidade
da sala, exibiam o vídeo do primeiro single principal de Sunday
Morning, Come Lately, que era principalmente uma filmagem de
Jesse tocando a música em um campo vazio enquanto seu cabelo
esvoaçava em volta do rosto e ele tocava sua guitarra com tanta
força que o suor escorria por seu corpo... o que, se você me
perguntasse, era tudo o que você realmente precisava para colocar
em um vídeo.
Desviei meu olhar da imagem gigante de Jesse para seguir seu
exemplo através da sala escura. Fomos direto para uma cabine de
festa gigante no meio, com um monte de mesas agrupadas dentro
dela. Já havia muitas pessoas lá. Homens,
principalmente. Reconheci os companheiros de banda de Jesse,
Zane e Dylan, imediatamente, e seu empresário gostoso, Brody,
que se levantou para nos encontrar quando nos viu chegando.

Examinei o grupo, mas não vi Elle.

— Ei, irmão — Brody cumprimentou Jesse, mas seus olhos


estavam em mim. Um sorriso se espalhou por seu
rosto. Perguntei-me se ele já sabia sobre a proposta que Jesse
tinha me feito, o que era meio constrangedor, mas eu
simplesmente teria que lidar com isso. — Katie. É bom ver você de
novo. — Ele pegou minha mão, embora Jesse nunca soltasse a
outra.

— Você também — eu disse.

Dylan nos cumprimentou em seguida. Ele se elevou sobre


mim, afastando seu cabelo castanho escuro dos olhos verdes
enquanto Jesse nos apresentava. Então o grande baterista me deu
um sorriso enorme e me puxou para um abraço rápido. Graças a
Deus ele estava usando jeans dessa vez. Quando o conheci na
gravação do vídeo, ele estava usando seu kilt e colocou uma bota
no sofá enquanto falava comigo, mostrando muitas coxas
musculosas que quase morri sufocada com a água.

Zane foi o próximo, cumprimentando Jesse e me dando uma


olhada completa. Ele notou minha mão na mão do Jesse e suas
sobrancelhas loiras se ergueram.
— De onde raios eu te conheço? — ele disse, e seu tom estava
tão cheio de insinuações. Jurei por tudo que ele pensou que
poderia ter me fodido em alguma noite distante, tão bêbado que
não conseguia se lembrar.

Dylan se inclinou e disse algo em seu ouvido que eu não pude


ouvir. A música havia subido um nível e The Black Keys19 estavam
batendo as linhas de abertura de Your Touch. Os olhos azul-gelo
de Zane enrugaram quando ele começou a rir.

— Você está brincando comigo. A garota do vídeo? — Ele


puxou Jesse para um abraço de irmão com um braço no peito,
então jogou a cabeça para trás, mostrando os dentes brancos, e
rugiu novamente. — Meeeeerda, irmão.

Eu estava corando neste ponto, mas para minha sorte, a pouca


luz provavelmente escondeu o fato. O que foi bom, porque estaria
fazendo muito isso.

Jesse deu um tapa na bochecha de Zane. Zane nunca parou


de sorrir. De mim. Então ele jogou o braço em volta de Maggie, que
se materializou, para meu deleite. Maggie revirou os olhos, deu de
ombros e me abraçou. — Katie! — Ela olhou para minha mão na
do Jesse, depois para Jesse, sua expressão era curiosa e depois
acusadora. — Que porra você fez?

— Nada — disse Jesse, e piscou para mim.

19 É uma dupla estadunidense de blues-rock e indie rock.


Certo. Nada. Exceto me enviou uma suposta foto de pau.

Merda. Estávamos realmente indo com essa história?

Assisti, impotente, enquanto Jesse começava a ser sugado


pela multidão crescente de pessoas querendo sua atenção. Vinte e
quatro horas atrás, se alguém me dissesse que eu
ficaria menos nervosa com Jesse Mayes ao meu lado, diria que
eles estavam chapados pra caralho. Mas agora eu não queria
deixá-lo ir. Ele fez uma coisa muito doce, no entanto, e me olhou
nos olhos, disse que voltaria e beijou minha mão antes de me
soltar.

Felizmente, Maggie estava lá para me pegar.

Eu amava essa mulher pra caralho.

Ela parecia linda esta noite também, seu vestidinho preto


mostrando sua pele marrom claro impecável, seu cabelo escuro e
elegante solto ao redor de seu rosto bonito. Provavelmente era por
isso que Zane continuava colocando o braço em volta dela. Ela
continuou se esquivando, embora isso parecesse um jogo há muito
estabelecido entre eles. Perguntei-me como ela manteve sua
sanidade em torno de todos esses homens gostosos. Ela dormiu
com algum deles?

Ela e Zane eram amantes?

Eu realmente não sabia. Mas ela praticamente o ignorou


enquanto me apresentava em um redemoinho ao que ela chamava
de “os VVIPs”.

Além de Dylan e Zane, havia o amigo de Dylan, Ashley, que me


disse para chamá-lo de Ash. Ele tinha essa coisa de punk-
encontra-surfista acontecendo com seu cabelo preto escuro, olhos
azuis sérios e muitos piercings. E ele era loucamente gostoso.

O que houve com esses caras e seus amigos?

Era preciso uma pessoa ser um dez perfeito - no mínimo - para


conviver com essa multidão?

Fui apresentada aos membros da banda solo de Jesse em


seguida, e meus nervos se acalmaram um pouco. Esses,
finalmente, eram caras do meu planeta. Embora nenhum deles
pudesse ser considerado pouco atraente, eles provavelmente não
eram responsáveis por causar desmaios nas ruas, e isso
provavelmente era uma coisa boa.

Disseram-me que Rafael tocava guitarra e vários outros


instrumentos; ele também co-escreveu algumas canções com
Jesse no álbum. Letty era a baixista e Pepper na bateria. Pepper e
Ash estavam em uma banda de rock alternativo que eu nunca
tinha ouvido falar, chamada Penny Pushers, que costumava fazer
turnês com Dirty como banda de abertura. E no final das contas,
depois de conversar com os membros da banda do projeto solo de
Jesse, rir com eles e desfrutar da primeira cerveja que Pepper me
entregou, decidi que eles eram incríveis pra caralho sozinhos. O
que havia nos músicos de rock 'n' roll que era tão... gostosos?

A vibração despreocupada de bad boy?

O jeans apertado e o couro?

Sim. Isso.

E enquanto eu absorvia a vibração, percebi que não era apenas


a maneira como eles pareciam, ou se vestiam, ou o apelo sexual
na sua cara, mas a pura e potente eletricidade da energia
masculina crua. Era essa maneira sem remorso que eles tinham
de ocupar espaço, sentando-se com as coxas bem abertas, jogando
a cabeça para trás para rir alto, mostrando os dentes. Eles usavam
anéis grandes e grossos e tinham tatuagens, e Zane até usava uma
sombra de delineador, o que fazia seus olhos árticos parecerem
ainda mais azuis.

Sem mencionar que todos estavam falando ao mesmo


tempo. De vez em quando, Maggie revirava os olhos e dizia a um
ou a todos eles para calar a boca, mas quase não fazia diferença.

Depois de um tempo, Jesse me pegou e me levou para posar


para algumas fotos com ele. Ele me apresentou a quase todos com
quem conversou, seja como Katie ou, em alguns casos, como
“minha namorada, Katie”, o que eu não poderia dizer que me
importava, embora todos estivessem começando a se tornar um
grande e lindo borrão rock 'n' roll. Talvez tenha sido a cerveja. Mais
provavelmente foram meus nervos. Só esperava não ser
questionada sobre todos esses nomes mais tarde.

Eu só tinha que parecer que sabia o que estava fazendo,


certo? Porque se alguém me pedisse uma frase de efeito, tinha
certeza de que me engasgaria. Eu já estava tonta com a opressão
absoluta da multidão crescente.

E então, no meio de tudo isso, encontrei uma pequena pausa


- uma velhinha que nem havia notado no início.

Ela estava calmamente bebendo uma cerveja em um copo de


cerveja quando Maggie me colocou ao lado dela em uma das
cadeiras de veludo, apresentando-a para mim simplesmente como
— Vovó Dolly.
— Esta é minha amiga, Katie — Maggie disse, o que foi muito
legal da parte dela. — Ela está aqui com Jesse esta noite.

— Que legal — Dolly disse gentilmente e apertou minha


mão. Parecia que ela poderia explodir se você respirasse nela com
muita força e sua pele era macia, como veludo enrugado, mas
havia força em seu aperto. Ela usava calça azul centáurea e um
suéter com uma nota musical brilhante nele, enfeitado com strass
azuis. Seu cabelo era branco e ondulado perto de sua cabeça, da
mesma forma que ela provavelmente o usava por décadas.

Ela era adorável.

— Você é a avó do Jesse? — Perguntei a ela.

— Ah, meu Jesse. Ele é especial, — ela disse, seus olhos azuis
claros suaves. — Ele não é realmente meu, querida. Zane é meu
neto. Conheci Jesse quando ele tinha oito anos, quando os
meninos estudavam juntos.

Nesse momento Jesse se aproximou para cumprimentá-la e


Dolly ergueu o copo para fazer um brinde. Inclinei a borda do meu
copo de cerveja contra o dela. — Para Jesse e seu novo álbum
maravilhoso — ela disse em sua vozinha áspera. Todos os outros
ao redor da nossa mesa - Zane, Dylan e Ash, Maggie e agora Brody
e Jude, que vieram com Jesse - ficaram em silêncio para ouvir e
ergueram seus copos e garrafas, seguindo o exemplo de Dolly. —
É adorável, querido. Zane tocou para mim esta tarde.

— Obrigado, Dolly — disse Jesse.

— Eu sabia que você tinha mais canções de amor em você —


ouvi-a dizer quando ele se inclinou para beijar sua testa.
Depois que Jesse se afastou para falar com Jude, inclinei-me
mais perto e disse a ela: — Ele parece gostar muito de você.

Ela assentiu e deu um tapinha na minha mão. — Ele e a irmã


passaram muito tempo na minha casa quando eram pequenos e,
depois que a mãe deles morreu, acolhi Jessa.

— Eu não sabia disso. — Jesse tinha mencionado que seu pai


foi embora, mas eu não sabia que sua mãe tinha morrido. —
Quando isso aconteceu?

— Oh, Jesse tinha cerca de vinte anos. Jessa tinha apenas


dezesseis anos. Mas eles passaram tanto tempo na minha casa
antes mesmo de sua mãe ficar doente que senti como se eles
fossem minha própria carne e sangue. Ainda sinto. — Ela olhou
para Jesse com carinho. — É uma pena que Jessa não esteja aqui
esta noite.

— Eles deviam ser crianças fofas.

— Oh, sim. Você não acreditaria na condição em que eles


apareceram em alguns dias, no entanto. Sujos. Não tinham
comido o dia todo. Eu costumava fazer comida extra para o caso
de eles aparecerem para jantar, e na maioria das vezes, com o
passar dos anos, eles apareciam. Jesse fez o que pôde para cuidar
de Jessa, mas ele também era apenas uma criança. Ele tinha um
emprego desde os treze anos, para ajudar, mas eu não gostava que
Jessa ficasse sozinha em casa, então disse a ele, traga-a aqui
sempre que precisar. Você vai trabalhar, você a traz. E foi o que
ele fez.

Uau.
Olhei para Jesse. Ele estava em uma conversa profunda com
Jude e Brody e se eu o imaginasse como um menino sem pai e
uma mãe doente, levando sua irmã mais nova para a casa da avó
de Zane para que ela pudesse ser alimentada, definitivamente o
via de forma diferente.

Talvez eu fosse uma idiota, mas juro que foi a primeira vez que
realmente o vi como um ser humano.

— Isso é incrível, Dolly. — Sorri para ela, meio que desejando


ter conhecido minha própria avó. As minhas duas já tinham
falecido quando nasci. — Eles tiveram muita sorte em ter você.

— Bem, eu fiz o que pude. Veja bem, não tínhamos muito, mas
meus netos sempre viveram melhor do que isso. — Seu olhar gentil
se ergueu para Zane, que estava de pé sobre nós, bem a tempo de
vê-lo apertando a bunda de uma garota loira sexy em um vestido
metálico apertado.

Dolly balançou um pouco a cabeça. — Eles eram um grupo.

Maggie me cutucou enquanto se inclinava, pegando a


conversa. — Imagine esses caras como adolescentes com tesão e
você entendeu.

— Você não acreditaria nem na metade, mocinha — disse


Dolly. — As músicas que eles criaram na minha garagem. Oh, o
barulho que eles fizeram. Este aqui com sua voz estridente.

— Minhas orelhas estão tremendo. — Zane caiu na poltrona


em frente a nós, a loira colada ao seu lado.

— Oh, você sempre foi a boca suja desta banda — Dolly disse
a ele, seu tom provocador, mas orgulhosa.
— Isso é um fato — Brody acrescentou, juntando-se à
conversa.

— E seu rosto bonito — Zane disse com um sorriso gigante.

— E eu sempre disse que Elle é o coração de todos vocês —


disse Dolly com naturalidade. — Não é estranho estarmos todos
juntos sem ela.

— É sim — Zane concordou.

Encontrei o olhar de Jesse. Eu não tinha certeza de como


interpretar a avaliação de Dolly, embora estivesse particularmente
aliviada por Elle não estar aqui. Ele tomou um gole de sua cerveja,
seus olhos nos meus.

— Mas meu Jesse, — disse Dolly. — Você sempre foi a alma


do Dirty.

— Obrigado, Dolly — disse Jesse.

— Eu vou beber a isso. — Brody ergueu o copo. — Para Jesse,


e um novo álbum matador. Com alma.

Todos nós saludamos Jesse mais uma vez e bebemos nossas


cervejas.

— Então, o que isso me torna, Doll? — Perguntou Dylan. O


grande baterista balançou as sobrancelhas. — O cérebro da
banda?

— Eu acho que você quer dizer força — Maggie disse.


— Aw, querido, — disse Dolly, e tomou um gole de sua
cerveja. — Todo mundo sabe que você é as bolas dela.

Dylan se engasgou com sua cerveja. Os outros caras gritaram


de tanto rir.

Zane riu tanto que caiu da poltrona, quase levando a loira com
ele.

◊◊◊

Estava ficando mais alto no clube conforme a expectativa pelo


show de Jesse crescia e a multidão aumentava. R U Mine?
do Arctic Monkeys20 estava explodindo e eu estava perto do fim
da minha terceira cerveja quando Devi chegou. Ela se sentou ao
meu lado, que Brody desocupou para ela, e Dylan foi rápido para
lhe entregar uma cerveja. Essa música sempre me deu um suspiro
feminino sério, então não ajudou quando vi Jesse voltando no meio
da multidão com Jude... em calças de couro.

Ahh. Praticamente mordi minha língua para evitar que caísse


da minha boca.

Tive apenas tempo suficiente para informar Devi sobre os


eventos da noite até agora, incluindo o fato de que as gostosas - da

20 Banda britânica de rock.


variedade feminina - estavam se multiplicando em um ritmo
impressionante desde que cheguei. A proporção de mulheres para
caras na sala VIP agora era de três para um. Zane, Dylan e Ash
tinham mulheres por toda parte. Fiquei meio aliviada por Jesse ter
desaparecido para cuidar de alguns negócios. Eu não tinha certeza
do quão animada estava para assistir garotas aleatórias escalando
meu encontro falso.

Bebi minha cerveja enquanto o observava caminhar em minha


direção, sendo apalpado ao longo do caminho. Ele ainda estava
usando o blazer de veludo sobre a camiseta drapeada macia com
a gola redonda que exibia sua clavícula sexy. E sim. Calça de
couro preta.

Tentei muito, pra caralho, não olhar, mas nenhum homem


ficou tão bom em calças de couro.

Nunca.

Ele também estava usando seus óculos escuros, dentro do


clube, em um clube escuro... e de alguma forma conseguiu não
parecer um idiota fazendo isso.

Ele se aproximou de mim, cumprimentou Devi com um aceno


de cabeça e se agachou ao lado da minha cadeira. — Como vai,
linda? — Ele empurrou os óculos escuros em sua cabeça para
descansar sobre seus cachos de seda.

— Bem — eu disse, conseguindo não me engasgar com minha


língua. Por muito pouco. Merda, o homem era lindo de perto. As
luzes cintilantes brilhavam em seus olhos, seus longos cílios
lançando sombras. — Seus amigos são legais.
Ele riu muito disso. — Devem estar em seu melhor
comportamento. Tentando impressionar minha nova garota.

Meu coração bateu um pouco mais rápido com isso. Gostei de


como soou saindo de sua boca. Um pouco demais. — Eu disse a
Maggie sobre a, hum, foto do pau. — Era verdade. Ela perguntou
como nós nos juntamos, e disse a ela. Ela riu e revirou os olhos,
mas pelo menos pareceu acreditar. Já foi ruim o suficiente ter
mentido para ela; pelo menos a mentira passou. — Acho que ela
acreditou em mim.

— Viu? — Jesse sorriu. — Sem problemas.

— Certo. Exceto que todo mundo está sendo tão legal comigo,
me sinto como uma idiota mentindo para eles.

Seus olhos se estreitaram um pouco, se contorcendo em um


quase sorriso sexy. — Você não é uma idiota, Katie Bloom. — Ele
se inclinou. — Tenho que colocar minha bunda nos bastidores. —
Então ele me beijou na boca, sem mais nem menos.

Prendi minha respiração. Seus lábios demoraram mais do que


eu esperava. Então ele se afastou lentamente.

— Deseje-me sorte — disse ele.

— Você não precisa disso — eu disse, sem fôlego. O homem


não precisava da minha ajuda.

Ele sorriu e foi embora. Assisti enquanto ele e os outros caras


em sua banda solo se afastavam, Jude e um bando de seguranças
os escoltando. Quando o perdi de vista, voltei minha atenção para
Devi.
Minha melhor amiga estava com o maior e mais astuto sorriso
de comedor de merda que já vi em seu rosto.

— O quê? — Eu disse, parecendo muito mais irritada do que


pretendia.

Suas sobrancelhas se ergueram. Muito para cima. — Nada. —


Seu sorriso se transformou em uma expressão sexy quando ela
disse: — Você não é uma idiota, Katie Bloom — em voz baixa.

Bebi minha cerveja, ignorando-a.

— O que foi aquilo? — ela pressionou.

Suspirei. — Estamos dizendo a seus amigos que ele me


mandou uma foto do pau e foi assim que ficamos juntos. Ele estava
apenas tentando me fazer sentir melhor sobre isso.

— Doente. — Devi se inclinou. — Deixe-me ver.

— Não tem foto de pau, sua pervertida. É só uma brincadeira.

Várias músicas depois e no meio de outra cerveja, estava


ficando impaciente para o show começar. Minha frequência
cardíaca ainda não havia voltado ao normal depois daquele beijo
inesperado, estava quase na beira da cadeira para ver Jesse tocar
ao vivo. Eu tinha ouvido seu álbum solo cerca de cem vezes desde
que concordei com esse “encontro” e Dolly estava certa: a música
de Jesse Mayes era adorável. Também era corajoso, blues, sujo,
sombrio e distorcido, para não mencionar sexy e viciante como o
inferno.

Provavelmente poderia ter me levantado e dançado um pouco


para aliviar minha energia nervosa. Um grupo de garotas começou
uma pista de dança improvisada no canto da sala VIP com vista
para a sala abaixo. Mas eu tinha uma visão incrível do centro do
palco, então não estava desistindo do meu lugar por nada. Um
cara estava conversando com Devi ao meu lado, mas não senti
como se pudesse manter uma conversa, então, apenas observei as
pessoas. Minha perna estava vibrando enquanto batia o pé com
antecipação, então demorei um pouco para perceber que meu
celular tinha zumbido no bolso da minha jaqueta de couro. Duas
vezes.

Tirei-o e deslizei a tela, abrindo o aplicativo de mensagens,


para encontrar uma foto de pau me encarando.

Hum…

Coloquei o telefone embaixo da mesa, verifiquei se ninguém


estava prestando atenção e dei uma olhada furtiva. Contra meu
melhor julgamento, toquei a mensagem, ampliando-a.

Sim. Eu tinha acabado de receber a foto de um pau, alto e


orgulhoso, envolto na mão de um homem usando dois grandes
anéis de prata.

Engoli.

Rolei para a próxima mensagem, que dizia


simplesmente: Agora você não precisa mentir.

— Katie!

Pulei alguns centímetros do meu assento e bati minha mão na


parte de baixo da mesa. — Jesus! — Fechei o aplicativo e guardei
meu telefone. Devi estava de pé ao lado de seu assento, olhando
para mim.
— O que raios você está fazendo aí embaixo? Eu disse o seu
nome umas oito vezes.

— Nada. Verificando minhas mensagens. E aí?

— Eu estava dizendo, esses senhores estão pagando bebidas


para nós. — Ela me apresentou aos dois caras que estavam ao lado
dela, mas honestamente esqueci seus nomes assim que ela os
disse.

— Katie, certo? — um dos caras disse. — Prazer em conhecê-


la.

— Você também. — Apertei a mão oferecida, mas não me


levantei. Devi estava olhando para mim. Eu conhecia aquele olhar,
mas de jeito nenhum pegaria algum cara aleatório enquanto
estivesse aqui como o par de Jesse.

— Um segundo, — ela disse aos rapazes e se inclinou para


sussurrar em meu ouvido. — Eles vão para uma festa depois
disso. Devíamos ir totalmente.

Gritei sussurrando de volta. — Já estou num encontro!

— Um falso!

— Shh! — Olhei em volta, mas Black Dog do Led


Zeppelin21 estava balançando a casa, alto demais para que alguém

21 Banda britânica de rock.


pudesse ouvir uma palavra do que estávamos dizendo. — Era para
ser real. Tira eles daqui!

— Uh-uh. Estou ficando. — Ela então sorriu, entregou um dos


cosmos que tinha acabado de chegar - sua bebida favorita - e se
levantou para se juntar aos caras novamente.

Aquele que apertou minha mão se inclinou em sua cadeira


vazia. — Se importa se eu me juntar a você?

— Oh. Hum, na verdade estou aqui com alguém.

— Oh, sim? — Deu um sorriso genuíno e amigável. Ele tinha


olhos azuis cintilantes e parecia bom o suficiente. — Quem é esse
cara que te deixaria aqui sozinha?

— Uh, Jesse Mayes? — Realmente não havia como dizer isso


sem soar como uma vadia. Percebi assim que saiu da minha boca.

O sorriso do cara vacilou, assim que um braço se estendeu


entre nós. Um braço super musculoso com uma tatuagem preta
de manga longa de uma árvore com raízes longas e nodosas. Um
grande punho com um grande anel de caveira de prata no dedo
médio colocou uma bebida na mesa. Era uma taça de champanhe
cheia de espumante cintilante, um redemoinho de licor vermelho
no fundo.

Olhei para o rosto de Jude. — De Jesse — ele disse com um


grunhido um pouco mais do que o necessário. Felizmente, o
rosnado não parecia ser para mim.

Olhei para o cara de olhos azuis, que se inclinou para trás,


fora do meu espaço. Qualquer traço de sorriso desapareceu. Ele
olhou de Jude para mim, então acenou. — Se cuida, Katie. —
Inclinou-se para dizer algo ao amigo, que estava concentrado em
uma conversa com Devi. Então ele se foi.

Uau.

Repelente de cara, força máxima.

— Obrigada — eu disse a Jude, um pouco duvidosa. Tomei um


gole da bebida, o que foi incrível.

Ele acenou com a cabeça, e peguei o menor indício de um


sorriso em um canto de sua boca. Ele entregou um coquetel de
champanhe idêntico para Devi, depois voltou para seu local de
observação perto da grade.

E enquanto eu estava sentada ali bebendo a bebida que Jesse


tinha me enviado, tudo que conseguia pensar era naquela foto do
pau. Lutei contra a tentação de pegar meu telefone e dar outra
olhada.

Porque aparentemente eu, Katie Bloom, era uma grande


pervertida.

Felizmente, a imagem ficou gravada em meu cérebro. Aquele


pau duro como pedra se esticando na mão de Jesse, o eixo grosso
enchendo seu punho forte... e, sim. Era grande pra caralho.

Engoli e tomei um gole da minha bebida, olhando culpada ao


redor, mas ninguém pareceu notar quando cruzei minhas pernas
para que pudesse apertar minhas coxas juntas, a carne entre
minhas pernas latejando de necessidade. Deus, fazia muito
tempo. O mero pensamento de Jesse tirando seu pênis,
envolvendo-o com sua própria mão...
Onde raios ele tirou essa foto? No banheiro?

Ele pensou em mim quando estava ficando tão duro?

Ele se masturbou?

— Que porra é essa — ouvi Devi dizer, tirando-me dos meus


pensamentos sujos.

Pisquei a névoa de luxúria para longe quando ela se acomodou


em seu assento ao meu lado. O cara com quem estava falando
tinha ido embora, provavelmente para pegar mais bebidas ou algo
assim. Seus lábios vermelhos se separaram em horror
atordoado. Virei-me para olhar o que estava olhando, mas ela
agarrou meu braço para me impedir. — Não, — assobiou. —
Parece que você está se divertindo. — Então ela colou um sorriso
Devi brilhante e riu.

— Eu estou me divertindo.

— Apenas faça! — ela disse através de seu sorriso.

— Ok. Esta festa é incrível. Juro que acabei de ver aquele cara
do The Walking Dead22 ali.

— Não era ele — disse Devi distraidamente, ainda sorrindo. —


Uma vez o conheci em uma festa. Ele é muito mais baixo. — Ela
ficava lançando olhares furtivos pela sala e isso estava me
deixando inquieta. Ela tomou um gole de sua bebida e sacudiu o

22 Série.
cabelo enquanto sorria ainda mais, como se eu tivesse acabado de
dizer algo incrível. — Não posso acreditar nisso.

— Que porra está acontecendo? Quem está aí? — Virei-me


para olhar na direção que Devi estava olhando, por cima da cabeça
de Dolly.

A mão de Devi apertou meu braço. — Devagar! — ela disse. —


E não torne isso óbvio.

— Ok. — Olhei ao redor de nossa mesa e da mesa ao nosso


lado, fingindo examinar os rostos de nossos companheiros. Então
olhei além, seguindo a linha do olhar furtivo de Devi, onde Brody
estava conversando com um cara.

— Não olhe! — Devi disse, e eu me virei de volta para ela.

Porque, oh.

Meu.

Deus.

Era Josh.

Meu ex-noivo, Josh.


Katie
Bebi meu coquetel de champanhe e olhei para ele, tentando
fingir que não estava olhando.

Joshua Breckenridge, Jr.

Era ele. Vestido com um terno sob medida, porque é o que ele
usa em todos os momentos, porra, até mesmo para uma festa de
rock 'n' roll.

Afundei na minha cadeira, tentando desaparecer


instantaneamente.

— Não faça isso — Devi sibilou para mim. — Sente-se direito,


porra.

Sentei-me. — O que raios ele está fazendo aqui?

— Não sei. — Devi pousou o copo na mesa. — Não se preocupe,


querida. Eu cuido disso.
Com isso, ela se levantou e balançou sua pequena bunda
direto para Maggie. Se alguém pudesse descobrir os podres, Devi
o faria.

Terminei meu champanhe e comecei o cosmo, e Devi voltou


em tempo recorde. — Ele é dono da porra do bar, — disse ela,
sentando-se. — Ou papai é. Tanto faz. Aparentemente, eles
fizeram uma oferta para sediar essa festa e fizeram à gestão de
Jesse uma oferta irrecusável. Quanto você quer apostar que ele viu
você naquele vídeo? — Ela apontou com o queixo para as telas
grandes, que agora reproduziam o vídeo de Dirty Like Me em
loop. Eu e Jesse, exuberantes. Transando.

— Oh Deus.

— Não se preocupe. — Devi endireitou os ombros, um brilho


escuro em seus lindos olhos. — Vou fazer interferências a noite
toda, se for o caso. Ele não está chegando perto de você.

— Ficarei bem. — Estava me sentindo meio tonta, na


verdade. Bebi um pouco mais, meus pensamentos começando a
nadar.

Isso não poderia estar acontecendo.

Eu não tinha vontade de ver Josh. Não o via há dois anos,


desde o momento em que ele me abandonou no altar. Sabia que o
encontraria de novo algum dia, em algum lugar... mas
aqui? Agora?

Como se esta noite não fosse estranha o suficiente. Este era


provavelmente o pior lugar e hora para esta pequena reunião
acontecer.
Olhei de novo. Ele estava de frente para mim, mas não parecia
estar olhando para mim. Ele tinha que saber que eu estava aqui,
no entanto. Ele deve ter me visto.

Na verdade, meio que me irritou que ele estivesse agindo


assim.

E me deprimiu pra caralho que ele parecia tão bom.

Não Jesse Mayes bom, mas bom.

— O cara pensa que é dono da porra do mundo, — disse


Devi. — Bem, dane-se ele. Você não pertence a ele.

Bati meu copo no dela quando ela me brindou, mas fiquei


sentada em silêncio, deixando que isso fosse absorvido.

Ela estava certa. Eu não pertencia a Josh Breckenridge Jr.,


mas a verdade é que nunca pertenci. Não se ele estivesse disposto
a me abandonar do jeito que fez. E ele fez isso. Estava tão, tão
disposto.

— Apenas deixe isso, — eu disse a ela. — Ele não vem


aqui. Não com todos esses caras por perto. — Se eu soubesse uma
coisa sobre Josh, ele não correria o risco de ser abatido na frente
de todos esses VIPs.

— É melhor não — bufou Devi, recostando-se na cadeira. —


Que porra nojento. Você acha que ele quer você de volta?

Jesus. O pensamento nem passou pela minha cabeça.

— Não — eu disse.
Tentei sorrir quando notei Jude olhando por cima. Então
respirei fundo e tentei relaxar.

Eu tinha meu cosmo, minha jaqueta de couro da sorte e


Devi. Tinha a porra da segurança.

Tudo que eu realmente tinha que fazer era esquecer a


existência de Josh, no que tornei-me bastante boa, e desfrutar da
música de Jesse Fodido Mayes enquanto ele tocava com aquelas
calças de couro sexy.

Não tinha ideia de qual era o jogo de Josh, mas de jeito


nenhum ele se aproximaria de mim com gente como Jude vigiando.

Meu ex-noivo era muitas coisas; corajoso não era uma delas.

◊◊◊

Um show de rock incrível, muitos coquetéis de champanhe e


três repetições depois, a escuridão finalmente caiu quando Jesse
deixou o palco.

Fiquei tão impressionada que só fiquei lá aplaudindo por pelo


menos cinco minutos com meu queixo aberto.

Eu definitivamente não era a única.

O show começou com alguns DJs no ar de um programa


matinal local apresentando Jesse e aquecendo a multidão com
algumas piadas. Eles disseram coisas muito boas sobre Jesse e
todas as coisas legais que ele fez para a cena musical local e a
comunidade, como investir em uma escola de música local, iniciar
um acampamento musical para jovens em risco e coproduzir um
álbum de uma banda local promissora.

Então Zane e algum produtor musical local vieram e disseram


mais coisas boas sobre Jesse - quando a multidão parou de gritar
o suficiente para deixar Zane falar. Ele riu durante a maior parte
e disse a todos para se acalmarem, o que só fez a multidão ficar
mais selvagem.

Quando Jesse, Raf, Letty e Pepper subiram ao palco, foi uma


tempestade de aplausos. Eles começaram o show com uma versão
ligeiramente acelerada do primeiro single principal de Sunday
Morning, Come Lately, que esquentou o clube rapidamente.

O resto do show foi como uma lenta descida em uma


fervilhante sessão de amassos.

Eles tocaram cerca de metade das músicas do novo álbum e


um monte de músicas do Dirty, no estilo Jesse Mayes, o que
significava basicamente despojado, lento e totalmente
descascado. Eu já conhecia muitas músicas do Dirty, e as estava
ouvindo repetidamente desde que filmamos o vídeo.Poderia
definitivamente dizer que agora estava viciada na banda. Difícil
não ser quando combinava a voz mortalmente sexy de Zane, crua,
gutural e poderosa, com o som vigoroso, agressivo, que te leva ao
limite de um orgasmo, e algumas das mais comoventes, letras
brilhantemente poéticas que já ouvi. No momento em que o show
chegou ao clímax com a versão de Jesse que induzia ao orgasmo
de Dirty Like Me, não havia como haver uma calcinha seca no
lugar.
Para o primeiro bis, Dylan substituiu Pepper na bateria para
uma performance poderosa de um dos maiores sucessos de
Dirty, Down With You, que explodiu completamente as portas da
casa. Então Zane se juntou a Jesse no palco para uma versão
desconectada de Runaround. A última música da noite foi uma
versão acústica simplificada de uma das minhas músicas favoritas
do novo álbum de Jesse, Breaking Bitter, com Jesse sozinho no
palco com uma guitarra.

O trovão da multidão continuou rolando enquanto eu ficava lá


torcendo, minhas mãos doloridas de tanto aplaudir, minha
garganta ficando rouca de tanto gritar. Se não sentia que poderia
me considerar um fã legítima da música de Jesse Mayes antes
desta noite, não havia dúvida de que eu era uma agora. O homem
me convenceu completamente de seu gênio. Já sabia que sua
música gravada era incrível, mas seu show ao vivo era épico.

Eu tive arrepios.

Estava suando.

Estava com muito tesão.

De repente, entendi por que as garotas jogavam calcinhas nos


caras no palco. Havia, na verdade, pelo menos um par de calcinhas
que alguém jogou em Jesse em algum momento da noite, e Raf
tinha pendurado em seu pedestal de microfone. Ainda estava
pendurada ali na única luz que brilhava no palco, com babados e
rosa. A visão resumiu muito bem o efeito de Jesse na multidão.

Tinha certeza de que todos estavam esperando que ele


simplesmente continuasse voltando ao palco para nos surpreender
de novo e de novo. Mas o DJ do clube sinalizou o fim definitivo do
show, largando Somebody Told Me do The Killers23. Devi desceu
para a pista de dança com um cara que grudou ao lado dela
durante o show de Jesse. O resto do grupo de Jesse estava
cambaleando pela sala VIP, falando, bebendo e geralmente fazendo
barulho.

Pedi licença para sair da mesa onde ainda estava sentada com
Dolly, achando que era uma boa hora para usar o banheiro. Jude
havia desaparecido no final do show de Jesse, sem dúvida para se
encontrar com ele nos bastidores. Balancei a cabeça para Flynn,
pensando que deveria reconhecê-lo, já que o homem tinha
observado todos os meus movimentos a noite toda. Estava claro
para mim agora, embora ninguém tivesse dito isso, que ele tinha
recebido ordens para cuidar de mim.

Desci o corredor fora da área VIP, onde vi a placa do banheiro,


rapidamente. Queria estar de volta à mesa quando Jesse chegasse
para que pudesse parabenizá-lo pelo show incrível e estar
disponível se ele precisasse de mim para qualquer sessão de fotos
ou algo assim.

No espelho sobre a pia, fiz um inventário. Achei que parecia


um pouco matadora com meu vestido de renda vermelha, que
embelezava meu cabelo escuro e meus olhos azuis esverdeados,
embora estivessem meio turvos por causa do champanhe. Estava
lavando as mãos, mas minha mente estava no que diria a Jesse
enquanto tentava colocar em palavras meus pensamentos sobre o

23 Banda estadunidense de rock.


show. Então, não consegui registrar a abertura da porta do
banheiro atrás de mim... até que vi Josh no espelho.

Isso mesmo. Meu ex-noivo, alto, loiro e arrogante, entrou no


banheiro feminino.

Então ele fechou a porta.

— Ei, linda — disse. Caminhou até um dos cubículos abertos


em seu terno caro, ficou de costas para mim, desabotoou as calças
e mijou no banheiro.

Encarei, perplexa. — Que raios está fazendo?

Olhei em volta; sem mictórios. Eu estava definitivamente no


banheiro feminino.

— Mijando — disse ele. — E um momento do seu tempo.

Quando ele se sacudiu, peguei uma toalha de papel para secar


as mãos, decidida a dar o fora dali. No momento em que peguei
minha bolsa e corri para a porta, ele interceptou meu
caminho. Seu cinto ainda estava desfeito, mas pelo menos ele
guardou seu pau.

— Vamos, querida — disse, me pegando pelos ombros. — Você


tem que falar comigo algum dia.

Encolhi os ombros, evitando seus olhos azuis pálidos; seu


cabelo estava mais comprido do que costumava ser e ficava caindo
nos olhos. Dei uma boa olhada nele. — Eu? — Cruzei meus braços
sobre meu peito, segurando minha bolsa em minhas costelas.
— Você não retornava minhas ligações. O que espera que eu
faça?

— Não sei. Talvez não me abordar em um banheiro?

Verdade, não tinha retornado as ligações que ele fez para mim
depois que saiu do nosso casamento. Mas a última delas foi há
mais de um ano. E essa dificilmente era a maneira de tentar um
reencontro.

Ele afastou os fios loiros de seus olhos e sorriu para mim. —


Só quero lembrá-la de como somos bons juntos, querida.

— Fomos, — corrigi — e nunca fomos tão bons.

— Não? Acho que me lembro de uma forma diferente.

— Aposto que sim. Lembro-me de ser humilhada na frente de


todos que amo. — Tentei olhar para o rosto dele, mas não consegui
encontrar seus olhos. Concentrei-me em sua boca, naquele sorriso
arrogante. — Talvez você tenha gostado disso, mas tenho que
dizer, não foi tão divertido para mim. — A raiva estava
aumentando, mas engoli. Não perderia minha calma na frente
dele.

— Eu me desculpei por isso umas cem vezes.

— Certo. Para o meu correio de voz.

— Porque você não retornou minhas ligações.

— O que você quer que eu diga, Josh? — Finalmente, me


recompus e o olhei bem naqueles olhos azul-claros. O homem
olhando para mim era o mesmo Josh que eu lembrava. Dois anos
mais velho, mas pelo que sabia, dois anos mais idiota. — Me
chame de antiquada, mas acho que quando você abandona sua
noiva, se desculpar é algo melhor para fazer cara a cara.

— Ei, estou aqui agora. — Ele inclinou a cabeça, seu tom


suavizando, como se isso significasse algo. Seus dedos afastaram
uma mecha do meu cabelo do meu ombro; o movimento enviou
um arrepio pela minha espinha. Ele se aproximou, sua cabeça
inclinada para mim, colocando-nos praticamente nariz com
nariz. — E como eu tentei dizer a você, arrependo-me do que fiz.

— Se arrepende?

— Sim, querida.

— Uh-huh. E isso foi antes ou depois de você dormir com uma


das minhas melhores amigas?

Era verdade. Não só perdi meu noivo na provação, como


também uma amiga. Várias delas, na verdade. No fim das contas,
algumas pessoas não eram os amigos que eu pensava que
eram. Quando a linha foi traçada, Josh ou eu, muitos deles
escolheram o lindo garoto rico.

Vai saber.

— Eu deveria te agradecer, na verdade, por me ajudar a ver


quem eram meus amigos de verdade, e quem realmente me
amava. Novidades, Josh: você não era um deles.

Movi-me para contorná-lo, mas ele bloqueou a porta. — Aw,


gata. Por que você tem que ser assim? Poderíamos ser tão bons
juntos novamente.
— Acho que não.

— Você só tem que me dar uma chance de compensar você.

Cara. Algumas coisas realmente não mudaram. Ainda o


pirralho mimado que pensava que tinha direito a qualquer merda
que quisesse.

— Na verdade não. Eu não tenho.

Passei por ele e corri para a porta, abri a fechadura e corri para
o corredor, colocando distância entre nós antes que eu fizesse algo
que me faria sentir mal mais tarde, como dar um tapa naquele
sorriso mimado estúpido de seu rosto.

— Katherine, espere. — Ele me seguiu pelo corredor, me


agarrou pelo braço e me puxou para encará-lo. — Se você apenas
me der uma chance de mostrar a você... — E com isso, ele me deu
um beijo.

Engasguei, atordoada. Ele enfiou a língua na minha boca


aberta. Eu nem percebi que suas mãos haviam migrado para a
minha cintura até que seus dedos se cravaram, com força, e ele se
esmagou contra mim. Senti sua fivela de cinto, ainda desfeita, e
sua ereção, cutucando minha barriga com o vestido de renda
vermelha.

E isso me deixou com muita raiva.

Porque Josh Breckenridge Jr. havia perdido qualquer direito


de me beijar ou pressionar seu pau contra mim, para sempre,
quando ele me abandonou.
Arranquei-me de seu aperto e me virei, limpando minha boca
com as costas da minha mão.

Josh foi rápido em se colocar no meu caminho, de novo. Eu


tive que parar para evitar topar com ele.

— Vamos, Kath, — ele ofegou — apenas pense nisso. Temos


muita história.

— Sim, Josh, — eu disse, também ofegante, uma torrente de


emoções ameaçando me dominar. — E isso é exatamente o que
é. História.

Espreitei por ele, o coração batendo forte, empurrando sua


mão enquanto ele tentava me agarrar novamente - e encontrei
Jesse Mayes parado no corredor, olhando para nós.

Seu cabelo estava úmido e grudado no pescoço. Ele ainda


estava usando sua calça de couro, mas mudou sua camisa para
uma camiseta cinza desgastada que mostrava as linhas longas e
musculosas de seus braços bronzeados, as veias correndo por seus
antebraços.

Engoli, sem saber o que dizer. Olhei dele para Josh, que veio
atrás de mim.

Jesse olhou longamente para mim e depois para Josh, que não
estava exatamente sendo discreto sobre o fato de estar prendendo
o cinto.

Ótimo pra caralho.

Jesse flexionou a mão direita e cerrou os punhos. Seu olhar se


fixou em mim. — Você está bem?
— Ela está ótima, — Josh respondeu por mim. — Não é,
querida?

Encolhi-me. Em todos os anos que o conheço, Josh nunca teve


um apelido doce ou sexy para mim. E agora era tudo querida isso
e linda aquilo. Quando estávamos juntos, ele me chamava de
Kath. Abreviação de Katherine. O que eu sempre odiei. Ninguém
me chamou de Katherine. Até meus pais me chamavam de Katie.

Encolhi-me ainda mais quando ele se aproximou de Jesse,


oferecendo a mesma mão que ele acabara de usar para sacudir seu
pau para um aperto de mão viril. — Joshua — disse ele.

Acho que me apaixonei totalmente por Jesse Mayes por uma


fração de segundo enquanto ele estava lá, completamente não
impressionado, olhou para aquela mão e não fez nenhum
movimento para apertar.

— Katherine e eu estávamos apenas relembrando alguns bons


velhos tempos. — Destemido, Josh enfiou a mão no bolso. — E
discutindo alguns planos para o futuro próximo.

Ouvi uma porta se abrir e olhei para trás. Brody saiu do


banheiro masculino atrás de nós. Ele nos viu, viu Jesse e parou.

O que significava que Josh estava agora flanqueado por dois


homens que poderiam facilmente socar a merda dele se
quisessem. No momento, não me importei muito se eles fizessem.

— Não muito próximo, espero — Jesse disse, olhando para


mim novamente. — Já que Katie virá em turnê comigo a partir de
amanhã.
Josh se virou, lentamente, para me encarar. Ele tentou
parecer indiferente, mas eu vi a tensão em seu pescoço, o
endurecimento de sua mandíbula enquanto ele rangia os
dentes. — Em turnê? Que porra é essa?

— Oh, você sabe... — Aproximei-me de Jesse. Ele pegou minha


mão e eu o deixei pegá-la, deixei-o entrelaçar seus dedos nos
meus. — Fazendo companhia ao meu homem na estrada. — Olhei
nos olhos escuros de Jesse, e ele me deu o menor sorriso de volta,
um olhar de profunda aprovação em seu rosto. — É bom ver você
de novo, Josh — disse agradavelmente. Então virei-me, meu
coração batendo forte.

Odiava confrontos.

Embora no que se refere a desentendimentos desconfortáveis


com ex, este provavelmente entrou no livro dos recordes por finais
incríveis... enquanto eu saía de mãos dadas com uma estrela do
rock.
Katie
— Sei que mal passa da meia-noite e isso tudo é muito
Cinderela da minha parte... — Levantei meus sapatos, que havia
tirado há uma hora, com ênfase. — Mas não estou me sentindo tão
bem. Acho que preciso dormir.

Estávamos sentados em um dos sofás da sala VIP entre Brody


e Maggie, e Jesse estava com o braço em volta de mim. O
champanhe estava me mantendo bem viva, mas eu estava
definitivamente murchando. Tinha tirado praticamente todas as
fotos, apertos de mão e sorrisos que pude por uma noite. Mas,
realmente, estava me sentindo meio mal do estômago por causa da
descarga de adrenalina pós-Josh.

Jesse alisou meu cabelo para longe do meu olho enquanto seu
olhar procurava meu rosto. Senti seu pulso batendo contra mim
na ponta dos dedos, quente e lento. Meus olhos encontraram os
dele e me senti culpada. Estava louca para fugir dele, certo? Quero
dizer, ele era lindo e tinha sido um cavalheiro perfeito até
agora. Mas, apesar de meus esforços para desligá-lo, continuei
vendo Josh me observando do outro lado da sala. Tinha que dar o
fora daqui.
— Na verdade, já passou de uma — disse Jesse. — Eu tenho
uma festa depois para aparecer, no entanto. Você deveria vir.

Verdade. Deveria ter ido com ele. Se Devi não tivesse saído
com algum cara há um tempo, depois que jurei que estava bem
sem sua interferência, ela me diria isso agora. Mas eu estava
exausta. Emocionalmente extrapolei sobre o desentendimento
com meu ex e a enxurrada de sentimentos feios desenterrados por
seu rosto sorridente. Não estava orgulhosa disso, mas estava
lá. Eu meio que queria enterrar minha cabeça em algum lugar e
me sentir uma merda, mas não ia contar isso a Jesse.

Em vez disso, dei a ele o que esperava ser meu sorriso mais
bonito e apologético e disse: — Sinto muito por não ter
funcionado. Posso te pagar pelo quarto de hotel e tudo...

— Katie. — Ele enfiou a mão no bolso, pegou minha mão e


pressionou o cartão-chave de um quarto de hotel nele. — Você foi
incrível esta noite.

Balancei minha cabeça em protesto. — De verdade. Posso


pegar um táxi. Não tem problema.

— O hotel está a poucos quarteirões de distância — disse ele,


gentilmente, mas com firmeza. — Você está exausta, querida.

— Provavelmente deveria ir para casa... — Eu sabia que


parecia insegura. Seduzida.

Não pude evitar que eu realmente gostei quando ele me


chamou de querida.
Ele se inclinou mais perto, seus lábios roçando minha orelha
enquanto dizia: — Sabe, Katie, minha namorada provavelmente
ficaria e me deixaria pagar o café da manhã para ela.

Também verdade.

Pisquei para ele, tentando chegar a um argumento racional,


mas a ideia de um quarto de hotel de luxo para a noite era
atraente. Max passou a noite na casa da minha irmã de qualquer
maneira, então não é como se eu tivesse que correr para o meu
apartamento de baixa qualidade para alimentar meu cachorro.

Coloquei o cartão-chave em minha bolsa. — Ok.

— Vá descansar um pouco — disse ele, e me beijou na


bochecha. — Flynn irá acompanhá-la.

◊◊◊

Cheguei ao bar chique do hotel bem a tempo do último


pedido. Parecia um lugar tão bom quanto qualquer outro para
enterrar minha cabeça por um tempo.

Considerei ir direto para o meu quarto e desmaiar. Talvez


tomar um banho quente primeiro para tirar os aspectos mais
horríveis da noite da minha pele. Mas quando Flynn me
acompanhou até o hotel e a música da noite ressoou em minha
cabeça, foi impossível tirar Jesse da minha cabeça. Suas
canções. A voz dele. A maneira como ele olhou para cima naquele
palco. A maneira como todo o resto parecia derreter quando ele
cantava, como se estivesse cantando direto para mim.

A sensação de sua mão quente e calejada como cordas de


violão na minha.

E Josh, avaliando-o.

Aquele idiota arrogante. Só ele poderia fazer algo tão sem


gosto. Aparecendo do nada, injetando-se de volta na minha vida e
tentando arruinar isso para mim.

Mas então fiz algo ainda mais insípido. Menti na cara de Jesse.

Eu disse que estava saindo em turnê com ele, bem ali na frente
de Josh e Brody.

O zumbido do espumante que bebi na festa estava começando


a passar, e eu não estava pronta para isso. De alguma forma,
consegui convencer Flynn a me deixar no elevador e, quando ele
saiu, fui direto para o bar do hotel. Quando entrei, só esperava que
meu vestido vermelho sexy fosse elegante o suficiente. O lugar
estava pingando de lustres. Só estive em um bar mais opulento
uma vez: o que o pai de Josh reservou para nossa recepção de
casamento.

A recepção do casamento que nunca aconteceu.

Fui direto para o bar e tirei minha jaqueta de couro da


sorte. Havia dois homens de terno na outra extremidade, mas a
sala estava esvaziando. A equipe de garçons estava limpando as
mesas e flertando com os clientes remanescentes. Alguma música
lenta e loucamente sexy estava tocando e me fez querer voltar
direto para a festa e deslizar para o colo de Jesse Mayes.
Talvez eu devesse apenas foder com ele e acabar com isso. Não
poderia piorar minha vida.

— O que você quer, querida? — A garçonete se aproximou. —


Estamos fazendo o último pedido. Você tem cerca de vinte
minutos.

— Southern Comfort e amaretto com gelo, por favor. Muitas


cerejas. Faça um duplo. Na verdade, já que é a última chamada,
faça duas duplas. E dois para ele. — Fiz um gesto para o banco do
bar vazio ao meu lado como se estivesse esperando um encontro a
qualquer segundo. Beber oito doses de bebida alcoólica nos
próximos vinte minutos provavelmente não foi a melhor ideia, mas
pelo menos ajudaria a apagar o gosto horrível que Josh Jr. havia
deixado na minha boca. E não apenas com a língua.

A barman foi preparar minhas bebidas. Tive um vislumbre de


mim mesma na parede espelhada atrás das prateleiras forradas de
bebidas. Pelo menos eu não parecia a bagunça que sentia. Chamei
a atenção de um dos ternos do outro lado do bar. Seu olhar
demorou, mas eu desviei o olhar.

A barman voltou, colocando as bebidas no bar em um par de


guardanapos de coquetel - dois na minha frente e dois na frente
do meu namorado inexistente. — Obrigada. — Comecei a tirar
minha carteira da bolsa.

— Não há necessidade, querida, — disse a barman. — O


senhor no final do bar cuidou disso.

Olhei por cima. Os dois caras de terno estavam olhando para


mim. O mais jovem, com cerca de trinta anos, bonito, talvez um
pouco bêbado, ergueu o copo.
Voltei-me para a barman. — Obrigada.

— Saúde.

Ela se afastou e eu peguei minha primeira bebida,


considerando. Talvez tenha sido rude não agradecer ao estranho
que pagou pelas minhas bebidas, mas realmente não queria que
ele viesse. Tomei um gole, deixando o sabor doce dos licores
permanecer na minha língua, o calor inundando meu peito. Fechei
meus olhos e imediatamente o vi, queimado no escuro: Jesse, no
palco, cercado por luzes multicoloridas.

— Precisa de companhia?

Abri meus olhos, mas não me virei. Eu podia vê-lo no espelho,


o cara do final do bar, parado atrás de mim com uma bebida na
mão.

— Estou aqui com meu namorado — consegui dizer, minha


língua encontrando as palavras antes que meu cérebro
entendesse. — Mas obrigada pelas bebidas. Você realmente não
precisava.

— O prazer é meu. Tendo uma noite difícil?

Era tão óbvio?

— Nada que meu namorado não consiga consertar. — Eu não


me sentia bem para fingir sutilezas. Não queria ficar devendo nada
a ele só porque ele me pagou uma bebida. Ou quatro bebidas.

— Eu não o vejo aqui.


Mas de repente eu fiz. Por cima do meu ombro no espelho,
aproximando-se do saguão, seus passos largos diminuindo a
distância entre nós.

— Jesse...! — Virei-me, perdi o equilíbrio e caí da


banqueta. Jesse fechou a distância, sua mão no meu braço mais
rápido do que eu poderia me recuperar, mais rápido do que o cara
de terno poderia reagir.

— Ei, querida, — ele disse, me guiando de volta para o meu


banquinho. — Sentiu minha falta? — Sua boca se curvou em um
sorriso fraco. Então ele olhou de lado para o estranho pairando.

— Sempre — eu disse, dando minha melhor impressão da


namorada apaixonada. Não foi difícil. A coisa patética era que
sentia falta dele. Fazia quase meia hora desde que ele me deu um
beijo de despedida.

O de terno olhou para ele, então olhou para mim. Claramente


estava derrotado aqui, não importava se ele sabia quem era Jesse
Mayes ou não. Ele ergueu sua bebida e encolheu os ombros. —
Vocês dois tenham uma boa noite, hein? — Vagou de volta para
sua extremidade do bar, lançando um olhar demorado em minha
direção.

Jesse observou o homem ir embora. Ele havia mudado para


um gorro de malha cinza desleixado que cobria a maior parte de
seu cabelo, um suéter de cashmere cinza e jeans. Momentos atrás,
não teria acreditado que ele pudesse ficar melhor do que naquela
calça de couro preta de cintura baixa. Mas parecia tão bem agora
que senti o impulso mais forte de afundar em seus braços, deixá-
lo me envolver em cashmere e seu calor.
Que era definitivamente o licor em ação.

Desviei o olhar. E lá estava Jude no espelho, em pé dentro do


bar, encostado em uma mesa alta, parecendo um pouco
chateado. Esperançosamente não para mim. Ou Flynn.

Jesse deslizou para o banquinho ao meu lado, olhando as


bebidas intocadas no guardanapo diante dele. A manga macia de
seu suéter roçou meu braço, desencadeando pequenas faíscas na
minha pele.

— Esperando alguém? — ele perguntou naquela voz baixa e


sexy, agora um pouco áspera de tanto cantar.

Tomei um gole fortificante da minha bebida e invoquei meu


tom mais casual. — Apenas com sede.

— Uh-huh.

— Você pode beber eles, no entanto.

— Eu irei. — Ele arrancou o palito de plástico carregado de


cerejas da borda de um dos copos e o colocou de lado, então ergueu
uma sobrancelha para mim. Seus olhos escuros nunca deixaram
os meus quando ele pegou a bebida e deu um gole. Seus lábios se
curvaram um pouco com o gosto.

— Então, o que é isso? — Estendi a mão para tocar a lã do seu


gorro e os cachos de cabelo escuro e macio aparecendo por
baixo. — Disfarce?

— Algo parecido. Enganou você?


— Não. Você ainda tem aquele rosto, sabe... — parei, ficando
sem palavras enquanto seus olhos pareciam escurecer um pouco
à luz bruxuleante das velas. Foi quando percebi que meus dedos
ainda estavam tocando seu cabelo.

Deixei cair minha mão.

— Você não sabia quem eu era quando nos conhecemos.

Eu ri, o que saiu como uma espécie de bufo, que tendia a


acontecer quando estava tonta. — Mas qualquer um com meia
pista sabe.

— Mas não você.

— Eu não. Pergunte a Devi. Sou sem noção.

Sorri, levantei minha bebida para brindar a essa declaração e


bebi.

Jesse me observou, seus olhos escuros e ilegíveis brilhando à


luz das velas. — Achei que você fosse dormir.

— Eu pensei que você estava indo para uma festa depois.

— Sim, bem. Muitas pessoas amontoadas na suíte de Dylan


agora, e bastante bebida fluindo para que ninguém perceba que eu
parti.

— Duvido disso. — Seria preciso muito mais bebida do que


caberia em um quarto de hotel para esquecer Jesse Mayes.

— E fiquei um pouco preocupado quando você não atendeu o


telefone.
— Você ia me acordar?

— Você parecia um pouco tensa quando saiu da festa. Eu


queria ter certeza de que você estava bem.

Seu olhar me deixou enquanto ele tomava um gole de sua


bebida. Eu teria dado praticamente qualquer coisa para saber o
que significava aquele olhar ardente e distante em seus
olhos. Então aqueles olhos voltaram para mim, e senti o calor em
resposta no fundo da minha barriga, uma resposta visceral
incontrolável àquele olhar.

O homem tinha uma atração, como um ímã incrivelmente


sexy, e eu podia me sentir sendo atraída. Não tinha como saber se
ele estava ligando intencionalmente ou se era apenas ele. Tentei
resistir, mas tudo que queria fazer era ceder. Jogar meus braços
em volta do seu pescoço e esmagar meus lábios nos dele. Prova-lo
de novo, aquele toque sempre presente de canela.

Estúpida.

Imprudente.

Não vai acontecer.

— Felizmente, eu vi você do saguão. — Seu olhar deslizou pelo


meu corpo, brevemente. — Esse vestido vermelho é como um farol.
— Ele olhou para os caras de ternos no final do bar.

— Bem, de que adianta um enfeite de braço se ela não brilha?


— Terminei minha primeira bebida e coloquei o copo de lado com
um pequeno estrondo. Chupei as cerejas do meu palito de plástico
e me encolhi com minhas próprias palavras. Deus, isso soou
cínico.
Jesse apenas tomou um gole de sua bebida, me estudando. —
Quer falar sobre isso?

— Sobre o quê?

— O que quer que esteja comendo você. Se vai ser minha


namorada, eu deveria saber o que, ou quem, coloca essa cara no
seu rosto.

Terminei minhas cerejas e comecei a minha segunda


bebida. Não queria falar sobre isso, mas a bebida estava
destruindo meu bom senso. — Apenas alguém que eu não estava
ansiosa para rever. Nunca mais.

— Deixe-me adivinhar. Cara loiro, com atitude arrogante e


muito dinheiro do papai para queimar.

— Seria ele.

Bebemos em silêncio por um momento. Jesse terminou sua


primeira bebida e colocou o copo vazio ao lado do meu. — O que
aconteceu entre vocês dois?

— Não foi tanto o que aconteceu, mas o que ele fez.

A mandíbula de Jesse flexionou enquanto considerava isso. —


O que ele fez?

— Ele me deixou. — Inundei meus nervos com outro gole de


bebida. — No altar.

— Droga.
— Tipo, literalmente no altar. Eu estava lá em cima com um
vestido branco que não podia pagar, com todos olhando para mim,
e ele desistiu. Esperou até aquele momento exato. — Desviei o
olhar, com medo de fazer algo ridículo como começar a chorar se
eu tivesse que olhar nos olhos de Jesse por mais tempo. — Quero
dizer, ele não poderia simplesmente ter me contado de antemão?

— Ele poderia. Mas talvez você não estivesse sentada aqui


agora se sentindo mal por isso. E talvez não fosse isso que ele
queria.

— Não estou me sentindo mal por isso. Estou me sentindo mal


com todo o tempo que perdi com ele antes disso. Muitos anos. Você
sabe quantos?

— Não.

— Cinco. — Olhei nos olhos dele novamente, sentindo os lábios


soltos e imprudentes com a bebida. — Você sabe quantas vezes
fizemos sexo nesses cinco anos?

A boca perfeita de Jesse se curvou em uma sugestão de


sorriso. — Você manteve a contagem, docinho?

— Não, mas foi muito. Muitas vezes. Muitas vezes ele


estava tão perto de mim. — O lindo rosto de Jesse encheu minha
visão, e no fundo da minha mente eu me perguntei para onde o
resto do mundo tinha ido. — Muitas vezes ele me disse que me
amava, — respirei, meu olhar caindo para seus lábios, — e uma
vez ele até disse 'Case comigo, Katie.' Ele nunca me disse: 'Katie,
eu não te amo. Você não é a mulher com quem quero passar o
resto da minha vida '.
O olhar de Jesse caiu para meus lábios e percebi o quão perto
eu estava dele. Apoiados no bar, nossos ombros literalmente se
esfregando, estávamos perto o suficiente para nos beijar.

— Não o estou defendendo, — disse. Ele lambeu os lábios da


mesma forma casualmente sedutora que fizera na gravação do
vídeo, o que me fez pensar se percebeu que fez isso. — Basta
apontar que é preciso coragem para dizer uma coisa dessas. E um
homem que te deixaria no altar, querida, ele não tem esse tipo de
coragem.

— Sim.

Virei-me e respirei fundo. É hora de me recompor antes que


eu caia no pau de Jesse Mayes e acabe apenas uma das muitas
garotas bêbadas com tesão que ele provavelmente fodeu e
esqueceu. Precisava de um assassino da libido e Josh se sairia
bem. Jesse estava certo. Meu ex não era um homem de
coragem. Ou integridade. Por que simplesmente não vi isso antes?

Não é como se não houvesse nenhum sinal de alerta.

— Mas não é tudo culpa dele. A verdade é que ele começou a


me abandonar muito antes disso. E eu simplesmente deixei
acontecer. Também nunca disse nada a ele. Apenas continuei
fingindo que não estava acontecendo. — Talvez tivesse vergonha
disso acima de tudo. Não a idiota que ele fez de mim, mas a idiota
que eu tinha sido muito antes daquele dia humilhante na igreja de
seus pais.

— Por quê?
— Por quê. — Obriguei-me a olhar para Jesse novamente,
desejando que ele pudesse entender de alguma forma, sem que eu
tivesse que admitir. — Porque pensei que ele era o rei da
merda. Pensei…

— Você pensou…?

— Achei que nunca teria alguém melhor do que ele.

Oh Deus. Parecia horrível saindo da minha


boca. Principalmente porque era verdade.

— Deixe-me dizer a você, Katie Bloom, você pode ter muito


melhor.

Evitei o olhar de Jesse. Por que ele tinha que sair dizendo
coisas assim e sendo tão decente e legal? Por que ele não podia ser
apenas um astro do rock estúpido e safado que era impossível de
levar a sério?

Por que ele teve que ir e se tornar real?

— Eu sei, — disse suavemente, tentando não me engasgar. —


Quer dizer, eu sei disso agora.

— Você sabe?

Sabia que havia lágrimas se formando em meus olhos porque


minha visão estava nadando. Encobri tomando o que restava da
minha bebida. — Ele não me quer — eu disse. — Acho que é isso
que ainda me incomoda, sabe? Superei a dor de sua rejeição
pública. Superei a humilhação. Até deixei de lado a raiva que
sentia dele, de mim mesma. Eu pensei que fiz. Aprendi a conviver
com o fato de que ambos cometemos erros. Mas vê-lo esta noite...
o jeito que ele olhou para mim... — Parei em busca das
palavras. Examinei o rosto lindo de Jesse, seu rosto famoso, e por
um segundo eu vi o que Josh deve ter visto. — No começo pensei
que só iria ficar puto quando me viu naquele vídeo, porque ele não
suportava me ver feliz. Mas não foi isso. Ele simplesmente não
aguentava me ver com você. — Pisquei para conter as lágrimas e
foquei fortemente naqueles misteriosos olhos escuros. — Ele não
acha que eu valho a pena. Ele não acha que sou boa o suficiente
para tudo isso. — Fiz um gesto grandioso e um pouco embriagado
para o bar requintado. Para você, poderia ter adicionado, mas não
o fiz.

— E você acha que ele está certo?

— Não sei. — Não diga isso, uma pequena parte de mim que
parecia muito com Devi sussurrou, bem no fundo em algum
minúsculo quarto dos fundos do meu coração. Não mostre a
ele. Ele não precisa saber o quão quebrada você está. — Talvez eu
tema que ele esteja certo.

Realmente deveria ter encerrado a noite. Tipo,


imediatamente. Subir para o meu quarto e ligar bêbada para
minha melhor amiga. A única pessoa em quem se poderia confiar
para me testemunhar assim e não julgar.

A essa altura, Jesse Mayes provavelmente estava tentando


descobrir como rescindir toda a oferta, me chutar para fora de sua
calça e sair correndo daqui.

Mas ele não se mexeu.


Tomou um gole da sua segunda bebida, lentamente,
saboreando-a. Então, colocou o copo vazio na mesa, olhou para o
gelo derretido por um momento e se virou para mim.

— Vou lhe dizer uma coisa agora e você vai esperar até eu
terminar, para não levar para o lado pessoal.

— Certo. — Peguei meu próprio copo e me ocupei mastigando


o gelo, evitando aquele olhar magnético.

— Os caras da banda, ambas as bandas, na verdade, e Brody,


até mesmo Maggie, não acham que isso é uma boa ideia. Eu e
você. Trazendo você em turnê.

Olhei para ele. — E isso deveria ajudar a me convencer?

Ele inclinou um pouco a cabeça, exibindo seu sorriso


encantador. — Eu não sabia que ainda estava convencendo você.

Comecei a polir meu segundo palito cheia de cerejas.

— Se quiser sair, Katie, não vou usar isso contra você, — disse
ele. — Eu não vou torcer seu braço. Vou te dar esta noite para
pensar sobre as coisas. É justo. Houve muita pressão sobre você
esta noite. Todas essas pessoas novas, seu ex-noivo aparecendo. A
mídia. E você está parecendo que precisa de um tempo para
dormir. — Percebi que ele educadamente omitiu meu atual estado
de intoxicação daquela avaliação. — Então. Aqui está o que
fazemos. — Ele se inclinou um pouco, seu ombro cutucando o
meu. — Vou te levar para a cama.

O calor correu pelo meu sangue. Olhei em seus olhos. Talvez


ele não quisesse dizer isso de forma tão perigosa quanto parecia,
mas eu realmente não sabia. O homem era impossível de ler, a
menos que estivesse flertando abertamente, o que não parecia
estar fazendo agora. Ainda assim, o friozinho no estômago deu um
giro de embriaguez.

— Você vai dormir, — ele continuou. — E pela manhã, você


pode me dizer o que decidir. Sem pressão. Você vem comigo em
turnê ou não, e nós esquecemos de tudo isso. Volte para a sua vida
e nunca mais vou incomodá-la.

Uma coisa eu sabia: não queria isso. Mas era perigoso querer
o que eu estava começando a querer quando olhei nos olhos de
Jesse Mayes.

— Mas primeiro... — Ele pegou meu palito de plástico e o copo


vazio e os colocou de lado, segurando meu olhar. — Quero que
você saiba por que os caras não acham que trazer você em turnê
é uma boa ideia, e porque eu farei isso de qualquer
maneira. Nunca trouxe uma garota em turnê comigo antes,
Katie. Além de Elle, mas estávamos em uma banda juntos, e
mesmo assim não funcionou muito bem. Meus amigos não estão
acostumados a me ver levando alguém a sério tão rápido, e eles
não veem como isso ajudará na turnê. Eles acham que a única
maneira de a mídia, os fãs ou a gravadora darem a mínima para a
garota que estou namorando é se ela é alguma estrela ou
supermodelo. Alguém mais famoso, mais glamoroso do que Elle.

Encolhi-me por dentro. Ele realmente não precisava dizer para


mim todas as maneiras que eu não estava à altura de sua ex-
namorada. Claramente, não estava nem perto de ser tão
glamorosa. Ou tão talentosa. Certamente não tão famosa, mesmo
com nosso vídeo sexy queimando nas paradas.
— Eles não acham que ninguém vai se importar se eu aparecer
em turnê com uma garota comum, — disse ele. — E por comum,
quero dizer não famosa. Mas é o seguinte, Katie. Acho que eles
estão errados sobre isso. E só para constar, não acho que haja algo
comum em você. O mundo viu isso no vídeo. É o que seu ex viu. É
por isso que esse vídeo já foi visto online mais de setecentos
milhões de vezes.

Meu estômago deu uma cambalhota desconfortável, porque eu


ainda não conseguia digerir esse fato. — Você não tem que dizer
isso. — Não importa o que ele disse, sabia que era ele e a música
incrível que fez as pessoas assistirem aquele vídeo.

A barman veio buscar nossos copos e Jesse disse a ela: — Eu


fico com a conta.

— Sem chance, querido, — ela respondeu. — O cavalheiro no


final do bar cuidou disso.

Jesse parecia meio chateado. Ele agiu como se estivesse alheio


à mulher praticamente babando quando ela disse boa noite, antes
de finalmente ir embora quando ele apenas me olhou fixamente.

Perguntei-me se ele recebia muito isso. Perguntei-me se a


barman estava babando porque ela sabia quem ele era, ou se isso
nem importava quando você parecia assim. Quando você exalava
esse tipo de sexualidade selvagem e sem esforço. O tipo que diz a
uma mulher, sem palavras, o que ele pode fazer com ela.

O tipo de coisa que ele fingiu fazer comigo naquele vídeo.

Jesse suspirou e esfregou a mão no rosto. Ele parecia


cansado, algo que eu não tinha percebido antes. Minha própria
embriaguez e mágoa impediram que eu visse o que esta noite
significava para ele e o que isso havia tirado dele. De repente, senti
vergonha de meu egoísmo, de meu drama mesquinho sobre meu
ex.

Josh não valia isso. Nunca deveria ter deixado ele me atingir
ou atrapalhar o tempo que eu pudesse ter com Jesse Mayes,
mesmo que nosso relacionamento não fosse real.

— Sinto muito, — eu disse. — Este não é o seu problema.

— Não é seu também. — Seus olhos se fixaram nos meus


novamente. — Olha. Não sei o que ele viu todos esses
anos. Aqueles cinco anos que vocês estiveram juntos, e todas as
vezes que ele te fodeu e disse que te amava. Ou aquele dia em que
ele te deixou no altar. Mas ele não estava vendo você. — Seu olhar
procurou meu rosto, aquecendo minha pele. — Você é mais do que
isso, Katie. Você é mais do que a garota que ele abandonou, e você
é mais do que a garota na cama comigo naquele vídeo. Se você vier
em turnê comigo, terá a chance de mostrar ao mundo, incluindo a
ele, quem você é, se é isso que deseja.

— Mas também não sou eu, — disse. — Sua namorada falsa.

— Ninguém sabe disso. Eles não te conhecem ainda. Você


pode ser quem ou o que quiser, começando amanhã de manhã, e
o mundo vai acreditar em você. Seu ex acreditava nisso. É por isso
que ele organizou esta festa. Para ver por si mesmo. Esse vídeo deu
a ele um vislumbre do que perdeu, e agora se arrepende.

E foi então que me dei conta, enquanto olhava para seu lindo
rosto à luz bruxuleante de velas. Que o tempo todo estava me
preocupando se estava indo a um encontro com algum babaca rico
e mimado que poderia se transformar em um idiota a qualquer
segundo, eu deveria estar me preparando para um cenário
diferente. Porque e se Jesse Mayes fosse legal?

Não... muito legal. Poderia lidar bem com isso.

E se Jesse Mayes fosse incrível?

Engoli enquanto seu olhar escuro roçava meus lábios. — Eu


não sei sobre isso, Jesse.

— Eu sei. — Ele se levantou e ofereceu sua mão para mim. —


Não viva com arrependimentos, Katie Bloom.
Katie
Acordei perto do amanhecer, com uma ressaca do caralho.

Correção: ainda um pouco bêbada.

A luz da manhã estava começando a sangrar em torno das


bordas do blecaute das cortinas, conforme pisquei minhas
pálpebras enrugadas entreabertas. O relógio perto da minha
cabeça marcava seis e dezessete. A luz do display digital atingiu
meu cérebro e fechei os olhos, gemi e rolei, com a intenção de voltar
a dormir. Foi quando percebi que não estava sozinha.

Eu estava na cama com Jesse Mayes.

Nua.

Esfreguei meus olhos até que pudesse ver direito. Até ter
certeza do que estava vendo.

Jesse estava esparramado ao meu lado de costas, sua forma


linda roçando a luz fraca da janela. Seu rosto estava virado para
longe de mim, um braço dobrado para que sua mão ficasse em seu
peito musculoso, o lençol branco enrolado em torno de seus
quadris nus.

Agarrei o lençol contra meu peito, cuidadosamente passando


minha mão livre sobre meu corpo por baixo.

Sim. Definitivamente nua.

Espiei sob o lençol, lentamente, movendo-me um centímetro


por hora enquanto o levantava de seu quadril, até que pude ver
seu pênis. O pau que ele me enviou uma foto na noite
passada. Não tão entusiasmado desta vez, mas ele tem uma
decente semi matutina acontecendo.

Deixei cair o lençol como se tivesse me queimado.

Que porra é essa??

Meu crânio estalou enquanto olhava ao redor, apertando os


olhos na quase escuridão. Lembrei de deixar o bar do hotel com
ele. E algum tipo de discussão sobre a cama?

Deus, eu fiz um strip tease para ele?

O resto da noite voltou em flashes desconexos enquanto me


esforçava para juntar as peças.

Acabamos depois na festa da suíte de Dylan no hotel. Lembrei


de ter um copo na mão e várias pessoas enchendo-o novamente,
então devo ter bebido vários. Eu ainda podia sentir o gosto do sal
e do limão. Margaritas. Isso é o que o amigo de Dylan, Ash,
continuou fazendo. O que explicaria minha língua ferida e o ácido,
tipo de bateria, se agitando em meu intestino.
Eu odiava margaritas.

Lembrei de Brody anunciando que os caras precisavam dormir


porque todos eles tinham coisas para fazer pela manhã, e Jude
expulsando as pessoas. Mas a festa continuou. Também me
lembrava vagamente de sentar-se lá no meio da energia
turbulenta, da conversa rápida, das risadas estridentes e de
pensar que seria assim que a vida seria em uma turnê - se eu fosse.

Comecei a sentar, com cuidado para não agitar a cama ou o


lençol ao redor dos quadris de Jesse. A mão em seu peito
estremeceu, mas ele não acordou. Podia me lembrar de suas mãos
no meu corpo em vários pontos na noite passada... Nas minhas
costas. Na minha cintura. Na minha coxa enquanto ele se sentava
ao meu lado no sofá.

Soltei o lençol. Eu não era uma pessoa religiosa, mas fiz uma
pequena oração para que Jesse Mayes não acordasse nos próximos
segundos com a visão de minha bunda branca e nua correndo para
o banheiro. Ou no ar enquanto procurava minhas roupas no chão.

Eu as encontrei, um pedaço de cada vez. Meu vestido


vermelho, jogado na mesinha de centro. Minha calcinha logo
abaixo da cama. Meu sutiã no sofá. Minha jaqueta de couro da
sorte perto da porta.

Era uma suíte grande, como a de Dylan, mas eu mal me


lembrava de ter entrado nela ontem à noite.

Meu quarto de hotel.

O quarto de hotel de Jesse, aparentemente.


Não percebi bem, até que entramos, que meu quarto era o
quarto dele, e vice-versa.

Eu não consigo meu próprio quarto? Virei-me para ele e


perguntei isso, incrédula, quando ficou claro que ele estava indo
para o quarto.

Você é minha namorada, nós dividimos um quarto. Você pega


um quarto separado e essa merda vaza.

Ok. Isso fez sentido.

Tanto faz. Mas eu consigo minha própria cama. Havia duas


delas, graças à Deus.

Mas de alguma forma nós dois terminamos na mesma.

Tenho duas camas. Qual você usa depende de você.

Porra.

E arg.

Fugh24.

Porque dependia de mim, hein?

Escapei para o banheiro depois de uma busca fracassada por


um dos meus sapatos. Fechando a porta e acendendo a luz,
estremeci quando um machado invisível quebrou meu crânio. Dei-

24 Uma exclamação de desgosto, que mescla ‘fuck’ com ‘argh’.


me alguns momentos para me ajustar, piscando, e me segurei no
balcão para me equilibrar. Eu estava muito tonta. E
desidratada. Realmente devo ter me perdido em beber tequila
naquela quantidade. Especialmente depois de toda a cerveja,
champanhe e coquetéis variados que eu já tinha bebido durante a
noite.

Tequila nunca foi minha amiga.

Abri a torneira da pia, só um fiozinho para não fazer barulho,


joguei um pouco de água no rosto e bebi vários copos.

Puxei minha calcinha, trêmula, parando para agarrar o balcão


em intervalos.

Deus. Que bagunça.

O que raios pensei que estava fazendo? Claramente eu estava


perdendo minha cabeça aqui. Passei a maior parte dos últimos
dois anos em uma caverna virtual. Mal conseguia lidar com uma
noite fora com Devi e algumas jarras de sangria, muito menos
Jesse Mayes e seus amigos astros do rock.

Enquanto eu estava de olhos fechados, senti seu braço em


volta de mim. Uma memória da noite passada, seu corpo duro
quente contra o meu, seus lábios quentes roçando minha
orelha. Você escolhe quem você é lá fora, Katie. Quem você quer ser
para eles. Você dá o que você quer dar. E então seus lábios no
meu pescoço. Quem você é aqui... você escolhe isso também.

Sim, eu escolhi.

Escolhi ser um flerte labial.


Abri meus olhos e observei meu reflexo, nua, exceto por minha
calcinha preta, e me encolhi quando a memória veio. Caminhando
até a cama mais próxima a ele, toda bravata e coragem
embriagada.

Você está dormindo aqui, então eu também. Vou fingir ser uma
namoranda nessa merda de lugar.

Depende de você, gata.

Então ele começou a se despir. Essa parte eu me lembrei.

Vividamente.

Porque tenho uma visão cheia de Jesse Mayes nu.

Aparentemente, ele não teve escrúpulos em se despir na


minha frente. Não é surpreendente, realmente, para um cara que
me mandou uma mensagem com uma foto de seu pau apenas
algumas horas antes. Um cara que me levou ao quase orgasmo
enquanto uma equipe de câmera gravava cada impulso simulado
e suspiro muito real.

O cara não tinha vergonha.

Ocupei-me penteando meu cabelo com os dedos e limpando a


maquiagem de guaxinim sob meus olhos. Graças a Deus tive o
bom senso de remover minhas lentes de contato descartáveis antes
de desmaiar, mas, realmente poderia ter vindo mais
preparada. Uma escova de dentes e um pouco de base em pó
fariam maravilhas agora.

Isso era um maldito chupão no meu pescoço?


Jesus.

Mais fragmentos da noite voltaram. Como dizer para ele


colocar o pau de volta na calça, quando o navio já tinha navegado,
já que a calça jeans dele estava no chão. O homem não usava
cueca? E eu devo ter estado descaradamente checando ele, porque
podia me lembrar de cada detalhe de seu lindo corpo. As linhas
compridas e esguias do seu torso. Os músculos que se contraíram
em seu peito, seu abdômen ondulado, seus bíceps grossos e coxas
longas e musculosas enquanto ele puxava as cobertas, jogava-as
no chão e se jogava na cama.

Sempre durmo nu, docinho.

Ele recostou lá, o lençol ao acaso sobre uma perna, como se


quisesse cobrir, mas não o fez, seu pênis soberbo em plena
exibição, meio duro. Ele jogou o braço direito sobre os olhos,
mostrando a tatuagem sexy em seu antebraço, e parecia estar indo
dormir.

Mas, aparentemente, eu não queria que ele dormisse. Daí


minha resposta teimosa.

Legal. Se você está dormindo pelado, eu também estou.

E, portanto, minhas roupas acabaram por todo o quarto.

Fiz uma careta para o meu reflexo no espelho do banheiro e


me endireitei, esperando pelo menos parecer gostosa enquanto
estava fazendo papel de idiota. Coloquei meu sutiã e me enfiei de
volta no vestido vermelho. Qualquer um que me visse esta manhã
saberia que era o mesmo vestido que usei na noite anterior. Este
não era um vestido de manhã de domingo. Era um vestido de
sábado à noite.

Um vestido da caminhada da vergonha.

O tipo de vestido que uma garota estúpida tira na frente de


uma estrela do rock, aparentemente.

Porque eu tinha.

Despido.

Na frente de Jesse Mayes.

Transformei isso em um show quando ele começou a bater


palmas e gritar, fazendo uma dança desajeitada de bêbada e
jogando minhas roupas ao redor. Encolhi-me quando de repente
me lembrei do que tinha acontecido com meu sapato perdido.

Eu o joguei no ar, onde ele se alojou na luminária de teto.

Maravilhoso.

Ele uivou com aquele movimento suave.

Quando tirei minha calcinha, porém, a risada morreu e sua


expressão escureceu.

Você fica nessa cama assim e nenhum de nós dois dorme,


cherry pie.

Deitei-me na cama.

Coloque sua calcinha de volta.


Qual é o problema? Você disse que ficaria feliz em provar
minha torta.

Ele rosnou e rolou para longe, na beirada da cama, o mais


longe que pôde sem cair no chão, e cobriu a cabeça com um
travesseiro.

Fechei os olhos então, pensando em provar que podia dormir


mesmo se ele não conseguisse, mas isso foi um erro.

Arg. O seu lado da cama está girando?

A cama tremeu quando Jesse se levantou em um bufo agitado


e caminhou até a outra cama. Ele arrancou os cobertores daquela,
meteu-se debaixo do lençol e enterrou a cabeça no travesseiro.

Levantei-me, fui até a cama dele e entrei.

Foda-se, Katie. Eu não vou dormir com você nua, a menos que
vamos foder, e não vamos foder enquanto você está
bêbada. Principalmente na primeira vez.

Primeira vez? Como haveria outras vezes? Primeira vez? Por


alguma razão, isso me pareceu hilário, e a última lembrança que
eu tinha era do meu eu nua e bêbada, rindo pra caralho.

E acordar de manhã com um machado no crânio.

Porra. Porra. Porra.

Fizemos sexo?

Não. De jeito nenhum. Eu saberia.


Não é?

Sim. Absolutamente. De jeito nenhum eu iria esquecer isso.

Certo?

Examinei-me no espelho. Razoavelmente apresentável.

Para uma caminhada da vergonha.

Meu cabelo parecia um pouco ridículo e precisava


desesperadamente de uma escova, mas como nunca me
decepcionou, minha jaqueta de couro da sorte tossiu um elástico
de cabelo enterrado no forro de um bolso. Consegui arrumar meu
cabelo em uma trança decente. — Junte a sua merda — sussurrei
para o meu reflexo. Então endireitei meus ombros e me preparei
para o que certamente seria uma jornada humilhante de volta para
casa.

Quando abri a porta do banheiro, o corpo de Jesse ainda


estava jogado na cama. Ele não se moveu. Podia ouvir o ritmo
lento, profundo e gutural de sua respiração.

Vislumbrei a forma escura no teto que era meu sapato, preso


à luminária. Claramente, essa era uma causa perdida. De jeito
nenhum eu poderia resgatá-lo sem pisar no rosto de Jesse.

Peguei minha bolsa e saí, descalça.

Não vi ninguém no corredor ou no elevador, graças a


Deus. Desci para o saguão e falei com um cara na recepção. — Há
algo que você possa fazer por uma cliente na ocasião em que ela
ficou super bêbada na noite passada e perdeu um sapato?
— Oh querida. — Ele serviu-me um copo de água com pepino,
que aceitei com gratidão e bebi em segundos. — Eu ficaria feliz se
o recepcionista mandasse alguém comprar alguns sapatos para
você rua acima. Assim que as lojas abrirem, é claro.

Certo. Como se eu pudesse comprar sapatos em qualquer


lugar da vizinhança.

— Não tenho tempo para isso. Não há nada da casa? A loja de


presentes?

— Acho que não. No entanto, temos chinelos para os clientes


do spa. Eu poderia te vender um par desses. — Ele procurou algo
em seu computador. — Eu teria que cobrar sessenta dólares de
você. — Ele olhou para mim e disse: — Eles são rosa — como se
de alguma forma adoçasse o negócio.

Sessenta dólares? Por um par de chinelos


descartáveis? Cristo. Mas era isso ou chegava em casa descalça.

— Tamanho sete, por favor.

— Eles são de um tamanho único.

Claro que sim. — Excelente. Você pode me apontar na direção


de uma farmácia aberta?

Paguei ao homem, esperei enquanto ele mandava algum


subalterno para pegar os chinelos, depois fui para a rua com meu
vestido de renda vermelha, chinelos grandes rosa e jaqueta de
couro preta.

Andei os cinco quarteirões até a farmácia 24 horas, onde


peguei um frasco de Tylenol, uma sacola de presentes e um cartão
de presente que era branco dentro. Um tanto apropriado, tinha um
pequeno cilindro. Era verde e prata. Possivelmente sobras do
Natal.

Então comprei todos os pacotes de goma de mascar com sabor


de canela que eles tinham. E cada Tic Tac de canela.

Entrei em duas lojas de conveniência no caminho de volta para


o hotel e comprei também todo o estoque de goma de canela.

No saguão do hotel, enfiei o chiclete e o Tic Tacs na sacola de


presentes, joguei um par de Tylenol com um pouco de água de
pepino e assinei o cartão.

Tenha uma turnê incrível. K.

Pensando bem, joguei o frasco de Tylenol na sacola.

Deixei a sacola de presentes na recepção para “o cara do 709”,


pois presumi que o quarto não estava com o nome verdadeiro de
Jesse.

Peguei um táxi e parei na casa da minha irmã para pegar


Max. Então fui para casa, tomei um longo banho quente e
desmaiei na minha própria cama, acariciando meu cachorro.
Jesse
Jude recostou-se no Bentley, acomodado com seu burrito de
café da manhã enquanto eu discava o número do apartamento de
Katie no antigo sistema de intercomunicação. Depois de vários
bipes estáticos, houve um clique e uma vozinha rouca. — Olá?

— Já tomou café da manhã?

Silêncio cheio de estática. — Perdoe-me?

— Você tomou café da manhã? — Enunciei. Através da


estática, ouvi uma vozinha rouca dizer uma palavra muito ruim, o
que me fez sorrir. — Quer me deixar entrar?

Silêncio seguido por alguma confusão estática e uma


campainha alta.

Encontrei a casa de Katie no segundo andar. A porta estava


entreaberta e um globo ocular de aro vermelho me avaliou por trás
de um par de óculos de armação turquesa fofos.

— Por favor, me diga que você trouxe café.


— Não. Mas Jude vai conseguir um pouco. — Katie abriu mais
a porta. Eu já estava enviando uma mensagem de texto para Jude
quando entrei. — Nudge abre hoje?

— Sim, mas você não precisa fazer isso. — Ela fechou a porta
atrás de mim. Seu cachorro estava sentado a seus pés, abanando
o rabo. — Tenho certeza de que seu melhor amigo não quer ser seu
mensageiro.

— Com a quantia que eu pago a ele para ser meu garoto de


recados, não dou a mínima. O que você bebe?

Ela suspirou. — Um café com leite, cereja e baunilha. Na


verdade, quero gelado, com extra — Ela percebeu meu olhar e me
deu uma pequena revirada de olhos. — Basta dizer a eles que é
para Katie.

Mandei uma mensagem com o pedido para Jude, então


guardei meu telefone e acariciei a cabeça do cachorro. Ele me
lambeu, decidiu que eu era legal e foi para a cozinha.

— Max realmente gosta de você — disse ela. — Ele geralmente


é meio, hum, indiferente com os caras.

Ela se abraçou enquanto eu examinava sua roupa. Calça de


pijama rosa com corações em toda parte, uma regata verde e meias
que não combinam. Não uma mulher esperando companhia.

Ela me seguiu até a pequena cozinha e enfiou o nariz na sacola


que coloquei no balcão. — Oh Deus. Suco! — Ela gemeu
orgasmicamente enquanto tirava a caixa da sacola.

Eu sorri. — Relaxando hoje?


— Não. Vomitei há uma hora. — Ela empurrou Max para fora
do caminho e puxou alguns copos de vidro sem tampa de um
armário, depois derramou o suco de laranja nos copos e entregou
um para mim. — Saúde — ela disse, batendo seu copo no meu e
bebendo o suco.

Tomei um gole e observei sua garganta trabalhar enquanto ela


engolia. Havia um chupão notável em um lado do pescoço que eu
vagamente me lembrava de ter colocado lá quando ela me
desafiou. Aparentemente, a garota ficava tagarela quando estava
bêbada, e como eu não era conhecido por desistir de um desafio -
um bom desafio - foi uma combinação perigosa. Um combo
divertido pra caralho.

Desembrulhei as compras e observei Katie beber uma segunda


porção de suco. Apesar de como ela estava destruída. Estava com
uma boa ressaca. Adoravelmente meio desgrenhada, seu cabelo
preso em um coque bagunçado, mechas soltas grudando em seu
rosto. Ela parecia um pouco pálida, mas fora isso, fofa como
sempre.

Ela também estava sem sutiã, o que não era mal. Eu podia ver
a forma exata da porção perfeita de seus seios, seus mamilos duros
contra o algodão fino. Meu pau definitivamente gostou disso. A
calça do pijama estava baixa, mostrando uma fatia de pele macia,
o recuo sexy de seus quadris e a borda rendada de sua calcinha
branca.

Ela esmagou um pequeno arroto nas costas da mão e me


lançou um olhar arrependida.

— Desculpe. Eu me sinto tão nojenta. Quanto bebi ontem à


noite?
Poderia ter rido se ela não estivesse em um estado tão
lamentável. — Eu parei você por volta das quatro da manhã, então
você faz as contas.

— Arg.

— Você não comeu?

— Tenho medo.

— Sente-se. — Comecei a procurar na cozinha o que


precisava. Os armários eram velhos e gastos e os pratos não
combinavam, mas estavam em ordem, tudo em pilhas e fileiras
organizadas.

— Sinta-se em casa — ela resmungou, mas puxou um


banquinho até o pequeno balcão e se sentou. Max se aninhou aos
pés dela.

— Se eu fosse fazer isso, querida, eu estaria nu. — Aumentei


o fogo em uma panela e desembrulhei o bacon. — Sorte sua, estou
cozinhando bacon.

— O que significa?

— A roupa fica.

— Isso que é sorte — disse ela secamente.

Talvez ela não tivesse ideia disso, mas seu mau humor fodia
tudo para diminuir a fofura. Pelo contrário, meio que me
estimulou. O que definitivamente não era meu modo usual com
mulheres. Desde a puberdade, e definitivamente desde que a fama
chegou, tornei-me bastante confortável com
mulheres me perseguindo.

Na verdade, Katie pode ter sido a primeira mulher a cruzar


meu caminho em anos que não estava querendo o que ela já havia
decidido que eu poderia valer para ela - ou seja, meu pau, o
conteúdo da minha conta bancária e/ou um dos meus
amigos. Estava quase pronto para falar com essa garota sobre
porque ela deveria aceitar meu dinheiro.

— Mate-me agora — ela gemeu. — A desidratação dói. —


Observei-a esfregar seu narizinho. Na luz da manhã que entrava
pela janela, havia um monte de pequenas sardas como pó de
ouro. — Eu sinto que cheirei a porra de um deserto na noite
passada. — Ela se serviu de outro copo de suco.

— Beber seu peso corporal na bebida pode fazer isso.

Ela me deu um olhar desagradável e feio, que estava além de


refrescante.

Sim. Katie Bloom era muito interessante.

Principalmente porque ela não parecia dar a mínima para


quem eu era ou o que eu fazia para viver. Isso ficou claro desde o
primeiro dia, na gravação do vídeo. E caramba, se eu não gostava
disso nela ainda mais agora do que antes. O que era muito. O
suficiente para beijá-la e depois mandar uma torta de cereja como
um idiota apaixonado.

O suficiente para saber que provavelmente deveria esquecê-


la. O que eu consegui fazer por um tempo.
Mas o sucesso do vídeo Dirty Like Me foi demais para ser
ignorado. Era apenas mais uma prova de que a garota era algo
especial... além de apenas um rosto bonito e um belo par de seios.

Terminei de colocar o bacon para cozinhar e tirei o último item


do saco, jogando-o para ela. — Trouxe seu sapato.

Ela o pegou e se atrapalhou, mas se recuperou. —


Oh. Desculpe, eu deixei na luminária. Que acessório. — Ela estava
corando novamente; foi bom ver um pouco de cor voltando para
suas bochechas.

— Sem problemas. Nunca tive uma garota fazendo a corrida


da Cinderela comigo. Meio que me fez sentir como o Príncipe
Encantado. — Na verdade, fiquei mais do que um pouco
desapontado ao acordar e descobrir que ela havia partido.

— Você realmente não precisava trazer isso. Deixei o outro


sapato lá de qualquer forma.

— Vou mandar Maggie rastreá-lo.

— Por favor, não. Essas coisas foram projetadas por um sádico


que odeia mulheres. — Ela jogou o sapato no sofá atrás dela,
observando enquanto eu salteava as cebolas e cogumelos que já
tinha picado em casa. — O que raios você está fazendo?

— Você nunca viu uma omelete sendo preparada antes?

— Estou surpresa que Jesse Mayes saiba como fazer uma.

Ignorei isso e quebrei um monte de ovos na tigela, misturei


com um pouco de creme e o resto dos vegetais em cubos, e
derramei tudo na frigideira em fogo médio-baixo.
— Fique de olho no bacon. — Entreguei a ela um garfo e fiz
um tour pela sala de estar. Katie nem mesmo teve que se levantar
para se juntar a mim, apenas se virou em seu banquinho.

Era um lugar pequeno, algo como o primeiro apartamento que


eu já tive, compartilhado com Jude, Brody e Zane logo após o
colégio, quando estávamos batalhando para conseguir shows em
clubes. Pouco antes de fecharmos nosso contrato com a
gravadora. Este lugar era muito mais limpo, no entanto. Cheirava
melhor também. E a sala de estar não estava cheia de puffs
desfeitos e aparelhos de música. Era tão antigo, tão simples, mas
bem cuidado. Não havia nada nas paredes. Havia, no entanto,
uma coleção de álbuns que ocupava algumas estantes e uma
parede inteira.

Examinei o vinil, notando a impressionante variedade de rock


clássico. — Você gosta de alguma música depois que você nasceu,
querida?

— Claro. Só não tem a coleção em vinil. Eu cresci ouvindo rock


clássico e está praticamente na minha alma. Isso começou com a
coleção do meu pai.

— Isso é legal. — Folheei os álbuns, todos ordenados em ordem


alfabética por banda. — Minha mãe tinha cerca de três álbuns
quando eu era criança. Sugar Ray, Snow e Limp Bizkit25.

25Sugar Ray é uma banda de rock, Snow é um cantor de reggae e Limp Bizkit é uma banda
de rock.
Katie riu. — E ficamos imaginando de onde veio seu amor pela
música...

Passei do Deep Purple26 pelo The Doors27, o idiota egoísta que


sou é incapaz de resistir verificar se ela tinha algum vinil do
Dirty. Ela não tinha. Liguei seu toca-discos e coloquei Waiting for
the Sun28, deixando cair a agulha em Hello, I Love You. Quando
olhei para cima, Katie estava me observando e se abraçando.

— Então, onde Jesse Mayes aprendeu a fazer uma omelete


adequada? — Ela torceu o lábio inferior entre os dentes, uma
expressão docemente insegura em seu rosto. — Achei que você
tivesse um chef famoso ou algo assim.

Certo. Então era isso.

Ela estava assustada com a coisa toda de celebridade. E já que


ela não dava a mínima para a minha celebridade em particular,
meu melhor palpite era que estava assustada sobre onde se
encaixava nisso tudo. E como isso iria foder com sua vida.

Não poderia dizer que a culpava por isso.

— Às vezes eu cozinhava para mim e minha irmã quando


nossa mãe estava trabalhando, o que sempre acontecia — eu disse
enquanto ia verificar a omelete. — Acredite em mim, tentei fazê-la

26 Banda de heavy metal e hard rock moderno.

27 Banda de rock.

28 Álbum da banda The Doors.


cozinhar, mas ela tinha seis anos, então, a menos que quiséssemos
viver de torradas e talvez macarrão com queijo, eu tinha que
cozinhar a maior parte. — Cutuquei o bacon, separando algumas
tiras que haviam grudado. — Quão crocante você gosta?

— Se por crocante você quer dizer queimado, então sim, por


favor. E, aliás. Por favor, não pense que não aprecio a comida. Mas
você vai me dizer o que está fazendo aqui? E não diga preparando
o café da manhã para mim.

— Estou aqui para obter sua resposta sobre a turnê.

— Eu já lhe dei minha resposta.

Travei em seus olhos verde azulados. — Você me deu chiclete


de canela para um ano e me mandou ir me foder.

— Eu não mandei você se foder.

— Eu li nas entrelinhas. — Abri o recipiente de queijo que


tinha pré ralado e joguei sobre a omelete, diminuindo o fogo. —
Supondo que você goste de queijo triplo em sua omelete, o mesmo
que sua pizza?

— Você presume corretamente.

— Cara, — murmurei. — As garotas devem odiar você.

— Com licença?

— Você come como um homem muito grande e tem o corpo de


um menino de 12 anos. — Joguei um pouco de queijo cheddar
ralado na boca. — Com seios incríveis. — Olhei para ela,
lentamente, apreciando a maneira como isso a deixava inquieta. —
E quadris — acrescentei. — E uma bunda incrível.

Ela balançou a cabeça como se quisesse livrar-se de qualquer


bobagem. — Não tenho ideia do que dizer sobre isso.

— Diga que você virá em turnê.

Ela mordeu o lábio novamente. Então empurrou os óculos no


nariz, o que era muito fofo. — Honestamente, Jesse, não sei se
posso dizer isso.

Droga. Realmente não é a resposta que vim buscar.

Mas isso estava longe de terminar.

— Por que você não quer, — eu disse quando comecei a virar


o bacon — ou por que você está com medo?

Katie cruzou os braços e me encarou. — Você disse que se eu


decidisse não sair em turnê, você me deixaria em paz.

— Isso foi antes de você escapar no meio da noite como um


bandido.

— Era de manhã, o sol estava nascendo e eu não roubei nada.

— Legal. Se você está com medo de que não será capaz de


resistir a ferrar meus miolos quando ficarmos aos beijos para as
câmeras o dia todo, é só dizer.

— Tenho certeza de que consigo resistir ao impulso.


Não tinha tanta certeza disso, mas se era assim que ela queria
jogar...

A questão é que eu assisti ao vídeo. Muito. E cheguei a uma


conclusão muito interessante. Não que Katie fosse ótima em
fingir. É que ela não estava fingindo nada. Cada suspiro que eu
tinha provocado nela, cada contorção, cada vez que suas unhas
cravavam em minha carne ou ela mordia o lábio ou prendia a
respiração, cada vez que suas pupilas dilatavam tanto que poderia
jurar que ela estava chapada, estava movendo em cima de
mim. Duro.

Não seria exatamente um exagero fingir que eu também estava


excitado por ela. Mesmo em seu pijama incompatível e cabelo de
sono, ela estava me deixando duro.

Então talvez estivéssemos realmente fingindo não querer um


ao outro. Eu faria o meu melhor se ela quisesse. E se nunca
chegasse a tocá-la quando ninguém mais estivesse por perto,
talvez não fosse minha primeira escolha, mas poderia viver com
isso.

Eu ainda a queria na turnê. A turnê era muito importante para


foder, mesmo para uma fofa como Katie Bloom.

Ela mordeu o lábio inferior carnudo e rosado. — Você pode


responder uma pergunta para mim?

— Qualquer coisa.

— Por que eu?

— Porque os fãs gostam de você, — eu disse. Então


acrescentei: — E confio em você.
— Você nem me conhece.

— Eu sei o suficiente.

Ela me olhou por cima dos óculos como uma bibliotecária


desagradável. Uma bibliotecária realmente gostosa. — Você sabe o
que eu gosto na minha pizza.

— Os casamentos foram construídos com menos.

— E os divórcios em seguida.

— Sei que você está tomando pílula — eu disse, assim que o


interfone tocou. A boca de Katie se abriu. — Você me disse ontem
à noite. Disse que você não podia ficar no hotel porque costuma
tomar de manhã logo cedo e não tinha nenhuma com você.

Katie escondeu o rosto nas mãos. — Oh meu Deus.

— Tudo voltando agora, hein?

Empratei a comida quando ela atendeu e deixou Jude


subir. Então fui até a porta, peguei o café de Katie dele e acenei
para que se afastasse. Jude apenas sorriu um sorriso de orelha a
orelha, o que ele nunca fez, porra.

Fechei a porta antes que ele pudesse dizer qualquer coisa e


voltei para a cozinha, onde Katie comia cuidadosamente sua
omelete. — Isso é muito bom — disse ela. Então seus olhos se
estreitaram quando encontraram os meus. — Então, o que mais
você aprendeu sobre mim enquanto eu estava bêbada e
vulnerável?
Puxei um banquinho e me juntei a ela no balcão. — Não
muito. Só que você gosta de se aconchegar. — Ela corou
ferozmente e decidi deixá-la fora de perigo. — Já descobri tudo que
preciso saber de qualquer maneira.

— Tal como?

— Seu material padrão. Registro criminal, verificação de


antecedentes, associados conhecidos.

Katie começou a rir, mas então percebeu que eu estava falando


sério. — Mesmo?

— Investiguei você.

— Repete de novo?

— Eu fiz Jude fazer uma verificação de segurança em você. Do


seu ex-noivo também. —Infelizmente, o cara estava limpo,
criminalmente falando. Flexionei meus dedos, brincando com
meus anéis, distraído pelo pensamento daquele idiota pairando
sobre Katie no clube, apertando a porra do cinto.

Ataquei minha omelete, irritado pra caralho por não ter batido
no cara quando tive a chance.

Katie estava olhando para mim. — Por que você faria isso?

— Porque há coisas que preciso saber antes de me envolver


com você. Isso pode parecer cínico, mas é a minha realidade.

— Você poderia apenas ter me perguntado. Direi o que você


quiser saber.
— Não é assim que funciona — eu disse. — Se fizermos isso,
faremos do meu jeito.

Ela fez um ruído de pigarro fofo que a fez soar como uma
senhora idosa tensa. — Quem disse que estamos fazendo isso?

— Se não estivéssemos, eu ainda não estaria aqui. — Fiquei


olhando para ela por alguns segundos, então cortei o flerte e me
aproximei dela. — Olha, Katie. É muito dinheiro. E não vejo você
tendo nenhum problema em me dizer para ir me foder se não me
quiser aqui, mas você ainda não fez isso. O que me diz que já
ganhei você, ou pelo menos, estou prestes a conquistá-la.

— Talvez eu só queira os ovos, — disse ela. — E este lindo


bacon queimado. — Ela mastigou seu bacon e sorriu.

Droga. A garota era bonita, mesmo quando estava explodindo


em minhas bolas.

Mais bonita, até.

— Acho que não, querida, — eu disse. — Mas boa tentativa. —


Não adorei essa parte, mas tirei o envelope dobrado do bolso de
trás e entreguei a ela. — Enquanto você está decidindo dizer sim...
Não queria colocar isso em você na noite passada, com todo o
resto, mas devemos repassar.

Katie abriu o envelope não lacrado e deu uma olhada nos


papéis dentro.

— É um contrato. Um AND, — eu disse. — Brody insistiu.

Ela examinou os papéis em sua mão, examinando o contrato


legal.
— É um Acordo de Não Divulgação. Isso significa...

— Eu sei o que é um AND, — disse ela, folheando a última


página, onde estavam as linhas de assinatura. — Não vou assinar
isto. — Ela me devolveu.

Droga. A garota tinha coluna vertebral. — Brody não vai gostar


disso.

Ela comeu sua omelete em silêncio, em pequenas mordidas


cuidadosas, como se ainda tivesse medo de vomitar.

— Você sabe que estou sendo convidada a fazer uma excursão


de seis semanas em um país estrangeiro com um homem que mal
conheço, fingindo ser sua amante, cercada por outros homens -
homens gigantes, aliás, — acrescentou ela, olhando para mim —
Que todos trabalham para ele. Preciso saber que tenho alguma
proteção. Se isso der errado, se você acabar sendo o maior idiota
do mundo, preciso saber que posso dizer isso para quem eu
precisar.

Ela tinha um grande ponto.

Dobrei o envelope e o guardei. — Eu posso viver com isso.

— E quanto ao Brody?

— Vou falar com ele. — Brody simplesmente teria que


aceitar. Não tinha escolha, porque eu estava trazendo Katie na
porra da turnê. — Talvez devêssemos definir o jeito de andar, no
entanto. E se eu ficar com uma mão boba e você não gostar?

— Então vou jogar uma bebida na sua cara como uma cadela
civilizada.
Senti o sorriso tremer nos cantos da minha boca. — Parece
justo. Mas tenho algumas condições. Não precisamos de tinta. Um
acordo verbal está bom para mim. Vou acreditar na sua palavra.

— OK…?

— Você viria na turnê para atuar como minha namorada,


então, se essa ilusão desmoronar porque você está envolvida com
outra pessoa...

— Não estou envolvida com outra pessoa.

— Bom. Mas se você se envolver e a mídia souber disso...

— Não vou me envolver com ninguém. Se eu fizer isso, vou


fingir ser sua namorada por seis semanas. Este é o acordo. Não
farei nada para fazer você parecer mal.

— O que me leva à minha outra condição. Você não pode dizer


a ninguém que o relacionamento é falso.

— Praticamente assumi isso. Com exceção de Devi, que já


sabe.

Não amei isso, mas que seja. — Tudo bem, — concordei. —


Mas ninguém mais.

— Entendido. — Ela estava diminuindo a velocidade de comer


a omelete e abaixou o garfo. — Eu tenho meus próprios termos,
você sabe. — Ela apoiou os cotovelos na bancada e parecia
incrivelmente profissional para uma mulher de pijama e sem sutiã.

— Não esperaria menos.


— Devi queria fazer um contrato nosso, mas não acho que seja
necessário. Acho que precisamos de um pouco de confiança entre
nós, se vamos fazer isso. Então, — Ela fixou seus olhos azuis
esverdeados em mim. — Um. Você não pode dizer a ninguém que
o relacionamento é falso.

— Concordo, — eu disse. — Com exceção de Jude, que sabe


cada merda que eu faço, por razões de segurança.

— Tudo bem.

— E Brody, que já sabe. — Brody também estava chateado por


eu ter procurado Katie com minha “proposta indecente”, suas
palavras, antes de consultá-lo. Maggie também não iria adorar. —
O que significa que Maggie também.

Katie franziu a testa.

— Minha imagem pública é seu domínio. Não posso manter


Maggie no escuro.

— Tudo bem. Número dois. Você não pode ver mais ninguém.

— OK.

— Tenho que ser a única, — ela insistiu, como se eu tivesse


argumentado. — Se vou fazer isso, deixar todos acreditarem que
somos um casal e bancar a namorada adorável para que todo o
mundo veja, estou confiando em você para não me humilhar...

— Entendido.
Entendi. De verdade. Ela foi deixada no altar. Dois anos
atrás. E não tinha beijado um único cara desde então. Exceto eu,
um cara que estava pagando por um relacionamento falso.

Essa garota estava se recuperando de algo que a deixara


profundamente marcada, e fazer essa turnê, confiar em mim, foi
um grande salto de fé.

— Oh... — ela disse, como se estivesse pronta para um


debate. — Hum. Ok. Então, se fizermos isso, ambos nos
comprometemos a manter a ilusão. O que significa…

— O que significa?

Ela revirou os olhos. — Você sabe o que isso significa. Isso


significa sem brincadeira. Nada de fazer seus assistentes de palco,
ou quem quer que seja, levar fãs até você pelas minhas
costas. Nada de se conectar com velhas paixões em cada
parada. Sem mexer com Elle.

— Isso é tudo?

— Você entendeu a ideia. Nada de ser uma estrela do rock


sacana pelas minhas costas.

— Não é um problema.

Pela expressão em seu rosto, ela realmente teve que suspender


a descrença. O que me irritou um pouco mais. Mas não era como
se ela fosse a primeira mulher a duvidar da minha capacidade de
manter meu pau nas calças.

Inclinei-me para ela na bancada. — Você entendeu uma coisa


errada, no entanto. Como minha mulher, minha equipe está lá
para cuidar de você também. Principalmente Jude e sua equipe. E
eu levo essa merda a sério.

— Ok. — Ela ainda não parecia convencida. — Número três. E


eu levo essa merda a sério.

— Desembucha para mim.

— Preciso que você me prometa que é apenas um negócio, —


disse ela. — Que nada disso é real. — Sua expressão era firme
enquanto sustentava meu olhar. — Você não namora, e eu não
namoro estrela do rock que não namora.

Era isso?

Ela estava com medo de que eu a pressionasse para fazer essa


coisa mais do que o que tinha vendido a ela?

— Não é real — eu disse.

O que não significa que não podemos foder como animais...


mas não há necessidade de negociar isso neste minuto.

— E é apenas para a turnê, — disse ela. — Seis semanas.

— Seis semanas.

Ela me encarou por um longo, longo momento. — Tudo bem


— disse ela.

— Ok?

Ela assentiu e relaxou. — Você tem um acordo, Jesse Mayes.


Sério?

Isso era tudo que ela precisava ouvir, todo esse tempo? Que
eu não ia bancar um Romeu sobre ela e ficar de joelhos ou alguma
merda no final de tudo isso?

— Então você vai fazer isso? Você virá em turnê?

— Sim. Eu irei a turnê. — Ela ergueu sua xícara de café Nudge.

Brindei com meu suco. — Porra, sim.

Ela deu um gole em sua bebida. — Eu ainda não entendo por


que você se preocupou com tudo isso, no entanto. Não teria sido
mais fácil simplesmente pagar uma modelo para ficar pendurada
em seu braço por seis semanas?

Inclinei minha cabeça, fechando um olho para examiná-la. —


Você quer dizer aquela modelo super gostosa que estrelou meu
último videoclipe?

Ela corou. — Eu estava pensando em alguém com um pouco


mais de experiência como enfeite de braço.

— Ah, mas ela aprende rápido, — eu disse. — E por falar em


rápido... — Levantei-me. Meu celular estava vibrando no meu
bolso sem parar; se eu não me mexesse, Brody faria Jude derrubar
a porta e me arrastar para fora daqui. — Você parte
amanhã. Maggie entrará em contato sobre sua viagem. Mantenha
o telefone ligado.

— Ok. E você?
— Voando para Montreal hoje. — Joguei meu prato na pia,
tirando Max de seu sono. — Você vai ter que lavar a louça sozinha,
querida.

— Foda-se, — ela resmungou. — Vou voltar para a cama.

Dei uma última olhada para ela em seu pijama enquanto


acariciava o pelo de Max, seu queixo apoiado em sua mão. —
Provavelmente uma boa ideia.

— Então é isso, hein? — Ela olhou para mim, uma sugestão


de sorriso nos lábios. — Não há descanso para os ímpios?

— Bem-vinda à pista rápida, gata. — Dei um beijo em sua


bochecha e saí pela porta, um grande sorriso no meu rosto.
Katie
No dia seguinte, o dia em que me juntei a Jesse na turnê, não
foi muito como pensei que seria.

Por um lado, não vi meu novo “namorado” o dia todo. Então,


novamente, eu nunca tinha namorado uma estrela do rock
antes. Muito menos um namorado falso.

Buscaram-me em meu apartamento, voei de avião para


Montreal com Maggie e Flynn e fui levada a um hotel. Disseram-
me que Jesse tinha voado ontem com Brody, Jude, o resto de sua
nova banda solo e equipe principal. No hotel, recebi um cartão-
chave do quarto que dividiria com Jesse.

Suas coisas foram jogadas em uma das camas, mas ele havia
sumido. E sim, a visão de todas as suas coisas em nosso quarto
me deu um pouco de emoção. Mas acabei com essa merda, pronto.

Maggie me disse que ele estaria ocupado fazendo entrevistas


promocionais, e então a passagem de som no local antes do
show. E apesar de meus melhores esforços para não ser pega no
incrivelmente estranho, emocionante e/ou opressor de tudo isso,
estava ansiosa para vê-lo novamente.
Muito.

Quer dizer, estava tudo bem gostar do cara, certo? Afinal, ele
me fez bacon com ovos, e em meus livros, isso era porra da nota
10. E não havia como negar que o homem era incrivelmente
agradável aos olhos.

Quando acordei naquela manhã, tudo parecia bom demais


para ser verdade, e por uma fração de segundo, enquanto piscava
para sair do sono, tive um ataque de pânico ínfimo de que não era
real. Como talvez o fim de semana inteiro, tudo o que aconteceu
desde o momento em que Jesse apareceu na escada da minha
irmã, foi outro sonho fodido. Tinha caído do meu skate e batido
minha cabeça em uma merda, e estava deitada em uma cama de
hospital agora, alucinando tudo isso.

Duzentos mil dólares para passar seis semanas nos braços de


uma estrela do rock ridiculamente lindo?

Sério?

Mas quando encontrei a mensagem esperando no meu celular,


percebi de novo.

Isso estava acontecendo.

Bom dia, linda, dizia. Pouca bagagem. Maggie levará você às


compras em Montreal.

E era isso.

Liguei para meus pais do quarto do hotel, para que soubessem


que eu tinha chegado em segurança. Disse a eles que estava
trabalhando como “assistente” de Jesse, mas dado o fato de nunca
ter expressado interesse em trabalhar na indústria da música
antes e o fato de que eles nos viram dando uns amassos no vídeo
de Dirty Like Me, eu meio que duvidei que eles acreditassem em
mim. Liguei para minha irmã, que definitivamente não acreditou
em mim e que estava cuidando de Max. Ouvi meu cachorro latindo
alegremente ao fundo e já sentia falta dele como uma louca.

Desliguei o telefone me sentindo estranhamente sozinha.

Permiti-me alguns segundos para permanecer no quarto do


hotel, e corri meus dedos sobre as roupas na mala de viagem
aberta de Jesse. Mas não seria uma estranha e bisbilhoteira.

Não iria nadar em sua piscina sem um convite, por assim


dizer.

Rasguei uma página do caderno de desenho que trouxera e


desenhei uma pequena caricatura de mim mesma, corações
adoráveis saltando dos meus olhos enquanto olhava para uma
pequena caricatura de Jesse Mayes, que estava segurando uma
guitarra no ar. Era um esboço muito bom. Assinei com as
palavras, estou aqui!

Então deixei na cama para ele, caso voltasse para o hotel antes
que o visse.

◊◊◊

Passei a tarde com Maggie - e Flynn, por padrão - na Rue Ste-


Catherine.
Embora fosse incrivelmente estranho para mim que Flynn nos
acompanhasse em todos os lugares, mas não falava conosco de
verdade, tinha que admitir que ter como babá um ex-militar durão,
que parecia algo como James Bond em uma jaqueta de
motociclista, tinha suas vantagens. Ele carregava nossas sacolas,
abria portas e nos conduzia quando nos cansávamos de andar. Ele
até nos arranjou lugares em um restaurante movimentado para
um almoço tardio, quando precisamos de uma pausa.

No final da tarde, porém, Maggie tinha várias roupas novas e


eu escolhi apenas uma para mim - um par de jeans de uma
prateleira de liquidação.

— É por conta do seu novo namorado — ela me disse. — Não


seja tímida. Acredite em mim, ele pode pagar.

Isso não ajudou.

Eu ainda não estava interessada em me sentir como uma


acompanhante, e ser convidada a me vestir de forma diferente do
que normalmente me vestia, o que pelo menos estava sendo
sugerido por essa maratona de compras, me fez querer me
revoltar. Pensei que fazer compras seria divertido, mas no final das
contas, toda vez que experimentava algum item que Maggie me
entregava e saía do provador para sua avaliação, me sentia uma
prostituta.

— Querida, — Maggie disse quando saímos da enésima loja de


mãos vazias. — Isso não é uma crítica. Ninguém está te dizendo
como se vestir. Eu só quero que você pense sobre a imagem que
você coloca lá fora. Você viu Jesse, certo? Em fotos? No palco? E
como ele está? O que ele veste? Ele está oleoso, as calças estão
abertas, sem camisa.
— Uh-huh. — Sim. Percebi isso. É meio difícil não perceber.

— Bem, não é um acidente, — disse ela, enquanto entrávamos


em outra boutique incrível. — Muito trabalho é dedicado a essa
imagem. Você é namorada dele agora. Sua imagem é tão
importante quanto a dele.

Agora, sabia que Maggie tinha conhecimento que o


relacionamento era falso, mas ela era legal o suficiente para não
mencionar isso. Na verdade, tudo sobre Maggie era legal. A garota
era linda, o tipo de linda que você pode nem notar à primeira vista,
mas na segunda ou terceira, você estava fascinada. Ela conseguiu
emparelhar um lenço infinito gigante sobre uma camiseta
assimétrica com jeans boyfriend enrolado e botas de salto agulha,
e andou com essas botas como se elas não tivessem saltos de dez
centímetros. Ela era uma coisa minúscula, provavelmente um
pouco mais de um metro e meio daquelas botas, mas tinha o tipo
de presença que dizia que não tolerava besteira. De ninguém.

Que foi sem dúvida, como ela sobreviveu por tanto tempo
coadministrando a mais sexy banda de bad boys do rock 'n' roll do
mundo.

— Deve ser interessante, você sabe, ser a única mulher da


equipe, — eu disse enquanto navegava por uma prateleira de
leggings bonitas, mas com preços exorbitantes. — Quero dizer,
além de Elle. Você deve ver quase tudo. — Sim, estava
pesquisando, mas tinha plena consciência de que essa poderia ser
minha única chance de tirar a história toda de Maggie. Ela e Brody
voltariam para casa em Vancouver amanhã. Aparentemente, eles
estavam ocupados gerenciando Dirty, mesmo quando a banda não
estava em turnê ou promovendo um novo álbum, então eles não
podiam lidar com o dia a dia da turnê de Jesse. Eles contrataram
um gerente de turnê e um monte de outras pessoas para isso.

— Quase, — Maggie disse. — Não vi você chegando, no


entanto.

Olhei para as prateleiras de roupas que estavam entre nós.

— Acho que não deveria estar surpresa — disse ela. Ela


segurou um par de jeans skinny vermelho e, embora eu não me
importasse com eles, franzi o nariz sem querer. Não pude
evitar. Tive aversão a todo esse processo. Ela os colocou de volta
na prateleira e continuou procurando. — Aos meus olhos, Jesse é
o cara mais misterioso do grupo — explicou ela. — Difícil de
identificar, mesmo nos anos em que o conheço.

— E quantos anos são?

— Tipo seis ou mais. Eu vim depois de Love Struck, então meio


que perdi toda a loucura do álbum de estreia. — Ela se aproximou
de mim com vários vestidos e começou a segurá-los na minha
frente, um de cada vez. — Eu posso te dizer isso. Ele não é um
cara mau. Ele também não é um santo. Se tivesse que escolher
uma palavra para resumir Jesse Mayes, seria... imprevisível. — Ela
acenou para uma vendedora e entregou-lhe alguns vestidos. — Ela
adoraria experimentar isso, — Maggie disse, me lançando um
olhar.

— E isso — cedi, entregando uma saia à vendedora.

— Pegue você, por exemplo. — Segui enquanto Maggie


continuava olhando. — Essa coisa toda de namorada de aluguel.
— Ela olhou na minha direção como se estivesse verificando se
estava tudo bem para mim que ela chamasse o que era.

Eu sorri sem jeito.

— Nunca teria esperado isso, — ela continuou. — Mas isso é


Jesse. Você nunca sabe o que ele vai fazer a seguir. — Ela puxou
um minivestido preto sexy da prateleira e segurou-o para mim com
o braço estendido. — Houve uma faísca, entretanto, você e
Jesse. Brody e eu vimos isso. Você sabe, quando ofereceu a ele
aquela torta de cereja?

— Oh. Isso.

— Sim, isso, — Maggie riu. — É por isso que queríamos você


para o vídeo. Essa faísca. Não sabia que iria pegar fogo na tela
como aconteceu, mas caramba, estava quente. — Ela folheou os
vestidos, jogando mais alguns sobre o braço. — Você tem essa
qualidade... Como Zane disse? 'A garota da porta ao lado que eu
realmente quero foder.' — Ela revirou os olhos um pouco.

Corei, sem saber se deveria me sentir lisonjeada, mas ri


também. — E ele é exatamente o que parece?

Os olhos cinzentos de Maggie ficaram nublados. — Zane? Oh,


ele é tudo o que você vê na mídia e mais um pouco. — Seu tom era
alegre, se não um pouco condenatório, mas foi a primeira vez que
tive a sensação de que ela estava filtrando seus comentários. —
Ele também é um monte de outras coisas, nenhuma das quais é
uma boa notícia. Ele é um pesadelo para qualquer mulher. — Ela
tirou mais um vestido do cabide e se virou para mim. — Sério, —
disse ela — a única coisa útil que posso dizer sobre Zane Traynor
é manter distância.
Interessante. Mas não é um problema, já que ele não viria
nessa turnê.

Maggie descarregou sua pilha de vestidos para a vendedora e


continuou procurando. A segui, conseguindo escolher um par de
jeans escuros que foram rasgados no inferno e custaram uma
fortuna.

— E os novos caras?

— Amigos de Jesse, — ela disse — escolhidos a dedo de outras


bandas. Eles estão todos em um lugar realmente diferente dos
caras do Dirty, porém, e acho que é por isso que ele os
escolheu. Eles são todos casados, para começar, e Raf tem dois
filhos. A esposa de Letty está grávida. Portanto, será uma vibe
muito diferente do que é em uma turnê Dirty.

— Que é?

— Loucura total, — disse ela, e riu. — Sorte sua, você não terá
que lidar com isso.

— Certo. — Porque uma vez que essa turnê acabar, eu serei


história.

O primeiro dia e já estava começando a me sentir um pouco


arrependida por isso, embora tivesse concordado com. Inferno, eu
tinha feito ele concordar com isso. Mas só queria que as coisas
ficassem claras. Não precisava que fosse uma ingênua pensando
que isso era mais do que realmente era, ou tecendo algum tipo de
fantasia de que isso continuaria além da turnê.

A última coisa que eu precisava era de outro coração partido.


Estava aqui para fazer um trabalho e isso era tudo. Com essa
observação, tentei colocar mais esforço na coisa de
compras. Maggie estava apenas fazendo seu trabalho e nosso
tempo estava acabando. Deveríamos estar no local do show em
cerca de uma hora. E quando segurei um vestido rosa champanhe
sexy como o pecado e Maggie disse — Nuh. Jesse não gosta de rosa
— finalmente fui atingida pela inspiração.

Quando segurei um suéter e Maggie disse: — Jesse prefere


vermelho — peguei um azul.

Quando levantei uma saia e ela mencionou: — Jesse odeia


xadrez — peguei todo o xadrez que pude encontrar.

Logo, eu tinha uma pilha de itens que Maggie tentou vetar em


nome das preferências de Jesse.

Do lado de fora dos provadores, estava espremida no vestido


rosa champanhe, que era superaquecido, decotado e mostrava
quilômetros de perna, quando percebi que ela estava atrás de
mim. — Oh sim, — disse ela, balançando a cabeça. — Jesse
odiaria isso.

Estreitei meus olhos para ela. — Você está do lado de quem?

— De qualquer lado que faça Jesse feliz. Você não gostaria de


trabalhar para aquele cara quando ele está morrendo de
depressão.

Verifiquei minha bunda rosa champanhe no espelho.

— Pegue o maldito vestido, Katie — ela disse. — Você parece


terrível.
Eu sorri. Sabia que o vestido parecia bom. Estava bem. Para o
inferno com Jesse Mayes, se ele gostava ou não. Apesar do que
possa pensar, não estava usando para ele.

A última vez que usei um vestido para um homem era branco,


e isso não saiu muito bem para mim. Tinha a porra da certeza de
que não iria por esse caminho de novo - me curvando para ser o
que eu não era para tentar agradar um cara. Qualquer cara.

— Estou orgulhosa de você, — Maggie disse, me olhando no


espelho. — Eu meio que sinto que você é o passarinho sob minha
asa. Gostaria de estar vindo em turnê para mantê-la segura.

Olhei para ela, ligeiramente alarmada.

— Estou brincando. Mas, falando sério, é legal você estar


sozinha. Muitas garotas tirariam o máximo proveito disso, o tempo
todo fazendo o possível para colocar seus ganchos nele. Mas não
você. Você entende que isso não é a porra da Cinderela, certo? O
reino não está realmente à disposição. — Ela me entregou um par
de botas para combinar com o vestido. — Você está vendo isso
como um trabalho e a melhor forma de detoná-lo enquanto
mantém quem você é. Eu adoro isso sobre você.

— Obrigada. — Não tinha certeza se gostava do elogio. Jesse e


eu tínhamos um acordo, sim. Mas não era exatamente super
incrível ser lembrada por alguém que o conhecia bem, alguém de
quem eu gostava e ele obviamente respeitava, que eu não era nada
além de uma ajudante contratada.

Maggie deu um passo para trás para me examinar. — Não olhe


agora... mas diria que você parece pronta para a vida sob os
holofotes.
— Ótimo — eu disse. O pensamento ainda fez meu estômago
revirar, na verdade.

Ela me olhou no espelho. — Isso fode as pessoas, você sabe.

— Uh-huh. — Virei-me para encará-la. —


Honestamente? Estou muito assustada por não ter ideia do que
estou prestes a lidar. Nunca fiz nada assim antes.

— Saiu em turnê ou namorou uma estrela do rock? — Ela me


entregou minha jaqueta de couro da sorte. — Ou fingiu estar
apaixonada por alguém que você não está?

— Todos os itens acima. — Coloquei a jaqueta e me virei


novamente para o espelho. Minha jaqueta parecia totalmente
incrível com o vestido bonito e sexy e as botas matadoras. E me fez
sentir eu mesma... só que muito mais glamorosa.

Maggie ficou ao meu lado, então nós duas estávamos no


reflexo. — Você será incrível — disse ela. — Como se você estivesse
no vídeo. Apenas fique fora do caminho quando não for necessária
e finja ser a garota dos sonhos dele quando você for necessária.

Olhei meu reflexo com ceticismo. Eu parecia bem. Mas a


garota dos sonhos de Jesse Mayes?

Merda.

— Ele escolheu você, certo? — Maggie disse, percebendo


minha inquietação. — Meu melhor conselho? Seja você mesma. —
Ela enfiou a mão sob a gola da minha jaqueta para ajustar os
ombros do vestido rosa champanhe, deslizando-os para fora,
aprofundando o decote em V revelador do decote. — Enquanto
estiver usando isso.
Katie
Quando voltamos para o hotel, Jesse tinha entrado e
saído. Maggie disse que ele e sua comitiva foram na frente para o
local. Ele teve tempo para sujar meu desenho, porém, fazendo a
pequena caricatura dos olhos de Jesse saltar de sua cabeça na
direção da pequena caricatura de Katie, e adicionando um caroço
na virilha de sua calça.

Eu ri, mas joguei o esboço no meu caderno para que não fosse
abandonado.

Havia também uma sacolinha na cama com meu nome.

Dentro, envolto em tecido, havia um sutiã e uma calcinha


incrivelmente lindos. Preto sedoso com renda nas bordas. O sutiã
tinha pequenos strass brilhantes na renda, o que o tornava muito
atraente e foda. Ele tinha bojos semi-reduzidos e, quando o
experimentei, não apenas se encaixou perfeitamente, como
também fez coisas monumentais no meu decote.

Coloquei a calcinha também, por que não?


Assim que recuperei os milhares de dólares que Maggie havia
investido em roupas para mim esta tarde, decidi aceitar o fato de
que as coisas que pareciam estranhas no meu mundo - o mundo
normal - eram normais aqui, no mundo de Jesse, e eu poderia
muito bem me acostumar com isso.

Então, usei a linda, super sexy e sem dúvida cara roupa


íntima, comprada para mim por um astro do rock - ou mais
provavelmente, um dos membros de sua comitiva - sob o vestido
super sexy rosa champanhe, também pago pela estrela do rock,
coloquei minhas botas caras e minha velha jaqueta da sorte,
retoquei minha maquiagem e encontrei Maggie no saguão.

Flynn nos levou até o local em um carro alugado e quando


estacionamos nos fundos, dentro de um portão de segurança e ao
lado dos ônibus da turnê de abertura, meu coração começou a
bater como se eu estivesse prestes a entrar no palco.

O que, de certa forma, estava.

Nós passamos pela segurança na porta, graças a Flynn, e


Maggie caminhou pelas entranhas da arena como se tivesse estado
lá uma dúzia de vezes, o que talvez ela tivesse. Acabamos na porta
de um camarim, que estava aberta, e entramos com Raf, Letty e
Pepper. Eles estavam apenas servindo doses de uma garrafa de
bourbon.

Vi Jude no corredor, mas não vi Jesse até que ele veio por trás
de mim e colocou seus braços fortes em volta da minha cintura.

Olhei para cima, meu olhar travando com o dele no espelho da


parede.
— Ei, linda — ele sussurrou em meu ouvido.

— Ei, lindo — voltei. O grito da multidão abalou o prédio, mas


jurei que podia ouvir o som do meu coração bem acima dele.

A banda de abertura havia terminado seu show, e a multidão


parecia louca de desejo por ver Jesse Mayes em pessoa. Não que
eu pudesse culpá-los. De onde eu estava, sua pele estava
parecendo deliciosa pra caralho em um par de calças de couro
marrom de cintura baixa com uma virilha amarrada e uma camisa
sem mangas que exibia seus braços fantásticos.

Suas mãos deslizaram e agarraram meus quadris. Ele me


virou em sua direção tão abruptamente que agarrei seus ombros
para me firmar, e ele pousou em mim antes que eu pudesse
pensar.

O beijo foi longo, duro, profundo e faminto. Não tinha ideia de


onde veio, mas logo esqueci tudo, exceto aquele beijo, a sala se
dissolvendo em nada além de Jesse e eu, presos juntos em um
beijo lento, quente, de derreter a mente.

Quando nos separamos, todos estavam olhando para nós, mas


meio que fingindo que não.

Alguém pigarreou.

— Jesse? — Pepper estava oferecendo uma dose de uísque


para Jesse. Raf e Letty estavam cada um segurando uma dose
própria. Jesse pegou a dose e me entregou. Raf aproveitou a deixa
e entregou uma a Maggie, depois serviu outro para Jesse.
Todos nós bebemos nossas doses, Jesse me beijou de novo,
rapidamente, e então eles se foram, todos os quatro caras saindo
pela porta para subir no palco.

Quando me virei para Maggie, ela estava olhando para mim,


um pequeno sorriso no canto de sua boca. O bourbon - e aquele
beijo - tinha me deixado com uma sensação calorosa e felpuda e,
sim, com tesão. Esquivei-me quando ela pegou minha mão. —
Vamos lá, linda — disse ela, imitando a voz rouca de Jesse
enquanto me puxava para o corredor, onde Flynn estava
esperando.

Corremos para seguir a banda em direção ao palco, recuando


para não atrapalhar enquanto Jesse, Raf e Letty prendiam suas
guitarras. Jesse trocou algumas palavras com o técnico da
guitarra que eu não consegui ouvir e os dois riram; seu ânimo
estava incrivelmente alto, o que era inebriante estar por perto, e
não era apenas aquele beijo. O homem tinha energia elétrica que
parecia lançar faíscas no ar e era mais do que eletrizante; era
magnetizante.

Eu queria chegar mais perto, mas grudei em Maggie como cola.

A partir de amanhã, eu estaria fazendo isso sozinha. Esta


noite, não tinha pressa em sair do lado dela.

Enquanto ela conversava com Jude e Brody, apenas fiquei lá


olhando Jesse. Alguma personalidade da rádio local estava no
palco, animando a multidão, anunciando a aparição iminente de
Jesse Mayes em francês e depois em inglês. A multidão foi à
loucura ao som de seu nome, e então os caras estavam subindo no
palco.
Jesse se virou, seu olhar varrendo a pequena multidão que se
formara. Quando ele me encontrou, se aproximou, todos se
movendo de lado para ele. Ele segurou meu rosto com uma das
mãos, roçou os lábios nos meus e disse: — Vejo você depois que
eu fizer isso.

Então se virou e caminhou no palco. A cortina caiu, Pepper


soltou uma batida no bumbo, a insanidade da multidão disparou
mais uma oitava e a banda começou Come Lately.

Meu coração estava batendo tão forte que eu podia sentir sobre
as vibrações insanas da música através do concreto sob meus pés.

Maggie bateu nos ombros comigo e, quando olhei para ela, ela
sorriu. — É hora de ver seu homem em ação.

Ela me atraiu no meio da pequena multidão; nem sabia quem


eram todas essas pessoas ou o que estavam fazendo. Alguns
usavam passes de imprensa, e alguns obviamente eram da equipe
ou membros da banda de abertura. Quem quer que fossem,
nenhum deles piscou quando Maggie e eu, flanqueadas por Brody
e Jude, fizemos nosso caminho para a área do palco ao lado para
assistir o show.

O que foi incrível.

Jesse me surpreendeu.

Não foi nada parecido com o show VIP em Vancouver, que foi
pequeno, íntimo e em grande parte desconectado.

Aquilo era uma grande loucura do rock elétrico, de fazer


barulho de concreto, explodir seus cabelos, e Jesse estava
totalmente em seu elemento. O homem estava elétrico nos
bastidores, mas no palco, estava pegando fogo. Esta era
claramente sua paixão. Podia sentir isso em sua música.

Sua voz encheu o local, de alguma forma transportando sua


guitarra e a de Raf. Pepper era um louco na bateria, mas ele, Letty
e Raf não se incomodaram em tentar ofuscar Jesse, e até eu
poderia dizer que às vezes eles mal conseguiam acompanhar. Os
dedos do homem voaram sobre o braço da guitarra, tão rápido e
forte que tive certeza de que realmente veria faíscas. Ele criou
covers atrevidos de Dirty e tocou as canções mais melódicas e
comoventes de seu álbum solo, sua voz unida à música,
assustadora e crua.

Eu amava sua música pra caralho.

Perdi-me tanto nisso que esqueci tudo o mais que acontecia


ao meu redor. Parei de me sentir contida ou de me importar se
alguém pensasse que eu deveria estar aqui ou questionasse quem
diabos eu era. Esqueci de Maggie, Brody e Jude.

Fiquei tão perdida nisso que me assustou quando Jesse


anunciou que eles estavam tocando a última música.

Então a banda começou a tocar Try Me On, a faixa mais


pesada de Sunday Morning, e Maggie se inclinou. — Vamos ver do
outro lado — disse ela.

◊◊◊
Foi estranhamente sobrenatural caminhar pela área externa,
a área pública, da arena enquanto a banda tocava as notas finais
de Try Me On. A música estava abafada, minha cabeça parecia que
estava debaixo d'água e fiz uma nota mental para conseguir alguns
protetores de ouvido antes do próximo show. Quando a música
terminou, o grito da multidão também foi abafado, batendo como
um batimento cardíaco irregular.

As pessoas começaram a gotejar para fora das muitas


entradas da arena, e logo o gotejar se tornou uma multidão sem
fim. Lá dentro, milhares de pessoas ainda cantavam o nome de
Jesse, exigindo um bis.

Os corredores se encheram e Maggie pegou minha mão


enquanto caminhávamos no meio da multidão. Flynn a seguiu à
distância, como sempre. Olhei para ele, sua cabeça escura visível
na multidão. Todos os seguranças de Jesse eram altos; agora eu
podia ver por quê.

Curiosa, inclinei-me para Maggie de forma conspiratória. —


Ei. Podemos deixá-lo escapar?

— Não, — Maggie disse, e me nivelou com um olhar sério. —


E você não vai tentar.

A multidão havia se tornado quase intransponível e, de


repente, todos estavam em uma corrida louca, voltando para
dentro da arena. Podia ouvir a voz de Jesse; ele estava falando no
palco, mas não consegui entender o que ele estava dizendo. Eu
estava tentando não ser sugada pelo tumulto e praticamente me
achatei contra a parede. Tentei evitar contato visual com as
pessoas que passavam por nós. Essa foi uma forma eficaz de evitar
ser reconhecida?
O quanto famosa eu era agora?

Maggie riu, puxando-me em direção a um conjunto de escadas


que levava para baixo da arena, bloqueado com uma corda de
corrente. Passamos pela corda, Flynn logo atrás. Ouvi a banda
tocar Dirty Like Me. A multidão atingiu um novo nível de surpresa,
e eu só esperava que pegássemos nossos traseiros até os
bastidores antes do show terminar.

Descer as escadas era o mesmo que subir, com menos gente


andando por ali. A música estava ainda mais abafada, mas ainda
conseguia distinguir o baque lento e estridente de Dirty Like
Me. Eu realmente gostaria de ver Jesse tocar essa música, mas
Maggie encontrou Jude e estava conversando com ele. Vaguei até
uma grande porta dupla com um segurança sentado na frente
dela; toda vez que ele abria, a música aumentava. Escutei a voz de
Jesse, sendo envolvida pela música.

— Hey, querida.

Virei-me. Alguns assistentes de palco em camisas da equipe


se aproximaram e ficaram olhando para mim. O cara na frente
tinha um grande sorriso no rosto. O outro, que parecia bastante
evasivo, olhou para mim por cima do ombro de seu amigo, um boné
com um velho patch do Slayer29 puxado para baixo na cabeça.

— Ei — eu disse.

29 Banda estadunidense de thrash metal.


— Você quer chupar meu amigo, vou te levar para os
bastidores.

Hum... certo.

Antes que eu pudesse responder a essa oferta generosa, uma


sombra caiu sobre nós e os olhos do cara se arregalaram. Virei-me
para encontrar Jude de pé sobre mim, Maggie atrás dele.

— Vamos, Katie. — Maggie alcançou Jude, agarrou meu braço


e me puxou em direção à porta dupla. Quando olhei para trás,
Flynn e Jude estavam conversando com os assistentes de palco. O
segurança abriu a porta para nós e Maggie me levou para
dentro. — Não vagueie assim, ok? E coloque isso. — Ela me
entregou um passe para os bastidores como o que estava usando
agora.

— Por que todo mundo está nervoso por eu estar sozinha? —


Perguntei enquanto a seguia nos bastidores, mas meu coração
ainda estava batendo forte. O frenesi da multidão estrondosa, que
estava enlouquecendo na sequência da versão de Jesse, de girar a
cabeça e o coração, de Dirty Like Me, não estava ajudando. — Isso
está me assustando.

Paramos na parte de trás da área lateral do palco, apenas fora


do caminho quando os caras começaram a sair do palco; vi Pepper
jogar suas baquetas para a multidão.

— Eu acho que é difícil entender o nível de loucura que vem


junto com a fama até que você experimente — disse Maggie. —
Coisas loucas acontecem em shows de rock.
— Uh-huh. Como um cara me pedindo para chupar seu
amigo.

— O cara o quê?

Virei-me. Jesse, todo pingando de suor e luxúria de palco, me


puxou para cima em seus braços, me segurando contra ele tão
forte que senti a batida da sua pulsação batendo em seu corpo e
sua semi ereção contra minha virilha. Evidentemente,
ele ficou com tesão no palco.

Ele me beijou, longa e fortemente, até meus joelhos quase


cederem. Ele tinha gosto de sal de suor. Quando relaxou seu
domínio sobre mim o suficiente para que eu pudesse olhar em seus
olhos, eles se estreitaram. — Qual cara?

— Hum, um de seus assistentes de palco me pediu um


boquete? — Não sei por que saiu como uma pergunta, exceto que
minha cabeça ainda estava girando com aquele beijo.

— Qual assistente? — Ele não parecia divertido. Embora esse


tipo de coisa deva ter acontecido o tempo todo em seu mundo. Foi
muito estranho para mim, mas como este dia tinha deixado ainda
mais claro, eu não era do mundo de Jesse.

— Uh, o cara com o cabelo maluco? — Procurei por ajuda de


Maggie, mas ela apenas levantou uma sobrancelha, ficando fora
desta. — Você sabe... o tipo de pernas tortas. — Olhei nos olhos
de Jesse, que estavam escurecendo a cada segundo.

Pepper e Raf se aproximaram e Pepper deu um tapa nas costas


de Jesse. — Grande show, cara.

Jesse os ignorou, ainda preso em mim. — Um boquete?


Pepper e Raf entenderam o tom de Jesse e sumiram. Teria
gostado de me juntar a eles, mas Jesse ainda me tinha em seus
braços e seu aperto não diminuía.

— Hum... na verdade, ele me pediu para chupar seu amigo


assustador. Patético, certo? — Droga. Ele parecia chateado.

Eu nem fiz nada de errado.

— Uh-huh. Qual amigo assustador? — OK. Definitivamente


chateado. E sexy, mesmo quando chateado.

Estava começando a perceber, no entanto, que não era comigo


que ele estava chateado.

— Oh. O, uh, mudo com o boné do Slayer.

Olhei para Maggie novamente, que pela primeira vez não tinha
nada útil, inteligente ou administrativo a dizer.

Não é um bom sinal.

— Última? — Raf chamou, trocando sua guitarra.

— Em um minuto. — Jesse enxugou o suor do rosto com uma


toalha que alguém jogou nele. — Espere aqui — ele me disse. Ele
jogou a toalha de lado, me beijou novamente e voltou para o palco.

O técnico da guitarra entregou-lhe uma de suas guitarras e ele


a pendurou. Eu o segui mais longe que pude e fiquei com Brody
ao lado do palco, assistindo.

Uma luz branca brilhou sobre Jesse enquanto ele subia no


palco. O estrondo da multidão foi ensurdecedor quando ele tomou
seu lugar, no centro. Diminuiu ligeiramente quando ele agarrou o
microfone em seu punho, e gradualmente silenciou quando ele
começou a falar.

— Esta é para Katie — disse, e a multidão explodiu novamente


quando a banda começou uma música que eu nunca tinha ouvido
antes.

Quando eles chegaram ao refrão, descobri.

Era a nova música. Minha música.

Aquela que ele disse que tocaria para mim na


turnê. Realmente pensei que ele estava brincando. Flertando.

Mas a música era real. E foi incrível. Doce. Sexy. Cativante


como o inferno.

No final, eu estava cantarolando junto com o refrão. Se Brody


não estivesse ao meu lado, teria cantado em voz alta.

Há uma nova garota, e ela é apenas meu tipo...

Encontrei uma nova garota agora, e vou torná-la minha.


Katie
Eu podia ver totalmente como isso poderia sobrecarregar um
cara, como sequestrar completamente seus hormônios, quando
um bando de garotas bonitas que falam francês com muita pouca
roupa se aglomera ao redor dele, implorando por seu autógrafo e
disparando perguntas com seus sotaques bonitos.

Por um momento, quando Jesse e sua comitiva (incluindo a


mim), entraram no clube noturno lotado e barulhento, me vi
mentalmente me preparando para ser descartada. Poderia
facilmente imaginar Jesse sendo levado pela maré de fãs
apaixonadas e a promessa de sexo rápido e fácil, esquecendo
completamente tudo que ele me prometeu na minha cozinha.

Fiquei para trás e fora da batalha com Flynn, fingindo que fui
pega na história de Pepper sobre a última vez que ele esteve neste
clube, com sua outra banda, e ele foi expulso por tirar as
calças. Provavelmente foi uma história hilária; todo mundo estava
rindo, menos eu. Simplesmente não conseguia tirar os olhos de
Jesse e das garotas circulando como tubarões sobre um pedaço de
carne ensanguentada.
Sabia que o jeito que estava me sentindo era irracional, porque
o homem não era realmente meu. Talvez fosse porque ele não era
meu, nunca seria meu, mas senti uma pontada de inveja daquelas
garotas. Não poderia nem mesmo ser uma delas, atirando-me
abertamente sobre ele na esperança de ser notada. Eu não podia
dar ao luxo de me jogar nele. Eu era
sua empregada contratada. Se eu fizesse isso e ele me dissesse
para tomar um banho frio e superar, ficaria humilhada.

Pior, se ele me levasse para a cama uma ou duas vezes e depois


perdesse o interesse, eu ficaria arrasada.

Sim, essa era a triste verdade. Eu poderia lidar com toda essa
coisa de fingimento, sabendo que ele realmente não me
queria. Contanto que ele continuasse acreditando que eu
realmente não o queria também.

Mas nunca quis ser sua ficante do dia.

Enquanto eu o observava com aquelas garotas, tudo se tornou


muito claro.

O cara tinha acabado de cantar uma incrível canção de amor


sobre mim na frente de milhares de pessoas, mas o fato é que a
canção não era para mim. Foi para eles.

Seus fãs.

Não muito depois de Jesse ser engolfado pela multidão, Jude


entrou e o retirou, um par de seguranças mandando as garotas
agitadas para longe. Elas ficaram para trás, esperando por uma
abertura para voltar, mas mais seguranças apareceram e
rapidamente formaram uma parede ao redor de Jesse e do resto
de nós. As garotas estavam começando a farejar os outros caras,
principalmente Pepper e Raf, que também eram muito famosos, só
não mais famosos que Jesse Mayes. Foi emocionante, para não
mencionar impressionante, a maneira como a equipe do clube
trabalhou com a equipe de Jesse, realmente rápido pra caralho,
para levar todos nós para o clube sem nenhum dos músicos perder
uma camisa.

Bem quando eu pensei que ele poderia realmente ter me


esquecido, Jesse se virou, caminhou até mim e agarrou minha
mão. Segurei firme enquanto seguíamos Jude e alguns seguranças
até uma área elevada atrás de um dos bares.

Meu estômago vibrou de nervosismo, mas para minha


surpresa, meio que gostei de como as pessoas olhavam para mim
quando eu estava com Jesse. Vi muita inveja, claro, e algum
rancor malicioso, mas também havia algo que eu não esperava:
apreciação.

Homens e até mulheres estavam me observando, seus olhares


movendo-se sobre meu corpo no vestido rosa champanhe. A nova
garota de Jesse Mayes... com ele em público. Eu acho que era um
grande negócio, se você soubesse quem era Jesse Mayes, e agora,
parecia que toda a casa noturna de Montreal sabia. Todos dentro
do campo de visão pareciam estar nos observando.

Mas já era tarde, a festa já estava acontecendo há um bom


tempo, a música estava alta, e quando nosso grupo saiu nas
cabines escuras que nos aguardavam, a maioria dos
frequentadores do clube tinha voltado a dançar, beber, conversar
e beijar no escuro.
Jesse tinha escolhido um pequeno sofá descolado para nós nos
sentarmos, só nós dois. Ele tinha dado uma meia-volta e apenas
deixado um braço do lado do corpo, então quando ele se inclinou
para trás e me puxou, fui com ele. Eu relaxei contra ele, cruzando
minhas pernas, meu lado rente ao dele. Seu braço estava enrolado
nas costas do assento atrás de mim e ele estava quente. Não, ele
estava quente e cheirava tão bem.

Canela. Couro. Jesse Mayes. Esses estavam se tornando


rapidamente meus três aromas favoritos no mundo.

Ele vestiu jeans depois do show, uma camiseta branca


desgastada, tão macia e fina que eu podia ver seus mamilos sob o
algodão quando ele se movia, e uma jaqueta de couro de
motociclista, que ele descartou quando nos sentamos. Eu teria
ficado feliz em ver a forma como suas roupas mudaram e se
esticaram sobre seus músculos enquanto ele falava e ria com os
caras, mas provavelmente era uma ideia melhor me concentrar em
algo diferente de seu corpo quente pressionado contra o
meu. Então, olhei ao redor do clube, tentando apenas absorver a
cena e relaxar.

Jude colocou uma bebida na minha mão e sentou-se no canto,


onde ficou nos observando com alguns seguranças. Levantei a
bebida em agradecimento. Ele acenou com a cabeça, então
continuou sua varredura visual da sala. Ele nunca se afastou
muito de Jesse, sempre cuidando dele. O homem não parecia
sorrir muito, mas peguei os dois rindo loucamente algumas vezes
por causa de alguma piada particular, e ver sua conexão próxima
e sem esforço me fez sentir falta de Devi fortemente.

Levei a bebida aos lábios para prová-la. Era um SoCo e um


amaretto com gelo. Com cerejas extras.
Jesse tinha se lembrado da minha bebida no bar em
Vancouver.

Ele estava conversando com Brody, mas quando olhei para


cima, estava me observando. Ele se aproximou, inclinando-se para
mim. — Como você está?

— Ótima — eu disse. — Devi adoraria este lugar. Eu não teria


pensado que era a sua cena, no entanto.

— Por que não? — Ele tomou um gole de sua própria bebida,


que pelo que parecia era algum tipo de uísque. — Boa música. Boa
energia. Mulheres bonitas. — Seu olhar deslizou do meu rosto
para o decote em V do meu vestido.

Senti a onda de calor em resposta pelo meu corpo. — Uma


estrela do rock que gosta de música eletrônica?

Seus olhos escuros piscaram para os meus. — Também gosto


de olhar para mulheres bonitas.

Lá estava aquela palavra novamente.

Bonita.

Eu tentei deixar rolar nas primeiras vezes, mas já que ele


continuou usando, tive que me perguntar. Observei seu olhar
descer até a barra do meu vestido, que subiu pela minha coxa
quando cruzei as pernas. Seriamente. Jesse Mayes achava que eu,
Katie Bloom, ex-skatista e aspirante a artista de óculos, era linda?

Não era como se ele fosse o primeiro cara a dizer isso, mas
vamos lá. Jesse Mayes? O homem era a encarnação da beleza. Ele
não tinha um espelho? Como alguém poderia olhar para aquele
rosto no dia a dia e usar a palavra linda para me descrever?

Deve ter sido o decote profundo do meu vestido sexy mexendo


com sua mente viciada em uísque.

Ele largou sua bebida e colocou a mão no meu joelho nu, seus
dedos frios de segurar o copo. Bebendo minha bebida, olhei ao
redor para os rostos da banda e da equipe. Eu meio que senti como
se estivéssemos em um pequeno palco aqui no sofá, como se todos
estivessem esperando algum tipo de performance começar. Mas,
para meu alívio, eles não estavam realmente nos observando.

Jesse, porém, definitivamente estava me observando.

— Hum, me diga uma coisa, — eu disse, tentando me distrair


da mão no meu joelho e do olhar ardente nos olhos de Jesse que
àquela hora da madrugada, com a iluminação maluca do clube,
parecia muito com luxúria. — Eu consegui que alguém fosse
demitido esta noite?

Ele olhou para mim, alisando o polegar para frente e para trás
na minha coxa. — Como quem?

— Você sabe quem. O assistente de palco que me pediu um


boquete.

— Não, Katie. Você não fez com que ninguém fosse demitido.

— Mas você o demitiu? — Pressionei, lendo nas entrelinhas


dessa resposta.

Sua mão deixou meu joelho enquanto ele pegava sua


bebida. — Não importa — disse.
— Então você não vai me dizer?

— Não se preocupe com isso, Katie. Eles não vão incomodá-la


novamente.

Eles? Oh cara. Ele despediu os dois.

Estava me perguntando desde que Jesse saiu do palco. Depois


que o show terminou, ele tomou banho e nós partimos com alguns
membros da equipe para ir ao clube. Havia uma tonelada de
pessoas ainda trabalhando no local quando nós saímos,
desmontando o palco, mas eu não vi nenhum daqueles assistentes
que me fizeram propostas em lugar nenhum.

— Prometi que minha equipe cuidaria de você enquanto


estivéssemos na estrada. Você se sente segura em pedir ajuda a
esses caras, querida?

— Bem, não.

Sua mandíbula cerrou-se, da mesma forma que nos bastidores


quando contei o que aquele assistente me disse. Ele engoliu sua
bebida, colocou o copo de lado e estendeu a mão para mim,
segurando meu rosto. Então ele se inclinou e roçou seus lábios
nos meus. Eu não me mexi. Tinha certeza de que parei de
respirar. Seus lábios eram quentes, aveludados e com gosto de
bourbon. Sua boca demorou sobre a minha quando ele disse: —
Os idiotas tinham que ir. Não é sua culpa. — Seus lábios se
arrastaram contra os meus novamente, quentes, macios. Seu lábio
inferior pegou no meu e por um instante a umidade do interior de
seu lábio tocou o meu.
Minha pulsação disparou pelo meu corpo quando ele recuou,
minha respiração ficando rasa e rápida enquanto eu lambia o gosto
de Jesse Mayes dos meus lábios. — Hum, só pensei... talvez você
pudesse dar a eles outra chance.

Observei enquanto ele tomava outra rodada de bebidas,


entregue por uma garçonete bonita. Ela sorriu para Jesse, seus
dentes brancos brilhando contra a pele bronzeada, mas ele não
pareceu notar. Ele nunca tirou os olhos de mim.

Peguei a bebida que ofereceu e me lembrei de que não ia ficar


bêbada esta noite, por um bom motivo. Meu pulso já estava
batendo forte entre as minhas pernas, a proximidade de Jesse e
aquele olhar feroz e protetor em seu rosto fazendo coisas malucas
com meu cérebro.

— Quer dizer, eles não fizeram nada, — continuei. — Eles


apenas me fizeram propostas. Isso deve acontecer o tempo todo em
shows de rock.

— Não dou a mínima — disse ele. — Eles fizeram uma


proposta para você.

Certo. E eu era a garota de Jesse Mayes... pelo que todos


sabiam.

Assisti no que parecia uma câmera lenta surreal quando sua


mão foi para o meu joelho novamente, desta vez suavizando para
cima. Eu podia sentir as cordas da guitarra calejadas em seus
dedos, a leve aspereza me fazendo estremecer. Seu olhar se fixou
no meu enquanto sua mão continuava sob a bainha do meu
vestido. Ele agarrou minha coxa, seus dedos cavando em mim
enquanto colocava meu joelho em seu colo. Seu olhar se fixou em
meus lábios e quase me engasguei com meus nervos. Então ele se
inclinou e me beijou novamente.

Desta vez, não foi apenas um roçar de seus lábios nos


meus. Ele cutucou minha boca aberta e lambeu sua língua contra
a minha em um golpe longo e firme, então chupou meu lábio
inferior em sua boca antes de se separar.

Eu sabia que estava corando, mas pelo menos no escuro seria


difícil de ver. O que não seria tão difícil de ver seriam meus olhos
praticamente revirando na minha cabeça quando ele pressionou
um beijo na minha garganta, logo abaixo do meu queixo. Então ele
se recostou, pegando sua bebida da mesa para um gole. Ele ainda
estava me observando, avaliando-me com seus olhos derretidos
agora encobertos.

Tomei um gole da minha bebida, a bebida e Jesse Mayes me


fazendo sentir quente por toda parte.

Muito quente.

Como diabos pensei que aguentaria seis semanas disso?

Eu teria apertado minhas coxas em um esforço para ficar um


pouco mais confortável e conter minha excitação crescente, mas
meu joelho ainda estava dobrado sobre a coxa de Jesse. Agora
mesmo, poderia entender por que Devi me aconselhou a embalar
meu vibrador. Eu ri, mas não empacotei. Agora, não sei o que
diabos eu estava pensando. Se essa fosse minha vida pelas
próximas seis semanas, eu definitivamente precisaria
de algo para aliviar a tensão.
Tomei um gole de minha bebida novamente, tentando manter
minha respiração sob controle, tentando não ficar com cara de
luxúria e desejo. De acordo com Devi, eu tinha cara de sexo sempre
que pensava em transar e, agora, não conseguia pensar em mais
nada.

— Então... o que estamos fazendo aqui, exatamente? —


Perguntei quando Jesse permaneceu em silêncio. — Você sabe, eu,
você, pendurados em um clube?

— Estamos namorando. — Sua boca se contraiu em


diversão. Em seguida, ele lambeu o lábio inferior, lentamente, e
disse: — Você tem gosto de luz do sol.

Comecei a rir, em parte porque estava nervosa, mas em parte


por que inferno? — Qual é o gosto do raio de sol?

Ele sorriu lentamente. — Como Katie Bloom e aquela merda


feminina que você bebe.

Eu não poderia remover o sorriso estúpido do meu rosto,


mesmo se tentasse.

— O que estamos fazendo, — disse ele, e tomou um gole de


seu uísque — sendo visto — Então seu olhar me deixou enquanto
ele olhava para a pista de dança.

Certo.

Sendo visto.

Quando Brody cutucou o ombro de Jesse e começou a falar


em seu ouvido, dei um pequeno suspiro de alívio quando ele se
virou. O cara era intenso. A maneira como me tocou, a maneira
como olhou para mim, me transformou em uma bagunça nervosa.

Pressionei meu copo de coquetel no meu peito e o rolei entre


meus seios, tentando me acalmar, mas meu batimento cardíaco
praticamente sacudiu o gelo no copo. O cara estava fazendo minha
cabeça girar. Mas eu estava preparada para isso. Sabia que era
tudo para mostrar. Eu não podia deixar isso me atingir cada vez
que ele me tocava.

Não importa o quão bom seja.

Não importa o quanto eu realmente queria que


ele continuasse me tocando.

Porque toda vez que ele me tocava, era em público e por um


motivo. E a razão não era para me fazer sentir bem. Não era nem
porque ele queria me tocar.

Era para ser visto me tocando.

As falas da New Girl repetiram na minha cabeça. Ele fez uma


declaração de amor muito pública para mim esta noite com aquela
música, e agora aqui estávamos, oficialmente juntos, em
público. Nosso relacionamento estava lá fora. Nossa mentira. E
tudo o que fizemos a partir desta noite foi feito para dar apoio. Eu
estava aqui por um motivo: para ajudá-lo a vender aquela mentira,
para fazer com que parecesse real. Eu estava ganhando muito
dinheiro para fazer com que parecesse real.

Jesse estava fazendo sua parte, e ele estava jogando bem.

O que mais diz que eu possuo este pedaço de bunda como


enfiar a mão no meu vestido no meio de um clube lotado, ou
despedir sua equipe porque eles deram em cima de mim? Ou me
fazendo ofegar como uma cadela no cio toda vez que me beijava?

Ele estava reivindicando sua reclamação sobre mim,


publicamente, e eu precisava me acostumar com isso, rápido. Isso
foi apenas o começo. Eu tinha assinado por seis semanas disso.

E não significava absolutamente nada.

Tomei um gole da minha bebida, a voz da razão na parte de


trás da minha cabeça me lembrando de ir mais devagar.

Jesse ainda estava falando com Brody. Ele apertou minha


coxa um pouco quando eu mudei, mas ele não a soltou. Na
verdade, seu aperto havia migrado sutilmente para o norte, o que
estava bagunçando meu cérebro. Eu não tinha ideia se estava me
provocando de propósito. Ele tinha alguma ideia do quanto ele
estava me excitando? Ou ele apenas me achou uma ótima atriz,
como ele?

Como eu estive no vídeo?

Exceto que eu não estava realmente atuando no vídeo. Só


estava gostando de Jesse Mayes, de verdade. Eu deixaria as coisas
irem tão longe quanto ele as levava, mais ou menos. E agora a
pergunta que eu estava me perguntando desde que concordei em
sair em turnê com ele circulou em meu cérebro. Senti batendo no
ritmo de seu pulso, em sua mão na minha coxa.

Até onde eu deixaria isso ir? Até onde eu iria por duzentos mil?

Até onde eu iria por Jesse Mayes?


Até aqui, disse a mim mesma, olhando para ele segurando
minha coxa, a ponta de sua tatuagem sexy no pulso
desaparecendo sob meu vestido. Até aqui e não mais longe.

Dei uma olhada no meu telefone, procurando um descanso, e


encontrei uma mensagem de Devi. Era mais ou menos a centésima
vez que ela me verificava hoje. Até agora eu respondi a cada
mensagem enviando a ela uma foto do que estava acontecendo ao
meu redor, mas decidi não enviar a ela uma foto da mão de Jesse
na minha coxa. Em vez disso, enviei uma mensagem de pânico
para ela. Que porra eu estava pensando?

Segundos depois, sua resposta veio. OMG, você está bem?

Estou sentada em um clube com Jesse, mandei uma mensagem


para ela. Sua mão está no meu vestido.

A resposta de Devi foi novamente imediata. Eu repito, você está


bem??

Pergunte-me amanhã.

Pegue o vibrador e acalme a B. Você não pode dormir com ele


no primeiro dia.

Sábio conselho de uma mulher que nunca teve um vibrador


porque — Por que eu faria isso com um pedaço de plástico quando
posso usar o real pedaço?

Não trouxe. Enviei essa mensagem e guardei meu


telefone. Jesse se voltou para mim.

— Oi — eu disse.
Ele não disse nada. Seu olhar varreu meu rosto, meu vestido,
seus longos cílios escuros mascarando seus olhos. E bem quando
pensei que estava em perigo por me sentir bem e ser tateada, ele
retirou a mão de debaixo do meu vestido e deslizou pela minha
cintura em vez disso. Suas juntas roçaram meu seio. Meu mamilo
endureceu, formigando dentro do meu sutiã quando ele colocou a
mão no meu pescoço.

— Posso beijar você? — perguntou. O que foi meio doce, mas


estranho, já que ele já me beijou, sem pedir.

Balancei a cabeça um pouco, incapaz de discutir qualquer


palavra.

Meus lábios se separaram antes de ele esmagar seus lábios


nos meus, e então eu soube por que ele perguntou.

Isso não era nada parecido com aqueles outros beijos.

Ele se aproximou de mim, inclinando minha cabeça para trás


para encontrá-lo e mergulhou fundo. Sua mão deslizou em meu
cabelo, segurando-me contra ele enquanto me devorava. Devagar.

A música do clube vibrava através de nós, mas o clube havia


sumido. Não havia nada além de mim e Jesse na escuridão
barulhenta, derretendo um no outro.

Mantive o ritmo lento de seus beijos profundos. Até me lembrei


de respirar cada vez que ele se afastava para beijar meu rosto ou
pescoço. Tomei um gole da minha bebida enquanto ele beijava
minha orelha, apenas relaxando com o meu namorado falso, tendo
um beijo lento e fácil em um clube como se não fosse grande coisa,
mesmo com os arrepios correndo pela minha espinha. Meus seios
doeram e incharam. Meu clitóris pulsou e implorou por
atenção. Continuei dizendo a mim mesma que estávamos sendo
vistos, que não era real, por mais que meu corpo protestasse
contra o fato.

Sua mão agarrou meu cabelo com mais força e ele encontrou
minha boca novamente, me beijando ainda mais devagar, mas
ainda mais fundo. Jurei que meu batimento cardíaco diminuiu
para combinar com seu ritmo, batendo no fundo do meu peito,
entre as minhas pernas. Meus dedos tremeram quando espalhei
minha mão em seu peito. Minhas unhas cravaram no algodão
quente e macio de sua camisa. Rodei minha língua contra a dele
até sentir a vibração baixa de seu gemido ou rosnado, mas não
pude ouvir no barulho do clube. Deixei meus dentes arrastarem
contra seu lábio. Chupei sua língua. Fiz tudo o que sempre quis
fazer com a boca de um homem com a minha desde que cheguei à
puberdade.

Porque - foda-se. E se o mundo acabasse amanhã e esta fosse


minha única chance?

Eu não estava disposta a correr esse risco.

Quando nos separamos, ele estava ofegando suavemente. Seu


olhar deslizou pelo meu vestido novamente. Então ele disse: —
Iluminação maluca neste lugar, meio que parece que você está
pelada.

Ainda estava me recuperando de seus beijos, mas consegui


colocar minha cabeça no lugar o suficiente para dizer: — Eu pensei
que você não gostava de rosa.
Suas sobrancelhas escuras se juntaram. — Você vestiu isso
porque achou que eu não iria gostar?

— Bem... você pode ganhar meu tempo e minha afeição


fingida, Sr. Mayes, — eu disse, ainda tentando controlar minha
respiração. — Mas o que eu coloco no meu corpo depende de mim.

Seus olhos ardiam, mais escuros do que já os tinha visto.

Ele se inclinou e sussurrou em meu ouvido, tão perto e tão


devagar que sua respiração me fez estremecer. — Eu gosto de você
em rosa.
Jesse
Eu tinha certeza de que poderia me acostumar com isso.

Todas as vantagens de ter uma namorada, sem realmente ter


uma namorada.

Bem, talvez nem todas as vantagens. Não tinha ideia se


aquele bônus em particular faria parte do negócio. Isso cabia a
Katie, porque meu pau estava preparado desde o primeiro
momento em que a conheci, de pé lá com suas roupas molhadas
pela chuva, me oferecendo torta de cereja.

E agora, usando esse vestido rosa colado, esse que fazia ela
parecer nua pra caralho enquanto deslizava no meu colo, seus
seios macios pressionados no meu peito, seus lábios rosados
carnudos deslizando contra os meus, aquela pequena língua dela
movimentando me provocando... Cristo. Eu estava duro como uma
vara de merda. Não me importava quem estava olhando. Eu a teria
chupado da cabeça aos pés, lambido a porra do vestido dela se ela
me deixasse.

No momento em que chegamos ao próximo clube e entramos


na sala VIP mal iluminada, Katie segurando minha mão enquanto
olhava ao redor, eu ainda estava tentando ajustar meu pau em
meu jeans. Realmente tinha que parar de olhar para a bunda dela
toda vez que a garota começava a andar.

Alguns caras no bar luminoso no canto tinham se virado quase


completamente em seus banquinhos para olhar para ela em seu
vestido justo e provocativo. Puxei-a para mais perto, aumentando
meu aperto. Não poderia tê-la vagando naquela coisa.

— Podemos sentar ali? — ela perguntou, apontando para um


sofá desocupado.

— Você pode sentar-se onde quiser, querida — Jude


respondeu. Jude tinha um jeito de chamar as mulheres
de querida que tendia fazer as calcinhas delas caírem, e eu não
me importava que ele usasse isso nela. Ele gostava de Katie. Gostei
que ele gostasse dela. Jude odiava a porra da maioria das
mulheres com quem namorei. Ele não disse isso, mas eu tinha
certeza de que ele achava Katie adorável, o que ela era.

A única coisa que ele disse sobre ela, ou sobre meu


relacionamento com ela, foi: — Você tem certeza disso, irmão?

— Ela vai ser boa para nós — eu disse, tão vagamente quanto
possível. E ela já era boa para nós. Ela estava nos ajudando a
vender música. Estava nos mantendo entretidos. Já estava
tornando essa turnê mais interessante do que teria sido sem
ela. Não há dúvida sobre isso.

Mas, por mais que eu gostasse de Jude gostando dela, e isso


meio que fez o babaca egoísta em mim ficar com um pau orgulhoso
quando ele olhou para ela do jeito que fez quando ela apareceu
com aquele vestido esta noite, eu não queria que ele gostasse tanto
dela.

Agora, estava realmente feliz por ter feito ela concordar em não
mexer com mais ninguém. A última coisa que eu precisava era que
Katie se apaixonasse por Jude ou qualquer outra pessoa da minha
equipe. Não precisava dessa complicação.

Foda-se. Isso era mentira. A verdade é que eu não queria


compartilhar a garota.

Ela pode ser minha namorada falsa, mas ela era a porra
da minha namorada falsa.

Puxei-a contra mim e ela sorriu. Então eu me aproximei dela,


beijando-a longa e profundamente, dando àqueles filhos da puta
no bar uma visão completa. Ela ficou na ponta dos pés enquanto
eu a puxava com mais força contra mim. Quando a soltei,
cambaleou um pouco para trás com os saltos altos, mas eu a
segurei, firmando-a.

Jude estava falando com a anfitriã. A sala estava repleta de


sofás baixos, a maioria dos quais ocupados, mas ela nos levou
direto para a poltrona que Katie havia apontado, de frente para a
parede de janelas com vista para a pista de dança abaixo. Eu
realmente não me importava onde estávamos sentados. Só queria
uma pausa da loucura lá fora.

Jude pediu uma garrafa para nós e ele e Flynn sumiram


quando Katie e eu afundamos juntos no sofá baixo. A garçonete
trouxe um balde de gelo em um suporte e uma garrafa de
champanhe com duas taças. Servi um pouco de champanhe para
nós dois e percebi que Jude afastou algumas mulheres que
queriam se aproximar. Ele não deixaria ninguém chegar
perto. Joguei meu braço na parte de trás do assento e relaxei
enquanto Katie afundava contra mim. Eu definitivamente não me
importava de tê-la só para mim por um tempo.

Minha mão encontrou seu ombro nu, onde o vestido havia


escorregado e ela não o consertou. Alisei meu polegar sobre a alça
do sutiã e me inclinei mais perto. Deixei meus lábios roçarem em
sua orelha quando disse: — Você vestiu a lingerie.

Ela olhou para mim por cima do ombro, estreitando os olhos


ligeiramente. Então ela ergueu o champanhe em brinde. — Para
sua nova turnê.

Levantei minha taça, tocando a borda da taça dela. — E minha


nova garota.

Meu polegar ainda estava acariciando seu ombro, brincando


com a alça de seu sutiã. Ela revirou um pouco os olhos. — Eu
gosto de strass, — ela admitiu, bebendo seu champanhe. — São
bonitos.

— Eles são diamantes.

Katie se engasgou com seu espumante. — O que? — Ela tossiu


e cuspiu e estendeu a mão para colocar a taça na mesa perto de
nossos joelhos.

Recostei na poltrona, um sorriso puxando o canto da minha


boca. — Eu disse, eles são di...

— Eu te ouvi. — Ela já estava lutando por baixo do vestido,


tirando o sutiã, aparentemente. — Não posso usar diamantes.
Eu apenas assisti ao show, divertido e um pouco perplexo,
bebendo meu champanhe enquanto ela tirava o sutiã sem tirar o
vestido e o puxava pela abertura do braço. — Por que infernos não?

Ela jogou o sutiã para mim. — Porque a indústria de


diamantes é, tipo, totalmente má.

Levantei o sutiã do meu peito e o trouxe para o meu


rosto. Cheirava como ela, como cerejas e creme. Sua boca se abriu
enquanto ela me olhava cheirando.

— Toda a indústria de diamantes?

— Você vai ter que pegar de volta — ela insistiu.

Deixei cair o sutiã no sofá ao meu lado. — Eu não acho que


eles aceitam devolução de lingerie que já foi usada.

— Bem, vamos doar para instituições de caridade. — Ela


alisou o vestido. — Você normalmente compra presentes
incrustados de diamantes para mulheres no minuto em que
começa sair com elas?

Meu olhar deslizou sobre a perfeição de seus seios, sem sutiã


no vestido macio. Então ajustei meu pau na minha calça jeans,
espalhando minhas pernas enquanto relaxava mais para trás no
assento. Nesse ritmo, a garota iria me manter perpetuamente
duro. Olhei em seus olhos azuis esverdeados, me perguntando o
quão bêbada ela estava. Quanto disso era Katie Bloom e quanto
era para mostrar.

— Você, Katie Bloom, definitivamente não se parece em nada


com as mulheres com quem normalmente saio.
— Vou tomar isso como um elogio — disse ela, olhando para a
minha mão na minha virilha.

— Você deve.

— Bem, eu tenho minha integridade, — ela anunciou. — E eu


não me importo se meus valores estão equivocados ou não. Eles
são meus.

Ela cruzou as pernas e meu olhar caiu para a bainha de seu


vestido. Meu pau latejava com a imagem repentina: eu, bolas
profundas em Katie Bloom, meus quadris subindo entre aquelas
coxas macias e cremosas. — E quanto à calcinha?

Seus olhos se estreitaram para mim novamente. — Ela não


tem diamantes. E ela vai ficar.

Ela afundou na poltrona novamente, satisfeita consigo


mesma, e se inclinou para o meu lado. Meu braço voltou para a
parte de trás do assento, as pontas dos dedos alisando seu ombro
nu novamente. Ela olhou para mim.

Então ela virou e me beijou.

Isso me pegou de surpresa, mas eu não era um idiota. Beijei-


a de volta.

Quando ela empurrou seu corpo contra mim, rosnei em sua


boca, meu pau esticando no meu jeans. Minha mão se moveu em
seu cabelo e eu a segurei contra mim enquanto minha língua
encontrava a dela. Nós pressionamos um no outro, minha outra
mão roubando seu seio macio, apertando-a suavemente através do
vestido. Ela derreteu em minhas mãos e eu tive o desejo irresistível
de abrir suas pernas e fazer exatamente o que estava fazendo com
sua boca doce e macia.

Cavei meus dedos em sua coxa, provavelmente machucando-


a, gemendo quando ela varreu sua língua macia contra a
minha. Meu polegar roçou seu mamilo duro. Então ela se afastou
e respirou fundo, e eu a soltei.

Ela pegou a taça e olhou ao redor, mas ninguém estava


prestando muita atenção. Não éramos os únicos se pegando.

Ela colocou a mão na minha coxa e a deixou lá, perto da


protuberância na virilha da minha calça jeans. Perigosamente
perto de mim. Meu batimento cardíaco bateu no meu peito, no
meu pau. Se ela movesse os dedos mais um centímetro de merda,
eu juro que ia explodir.

— Então... como é que você nunca sai com garotas comuns?


— Ela pigarreou um pouco e tomou um gole trêmulo de
champanhe. — E por comum, quero dizer não famosa —
acrescentou ela, usando a frase que usei para descrevê-la naquela
noite no bar do hotel.

Quando ela encontrou meu olhar, parecia excitada como o


inferno, seus lábios rosados inchados de me beijar. Eu queria
beijá-la novamente. Queria empurrá-la de volta para o sofá,
arrancar aquela calcinha de renda preta e espalhar suas coxas, e
lambê-la por todo o caminho até um orgasmo estremecedor e
gritante. Queria chupá-la até que ela gozasse tantas vezes que se
esquecesse de como respirar. Eu queria foder ela com a minha
língua até que ela esquecesse a porra do nome dela.

Em vez disso, respirei fundo e exalei.


— Não tenho ideia — eu disse.
Katie
De alguma forma, nós chegamos de volta ao hotel antes do sol
nascer.

Subimos para o nosso quarto, Jesse, eu e a música estrondosa


de cada bar em que estivemos esta noite, todos confusos,
martelando em meu cérebro. Eu tinha um remix legal dublado
de Suga Suga do Baby Bash lá, ainda me fazendo dançar. Dancei
direto para o quarto do hotel enquanto Jesse fechava a porta, mas
apesar da cacofonia na minha cabeça, o quarto estava
vazio. Ficamos sozinhos pela primeira vez durante todo o dia.

Apenas nós dois.

Era o fim da primeira noite da turnê, uma noite incrivelmente


longa. O que parecia ser um monte de noites em uma.

Uma noite incrível.

Jesse tropeçou até as camas no lugar meio escuro e jogou suas


coisas no chão. Acendi uma luz, me perguntando como diabos eu
iria manter esse ritmo enquanto tropeçava tirando minhas novas
botas. Isso me lembrou da primeira noite que passamos juntos,
naquele outro quarto de hotel. Exceto que desta vez eu não estava
planejando fazer nada estúpido, como me despir na frente dele. E
foi exatamente por isso que fiquei tranquila durante a noite.

Na maioria das vezes.

Fiz o meu melhor para ter certeza de que desta vez Jesse
estava mais bêbado do que eu. Não foi uma tarefa fácil. O homem
poderia conter seu álcool. Mas, felizmente para mim, todos e até
seus malditos cachorros queriam pagar-lhe uma bebida, então a
embriaguez era uma eventualidade definitiva. O verdadeiro chute
foi quando cruzamos o caminho com uma despedida de solteira de
oito mulheres bêbadas, que insistiram em nos enviar três garrafas
de champanhe. Jude havia se recusado terminantemente a beber
com eles, aparentemente se sentindo responsável por nossos
traseiros bêbados e percebendo, corretamente, que ele era a última
linha de defesa sóbria entre Jesse e um monte de garotas bêbadas
com tesão. Então Jesse acabou mandando Flynn, sob ameaça de
demissão, beber conosco.

Eu tinha quase certeza de que Flynn estava servindo seus


próprios refis, assim como eu, certificando-se de que eram dez por
cento de champanhe e noventa por cento de bolhas.

Nunca dissemos isso em voz alta, mas em algum momento da


noite, Flynn, Jude e eu definitivamente conspiramos para destruir
Jesse.

Observei-o cambalear um pouco enquanto se sentava na cama


e arrancava as botas. Então, tirei minha jaqueta de couro da sorte,
joguei-a de lado e fiz algo estúpido.

Decidi ajudar Jesse Mayes a tirar a roupa.


Eu não pude evitar. Ao vê-lo todo fofo, vacilante e bêbado,
senti um desejo ridículo, mas irresistível de proteção, talvez porque
ele tenha sido tão protetor comigo com toda aquela coisa de
assistente-boquete. Talvez tenha sido estúpido e equivocado, mas
realmente queria cuidar dele. Senti que era meu dever como
namorada falsa.

E eu me ajoelhei para fazer isso.

— Não se preocupe, querida — ele me disse. — Nem sempre


fico bêbado depois de um show. Não quero decepcioná-la com um
pau de uísque.

Eu ri e lutei para desfazer sua calça jeans, que tinha um zíper


incrivelmente teimoso. Ou então eu estava tão bêbada. Ele me
deixou fazer isso, apoiando-se em suas mãos para aproveitar o
show enquanto eu me atrapalhava.

Quando olhei para cima, seus olhos escuros estavam


encobertos, embora não com a bebida. Claramente ele estava
gostando dessa merda.

— Você não está tão bêbado — acusei.

— Eu estou? — Um sorriso se espalhou por seu rosto.

Olhei para ele, mas admito que meu julgamento estava mais
do que um pouco prejudicado. Havia dois de seus rostos sexy
sorrindo para mim.

Merda. No silêncio calmo do quarto de hotel, eu estava muito


mais bêbada do que pensava.
Sentei-me em meus calcanhares. — Eu pensei que você estava
totalmente bêbado. Você bebeu cinco milhões de bebidas.

— Não. Gosto de ver você de joelhos, tentando descobrir como


tirar minhas calças.

Depois disso, deixei que ele descobrisse sozinho. O que não


demorou muito, porque quando saí do banheiro com a maquiagem
removida, os dentes escovados e o pijama, ele estava na cama.

Exagerei na camisola e calça de pijamas combinando ontem,


apenas para a turnê. Eles me favoreciam, mas não gritaram
exatamente quero ser desossada. Normalmente eu dormia nua,
mas achei que era um hábito perigoso de manter na presença de
Jesse.

Apaguei a luz, mas Jesse acendeu um abajur ao lado da


cama. Sabia que ele ainda podia me ver. Também sabia que ele
estava nu porque cada centímetro de pele que eu podia ver estava
nu, e a única área que mal estava coberta com o canto do lençol
tinha um formato definitivo de tenda.

Ele seguiu meu olhar para sua ereção flagrante, então sorriu
um sorriso arrogante. — Só queria ter certeza de que poderia. Caso
você queira.

— Queira o quê? — Cruzei meus braços sobre o peito e olhei


para ele.

Ele balançou as sobrancelhas, me fazendo rir.

Ele estava me provocando. Eu sabia disso. Isso tudo era um


jogo para ele. Um jogo que ele jogou bem e provavelmente com
frequência.
Vi a maneira como aquelas mulheres olhavam para ele esta
noite - todas elas. Se eu tinha alguma dúvida antes, não havia
dúvida agora. Jesse Mayes poderia conseguir em qualquer lugar,
de qualquer maneira e com praticamente quem ele quisesse. E
ainda assim ele prometeu não receber nada enquanto eu
estivesse por perto. O que significava que eu realmente não podia
culpar o cara por me dar trabalho.

Eu me permiti dar uma boa olhada em sua perfeição quase


nua, uma vez, aquelas questões inquietantes rolando novamente
em minha mente.

Até onde eu iria por duzentos mil?

Não tão longe.

Até onde eu iria por Jesse Mayes?

Indecisa.

Respirei fundo e criei coragem. Não importa o quão insegura


eu estivesse, tinha que definir meu limite com ele, agora, ou estaria
ferrada. Literalmente.

Então eu disse a ele o mais despreocupadamente que pude —


Não esta noite, lindo. — Então subi na cama vazia, puxando as
cobertas bem apertadas em volta do meu queixo.

— Boa noite, linda. — Sua voz estava baixa e rouca pelo uso
quando apagou a lâmpada ao lado da cama.

— Boa noite, Jesse.


Respirei baixinho no escuro, meus dedos dos pés ainda
batendo em Suga Suga... mais ou menos esperando para ver se ele
faria um movimento.

Ele não fez.

Olhei e pude apenas ver seu braço, jogado sobre seu rosto, seu
pulso sobre os olhos, e era tão sexy pra caralho. Poderia ficar
olhando para ele a noite toda, a luz fraca da janela roçando as
longas curvas de sua pele lisa e dourada...

Ele se mexeu, afundando mais na cama e expirando. Sua mão


foi para sua virilha. Observei enquanto ele segurava seu pênis e se
ajustava. Ele puxou o lençol sobre si mesmo. Então respirou fundo
e ficou imóvel.

Tristemente, verdadeiramente e pateticamente, me senti


mal. Mal que Jesse Mayes teve que desperdiçar uma ereção
perfeitamente boa por mim.

Também me senti com mais tesão do que jamais senti em


minha vida.

As coisas que eu queria fazer com ele, agora, no escuro, me


fizeram corar... e ao mesmo tempo, fez meu clitóris pulsar, minha
boceta apertando com a necessidade enquanto resistia ao desejo
de subir na cama com ele. Talvez eu precise de um vibrador. Como
diabos conseguiria passar pelas próximas seis semanas sem
molestar Jesse enquanto ele dormia?

Esperançosamente, eu estava bêbada o suficiente para


desmaiar em breve e esquecer como era bom estar em seus braços
esta noite... a sensação de seus beijos por todo o meu rosto, meu
pescoço...

Eu gosto de você em rosa.

Gemi baixinho, prendendo minha boca no travesseiro para me


silenciar. Rolei, virando minhas costas para ele, e me perguntei se
eu cometi um erro gigantesco concordando que essa coisa toda era
apenas para exibição.

Porque eu o queria. Não pude deixar de desejá-lo.

Tive seu corpo contra o meu, suas mãos em mim, sua língua
na minha boca... e pior, eu vi aquele olhar em seus olhos. Aquele
que disse quero te foder. Era um olhar que eu não sentia de perto
há muito tempo.

Ouvi o barulho suave de suas respirações baixas e profundas


enquanto ele caía no sono. E sim, eu o queria.

Poderia admitir isso para mim mesma aqui no escuro.

Eu não queria mais ninguém, nunca.


Katie
No dia seguinte, nos despedimos de Maggie e Brody. Eles
voaram de volta para Vancouver, e lamento vê-los partir. Eu
gostava dos dois, e como os dois eram o negócio final de tudo isso,
imaginei que estaria segura com eles por perto. A salvo de quê, não
tinha certeza.

Ter minha calcinha enfeitiçada por Jesse Mayes?

Hum, tarde demais. Eu já havia tropeçado nessa linha com


meu strip tease e agora oscilava precariamente no precipício sobre
a zona de perigo. Eu temia, com o passar dos minutos, que havia
muito pouco me impedindo de mergulhar primeiro naquele
penhasco.

Como se estivesse lendo meus hormônios, as palavras de


despedida de Maggie para mim foram: — Se você valoriza sua
sanidade, mantenha-o em suas calças. Ele não vai. — Então ela
me abraçou, me beijou e me deixou de pé na calçada com minhas
roupas novas e caras com Flynn, minha sombra sempre presente
e musculosa.
Então voei com a banda de Montreal para Toronto - primeira
classe; os ônibus da turnê viajaram ontem à noite para se preparar
para o show desta noite. Quando pousamos, fomos levados
rapidamente para um estúdio de TV onde Jesse deu uma
entrevista com uma audiência ao vivo, na qual ele respondeu a um
monte de perguntas sobre sua nova garota - eu. O que foi surreal
para mim, embora ele tenha lidado com isso com um
profissionalismo incrível. De alguma forma, ele o manteve leve e
misterioso, revelando poucos detalhes sobre nossa vida pessoal
enquanto confirmava que sim, ele e Elle eram uma coisa do
passado, e sim, ele estava de pernas para o ar por uma Katie
Bloom.

Louco.

Assisti dos bastidores enquanto ele dava autógrafos e


geralmente era apalpado por um monte de mulheres que o
adoravam, com as quais ele lidava com uma facilidade incrível. Ele
parecia satisfeito com a forma como estavam recebendo a
notícia. De acordo com Devi, #JessesGirl estava se tornando uma
tendência nas redes sociais, o que era uma coisa boa, eu acho, já
que Maggie também me disse que um grande aumento nos
downloads de músicas estava refletindo a empolgação dos fãs com
o novo amor de Jesse.

Embora isso não impedisse eles de se atirar nele.

No caminho para uma sessão de autógrafos em uma loja de


discos, vi uma garota, em plena luz do dia, tirar a blusa,
empurrando seus seios perfeitos e sem sutiã no rosto de Jesse e
pedindo a ele para assiná-los. O que ele fez com um grande
marcador preto permanente. A garota não poderia ter parecido
mais satisfeita se ele apenas tivesse plantado seu filho em seu
ventre.

Tentei fingir que não me incomodava. Porque, como namorada


de um astro do rock sexy pra caralho, você provavelmente tem que
se acostumar com esse tipo de coisa. Rápido.

Quando falhei em fingir que não me incomodava, fui em frente


e deixei que isso me incomodasse, para que pudesse processar e
deixar ir. Mas também falhei nisso.

◊◊◊

Naquela noite, depois de outro show massivo e esgotado, não


houve boates, o que provavelmente era uma coisa boa. A última
coisa que eu precisava era outra noite de beijos lentos e
fumegantes em público para realmente foder com minha cabeça e
me deixar com um caso violento de “clitóris azul”, como Devi tão
apropriadamente chamou quando mandei uma mensagem para
ela recapitulando a noite anterior dos eventos.

Enquanto Jesse ia fazer a passagem de som no início da noite,


deixei Devi me convencer a levá-la às compras – mantendo-a online
por mensagens de texto enquanto eu escolhia um vibrador.

Então pelo menos eu cuidei disso.

Após o show, embarcamos nos ônibus de turnê do Jesse e


dirigimos para a fronteira Canadá/Estados Unidos, em direção à
Buffalo. Jesse e eu estávamos dividindo um dos enormes ônibus
com Jude e Raf, o gerente de turismo, Mick e Kenny, nosso
motorista. Flynn, Letty, Pepper e um bando de caras da equipe
estavam em outro ônibus que tinha uma tonelada de beliches. O
nosso tinha quatro beliches para os rapazes e um grande quarto
na parte de trás, que pertencia a Jesse.

E agora, meu.

Desde que estávamos cruzando a fronteira, todos estavam se


comportando da melhor maneira possível. Sem bebedeiras ou
festas. O ônibus estava bem quieto, a maioria dos caras jogando
cartas no saguão. Aparentemente, tínhamos pelo menos duas
horas antes de chegarmos à fronteira e eu estava exausta. Sentei-
me na sala desenhando no meu caderno de esboços, mas todos
continuaram me dizendo para dormir. Eu não tinha ideia se Jesse
os havia incumbido disso, mas o próprio Jesse tinha desaparecido
nos fundos e eu podia ouvi-lo tocando um violão pela porta
aberta. Esperei o máximo que pude antes de vagar de volta para
lá, cansada demais para adiar o sono por mais tempo.

O quarto do ônibus da turnê era melhor do que o do meu


apartamento. Decorado em tons de creme e branco com móveis de
couro de mogno e linhas limpas e modernas, tinha iluminação
embutida, carpete felpudo e um grande armário com todos os tipos
de gavetas embutidas nas quais eu já coloquei algumas das
minhas coisas. Havia uma cama grande no meio. Jesse estava
sentado nela, enrolado em torno de um violão, embalando o braço
dele na curva de seu braço como um amante desmaiado enquanto
seu olhar escuro varreu sobre mim. Ele sorriu. Aquela boca
estupidamente linda... aquela barba por fazer de uma semana...
aqueles cachos de cabelo escuro e espesso... Deus, ele era
lindo. De um jeito muito fácil de foder.
Eu me lavei e me troquei no banheiro e, quando saí, as luzes
estavam fracas. Jesse já estava na cama.

Nu.

Aproximei-me da cama no meu pijama. — Então você


realmente sempre dorme nu? — Perguntei no meu tom mais
puritano.

— Sempre.

Ele já havia jogado o braço sobre os olhos, o pulso tatuado


virado para fora de forma que a carne macia da parte interna do
pulso ficasse exposta. Droga. Eu não conseguia superar o quão
sexy era ele quando fazia isso. Só queria beijar aquele pulso e
lamber as linhas longas e curvas de sua tatuagem - um conjunto
de asas que envolviam seu antebraço e se encontravam atrás das
costas de uma pequena figura em seu pulso interno. Um anjo?

Seu torso musculoso estava nu, o lençol ao redor de seus


quadris, e como sempre, ele chutou os cobertores no chão. Já
descobri que o homem esquentava; se eu não estivesse aqui, ele
provavelmente nem se importaria com o lençol.

Peguei um cobertor, apaguei a luz e deslizei para a cama,


puxando o lençol sobre mim e me enfiando embaixo do cobertor.

Meu coração bateu forte quando o senti se mover. Ele se


aproximou de mim, a cama afundando, me fazendo inclinar
ligeiramente para trás... e contra Jesse. Todo o comprimento de
seu corpo duro e quente, sob o lençol comigo.

Respirei, silenciosamente, e o ignorei.


Sua mão serpenteou sob o lençol; ele a colocou na curva da
minha cintura, apertando suavemente com força, e me puxou para
mais perto dele.

O filho da puta estava me acariciando. Nu.

— Vamos jogar um jogo — ele sussurrou, seu hálito quente


fazendo cócegas em minha orelha, sua voz baixa no escuro. — Na
verdade... vamos fazer uma aposta.

— Mmm — murmurei evasivamente, fingindo que estava meio


adormecida. Era realmente minha única linha de defesa. Meu
coração bateu forte no meu peito, meu pulso bombeando entre as
minhas pernas. Estava ficando muito quente aqui, muito rápido
pra caralho.

Infelizmente, eu ainda não tive a oportunidade de fazer um test


drive com meu novo vibrador, então todo o tesão da noite passada
só tinha sido agravado por sair com ele o dia todo, vê-lo no palco
esta noite e aguentar seus muitos beijos... quando ele subiu no
palco, quando ele saiu do palco, quando posamos para fotos
durante o dia. Eu apenas continuei aceitando os beijos, os
abraços, as apalpadelas familiares. Foi tudo apenas para mostrar,
apenas parte do ato.

Claro, nós não tínhamos exatamente uma audiência no quarto


atrás do ônibus da turnê no escuro, mas mesmo assim. Sabia que
ele estava tramando algo.

Quando ele passou a ponta quente e úmida de sua língua pela


parte de trás do meu pescoço, tinha certeza disso, mas ainda
estremeci, forte. Ele gemeu em resposta e empurrou mais perto,
então tive que empurrar para trás ou acabar achatada embaixo
dele. Ele correu a ponta do nariz pela minha nuca, pelo meu
cabelo, me fazendo estremecer novamente. Então ele sussurrou
em meu ouvido: — Aposto que você desiste antes de mim.

Mal.

O homem era puro mal.

Seus dedos se cravaram na minha cintura, me segurando


enquanto ele se mexia... encaixando seu pau muito grande e muito
duro na fenda no topo da minha bunda, na base da minha
espinha... desencadeando faíscas naquela zona erógena assassina
que foi conectada ao meu clitóris. Eu me engasguei e mordi,
sentindo o gosto do algodão enquanto comia o travesseiro mais
uma vez. Era como se o cara tivesse algum tipo de
manual. Pressione esses botões para deixar Katie louca.

Senti as cócegas de seu hálito quente na minha nuca enquanto


ele ria.

Enrijeci, afastando-me dele.

Foda-se isso.

O homem pensou que poderia me tocar como um


instrumento?

Joguei as cobertas de lado e tropecei para fora da cama no


escuro. Sim, estava com tesão por ele. Isso significava que eu ia
abrir minhas pernas e deixá-lo começar?

Nem tanto.
Comecei a tirar minhas roupas. Primeiro a camisola elástica,
depois a calça pijama e, por último, minha calcinha. No momento,
apesar da dor incessante entre minhas pernas que me dizia que
tudo o que eu realmente queria era que Jesse Mayes enfiasse seu
grande e lindo pau dentro de mim, o mais fundo que pudesse, e
me socasse como uma idiota, realmente não importava o quanto
eu o queria. De jeito nenhum terminaria como apenas mais uma
conquista em sua longa linha de corações partidos. Pior, algum
tipo de maravilha de uma noite que ele tira do seu sistema. Sim,
ele estava duro para mim neste minuto. Como é que os caras
chamam? Boceta disponível. Bem, eu estava definitivamente
disponível. Mas se eu desistir, o que acontecerá amanhã?

Tinha visto as fãs perseguidoras em seus shows, tentando


chegar aos bastidores. Talvez ele não fodesse nenhuma delas até
que nosso negócio fosse fechado, mas isso não significava que eu
seria capaz de manter seu interesse por mais tempo do que
qualquer uma de suas amantes anteriores, o que, aparentemente,
não durou muito.

Se a ilustre Elle mal teve um ano, eu teria sorte se tivesse uma


semana.

Dei a volta no outro lado da cama e me sentei atrás de


Jesse. Agarrei seu quadril e empurrei meu corpo nu contra seu
traseiro, exatamente do jeito que ele fez comigo.

Dois poderiam jogar este joguinho fodido.

Ele começou a se virar para mim, mas mordi seu lóbulo. Forte.

— Ai! Porra — ele reclamou.


Acalmei a dor lambendo sua orelha e, em seguida, seu
pescoço, do jeito que ele fez comigo. — Se você perder essa aposta
estúpida, — eu disse na minha voz mais doce, acariciando o cabelo
na nuca dele, assim como ele fez comigo, e empurrando minha
boceta contra sua bunda, — você toca em seu próximo show nu.

— De jeito nenhum, — disse ele, engolindo em seco. Sua voz


era baixa, áspera, sua respiração ficando mais rápida enquanto eu
deslizava contra ele. — Fiz isso com Dirty. Quando eu era mais
jovem e mais estúpido. Não estou fazendo isso no meu show solo.

Relaxei para longe dele um centímetro, meus seios ainda


tocando suas costas. Certifiquei-me de que ele sentisse meus
mamilos duros e inchados se arrastando contra ele. Sim, eu estava
me torturando, mas enquanto o estivesse torturando também, não
me importava. Corri a ponta do dedo por sua espinha e acariciei
aquele entalhe adorável no topo de sua bunda, o que o fez resistir
contra mim. O gemido que ele soltou me deu arrepios.

— Então acho que você não estará me fodendo — eu disse,


parecendo muito mais segura do que eu me sentia.

— Katie... — Ele soltou a respiração com os dentes cerrados


enquanto eu o acariciava novamente.

— Jesse — sussurrei.

Ele rolou para trás, quase me esmagando, mas saí do


caminho. Ele estava deitado de costas, olhando para mim quase
no escuro enquanto o ônibus avançava ruidosamente. Seus olhos
estavam na sombra, suas sobrancelhas escuras unidas. Seu
bíceps flexionou, sua mão movendo-se sob o lençol enquanto ele
se ajustava.
Esperava que ele estivesse com uma ereção do inferno.

— Você perde, — ele rosnou — e você me dá


um show privado. Nua.

Estiquei-me, vagarosamente, arqueando minhas costas e fingi


bocejar um pouco. — Não vou perder — murmurei enquanto me
aninhava no travesseiro e adormecia. Ou pelo menos fingia
dormir. Enquanto estava deitada lá doendo no escuro, realmente
não sabia quem eu estava torturando mais.

Jesse gemeu e resmungou. Abri um olho para espiá-lo. Ele


ainda estava de costas, e eu observei quando ele deu uma única
bomba em seu pênis, então disse — Porra — e jogou o braço sobre
os olhos em derrota.

E quando ele disse: — Você vai me matar, Katie Bloom — sorri.


Katie
Quando chegamos em Nova York alguns dias depois, eu, mais
ou menos, envolvi minha cabeça em toda a rotina do rock 'n' roll
maluco.

Cada noite era praticamente igual. Show. Fãs raivosas. Pós


festa. Pós pós-festa. Amasso falso.

Seguido por um caso violento de clitóris azul.

Mesmo nas noites em que não havia show, sempre havia


tantos eventos para ir, para “ser visto”, que parecia que Jesse
estava sempre se apresentando de alguma forma. Na verdade, era
muito inspirador estar perto de alguém que vivia sua paixão 24
horas por dia, sete dias por semana. E, claro, foi emocionante
receber parte dessa energia potente e sedutora.

De alguma forma, eu estava até conseguindo me segurar na


batalha insana de vontade também conhecida como nossa
pequena aposta fodida. Embora não me sentisse tão confiante em
ganhar a aposta como fingia estar. Simplesmente sabia que não
poderia perder.
Mas Jesse também não estava mostrando nenhum sinal real
de ceder.

Era nosso terceiro dia em Nova York, depois de dois shows


esgotados, e eu estava vagando pelo SoHo com Flynn depois do
almoço, entrando e saindo de lojas em busca dos presentes
perfeitos para Devi e minha irmã, quando Jesse me ligou.

Jesse nunca tinha me ligado antes.

Normalmente Flynn apenas coordenava minha agenda com


Jude e me levava onde eu precisava estar, que era onde Jesse
queria que eu estivesse. Os dias eram um pouco mais calmos do
que as noites, mas não menos lotados. Normalmente Jesse pulava
da cama no meio da manhã, muito antes de eu estar coerente, saía
para correr ou treinar com Jude e então passava algum tempo com
seu violão. A essa altura, eu já estava acordada e tomávamos o
café da manhã mais ou menos juntos, embora às vezes os outros
caras também entrassem e saíssem, e Jesse estivesse sempre ao
telefone, então não era exatamente um momento de qualidade. À
tarde tinha agenda com as entrevistas, encontros e aparições,
algumas das quais eu o acompanhava - principalmente aquelas
em que algum tipo de câmera estava envolvida. Não houve
nenhuma dessas hoje, e nenhum show, e ninguém ainda tinha me
dito o que estaríamos fazendo esta noite. Realmente não esperava
ver Jesse até a noite.

Mas aqui estava eu, parada na rua ouvindo o lento e sexy som
clássico de guitarra no início de Magic Man do Heart's,
completamente confusa sobre porque parecia estar saindo da
minha bolsa... quando me lembrei que Devi o tinha programado
no meu telefone como toque de Jesse antes de eu deixar
Vancouver. Tinha esquecido de mudar isso.
Flynn ergueu uma sobrancelha enquanto eu pegava meu
celular na bolsa. Corando, me virei e respondi. — Ei, Jesse.

— Ei, linda. Me encontre para um jantar mais cedo às


cinco? Flynn sabe onde.

— OK. Soa bem.

— Perfeito.

Ele desligou. Eu sorri para o meu telefone por um momento,


então o guardei e continuei comprando.

Pelo resto da tarde praticamente flutuei, leve em meus pés,


com essa sensação de felicidade estúpida batendo em meu peito.

Eu estava jantando com Jesse.

Nunca jantei com Jesse. Seus jantares eram sempre em


movimento ou durante uma reunião, enquanto eu comia comigo
mesma, Flynn ou quem quer que estivesse por perto quando eu
estava com fome.

Encontrei-o às cinco em um pequeno bar-bistrô descolado,


onde ele obviamente conhecia o dono. Fomos conduzidos a uma
mesa privada na parte de trás, atrás de uma parede parcial. Jude
e Flynn estavam na mesa mais próxima, que era longe o suficiente
para que ficássemos sozinhos.

Jesse me abraçou e me deu um beijo rápido. Apenas na


bochecha, mas ninguém podia realmente nos ver onde
estávamos. Então ele puxou minha cadeira para mim e disse: —
Você está sexy.
O que foi que eu fiz. Literalmente. Peguei um pouco de sol no
Central Park e estava tremendo de suor. Tinha vindo direto das
minhas compras e era um dia muito quente, então eu estava
usando um vestido de verão novo.

Jesse, como de costume, estava incrível em uma camisa de


botões branca de manga curta e jeans cinza bem gastos, os óculos
escuros puxados para cima em seu cabelo escuro e espesso.

Joguei minha bolsa na cadeira entre nós, meu caderno de


desenho saindo dela. Jesse pediu para nós e assim que o garçom
saiu com nosso pedido, ele perguntou: — O que é isso?

— Meu caderno de desenho.

Suas sobrancelhas se ergueram. — Você desenha?

— Às vezes — eu disse, passando manteiga em um


pãozinho. Na verdade, na primeira semana da turnê desenhei mais
do que no ano anterior; Eu já tinha feito um esboço de todos em
nosso ônibus de turnê e estava começando com os caras do outro
ônibus. Mas por alguma razão, não tive vontade de dizer isso. —
Então, você vem a este lugar sempre que está em Nova York?

— Geralmente. — Ele olhou meu caderno de desenho


novamente. — Eu vi você com ele na passagem de som. Achei que
você estava escrevendo. É como manter um diário.

Dei de ombros. — Eu só gosto de desenhar.

Nossas bebidas chegaram e eu mergulhei no meu SoCo e no


amaretto. Antes que eu soubesse o que estava acontecendo, Jesse
tirou o caderno de desenho da minha bolsa e começou a folheá-
lo. Bati minha bebida, um pouco mais forte do que pretendia, e
peguei o livro de suas mãos.

Suas sobrancelhas escuras se franziram. — O que é isso? Raf?

— Eu não sei. — Fechei o livro sobre o esboço do Raf. — Muita


gente lá. — Enfiei o livro de volta na minha bolsa e dei a ele meu
olhar feio mais sério.

— É muito bom pra caralho.

— Apenas algo para manter minhas mãos ocupadas. Cozinhar


em um ônibus de turnê parece improvável. — Tomei um gole de
minha bebida novamente, mantendo um olho nele desta vez, mas
ele não fez mais nenhuma tentativa de molestar minha
privacidade. — Você tem sua fixação oral, certo? Bem, eu tenho
uma coisa com minhas mãos.

Ele tomou um gole de seu uísque, que eu descobri ser sua


bebida preferida, me olhando por cima do copo. — Tenho algo que
você pode fazer com as mãos.

Doce Jesus. Ainda não tínhamos nem os aperitivos e o homem


já estava flertando. Não, não flertando. Atrevido. Por causa da
nossa aposta estúpida. E obviamente ele estava fazendo o possível
para me fazer perder o controle.

Mas tudo que tive que fazer foi me lembrar daquele “show
privado” que ele esperava se eu perdesse, e reuni minha
resistência.

— Não há necessidade, — eu disse friamente. — Ocupada o


suficiente desenhando Raf.
Os olhos de Jesse se estreitaram um pouco. Raf era um cara
de aparência interessante. Ele não era o deus do sexo que Jesse
era, mas tinha um sorriso fácil, atraente pele caramelo-macchiato
e um penteado maluco do Sideshow Bob30 que chamava bastante
atenção. Não era como se eu pudesse deixar Jesse Mayes com
ciúmes, mas suspeitei que seu ego gigante não gostaria que eu
fizesse um elogio a Raf, mesmo que indiretamente.

Evidentemente, estava certa. Ele olhou para o meu caderno de


desenho novamente, como se o estivesse matando por não
conseguir olhar dentro dele.

— E Dylan, — eu disse. Porque foda-se, sim, eu o desenhei


também, todo ele com quase dois metros de altura, kilt e tudo. —
E Zane, — eu acrescentei. Principalmente para ser cruel, mas era
verdade, o sexy viking do rock também estava lá.

Os olhos de Jesse se estreitaram ainda mais. — Cruel — disse


ele, e eu sorri.

Durante o resto do jantar, o caderno de desenho ficou entre


nós, provocando-o. Consegui direcionar a conversa para outras
coisas, brevemente, e fiz com que ele falasse sobre seu
dia. Aparentemente, sua irmã estava na cidade e ele deveria se
encontrar com ela, mas ela o dispensou, então ele acabou fazendo
algumas coisas com Jude e depois tendo uma reunião com alguém
de sua gravadora. Eu teria ficado feliz em ouvir mais, porque sua
vida parecia muito interessante para mim. Por um lado, eu nunca

30Dr. Robert Underdunk "Bob" Terwilliger Jr., PhD, mais conhecido como Sideshow Bob, é
um personagem convidado na série animada de televisão Os Simpsons.
estive em uma reunião com um executivo de gravadora. Por outro
lado, eu definitivamente não tinha uma irmã que era uma
supermodelo. Quer dizer, Becca era bonita e tudo, mas
merda. Pesquisei a irmã de Jesse no Google depois que ele me
disse o nome dela e, como descobri, Jessa Mayes era linda de
morrer e tinha sido modelo para mais marcas de moda do que eu
já tinha ouvido falar.

Mas tudo que consegui de Jesse sobre esse assunto foram


respostas de uma palavra. Sempre que tinha chance, ele trazia o
assunto do meu caderno de desenho novamente, perguntando há
quanto tempo eu estava desenhando e que tipo de coisas eu
desenhava. Respondi suas perguntas o mais vagamente que
pude. Nunca me senti confortável falando sobre minha arte. Talvez
porque tivesse tão pouco a mostrar para minhas aspirações. Mas
eu estava definitivamente gostando de assistir Jesse tentando
resolver isso.

O tempo todo, eu sabia o que ele estava realmente


perguntando. Ele queria saber se eu já tinha desenhado ele.

Não achei que ele realmente desistiria, mas no final do jantar,


enquanto ele me encarava enquanto eu terminava as últimas
mordidas na minha torta, eu quase quebrei. Em vez disso,
canalizei toda a minha frustração sexual lambendo o último
pedaço de recheio de fruta do meu garfo. Devagar. Foi mirtilo. Eu
teria pedido cereja se eles tivessem, mas ele entendeu. Até agora,
eu sabia que o cara devia estar explodindo nas costuras por falta
de sexo. Eu sabia que eu estava.

— Você vai me dizer se eu estiver no seu caderno, cherry pie?


— ele praticamente rosnou.
Claro que ele estava, mas eu não estava prestes a oferecer essa
informação. Seu ego estava bastante inchado.

— Por quê? Você estava se perguntando? — Deslizei meu garfo


de volta na minha boca para uma última lambida. A maneira como
ele observou minha língua contaminar o utensílio quase disse
tudo.

— Você sabe que eu estava.

Coloquei o garfo no meu prato vazio e encolhi os ombros. —


Vendo que você já tem seu ego acariciado várias vezes ao dia por
seus fãs apaixonados, realmente não pensei que você também
precisasse de mim para acariciá-lo.

Droga. Eu estava ficando muito boa nessa coisa de flertar. O


brilho ardente nos olhos escuros de Jesse me disse isso. Eu tinha
certeza de que o último retorno valeu a pena.

Sentei-me na minha cadeira, contente em saber que se seu


pau latejava com metade da força do meu clitóris, eu tinha feito
meu trabalho.

Para minha sorte, eu tinha algumas horas para queimar,


sozinha, de volta ao hotel depois disso. Bem, não sozinha. Com
meu novo amigo vibrante.

Jesse, coitado, tinha outro compromisso.

E como eu era apenas sua namorada falsa, realmente não era


problema meu.
Katie
Depois do jantar, Flynn me levou de volta ao hotel em seu carro
alugado. Todo o caminho até lá eu me perguntei se tinha levado as
coisas longe demais. Estava sendo uma vadia? Achei que
estávamos nos divertindo, mas o olhar ardente que Jesse me deu
ao entrar no outro carro com Jude estava me preocupando. Ele
nem mesmo disse adeus.

Estava tentando decidir se deveria mandar uma mensagem


para ele pedindo desculpas, quando Flynn nos estacionou em
frente ao hotel e deu a volta para abrir minha porta. Eu não
conhecia Jesse bem o suficiente para saber como lidar com esse
tipo de gafe. Eu nem sabia ao certo se o irritei ou se isso era apenas
parte do jogo dele. Talvez ele tenha pensado que eu era uma
provocadora e se arrependeu de ter me contratado, mas pelo que
eu sabia, ele só queria me fazer suar.

Saí do carro e quase caí quando Jesse apareceu do lado de fora


da porta.

Olhei para o outro carro, onde Jude havia parado atrás de


nós. Jesse agarrou minha mão, puxando-me com ele. — Saia —
ele ordenou a Flynn. Foi isso. Nenhuma menção sobre o que
estávamos fazendo ou quando ele estaria de volta enquanto me
puxava em direção ao hotel.

Corri para acompanhar seus passos largos. Ele caminhou pelo


saguão tão rápido que se alguma fã estivesse por perto, poderia
nem reconhecer seu borrão.

— Hum, você não tem um compromisso? — Pelo que eu sabia,


ele deveria dar uma entrevista de rádio com Raf em meia hora. Mas
ele apertou o botão do elevador e não disse nada enquanto
esperávamos que chegasse. Sua mandíbula era de granito, mas eu
não sabia ao certo se ele estava louco ou o quê.

Eu estava prestes a ser despedida?

Meu coração disparou. Eu nunca tinha sido despedida de


nada antes. Além disso, estava realmente começando a aproveitar
as vantagens desse trabalho.

O elevador chegou e a maior vantagem deste trabalho me


puxou para o elevador com ele. Um casal de idosos se juntou a
nós, mas assim que desceram no quinto andar e a porta se fechou,
comecei a me desculpar. — Jesse, eu...

Ele se virou para mim, colocou a mão na parte de trás da


minha cabeça e me beijou. Forte.

E puta merda, o homem sabia beijar.

Eu mal conseguia acompanhar as demandas de sua


boca. Cada vez que ele me beijava era diferente; desta vez foi
rápido, faminto e dominante, sua língua saqueando minha
boca. Meus joelhos dobraram um pouco e me agarrei ao colarinho
de sua camisa enquanto ele agarrava meu cabelo.
Jesse Mayes estava me beijando. Ele estava me beijando. Em
um elevador.

Onde ninguém pudesse nos ver.

— Ninguém... hum... aqui — consegui dizer entre


agarramentos de língua, me sentindo tonta enquanto o elevador se
acomodava.

— Não me importo — disse ele, e apertou sua boca contra a


minha novamente.

A porta do elevador se abriu e ele se afastou, me puxando pelo


corredor. Eu cambaleei atrás dele. O que diabos estava
acontecendo?

Ele me puxou para o nosso quarto, me empurrou contra a


porta e me beijou novamente. E eu o deixei. Eu o beijei de volta,
mais forte e mais rápido.

Então um pensamento feio saltou da piscina estonteante de


meus pensamentos.

A aposta.

A aposta filha da puta.

Ele estava tentando me fazer perder a aposta.

Afastei minha boca da dele, ofegante. — Espere — engasguei-


me.

— Cansado de esperar — ele ofegou, beijando meu pescoço.


— Faz apenas uma semana.

— Tente dois malditos meses — ele murmurou contra a minha


pele. — Nunca esperei tanto por uma garota. Qualquer porra de
garota.

— Dois meses? — Perguntei, confusa. — Desde que nos


conhecemos?

— Desde que filmamos o vídeo e comecei a pensar em fazer


isso. — Ele me agarrou sob meus joelhos, engatou minhas coxas
nuas em torno de seus quadris e empurrou contra mim. Enrolei
minhas pernas com força em torno dele e ele rosnou no meu
pescoço, me esfregando contra a porta como se quisesse me foder
através dela. — Porra, Katie — ele gemeu.

Quase perdi o controle ali mesmo. Era o tom de sua voz, como
se ele estivesse morrendo de fome por mim. Mas tentei como o
inferno manter minha cabeça. Porque eu não tinha ideia se podia
confiar em meus instintos nisso, ou se meus fios estavam apenas
entrando em curto com a sobrecarga hormonal.

Olhei para o teto. Tinha sido uma semana longa e agonizante,


e eu precisava gozar tanto que tinha medo de explodir em cima
dele se ele me olhasse errado. Eu ainda não tinha experimentado
meu novo vibrador. Porque fui uma idiota, aparentemente. Eu
tinha me metido no chuveiro algumas vezes, rapidamente, mas
isso mal estava me mantendo sã. Não estava nem perto de
satisfazer o desejo que eu tinha pelo homem atualmente envolto
entre minhas pernas para me foder até o inferno. E se ele
continuasse se esfregando contra mim assim... porra. Eu me senti
como um fio elétrico prestes a explodir em uma chuva de faíscas.
— E a aposta? — Ofeguei, empurrando seu peito para segurá-
lo enquanto ele chupava meu pescoço. — Como sabemos quando
alguém perde a aposta estúpida?

— Quem gozar primeiro?

Eu ri nervosamente. — Uh-uh. — Mordi meu lábio enquanto


ele corria sua língua pela minha garganta e mordiscava minha
orelha. A fixação oral do homem estava me transformando em uma
confusão ofegante e trêmula. — Quem tocar primeiro nas
guloseimas da outra pessoa.

Ele olhou para mim. — Guloseimas? — Aliás, as pontas dos


dedos dele estavam a poucos centímetros das minhas, já que suas
mãos estavam cavando na minha bunda enquanto ele me agarrava
com força contra ele.

— Você sabe o que eu quero dizer. Pau. Boceta. Sem tocar.

Poderia jurar que vi as chamas ganharem vida nas


profundezas escuras de seus olhos enquanto ele passava a língua
sobre o lábio. — Eu gosto quando você diz palavras sujas. — Então
ele beijou seu caminho pela minha garganta enquanto eu agarrava
suas costas musculosas, tentando não me dissolver em uma poça
de êxtase.

— Qual é o problema, Jesse? — Praticamente ronronei,


fingindo como o inferno que isso não estava me deixando
louca. Talvez eu fosse uma boa atriz. — Você quer tocar minha
boceta?
Ele rosnou e me pegou, puxando-me para a cama. Gritei
quando ele me girou e ri, novamente nervosa, enquanto ele me
jogava de costas na cama.

Jesse não estava rindo enquanto me seguia de joelhos na


cama. — Essas são palavras de luta, mulher. — Ele enganchou
seus braços sob minhas pernas e me puxou em sua direção, então
meu vestido se amontoou em volta da minha cintura e minha
virilha acabou em seu colo. Então ele se abaixou sobre mim,
empurrando a protuberância dura em sua calça jeans contra mim.

Antes que eu pudesse protestar, ele me beijou. Em seguida,


arrancou a camisa, perdendo pelo menos um botão no
processo. Ouvi bater na parede enquanto agarrei a colcha debaixo
de mim, tentando resistir a colocar minhas mãos em seu peito
nu. Mas enquanto ele empurrava contra mim, eu não pude evitar
de andar para cima e para baixo no pacote duro em sua calça
jeans. Seu calor estava encharcando o algodão fino da minha
calcinha, criando uma fricção quente e enlouquecedora.

Ele puxou meu vestido de verão e sutiã para baixo, expondo


meus seios. Então ele se inclinou e gemeu, passando a língua
sobre o bico de um mamilo enquanto eu ofegava embaixo dele.

Porra. Demais. Muito rápido.

— Isso não estava na sua lista de não toque... — Ele bateu no


meu mamilo duro e latejante com a língua e eu me
engasguei. Foda-se - totalmente não era. Supervisão
importante. Agarrei seu cabelo em punhos querendo detê-lo.

Ele não parou.


Ignorou totalmente meu aperto em seu cabelo e minhas
tentativas de me contorcer para longe, e chupou meu mamilo em
sua boca.

Eu gritei.

Meu coração estava acelerado, como um trem em fuga. Tentei


relaxar, cedendo por apenas um segundo para que meu coração
não explodisse. Tentei organizar meus pensamentos
embaralhados, mas as palavras estavam falhando totalmente.

Tentei raciocinar que ele estava tentando me fazer perder.

Sabia que ele estava, e não podia me dar ao luxo de perder


para ele. Se eu fizesse isso, estaria me preparando para um mundo
de dor. Um mundo em que Jesse Mayes poderia me usar e me jogar
fora como a cama de ontem.

Eu definitivamente queria deixá-lo arrancar minhas roupas e


me foder, repetidamente, mas eu não podia. Assim não. Não
quando eu não sabia se era apenas sobre a aposta ou apenas sobre
ele querer algo que não poderia ter, ou sobre qualquer outra coisa
além dele apenas me querer.

— Espere — eu disse, mas parecia ofegante e excitada e


poderia muito bem ter gritado, Mais, por favor! Ele rosnou algo
contra minha pele enquanto lambia seu caminho para o outro
mamilo. Ele mordeu minha carne tensa com os dentes e o prazer
disparou direto para o meu clitóris. Eu estava latejando, ofegando,
desesperada por mais...

O que estava bem, disse a mim mesma. Estava tudo bem


porque eu tinha minha arma secreta. Eu tinha meu vibrador
novinho em folha e estava mais do que pronta para levá-lo para
um teste. Eu até carreguei ontem enquanto Jesse estava na
academia. E eu não tinha mais nada para fazer nas próximas
horas.

Jesse, por outro lado, tinha um compromisso para ir.

— Espere. Pare — ofeguei, um pouco mais veementemente, e


ele ergueu a cabeça. Seus olhos nublados de luxúria fixaram-se
nos meus. Eu estava tão envolvida em lutar contra minha própria
resposta que ainda não tinha percebido a dele; o homem ofegava
como um animal muito grande e com muito tesão.

Houve uma batida na porta. — Jesse? Katie, você está aí?

Raf. Provavelmente se perguntando onde diabos Jesse estava.

— Chegando! — Gritei.

Jesse olhou para mim. Eu apenas sorri, trêmula, e uma vez


que ele se desembaraçou e levantou seu corpo grande e duro do
meu, coloquei meus seios longe. Então me levantei e corri até a
porta para deixar Raf entrar antes que Jesse pudesse me impedir.

Não ouvi nada que os dois disseram. Eu apenas sorri e


observei os lábios de Raf se moverem e acenei com a cabeça para
o que achei serem os lugares apropriados. Não olhei para
Jesse. Ou sua virilha. Embora eu estivesse morrendo de vontade
de saber como ele estava conseguindo disfarçar e/ou domar sua
ereção.

Pelo canto do olho, eu o vi vestir uma camisa nova. Ele me deu


um beijo de despedida e me deu um olhar arrependido e acalorado,
então eles se foram.
Encostei-me na porta fechada por vários minutos apenas
ouvindo meu batimento cardíaco batendo em meus ouvidos,
lembrando em detalhes dolorosos e latejantes como Jesse tinha me
jogado contra esta porta minutos antes. Encarei a cama
desarrumada onde estávamos nos beijando como demônios.

Sem audiência.

Merda.

Eu nem me importava mais com a aposta idiota, embora não


gostasse de deixar o homem ganhar. Eu definitivamente não
queria ser seu último foda-me e esqueça-me. Mas eu realmente
não sabia por quanto tempo mais poderia aguentar e manter
minha sanidade.

Eu estava literalmente tremendo de desejo.

Mergulhei no fundo da minha mala e abri o zíper do


compartimento onde havia escondido o vibrador e o
lubrificante. Eu nem me incomodei em me despir. Simplesmente
me joguei na cama, exatamente onde estava quando Jesse estava
em cima de mim, e me apoiei em alguns travesseiros. Eu ainda
podia sentir o cheiro dele em mim. Se trabalhasse rápido... sim, se
eu me concentrasse, ainda poderia senti-lo.

Puxei meu vestido de verão e meu sutiã, exatamente como ele,


e passei meus dedos sobre meu seio, imaginando o que ele sentiu
quando me lambeu ali, quando chupou meu mamilo em sua
boca. Levantei meu vestido para chegar na minha calcinha e mexi
um pouco para baixo.
Embalei o vibrador na palma da minha mão. Era de um rosa
brilhante iridescente, com a forma de um charuto pequeno e
achatado com uma ligeira curva em uma das pontas. Eu o
configurei para zumbir em uma de suas muitas configurações; o
zumbido era constante, mas não irritantemente alto. E por mais
que eu preferisse gozar com Jesse, estava incrivelmente aliviada
por finalmente fazer isso.

Repetidamente.

Eu simplesmente não aguentava mais, porra.

Espremi um pouco de lubrificante no vibrador. Era com sabor


de cereja e cheirava muito bem. Pensei em como Jesse me chamou
de torta de cereja e mordi meu lábio.

Quando corri a vibração entre minhas pernas, eu


praticamente imaginei que era a mão dele. Ou seu pau. Ou seu
pau na mão. Acariciando-me, para cima, para baixo, ao
redor. Objeto zumbindo à parte, não era difícil imaginar. Eu só
estava fantasiando sobre isso desde o dia em que o conheci.

O vibrador enviou um zumbido agradável pelo meu núcleo e


eu relaxei com a sensação. Quando corri a extremidade curva e
escorregadia sobre meu clitóris e imaginei que era a língua de
Jesse, a pressa foi tão intensa que tive medo de gozar em dois
segundos, então afastei essa linha de pensamento. É melhor
aproveitar isso um pouco.

Tentei apenas me concentrar na minha respiração e não


imaginar Jesse, mas quando fiz isso, tudo o que consegui imaginar
foi Jesse. Senti seus beijos famintos no meu pescoço, suas mãos
fortes na minha bunda, seu corpo duro e bombeando calor no
meu. Ouvi a batida do cartão-chave e o clique da maçaneta da
porta, mas minha reação demorou. Quando a porta se abriu, pulei,
puxando um travesseiro de trás da minha cabeça. No momento em
que Jesse entrou no meio da sala e a porta se fechou atrás dele,
eu tinha acabado de me cobrir com o travesseiro. Mais ou menos.

Jesse apenas ficou lá, olhando para mim.

O vibrador ainda zumbia na minha mão. Demorou algumas


tentativas, mas consegui desligá-lo e joguei-o na cama como uma
batata quente. Como se ele já não tivesse notado.

Atingiu a cama e saltou para o chão, caindo aos pés de Jesse.

Ele olhou para isso e depois para mim. Seu olhar varreu meu
corpo, que agora estava enrolado no travesseiro como um coala, e
finalmente pousou no vibrador novamente. Ele o pegou e olhou.

Então ele ligou.

Sim. Eu estava prestes a morrer.

O vibrador zumbiu no punho de Jesse. Seu olhar desviou dele


para mim. Meu rosto ficou vermelho e meu cérebro lutou por
palavras. Diga algo. Qualquer coisa!

— Eu... hum...

Ele desligou o vibrador. Então engoliu em seco, arrastou seu


olhar sobre mim novamente e jogou o vibrador na cama.

— Porra — disse ele.


Ele se virou, esfregou a nuca, olhou em volta como se tivesse
esquecido o que estava fazendo e tentou agarrar desajeitadamente
algo no chão. Então ele se voltou para mim. — Esqueci meu... —
Ele ergueu o celular, que deve ter caído do bolso quando estávamos
conversando. Ele olhou para mim.

Eu mordi meu lábio.

— Porra — disse ele novamente. Então ele se ajustou em sua


calça jeans e saiu.
Jesse
Eu estava sentado em algum clube em Atlanta em uma mesa
coberta de bebidas, meus meninos se reuniram, falando merda e
bebendo. Era sexta-feira à noite, depois do show. Dançarinas
seminuas se moviam em postes entre as mesas. A pista de dança
estava lotada, uma massa de corpos bombeando no escuro.

Flynn estava se esforçando muito para manter sua distância


profissional de alguma loirinha gostosa que estava implorando
para que ele dançasse com ela. Mick tinha uma ruiva perdida em
seu colo. A esposa de Letty tinha vindo da Flórida e os dois
estavam se pegando, a mão dele espalmada possessivamente sobre
a protuberância redonda de sua barriga grávida.

Ao meu lado estava um assento vazio. Pensando sobre isso,


porra, ele esteve vazio por um tempo.

Que foi quando realmente me atingiu.

Tudo começou algum tempo depois de Nova York. Depois que


eu encontrei Katie tendo um doce orgasmo com um vibrador de
sabor de cereja.
Mas foda-se se eu soubesse por que começou.

Antes disso, eu sabia que ela gostava de


mim. Mas caramba. Nunca pensei que encontraria a mulher
dando prazer a si mesma entre o jantar e as bebidas. Se eu tivesse
tido tempo para fazer algo sobre isso naquele momento. Mas ela
não tinha exatamente me pedido para participar. Ela apenas ficou
lá sentada parecendo super envergonhada, enquanto fiquei lá me
sentindo um idiota por invadir. Como se talvez eu devesse ter
batido na porta? Na porta do meu quarto de hotel?

Corei quente como a porra de uma criança da escola, meu pau


ficando duro quando eu me lembrava disso. Eu ainda podia vê-la,
deitada na cama, com as bochechas rosadas, o cabelo escuro
agarrado ao pescoço, ainda úmido com o suor da nossa sessão de
amassos, seus seios nus me saudando enquanto ela lutava com
um travesseiro tentando cobrir, agarrando-se à coisa como a porra
de um colete salva-vidas.

Ela jogou o vibrador longe como se estivesse pegando fogo e,


porra, sim, eu o peguei. Eu tinha a coisinha rosa na minha mão
enquanto eu estava lá olhando para ela, sangue trovejando no meu
pau. Eu cliquei nele. A vibração era forte e eu podia sentir o cheiro
dela nele. Sol, cereja-baunilha e sexo puro.

Eu estava com uma ereção beirando a dolorosa quando


arrastei minha mente para fora da memória, toda a luxúria
reprimida de cada sessão de amassos que tivemos desde o início
da turnê doendo em cada pulsação de sangue através de minhas
veias. Eu queria transar com ela sem sentido todos os malditos
dias.

Mas eu ainda não tinha feito isso.


Principalmente porque a garota estava jogando dessa
forma. Todas as noites, quando eu ia para a cama, ela já estava
dormindo. E eu nunca tive outra chance do caralho.

A costa leste foi um ciclone louco de shows, entrevistas,


aparições, contratações. A turnê estava indo muito bem e o álbum
estava vendendo melhor do que eu jamais sonhei, mas eu mal
conseguia manter minha cabeça correta. Eu estava tão lotado, na
metade do tempo eu nem sabia que horas eram ou em que cidade
estávamos ou que merda era o fim. Jude e Mick estavam
praticamente mantendo minhas coisas sob controle. Dirty tinha
uma multidão de seguidores no leste e eu queria ver cada porra de
rosto de cada fã de merda enquanto eu estava aqui. Isso é o que
eu disse a Brody quando a equipe decidiu reservar esta coisa.

Mas em algum lugar ao redor de DC, comecei a lamentar o


ritmo frenético... bem na hora em que afundou na minha cabeça
dura que Katie estava ficando distante. Por algum motivo, sua
cabeça não parecia mais estar no jogo.

Seu corpo era outra coisa. Ela fez seu trabalho e fez bem. Ela
desempenhou seu papel para a porra de uma profissional, e ela
parecia incrível fazendo isso. Para todas as aparências, ela ainda
estava louca por mim, minha namorada dedicada, pendurada nos
bastidores, no meu braço em todos os eventos, lutando contra mim
em todas as casas noturnas que visitamos. Sempre que eu queria
- em público - ela estava lá, quente e pronta. Mas ela estava
segurando algo... segurando-se, e eu não tinha ideia do porquê.

A garota estava fazendo tudo que eu a contratei para fazer, e


você pensaria que isso seria o suficiente para
mim. Aparentemente, não era pra caralho.
Olhei em volta da mesa, mas minha suposta namorada não
estava em lugar nenhum.

Correção. Ela definitivamente poderia ser vista. Ela podia ser


vista por todas as pessoas na porra do lugar, de pé no bar elevado,
sua saia curta subindo por suas coxas brancas cremosas
enquanto ela se inclinava para chamar a atenção do barman. Ela
estava parada entre Pepper, que estava ocupado conversando com
algum cara do outro lado dele, e algum idiota aleatório com um
moicano que estava olhando sua bunda. Enquanto eu observava,
o moicano se inclinou e acidentalmente de propósito bateu nos
ombros dela, puxou conversa e pagou uma bebida para ela.

Engoli vários dedos de bourbon, deixando o licor aquecer meu


sangue.

Assisti enquanto o corte de cabelo fazia algum tipo de piada


brilhante do caralho. Eu sabia que era brilhante porque Katie
riu. Uma risada sincera de Katie, sua cabeça inclinada para trás,
seus dentinhos brancos perfeitos aparecendo, suas bochechas
rosadas e seus olhos brilhando de prazer pra caralho. O cara era
um maldito comediante ou algo assim, porque eu não a via rir
daquele jeito há dias.

E eu não aguentava, porra.

Não absorvi uma palavra do que Mick ou Raf ou quem quer


que estivesse gritando em cada lado de mim, ou o que qualquer
outra pessoa em nossa mesa estava dizendo, e nossa mesa estava
fodidamente alta. Tudo o que ouvi foi aquela risada. Ouvi na
minha cabeça, porque eu realmente não conseguia ouvir por causa
do barulho do clube e da versão pesada e grave de Can't Feel My
Face do The Weeknd batendo contra as paredes e fazendo os
quadris de Katie balançarem naquela minúscula saia.

Tudo o que vi foi Katie sorrindo para aquele idiota de moicano


enquanto ele sorria para ela pensando em como ele iria conquista-
la. E eu poderia imaginá-lo pensando que iria conseguir. Eu
poderia levá-lo comprando uma bebida para ela e pairando sobre
ela tão perto que seus nós dos dedos, enrolados em sua cerveja,
acidentalmente-mas-totalmente-de-propósito roçaram contra seu
peito. Eu poderia até aguentar quando ele começou a apresentá-la
a seus amigos como se ele a conhecesse. Como se ele estivesse
aqui com ela e eu não.

Mas eu não aguentava aquela merda de risada. Aquela alegria


pura e irrestrita de Katie saindo de sua boca rosa perfeita.

Ele poderia muito bem tê-la feito gozar bem na minha frente.

Bati meu copo na mesa, o que Raf interpretou como


significando que eu precisava de mais e mandou outro uísque na
minha direção. Eu bati de volta e flexionei minha mão, dando uma
boa olhada nos anéis em meu punho enquanto Raf me enchia
novamente.

Claramente, havia dois movimentos que eu poderia fazer.

Um, eu poderia ir até lá e fazer algo estúpido como quebrar a


cara desse idiota qualquer com um punhado de metal. E ver tudo
na Internet em cerca de cinco segundos.

Dois, eu poderia me sentar aqui como um maricas e deixar


Jude lidar com isso.
Meu melhor amigo fez a escolha por mim. Boa coisa, porque
eu estava a cerca de três segundos de fazer uma cena importante
da qual me arrependeria. Mas Jude, como sempre, me protegeu
antes mesmo de eu saber que precisava dele.

Observei-a caminhar e inserir seu corpo largo no espaço


estreito entre Katie e o moicano. Katie irradiou seu sorriso doce
direto para Jude, mas grande surpresa do caralho, o sorriso do
moicano sumiu de seu rosto como se Jude tivesse acabado com
ele. Então ele deu o fora dali e voltou sua atenção para outro
lugar. Não apenas um comediante, então; inteligente também.

Jude pediu algumas doses e Katie pegou a que ele entregou a


ela. Eles brindaram, engoliram a bebida e voltaram para a nossa
mesa, Katie aparentemente alheia que algum cara tinha acabado
de tentar levantar a saia dela e quase deu de cara com alguns
dentes quebrados.

Jude a trouxe na cadeira ao meu lado, onde ela mal passou


cinco minutos desde que chegamos. Seu sorriso
desapareceu. Uma pequena careta apareceu em seu lugar quando
olhou para mim, as sobrancelhas franzidas. Ela se inclinou. —
Qual é o problema?

— Nada, — eu disse, bebendo minha bebida. — Não é uma


coisa. Só vendo minha garota pegar uma bebida.

Ela olhou para mim por um momento, a pequena careta se


contraindo nos cantos de sua boca. Então ela se inclinou para
trás, acomodando-se em sua cadeira enquanto olhava para a pista
de dança, batendo os pés ao som da música.
Inclinei-me mais perto para ter certeza de que ela me ouviu. —
Aquele cara sabe que você está aqui comigo?

Ela se virou para mim novamente, a carranca se


aprofundando. — Qual cara?

— O cara com a porra do moicano.

— Oh. — Seus olhos se arregalaram um pouco. Eu não sabia


o que diabos isso significava, mas não gostei. — Ele tinha um
padrão legal na lateral. — Ela fez um movimento giratório com o
dedo na lateral da cabeça.

— Ele sabe que você está aqui comigo?

— Estou aqui com você — disse ela. Então ela se levantou e


balançou sua bunda sexy na borda da minha cadeira. Ela se
apertou contra mim e olhou para mim por cima do ombro. —
Viu? Olhe para mim, fazendo meu trabalho.

Ela tomou um gole de sua bebida, seus olhos nunca deixando


os meus, e lá estava de novo. A distância, embora ela estivesse tão
pressionada contra mim que eu podia sentir o calor de sua coxa
nua através do meu jeans.

Coloquei meu braço em volta dela. Ela relaxou contra mim,


seu corpo preso ao meu lado, onde ficou pelo resto da noite.

◊◊◊
— Que porra é essa?

Joguei o caderno de desenho de Katie a seus pés. Ela tinha


acabado de sair do banheiro enrolada em um roupão de hotel, seu
cabelo todo brilhante e molhado. Eu fiquei lá de cueca, olhando
para ela, meio duro com o mero cheiro dela toda quente e úmida
do banho.

Ela olhou para o caderno de esboços, aberto para o esboço


mais recente - um cara com um moicano e algum padrão
espiralado raspado ao lado de sua cabeça.

Então ela olhou para mim, me examinando da cabeça aos pés


com seus grandes olhos azul esverdeados, aparentemente
impressionada como a merda com o que quer que ela estivesse
vendo.

Eu estava bêbado. Praticamente porque estava chateado, sem


nenhum motivo real, e estava cansado, irritado e com ciúmes pra
caralho, o que não era um sentimento que eu conhecia bem ou
emocionado pra caralho de estar sentindo. E sim, eu sabia que
bêbado não era a maneira de abordar uma conversa que com
certeza iria dar tudo errado, a menos que eu quisesse piorar.

Eu não queria piorar as coisas. Mas queria brigar. Ou foder.

Não. Na verdade, eu realmente, realmente, realmente queria


foder.

Eu queria transar com Katie Bloom.

Em vez disso, apenas vasculhei seu caderno de desenho, que


ela havia deixado de fora e obviamente estava desenhando.
Enquanto eu tomava meu banho. Sozinho. Com a imagem de Katie
rindo na minha cabeça... parada ali no bar conversando com um
estranho com um moicano idiota e sorrindo como se eu não a tinha
visto sorrir na minha direção há dias.

Porra.

Se alguém pudesse ter visto.

O astro do rock Jesse Mayes se masturba no chuveiro, de novo,


porque prometeu a uma garota com quem nem está dormindo, que
não transaria com mais ninguém.

Idiota do caralho.

— Esse é o meu caderno de desenho — disse Katie, ainda me


encarando.

Levantei meu queixo para o cara na página. — Esse cara sabe


que você é minha namorada?

Seus olhos se estreitaram ligeiramente. Ela estava ficando


brava, eu tinha certeza, o que só me deixou mais bravo pra
caralho. — Eu não sou sua namorada — ela disse.

— Resposta errada. — Aproximei-me dela e cheguei perto,


olhando-a nos olhos. Ela parecia irritada e, pior, preocupada pra
caralho, como se ela estivesse preocupada que eu tropeçasse no
meu estado bêbado e quebrasse minha cabeça. — O acordo é que
você é minha, porra, pelas próximas quatro semanas. Isso significa
que sua bunda pertence a mim. Isso significa que você não flerta
com caras em bares quando estou de costas.

Ela parecia surpresa, e a pior coisa ainda: magoada.


— Você está bêbado, Jesse. Vamos conversar de manhã.

— Isso é sobre eu entrar e você ficar ocupada com seu


amiguinho rosa?

Ela piscou para mim, parecendo envergonhada de novo. — O


que diabos isso tem a ver com isso?

— É isso que estou perguntando. Você mal sorriu para mim


desde então.

— Bem, me desculpe por não ter sorrido para você o


suficiente. Eu não sabia que havia uma cota diária que eu deveria
atingir.

— Então você está chateada porque não transamos, ou por


que quase transamos?

— O que?

— Você me disse para parar. O que você queria que eu fizesse,


continuasse?

— Não — ela bufou, mas parecia uma mentira do inferno.

— Bem, algo está incomodando você. Você nunca vai me dizer


o que é? — Inclinei-me mais perto, até que meu nariz quase bateu
no dela. — Ou é porque você estava prestes a perder a aposta?

— Isso não é verdade.

— Não? Você não estava prestes a perder a cabeça se Raf não


tivesse batido na porta?
Suas pequenas narinas dilataram-se, suas bochechas ficaram
rosadas por um motivo totalmente diferente do que eu
normalmente gostava. — Você era aquele que estava prestes a
perder a cabeça. Eu estava no controle.

— Certo.

— Foi você quem começou a flertar comigo no


jantar. Fiquei mais do que feliz em voltar para o hotel sozinha e
acabar com meu amiguinho rosa. Foi você quem me perseguiu lá
e fodeu meu rosto com a língua no elevador.

— Fodeu com a língua? — Eu ri. — Querida, eu fodo você com


a língua, não estou fazendo isso com seu rosto.

Ela me encarou.

Então ela respirou fundo e soltou o ar entre os dentes,


lentamente, como se estivesse resistindo à vontade de me
estrangular. — Eu não flertei com aquele cara intencionalmente —
ela disse calmamente. — Ele era engraçado. Eu ri.

— Ele queria transar com você.

Agora ela parecia chateada novamente. — Então? Metade das


mulheres na sala queria transar com você. E a outra metade
queria chupar você quando seus namorados não estavam
olhando. E é assim em todas as salas em que estamos.

Recuei, todos os pensamentos parando. Completo


engarrafamento de trânsito na minha cabeça.

Esfreguei minha mão pelo meu cabelo, me sentindo muito


cansado. — Isso te incomoda?
Ela colocou os braços em volta de si mesma. — Hum, sim,
Jesse. Isso meio que me faz parecer uma idiota.

— Como?

— Porque você fode tudo. Você flerta, você abraça, você assina
seios. E eu simplesmente fico lá.

Eu a encarei. Ela olhou de volta, sua boca curvada em um


beicinho de raiva.

— Bem... talvez eu precise prestar mais atenção. — Pisquei


para aqueles lábios rosados e carnudos, me sentindo um idiota
completo com um lado de idiota bêbado.

— Talvez você queira.

Ela me encarou.

Eu encarei de volta.

Então ela se virou e voltou para o banheiro.

Chutei seu caderno de desenho para o outro lado da sala, em


seguida, afundei na cama. Tirei minha cueca, me afundei sob o
lençol e esperei que ela voltasse enquanto eu lutava contra a
sensação de girar, as ondas de sono e os ecos de Can't Feel My
Face latejando em meu crânio em um loop infinito.

A próxima coisa que registrei foi Katie, em pé ao lado da cama


em seu roupão de banho olhando para mim, silhueta na luz do
banheiro, que era brilhante pra caralho.

— Katie — eu me ouvi dizer.


Meus olhos estavam fechados quando ela se deitou. Senti seu
calor e seu cheiro de cereja e baunilha. Ela deitou a cabeça no
travesseiro ao meu lado e suspirou.

E mesmo no escuro, no silêncio retumbante, senti a distância.


Katie
Meu namorado falso estava de ressaca.

Na verdade, foi meio fofo. Isso também diminuiu minha


frustração com o que aconteceu na noite passada.

Observei-o arrastar sua bunda sexy para fora da cama, nu, e


caminhar para o banheiro, esticando seu corpo esculpido
enquanto caminhava. Eu nunca o tinha visto assim antes, todo
grogue e trôpego. Ele tropeçou um pouco, resmungou e bateu a
porta e eu apenas sorri. Foi a primeira vez desde o início da turnê
que eu saí da cama antes dele.

Ele emergiu alguns minutos depois. — Serviço de quarto. —


Ele olhou para mim com um olho aberto e o outro bem fechado
como se a luz o estivesse matando. — Omelete, — ele
resmungou. — Suco.

Dei um beijo na bochecha dele. — Eu estou trabalhando


nisso. Tome um banho e não quebre nada. — Então, acrescentei
alegremente: — Você tem um show hoje à noite.
Confuso, ele lutou para abrir o outro olho e se concentrar em
mim.

— Estou brincando!

Ele gemeu e tentou me apalpar, mas me esquivei da tentativa


desajeitada. Ele resmungou e desapareceu no banheiro.

Depois do banho, ele parecia muito melhor. Pelo menos ele


estava com os dois olhos abertos e conseguiu se vestir. Ele não
falou muito. Comeu metade da omelete, então Jude apareceu e
para minha surpresa, eles foram para a academia.

O que me deixou algum tempo para avaliar enquanto


terminava meu café da manhã. À luz da manhã, as coisas
pareciam um pouco mais claras do que na noite anterior.

Apesar do meu recente período de seca romântica do tamanho


do Saara, eu não estava totalmente sem noção. Eu sabia que
Jesse devia estar nervoso com a nossa, hum... situação
fodida. Não poderia ser fácil para um cara sair com uma garota
todas as noites, depois dormir sozinho, ou pior ainda, ao lado da
mesma garota, e não ser capaz de transar com ela. Especialmente
para um cara que não estava acostumado a ter que esperar - como
ele disse, por qualquer garota do caralho. Provavelmente parecia
que ele estava sendo punido, quando ainda não tinha feito nada
de errado.

Continuei usando a desculpa de que estava cansada do ritmo


louco da vida na estrada para que pudesse dormir antes que ele
tivesse alguma ideia sobre me apalpar. O que era meio verdade -
eu sempre estava pronta para cair na cama no final da noite, mas
definitivamente estava evitando outro beijo quente em particular,
porque não havia nenhuma maneira no inferno que eu poderia
impedi-lo se o homem começasse a lamber meu mamilos
novamente.

Até agora ele tinha sido um cavalheiro sobre isso, mantendo


as mãos ao lado da cama e me deixando dormir, o que só estava
piorando as coisas. Talvez isso fosse mais fácil se ele ficasse
insistente e me desse um motivo para mandá-lo se foder. Então eu
teria uma desculpa conveniente para fugir e evitar todo o
problema.

Eu era muito boa em evitar coisas. Era uma espécie de


mecanismo de sobrevivência para mim.

Mas eu não queria fugir de Jesse. Queria ficar, embora


estivesse prestes a enlouquecer de desejo. Ele estava totalmente
certo; Eu estava chateada por ele não ter me fodido ainda. Eu
estava chateada porque se eu cedesse e fodesse ele, eu me
arrependeria. Fiquei chateada porque isso não poderia ser apenas
fácil, e chateada comigo mesmo por tornar isso tão difícil. Eu
estava chateada pra caralho que ele ainda estava flertando com
suas fãs noite e dia, bem na minha frente. Eu tinha um clitóris
azul épico, não tinha ideia de como o cara se sentia por mim,
exceto, aparentemente, me achando fodível, e estava com medo de
me deixar levar pela grandiosidade do homem e terminar com meu
coração despedaçado.

E agora ele estava chateado porque um cara em um bar me


pagou uma bebida?

Seriamente. Eu não conseguia nem começar a fazer uma


leitura sobre o homem. Embora eu pudesse admitir para mim
mesma que o ver completamente fora de forma por causa disso me
deu um pequeno vislumbre de esperança de que ele
realmente gostasse de me ter por perto, e não apenas por causa
do que eu estava fazendo por sua carreira.

O problema era que eu ainda não sabia o que ele queria, a não
ser que eu fizesse meu trabalho e talvez eu fizesse outro
paralelamente.

Ele estava só pensando nisso? Tipo, o que aconteceria depois


que ele me fodesse?

E depois que a turnê acabasse?

Merda.

Afastei meu prato inacabado. Eu não conseguia nem comer


quando pensava sobre o que eu ia fazer da minha vida. Porque a
verdade é que eu não tinha ideia de como iria me despedir de Jesse
Mayes.

◊◊◊

Passei o resto do dia fazendo compras e desenhando enquanto


Jesse ia para algumas entrevistas. Jantei com alguns caras no
hotel, depois todos entraram nos ônibus e passamos a noite na
estrada. Estávamos indo para a Flórida para alguns shows, e as
coisas entre Jesse e eu parecia bem. Ele estava muito quieto, um
pouco reservado, mas ele se sentou ao meu lado e continuou
fazendo seus olhos ardentes de foda-me, então eu tinha certeza de
que as coisas estavam tão normais como sempre entre nós, se não
ainda um pouco tensas.

Até agora eu percebi que as coisas sempre seriam um pouco


tensas, a menos que rasgássemos a roupa um do outro e
fodêssemos por cerca de um dia e meio. O que eu não conseguia
parar de pensar em fazer. E toda vez que Jesse fazia algo
remotamente bom, como me passar uma garrafa de água ou
perguntar se eu queria algo para comer ou dizer a Pepper para
calar a boca quando eu estava tentando dizer uma palavra, eu o
queria um pouco mais.

Era possível uma overdose de desejo? Como algum tipo de


sobrecarga hormonal que te faz desmaiar ou algo assim? Porque
toda vez que eu pensava que tinha chegado àquele lugar onde
queria Jesse Mayes mais do que era possível querer alguém ou
alguma coisa, ele conseguia girar minha manivela um pouco mais.

Que tortura adorável e foda.

Mandei uma mensagem de texto para Devi dizendo a


ela: Minha vagina está apaixonada, e ainda nem fizemos isso.

E minha melhor amiga respondeu: Essa é uma vagina


estúpida.

O que me fez rir tanto que quase chorei, e todos olharam para
mim e queriam saber o que era engraçado pra
caralho. Principalmente Jesse.

Mas, felizmente, os caras estavam meio distraídos.

Pepper havia bagunçado nosso ônibus fazendo pular Jesse,


Mick e Raf, literalmente, falando sem parar sobre seu
aniversário. Aparentemente foi há duas noites, mas não havíamos
comemorado o suficiente para o seu gosto, e agora que tínhamos
a noite de folga, o homem queria festejar.

Os caras finalmente cederam e nós redirecionamos os dois


ônibus para Savannah, embora devêssemos dirigir todo o caminho
até Tampa. A bebida começou, rapidamente, mas percebi que
Jesse ficou preso na água e optei por tomar um gole, em vez de
tomar as doses que os rapazes distribuíam. Eles estavam
alegremente animados quando entramos no clube. Todos os
quinze de nós. Eram treze roqueiros meio bêbados, Jesse e eu.

O grupo imediatamente se dispersou em busca de mulheres,


exceto pelos homens casados, que foram para a área VIP com Jesse
e eu. Pepper era um show solo de homem do gongo; aparentemente
balançar aquelas bolas quase todas as noites não era o suficiente
para desabafar. Ele estava tão feliz que estávamos comemorando
seus trinta anos, ele estava fazendo todo mundo feliz. Incluindo
Jesse. E foi tão bom ver aquele brilho nos olhos de Jesse
novamente, seus dentes aparecendo quando ele sorriu. Ele
segurou minha mão e eu me aninhei contra ele, porque eu era
muito boa no meu trabalho. E também porque ele era Jesse. E
quando estávamos fora, sendo vistos, era fácil.

Foi quando estávamos sozinhos e as linhas não foram tão


claramente traçadas que as coisas ficaram difíceis.

◊◊◊
Horas depois, tropecei para fora da pista de dança, minhas
pernas parecendo meio de borracha de tanto dançar. Eu desabei
ao lado de Jesse e ele passou o braço em volta de mim, sorrindo.

— Se divertindo?

Levantei meu cabelo úmido de suor do meu pescoço. — Oh,


sim. Pepper está fora da linha. — Na verdade, eu tinha certeza de
que ele estava prestes a perder as calças e levar todos nós para
fora. — Esse cara me faz rir. — Meu sorriso congelou e eu mordi
meu lábio um pouco, lembrando da conversa que tivemos sobre eu
flertar com aquele cara na noite passada.

— Ele é um motim de um homem só, — Jesse concordou. —


Se Dylan não fosse dez vezes o baterista que é, eu o queria no
Dirty. Mas não diga a ele que eu disse isso. — Então ele piscou e
eu sabia que estávamos bem. Sem discussões bêbadas esta noite,
sem ir para a cama com raiva. Também notei que ele ainda estava
bebendo água. Eu não o tinha visto beber a noite toda.

O que foi legal. Apreciei que ele teve moderação. Em todas as


áreas.

Ele tirou meu cabelo da minha bochecha, seu olhar vagando


para baixo sobre o meu peito, que ainda estava pesado na minha
blusa com babados enquanto minha respiração voltava ao normal.

— Beije-me — eu disse. Talvez só quisesse ver se ele faria sob


comando.

Ele fez.

Seus lábios encontraram os meus e nós nos unimos em uma


queimadura lenta, minha mão subindo pelo seu peito para agarrar
sua camiseta macia. — Sinto muito pela noite passada — respirei
contra seus lábios.

— Não se desculpe — disse ele. Então ele me beijou de novo e


não parou de me beijar por meia hora, então não havia muito mais
a dizer sobre o assunto. Eu praticamente esqueci o que estava
tentando me desculpar de qualquer maneira, ou o porquê, ou
qualquer outra coisa além da sensação de seus lábios nos meus,
sua língua na minha boca e sua mão na minha coxa, por baixo da
minha saia. Seu polegar roçou minha calcinha, enviando uma
sensação de prazer pelo meu clitóris, e eu me contorci.

— Jesse...

— Katie. — Ele fez isso de novo, esfregando o polegar entre


minhas pernas, e eu separei minhas coxas um pouco, querendo
mais. Então ele se inclinou para dizer algo no meu ouvido. — Você
vê todas essas garotas?

Eu estava ofegante de necessidade agora e não


particularmente interessada em olhar para nenhuma garota, mas
estávamos definitivamente cercados por elas. — Uh-huh.

Ele beijou meu pescoço, depois minha orelha, e disse: — Eu


sei que posso escolher com quem trepar esta noite. — Ele retirou
a mão da minha saia, tocou meu queixo e virou meu rosto, de modo
que ficamos cara a cara. — Eu não vou — ele disse, roçando seus
lábios nos meus.

— Eu sei, — respirei. — Nós temos um acordo.

— Foda-se o acordo — disse ele, e me beijou novamente,


profundamente.
Eu não sabia o que isso significava exatamente, mas o que
quer que fosse, meu corpo realmente gostou. Eu o deixei me beijar,
o deixei me tocar, o deixei me puxar mais e mais perto dele.

Então comecei a recitar a lista na minha cabeça.

Noite após noite, enquanto estava deitada na cama no escuro


a apenas alguns centímetros dele, fiz uma lista para mim
mesma. Uma lista de todos os motivos pelos quais eu não
conseguia nem começar a pensar em me apaixonar por Jesse
Mayes.

Foram muitas. A não menos importante é que ele


me contratou para estar aqui - para fingir estar apaixonada por
ele. Ele nunca me pediu para sentir nada real.

Mas eu fiz. Eu podia sentir isso acendendo em meu peito como


uma faísca minúscula e desconfortável. Cada vez que ele entrava
na sala. Cada vez que ele olhava para mim. Cada vez que ele me
beijava como se estivesse morrendo de fome e eu fosse sua última
refeição.

Disse a mim mesma que não era culpa dele ele ser um beijador
fabuloso, que seu toque fez meu pulso disparar, minha cabeça
girar e meus dedos dos pés se curvarem. Não era culpa dele que
minha vagina estivesse enviando sinais confusos para meu cérebro
e eu estivesse reagindo de forma irregular. Às vezes, eu estava em
cima dele. Às vezes, estava distante. Às vezes, excedia-me e ficava
estranhamente alegre.

Esta noite eu estava tão aliviada por não estarmos brigando e


tão emocionada por estar de volta em seus braços que eu estava
em cima dele, e nem tentei me conter.
Então, realmente não deveria ter ficado surpresa quando,
depois que o bar fechou e todos nós voltamos para os ônibus, Jesse
imediatamente me encurralou no quarto dos fundos.

Mas foda-se.

Ele fechou a porta, trancou-a e se virou para mim como um


touro furioso.

Podia sentir o calor saindo dele. Havia um brilho faminto em


seus olhos escuros que me fez engolir em seco. Ele arrancou a
camisa como se estivesse queimando, jogou-a de lado e ficou lá,
ofegante, como se tivesse acabado de correr alguns quilômetros. E
se ele continuasse me olhando assim, minha calcinha cairia em
cerca de 3 segundos.

Nós nos colamos. Nós nos beijamos como se quiséssemos nos


devorar. Seu peito estava escorregadio de suor, o pulso batendo
forte em suas mãos enquanto agarrava minha cabeça. Eu o
segurei enquanto ele nos levava para a cama e nos jogava sobre
ela.

Ele arrancou minha saia e calcinha em segundos, gemendo de


luxúria. Então se ajoelhou entre minhas pernas e espalhou
minhas coxas com suas mãos grandes.

— Hum! E a aposta? — Suspirei.

Jesse se abaixou entre minhas pernas, dando-me o olhar mais


ardente que já vi. — Foda-se a aposta — disse ele, e caiu sobre
mim.
No primeiro golpe de sua língua, respirei fundo e desabei de
volta na cama. Meus braços tremiam; não poderia nem me segurar
se tentasse. Todos os pensamentos de resistência pararam.

Todos os pensamentos pararam.

O homem me beijou ali da mesma forma que beijou meu rosto.

Como se estivesse morrendo de fome.

Ele prendeu minhas coxas na cama, mantendo-me bem aberta


enquanto me esbanjava com sua língua. Chupou meu clitóris,
acariciou minha abertura e fodeu sua língua em mim enquanto me
contorcia e engasgava. Ele estava ofegante enquanto fazia isso,
como se isso o estivesse deixando louco de desejo, e eu totalmente
não poderia aguentar. Queria tanto seu pau duro dentro de mim,
mas eu não iria durar.

Contorci-me, lutando contra o prazer que crescia como um


tsunami. — Porra... Jesse... — Então ele envolveu seus lábios
quentes em volta do meu clitóris pulsante e chupou, e estava tudo
acabado. Suspirei. Seu olhar se ergueu, travando no meu. Ele
lambeu meu clitóris, lentamente, e a onda me atingiu. Joguei
minha cabeça para trás e gritei quando comecei a gozar.

Sua mão se esticou e cobriu minha boca, porque o ônibus da


turnê nem estava se movendo ainda e os caras estavam do outro
lado de uma porta muito fina, conversando, gritando, ainda
bebendo e provavelmente ouvindo pelo menos um pouco disso. Eu
não era conhecida por ficar quieta quando gozava. Talvez devesse
ter avisado para ele?
Em vez disso, mordi o dedo que ele enfiou na minha boca,
chupei e tentei não gritar quando o prazer me rasgou. Agarrei seu
cabelo e meio que rodei seu rosto e apenas tentei não me contorcer
para todo lado como uma lunática. — Oh, Deus... oh... Deus... —
ouvi-me dizer algumas vezes.

Ele me lambeu suavemente enquanto eu descia, os fragmentos


espalhados da minha mente, que ele tinha acabado de espalhar
por todo o lugar, gradualmente voltando ao normal.

Quando minha sanidade estava quase voltando, ele deslizou


um dedo dentro de mim. Estava tão sensível que resisti,
gemendo. Não consegui encontrar palavras. Ele empurrou outro
dedo dentro de mim e começou a me acariciar em um ritmo
agressivo para combinar com o que sua língua ainda estava
fazendo comigo. Voltei antes mesmo de saber o que estava
acontecendo. Desta vez, agarrei sua mão e tampei minha boca. O
ônibus finalmente estava se movendo, então pelo menos seria mais
difícil para todos no ônibus, e cerca de três quilômetros de
distância, me ouvir gozando.

Desta vez, enquanto voltava mais ou menos aos meus


sentidos, Jesse estava tirando sua calça jeans. Ele pegou uma de
suas malas de viagem e vasculhou, jogando coisas ao redor. Então
se virou para mim, preservativo na mão, e embainhou seu pau
grande tão rápido que mordi meu lábio. Ele veio até mim e eu abri
minhas pernas para levá-lo, meu corpo inteiro corado com o calor,
o desejo ainda latejando em meu núcleo.

Ele se abaixou sobre mim até que seus olhos estivessem a


centímetros dos meus. Seus lábios se separaram em uma
respiração silenciosa; podia sentir a tensão em seu corpo enquanto
lutava para ir devagar. Ele me beijou suavemente e eu senti a
cabeça do seu pau acariciar meu clitóris, em seguida, cutucar
minha abertura.

— Porra, quero saborear isso... — Ele me viu morder meu lábio


enquanto empurrava para dentro de mim, lentamente. Uma onda
de calor percorreu meu corpo enquanto ele me enchia. Então
empurrou mais fundo, tão fundo que quase doeu, mas parecia tão
bom pra caralho ao mesmo tempo.

Fechei meus olhos. Tentei relaxar, me acalmar, para não


passar de novo tão rápido.

Deveria estar resistindo a isso...

Por que de novo? Não fazia ideia.

Porra. Jesse estava me fodendo.

Porra.

— Você está bem? — sussurrou, e me beijou novamente.

Meus olhos se abriram e balancei a cabeça. Eu estava mais do


que bem. Mas disse ao cara que não fazia isso há dois anos; ele
provavelmente queria ter certeza de que não estava me
machucando. Agarrei sua bunda e apertei. — Não pare —
apressei-o.

Ele me fodeu lentamente, moendo forte contra mim. Ondas


quentes de prazer percorreram meu corpo. Meu clitóris zumbiu, o
prazer rapidamente se enrolando mais forte como uma mola
prestes a se soltar. Meus mamilos estavam tensos e duros e eu não
podia acreditar o quão rápido ele estava prestes a me fazer gozar
novamente. Cada arrastar e empurrar do seu pau estava me
trazendo para mais perto. Tentei lutar, aguentar, durar um pouco
mais, mas não consegui.

— Porra... Jesse... vou gozar de novo — consegui sussurrar


entre as estocadas enquanto lutava para segurar. O que só o fez
me foder com mais força, acelerando até que eu caísse na borda.

— Porra, sim — ele disse enquanto eu gritava. Segurou-me


com força enquanto me contorcia embaixo dele, enfiando sua
língua na minha boca para abafar meus gritos. Ele me beijou até
que recuperei o fôlego, então se levantou, colocou uma das minhas
pernas entre as dele e começou a me foder assim. A pressão das
minhas coxas praticamente fechou em torno de seu pau enquanto
ele me fodia, apertado, era muito loucura. Seu corpo duro
movendo-se sobre o meu...

— Porra... Jesse... eu não posso... oh meu Deus... sim... ah...


foda-me assim... — Uma série de bobagens estava saindo da minha
boca, e ele estava adorando. Cada vez que eu implorava para me
foder com mais força, ele gemia ou ofegava ou me beijava mais
profundamente. Quando ofeguei, — Você é tão grande. Você faz
me sentir bem pra caralho... — Senti seu pau esticar dentro de
mim. Ele estava suando em cima de mim. Não tinha ideia de como
ele foi capaz de aguentar por tanto tempo, mas o homem tinha
resistência, isso era malditamente certo.

E apenas o pensamento dele tentando não gozar me fez gozar


novamente, o prazer incandescente atingindo meu corpo, um
relâmpago rasgando-me. Agarrei-me a ele enquanto continuava
me fodendo. Mas, honestamente, achei que não aguentaria
mais. Por mais que eu quisesse que ele apenas me fodesse a noite
toda, de todas as formas, queria que ele gozasse, forte. Queria que
ele se soltasse... perdesse o controle.
Suas estocadas aceleraram, e foi tão bom e tão cru e tão
intenso que ele me deixou ofegante novamente.

— Oh Deus. Goze, Jesse.

— Sim? Você quer isso, Katie? — Sua voz estava grossa e


rouca e todo seu corpo estava endurecendo. Ele estava no limite e
queria puxá-lo para onde eu estava. Queria que ele saísse do
controle e desabasse comigo.

— Sim... por favor... dê para mim...

— Porra... eu quero você. — Ele me beijou, mergulhando sua


língua em minha boca enquanto me fodia com mais força.

Você me tem.

Chupei sua língua e enfiei minhas unhas em sua bunda. A


tensão percorreu seu corpo em uma onda e seus quadris estalaram
contra mim. Ele gemeu em minha boca e eu o segurei com força,
minhas coxas em volta dele enquanto gozava. Senti-o pulsar
profundamente dentro de mim e era tão quente que eu queria
gozar novamente.

Ele desabou contra mim, enterrando o rosto no meu


pescoço. Passei meus braços em volta de suas costas, minhas
pernas ficando moles em torno de sua bunda. Queria segurá-lo
assim para sempre, enquanto ele respirava contra mim. Seu peso
quente em cima de mim. Sua pele lisa e escorregadia contra a
minha. Seu gosto de sal e canela na minha boca.

Ele beijou minha garganta e eu meio que esperava que


começasse a me apalpar novamente quando ele se apoiou em um
cotovelo trêmulo e olhou para mim.
— Preservativo... — ofegou — ...banheiro.

Então ele saiu de mim, pulou da cama e foi até o banheiro para
se limpar.

E fiquei ali me sentindo meio atordoada. Porque, ai meu


Deus. Isso foi sexo?

Uh-uh. Eu fiz sexo. Muito sexo. Com Josh. E nunca foi assim.

Que porra esse homem estava fazendo comigo?

Ele apenas me fez gozar, repetidamente, enquanto me


chupava, me dedilhava e me fodia, e eu não tinha feito
praticamente nada em troca... exceto gozar em cima dele.

Fiquei deitada de costas, olhando para o teto enquanto o


ônibus rodava, balançando e batendo suavemente na estrada,
apenas tentando manter minha respiração sob controle.

Tudo aconteceu tão rápido.

Meu pulso batia forte em minhas têmporas como se meu


crânio estivesse prestes a explodir. Meu clitóris
latejava. Eu ainda estava com tesão pra caralho.

Meio que me senti mal que ele só teve um orgasmo.

Ele voltou do banheiro e se jogou na cama ao meu lado, ainda


respirando pesadamente. Ficou lá olhando para mim por um
momento, então estendeu a mão e deslizou um dedo pela minha
garganta, parando brevemente para sentir meu pulso
acelerado. Então arrastou a ponta do dedo até um mamilo e
circulou-o. Estremeci quando o mamilo atingiu o pico, fazendo
cócegas em meu estado excessivamente sensibilizado. Seus olhos
escureceram perigosamente.

Então ele desceu da cama. Abriu minhas coxas e se inclinou


para descer sobre mim novamente.

Oh Deus…

Alguém bateu na porta, o que fez todo o batente da porta


tremer. A boca de Jesse pairou um centímetro do meu clitóris.

— Jesse! Jesse e Katie! Tragam suas bundas nuas aqui e


tomem uma dose conosco.

Era um Raf bêbado.

— É a porra do meu aniversário filhos da puta! — gritou


Pepper.

Jesse sorriu para mim. Sorri de volta. — O homem tem razão


— disse ele. Então passou a ponta do dedo sobre o meu clitóris.

— Uh-huh — sussurrei, me contorcendo com seu toque.

— Então, o que você acha de bebermos aquela dose? — Ele


deu uma lambida lenta e completa na minha boceta latejante, me
fazendo gemer, então seus olhos escuros e velados encontraram os
meus. — Então voltaremos aqui para que eu possa te foder um
pouco mais.
Katie
Acordei com a melodia de Foxy Lady. Pelo menos pensei que
era isso.

Abri um olho para encontrar Jesse sentado ao meu lado na


cama tocando um de seus violões. Seu antebraço tatuado estava
na minha linha de visão, o colchão inteiro balançando ao ritmo de
seus dedilhares ardentes. Meu olhar viajou até a coxa nua em que
o violão estava.

Meu outro olho se abriu. Ele estava nu. Como veio para o
mundo. Quando cantou a primeira linha da música, reconheci a
letra. Definitivamente, Foxy Lady.

O ônibus estava andando, a luz fraca da manhã passando


pelas cortinas. E a sexy e ligeiramente rouca voz matinal de Jesse
fez todos os fios de cabelo do meu corpo se arrepiarem.

Uau.

Seu olhar encontrou o meu e ele continuou cantando. Eu


apenas me deitei lá e aproveitei, aninhada sob as cobertas. Depois
de um tempo, fechei os olhos, porque ouvir Jesse Mayes tocar uma
serenata íntima comigo na cama era tão bonito quanto vê-lo fazer
isso. Embora algumas das letras me tenham feito rir.

Quando a música começou a desaparecer, abri os olhos e


esforcei-me para me sentar. — O que está acontecendo? —
Resmunguei, minha voz rouca de tantas noites em casas de show
e bares, e muitas doses de uísque com os caras ontem à noite,
depois de Jesse e eu termos feito sexo louco e selvagem... e antes
de fazermos de novo.

E de novo.

Provavelmente mal dormimos uma hora.

— Seu show pelado. — Ele terminou a música com um


floreio. — Você ganhou a aposta.

Esfreguei meus olhos. Obviamente eu estava me adaptando à


vida na estrada com um bando de lunáticos do rock 'n' roll, porque
mal me sentia bêbada, muito menos de ressaca. — Não foi isso que
apostamos. — O lençol escorregou e o olhar de Jesse foi com
ele. Eu também estava nua.

— Você disse que eu teria que fazer meu próximo show pelado.

— Muito esperto. Mas não o que eu tinha em mente. — Se esse


fosse o único show pelado que iria conseguir, estava tirando
proveito de cada gota. O que significava que eu estava me vestindo,
agora, para tornar sua nudez o mais evidente possível.

Saí da cama levando comigo a ponta do lençol. Segurei contra


meu peito com um braço, mal conseguindo manter minha bunda
coberta enquanto pegava algumas roupas.
Jesse inclinou a cabeça para o lado, seguindo o lençol
enquanto ele subia com o olhar pela minha bunda.

— Então, você está dizendo... meu desempenho a deixou


insatisfeita? — perguntou, suas palavras pingando insinuações.

Corei quando as sensações da noite passada voltaram. Mordi


meu lábio, lembrando a maneira como ele enganchou minha perna
sobre seu braço, espalhando minhas coxas enquanto estocava
fundo... Deus, nunca tinha sido fodida assim. Tão...
intensamente. Cada vez que eu pensava que não aguentava mais,
ele dava mais, o que só me fazia querer mais. O homem me deixou
insaciável. Perdi a conta dos orgasmos em algum lugar na casa
dos dois dígitos. Nesse ponto, tornou-se praticamente um borrão
de uísque e prazer até que eu desmaiei de pura exaustão e
felicidade.

— Seu desempenho foi, hum... perfeitamente adequado — eu


disse, recusando-me a dar uma crítica mais entusiástica da noite
passada ou de Foxy Lady. Seu ego não precisava disso.

— Adequado. — Ele sorriu. — Parece... nada decepcionante.

— Sim. Isso — murmurei, puxando minhas


roupas. Claramente, ele não acreditou em mim. Se os orgasmos
não dissessem a ele o contrário, talvez todas as coisas sujas que
eu sussurrei em seu ouvido enquanto ele os dava para mim
funcionassem.

Aparentemente, o uísque bourbon soltou minha língua, assim


como qualquer outro tipo de álcool que já conheci.
Joguei-me na cama quando ele começou uma nova música,
uma que eu não reconheci. Deitei-me nos travesseiros para ouvir
quando ele começou a cantar. — Katie, sinto muito por ser um
idiota... você pode me perdoar por ser um idiota...?

Eu sorri.

— Isso é tudo que eu tenho até agora — ele disse, terminando


com uma dedilhada final.

— Por que você está pedindo desculpas?

— Por bisbilhotar seu caderno de desenho na outra noite,


enquanto você estava no chuveiro.

— Ah. Isso — Chutei seu joelho, suavemente, com meu dedão


do pé. — Você deveria se desculpar.

— Eu não estou me desculpando por ficar com ciúmes.

Com ciúmes? Jesse Mayes? De algum cara aleatório no bar?

Um cara aleatório em que eu nem estava interessada?

— Você também está aí, sabe — eu disse, apontando para o


caderno de desenho, que estava caído no chão.

Ele olhou para o caderno de desenho e mergulhou cerca de um


milésimo de segundo antes de mim. Agarrou-o e se acomodou na
cama, abandonando o violão. Tentei arrancar dele o caderno de
esboços, não importando o fato de que eu estava lutando com um
homem muito grande e musculoso, para não mencionar nu. Um
homem nu que me tinha de costas em dois segundos, presa por
seu corpo grande e musculoso, seu pau endurecendo contra
minha coxa no processo. — Mostre-me — ele disse, sua voz toda
rouca de luxúria.

— Pensei que você bisbilhotava.

— Apenas vi o último esboço. Aquele daquele filho da puta do


bar. — Ele correu o nariz pelo lado do meu pescoço, seu hálito
quente acariciando minha garganta. — Então tudo ficou vermelho
e esqueci-me de ficar bisbilhotando.

— Amador — murmurei, mas claramente eu era a amadora,


porque já estava começando a ofegar quando seus dentes
beliscaram meu pescoço, seguidos por seus lábios. — Eu te
perdoo, — eu disse engolindo em seco. — Contanto que você não
faça isso de novo.

Seus lábios roçaram minha orelha. — Mostre-me o que você


fez de mim e ficaremos quites.

Eu ri. — Por que 'quites'? Eu não fiz nada.

— Você flertou com o filho da puta.

Contorci-me embaixo dele enquanto seus lábios desciam pelo


meu pescoço. — Eu disse que não foi intencional. Nós estávamos
apenas conversando. Nem pensei que estava flertando. — Minha
respiração ficou presa quando ele lambeu o pequeno buraco na
base da minha garganta. — Eu, uh... não estava interessada nele.

— Katie. — Ele se moveu mais para baixo, sua boca roçando


minha clavícula enquanto falava. — Você conversa com um cara
no bar e deixa ele te pagar uma bebida, ele acha que você está
flertando. — Sua barba por fazer raspou contra minha pele,
fazendo meus mamilos endurecerem. — Você respira na direção
de um cara comum e ele vai torcer para que você esteja flertando.

— Bem, isso é problema dele — eu disse, sem fôlego.

— Não, o problema é meu.

Contorci-me em suas mãos novamente, mas ele prendeu meus


pulsos na cama. — Hum, você pode me deixar levantar? Vou
desmaiar se não comer algo antes de você fazer o que quer de novo.

Um sorriso lento se espalhou por seu lindo rosto. — Não até


você dizer que estamos quites.

— Estamos quites.

Seus olhos escuros se estreitaram. Mas ele afrouxou meus


pulsos e rolou um pouco para o lado para que eu pudesse me
sentar.

— Não bisbilhote — disse, ajeitando minhas roupas, que


estavam tortas.

— Mostre-me o desenho de mim.

— Não.

Seus olhos se estreitaram ainda mais.

— Se você quer que eu confie em você, você não


bisbilhota. Mesmo sabendo que há alguns esboços seus neste
livro. — Enfatizei o plural nos esboços, pegando o caderno e
folheando-o vagarosamente, mas em um ângulo que ele não
conseguia ver nada.
— Tudo bem. — Parecia uma criança abatida que foi privada
de sorvete quando caiu de costas na cama. — Katie, com toda a
seriedade. Você é muito boa pra caralho. Deveria estar fazendo
algo com isso. — Ele tentou dar uma olhada no caderno, mas
fechei-o e o abracei contra o peito.

— Tentei. Não deu certo.

— E daí? Você só vai deixar isso te deter?

Dei de ombros. Não estava com humor para discutir minhas


ambições profissionais, ou a falta delas, tão cedo pela manhã,
dormindo incrivelmente pouco, enquanto sofria de uma grande
ressaca sexual. Estava com fome, com sede e com dores nos
lugares certos e, graças à Jesse, agora estava com tesão de novo.

— Onde você acha que eu estaria se parasse no meu caminho


toda vez que algo não saísse exatamente como eu queria? Você
acha que eu acabei de acordar uma manhã e a porra da fada da
música deixou um contrato de gravação debaixo do meu
travesseiro?

— Pode ser. Você dormiu com ela?

— Ha ha ha. Acredite em mim, não foi tão fácil.

— Tenho certeza de que não foi.

— Então? — Ele se sentou e olhou para mim, esperando.

— Então?

— Então, o que você vai fazer sobre isso, gata?


— Sobre o quê?

Ele bateu no meu ombro, suavemente, com o punho. — Sobre


o seu talento louco, garota.

— Eu não sei.

— Katie. Que porra é essa.

— Não podemos ter essa conversa enquanto você está nu.

— Por quê? — Deslizou seu joelho dobrado um pouco mais


perto de mim, espalhando suas coxas. — Distrai muito?

— Não. — Levantei a mão, bloqueando minha visão de sua


semi ereção. — Mas é difícil, você sabe, levar você a sério quando
está nu. — Não foi exatamente isso. Era mais difícil manter minha
mente em qualquer coisa além de sua pele lisa e dourada, seus
peitorais duros, suas coxas esculpidas e o que estava acontecendo
por trás da minha mão levantada.

— Tudo bem. Vamos fumar um baseado e discutir isso. — Ele


quicou na cama.

— Eu não quero discutir isso, Jesse. Eu quero voltar a dormir,


como uma pessoa sã.

Mas ele já estava vestindo sua calça jeans, puxando-a sobre


sua bunda esculpida enquanto se dirigia para a porta, ignorando
completamente meus protestos.

— Jesse...?
Jesse
Meia hora depois, Katie estava devorando um sanduíche
gigante de café da manhã com dois ovos fritos e queijo triplo. Eu
já tinha devorado o meu. Raf tinha fumado conosco enquanto os
outros caras pegavam nosso café da manhã e estávamos na
estrada novamente. Estávamos a cerca de meia hora de nosso
destino, o que significava que eu tinha cerca de quinze minutos
para fazer Katie me dizer o que diabos estava acontecendo com sua
arte, e quinze para uma rapidinha.

Eu poderia trabalhar com isso.

— Essa é a erva mais incrível... mais suave... ainda sim


potente que eu já... — Katie disse entre mordidas. Ela estava
sentada de pernas cruzadas em sua calça jeans, seus seios nus
sob a camiseta regata fina, sua pele lisa e pálida parecendo
levemente beijada pelo sol.

Relaxei contra os travesseiros em minha calça jeans,


preguiçosamente tocando meu violão. — Legal. Agora me diga por
que você não quer ser uma artista.
Fiz uma serenata para ela enquanto ela pensava nisso,
pedaços de Dirty Like Me e Layla do Eric Clapton e eu nem sabia
o que mais, apenas alguns fragmentos que estavam saltando na
minha cabeça e poderiam se transformar em uma nova música.

Finalmente, ela disse: — Eu não disse isso.

— Mas você é insanamente talentosa e obviamente adora fazer


isso. Você está sempre desenhando naquele caderno. Então qual é
o problema?

— Não sei.

— Besteira. Você nunca sonhou em ganhar a vida daquilo que


ama fazer?

— É claro.

— Então o que aconteceu com aquele sonho?

Ela encolheu os ombros. — A vida aconteceu. Eu costumava


desenhar como um demônio. E eu pintei durante toda a minha
adolescência. Desde os meus dez anos de idade, percebi que os
desenhos e as pinturas não eram apenas coisas nas paredes ou
nos livros, eram algo que eu podia fazer.

Droga. Ela pinava também? Pagaria para ver um original de


Katie Bloom. E não apenas porque ela tinha uma bunda doce e
seios perfeitos e lambíveis.

— E? — Perguntei.

— E eu saí com um bando de garotos skatistas e alguns deles


gostavam de arte de rua, então entrei nisso.
— Arte de rua? Você quer dizer grafite?

— Sim. Se você realmente quer ver meu trabalho, há vestígios


dele por toda Vancouver. Eu posso te dizer aonde ir.

— Eu quero — disse.

Ela balançou a cabeça, afastando como se não valesse nem


mesmo a pena fingir que acreditava. — Eu meio que me perdi no
caminho, sabe? Acho que começou quando fui presa.

Minhas mãos pararam no violão. — Você o quê?

— Eu fui presa.

— Doce Katie Bloom? Fotos criminais e tudo mais?

Ela fez uma careta para mim. — Não me diga que você nunca
foi preso, Sr. Fodão Rock Star.

— Eu não fui.

— Besteira.

— Palavra de escoteiro. Pergunte a Jude, Brody, a qualquer


um.

— Oh. Bem, eu fui. Não é divertido. Eu tinha dezoito anos e


estava namorando Josh, então os advogados de seu pai
conseguiram retirar as acusações e, por fim, limparam o
registro. É por isso que Jude nunca o encontrou. — Ela sorriu um
pouco envergonhada.

— O que diabos você fez para ser presa?


— Fui presa nas proximidades de uma parede que acabei de
pintar, com minhas tintas. E então eles encontraram a erva.

— Merda. Você foi uma fodona.

— Na verdade. Apenas uma criança. — Ela terminou o último


pedaço de seu sanduíche e começou a tomar o café com leite gelado
de baunilha com chantili extra que Jude comprou para ela. Ele até
encontrou algumas cerejas. — Toda a experiência foi brutal. Os
pais de Josh decidiram que eu era uma deslocada naquele
momento. Ele me defendeu deles, mais ou menos, mas com o
tempo eu poderia dizer que ele perdeu o respeito por mim. Se ele
já teve isso em primeiro lugar. Ele sempre agiu como se apenas
pudesse me limpar um pouco, eu seria mais aceitável.

— Sério?

— Sim. Surgiu de pequenas maneiras, quase


diariamente. Parece tão estúpido agora que eu não vi na época, a
maneira como ele criticava meus amigos e a música que eu ouvia,
cada porra de coisa. Quando fomos jantar com seus pais, ele vetou
minhas roupas e me disse para colocar algo mais
'apresentável'. Quando ele pulou do barco no altar, tenho quase
certeza de que eles ficaram exultantes.

— Se você quer saber, você se esquivou de uma bala. — Era


óbvio para mim que o idiota não a merecia. Mas eu tinha certeza
de que ela ainda não acreditava nisso.

— Sim, exceto... acabei de me formar na escola de arte, e o pai


de Josh era dono de uma galeria de arte. Um de seus muitos
investimentos. Estávamos planejando fazer minha grande estreia
lá naquele inverno. Não era como se ele realmente se importasse
com arte, ou comigo, mas mais como se ele estivesse me jogando
um osso para ganhar pontos com seu filho. Assim que o
casamento acabou, Josh, o Sênior, cancelou o show.

— Oh, foda-se.

— Oh sim. Porque é isso que acontece, aparentemente,


quando seu noivo te abandona e sua primeira grande exposição de
arte deve acontecer na galeria do pai dele. Você é despejada duas
vezes.

— Jesus. — Retardado Junior e Retardado Sênior.

— Uh-huh. Pessoalmente e profissionalmente chutada para o


meio-fio. — Ela sorveu sua bebida. — Perdi meu espaço no estúdio
naquela grande limpeza também. Também pertence a...

— Josh, Sênior?

— Você entendeu. De jeito nenhum eu poderia pagar o aluguel


de um estúdio próprio, então, depois disso, mudei minhas coisas
para o porão da minha irmã.

— Isso é uma merda, Katie. Mas você sabe que não pode deixar
isso te impedir, certo? —Perguntei-me se ela havia pensado em
usar o dinheiro dessa turnê para começar algo, mas era bastante
óbvio que ela não tinha confiança para acreditar que realmente
poderia fazer seu caminho como artista. Ainda não.

— Sim. Bem. — Ela encolheu os ombros. — Você me pergunta


por que não quero fazer nada com a minha arte. Não é que eu não
saiba. É que não sei mais o que fazer, ou mesmo por onde
começar. — Ela folheou preguiçosamente seu caderno de desenho,
sem se preocupar mais em esconder as páginas de mim, mas eu
não olhei. Eu não queria olhar de novo até ser convidado.

Ela me pegou olhando para ela e me deu um sorriso doce. —


Acho que meio que perdi minha magia.

— Então, só teremos que recuperá-la.

— Sim — ela disse calmamente.

Ela folheou o caderno um pouco mais, mas ela não parecia


estar olhando para os desenhos.

— Ei, Jesse?

Ela olhou para mim, seus grandes olhos azuis esverdeados


suavizando enquanto procurava pelas palavras. Certeza que era a
maconha, mas deu um bom olhar nele. Ela parecia mais relaxada
do que o normal, menos... em guarda.

— Eu sei que você me contratou e isso é um negócio, mas eu


só quero dizer... eu não sei... obrigada, eu acho. Por me dar algo
que eu nunca pensei que fosse possível.

Coloquei meu violão de lado. — Tal como?

— Como... eu não sei... eu acho, eu... — Ela corou


ferozmente. — Eu nunca soube que o sexo poderia, hum... ser
assim.

Eu sorri de orelha a orelha. — Como o quê? — Aproximei-me


dela na cama, agarrando-a pelos quadris e puxando-a para mim.

— Você sabe. — O rubor se aprofundou. — Tão... vulcânico.


Eu ri e a puxei para o meu colo, então ela montou em mim em
seus minúsculos shorts.

— Estou falando sério — disse ela, franzindo as sobrancelhas.

— Eu sei que você está. — Puxei-a para mais perto de mim


para que ela pudesse me sentir ficando duro por ela. — Mas você
fala como se fosse um golpe de sorte... — Afastei o cabelo de seu
rosto. — Você é gostosa pra caralho, Katie.

Então rolei, levando-a comigo, e comecei a tirar suas roupas


como se estivesse morrendo de vontade de fazer a manhã toda.
Katie
A mão de Jesse deslizou sobre meu seio. Meu mamilo atingiu
o pico em resposta e eu olhei ao redor.

Estávamos sentados no canto muito escuro de um clube


lotado, depois de seu show em Miami. Na verdade, eu estava
sentada no colo de Jesse. Eu usava uma blusa sem sutiã e ele
estava me fodendo com os olhos e me apalpando como um louco
desde que saiu do palco.

É bom saber que isso não mudou desde que começamos a


fazer sexo.

Ele esfregou o polegar sobre meu mamilo tenso, em seguida,


puxou o tecido fino da minha camisa de lado, expondo o lado do
meu seio - o lado na frente de seu rosto. Ele se aninhou contra
mim, sua língua sacudindo para lamber meu mamilo. Olhei em
volta de novo, mas não achei que alguém pudesse ver. Ainda
assim, virei-me um pouco mais para bloquear o que ele estava
fazendo do resto da sala.

Ele aproveitou a oportunidade para chupar meu mamilo em


sua boca. Eu o deixei chupar por alguns segundos, porque
realmente... ung. Então desvencilhei-me, agarrei seu cabelo e
inclinei sua cabeça para trás, inclinando-me perto de seu rosto.

— O que você está fazendo?

— Ajudando você a ter sua magia de volta. — Seus dedos ágeis


procuraram meu mamilo e o puxaram suavemente.

— Uh... — eu respirei enquanto o prazer pulsava por mim. —


Agora mesmo?

— Sim. Agora mesmo. — Ele chupou meu lábio inferior em sua


boca e o mordeu suavemente.

— Aqui?

— Mmm... — ele disse entre beijos. — Por que não?

Por que não?

Talvez porque hoje Devi tenha me enviado um link com


algumas fotos minhas online. Imagens desfavoráveis. Quer dizer,
eu estava bem nelas. Estava sorrindo e dançando, mas estava
sorrindo e dançando com Pepper. E Letty. E um monte de outros
caras que não eram Jesse. Porque alguém no bar tinha tirado fotos
de nós quando estávamos comemorando o aniversário de
Pepper. E agora elas estavam online, fazendo-me parecer um
grande paqueradora.

Não era como se fosse a primeira vez que havia fotos minhas
online. Desde que começamos a turnê, Jesse e eu estávamos em
todos os lugares. Devi me enviava links quase que diariamente,
embora eu tentasse não clicar em todos eles. Era demais para meu
cérebro processar, mas o fato era que provavelmente já havia
centenas, senão milhares de fotos nossas por aí.

Mas esta foi a primeira vez que viram fotos minhas em uma
festa sem Jesse, e não gostei do que isso implicava.

Jesse segurou meu queixo e puxou meu rosto para ele. —


Ei. Você está bem?

— Sim. Apenas... envergonhada.

— Sobre o quê?

— Você sabe. Essas fotos.

— Gata. Você não tem nada para se envergonhar.

— Mas quando concordamos com esse acordo, você disse que


eu não poderia me envolver com mais ninguém. Eu não deveria
fazer nada para fazer você parecer mal. Essas fotos meio que
implicam...

Ele passou os braços em volta de mim. — Você não me fez


parecer mal, cherry pie. Você nunca poderia me fazer parecer nada
além de bom.

Revirei meus olhos. — Você só está dizendo isso porque está


todo excitado e não sobrou sangue na sua cabeça.

— Isso pode ser verdade, mas não estou apenas dizendo. Os


fãs te amam. Eles adoram que eu esteja apaixonado por uma
garota normal, não por alguma celebridade. — Ele correu o polegar
sobre meu mamilo novamente e seus lábios se curvaram. — Brody
está chamando a gente de a grande história de amor canadense.
Eu sorri. — Uh-huh. — Quer dizer, foi emocionante, de
verdade. Não me importava em ser a garota normal nesta história
de amor em particular, arrebatada pelo super-herói sexy. Só não
gostei de como a história iria terminar. — Exceto que é uma
mentira. O que ainda parece estranho para mim. Ser invejada... e
ser julgada por coisas que nem mesmo são verdadeiras.

Ele colocou a mão na lateral do meu rosto e acariciou meu


lábio inferior com o polegar. — Não deixe isso incomodar você,
Katie. Nada disso é real de qualquer maneira.

Meu estômago caiu com essas palavras, mas apenas balancei


a cabeça.

— Como isso poderia ser real? — ele continuou. — O que


diabos o mundo sabe sobre o que realmente está acontecendo na
vida privada das pessoas?

Dei de ombros. — Nada, eu acho.

— Nada demais, de qualquer maneira.

Ele me beijou e tentei esquecer. — Nós só precisamos de um


pouco mais — ele murmurou entre beijos.

— Mais?

— Mais sexo vulcânico.

Eu ri.

— Isso é melhor. Não me faça foder com essa cara triste.


Ri mais ainda e o beijei. O homem tinha um jeito de fazer tudo
ficar melhor.

Senti-me menos envergonhada da minha ambição naufragada


desde nossa discussão induzida por maconha sobre minha
arte. Na verdade, compartilhar os detalhes de como minha vida
tinha saído tão fora dos trilhos com Jesse fez tudo parecer meio
trivial e muito menos assustador, como um ponto na estrada, no
passado, que eu poderia finalmente deixar para trás.

Ele se afastou e olhou para mim com seus olhos escuros,


encapuzados, prontos para foder. — Você está usando seus óculos
esta noite — disse ele, e lambeu o lábio.

— Um.. sim? — Sério? Ele gostou dos meus óculos?

Deslizou a mão pela minha saia, à vista de Jude, que estava


sentado no sofá ao lado do nosso. — E sua calcinha branca.

Mordi meu lábio e encontrei o olhar de Jude. Ele desviou o


olhar. Contorci-me quando Jesse roçou o polegar entre minhas
pernas. Inclinei-me e disse a ele: — Você não tem vergonha.

Ele me puxou para mais perto. — Diga-me, Katie Bloom. Do


que devo ter vergonha?

Eu não tinha uma resposta para isso.

Ele acariciou meu clitóris e tentei apertar minhas coxas um


pouco para manter o controle. Estava desmoronando com seu
toque, mas mais envergonhada do que o normal por estar fazendo
isso em público. Era enervante. Também era estonteante,
estimulante e sexy pra caralho.
— Nunca conheci ninguém como você — falei.

— Isso te assusta.

Meu coração bateu na minha garganta. Passei meus braços


em volta do seu pescoço enquanto ele puxava minha calcinha de
lado. Deslizou o dedo ao longo da carne macia e escorregadia da
minha boceta... então empurrou dentro de mim.

Meu queixo caiu.

Ele beijou meu lábio inferior, lambeu minha boca com a língua
e então começamos. Ele me tocou enquanto nos beijamos, seu
polegar esfregando meu clitóris. A doce fricção cresceu, rápido, o
calor crescendo em meu núcleo. Beijei-o com força, segurando
firme enquanto o prazer tomava conta do meu corpo.

— Oh Deus. — Afastei-me um pouco, ofegante, balançando no


limite. — Não aqui — implorei.

Ele me acariciou suavemente, seu dedo ainda dentro de


mim. Minha cabeça girou. Precisava tanto gozar, e poderia. Jesse
queria que eu fizesse. Mas eu só queria saborear essa sensação,
sentar-se em seu colo com a mão entre minhas pernas, sangue e
respiração e puro êxtase percorrendo meu corpo.

Respirei longa e profundamente.

Livre. Eu não estava acostumada a me sentir tão livre.

Foi bom pra caralho. Incrível.

Parecia como a vida costumava ser. Como quem eu costumava


ser, quem eu estava me tornando antes de me apaixonar por Josh
e minha vida tomar um caminho diferente do que pensava que
queria.

Isso me fez pensar sobre aquela garota. Ela estava aqui agora,
sentada no colo de Jesse Mayes?

Ele retirou a mão da minha saia e se inclinou para falar com


Jude, então se levantou e pegou minha mão.

Ele me levou para fora, para um beco atrás do clube. Jude nos
acompanhou até a porta, mas não nos seguiu para fora. Não havia
ninguém por perto. Estava quieto, apenas algum ruído do tráfego
distante e o baque abafado do clube enquanto caminhávamos para
as sombras.

Olhei para trás, um pouco alarmada por Jude não vir


conosco. — Hum... e se alguém tentar nos assaltar?

— Então eu vou matá-los.

— Bem, merda. — Pulei um pouco nos meus novos sapatos


Valentino 31 , cor-de-rosa e cravejados. — Isso é bom. Porque eu
realmente quero ficar com esses sapatos.

Ele pressionou minhas costas contra a parede. —


Bom. Porque eu realmente quero foder você nesse lugar. — Então
ele se ajoelhou na minha frente.

31 Valentino é uma marca de alta-costura italiana.


Respirei trêmula quando ele empurrou minha saia para cima
sobre meus quadris. Ampliei minha postura, tentando não cair dos
meus saltos de dez centímetros. — Porra — disse ele, puxando
minha pequena calcinha branca pelas minhas coxas. Ele passou
a ponta do dedo sobre o meu clitóris. — Você, Katie Bloom, é todos
os sonhos molhados que tive quando era criança.

Então ele me comeu. Engasguei-me em minha mão para não


fazer muito barulho. Balancei em meus saltos altos e ele me
pressionou contra a parede. Lambeu e chupou meu clitóris até que
eu estava pingando, doendo, meio que desejando que ele me
fodesse bem aqui, mas não sabia se ele tinha uma camisinha.

Enquanto se banqueteava comigo, ele desfez sua calça jeans,


tirou seu pau e se masturbou. E, oh, Deus... era demais pra
caralho. Eu podia vê-lo trabalhando seu pênis na mão, seus anéis
brilhando nas sombras. Sua respiração ficou mais rápida quanto
mais eu me contorcia de excitação. Ele gemeu e senti as vibrações
em meu clitóris. Gozei de repente em sua língua, segurando seu
cabelo em punhos e ofegando no escuro enquanto ele me chupava.

Depois, ficou de pé na minha frente, seu comprimento duro


ainda em seu punho.

— Não fez muito por você? — Provoquei, sem fôlego, olhando


para seu pênis. Ele ainda não tinha gozado.

Segurou meu rosto com a outra mão e me beijou com fome. —


Isso é o que você faz comigo — disse ele. Então gemeu contra meu
pescoço quando gozou, empurrando-se na minha boceta.

Depois que recuperamos o fôlego, esfreguei seu gozo na minha


pele como uma espécie de loção de luxo, porque eu realmente não
sabia o que mais fazer com isso. Ele sorriu e me beijou. Então
lambi meus dedos, porque estavam pegajosos, e novamente,
porque eu não sabia mais o que fazer. Além disso, porque tinham
gosto de Jesse. Suas pupilas dilataram enquanto ele me observava
fazer isso e mordeu o lábio. — Porra, Katie — disse, então me
beijou novamente, profundamente.

— Eu realmente deveria ter guardado, para vender no eBay —


eu disse, quando finalmente paramos de nos agarrar novamente.

— Huh?

Arrumei minha calcinha e levantei uma sobrancelha para ele


enquanto alisava minha saia. — A essência de Jesse Mayes. Teria
rendido um belo centavo.

Ele balançou a cabeça para mim, mas riu. — Você é uma


cadela pervertida, Katie Bloom.

Eu sorri para ele.

Ele me puxou com força, me beijando novamente. — Como


você está se sentindo? — murmurou contra meus lábios.

— Suja — eu disse enquanto ele me envolvia em seus braços.

Livre, deveria ter dito.

◊◊◊
Muitos dias depois, em algum lugar na estrada para Nashville,
o ônibus da turnê saiu da estrada em uma parada de ônibus e eu
dei uma volta, sozinha com meu telefone.

— Estou louca, certo? — Perguntei a minha melhor amiga.

Assim que coloquei Devi na linha, informei-a sobre o estado


das coisas o mais vagamente que pude - Devi não precisava
de todos os detalhes sujos, por mais que ela quisesse - enquanto
ainda deixava claro que tinha perdido minha mente.

Porque na noite anterior, Jesse e eu mal dormimos. Em vez


disso, nós fodemos por horas a fio sem camisinha. Eu estava
tomando pílula e ele me mostrou o exame de sangue que
convenientemente fizera no início da turnê, Só para garantir com
um grande sorriso de comedor de merda no rosto. De minha parte,
ninguém havia me tocado nos últimos dois anos; de qualquer
forma, fiz todos os testes já inventados, três vezes, quando
descobri que Josh tinha ricocheteado na cama de uma das minhas
melhores amigas depois do nosso quase casamento - por que quem
sabe quem ou o que ele poderia estar fazendo? Antes disso, Jesse
e eu havíamos discutido o assunto de maneira madura, mas
depois decidimos como macacos. Pele à pele.

Portanto, a camisinha e todas as apostas foram oficialmente


canceladas.

E quando as sensações da noite passada voltaram, uma onda


de excitação percorreu meu corpo. Meu estômago apertou e minha
respiração ficou presa. Mordi meu lábio. Quase derrubei meu
telefone.

— Uh... olá...? — Ouvi Devi do outro lado da linha.


— Sim. — Fechei meus olhos por um segundo e apenas
respirei. Tudo o que vi no escuro foi Jesse, me beijando, movendo-
se sobre mim, me segurando... Deus. Podia sentir seu pau
bombeando na minha boca e provar seu gosto salgado e
inebriante. Engoli em seco. A carne entre minhas pernas ainda
zumbia com seu toque, dolorida, quase, e pronta para gozar... de
novo. — Estou fazendo sexo desprotegida com um símbolo sexual
que provavelmente trepou de costa a costa. Exame de sangue ou
não, estou louca.

— Você está se apaixonando por ele.

Porra.

Não é o que eu queria ouvir.

— E isso é loucura, certo?

— Não sei, — disse minha melhor amiga. — Acho que é


natural, Katie. Quer dizer, você está com ele o tempo todo. Vocês
estão dormindo juntos.

— Estou tão ferrada. — Virei-me para olhar para o ônibus do


outro lado do estacionamento. Jesse estava lá, sem camisa, se
espreguiçando, parecendo um deus do sol, todo lindo e dourado
em seus jeans de cintura baixa.

— Achei que fossem boas notícias — provocou Devi.

Jesse me pegou olhando e sorriu. Afastei-me. — Não consigo


pensar direito perto dele.

— Você acha que ele está trepando com mais alguém?


— Acho que não. Quer dizer, ele poderia estar. Não é como se
ele não pudesse conseguir em qualquer lugar que quisesse, se
quisesse.

— Mas você não acha que ele quer?

— Acho que não. — Eu não acho. Apesar do grande volume de


gostosas se jogando a seus pés, realmente não acho. O que talvez
fosse parte do meu problema.

— Talvez ele esteja se apaixonando por você também.

— Não comece a colocar essa merda na minha cabeça.

— Katie…

— O que?

Houve um silêncio longo e tenso enquanto os ônibus passavam


chicoteando na estrada e preparei-me para o que sabia que estava
por vir.

— Você realmente acredita que não pode ser amada? — Devi


perguntou. — Só por causa do que Josh fez com você?

A preocupação na voz da minha melhor amiga me matou um


pouco.

— Não sei, Devi. Não posso ter essa conversa agora, ok? —
Senti-me perigosamente perto de chorar e de jeito nenhum poderia
lidar com isso. Agora não. Não até que eu estivesse em casa e a
quilômetros de Jesse Mayes e toda aquela loucura acabasse e eu
pudesse pensar direito novamente.
— OK.

— OK.

Outro silêncio.

— Ele fode como uma besta — sussurrei.

— Santo inferno.

— Ele é tão gostoso que acho que vou derreter.

Quando me virei, ele ainda estava lá. Sem surpresa, algumas


garotas se materializaram do éter com uma porcaria para ele
assinar. Ele estava dizendo algo que as fez rir e brincar com seus
cabelos.

— Isso é incrível, Katie.

Observei enquanto Jesse sorria para o que quer que as


meninas respondessem. Então ele olhou para mim e sorriu ainda
mais.

— Mas você sabe, não importa o quão real isso seja ou não
seja, ou quanto tempo dure, só há uma coisa que realmente
importa, — disse minha melhor amiga, de tão longe. — Ele é bom
para você?
Jesse
— O dano que você fez à minha língua me fará cantar com a
língua presa — informei Katie enquanto subia no banco do
motorista do ônibus da turnê. Verifiquei minha língua inchada no
espelho, e o dano vermelho furioso onde o dente havia cortado.

— Eu não mordi sua língua, — disse ela, acomodando-se no


banco do passageiro. — Você mordeu a língua.

Verdade.

— Que foi sua culpa — eu disse.

Também verdade.

Estávamos a caminho de Austin quando decidi tomar o volante


do ônibus. Alguns dias atrás, havíamos passado daquele ponto,
aquele que acontecia em todas as turnês, quando eu ficava doente
pra caralho no ônibus e comecei a andar, escalar paredes e
geralmente deixar todo mundo louco. O tempo de viagem entre as
paradas da excursão não justificava o voo, então não tive escolha
a não ser aguentar a estrada. Assumi a direção para mudar as
coisas.
Quando paramos, Kenny saiu para abastecer, Mick e Raf
foram tomar cerveja, Jude desapareceu em qualquer lugar e eu
puxei Katie para o meu colo no assento do copiloto. Então comecei
a me esfregar a seco nela como um vira-lata com tesão. Estive
tentando levantar sua saia durante toda a manhã, também para
afastar meu tédio na estrada. Comecei a tirar sua blusa, ela
protestou contra as janelas e eu enfiei minha língua em sua
garganta para calá-la. Ela tirou minha camisa, me distraiu
raspando as unhas sobre meus mamilos, então puxou sua boca,
lambeu minha orelha e sussurrou algo que soou distintamente
como se eu devesse foder sua bunda.

O que me fez morder a língua com tanta força que sangrou.

Infelizmente, os caras começaram a subir no ônibus antes que


eu pudesse fazê-la pagar pela língua ensanguentada ou explicar
esse comentário. Minha língua ainda latejava, o gosto de cobre do
sangue ainda na minha boca.

— Pratique, — disse ela. — Cante alguma coisa e direi se você


falar preso.

Comecei a cantar o refrão de Dream Weaver, de todas as


coisas. E gaguejei um pouco nos sons v e th. Também doeu
tentar não fazê-lo. Katie caiu na gargalhada. Então eu disse: — Ai
— e ela calou a boca.

— O que está errado? — Mick apareceu, abriu uma cerveja


gelada, entregou a Katie e levou embora a vazia; ela já havia bebido
uma enquanto esperávamos o retorno de Jude e Kenny.

— Obrigada! — Ela tomou um gole. — Eu fiz Jesse sangrar —


ela disse com falsa simpatia.
— Continue assim — Mick disse, e desapareceu na parte de
trás.

— Não a encoraje — rosnei atrás dele.

— Aw. Pobre bebê — Katie disse docemente, seus grandes


olhos azuis esverdeados brilhando de alegria.

— Você tem sorte de não haver show esta noite.

— Eu nunca vi você fazer beicinho antes — ela disse, ainda


com os olhos arregalados de alegria. — É adorável.

— Não estou fazendo beicinho — resmunguei. — Ferimento.

Ela riu de novo enquanto eu dirigia o ônibus para a rodovia,


cantarolando o refrão de Dream Weaver.

— Talvez você pudesse cantarolar o show inteiro amanhã —


ela sugeriu brilhantemente.

— Se você vai ser o copiloto, seja útil — ordenei.

— E como eu faria isso? — Ela olhou por cima do ombro para


a sala, então se inclinou e sussurrou: — Eu não te dar um boquete.

— Por que diabos não? — Comecei a fazer um gesto sugestivo


com minha língua, mas parei quando senti o gosto de sangue
fresco. — Ai. Porra. — Lancei a ela um olhar, desafiando-a a rir da
minha lesão novamente.

Ela sorriu lindamente e bebeu sua cerveja. — Não se preocupe,


vou ser mais divertida quando estiver embriagada. Ajudar você a
passar o tempo. Vou me tornar uma copiloto completa nisso.
— Uh-huh. E o que você faz para passar o tempo em uma
viagem?

— Eu não sei. Falar sobre meninos? A última vez que fiz uma
viagem de carro, eu tinha dezoito anos.

— Parece muito chato.

Ela ergueu uma sobrancelha para mim por cima da cerveja. —


Você está dizendo que os meninos são chatos?

— E cabeludo. E eles fedem. Acredite em mim, já fiz muitas


viagens com caras e eles são altamente superestimados.

Katie riu. — OK. Então, o que vocês fedorentos fazem na


estrada? Quer dizer, você sabe, além de todas as prostitutas e
chupadas ou qualquer coisa.

— Hmm. — Fingi pensar sobre isso. — Não sei. Nunca


deixamos de lado as prostitutas e chupadoras antes.

Ela revirou os olhos. — Uh-huh. Poderíamos jogar um jogo de


estrada.

— Parece uma boa e limpa diversão.

— A não ser que seja um jogo de bebida... — Ela ergueu a


cerveja e brindou com o ar. — Eu realmente não vejo o ponto. —
Ela pontuou isso com um gole de cerveja e sorriu. E eu realmente
queria que ela envolvesse aqueles lindos lábios rosados, molhados
de cerveja, em volta do meu pau.

Talvez mais tarde. Sempre havia mais paradas para descanso.


— Continue bebendo, gata, nós faremos disso um jogo de
bebida. Mas o único jogo de estrada de que me lembro é o Top
Cinco. Tive muitas brigas por causa disso.

— Oh, sim?

— Oh sim. Palavrões foram ditos. Bebidas foram jogadas. Foi


feio.

— Parece maravilhoso.

— Não é para os fracos de coração.

— Ensine-me!

— OK. É fácil. Vou lhe dar um tópico e você diz as cinco coisas
principais nessa categoria.

— Tal como?

— Cinco bandas principais.

— Oh, isso é fácil.

— Foi o que eu disse. Mas é extremamente controverso, já


aviso.

— Talvez para astros do rock teimosos e excessivamente


opinativos. Eu, por outro lado, sou uma senhora civilizada. — Ela
tomou outro gole de sua cerveja. Já estava corada, com as
bochechas rosadas; não demorou muito. A garota não conseguia
beber muito.
O que era bom para mim. Acontece que eu gosto da Katie
bêbada.

Meu pau gostava dela também. Especialmente quando rolou a


garrafa de cerveja gelada entre os seios, fazendo seus mamilos
endurecerem contra o algodão, a condensação pingando dentro de
sua blusa...

Porra.

Olhos na porra da estrada.

— Então vá em frente, querida. Cinco bandas principais.

— Tipo, de todos os tempos?

— Sim.

— OK. Número um. Dirty. Obviamente.

— Obviamente.

— Dois. A banda do projeto solo de Jesse Mayes.

Isso me fez sorrir. Cuidadosamente. Minha língua ainda


latejava estupidamente. — Legal. E direi a Raf que você disse isso.

— Três. The Police.

— Escolha interessante.
Ela me olhou de lado, como se esperasse por uma
discussão. — Você não quer irritar o Sting32, quer? Esse cara vai
superar você com zen pra merda.

— Eu nem sei o que isso significa.

— Número quatro. Queen.

— Errado.

— O quê!?

— Queen é lenda. Excelente escolha. Só não entre os cinco


primeiros.

— OK. Agora eu vejo por que vocês brigaram. Mas


adivinhe? Você está dirigindo, eu tenho cerveja e você não tem voto
de veto na minha lista. São os meus cinco
primeiros. Queen. Número quatro. — Ela tomou sua cerveja, que
estava quase vazia.

— Bem. Número cinco?

— David Bowie.

— Isso não é uma banda.

32 Integrante da banda The Police.


— Tanto faz. Ziggy Stardust and the Spiders from Mars33.

— Você tem gostos musicais curiosos para uma mulher


nascida em 1991.

— Obrigada. — Ela tomou um gole apreciando sua cerveja,


esvaziando-a, e pediu licença para pegar uma nova. — Seus cinco
primeiros — disse ela ao voltar, sentando-se em seu
assento. Jogou os pés para cima no painel, fazendo sua minissaia
subir, dando-me uma visão completa daquelas coxas lisas e
macias, e uma ideia vívida do que eu gostaria de fazer com elas...
como envolvê-las em volta do meu rosto.

— OK. — Limpei minha garganta, tentando me concentrar. —


The Doors. The Who. Cream. Zeppelin. Dylan. Pronto.

— Bob Dylan? 'Isso não é uma banda,' — ela disse, jogando


minhas palavras de volta.

— Bob Dylan e sua banda.

— Você tem alguns gostos musicais curiosos para um homem


nascido em... 1988?

— Oitenta e sete. As cinco coisas mais excêntricas que você


quer que eu faça e ainda não fiz.

33 Álbum do músico David Bowie.


Katie riu. — Ah, ele encontra uma maneira de sujar o bom e
limpo jogo de estrada de perguntas e respostas.

— O que? Está dentro das regras.

— Não acho que você me explicou as regras.

— Eu te disse. Nomeio a categoria, você tem que dizer as cinco


primeiras.

— Preciso?

— Sim. Ou então o universo implode ou algo assim. Certa vez,


fizemos Zane listar as cinco principais exportações do Brasil antes
de deixá-lo mijar. Ele bebeu cerca de vinte cervejas.

— Cruel! Quais eram eles?

— As exportações brasileiras? Eu não tenho ideia do


caralho. Acho que Dylan fez uma pesquisa no Google ou algo
assim. Provavelmente, acabamos de fazer uma merda no final.

Ela riu e me lançou um olhar severo. — Nem tente isso em


mim ou você vai se arrepender. Se você me impedir de ir ao
banheiro depois de três cervejas, provavelmente vou fazer
xixi em você.

— Ok, mas isso não está realmente na minha lista. A menos


que esteja na sua.

— Que lista?

— As cinco coisas mais excêntricas.


Ela torceu o nariz para mim. — Ai credo. Não.

— Então você ainda tem cinco coisas para nomear.

— Tudo bem. — Ela tomou um gole de cerveja e ficou séria. —


OK. Coisas excêntricas. Hum. Me amarrar?

— Mesmo?

— Não sei. É bizarro, certo?

— Você não pode simplesmente dizer coisas pervertidas. Você


tem que dizer suas cinco primeiras.

— OK. Não é a coisa de amarrar.

— Eu sabia. Mentirosa.

— Tomar um banho comigo. Isso é bizarro?

— Não. Mas eu aceito.

— Ei! É pervertido para algumas pessoas.

— Você tem mais quatro. Impressione-me.

— Oh Deus.

Sorri e nem tentei fingir que não estava gostando disso,


enquanto Katie tomava um gole de cerveja e pensava nisso. Difícil.

— OK. Chupar meus dedos do pé?

— Não pergunte. Apenas conte.


— Bem. Me bata?

— Pare de perguntar.

— Hum. Faça sexo comigo enquanto você está vestindo calças


de couro sexy.

Cristo. Senti meu pulso acelerar na minha língua latejante, no


meu pau, porque ela estava falando sério. Ela olhou para
mim. Lembrei a mim mesmo que estava dirigindo um ônibus muito
grande e me sentiria muito mal se matasse todos e concentrei
meus olhos na estrada.

— Quais?

— As pretas de cintura baixa.

Droga. Agora eu tinha um visual.

— Isso não é muito bizarro — eu disse, como se meu pau não


estivesse duro como uma rocha. Mexi-me no assento, tentando
acomodar a ereção em meu jeans.

— De novo, — disse ela, seu olhar caindo brevemente para


minha virilha. — Depende de quem você é.

— Eu sou eu.

— Bem, eu sou eu.

— Não me diga que você nunca teve um cara transando com


você de calças.
Katie encolheu os ombros. — Josh era muito...
sistemático. Estava sem roupa, depois com as luzes apagadas,
depois fui para a cama debaixo das cobertas. Então, deixe o amor
começar.

Certo. Josh.

Seu único amante, antes de mim.

— Está bem então. Calças de couro, então.

— Viu? Pervertido.

— Você tem mais uma.

— Este é o número um ou o número cinco?

— Número um.

— Hmm.

Ela rolou a ponta da garrafa de cerveja sobre os lábios, para


frente e para trás, enquanto considerava. Havia uma expressão
sonhadora e luxuriosa em seus olhos enquanto ela olhava para a
estrada à frente, com as sobrancelhas franzidas. Katie era fofa pra
caralho quando estava perdida em pensamentos.

Especialmente quando ela estava pensando em qualquer


merda sexy que queria que eu fizesse com ela.

— Oh! Eu sei. — Seu rosto se iluminou e ela tomou um gole


de sua cerveja para se congratular. — Foda-me onde todas as suas
fãs possam ver, para que elas entendam a mensagem e caiam fora.
— Sorriu docemente.
Levantei uma sobrancelha. — Você quer fazer uma fita de
sexo, querida?

— Oh! Esqueça essa coisa de fã. Vamos fazer uma fita de sexo!

— Agora eu sei que você está bêbada. — Lancei um olhar de


soslaio para ela; estava definitivamente parecendo um pouco com
os olhos vidrados, um zumbido feliz curvando os cantos de sua
boca.

— O quê? Estou falando sério. Quer dizer, não para que


possamos vazar na internet. Pervertido. Quer dizer, para que
possamos assistir. Que tal isso para excêntrico? — Ela parecia tão
satisfeita, era adorável pra caralho.

Queria jogá-la no chão do ônibus e foder aquele pequeno


sorriso direto em seu rosto, fazê-la se perder em gemidos e
gritos. Se eu pudesse me livrar dos idiotas jogando pôquer na sala.

Katie não gostava de gritar quando os caras estavam por perto


para ouvir, mas eu com certeza precisava fazê-la gritar. Em breve.

Katie Bloom perdendo o controle; era a coisa mais sexy,


pervertida e excitante que já vi.

Limpei minha garganta. — Sexy, — eu disse. — Se você estava


falando sério.

— Estou falando sério.

— Não, você não está.

— Por que não?


— Porque você não vai de apagar as luzes toda vez que faz sexo
para gravar uma fita de sexo.

— Quem disse? Não fui eu que apaguei as luzes.

Engoli isso. E reorganizei meu pau latejante, sem me


preocupar em ser discreto sobre isso.

— Parando para almoçar — anunciei, para um monte de


aplausos na parte de trás.

— Nada de hambúrgueres, porra — disse Raf.

— Mexicano! — Mick gritou.

— Nada de mexicano, porra!

Katie se inclinou em sua cadeira para se juntar ao debate. —


Chega de comida rápida! Eu quero uma refeição de verdade com
algo verde no meu prato.

Uma discussão irrompeu sobre o que comer no almoço, mas


eu não estava ouvindo. Não me importava com o que diabos
comíamos.

Assim que os caras desceram do ônibus, eu teria Katie Bloom.


Katie
Eu estava atrás do local depois do show de Austin, encostada
na parede enquanto Jesse dava autógrafos para um monte de
garotas do outro lado da cerca. Era uma cerca alta e sólida de
madeira, mas havia um grande portão de arame por onde os
ônibus e caminhões passavam, trancado com cadeado, e as
meninas eram pressionadas contra ele, espremendo pedaços de
papel e quem sabe o que mais pelos buracos para ele assinar.

Jude estava por perto, como sempre, e observei por um tempo


enquanto Jesse fazia suas coisas.

Quando ele terminou, Pepper e Raf foram cumprimentar as


meninas e assinar coisas para elas também.

Jesse caminhou até mim, olhando-me de cima a baixo com


minha saia curta e blusinha. Ele parecia tão gostoso em suas
calças de couro. Lindo, um sorriso sexy curvando o canto de sua
boca.

As palavras de Devi continuavam voltando para mim.

Você está se apaixonando por ele.


Talvez ele esteja se apaixonando por você também.

Percebi alguns dias atrás que eu estava esperando Jesse


começar a ser um idiota. Como se quando ele fizesse, finalmente
teria um vislumbre de suas verdadeiras cores, como se, se eu
prestasse atenção o suficiente, ele começasse a mostrar sinais de
sua estupidez opressora.

Mas ele nunca fez isso.

Devi disse que a única coisa que realmente importava era que
ele era bom para mim. Ela provavelmente estava certa sobre
isso. E ele foi bom para mim.

Então, por que fiquei esperando o outro sapato cair?

Estendi a mão para ele e ele me pegou, me girou e me sentou


na ponta do capô do carro alugado de Jude. Ele abriu meus joelhos
e ficou entre eles, de costas para as meninas e a cerca.

— O que está acontecendo por trás desses seus grandes olhos


azuis esverdeados? — ele perguntou, envolvendo os braços em
volta da minha cintura.

Passei meus braços em volta de seus ombros e brinquei com


seus cabelos. — Eu estava pensando que tenho um novo top cinco
para você.

— Oh, sim?

— Sim. Na verdade, nunca assinei esse acordo de não


divulgação... Provavelmente, poderia escrever um artigo. Vender
para uma revista. Cosmo. Não, Maxim. — Levantei uma
sobrancelha para ele. — Playboy?
Ele sorriu. — E como este artigo se chamaria?

— As cinco principais coisas que as fãs dizem a Jesse Mayes


fora de um show.

Ele riu. — Posso pensar em algumas.

— Uh-uh. Certo. Você quer ouvir?

— Faça isso.

— OK. Número cinco.

— Uma contagem regressiva. Eu já gosto disso.

— Espere por isso.

— Estou esperando.

Recuperei o fôlego, e ri, fazendo-o sorrir, então respirei fundo


novamente, batendo em seu braço quando ele ria. — Espere! —
Dei minha voz mais ofegante e feminina. — 'Zane está aqui?'

Jesse riu alto. — Merda. Isso é bom. Eu teria pensado que um


era maior do que o número cinco, no entanto.

— Não.

— Então, qual é a minha resposta a essa pergunta?

— Como se você não soubesse.

— Só quero ver se você está prestando atenção.


— Bem, você lida com isso muito bem, na verdade, com graça
e charme. Geralmente com algum tipo de desvio casual. Minha
favorita foi quando você disse: 'Se você o ver, diga que ele me deve
cinco dólares.'

— Ele me deve cinco dólares.

— Número quatro. 'Como posso entrar nos bastidores?'

— Certo.

— Embora existam várias variações desta, incluindo 'Onde é a


festa depois do show?' e 'Farei qualquer coisa para chegar aos
bastidores'.

— Uau.

— Sim. Mas descobri que todos os itens acima são apenas


código de fãs.

— Código de fãs?

— Uh-huh. Para 'Por favor, me foda esta noite.'

— Uau.

— Como se você não soubesse. Infelizmente, para as fãs, você


também evita essa pergunta. Sobra para o Jude. Que faz os passes
dos bastidores como lhe convém, dependendo de seu estado de
espírito.

— Sortudo Jude.
— Tripulação de estrada sortuda. O que as fãs não sabem é
que Jesse Mayes, embora com tesão pra cacete depois de um show,
não confraterniza com fãs nos bastidores. No entanto, alguns de
seus tripulantes fazem.

— Pau de consolação?

Eu ri e envolvi minhas pernas em torno de seus quadris


enquanto ele pressionava mais perto. — Número três. 'Eu te amo
totalmente.' Este me deixa um pouco estranha. Acho que isso vem
das mulheres que realmente amariam se você fosse o pai de um
filho delas, mesmo que elas realmente não conheçam você.

— Eu tenho uma quantidade incrível de crianças espalhadas


pelo mundo.

— Pervertido. — Dei a ele meu olhar menos impressionado. —


Número dois. 'Você vai assinar meu...' insira a parte do corpo nu
aqui.

— Esse é popular.

— Eu realmente passei a respeitar esse aqui. Percebi que as


meninas que fazem essa pergunta vêm preparadas, com o
marcador na mão, e aceitam o fato de que você não vai transar
com elas, então aproveitam a oportunidade para que você esfregue
a ponta de um feltro marcador em sua carne, geralmente seus
seios ou sua bunda rachada, enquanto elas se inclinam
provocativamente, como uma substituta de três segundos.

— A última rapidinha?

— É tudo muito ejaculatório, se você pensar bem.


— Parece que sim. — Ele passou o dedo pelo meu decote. —
Pensando bem, você nunca pediu um original de Jesse Mayes...

— Número um — eu disse, afastando sua mão.

— Mal posso esperar para ouvir este.

Joguei meu cabelo e bati meus cílios. — 'Posso ganhar um


beijo?' Ou um abraço etc. Você entendeu a ideia.

— Entendi. — Suas mãos estavam em minhas coxas agora e


ele estava puxando minha saia ao redor de meus quadris. — E
como faço para lidar com isso?

Olhei por cima do ombro, mas Pepper estava entretendo essas


fãs com suas histórias malucas. — Bem, eu tenho que dizer, você
dá o beijo bastante casto na bochecha por ser uma estrela do rock
com tesão.

Jesse abriu o zíper de sua calça de couro, liberando seu pau


lindo, duro e pronto. Engoli, meu coração batendo na minha
garganta com a emoção do que eu tinha certeza de que ele estava
prestes a fazer. — Não gostaria que minha namorada ficasse com
ciúmes — ele murmurou. Arrastou-me para mais perto dele, até a
beirada do carro, puxou a minha calcinha para o lado e me
preencheu com um impulso longo e lento.

— Porra, você está molhada — ele sussurrou em meu ouvido,


envolvendo-me em seus braços.

— Oh Deus…

Jesse estava me fodendo, em um carro, à vista de um bando


de suas fãs. Não que aquelas garotas pudessem dizer o que
estávamos fazendo exatamente... pelo menos eu não achei
que elas pudessem.

Provavelmente parecia que ele estava me dando um... hum...


abraço íntimo?

— Olhe para nós, — ele sussurrou em meu ouvido — fazendo


duas coisas da sua lista ao mesmo tempo...

Puta merda. Nós estávamos totalmente.

Ele começou a se mover em um ritmo lento. Não estava apenas


me fodendo, ele estava ultrapassando meus limites. E eu estava
começando a amar ter meus limites empurrados por este homem.

Correr riscos nunca foi tão bom.

É como se ele estivesse lentamente destruindo minhas dúvidas


e as substituindo por prazer... alegria... êxtase desinibido...

— Você acha que elas podem ver? — Sussurrei, sem fôlego.

— Não me importo — disse ele, beijando meu pescoço. Então


lambeu seu caminho até minha orelha. — Quanto mais elas me
veem amando você... mais elas compram a música.

E assim ... um balde de água fria total.

Matador de libido.

Matou o encanto.
Tudo parecia irreal. Suspenso. Câmera lenta. Eu ainda o
sentia, ainda o queria, ainda me envolvi em torno dele, mas era
como se ele tivesse me dado um soco bem no coração.

Fechei meus olhos.

Mas deixei-o terminar de me foder.

Porque amo sexo com Jesse Mayes. E, aparentemente, Jesse


Mayes amava sexo comigo.

Ele me amou ajudando-o a vender sua música.

Ele simplesmente não me amava.


Katie
Rolei de costas e me estiquei no colchão frio, deixando a brisa
do ar-condicionado sobre meu corpo nu. Quando meus mamilos
atingiram o pico, puxei o lençol em volta das minhas costelas.

Jesse estava deitado ao meu lado, parcialmente apoiado em


alguns travesseiros, de costas para mim enquanto lia o jornal
matutino. Estávamos em um hotel. Um hotel muito
bom. Aconcheguei-me mais perto do calor que irradiava de seu
corpo, me enterrando na curva de suas costas. Eu vi a curva de
sua bochecha enquanto ele sorria.

— Bom dia, raio de sol.

— Mmm, — murmurei. — Eu amo esse cheiro.

— Que cheiro?

— Papel de jornal e tinta de jornal. Isso me lembra do meu pai.


— Abri um olho e olhei para cima para encontrá-lo olhando por
cima do ombro para mim. — Isso é estranho?
Ele apenas sorriu e voltou ao seu jornal. — Você quer café da
manhã?

— Totalmente.

— Bom. O bacon queimado está esperando.

Sentei-me um pouco e olhei para o outro lado do quarto. Um


carrinho de serviço de quarto fora colocado em frente à janela
enorme, a toalha de mesa branca brilhando ao sol da manhã. Duas
mimosas cintilavam em taças de champanhe, uma delas decorada
com uma pequena lamina de plástico carregada com cereja.

Caí de volta na cama e suspirei. — Jesse, eu realmente gosto


daqui. Podemos ficar?

Ele se virou para mim novamente, desta vez rolando para me


encarar. — Aqui na cama? — Ele estendeu a mão por baixo do
lençol e agarrou meu quadril, puxando-me contra ele.

— Mm-hmm... aqui no Texas.

Ele se inclinou, respirando no meu pescoço. — Você gosta do


Texas, querida?

— Um, sim. — Suspirei quando ele começou a me beijar,


enviando pequenos arrepios de calor pelo meu corpo. — Tenho
certeza de que amo o Texas, porra.

Ele beijou seu caminho pela minha garganta. — Sim?


— Mm-hmm. Está sempre ensolarado e os caras dizem
y’all34. Como não gostar?

— Mmm, — ele murmurou enquanto roçava seus lábios sobre


a protuberância do meu seio. Eu não tinha certeza se isso era um
acordo ou não. Ele capturou meu mamilo com os dentes, me
fazendo gritar com a pequena pontada de dor, meu corpo
enrijeceu.

— O que aconteceu com meu bacon queimado? — Protestei


enquanto ele lambia o pico rosa duro, uma e outra vez, acalmando
a dor.

Eu relaxei embaixo dele e ele se moveu contra mim, seus


quadris pressionando os meus, seu comprimento duro contra a
minha suavidade. Contorci-me sob a pressão inesperada, seu pau
esfregando contra meu clitóris. — Ah-! — Eu consegui antes que
sua boca reivindicasse a minha em um beijo profundo, sua língua
saqueando minha boca.

Eu me contorci embaixo dele novamente. Antes que eu


pudesse me arrumar confortavelmente, ele se abaixou, agarrou
seu pau e arrastou a cabeça lisa para baixo, deslizando contra o
calor da minha boceta. Eu abri minhas pernas para dar acesso a
ele.

Ele gemeu e se esfregou contra mim novamente em um golpe


longo e tortuoso.

34 Y’all é uma forma de dizer ‘vocês’.


Comecei a me balançar contra ele, ofegando suavemente
contra sua boca. Seus lábios pairaram contra os meus, beijando
suavemente, lentamente. Ele pressionou a cabeça de seu pênis na
minha abertura e continuou me beijando, tão suavemente. Todo o
tempo eu ofegava na cama, faminta por mais, querendo seu
impulso possessivo, que não veio.

Seus olhos escuros encontraram os meus enquanto a cabeça


do seu pau empurrava para dentro de mim. — Porra, eu amo estar
em você — ele sussurrou.

Lentamente, muito lentamente, deslizou mais fundo, me


enchendo.

Quanto mais eles me veem amando você... mais eles compram


a música.

Gemi quando o comentário de Jesse da noite passada


voltou. Havia tanta coisa fodida sobre essa declaração que eu nem
sabia por onde começar. Eu tinha certeza que era apenas uma
daquelas coisas de merda que os caras dizem sem realmente se
ouvirem dizer e perceber o quão horrível isso soa, que no momento
todo o seu sangue estava trovejando para seu pau e ele não estava
pensando claramente sobre o que ele dizia. Eu tinha certeza de
que eu havia dito algumas coisas ridículas na minha vida e estava
disposta a deixar isso passar. Mas merda.

Quanto mais eles me veem te amando...

Essa parte estava meio que me matando. A mera implicação


de que ele me amava, quando não era verdade.
Mas eu não queria estragar isso. Nada disso. Qualquer coisa
que fosse isso que estava acontecendo entre nós.

Eu deixei meus quadris se acomodarem na cama e apenas o


senti, seu calor, seu peso, enquanto ele se apoiava em seus
cotovelos acima de mim e lentamente colocava sua língua em
minha boca. Abri meus joelhos o máximo que pude para acomodá-
lo enquanto ele afundava gradualmente mais fundo, até que se
acomodou contra mim.

— Eu quero você, porra, Katie — disse ele quando veio para


respirar, sua voz áspera, seu pau enterrado dentro de mim.

E sim, eu ia deixar a noite passada passar. Porque ele também


disse coisas como isso. Muito.

Ele pressionou sua testa na minha e eu apertei minhas coxas


em torno dele. Ele me beijou de novo, lentamente, e eu o beijei de
volta, freneticamente. Senti seu pau pulsar dentro de mim e foi
isso. Eu perdi isso. Eu balancei contra ele, desesperada por atrito,
latejando de necessidade.

— Por favor — sussurrei, montando seu pau por baixo, a


polegada a mais que pude manobrar, meus quadris presos entre
seu corpo e a cama. Apertei-o o mais forte que pude, chupei sua
língua quando ele enfiou em minha boca novamente, agarrei sua
bunda com meus dedos e tentei como o inferno persuadi-lo a me
foder. Forte.

Nossas bocas se fundiram em um beijo profundo e sua


respiração começou a se aprofundar, seu peito se movendo contra
o meu. Meu corpo ondulou sob o dele, incitando-o.
Finalmente, ele ergueu os quadris, recuando, arrastando seu
pau inchado para fora de mim, lentamente.

Então ele se jogou de volta.

Gemi e me contorci, encontrando suas estocadas enquanto ele


começava a me foder, devagar pra caramba. Ele se ergueu acima
de mim, apoiou-se em um braço e plantou a outra mão em meu
quadril, me segurando imóvel enquanto empurrava em mim, uma
e outra vez. Foi tão lento e tão bom pra caralho e tão profundo, eu
ia gozar tão forte apenas deitada lá embaixo dele, sentindo-o se
arrastar para dentro e para fora. Minha boceta apertou e eu apertei
minhas coxas em torno de seus quadris, segurando-o contra mim
quando cheguei ao pico.

Joguei minha cabeça para trás e gritei. Acho que xinguei


algumas vezes. Pelo que eu sabia, estava falando em línguas. Meus
dedos do pé se contraíram. Meus mamilos latejavam. O prazer
explodiu em mim em uma chuva de estrelas.

Ele empurrou profundamente e eu senti seu pau bombear


dentro de mim quando ele gozou. Ele gemeu e agarrou meu
peito. Sua cabeça caiu, seus cachos sedosos apenas roçando meu
peito.

Eu estendi a mão e segurei seu rosto enquanto tentava


recuperar o fôlego. Ele beijou a palma da minha mão. Ele olhou
para cima, seu olhar colidindo com o meu. Senti-o sacudir dentro
de mim e ele moveu seus quadris em mais algumas pequenas
estocadas, seus olhos fechando enquanto ele cavalgava as réplicas
de prazer.

Jesse com prazer... isso me destruiu totalmente.


— Ah... mais — consegui arfar quando outra onda atingiu meu
clitóris, meu corpo inteiro pulsando com luxúria. Seus olhos se
abriram, encontrando os meus. Ele ainda estava tão inchado, me
enchendo enquanto eu o montava, buscando outra liberação. Eu
provavelmente poderia ter gostado apenas da expressão em seu
rosto.

Então ele beliscou meu mamilo levemente e minha respiração


ficou presa na minha garganta quando o segundo clímax me
separou, quente e rápido.

— Oh... porra... — Eu me ouvi gemer enquanto derretia na


cama, meu corpo ainda zumbindo de prazer.

Nem percebi que fechei os olhos até abri-los para encontrar


Jesse me encarando, seus olhos escuros nublados de
luxúria. Seus lábios estavam inchados de beijar-me, seu cabelo
todo suado. Seu pau ainda estava em mim, gradualmente
amolecendo, mas ainda me enchendo. Ele lambeu os lábios e
passou a mão no meu peito até minha boceta.

— Sim... mais — ele sussurrou com voz rouca quando seu


polegar encontrou meu clitóris.

Ofeguei com seu toque, mas desta vez não fechei os olhos. Eu
observei seu rosto enquanto ele me observava, meu corpo
arqueando para fora da cama quando o prazer me atingiu
novamente.

◊◊◊
Eu realmente poderia ter ficado na cama o dia todo, mas Jesse
insistiu que nós nos levantássemos para comer.

Ele levantou as tampas dos pratos para revelar frutas frescas,


bacon e panquecas com xarope de bordo canadense para mim,
bacon e uma omelete para ele. Havia uma jarra de suco de laranja
espremido na hora e uma garrafa de champanhe para manter as
mimosas fluindo. E lá estava Jesse, sentado em sua cueca boxer
ao meu lado.

Perfeição.

— Eu estava pensando, — ele disse enquanto comíamos. —


Todo dia, tudo é sempre sobre mim, sabe? Você nunca consegue
nada que seja só para Katie.

— Então? É a sua turnê. — E realmente, Katie tinha


muito. Entre o serviço de quarto e as compras, os tratamentos de
spa e os restaurantes finos e as boates, eu não estava exatamente
sofrendo aqui.

— Sim. Mas cancelei todas as minhas outras merdas para que


possamos fazer hoje tudo sobre você.

— Mesmo? — Não tinha ideia do que significava tudo sobre


você, mas já gostava. Fiz um gesto para a cama desarrumada pelo
sexo e levantei uma sobrancelha. — Então isso foi tudo para mim?

— Não. Isso foi para mim. — Ele mastigou seu bacon e


sorriu. — Eu sou um bastardo egoísta. Mas a partir de agora, é
Dia da Katie.

— O que significa?
— O que significa que você ganha um presente.

— Legal, — eu disse, meu estômago dando uma cambalhota


estranha. — Porque eu adoro presentes. — Especialmente se forem
de Jesse em sua cueca durante o café da manhã pós-sexo,
aparentemente.

Ele foi até um dos armários e tirou uma caixa longa e achatada
embrulhada para presente, do tamanho de seu braço. Ele o trouxe
para mim e meu coração bateu forte quando o colocou no meu
colo. Era meio pesado e fazia um pequeno barulho de chocalho.

— Abra — ele comandou.

Desembrulhei. Dentro da caixa estava um skate. Um skate


muito legal com cerejas pintadas nele. Eu ri. — Que porra é essa?
— Olhei para Jesse, radiante. Ele estava me observando e lambeu
o lábio inferior como se esperasse pela minha reação.

Eu alisei minha mão sobre o comprimento da prancha e o virei.

— Você gosta disso?

— É incrível! — Deixei cair no tapete e comecei a andar pela


sala. — O que o fez pensar nisso?

Ele deu de ombros, agindo com calma, mas eu podia ver o


brilho feliz em seus olhos enquanto ele completava nossas
mimosas. — Outro dia, quando paramos para comer
hambúrgueres na estrada, havia aquele lugar de patinação,
lembra?

— Sim. Então?
— Então, você ficou toda nostálgica e com olhos de fada e disse
que sentia falta do skate.

— Eu não tive olhos de fada. — Revirei os olhos, mas ele estava


certo. Sentia muita falta do meu skate. Além de Devi e meu
cachorro, era a coisa mais difícil de ficar sem. Não me incomodei
em trazê-lo para a estrada porque imaginei que não haveria
nenhum lugar e nenhum tempo para andar nele. Eu estava errada
sobre isso. Eu até considerei comprar um em algumas cidades
atrás, mas então imaginei que seria muito difícil para Flynn fazer
o que queria se eu estivesse passeando.

— Como diabos Flynn vai me seguir nisso? — Eu parei de


repente. — Não me diga que você comprou um para ele. — A
imagem mental do meu ultra reservado e ex-militar guarda de
segurança durão me seguindo em um skate era demais. Eu joguei
minha cabeça para trás e ri tanto que lágrimas brotaram no canto
dos meus olhos.

— Você terminou? — Jesse perguntou depois de um momento,


mas ele riu também.

— Ah, merda. — Enxuguei as lágrimas. — OK. Merda. Eu


estou melhor.

— Nada de skate para ele, — disse ele. — Ele só vai ter dar um
jeito.

Eu pulei e coloquei o skate na minha mão. Não consegui


encontrar o logotipo de uma marca em lugar nenhum. — É
lindo. Onde você conseguiu isso? É feito sob medida?
— Acabei de encontrar um cara que os faz — disse ele, como
se não fosse grande coisa.

— Você mandou fazer um skate customizado para mim em


dois dias?

— Não. Mas ele tinha um que havia feito e eu o convenci a


vendê-lo para mim.

Eu não conseguia parar de sorrir. — É incrível,


Jesse. Obrigada. — Inclinei-me e o beijei, meus lábios demorando
mais do que eu pretendia. — Oh Deus, — eu disse, minha voz toda
vigorosa. — Você tem gosto de bacon e champanhe.

— Mm-hmm — ele murmurou.

— Não pensei que eles iriam tão bem juntos — sussurrei,


deixando cair o skate aos meus pés.

— Não tem ideia, — disse ele, mas me beijou de novo. — É


hora de se vestir.

— Eu tenho? — Subi em seu colo, montando nele em sua


cadeira. Eu estava usando uma de suas camisetas e minha
minúscula calcinha branca, pois sabia que deixava ele com
tesão. Levantei um pouco a camisa para que ele pudesse vê-la
enquanto eu me acomodava contra seu pênis, o que já estava
aumentando para a ocasião.

Ele gemeu contra meu pescoço quando comecei a esfregar


contra ele, esfregando para cima e para baixo enquanto ele ficava
mais duro. Eu puxei sua cueca para baixo, liberando seu pau.
Ele beijou meu pescoço e enfiou a mão por baixo da camiseta,
agarrando meu seio. Enterrei meus dedos em seus cabelos e gemi
quando sua outra mão deslizou entre minhas pernas. Ele deslizou
os dedos dentro da minha calcinha e acariciou minha
umidade. Então ele agarrou o algodão e o rasgou de lado, e
enquanto eu esfregava meu caminho para cima, ele enfiou em
mim.

Sem parar desta vez, sem me fazer esperar.

Montei-o rápido e forte e ele agarrou meus quadris, me jogando


contra ele, forçando-se mais fundo a cada impulso. Nós nos
beijamos com tanta força que mordemos um ao outro. Nós
agarramos com tanta força que machucamos um ao outro. Minha
cabeça girou de prazer e eu gozei em uma agitação repentina,
batendo contra ele, segurando-o profundamente.

Fechei meus olhos e estrelas explodiram atrás de minhas


pálpebras. Agarrei seu cabelo e mordi seu pescoço para não gritar.

Jesse gemeu e eu senti seu pau endurecer dentro de


mim. Quando ele empurrou em mim, eu selei minha boca sobre a
dele e o beijei, lento e profundamente.

Quando o senti relaxar, desabei contra ele, enterrando meu


rosto em seu pescoço, ambos ofegantes e escorregadios de
suor. Eu não conseguia pensar. Eu mal conseguia respirar. Senti-
me chapada, meio que flutuando e aterrada por seu calor ao
mesmo tempo.

Ele ainda estava dentro de mim e tudo que eu queria fazer era
transar com ele novamente.
E de novo.

Se eu pudesse me mover.

Ele se mexeu um pouco, acariciando meu pescoço.

Suspirei. — Saio de cima de você em um minuto, eu juro — eu


murmurei contra sua pele salgada. — Assim que eu puder sentir
minhas pernas...

Ele passou os braços em volta dos meus quadris para me


apoiar. O que foi bom, porque senão eu poderia ter escorregado de
seu colo direto para o chão, já que não conseguia sentir meus
ossos.

Com Jesse, sexo sempre foi assim.

Louco.

Fundido.

Gostoso.

Posso não ter muita experiência no departamento de sexo, mas


tinha quase certeza de que não era totalmente burra. O desejo
estava definitivamente entre nós e era real. Eu tinha certeza
disso. Ele me queria. Com fome e frequentemente. Talvez tivesse
mais a ver com o apetite do que comigo, mas tinha que ter pelo
menos alguma coisa a ver comigo.

E ele me comprou um skate. Um presente super atencioso, só


para me deixar feliz. Isso tinha que significar alguma coisa.

Ou não tinha?
Sério, pelo que eu sabia, o cara ganhava zilhões de dólares,
então talvez comprar um skate para mim não fosse nada. Talvez
ele tenha jogado essas bugigangas para todas as garotas que
conhecia, não é grande coisa.

Argh.

E lá fui eu de novo. Bem quando tinha certeza de como algo


estava entre nós, torci tudo para o que não era.

Porque ainda não sabia o que era.

E eu com certeza não ia perguntar.

Afastei-me dele, talvez um pouco abruptamente, e puxei a


camiseta para baixo para me cobrir enquanto me levantava. — É
hora de me vestir — anunciei, talvez um pouco alegre demais, mas
não o olhei nos olhos para ver o que ele pensava da minha partida
repentina. — Dia da Katie aguarda.

E com isso, peguei minha mimosa e tropecei para o banheiro


nas minhas pernas bambas e recém-fodidas, para desfrutar
minhas cerejas no chuveiro.

◊◊◊

Aparentemente, Jesse também gostava de cerejas no


banho. Se ele tivesse que comê-las do meu corpo.
Quando finalmente arrastamos nossas bundas para fora do
quarto do hotel, a primeira coisa que fiz no Dia da Katie foi dar a
Flynn o dia de folga, com pagamento. O que deixou Jude para nos
levar em seu carro alugado, para que Jesse pudesse se sentar no
banco de trás comigo.

Praticamente tudo o que eu queria fazer era sair com Jesse em


algum lugar que ele não fosse reconhecido, o que significa que
acabamos dirigindo muito. Pegamos comida e um Frisbee e fomos
para o parque fazer um piquenique e acabamos lá a maior parte
do dia, embora ainda atraíssemos alguma atenção. Eu andei em
meu novo skate para Jesse, a seu pedido. Em seguida, fomos a
uma loja de skate bacana que vendia tintas em spray, compramos
um monte de latas e Jude nos encontrou uma ponte decentemente
isolada, mas não muito incompleta, sob a qual Jesse insistiu que
eu deixasse minha marca.

Lembrei-o de que era ilegal.

Ele me lembrou que eu costumava fazer isso o tempo todo.

Lembrei-o de que eu era imatura naquela época.

— Portanto, seja imatura, — disse ele. — Vai ser divertido.

Acabei pintando seu primeiro nome em enormes letras rosa e


roxas borbulhantes. Com flores.

Para o jantar, ele me levou a um restaurante incrível, onde


tínhamos nossa própria sala privado, e insisti que Jude se
juntasse a nós. Nenhuma dessas merdas de mesas separadas.

Depois, saímos para dar um passeio no interior, Jude ao


volante novamente, Jesse comigo atrás.
Era outro lindo dia de final de verão, um pouco quente demais,
o que sempre me fazia sentir como se o sexo estivesse no ar. Eu
não tinha ideia de como as pessoas nesta parte do mundo não
apenas faziam sexo o tempo todo. Você mal conseguia usar
roupas, para começar. Eu não suportava nem mesmo pelos no
corpo e comecei a raspar tudo, o que me fez sentir nua o tempo
todo, não importa o que eu estivesse vestindo. Atualmente, eu
estava usando o vestido de verão mais leve e minúsculo que eu
poderia colocar na minha pele e a calcinha mais acanhada que eu
possuía, e Jesse ficava tentando deslizar os dedos dentro dela.

— Porra, te amo nua — ele respirou no meu ouvido enquanto


eu fazia o meu melhor para me contorcer para longe dele no
minúsculo banco traseiro de qualquer carro esporte em que
estávamos.

Jude estava nos ignorando de qualquer maneira. Ele tinha as


músicas no volume máximo. Com Jude, sempre eram coisas muito
pesadas, o tipo de coisa que eu passei minha adolescência ouvindo
porque meu cunhado gostava muito disso; o tipo realmente bom
de pesado que sempre soava melhor quando executado em um
carro em alta velocidade por alguma estrada secundária
aleatória. Aparentemente, melhor ainda se fosse alguma estrada
secundária aleatória no Texas.

Jude estava dirigindo rápido demais e meu coração estava


acelerado, a adrenalina subindo em minhas veias. Eu ainda não
tinha me acostumado com o gosto de Jesse por carros de alta
potência ou o estilo de direção de Jude, mas isso não significava
que tudo não me excitasse, especialmente quando Jesse estava
sentado ao meu lado me acariciando através da minha
calcinha. No momento em que Cowboys from Hell apareceu, eu
desisti e deixei que ele fizesse o que queria.
Ele colocou a mão inteira dentro da minha calcinha, seu dedo
médio enfiou dentro de mim, me acariciando enquanto seu polegar
massageava lentamente meu clitóris. Abri minhas coxas para
acomodar seu punho e derreti com a sensação. Havia testosterona
demais para resistir. Estava sobrecarregando o ar ao meu redor,
estalando no para-brisa, suando os assentos de couro, vibrando
pelo meu corpo com o pesado e forte triturar da música e os
rosnados, vocais ferozes, e eu estava chegando lá, rápido.

Eu estava fazendo tudo que podia para não gritar com a


intensidade do que Jesse estava fazendo comigo. O suor desceu
pelo meu peito. Mordi meu lábio e segurei seu braço como se de
alguma forma pudesse manter o controle dele.

Eu não pude.

Eu continuei balançando minha cabeça para ele, desejando


que ele parasse antes de eu cair, mas ele apenas se inclinou e
chupou minha orelha.

— Goze, Katie.

Eu ouvi seu comando, seu hálito quente em meu ouvido,


mesmo com a música.

Bloqueei em seus olhos e a intensidade lá me fez contorcer


contra sua mão. Lutei para me concentrar em sua boca, mas ele
lambeu o lábio e isso me desfez.

Relaxei contra o assento, desejando que meu corpo ficasse


mole enquanto sua mão trabalhava. O orgasmo me abalou, mas
eu apenas tentei não me mover enquanto meus olhos rolavam
fechados.
A música bateu no ritmo do meu coração.

Jesse lambeu meu pescoço e retirou a mão, endireitando


minha calcinha. Ele colocou a mão na minha coxa. Quando abri
meus olhos, pude ver minha umidade em seus dedos. Eu olhei
para ele e ele olhou para mim.

E por um momento, enquanto meu batimento cardíaco


pulsava através de mim e a alta da liberação sexual me deixava
tonta, pensei em perguntar a ele. Como realmente perguntar a ele.

O que diabos está acontecendo aqui. Mesmo.

Mas eu não fiz.

Em vez disso, mordi minha língua. Literalmente. Porque é


melhor sofrer em um silêncio confuso pelo resto da minha vida do
que ouvir aquelas palavras que eu tanto temia de seus lindos
lábios.

Eu só não sinto isso por você, querida.

O canto de sua boca se curvou naquela sugestão sexy de


sorriso. — Sim? — ele perguntou, quando eu apenas olhei para
ele, sem fôlego e zonza de prazer.

— Sim — eu sussurrei.

Então ele se inclinou e me beijou, lenta e profundamente,


enquanto avançávamos pela estrada e eu tentava fingir que nada
mais importava no mundo.
Katie
Quando voltamos para o hotel naquela noite, eu ainda me
sentia tonta, chapada de ar fresco e de Jesse Mayes.

Eu também me senti confusa.

Por que acabamos de sair para um encontro?

Claro, nosso tempo no parque pode ser considerado o negócio


normal, nós dois participando de demonstrações públicas de afeto
para uma audiência.

Mas eu tinha certeza absoluta, além de Jude e alguns


pássaros, não tínhamos testemunhas sob aquela ponte.

No momento em que saí do banheiro pronta para dormir,


porém, eu já tinha me convencido de que não era um
encontro. Era um encontro e era sexo, mas sério, as duas pessoas
não precisavam realmente estar interessadas pelo menos
na possibilidade de algum tipo de futuro com a outra pessoa para
considerá-lo um encontro?
Ouvi Jesse ao telefone com alguém no quarto e, embora sua
voz não estivesse elevada, percebi que ele estava chateado. Até
mesmo com raiva.

— Então você não vai ao show? Eu te disse, é no dia 29.

Entrei e tentei não escutar, mas era meio difícil não notar que
a voz que vinha de seu quarto era a voz de uma mulher. Eu não
sabia o que ela estava dizendo, mas o dia 29 seria em uma
semana; estaríamos em LA…. e tudo que eu conseguia pensar
era, Elle mora em LA.

Ele estava chateado porque ela não iria ao show dele?

— Tudo bem. Ligarei para você quando chegar — ele disse, e


parecia claramente infeliz. Então desligou. Achei que ele se
voltaria para mim, mas não aconteceu. Apenas ficou sentado na
beira da cama parecendo perdido, olhando para o tapete.

Por muito tempo.

— Ei — eu disse suavemente.

Ele olhou para cima e seu rosto se iluminou quando me viu.

— Ei. — Ele jogou o celular de lado e estendeu a mão para


mim, mas eu não fui até ele. Ainda parecia estranho para mim, a
ideia de que talvez tivéssemos apenas estado em um encontro, mas
talvez não tivéssemos, e eu nem sabia. O que eu sabia era que ele
estava me pagando pelo nosso tempo juntos, e ele talvez tivesse
acabado de ter uma discussão com sua ex-namorada que o deixou
parecendo muito triste, e eu nunca senti tanto ciúme na minha
vida.
Ele ainda estava apaixonado por ela?

E se ele ainda estivesse apaixonado por ela?

Eu estava prestes a fazer sexo com um cara quando ele na


verdade estava apaixonado por outra pessoa?

Pode ser.

Mas, mesmo assim, o que realmente importava era que ele não
estava apaixonado por mim. E eu definitivamente estava
desenvolvendo sentimentos por ele.

OK. Quem diabos eu pensei que estava enganando? A mim


mesma?

Eu virei minhas costas para ele para que pudesse me


recompor sem ele olhando para mim.

A verdade é que eu sentia algo por Jesse Mayes desde a época


em que ele apareceu no meu apartamento sem avisar e me fez
bacon com ovos.

Ou desde que ele apareceu no meu local de trabalho e me


pediu para vir em turnê.

Ou desde muito antes disso.

Eu estava tentando localizar o momento exato em que meu


estômago começou a dançar a dança da borboleta bêbada em sua
presença, quando ele veio por trás de mim e beijou meu pescoço,
e eu deixei escapar.

— Talvez não devêssemos mais fazer sexo.


Ele parou de me beijar.

— Quer dizer, parece errado, sabe? Já que você está me


pagando.

Ele me soltou. — OK. Se é o que você quer.

Eu não estava preparada para sua resposta. Eu esperava


algum tipo de discussão, mas ele apenas voltou para a cama. —
Chega de sexo. — Ele se virou para mim e tirou a camisa, jogando-
a no chão.

Eu estreitei meus olhos para ele. — Isso não é legal.

Ele desfez o cinto, lentamente, exagerando os movimentos


enquanto puxava a fivela para trás e deslizava a ponta de
couro. Ele desfez o botão da calça jeans também. — Não estou
forçando você a olhar.

Eu desviei o olhar, cruzando os braços sobre o peito. Então ele


fez um movimento em minha direção e meu olhar voltou para ele
antes que eu pudesse impedir.

Ele se aproximou e segurou minhas mãos, levantando-as


sobre minha cabeça. Apoiou-me contra a parede e me prendeu lá,
mas ele realmente não teve que me segurar com muita força. Eu
era uma cativa incrivelmente disposta, meu corpo fazendo
exatamente o oposto do que eu pretendia.

— É apenas... parece... errado... — consegui repetir, enquanto


seus lábios escovavam uma trilha quente de faíscas pelo meu
pescoço.
— Mm-hmm. — Sua língua sacudiu minha orelha, enviando
um arrepio pelas minhas costas, direto para aquela zona erógena
mágica na base da minha espinha. — Tipo o bom errado?

Eu puxei uma mão livre, plantei-a no meio de seu peito duro


e com um esforço enorme, empurrei-o para longe, mais ou menos
um centímetro que ele iria ceder. — Não, — eu meio que menti. —
Simplesmente errado.

— Interessante... — ele disse contra meu pescoço, porque sua


boca já estava lá novamente, beijando e mordiscando uma trilha
para aquele ponto sensível onde meu pescoço encontrava meu
ombro. O homem conhecia cada botão para apertar... e lamber... e
acariciar. Ao mesmo tempo, sua mão subiu pela minha coxa, por
baixo da minha saia. — Você parece gostar do errado. — Seus
dedos pressionaram contra o calor úmido da minha calcinha,
massageando minha maciez, fazendo meus joelhos quase
dobrarem.

— Jesse... — Mas o homem era rápido e sabia o que queria. Ele


levantou minha saia e minha calcinha torta em menos tempo do
que levei para respirar, que foi afiada e terminou com um lábio
mordido, porque sua língua estava entre as minhas pernas.

— Mmm, Katie — ele gemeu.

— Ung. Deus. Pare com isso. — Minhas mãos recém-


libertadas encontraram o topo de sua cabeça e meus dedos
mergulharam em seu cabelo, agarrando-o com força em vez de
empurrá-lo para longe.

— Isso conta como sexo? — ele perguntou entre lambidas


lentas e quentes.
— Oh, Deus... se você não sabe a resposta para isso... temos
um problema.

Seu hálito quente fez cócegas em minhas coxas enquanto ele


ria, mas eu não olhei. Eu não poderia, não olharia para o que ele
estava fazendo, por todo aquele ponto doce daquele jeito que ele
fazia que estava prestes a fazer minha cabeça explodir... entre
outras coisas. — Ah... Jesse...

— Mmm.

Perdi a capacidade de formar palavras e recorri a uma


respiração ofegante irregular. Meu corpo não esqueceu a atenção
que recebeu no carro; Eu estava tão agitada que bastou um olhar
errado para ele entre as minhas pernas e eu gozei. O orgasmo foi
agudo, quente e intenso, e por uma questão de minutos tudo que
eu pude fazer foi rolar minha cabeça de um lado para o outro
enquanto ele me lambia, suas mãos nas minhas coxas me
segurando. Se ele me soltasse, eu teria escorregado pela parede
até cair no chão.

— Isso é... tão... injusto — engasguei-me quando pude falar


novamente.

— Apenas dando a você um beijo de boa noite. — Ele beijou


minha carne trêmula, enviando réplicas de prazer pelo meu
núcleo.

Eu trabalhei minhas mãos entre minha calcinha e seu rosto e


me cobri.

— Sua fixação oral só vai ter que redirecionar. Você não pode
voltar a fumar?
Ele riu. Levantou-se e me beijou, longa e profundamente, sua
boca molhada com a minha excitação. — Eu prefiro torta de cereja
— ele disse quando voltou para respirar. Ele tinha as mãos no meu
cabelo e me segurou perto, meu rosto virado para o dele enquanto
ele me beijava novamente.

O homem era irresistível. E tão duro pra caralho. Eu não pude


evitar; minhas mãos estavam sobre ele, esfregando para cima e
para baixo em seu comprimento duro através de sua calça jeans. E
seus olhos escureceram daquele jeito que faziam, e eu fui fisgada.

Jesse Mayes excitado, para mim, era um afrodisíaco.

A droga mais viciante do mundo.

A mais alta das altas.

— Katie — ele sussurrou enquanto eu caia de joelhos e abria


o zíper dele. Eu tinha a evidência do que aquele beijo de boa noite
tinha feito com ele na minha mão, longo, duro e grosso, e a
sensação dele era inebriante, toda seda e calor e necessidade.

Tomei-o em minha boca, impulsionada por seus gemidos, e o


senti se encostar na parede acima de mim, se segurando. — Katie
— ele respirou, e quando ele gozou para mim, ele gemeu e segurou
meu rosto em sua mão.

Engoli-o e o acariciei até que ele estremeceu com a


intensidade.

— Acho que vamos precisar redirecionar sua fixação oral —


disse ele acima de mim, ofegante. Eu olhei para cima; ele estava
apoiado na parede com o antebraço, olhando para mim. — Você já
pensou em começar a fumar?
Eu ri e ele me colocou de pé e me beijou, como se ele nunca
quisesse parar de me beijar.

◊◊◊

Algum tempo depois, depois de um banho e de muitas


apalpadas sonolentas, acabamos na cama no escuro. Jesse estava
dentro de mim novamente. Estávamos neste tipo de torpor
delirante, cansado, mas frenético, agarrados um ao outro,
movendo-nos em um ritmo lento e faminto, seu corpo me
prendendo, minhas coxas espalhadas sob seu peso até quase
doerem, minhas pernas enroladas nas dele cintura, e tudo que eu
queria era mais.

Eu não conseguia sentir nada, não pensar nada, exceto Jesse.

Meus calcanhares cravaram em sua bunda musculosa,


minhas unhas afundaram em sua carne, sua língua em minha
boca enquanto ele me possuía. Eu gozei, uma fervura lenta e
ondulante desta vez, meu corpo resistindo sob o dele sem ter para
onde ir. Ele me segurou com força, respirando comigo enquanto
me beijava, seu peito arfando junto com o meu. Ele me fez sua com
cada impulso possessivo, de novo e de novo e de novo, e meu corpo
não se importava se não fosse real. Eu gozei enquanto ele se movia
contra mim, sugando meus beijos e roubando meu fôlego até que
eu tive que me afastar, ofegante.

Tive um vislumbre de seus olhos no escuro, brilhando, me


observando, e então ele pressionou sua testa na minha, seu pau
latejando bem dentro de mim, seus quadris moendo contra mim
enquanto ele gozava. Passei meus braços em volta dele, torcendo
meus dedos nas espirais de seu cabelo enquanto ele se dirigia para
mim, segurando-o com força enquanto ele gemia.

— Porra, Katie — ele respirou enquanto se acomodava contra


mim.

Eram quatro da manhã.

Eu estava enredada em Jesse, em seu calor, seus membros,


nenhum de nós dizendo nada. Eventualmente, sua respiração
ficou cada vez mais lenta contra o meu pescoço enquanto ele caía
no sono, seu batimento cardíaco batendo contra o meu.

Ele ainda estava meio em cima de mim. Ele ainda estava


dentro de mim.

Seu braço apertou em volta da minha cintura durante o sono


e meu batimento cardíaco disparou.

Suspirei um suspiro irregular, afundando mais na cama,


desejando que meu pulso diminuísse, minha respiração se
acalmasse, meu corpo relaxasse e adormecesse.

Eu acariciei o cabelo sedoso em sua têmpora, puxando para


trás um cacho rebelde, observando-o dormir sob minhas pálpebras
semicerradas. Eu não conseguia desviar o olhar, não conseguia
fechá-los ainda.

E, sim. Naquele momento, eu sabia disso.

Não adiantava mais negar para mim mesma.


Eu estava apaixonada por Jesse Mayes.
Katie
— Eles ainda não voltaram?

Eu fiquei na porta olhando para o quarto de hotel vazio. Eu


não tinha visto Jesse desde que ele saiu naquela manhã com Jude.

— Vou rastreá-los — disse Flynn atrás de mim.

Entrei no quarto e coloquei minhas sacolas na cama. Eu


estava na praia, então fazendo algumas compras para matar o
tempo... mas eu realmente esperava poder ver mais de Jesse hoje.

Afinal, era meu aniversário.

Estávamos em LA havia quatro dias e algo estranho estava


acontecendo.

Na superfície estava tudo bem. As coisas estavam bem épicas,


na verdade, desde o momento em que Jesse e eu começamos a
dormir juntos. Então, em algum lugar em torno de Vegas, as coisas
mudaram drasticamente. Continuei a ouvi-lo ao telefone com
alguém, uma mulher, meio discutindo. E seu humor
despencou. Mas ele nunca mencionou isso para mim e eu estava
com muito medo de perguntar.

Porque, aparentemente, justamente quando eu pensei que as


coisas dificilmente poderiam ficar melhores entre nós - além
daquele probleminha irritante de ele não estar apaixonado por
mim - elas ficaram totalmente piores.

Muito pior.

Quanto mais perto chegávamos de LA, pior ficava. Jesse ficou


todo quieto e retraído. Ele começou a passar mais tempo sozinho
com seu violão. Ele sempre tinha um sorriso para mim e o sexo
ainda era fenomenal, mas algo estava profundamente errado e eu
estava prestes a me tornar mais um daqueles olhares distantes e
distraídos em seus olhos para se tornar um naufrágio total.

Em desespero, eu até comecei a esperar que ele pudesse dizer


algo em seu sono para me dar uma dica do que estava acontecendo
em sua linda cabeça, mas eu não tinha ouvido nada além de um
murmúrio. E eu tive muitas noites sem dormir para escutar.

— Ele ainda está em uma reunião — Flynn relatou, depois de


enviar uma mensagem de texto para Jude. — Ele vai encontrar
você no restaurante para jantar às oito. Ainda há muito tempo
para chegar ao show.

Merda. Ele estava atrasado. No meu aniversário.

Ele já tinha feito dois shows esgotados em LA e hoje à noite


íamos ver a banda do projeto paralelo de Zane, Wet Blanket, tocar
em um clube. Eu estava tão ansiosa por esta noite, porque estava
morrendo de vontade de ter mais tempo de inatividade com
Jesse. Ele estava mais ocupado do que nunca - pelo menos,
ocupado demais para mim - e mesmo que estivéssemos “sendo
vistos” todas as noites, como de costume, em algum clube,
restaurante ou festa, eu não sentia que realmente tinha
visto ele em mais de uma semana.

— Tudo bem, — eu disse a Flynn, derrotada. — Acho que basta


bater na minha porta quando estivermos prontos para ir. — Tentei
parecer normal e não como se minha vida estivesse desmoronando
ao meu redor.

— Devemos sair às sete e meia.

— Excelente.

Flynn saiu e eu me joguei na cama.

Foda-me.

Que porra estava acontecendo?

LA foi incrível, além disso. Para um presente surpresa de


aniversário, Jesse tinha trazido minha irmã e sua família de avião
quando chegamos. Nós nos divertimos muito passeando e levando
as crianças à praia, mas eles voaram para casa na noite
anterior; tiveram que voltar ao trabalho. Eles raramente saíam de
férias por causa do café, então eu estava super grata por Jesse ter
conseguido resolver isso... mas também não pude deixar de me
perguntar se ele fez isso em parte para me manter distraída.

Eu o ouvi ao telefone novamente esta manhã, e ele


definitivamente estava falando com uma mulher.
Elle não tinha aparecido em seus shows, então eu ainda não
sabia se era sobre isso que a discussão era. Mas apostaria no fato
de que ele estava falando com ela, e o que quer que eles estivessem
falando, não era bom.

Só não sabia o que deveria fazer a respeito. Ignorar


isto? Resignar-me ao fato de que o estava perdendo? Correção,
nunca o tive em primeiro lugar. Então, se ele a queria de volta, ou
tinha algum tipo de merda não resolvida para resolver com ela,
quem era eu para dizer alguma coisa?

Ou eu digo alguma coisa? Eu luto por ele? Arriscar e dizer a


ele como me sinto? Agarrar essa situação pelas bolas e deixar as
consequências serem quais forem?

Pelo menos então eu teria tentado.

Não que eu estivesse tendo mais chances.

Esta foi a última semana da turnê. O que significava que em


uma semana Jesse e eu deveríamos apenas... dizer adeus?

Eu voltaria para Vancouver e ele iria... aonde Jesse Mayes


fosse? Em todo o lugar, provavelmente, escrevendo e gravando o
próximo álbum do Dirty e fazendo uma turnê pelo mundo, e bem
longe de mim. Em breve, eu estaria fora de vista, longe da mente.

Mas não se preocupe. Haveria filas de corpos femininos


gostosos apenas esperando para tomar meu lugar.

Porra. Apenas foda.

Rolei e amassei meu rosto no travesseiro, tentando realmente


não vomitar.
Era por isso que ele estava se afastando? Seria difícil para ele
se despedir também?

Ou ele estava tão envolvido com Elle que nem estava pensando
nisso?

Esse pensamento era doloroso demais para considerar.

Quando o ouvi ao telefone esta manhã, tudo que pude pensar


foi: Ele está falando com ela. Ela está colocando aquele olhar quieto
em seu rosto.

E se ele ainda sentia algo por ela, eu realmente não deveria


estar aqui. Se fosse esse o caso, eu não queria estar aqui.

Eu simplesmente não sabia como fazer isso... esse ato de soltar


incrivelmente lento e agonizante de alguém que eu não queria
deixar ir de jeito nenhum. Eu não queria dizer adeus ao que
tínhamos. Por que eu deveria? Se esse fosse um relacionamento
real, seria perfeito.

Pelo menos, antes que Elle voltasse à cena.

Embora talvez ela nunca tivesse realmente saído


de cena. Quero dizer, se nada mais, eles ainda estavam em uma
banda juntos. Não é como se ele nunca fosse vê-la novamente,
como muito.

E este não era um relacionamento real. Não foi nem mesmo


um relacionamento. Foi um acordo. Com um limite de tempo. Um
limite de tempo em que eu mesmo insisti.

Como uma idiota.


Em meus momentos mais desesperados, como agora,
considerei fugir. Apenas largando esse trabalho fodido, deixando a
turnê e indo para casa. Eu sabia que corria o risco de ficar cada
vez mais ligada a Jesse quanto mais tempo eu ficasse, mas eu não
conseguia me forçar a deixá-lo. Eu não sabia como sobreviveria
sendo deixada por ele, mas ainda não podia ir embora.

Talvez eu só precisasse de mais tempo para descobrir como


dizer a ele como realmente me sentia.

Talvez eu nunca contasse a ele.

Eu só não sabia ainda.

Liguei para minha irmã e fiz com que ela colocasse Max no
telefone, só para que eu pudesse ouvir meu cachorro e saber que
ainda tinha uma casa e uma família que me receberia de volta no
final dessa confusão de braços abertos.

Então liguei para Devi para desabafar. Como de costume, ela


disse todas as coisas certas. As coisas que eu sabia estavam certas
assim que as ouvi. Ela disse que ele era o maior idiota do mundo
se me machucasse. Mas ela também disse que eu realmente não
sabia como ele se sentia, então parar de me torturar sobre o pior
cenário possível.

— Como ele está tratando você? — ela me perguntou, como ela


fazia toda vez que falávamos.

— Bem, eu acho.

— Que diabos isso significa?


— Não sei. Quero dizer, obviamente temos uma química
sexual perversa. E ele parece gostar de me ter por perto.

— Claro que ele gosta. Porque você é incrível. — Deixei isso


para uma melhor amiga apontar. — O que mais?

— Ele ri das minhas piadas.

— Porque suas piadas são engraçadas pra caralho.

E assim continuamos, até que eu estava me sentindo um


pouco melhor sobre as coisas e superconfiante de que Devi
definitivamente me amava. O que ajudou muito a me animar.

Quando desligamos o telefone, eram seis horas e eu ainda não


estava mais perto de saber como proceder com Jesse. Deveríamos
nos encontrar às seis; pelo menos, antes de decidir continuar
fazendo o que estava fazendo e me encontrar mais tarde.

No meu aniversário.

Arrastei-me da posição fetal e pensei sobre isso.

Tínhamos planos para o jantar. Planos para o jantar de


aniversário. E agora eu deveria me sentar aqui sozinha esperando
até que ele dissesse que era hora de encontra-lo, enquanto ele saía
com Elle... ou o que diabos ele estava fazendo?

Para o inferno com isso.

Vesti-me com o vestido frente única super sexy que escolhi


para usar esta noite, preparei-me para um encontro com uma
estrela do rock e mandei uma mensagem para Flynn para me
encontrar no saguão.
— Onde está Jesse? — Cruzei o saguão em direção a ele; ele já
estava esperando por mim.

— Em uma reunião — disse ele.

— Onde?

— No restaurante.

— Qual restaurante? — Encarei-o. — O restaurante? Como


aquele em que vamos jantar hoje à noite?

— Sim.

Eu digeri isso. Eu mesma escolhi o restaurante com base na


recomendação de Maggie, e ela trabalhou sua mágica para
conseguir uma mesa para nós em um curto espaço de tempo. E
agora ele estava usando isso para seu encontro antes do jantar
com sua ex ou quem quer que seja?

— Ele está com Elle?

Flynn inclinou um pouco a cabeça, talvez surpreso com a


pergunta, processando-a. Ele não disse nada por um longo tempo.

— Acho que não, Katie.

Seu tom dizia que ele sabia disso, mas eu não acreditei
totalmente. Eu particularmente não comprei nada que a equipe de
Jesse me disse, por que quem poderia dizer que eles não mentiam
para acobertá-lo diariamente? Certamente eles fizeram isso com
suas fãs, talvez eles tenham feito isso com outras mulheres que ele
namorou, e talvez eles tenham feito isso comigo.
— Leve-me até lá — eu disse.

Ele hesitou. — Não deveríamos estar lá antes das oito.

— Você pode me levar ou eu posso pegar um táxi, mas de


qualquer forma, estou indo agora.

Flynn dirigiu. Sentei-me no banco de trás, uma pilha de


nervos, tentando descobrir o que diria a Jesse se o encontrasse
com Elle. Continuei imaginando todas as imagens glamorosas que
tinha visto dela nas capas de revistas e me perguntando como ela
seria pessoalmente. Me perguntando como manteria minha
dignidade quando ficasse claro para todos que ela estava agora
com Jesse, de novo, e eu não estava. Ou talvez ela não fosse, mas
eu definitivamente nunca fui.

Talvez fosse melhor assim, de uma forma distorcida. Talvez


fosse disso que eu precisava. Algo definitivo para me ajudar a
digerir o fato de que Jesse não era meu e nunca seria.

Então ele gostava de foder.

Ele gostava de se divertir comigo.

Nós nos demos bem.

Esses três fatos não significavam uma promessa de fidelidade


e felicidade futuras. Não quando o cara da situação não tinha
interesse em um futuro, ou mesmo em ter namorada em geral.

Mas por quanto tempo mais eu poderia fingir para Jesse que
estava fingindo estar apaixonada, enquanto o mundo conseguia
ver a verdade, que eu realmente estava apaixonada? E quando
ficaria óbvio para ele que eu não estava fingindo?
Ao nos aproximarmos do restaurante, comecei a me sentir
enjoada. Eu odiava confrontos e, honestamente, não queria
nenhum. Eu só precisava ver. Eu precisava saber. Não aguentava
mais essa espera, e claramente ele nunca me contaria o que diabos
o estava deixando quieto e retraído.

E eu simplesmente não suportava ser feito de boba de novo.

Aquele dia humilhante no altar tinha sido mais ou menos


posto para dormir, mas eu não precisava passar por aquela merda
novamente. Uma vez foi o suficiente para uma vida inteira. Não
que Jesse estivesse me deixando no altar; ele não tinha me dito
que me amava ou que queria um relacionamento real comigo,
muito menos um casamento. Mas ele deveria estar comigo, aos
olhos do público, e se ele estava com outra mulher no restaurante,
poderia até já estar na internet.

Eu provavelmente poderia apenas ter ficado online para


descobrir com quem ele estava. Esse pensamento quase me fez rir
alto. Se não fosse tão deprimente.

Enquanto Flynn falava com o manobrista, fui direto para o


restaurante. Não esperei minha vez na fila nem parei para falar
com a anfitriã. Avistei Jude no bar imediatamente e caminhei em
sua direção. Ele começou a se levantar, mas eu também não
esperei por ele. Eu sabia onde Jesse estaria. Em algum lugar
escondido atrás, na linha de visão do Jude.

Encontrei-o em uma mesa no canto traseiro do


restaurante. Ele estava de frente para mim e sua companheira
estava de costas para mim - e sim, era uma mulher. Embora não
fosse Elle. Elle era uma loira platinada; esta mulher tinha cabelos
castanhos. Caía em cascata por suas costas nuas em ondas
suaves, sobre as costas de seu vestido de cintura baixa. Meu
coração afundou nas minhas entranhas, porque ela era um
nocaute. Eu poderia dizer isso sem nem mesmo ver seu rosto. Alto,
esguio e cheio de curvas, com pernas de quilômetros de
comprimento.

Eu parei de repente. Porque realmente, não foi só isso que eu


vim ver? Eu precisava ver mais?

Parei no meio do corredor, sem saber o que fazer. Por um lado,


Jesse saberia que eu estava chegando. Flynn teria mandado uma
mensagem para Jude, e Jude teria contado para Jesse. Por outro
lado, talvez eu pudesse escapar agora e pegar um táxi e
simplesmente dar o fora daqui sem ter que enfrentar ele e sua
namorada secreta. Comecei a considerar seriamente me virar e
fazer exatamente isso.

Foi quando ele olhou para cima e me viu.

— Katie. — Eu mal ouvi isso com o barulho do restaurante,


mas vi seus lábios se moverem quando ele disse meu nome. Ele se
levantou quando me aproximei e a morena se virou para mim.

E sim, ela era linda. Como uma linda de morrer. Ela parecia
uma modelo. Na verdade, ela parecia...

— Katie, esta é minha irmã, — disse Jesse, pegando minha


mão — Jessa.
Katie
Jesse me puxou para um beijo rápido e disse: — Jessa, esta é
Katie.

Jessa Mayes sorriu e se levantou para me cumprimentar. —


Katie! É tão bom te conhecer. Já ouvi tantas coisas adoráveis.

Eu queria dizer o mesmo sobre ela, mas Jesse raramente dizia


uma palavra sobre ela. Tudo que eu sabia era que ele queria se
encontrar com ela em Nova York, mas ela o abandonou e ele
esperava vê-la novamente em LA…. Embora quando eu não ouvi
outra palavra sobre isso, eu simplesmente assumi que não estava
acontecendo.

O que me tornou a maior idiota do mundo. Porque todos


aqueles telefonemas tensos... foram com sua irmã.

Não com Elle.

Jesse queria muito ver sua irmã, muito pra caralho,


aparentemente, e aqui estava ela. E eu estava me intrometendo.
— É... hum... prazer em conhecê-la também — gaguejei,
corando ferozmente. — Sinto muito por me intrometer assim. —
Dei a Jesse um olhar penetrante que eu esperava transmitir um
incrivelmente frustrado, você realmente poderia ter me dito. — Nós
deveríamos jantar.

— Estamos apenas tomando uma bebida, — disse Jessa, me


puxando para a cabine com ela. — Você apenas terá que se juntar
a nós. Vou sair logo e você pode jantar.

— Você poderia ficar, — Jesse disse a ela, sentando-se na


nossa frente. — Você não precisa se apressar. — E havia algo
enervante em seu tom, algum tipo de vulnerabilidade beirando o
desespero, que eu nunca tinha ouvido falar dele antes. — Não
íamos jantar antes das oito.

— Na verdade, — acrescentei — por que não pedimos


agora? Então Jessa pode comer conosco. — Porque claramente ele
realmente queria que ela ficasse.

Depois de alguns protestos moderados de sua parte, Jessa


finalmente concordou em ficar e, durante o jantar, descobri que
Jessa Mayes não era apenas linda, mas doce, inteligente e
charmosa. Ela podia ter nascido com o cabelo escuro de Jesse,
mas agora tinha mechas loiras cor de mel, que realçavam seu leve
bronzeado californiano. Ela tinha os olhos escuros de Jesse e seus
lábios carnudos e, às vezes, sua risada calorosa.

Não havia nada que ela não gostasse.

De alguma forma, no final do jantar eu a convenci a vir ao


clube conosco depois, para ver a banda de Zane. Eu poderia dizer
que Jesse estava feliz por ela estar vindo, embora parecesse que a
noite inteira os dois estavam em algum tipo de discussão silenciosa
bem na minha frente; sobre o quê, eu não tinha ideia. Cada vez
que eu chamava a atenção de Jesse, o canto de sua boca se
curvava em um leve sorriso ou ele piscava ou apertava minha mão,
me garantindo que estava tudo bem. Mas não me sentia bem.

Não parecia nada bem.

Eu não conhecia Jessa para ser capaz de lê-la, mas havia


tensão no ar. Ela sorriu muito para mim e até parecia estar
animada para o show na viagem até o clube, mas eu não acreditei
totalmente.

Pareceu-me que para uma mulher tão bonita, Jessa Mayes


estava faltando uma faísca.

Eu duvidava que muitas pessoas notassem. Ela


era tão bonita que tenho certeza de que muitas pessoas,
especialmente os homens, só chegaram a esse ponto. Mas se você
olhar além disso, ela está lá. Uma espécie de monotonia em seus
olhos escuros. Algo fechado ou quebrado, destinado a mantê-lo
fora de questão.

Eu tinha certeza de que Jesse sabia que estava lá. Eu tinha


quase certeza, quando chegamos ao clube e Jude nos conduziu
pela porta dos fundos, que esse era o motivo do mal-estar de Jesse.

Mas eu não queria me intrometer e não queria estragar esta


noite. Se eles queriam fingir que tudo estava bem quando
obviamente não estava, eu jogaria junto. A verdade é que eu nem
me importava de estar no show; Eu teria preferido voltar para o
hotel com Jesse, então talvez ele me contasse o que diabos estava
acontecendo com uma cerveja.
Então nós entramos no local e eu realmente ouvi a banda.

A julgar pelo frenesi da multidão, Wet Blanket estava


mergulhado em seu set. Eu não tinha ideia de como as paredes
ainda estavam de pé, porque todo o clube parecia que estava
prestes a explodir pelas costuras. A banda estava agitando, forte,
apenas alcançando o clímax de Lola do The Kinks, a voz poderosa
de Zane cantando as letras distorcidas e sexy.

OK. Talvez isso fosse exatamente o que eu precisava.

Soltei um suspiro profundo, liberando muito da tensão


acumulada do dia.

Enquanto Jessa seguia Jude pelo corredor lotado para a área


VIP, ela estendeu a mão e pegou minha mão, entrelaçando seus
dedos nos meus. Ela me deu um sorriso deslumbrante, tão
parecido com o de seu irmão que me fez sorrir. Olhei de volta para
Jesse e peguei sua mão, nós três formando uma corrente enquanto
uma frota de seguranças nos filtrava pela multidão.

A área VIP era uma área elevada na parte de trás da sala como
um palco próprio, fechada com corda de veludo e uma parede de
homens bem constituídos. Lá dentro estavam Raf, Letty, Pepper e
suas esposas, Dylan e seu amigo Ash, e um monte de outras
pessoas que eu conhecia ou pelo menos reconheci da equipe de
Jesse e vários outros eventos em que estivemos ao longo da
turnê. Eu conhecia quase todo mundo aqui.

Foi muito longe de onde comecei no início da turnê em minha


primeira sala VIP com Jesse, onde eu mal conhecia uma alma.

Eu gostei. Foi como se estivesse voltando para casa.


Dylan e Ash me deram um abraço de boas-vindas, mas eles
realmente mudaram de ideia por causa de Jessa. Tive a sensação
de que ela não mostrava o rosto com frequência; todos estavam
animados para vê-la e as bebidas foram empurradas em nossa
direção. Jessa segurou minha mão metade do tempo e acabamos
dividindo um sofá que estava vazio para nós. Jesse se espremeu
ao meu lado. Ele parecia feliz, feliz por estar lá comigo, eu acho,
mas também muito orgulhoso de estar lá com sua irmã. Eu senti
como se tivesse o assento de honra, sentada bem ali entre eles.

Feliz aniversário para mim.

Ao assistir a banda, fiquei arrepiada. A presença de palco de


Zane estava fora de série. Seu cabelo loiro estava quase
completamente raspado nas laterais, o topo crescido como um
moicano muito comprido que se recusava a ficar para cima e caía
sobre seu olho. Ele usava jeans de cintura superbaixa que
mostrava o V de sua virilha e um colete de couro incrivelmente
pequeno que era sexy. Seu abdômen estreito e apertado estava em
plena exibição, seu peito escorregadio de suor, seu piercing no
mamilo faiscando quando foi capturado pela luz. Ele também
tinha uma barba loira e parecia muito com o que eu imaginei que
o próprio diabo seria, se o diabo subisse do inferno para detonar,
empenhado em corromper as almas de um monte de mulheres no
processo.

Ele tinha cada mulher na multidão, para não mencionar a


maioria dos homens, pendurados, corações na garganta e punhos
no ar, devorando cada movimento seu, cada palavra. Eu nunca o
tinha visto arrasar ao vivo. Eu só o vi no palco quando ele e Jesse
tocaram juntos no show VIP em Vancouver, que foi totalmente
diferente. Desconectado. Calafrio. E Zane estava claramente
tentando não ofuscar Jesse já que era seu show.
Este era o Zane completo, e eu podia ver por que ele era o
vocalista do Dirty. Jesse poderia ter um palco. Zane era dono de
toda a porra do lugar.

Eu praticamente morri e fui para o paraíso do rock 'n' roll.

Todos os Wet Blanket tocaram, a noite toda, eram


covers. Escaldante, foda covers, principalmente de canções
clássicas de rock, que falou ao meu coração e me deu um tesão
feminino total. Embora eu não fosse a única mulher na multidão
entrando no show. Quando Zane anunciou que tinham chegado às
últimas canções da noite, houve uma reação de gritos. Você
pensaria que eles acabaram de anunciar que iam assassinar o
público em massa.

Então a banda começou a versão mais dura e quente de Girls


Got Rhythm do AC / DC que eu já ouvi, e tudo foi perdoado. O
clube inteiro latejava com isso. O chão tremeu. Eu tinha certeza
de que o suor escorria pelas paredes. Quando eles tocaram os
acordes finais, inclinei-me para Jesse e disse: — Se não fosse pelo
nosso acordo e os duzentos mil em jogo, eu diria que você tem
competição, querido.

Seus olhos se estreitaram com isso, mas enrugaram com


diversão nos cantos.

— A porra do Zane — ele disse.

Naquele momento, a porra do Zane começou a falar no


microfone.

— Recentemente, um dos meus melhores amigos se


apaixonou. — Ele olhou direto para o fundo da sala, para a
poltrona onde Jesse estava sentado ao meu lado, e apontou
diretamente para ele. — Bem-vindo ao show fodido, irmão.

Jesse ergueu sua bebida em saudação. Com isso, houve um


monte de vaias e assobios, e algumas mulheres na pista de dança
gritaram: — Eu te amo, Jesse!

— Quando você vê seu amigo tão feliz, — Zane continuou —


você quer ficar feliz por ele. E você é. Mas quando a garota dele é
tão incrível quanto ele, você também quer odiá-lo um pouco. —
Quando a luz branca atingiu os olhos azul-gelo de Zane, eu jurei
que ele olhou diretamente para mim. — Feliz aniversário,
Katie. Esta é para você.

Eu olhei para Jesse. Ele apenas deu de


ombros; aparentemente ele não tinha colocado Zane nisso. Senti o
rubor esquentando minhas bochechas, como se todos no lugar
estivessem olhando para mim, embora, na realidade, sua atenção
ainda estivesse em Zane. E talvez Jesse.

Com as notas de abertura, e definitivamente as palavras de


abertura, reconheci a música.

Girl de Jessie.

Olhei para Jesse. Um sorriso enorme dividiu seu rosto, seus


dentes brancos brilhando no holofote que foi apontado para ele
enquanto ele balançava a cabeça para Zane. Eu ri e me encolhi no
sofá, fora dos holofotes, esperando desaparecer.

Não tive essa sorte. No momento em que o refrão começou,


Jessa me puxou para cima do assento e me puxou para uma das
mesas na altura do joelho, onde ela começou a me puxar para cima
e me forçar a dançar. O que significava que ela começou a dançar,
e eu poderia ficar lá como um desmancha-prazeres e deixá-la
dançar sozinha ou me juntar a ela. Eu escolhi o último.

Nós dançamos pra caramba. Por que raios não?

Zane Traynor estava cantando uma música, para mim, para


uma casa lotada. Eu estava aqui com o Jesse Fodido Mayes e sua
irmã queria dançar comigo, em uma mesa. Era meu aniversário
vadia, eu estava fazendo 25 anos e a vida era boa pra caralho.

Eu, Katie Bloom, era a namorada de Jesse.

Mais ou menos.

Quando a música acabou, desabei de volta na poltrona com


Jessa, rindo. Mais bebidas estavam esperando por nós. Jesse me
entregou um copo de espumante e se inclinou, seus lábios roçando
minha orelha, enviando um arrepio de faíscas pela minha
espinha. — Feliz aniversário, Katie — disse ele, passando o cabelo
por cima do ombro e pelas costas.

E foi então que a vi.

Elle.

O único membro do Dirty que eu ainda não conhecia.

A linda ex-namorada do Jesse.

Ela estava acomodada em uma grande cabine de couro na


outra extremidade da área VIP, cercada por um monte de pessoas,
incluindo Dylan e Ash. Talvez ela tivesse acabado de
chegar. Talvez ela tenha estado lá o tempo todo. Eu não fazia ideia.
Ela não estava olhando para mim. Talvez ela não tenha me
notado.

Eu tinha certeza de que ela sabia quem eu era. Agora, todos


que conheciam Jesse sabiam quem eu era.

Mas a dança de mesa à parte, o clube estava bem lotado. Se


ela não tinha notado que eu estava lá, ela estava definitivamente
prestes a perceber, já que minha mão estava presa na do Jesse e
minha outra mão estava fortemente presa na da sua irmã.

Ela estava lá durante Girl do Jessie?

Eu não tinha certeza de porque me importava. Porque eu


estava tão nervosa para ficar cara a cara com ela. Eu tinha tantos
motivos para estar aqui quanto ela.

Então, por que de repente me senti fora do lugar?

— O que está errado?

Olhei para cima no seus belos olhos de mel, sobrancelhas


escuras que estavam franzidas. E eu não tinha nenhum desejo de
aumentar o estresse de tudo o que ele estava passando com sua
irmã com minhas inseguranças mesquinhas. Então eu disse: —
Nada. Só vou encontrar o banheiro feminino.

Eu esperava arrastar Jessa comigo como um lindo cobertor de


segurança, mas sem sorte. Ela estava em uma conversa profunda
com Jude, então eu fui sozinha, deixando Jesse com o que eu
pretendia ser um beijo rápido. Em vez disso, ele mergulhou a mão
em meu cabelo e me segurou contra ele, com os lábios bloqueados,
por um longo momento sem fôlego antes de me soltar.
Levantei-me um pouco atordoada, endireitei meu vestido
frente única e ziguezagueei na direção das placas de saída na parte
de trás da área VIP.

Momentos depois, saí do cubículo no banheiro feminino e


encontrei várias mulheres reunidas nas pias. Na verdade, elas
estavam reunidas em torno de uma loira platinada
impressionante.

Elle estava conversando com uma de suas amigas em voz


baixa e brincando com seu longo cabelo loiro-branco, que estava
penteado para cima em um falso moicano superlegal, as laterais
trançadas para trás, sua figura esguia e bronzeada envolta em um
minúsculo vestido branco assimétrico.

Seus olhos encontraram os meus no espelho.

Eu escorreguei até a pia ao lado dela. Suas amigas


terminaram e foram embora; Elle ficou parada, seus olhos em
mim.

Merda. O que havia com os banheiros e confrontos dos clubes?

Encontrei seu olhar no espelho novamente enquanto secava


minhas mãos, pensando em dizer olá. Mas o olhar que ela me deu
enquanto retocava o batom não poderia ter sido mais hostil.

— A garota do Jesse — ela disse. Mas não foi com nenhum


traço de afeto ou brincadeira bem-humorada como Zane cantou.

— Oi — eu disse, porque não conseguia pensar em mais nada


para dizer. Comecei a oferecer minha mão para me apresentar
corretamente.
— Você não vai durar, — disse ela. — Elas nunca fazem isso.

Então ela continuou passando batom como se eu nem


estivesse lá.

Por um momento eu apenas fiquei lá, atordoada, minha mão


congelada no ar. Humilhação, raiva e dor fervendo por dentro.

Então, deixei cair minha mão. Eu encontrei minha voz. —


Você quer dizer, porque você não fez.

Olhei no espelho e retoquei meu brilho labial do jeito que faria


se ela não estivesse lá, porque de jeito nenhum eu estava prestes
a sair correndo daqui com o rabo entre as pernas só porque a ex-
namorada de Jesse era uma vadia rude e ciumenta.

Eu senti a picada fria de seu olhar, mas eu ignorei enquanto


colocava meu brilho labial longe.

Com o canto do olho, a vi virar-se para sair. Em seguida, ela


fez uma pausa e disse: — Pelo menos quando estávamos juntos,
era real.

Então ela saiu, me deixando sozinha.


Katie
Não vi Elle novamente até horas depois, quando o clube estava
fechando. As luzes de desligamento foram acesas e saímos para
fumar com a banda e nos despedir. Eu consegui evitá-la
completamente no clube, mas não estava tão lotado lá fora e ela
estava por perto, conversando com Dylan.

Talvez algumas garotas tivessem aproveitado a oportunidade


para beijar Jesse e esfregar na cara dela.

Eu não era uma dessas garotas.

Em vez disso, peguei a estrada principal e apenas continuei


minha noite, ao lado de Jesse, como faria em qualquer outra
noite. Mas suas palavras me cortaram profundamente.

Pelo menos quando estávamos juntos, era real.

E ela estava certa. Senti-me como uma fraude pendurada em


seu braço. Porque eu estava vivendo uma mentira total.

Não a mentira que comecei a viver no início da turnê, aquela


que dizia que éramos um casal quando não éramos. Esta era uma
mentira pior. Era uma mentira para Jesse. Foi uma mentira para
mim mesma.

Porque eu estava totalmente apaixonada pelo cara, assim


como o mundo pensava que eu era, mas fingindo para ele e para
mim mesma que eu não estava.

Fui com ele colocar sua irmã em um táxi e, depois que nos
despedimos e ela se foi, eu disse a ele: — Ela é tão linda, Jesse.

Eu quis dizer isso como um elogio legítimo, mas ele não


sorriu. Ele parecia todo tenso e distraído como na maior parte da
noite e disse: — Sim.

Enquanto ele fazia suas rodadas finais, fui agradecer a Zane


pela música. Seus olhos azul-gelo se iluminaram quando ele me
viu chegando. Eu não sabia o que era exatamente; sua aparência
linda de morrer, seu estilo louco e legal, aquele sorriso
carismático? Mas o homem tinha perigo escrito em cima dele.

Eu o deixei me pegar em seus braços para um abraço


prolongado, do tipo que tenho certeza de que ele deu à maioria das
mulheres, seu corpo inteiro colado ao meu. Ele nem mesmo fingiu
tentar deixar uma distância respeitável entre sua virilha e a minha
do jeito que a maioria dos caras, e amigos do Jesse, faria. — Katie
— ele disse, e eu jurei que ele cheirou meu cabelo.

De repente, o conselho de Maggie para mim no início da turnê


voltou. Na verdade, a única coisa útil que posso dizer sobre Zane
Traynor é manter distância.

Decidi ignorar esse aviso, confiando na amizade do Jesse com


o homem em meus braços. Além disso, o homem tinha cantado
uma música de aniversário para mim, eu estava agradavelmente
contente com meu burburinho de champanhe, e como eu não
era realmente a garota do Jesse, poderia abraçar quem diabos eu
quisesse.

— Zane, — eu disse. — Esse foi o melhor presente de


aniversário que uma garota poderia ganhar.

Além do que Jesse me deu quando ele levou minha família


para me surpreender, mas eu não estava com vontade de ir para
lá com Zane.

Ele tinha um grande sorriso viking comedor de merda em seu


rosto e inclinou a cabeça para trás, rindo aquela risada grande e
arrogante dele, me mostrando todos os seus dentes brancos
perfeitos. Ele ainda tinha uma mão na minha parte inferior das
costas, me segurando contra ele, e sua outra mão estava na minha
bunda antes que eu percebesse. Então ele me beijou na bochecha
e disse: — A qualquer hora, garota do Jesse.

Ele me soltou e eu me arrastei até Jesse, que me envolveu em


seu braço e me puxou para seu lado, ainda conversando com um
cara. Ele nem tinha notado a troca entre Zane e eu, e eu
particularmente não queria que ele notasse.

Eu não tinha sentimentos calorosos, efusivos ou conflitantes


por Zane, e enquanto ele era lindo de se olhar, eu não estava
atraída por ele. Achei-o legal pra caralho, e como amigo do Jesse e
colega de banda, eu gostaria de poder chamá-lo de amigo. Mas a
verdade é que eu realmente não conhecia o cara, e a maneira como
ele olhou para mim me confundiu profundamente. Não achei que
ele realmente me quisesse. Eu tinha certeza de que ele estava
apenas brincando comigo para divertir o seu ego gigante, que
provavelmente rivalizava com o do Jesse em todos os tempos do
Rock and Roll Hall da Fama Egos Gigantes.

Era uma maravilha que os dois tivessem se encaixado no


mesmo palco juntos.

Nós nos despedimos, e enquanto eu recebia meus abraços de


despedida de quase todos, exceto Elle, Jesse trocou algumas
palavras com ela, que fiquei feliz em ver que não terminaram com
um abraço prolongado de virilha com virilha completo com aperto
na bunda.

Mas, no caminho de volta para o hotel, decidi trazer o assunto


à tona.

Jude estava nos levando, mas Jesse estava comigo no banco


de trás, e havia música alta o suficiente para que eu tivesse certeza
de que não seríamos ouvidos.

— Você contou a Elle sobre nós? — Eu estava encostada ao


lado de Jesse e seu braço estava em volta de mim. Quando ele não
respondeu de imediato, inclinei minha cabeça para trás para olhar
para ele.

Ele não parecia ter me ouvido. Seu olhar estava desfocado,


dirigido para fora da janela. Quando eu dei uma cotovelada em
suas costelas, levemente, seus olhos escuros agarraram-se aos
meus.

— Huh? Sobre nós?

— Eu não sei. O que você disse a ela?


— Nada, — disse ele. — Ela não perguntou. Eu não mencionei
isso.

Virei-me, mas ele segurou meu queixo e voltou meu rosto para
ele.

— Ela sabe que estamos juntos. Não estamos exatamente


escondendo isso.

Isso era verdade. Havia imagens de Jesse e eu por todo o lugar,


e a única coisa que me fez sentir bem, em vez de totalmente
enjoada, foi o fato do que Jesse e eu parecíamos muito confortáveis
nessas fotos. Esse pensamento me fez sentir um pouco melhor,
porque foda-se Elle se ela ia ser assim.

Mas então eu me senti mal.

Assim que chegamos ao hotel, fui direto para o chuveiro. Eu


precisava de alguns minutos sozinha para me explodir com água
fumegante e clarear minha cabeça. Foi um dia tão louco.

Primeiro, pensando que Jesse estava encontrando alguém,


provavelmente Elle, pelas minhas costas. Mandar Flynn me levar
para acabar com seu encontro, pelo que eu realmente deveria me
desculpar com os dois. Em seguida, conhecer a bela, mas
obviamente problemática irmã de Jesse, e vê-lo perder a forma
toda a noite por causa de algo. Eu nunca senti esse tipo de tensão
saindo dele. A única tensão que eu estava acostumada a sentir na
presença de Jesse era a variedade sexual, que era muito mais
divertida.

Em seguida, houve o show incrível, que me deixou empolgada


para ver Dirty tocar juntos algum dia e deprimida como o inferno
que essa turnê estava quase acabando e eu talvez nunca tivesse a
chance de fazer isso... porque eu não conseguia me ver de pé na
fila para comprar um ingresso para um show do Dirty no próximo
ano, quando eles fossem em sua próxima turnê, e parada no meio
da multidão assistindo eles subirem no palco, fora do meu alcance,
como qualquer outro fã. O pensamento quase me levou às
lágrimas.

E então houve o confronto com Elle, que me fez sentir mal do


estômago. E a bebida que bebi para tentar anestesiar essa
sensação. E o abraço excessivamente familiar de Zane, que tinha
sido inesperado, um pouco lisonjeiro e não muito fora do lugar no
momento, mas agora parecia uma merda. Eu estava me
perguntando se deveria contar a Jesse sobre isso quando a porta
do chuveiro se abriu e ele apareceu, nu, e entrou no meu vapor.

— Nós nunca tomamos aquele banho que você mencionou —


ele disse, seus braços envolvendo minha cintura enquanto ele
pressionava contra minhas costas.

— Qual banho?

— Você sabe, aquele em sua lista. As cinco coisas mais


excêntricas.

— Oh, — eu respirei enquanto ele beijava meu pescoço. —


Isso.

E com isso, todas as desgraças da noite derreteram pelo


ralo. Foi muito perturbador tomar banho com um Jesse nu e
molhado para me lembrar de todas as coisas que eu pensei que
estava chateada apenas alguns momentos atrás. Especialmente
quando ele começou a me lavar com uma toalha com sabão e
mordiscar minha orelha, então sussurrou um sincero: —
Obrigado.

— Por quê?

— Jessa gosta de você, — disse ele, virando-me para encará-


lo. — Eu não a vi tão feliz ... — Algo escuro passou por seu rosto,
me incomodando de novo. — Bem, em muito tempo.

— Você quer dizer que ela nunca dançou à mesa com suas
outras amigas?

Um leve sorriso curvou seus lábios. — Isso seria um não.

◊◊◊

Meia hora depois, estávamos todos embaçados, mas limpos e


secos, e eu estava prestes a desabar na cama. Jesse me seguiu,
deixando o abajur ao lado da cama enquanto subia sob o lençol
comigo. Ele se esticou ao meu lado e eu envolvi meu braço
preguiçosamente em volta de sua cintura. Ele estava tão quente,
sua pele macia. Ele arrastou os dedos pelo meu cabelo, seu braço
atirado ao meu redor no travesseiro.

Nós nem tínhamos ficado no chuveiro, o que só alimentou a


sensação desconfortável que vinha crescendo a noite toda.

— Então... — Eu perguntei, com bastante coragem, já que o


sangue correndo em minhas veias ainda era pelo menos cinquenta
por cento de champanhe — por que você não faz essa coisa de
namorada?

Depois de um momento, Jesse suspirou. — A resposta para


isso me fará parecer um idiota.

— Então seja um idiota. — Eu sorri para encorajá-lo e lhe dei


uma cotovelada gentilmente. — Vamos. Diga-me.

— A verdade, Katie Bloom, — ele disse enquanto brincava com


meu cabelo — é que na minha experiência, as mulheres que
namoro geralmente querem algo de mim que não estou preparado
para dar. Então, eu simplesmente não vou lá.

— Mas você fez com Elle.

— Eu fiz com Elle.

— Posso perguntar por quê?

Ele considerou isso por um momento antes de responder. —


Senti muita pressão para ser o que ela queria. — Seus olhos
encontraram os meus e ele parou de brincar com meu cabelo. —
Cara, isso me faz parecer um idiota.

— Mais ou menos — eu disse. Ele franziu a testa um pouco e


eu sorri. Pelo menos ele parecia ligeiramente divertido, o que era
milhas melhor do que a aparência tensa que ele teve em seu rosto
a maior parte da noite.

— Eu sabia que quando ficamos juntos não poderia ser apenas


um engano — disse ele. — Havia muito em jogo. A banda, nossa
relação de trabalho. Uma amizade de longa data. Eu não queria
foder com nada disso.
— Muito sensível. — Me matou um pouco ouvi-lo falar sobre
ela. Mesmo que eles não estivessem mais juntos, eles estiveram
juntos, e de acordo com Elle, o que eles tinham era real. Mas eu
queria saber. Eu queria saber o que era necessário para ter um
homem como Jesse Mayes.

Sério.

— Então, por que você correu o risco?

Ele suspirou novamente. — Ela queria que nós fizéssemos. E


depois de um tempo pensei que talvez valesse a pena tentar.

— Sorte dela, — eu provoquei. — É o sonho de cada mulher


ter o homem que ela quer 'dar uma chance' com ela.

Jesse me deu um olhar feio e bateu na minha bunda nua sob


o lençol, enviando uma pontada de excitação direto para o meu
clitóris. — Espertinha — ele rosnou. Então ele apertou minha
bochecha formigando, e eu quase esqueci do que estávamos
falando.

— A verdade é, — ele continuou, massageando minha bunda


enquanto falava, — eu passei a última década ouvindo o mundo
fazer hipóteses sobre que casal escaldante Elle e eu faríamos. Às
vezes parecia que todos pensavam que deveríamos ficar
juntos. Incluindo Elle. Achei que talvez estivesse faltando alguma
coisa e, assim que estivéssemos juntos, descobriria o que era. Mas
isso nunca aconteceu e, depois de um tempo, aceitei o fato de que
não éramos adequados um para o outro. Mas leva um tempo para
se separar de alguém com quem você se preocupa, cuja vida está
tão entrelaçada com a sua. Eu nunca quis machucá-la, mas sabia
que não poderia ficar com ela.
Bem. Isso explicaria a maneira como Elle me tratou esta
noite. Não era tanto que ela não gostasse de mim. Ela nem me
conhecia.

Foi que Jesse quebrou seu coração.

— As pessoas me chamam de destruidor de corações, — disse


ele, como se estivesse lendo minha mente. — Eu não gosto de
partir corações.

Eu entendi. Eu senti. E eu acreditei nele.

À luz do que ele acabara de me dizer, até fazia sentido porque


ele não queria uma namorada.

Qual a melhor maneira de evitar partir corações do que nunca


deixar ninguém o amar em primeiro lugar?

O problema era que eu o amava, já e completamente. E bem


no meio disso eu estava tentando descobrir como eu deveria deixá-
lo ir. Eu sabia que tudo isso estava chegando ao fim, em breve, e
apesar da dor que começou a rastejar nas bordas, tornando cada
vez mais difícil respirar cada vez que olhava para ele, eu nunca
quis beijá-lo mais do que eu quis agora.

Então eu fiz.

Eu coloquei minha mão em sua bochecha, inclinei-me e selei


meus lábios nos dele. Eu o beijei, suavemente, lentamente. Ele me
beijou de volta, seu corpo ficando tenso gradualmente, sua
respiração ficando mais pesada enquanto ele se enrolava para fora
da cama para me envolver. Ele me rolou, jogando-me no colchão
com seu peso, e eu o deixei. Queria ser sufocada por ele. Pela
sensação de seu corpo, quente e forte contra mim, seu cheiro, seu
gosto enquanto ele me beijava até que eu mal conseguia encontrar
ar.

Ele se afastou e eu peguei um pouco de ar. Seus olhos estavam


encobertos pela luxúria, e aquele brilho estava de volta em suas
profundezas escuras. Ele se inclinou para beijar minha garganta e
eu suspirei. Naquele momento, eu o teria deixado fazer
praticamente qualquer coisa que ele quisesse, não importa o
quanto meu coração doesse mais tarde. Eu não me
importei. Ainda tínhamos uma semana. Eu pegaria o que pudesse.

— Que tal um bom e velho sexo missionário, — ele murmurou


em meu ouvido. — Ouvi dizer que é sua posição favorita.

Eu ri quando ele se aninhou no meu pescoço, mas sussurrei


de volta: — Não tenho mais certeza se é.

— Não? — Ele se levantou para olhar nos meus olhos,


intrigado.

— Bem... tem competição, de qualquer maneira. — Era


verdade. Por mais que eu amasse Jesse acima de mim, em cima
de mim, me prendendo enquanto ele me fodia até que eu visse
estrelas, eu comecei a apreciar várias outras
posições. Especialmente…

— Mostre-me — disse ele, arrastando os dentes sobre o lábio.

Coloquei minhas mãos em seus ombros e o empurrei; ele foi


facilmente, deixando-me assumir a liderança. Em segundos, eu o
tinha de costas, preso embaixo de mim, montado por minhas
coxas. — Eu diria que esta posição tem suas vantagens. —
Alcancei entre minhas pernas e agarrei seu pau duro, dando-lhe
um golpe longo e apertado.

Ele gemeu e jogou a cabeça nos travesseiros. — Tal como?

— Mmm... visão matadora, — murmurei, inclinando-me para


beijá-lo. Assisti seus lindos olhos revirarem fechados enquanto eu
me abaixava em seu pau, levando-o dentro de mim em um impulso
longo e lento.

Eu ainda estava olhando para ele momentos depois, quando


seu queixo caiu. Seus olhos se abriram, fixando-se em mim. Eu o
montei, tão lentamente no início que foi uma doce tortura, e
gradualmente mais rápido, mais forte. Eu ainda estava olhando
para ele quando sua respiração prendeu, suas mãos agarrando
meus quadris e me apertando, forte, enquanto ele gozava dentro
de mim.

Inclinei-me e o beijei novamente, derretendo contra ele. Então


ele nos virou e caiu sobre mim, sua língua sem pressa me levando
lentamente ao orgasmo. Eu ainda estava olhando para ele quando
gozei, minhas mãos enterradas em seus cabelos escuros, com as
palavras correndo pela minha cabeça que eu não deixaria sair dos
meus lábios.

Eu amo você.

Eu te amo ‘pra’ caralho.

Ele ainda estava me observando também.

E se isso não fosse real, se nada disso fosse real, isso me faria
em pedaços.
◊◊◊

— Você tem a mesma tatuagem — sussurrei, sem ter certeza


se Jesse ainda estava acordado.

Eu estava enrolada contra ele no escuro, meu coração ainda


batendo mais rápido do que o normal. Eu ainda não tinha descido
totalmente da emoção de ser fodida contra a parede, minhas
pernas em volta dos quadris de Jesse, a gravidade me levando para
baixo em seu pau... porque, aparentemente, quando eu gozei em
sua língua, isso o transformou em uma besta com tesão que
precisa de outra rodada.

Ele se mexeu, seus dedos enrolando em meu cabelo, a


respiração soprando em meu pescoço. — Hmm?

— Sua tatuagem. — Passei meus dedos sobre a figura em seu


pulso. — Jessa tem a mesma, no tornozelo. É muito menor, mas
eu vi no clube.

— Mmm, — ele murmurou. — Fiz quando mamãe morreu.

Meus dedos pararam. Então eu tracei as longas linhas das


asas que eu tinha certeza de que pertenciam a um anjo do rock 'n'
roll. Merda. Eu nem sabia o que dizer.

Havia tanto sobre ele, sobre sua vida, que eu não sabia. Tanto
que eu ainda queria aprender.
— Por que você simplesmente não me disse que iria se
encontrar com ela?

Eu esperei pela nuvem quente de sua respiração na minha


garganta, mas ela não veio. Finalmente, ele deixou ir com um
suspiro silencioso. — Ela me pediu para não contar a ninguém.

Apertei em sua cintura. — Eu não quero bisbilhotar. Mas...


está tudo bem? Você parecia chateado no jantar.

— Nossa mãe morreu há nove anos esta semana, — disse


ele. — É sempre um momento difícil para Jessa.

Oh cara. Eu não fazia ideia.

Percebi, porém, que ele não disse que foi um momento difícil
para ele.

— Eu sinto muito, — eu sussurrei. Ele não disse nada, então


me aventurei. — Sua mãe pareceu uma mulher muito forte. Ela te
criou sozinha, certo? — Eu olhei para ele, mas mal consegui
distinguir seu rosto. Ele parecia estar olhando diretamente para o
vazio escuro do teto. — Dolly mencionou isso.

Ele não respondeu. Comecei a me perguntar se ele tinha me


ouvido, embora estivesse mortalmente quieto na sala. Eu
realmente não sabia se ele estava aqui comigo ou em outro lugar.

— Sim, — ele finalmente disse, esfregando a mão no rosto. —


Sem Dolly, não sei onde estaríamos. Quando mamãe ficou muito
doente, Jessa praticamente morou com ela.
— Você quer falar sobre isso? — Eu ofereci. — Sobre sua mãe?
— Talvez este não fosse o tipo de território de conversação em que
uma namorada falsa se aventura, mas foda-se.

Eu era mais do que apenas sua namorada falsa ou sua


empregada, mesmo que ele não tivesse visto. Eu, Katie Bloom, era
a garota que o amava.

Inferno, talvez eu fosse uma das muitas garotas que o


amavam, pelo que eu sabia. Mas eu o amei. E talvez fosse uma má
ideia continuar cavando por motivos para amá-lo ainda mais, mas
não era errado ser compassivo quando ele estava sofrendo. Eu não
suportava apenas fingir que ele não era.

— Não há muito o que contar, — disse ele. — Depois que nosso


pai foi embora, ela estava sempre trabalhando para tentar nos dar
uma vida melhor do que a que ela teve. Ela nos amou, mas nunca
a conhecemos de verdade. Ela nunca deixou ninguém chegar perto
depois do que aconteceu com meu pai.

— Parece que ela teve uma vida difícil — eu disse suavemente.

— Às vezes acho que ela nos manteve à distância porque não


suportava se machucar de novo. Ela nunca descobriu como
confiar em ninguém novamente ou encontrar alguém que ela
pudesse amar.

A maneira como ele falou sobre ela... as palavras tão tristes,


mas seu tom tão distante. E depois do que ele disse sobre partir
corações, isso me fez pensar...

— Você não é como ela, você sabe. — Inclinei-me sobre o


cotovelo para olhar seu rosto, embora ainda mal pudesse vê-lo. —
Você não é como sua mãe. Com medo de deixar alguém entrar. Se
é disso que você tem medo; transformando-se nela. Você não é ela.

Mesmo que eu não pudesse ver seus olhos, senti uma


mudança sutil quando ele desviou o olhar. — Não tenho medo de
me tornar minha mãe, Katie. — Ele suspirou novamente, e eu
podia sentir sua dor estalando naquela respiração apertada. —
Tenho medo de Jessa se transformar em nosso pai. Ele se matou
quando eu tinha nove anos.
Jesse
Eu estava fora da cama no fim do amanhecer. Era uma manhã
fria, então coloquei um moletom e fui correr sozinho. Jude não
gostaria disso, mas eu precisava de um tempo para pensar. Tenho
feito muito disso ultimamente, provavelmente, mas era difícil como
o inferno sair desse estado uma vez que eu estava completamente
caído nele.

Odiava me sentir impotente, mas toda vez que falava com


minha irmã, era exatamente como me sentia.

Minha conversa com Jessa na noite passada continuou


rolando pela minha cabeça; praticamente igual a todas as outras
conversas que tivemos nos últimos nove anos.

Antes da turnê, eu consegui passar algum tempo com ela


enquanto estava em Los Angeles, e ela parecia melhor do que há
muito tempo. Mais como ela mesma.

Então, quando as coisas pareciam estar indo bem, como


sempre, ela se retraía.

Desaparecia.
E como sempre, eu evitei o problema quando a vi ontem à
noite, com medo de que se eu a confrontasse sobre isso
diretamente, ela desistisse e desaparecesse ainda mais.

Eu estava quase ficando sem merda do que dizer a ela. Eu


odiava soar como um disco quebrado irritante. Brody
provavelmente estava certo. Talvez eu devesse falar com um
terapeuta ou algo assim e eles poderiam me ajudar a descobrir
como chegar até ela. Porque o que eu tenho feito nos últimos nove
anos não estava funcionando, porra.

Ela ainda se recusava a se comprometer com qualquer coisa.

Ainda se recusava a ficar no mesmo lugar por mais de um mês.

Ela ainda se recusou a voltar para casa.

A única coisa de que eu tinha certeza era que não tinha ideia
de como falar com ela sobre nada disso. Continuou fingindo que
estava tudo bem e, quando pressionei, ela se afastou.

Era impossível pra caralho.

Eu ainda estava examinando isso no chuveiro e depois, no café


da manhã com Katie. Pelo menos ela parecia estar melhor do que
ontem quando apareceu no restaurante, mas ainda parecia
cansada e nervosa, como se não tivesse dormido bem há uma
semana. O que nos tornaria dois.

Ela estava doce como sempre, mas meio preocupada,


mandando mensagens de texto para Devi. Ela tentou trazer à tona
o que conversamos ontem à noite, perguntando se havia algo que
ela pudesse fazer para ajudar, mas agora eu estava tão esgotado
com tudo isso que simplesmente minimizou a coisa toda.
— Provavelmente não é tão ruim quanto fiz parecer, — eu
disse. — Sempre me senti responsável por ela, sabe?

— Mas você não acha que ela está feliz. — Ela me estudou com
seus olhos azuis esverdeados, as sobrancelhas franzidas e a boca
rosada em um beicinho pensativo.

Dei de ombros e enchi minha boca de ovos, e quando ela


tentou pressionar o assunto, para gentilmente me fazer abrir,
murmurei algo sobre minha imaginação e comecei a fingir que
estava lendo o jornal. Como um idiota.

Ela me lançou um olhar demorado e inseguro, depois voltou


ao telefone.

— Merda. Você viu isso?

Ela me entregou o telefone. Seu navegador estava aberto para


um artigo em algum site de notícias de entretenimento lixo,
“notícias” é um termo vago.

Havia duas imagens lado a lado no topo da página, uma de


Elle e eu no show ontem à noite, e uma de Katie e eu, também da
noite passada. A manchete acima das imagens dizia Triângulo
amoroso bizarro. Uma foto maior abaixo das duas primeiras
mostrava Katie e...

Eu olhei para ela e seus olhos ficaram enormes. — Não é o


que parece.

O que parecia era Katie e seu ex-noivo lutando com a


língua. Eles estavam pressionados um contra o outro e ele a
segurava pelos braços. Suas bocas estavam presas juntas, olhos
fechados, mas eu reconheci o vestido de renda vermelha que ela
usou na festa VIP em Vancouver e eu sabia que a imagem era
daquela noite. Foi tirada de um ângulo alto no canto do corredor
vazio onde os encontrei, obviamente de uma câmera de
segurança. O que significava que ou o próprio idiota ou um de seus
funcionários haviam passado a imagem para a mídia.

— Eu sei que não é — eu disse a ela.

— Ele me beijou, — ela insistiu. — Eu me afastei tipo um


milissegundo depois que isso foi tirado.

Rolei para baixo através do artigo breve e insubstancial, que


era mais imagens do que reportagem real, não importa que a maior
parte fosse uma besteira total. Eu nem me incomodei em ler tudo
isso. A peça colocou Katie e Elle uma contra a outra em algum
cabo de guerra inexistente por mim, e incluiu mais fotos de cada
uma delas no clube na noite passada, incluindo uma de Katie nos
braços de Zane, a mão plantada em sua bunda. Eu sabia que tinha
que agradecer a Zane por esse movimento de merda, e eu iria, mas
isso não fazia Katie parecer uma santa. Especialmente quando
comparasse com as outras imagens.

Enquanto eu era mostrado do lado de fora do restaurante com


minha irmã, Katie foi mostrada em vários clubes nas últimas
noites, festejando com minha banda e até mesmo com Jack, seu
cunhado. Em todas as fotos ela estava nos braços de outro
cara. Acontece que eu conhecia todos os caras e sabia que os
abraços eram inocentes, mas o artigo fez Katie parecer uma
festeira desprezível.

A única imagem que não pintava Katie como a vagabunda da


cidade era a dela com o cunhado, a sobrinha e o sobrinho
caminhando pela cidade durante a visita. Mas sua irmã foi
convenientemente cortada da foto, que estava bem ao lado de outra
de Katie e Jack parecendo aconchegantes enquanto faziam fotos
juntos em um bar.

Quando olhei para cima novamente, as lágrimas brilhavam


nos olhos de Katie. Eu entendi por que isso a incomodaria, porque
tudo isso era novo para ela. Houve muitas histórias de tabloide
sobre Elle e eu durante nosso relacionamento; ainda havia,
embora não estivéssemos juntos e eu mal a tivesse visto desde o
fim da última turnê. Estávamos juntos, não estávamos, estávamos
trapaceando, estávamos brigando, estávamos nos
reconciliando. Era tudo uma besteira para vender revistas ou
cliques na web para anunciantes. Mas Katie era nova nisso, e esta
foi provavelmente a primeira vez que ela viu um artigo
desagradável colocando um viés vingativo em suas ações.

— Não se preocupe, querida. — Devolvi o telefone para ela. —


Eles estarão em outra coisa amanhã. Não deixe isso te afetar. Você
sabe que é tudo besteira.

Ela folheou o artigo novamente. — Que porra é essa, — ela


sussurrou. Ela virou o telefone para mim, mostrando a imagem de
si mesma com sua família. — Minha sobrinha e sobrinho? Eles são
apenas crianças. E algum estranho colocou sua foto na
internet? Com fotos de sua tia parecendo a vadia do inferno?

— Isso é o que eles fazem.

Ela percorreu o artigo, parando para balançar a cabeça a cada


imagem. — Porra. Que porra é essa. Não posso acreditar que fiz
toda essa merda.

— Vamos, Katie. Você não fez nada...


— Sim, obviamente eu fiz. — Ela me mostrou a imagem dela
tirando fotos com o cunhado, a mão nas costas dele.

— Bem, quando você não está esperando ninguém tirar sua


foto...

— Mas eu deveria, certo? Eu deveria ter conhecido melhor


agora. Muito melhor. — Ela jogou o telefone na mesa. — Jack é
como meu irmão. Eu o conheço desde os sete anos. — Ela colocou
o rosto nas mãos.

— Gata, tudo bem. Você só está pegando pesado porque foram


vinte e quatro horas emocionantes.

Ela olhou para mim, seus olhos rosados, mas pelo menos
nenhuma lágrima estava caindo. — Tente cinco semanas — ela
sussurrou.

Ai. Isso doeu pra caralho, mas eu não sabia o que


dizer. Estava tão emocionalmente esgotado por lidar com Jessa. E
a turnê. E seja lá o que diabos estava acontecendo com Katie que
me deixou com uma sensação de aperto quando olhou para mim
daquele jeito.

— Isso é totalmente minha culpa, — disse ela. — Owen e Sadie


estão na imprensa e é minha culpa. Isso basicamente diz que
estou transando com o pai deles. Owen tem quatro anos. Sadie
tem seis anos. — Ela ficou em pé. — O que é pior pra caralho,
porque ela pode ver isso e fazer perguntas. — Começou a andar. —
Oh meu Deus. Eu tenho que ligar para eles. E se minha irmã viu
isso? Claro que sim. Devi enviou para mim. Ela provavelmente
copiou e enviou para minha irmã. — Ela pegou o telefone e
começou a teclar. — Porra.
OK. Ela estava pirando.

Fui até ela. — Katie. Olhe para mim. Isso não é tão grande
quanto você pensa. Mesmo. Essa merda acontece o tempo
todo. Você precisa crescer uma pele mais grossa, é tudo. Você vai
se acostumar com isso. — Ela não parecia estar ouvindo, ainda
mexendo no telefone, mas continuei. — Dói no começo, certo? Mas
você verá, você se acostuma. Simplesmente vai rolar. Não deixe
isso te derrubar.

Ela olhou para mim, piscando, como se tivesse acabado de


perceber que eu ainda estava aqui. — Não quero me acostumar
com isso, Jesse.

— Eu sei. Entendi. Mas o que você está fazendo?

Ela estava batendo furiosamente em seu telefone. — Estou


enviando Devi em uma missão diplomática para a casa da minha
irmã para dizer a ela, pessoalmente, que eu não fodi o marido dela.

— Você realmente acha que sua irmã vai pensar isso? De um


artigo estúpido de um tabloide?

— Não, — ela disse. — Mas não poderia machucar - oh, pelo


amor de Deus.

— O quê?

Ela suspirou. — Devi está dizendo a mesma coisa que você.

Eu a segui para o quarto onde começou a jogar suas coisas em


sua mala, o que fez minhas entranhas apertarem de uma forma
horrível pra caralho.
— O que você está fazendo?

— Foi Elle? — ela perguntou, a voz estremecendo enquanto


lutava contra as lágrimas. — Elle disse a eles todas essas coisas
sobre mim?

— Nenhuma dessas merdas era mesmo verdade, Katie — eu


disse em minha melhor voz calmante. Era péssimo em acalmar
mulheres, caso em questão, minha irmã, a quem eu não tinha a
porra de ideia de como chegar. Comecei a puxar as coisas de volta
para fora da mala.

— Não, não era verdade, era? — ela disse, pegando suas


roupas de minhas mãos e colocando-as de volta. — Exceto por uma
coisa. Você sabe, aquela coisa sobre nosso relacionamento ser
falso. Ah, e aquela outra coisa sobre você me contratar. — Ela tirou
os chinelos que estava usando e os enfiou na mala também. —
Alguém deve ter contado a eles sobre isso.

Droga. O artigo disse tudo isso? Talvez eu devesse realmente


ter lido.

Katie começou a jogar travesseiros e olhar atrás dos móveis.

— Não foi Elle — eu disse.

— Ela sabe sobre nós. Alguém deve ter contado a ela. Ela disse
que nosso relacionamento era falso.

Observei-a procurar embaixo da mesa em que tomamos nosso


café da manhã. — Katie...

— Ele é falso, — disse ela. — Ele é porra de falso e nada disso


vale a pena. Nada vale a pena isto. — Ela apontou para a tela de
seu telefone, então o virou para mim, mostrando a foto da mão de
Zane em sua bunda.

— Aconteceu alguma coisa ontem à noite? Com Zane? Você


falou com Elle? O que estou perdendo aqui?

Ela se ajoelhou e começou a engatinhar, olhando embaixo das


camas.

— Se alguém contou a ela sobre nós, eu não sei quem foi...


Que porra você está fazendo?

— Onde diabos está meu caderno de desenho? — ela gritou,


cavando sob os lençóis.

— Está bem aqui. — Peguei-o da mesa onde ela o havia


deixado e entreguei. Eu não tinha a porra da ideia de porque fiz
isso, já que a próxima coisa que ela fez foi empacotar, e essa era a
última coisa que eu queria que ela fizesse. Mas não aguentava de
vê-la perder a cabeça.

Ela foi para o banheiro e começou a pegar todas as suas loções


com cheiro de creme de cereja e baunilha e tudo o mais e eu quase
perdi o controle.

— Katie. Acalme-se, porra. — Segui-a de volta para a cama,


onde ela amassou todos os seus produtos de higiene pessoal com
suas roupas e fechou a mala. Eu nunca a tinha visto tão
irracional. Essa era a garota que normalmente fechava todos os
frascos de xampu e o que quer que fosse em sacos Ziploc separados
para o caso de vazamento.

— Olha, — eu disse, mas ela nem olhou para mim enquanto


fechava o zíper da mala. — Desde que saí no seu aniversário para
lidar com Jessa e te deixei preocupada, tudo foi fodido. As coisas
não estão bem entre nós.

— As coisas nunca estiveram bem entre nós, Jesse.

— Abalei sua confiança em mim, e por isso, sinto muito.

— Não é isso. Não é você. — Ela olhou para mim com os olhos
mais tristes que eu já vi. — Eu realmente sinto muito pelo que está
acontecendo com sua irmã, Jesse. Ela é tão adorável. E o que
vocês dois passaram faz meu coração doer. — Ela esfregou o nariz,
ainda lutando contra as lágrimas. Quase desejei que ela
simplesmente chorasse; talvez então ela sentasse e parasse de
tentar dar o fora daqui. — Não é que eu não me importe. Mesmo. O
problema é que não terei mais nada para dar, para lidar com nada,
se seguir por esse caminho. Você sabia que não desenhei esta
semana? Não estou nem comendo muito.

— Eu não sabia...

— Sinto que estou me perdendo totalmente,


Jesse. Exatamente como eu fazia quando estava com Josh. Tentei
ser o que ele queria e acabei esquecendo totalmente quem eu sou.

— Não é isso que está acontecendo — eu disse, embora não


tivesse ideia se isso era verdade. Estive tão consumido em me
preocupar com Jessa na última vez que nem tinha percebido se
Katie não estava comendo ou se sentindo bem sobre as coisas. —
Você só está usando isso como desculpa para fugir — eu disse,
embora também não soubesse se isso era verdade.

— Esta é minha família, — disse ela, finalmente se virando


para me encarar. — Eu nunca os usaria para nada. São crianças,
sendo fotografadas por algum idiota com um objetivo enquanto a
gente nem sabia que eles estavam lá. Estas são as pessoas que
amo serem afetadas pelo que estou fazendo.

— Isso é o que acontece quando você está sob os holofotes,


Katie. Às vezes, isso atinge as pessoas de quem você gosta. Essa é
a vida.

— Então não é uma vida para mim. — Ela puxou a mala da


cama e a colocou no chão a seus pés. — Eu não posso me
acostumar, Jesse. Você disse que se eu não pudesse me
acostumar, você me deixaria ir.

— Isso foi antes.

— Antes do que?

Ela olhou para mim e eu sabia que tinha uma chance,


agora. Ela estava me dando essa chance. Para dizer algo
significativo. Antes de te conhecer. Antes de começar a me
importar.

Antes de descobrir que não aguentaria perder você.

Eu não disse nenhuma dessas coisas. Não disse nada. Apenas


fiquei lá, as palavras todas obstruídas na minha garganta.

Ela engoliu em seco e acenou com a cabeça, parecendo


arquivar meu silêncio como mais uma evidência do meu coração
frio como pedra. — Não posso ser famosa por foder uma estrela do
rock, — disse ela, calmamente — e todos aqueles outros caras
também.

— Você não fodeu nenhum deles, e eu sei disso.


— Mas ninguém mais faz. Isso está lá fora. Minha família está
lá fora. E quem sabe o que será a seguir.

— Isso machuca você. Eu sei. Mas podemos conversar sobre


isso.

— Eu não posso — ela disse, muito mais calma, e ela nem


mesmo me olhou nos olhos quando disse isso. — Eu não posso
mais ser sua namorada falsa. É só... está meio que me matando.

— Não quero que você seja minha namorada falsa — consegui


dizer, ainda mais baixinho. Eu nem tinha certeza se ela me
ouviu. Nem tinha certeza do que estava dizendo, mas não queria
que ela fosse embora.

— Eu só preciso descobrir o que diabos estou fazendo da


minha vida e não posso fazer assim. — Ela se virou e calçou os
sapatos que estavam ao lado da porta.

Eu nem queria perguntar a ela o que “assim” significava. Meu


coração estava caindo em minhas entranhas.

— Katie, eu não me importo com o que diabos você está


fazendo. Basta fazer aqui. — Ela olhou para mim. — Eu posso
cuidar de você — acrescentei sem muita convicção. Soube que era
besta assim que saiu da minha boca.

Ela balançou a cabeça. — Eu não quero ser cuidada,


Jesse. Quero algo meu. Eu não posso ser apenas a garota que é
famosa por ter sido fotografada beijando o cara famoso. Você não
entende?

— Então não seja isso.


— Tudo bem. — Ela recolheu o suéter rosa e a bolsa.

Merda. Não é o que eu quis dizer.

— Vou fazer arranjos com Jude, — ela disse. — Flynn pode me


levar ao aeroporto. Jude ou Maggie ou alguém pode me ajudar a
conseguir um voo. Você não precisa se preocupar com isso. Eu
ficarei bem.

— Foda-se. — Agarrei sua mão para impedi-la enquanto ela


pegava sua mala. — O que você quer? Você quer desenhar? Você
quer cozinhar? O que quer que seja…

Mas ela estava balançando a cabeça novamente. Seus olhos


azuis esverdeados pousaram em mim e eu sabia que a tinha
perdido. — Só quero alguém que se importa comigo — ela disse,
tão baixinho.

Meu peito estava apertado; estava ficando mais difícil respirar


a cada segundo. Ela realmente não entendeu?

— Eu me importo com você.

— Não, Jesse, — ela disse. — Você se importa com as vendas


dos discos.

Deixei sua mão cair da minha. E talvez não fosse justo da


minha parte ficar magoado com isso, mas essas palavras me
cortaram até os ossos. — É isso o que você acha?

— Esse era o acordo, certo? Seis semanas para ajudar nas


vendas dos discos e na venda dos ingressos? Bem, a turnê está
esgotada e você mesmo disse que o álbum superou as expectativas
de todos. Suas seis semanas estão quase acabando de qualquer
maneira. Vou pagar de volta o que devo a você da última semana.
— Ela pegou sua mala e ficou lá, parecendo pequena e insegura
pra caralho. — Eu sinto muito, — ela disse. — Isso não é sua
culpa. Nunca deveria ter concordado com isso. Eu não posso
simplesmente seguir você enquanto você trabalha e segue seu
sonho.

— Katie...

— Não. Não é quem eu sou. Não sou uma fã. Não sou sua
esposa. Eu nem sou sua namorada. Isso é apenas um trabalho. E
eu desisto.

Ela se dirigiu para a porta e eu apenas fiquei lá como um


idiota. O idiota que teve a brilhante ideia de contratá-la em
primeiro lugar. O idiota que prometeu a ela que isso era apenas
um negócio.

E agora um negócio era tudo que eu iria conseguir.

— Katie...

— Olha. — Ela se virou para mim, praticamente


implorando. — Eu sei que fui uma covarde antes, mas, por favor,
entenda, simplesmente não posso fazer isso de novo.

— Fazer o quê de novo?

Ela suspirou e seus ombros cederam, como se tudo fosse


pesado demais. — O que eu fiz com Josh. Não sabia como dizer
adeus. Eu não sabia como terminar, mesmo que tivesse
acabado. E olhe só. Ainda está se arrastando atrás de mim, onde
quer que eu vá. — Ela se aproximou. — Então, estou dizendo
adeus.
Ela me beijou na bochecha. Então olhou para mim, seus
grandes olhos azul-esverdeado brilhando com lágrimas não
derramadas.

— Adeus, Jesse Mayes.


Jesse
— Eu não posso fazer isso, cara. Tenho que voar de volta e
consertar isso.

Eu estava tão cansado que praticamente gaguejava. Era uma


hora horrível e estava em meu quarto de hotel em San Francisco
de cueca segurando meu telefone como uma tábua de
salvação. Passaram-se dezessete horas desde que Katie saiu e eu
estava desmoronando. Mal tinha comido. Eu nem tinha dormido.

Do outro lado da linha, ouvi um suspiro muito cansado de


Brody. — Hoje não, irmão, — disse ele. — Não há tempo suficiente.

— Eu posso voar até lá e voltar para o show. Deve haver uma


maneira.

— E depois? Mesmo se pudéssemos fazer os voos


funcionarem, o que você vai fazer? Falar com ela por uma hora,
dar meia-volta e voar de volta para fazer outro show? Arriscar ficar
preso na alfândega e foder com seus fãs? Qual é o objetivo disso?
Andei por todo o quarto do hotel me sentindo como um leão
enjaulado, todas as coisas que eu deveria ter dito a Katie enquanto
ela estava aqui cozinhando na minha cabeça.

— A questão é que eu preciso vê-la. Porra agora mesmo.

— Nós cuidaremos de Katie do nosso lado. Flynn a trouxe de


volta em segurança e não a deixará fora de sua vista. Você faz o
que tem que fazer lá fora, termina a turnê e depois volta para casa.

Segurei uma respiração afiada.

— Flynn cuida disso, irmão. Sem problemas.

Sentei-me na cama e soquei minha coxa. Forte. Eu nunca


tinha ficado tão chateado comigo mesmo como estava por deixar
Katie entrar naquele avião.

— Você se preocupa com ela, dê a ela tudo que você tem. Não
apenas um intervalo de tempo entre seus outros compromissos.

— Eu não sei, cara.

— São apenas mais três programas, — disse Brody. — Termine


a turnê. Então você pode ter todo o tempo de que precisar com ela
em casa.

— Porra, Brody. Não pode ser assim. Família primeiro,


lembra?

— Eu me lembro.

— Então? — Eu disse.
— Você está me dizendo que ela é família?

Eu não respondi isso.

— Se ela é, então dê a ela tudo que você tem. É tudo o que vou
dizer.

— Isto sou eu dando tudo de mim. Estou tomando tudo que


tenho para não ir atrás dela agora e deixar todos vocês sem uma
porra de um show esta noite. A droga da família primeiro. Você
sabe disso, Brody. Eu disse isso desde o início. Que se isso
acontecesse, se Jessa precisasse de mim no meio da noite, em
qualquer merda de dia da semana, se ela me ligasse e precisasse
disso, eu iria embora.

Brody ficou em silêncio por um longo tempo. Tanto tempo eu


verifiquei meu telefone para ter certeza de que a chamada não
tinha caído.

— Diga-me, — ele finalmente disse. — Quantas vezes ao longo


dos anos isso aconteceu, Jessa ligando para você e pedindo para
você largar tudo para vir ajudá-la?

Brody sabia a resposta para isso. A resposta foi zero.

Jessa nunca pediu minha ajuda.

Suspirei forte. — Katie acha que Elle sabe sobre o


negócio. Que ela expos.

— Elle não vazou merda nenhuma. Ela não vai dizer merda
nenhuma sobre você ou Katie.

— Eu sei. Disse isso a Katie.


— De qualquer forma, fui eu.

Coloquei meus dedos em meus olhos. Eu ouvi; Sabia o que


ouvi. Não pude acreditar nisso. — Você fez o que?

— Conversei com a mídia.

— Que porra você fez.

— Você quer vender música? Você quer ficar no topo? Os fãs


amam sua música, irmão, mas eles são insaciáveis para essa
merda de triângulo amoroso. Na noite passada, aquela versão ao
vivo de New Girl que você gravou em Nova York estava pairando
no topo das paradas. Hoje é a música mais baixada do
planeta. Você pode me agradecer quando estiver com um humor
melhor pra caralho.

— Agradecer por quê? Por fazer Katie parecer uma prostituta


na imprensa? Você acha que é isso que eu quero que o mundo
pense? Os fãs? A família de Katie? Você pensou em como ela se
sentiria por ter isso por aí? Que eu fodidamente a paguei para ser
minha namorada?

— Ninguém está dizendo isso. E se o fizessem, quem


acreditaria?

— Por que não?

— Vamos ver, cara. Porque ninguém vai acreditar que Jesse


Mayes teve que pagar uma mulher para fazer alguma coisa. E
porque ninguém vai comprar, por uma fração de segundo, que
aquela garota não está exatamente onde ela quer estar.

— Certo. Porque ela está sentada aqui agora, no meu pau.


Brody ficou quieto de um jeito que sabia que eu não ia
gostar. — Você é um idiota, cara.

— Foda-se, Brody. Eu não preciso dessa merda agora.

— Qualquer um pode ver que você está apaixonado por ela.

Cristo.

Coloquei minha cabeça em minha mão e esfreguei meus olhos


até que eu vi estrelas.

— Tudo bem, — disse ele. — Ninguém além de você.

— Vou desligar.

— Você me disse para ser implacável, — ele me lembrou. —


Cruel. Você me disse isso. E sim, você me disse família
primeiro. Você também esteve aqui na minha sala três meses atrás
e me disse qualquer coisa para fazer desse álbum, dessa turnê, um
sucesso. Por qualquer coisa, Jesse.

— Você deveria ter falado para mim.

— Você disse isso para mim ou não?

— Eu disse isso.

— E você estava falando sério. — Não foi nem uma pergunta.

— Sim. Realmente falei sério. Você sabe que eu quis dizer


isso. Você ainda deveria ter falado comigo antes de ir para a mídia.
— Talvez eu o tivesse feito se você não tivesse feito um gesto
de desaparecimento no momento em que precisei falar com você. E
eu não fui até eles. Eles vieram até mim. Eles perguntaram sobre
esses rumores de que souberam que Katie foi contratada para
trabalhar para você. Eles estavam loucos para girar toda essa
coisa de triângulo amoroso e eu disse que sim. Isso é tudo. Eles
acham que ela foi contratada como sua assistente. Grande coisa,
porra. Eles inventaram o resto.

— E agora ela se foi.

— Ela não se foi, irmão. Ela está em casa. Ela estará aqui
quando você voltar.

— É melhor que ela esteja, porra.

— Ela vai.

— Você também é um idiota, sabe?

Brody ficou em silêncio.

Era raro que Brody e eu discutíssemos. Lembrei-me de como


Katie havia descrito sua amiga Devi como seu telefonema em caso
de emergência. Para mim, essa chamada era de Brody. O amigo
que tinha sido minha rocha desde o primeiro dia, que manteve os
loucos à distância, me impediu de virar enquanto eu resistia às
tempestades mais selvagens e fodidas da minha vida.

A única pessoa que realmente sabia, que realmente sabia, o


que esse álbum significava para mim.

E o porquê.
— Sabe, — disse ele — Jude nem me disse aonde você foi na
outra noite em LA.

Foda-me.

Meu coração caiu cerca de dois pés. Brody sabia. Ou, pelo
menos, ele suspeitou que eu me encontrei com Jessa em LA e não
contei a ele.

— Ela me pediu para não contar a ninguém, cara.

— Certo, — disse ele. — Primeiro a família.

— Pelo amor de Deus, Brody. Você quer que eu escolha entre


você e minha irmã?

— Não estou pedindo para você escolher, irmão. Nunca pedi


para você escolher.

Jesus. Como chegamos nisso? Nunca conversamos sobre isso.

Nunca.

— Certo, — disse Brody quando eu não respondi. — Então


talvez este seja um bom momento para lembrá-lo por que você está
fazendo esta turnê em primeiro lugar. Este álbum foi ideia
sua. Lembra por quem você está fazendo isso. — Então ele
desligou.

Encarei o telefone na minha mão. Foi a primeira vez em quinze


anos de amizade e parceria de negócios que Brody desligou na
minha cara.

E ele estava certo, é claro. Brody raramente estava errado.


Soquei a cama, porque era uma ideia melhor do que socar a
porra da parede, o que eu realmente queria fazer.

Então mandei uma mensagem para Katie.

Estarei em casa em 5 dias. Podemos falar?

Mal eram cinco da manhã, então não esperava uma


resposta. Tive sorte de Brody atender, mas, novamente, Brody
atenderia minha ligação a qualquer hora da noite.

Porra.

Eu não conseguia nem ficar chateado com o cara. Não quando


ele era o único que sabia o que estava em jogo aqui, e o único que
se importava com isso tanto quanto eu. Razão pela qual liguei para
ele. Porque eu também sabia que ele era o único que poderia me
convencer a terminar a turnê.

Sim. Apenas foda.

Esfreguei minha mão no rosto. Eu sabia que tinha que


terminar o que comecei, mas mal podia esperar para terminar essa
porra de turnê. Eu já tinha acabado de fingir que não sentia por
Katie o que eu sentia.

Pronto fingindo que não a queria como eu queria.

Encarei o telefone na minha mão. Ela não respondeu ao meu


texto.

Mandei uma mensagem de novo de qualquer maneira,


esperando como o inferno que não fosse muito pouco, muito tarde.
Saudades de você ‘pra’ caralho.

Era verdade. Sinto falta dela.

Mais que isso.

Não queria me separar dela novamente, nunca.


Katie
Estava de volta a Vancouver há quase 36 horas. Mal dormi e
comi pouco mais do que café com leite e cereja e baunilha gelados
com grandes quantidades de cerejas - o que, de acordo com minha
irmã, não contava como alimento.

Devi me encontrou no Nudge, onde logo estaria em rotação


novamente para manter o dinheiro entrando. Dizia a ela que estava
devolvendo o dinheiro a Jesse, e ela sempre me dizia para não ser
idiota, que eu já tinha ganho cada centavo. Eu não tinha tanta
certeza. Mas nós meio que desistimos de discutir sobre isso. Por
volta da centésima vez, perguntei a ela o que deveria fazer e ela me
disse, pela centésima vez: — Fale com ele. — Chamamos isso de
impasse. Por enquanto.

Até eu podia ver que estava além da razão, no momento. Só


precisava chafurdar um pouco. E Devi poderia respeitar um bom
chafurdar. Contanto que seja breve.

Sentamo-nos na outra extremidade do bar, onde eu esperava


que ninguém me reconhecesse. Estava com meu cabelo puxado
para trás e meus óculos de sol exatamente como aquela garota
em The Boys of Summer, um cover de rock que estava tocando no
sistema de som, embora tivesse certeza de que não tinha realmente
o amor do herói em minha história pessoal de amor de verão - não
correspondido. Eu só estava tentando ser invisível.

De alguma forma, nunca tinha me ocorrido, até agora, que se


eu estava desconfortável com a atenção negativa que recebia como
namorada de Jesse Mayes, a atenção que receberia como sua ex-
namorada só poderia ser pior. Estava tentando me preparar para
essa eventualidade, mas ainda não tinha caído a notícia de que eu
havia deixado a turnê ou que a grande história de amor canadense
havia acabado. Aparentemente, o pessoal de Jesse não estava
falando e dificilmente seria eu quem daria a notícia.

Devi ficava dizendo que eu não precisava me preocupar com


isso, que ela cuidaria disso, que poderíamos até contratar um
relações-públicas. Eu não conseguia nem começar a envolver
minha cabeça nisso. Simplesmente continuei repetindo os últimos
meses da minha vida em detalhes excruciantes. Cada momento
emocionante, incrível e louco disso. Mesmo aqueles que levaram
algum paparazzi a acreditar que eu era algum tipo de prostituta.

E todas as coisas que eu disse a Jesse quando o abandonei...


estavam praticamente repetidas.

Eu me senti atordoada, horrorizada e emocionalmente


esgotada.

Mas também estava ficando brava. Foda-se.

Porque não tinha exatamente escapado da minha atenção que


toda aquela pegação tinha pouco com o que se apoiar além do fato
de que eu beijei outro cara quando era para ser a garota do Jesse,
como evidenciado pela foto incriminatória que alguém vazou. Não
importa que Josh estivesse me beijando. De acordo com aquela
foto, eu era culpada de pecado.

E tinha uma boa ideia de quem havia repassado isso para a


mídia.

— Então, eu vou falar com ele ou o quê? — Perguntei a Devi


pelo menos pela décima segunda vez.

— Inferno, sim, você vai falar com ele.

— Ele não. Quero dizer Josh.

Devi deu um suspiro exasperado pela décima segunda vez. —


Foda-se isso. Por que você desperdiçaria mais um segundo com
aquele idiota?

— Não sei. Encerramento ou algo assim? Dizer a ele para ir


embora de uma vez por todas?

— Para quê? Nada do que você possa dizer chegará a ele. Você
apenas tem que aceitar isso. O cara é um idiota completo e sempre
será. Você faria muito melhor deixando-o para trás, tipo
permanente, querida.

— Eu sei, mas...

— De jeito nenhum! — Devi girou em seu banquinho e chamou


minha irmã do outro lado do bar, que estava fazendo um café
expresso do outro lado da linha. — Desligue essa heroína de
vagina.

Acabava de começar a tocar Dirty Like Me, a versão original do


Dirty. Normalmente, eu teria rido pra caramba com a descrição de
Devi da música, que foi estrondosa, mas no momento estava muito
mais perto das lágrimas do que das risadas. De qualquer maneira,
acenei para Becca se afastar do som do iPod. — Não. Apenas deixe
ligado.

Porque eu amava essa música.

Era praticamente a melhor que o Dirty fez. Sua música mais


famosa. O maior sucesso de todos os tempos.

Provavelmente era a última coisa que eu precisava ouvir agora,


mas adorei. Não pude deixar de amá-la.

E tudo o que eu estava sentindo agora, essa música


praticamente dizia tudo. Mal conseguia respirar enquanto ouvia,
cada palavra, cada acorde da guitarra de Jesse irritando meu
coração.

Não era uma canção de amor, exatamente, ou uma canção de


término de namoro, ou uma canção de namoro, mas algum tipo de
sangue e intestino e síntese de alma de todos os três. Uma espécie
de foda de ódio musical envolta na mais doce carta de amor.

Esfolar a carne e os ossos para revelar o baixo-ventre cru de


luxúria, necessidade e desejo profundo de aceitação. Isso é o que
um crítico escreveu sobre isso, e as palavras ficaram comigo.

Outro o chamou de O hino do malfeito.

E ambos estavam certos. Porque bem no fundo daquele ponto


fraco de luxúria, necessidade e desejo havia uma angústia tão
dilacerante que me arrepiou os cabelos.
Enquanto ouvia a música, parecia que meu coração estava
escancarado, cru e dolorido, para todos verem. Como uma ferida
que nunca teve permissão para cicatrizar porque cada vez que
começava, eu a cutucava, apenas o suficiente para fazer sangrar...
tudo de novo.

Só percebi que estava chorando quando as lágrimas


escorreram pelo meu rosto, meus olhos tão inundados que não
pude ver Devi bem na minha frente. — Oh, querida, — ela disse,
logo após o borrão de lágrimas. — Precisamos desligar isso.

— Não — consegui dizer, enquanto enxugava as


lágrimas. Graças a Deus pelos óculos de sol. — Apenas deixe
tocar.

Estava meio em choque, fazia muito tempo que eu não


chorava.

Mais de dois anos.

E agora, as lágrimas que eu tinha segurado desde aquele dia


horrível de pé no altar, sozinha, estavam finalmente
derramando. Eu nunca chorei por causa disso. Nem naquele dia,
nem em nenhum dia desde então.

Nem uma vez.

E se eu pensei que doeria quando Josh me deixou, isso não


era nada comparado a isto.

Este foi o coração partido em câmera lenta.

Por que eu pensei que poderia simplesmente ir embora? Como


se isso fosse torná-lo melhor? Como se eu pudesse, de alguma
forma, evitar magicamente me machucar, quando meu coração já
estava envolvido?

Não. Isso era muito profundo para isso. Jesse era muito
profundo.

Quando eu estava com ele, queria coisas que nunca pensei que
iria querer novamente, até que ele abriu seu caminho direto para
minha vida, minha cama, meu coração. O homem estava em
minha cabeça, em meu sangue e sob minha pele.

— Você estava certa, Dev. Tenho vivido minha vida como se


não pudesse ser amada. Estou totalmente apaixonada por Jesse,
mas temo que ele não possa me amar de volta porque eu sou muito
desagradável ou algo assim.

Até eu ouvi como isso soou fodida. Porque nunca dei a Jesse
a chance de me amar. Apenas presumi que não era possível.

— Você vai retornar as ligações dele? — Devi perguntou pela


zilionésima vez enquanto olhava para o meu celular no bar entre
nós. Ele estava vibrando e tocando Girl Is On My Mind de The
Black Keys, graças a minha melhor amiga que colocou enquanto
eu jogava todas as minhas aflições aos pés dela na noite passada; o
jeito dela de me lembrar que Jesse provavelmente
realmente sentia minha falta, como suas mensagens diziam, e eu
estava sendo uma idiota.

— Estou lhe dizendo, Dev, — disse enquanto ignorava o


telefone e devorava a décimo cereja direto do pote — a partir deste
momento, você comanda minha vida. Estilo de amizade, assim
como Monica fez com Rachel quando percebeu que tomava
decisões erradas.
— Em primeiro lugar, — disse Devi, agarrando o pote de
cerejas e deslizando-o para fora do meu alcance — essas coisas
permanecem em seu sistema por cerca de sete anos, assim como
chiclete e alcaçuz.

— Lenda urbana. Se isso fosse verdade, eu pesaria cerca de


500 quilos, nove décimos disso, tripas de cereja.

— Ai credo. — Devi franziu o narizinho perfeito, mas eu apenas


dei de ombros. Eu passei as últimas cinco semanas em um ônibus
de turnê com um bando de homens - o humor nojento nem me
incomodava mais. — Em segundo lugar, sua vida não é uma
comédia, gata. Acho que o enredo durou meio episódio. Por
quê? Porque ninguém deveria governar sua vida além de você. É
chamado de livre arbítrio e você é a única que tem que se deitar na
cama que você fez, então se anime e se recomponha.

— Arg. Tudo bem — Bebi meu chantili e empurrei meu copo


para Becca. — Mais chantili!

Minha irmã fez uma careta para mim, mas foi pegar a lata de
chantili.

— E terceiro... — Devi disse com uma inflexão estranha em sua


voz. Virei-me para ver o arco perfeitamente entrelaçado de sua
sobrancelha se erguer de uma forma que me fez seguir seu olhar
em direção à porta. — Você não pode se esconder para sempre,
querida.

Meu coração disparou em minha garganta.

Havia um homem parado na porta, meio que bloqueando o sol,


naquele momento do destino, e embora não fosse Jesse Mayes, era
um cara lindo de cabelo castanho em uma jaqueta de couro de
moto e jeans, uma tatuagem legal nas costas da mão quando tirou
os óculos de sol. Seus olhos estavam fixos em mim, porque
claramente ele estava aqui por apenas um motivo.

Para me fazer deitar naquela cama que fiz.

Brody se aproximou e eu olhei de Devi para minha irmã, que


estava me observando. Becca tinha acabado de encher meu copo
com chantili. Suspirei. — Vou levá-lo para ali.

Eu me virei para Brody em derrota. Sabia que ele era um dos


melhores amigos de Jesse, mas como também era seu empresário,
imaginei que ele estava aqui para acertar as contas do negócio. Eu
já tinha sido paga por meus serviços esquisitos, na íntegra, e era
justo que eu devolvesse pelo menos parte desse dinheiro. Sem
mencionar que eu rompi meu contrato verbal com Jesse, então
talvez houvesse ramificações mais complicadas nisso.

— Vou precisar de um advogado para isso?

— Acho que não, Katie. — Seus olhos se enrugaram de uma


forma calorosa e amigável. — Que tal eu te dar uma carona.

Estudei-o. Eu não o conhecia bem, mas tinha certeza de que,


mesmo que Jesse ficasse desapontado com a forma como fugi dele,
ele não mandaria ninguém para me ferrar totalmente.

— Onde?

Ele foi até a porta e abriu para mim. — Onde quer que você
esteja indo.
◊◊◊

Dei a Brody o endereço de onde eu tinha acabado de decidir ir,


então me sentei no banco do passageiro de sua caminhonete preta
grande e esperei que ele me desse um sermão, ou me interrogasse,
ou o que quer que ele tenha vindo fazer aqui.

Ele não disse nada. Apenas dirigiu, na direção oeste, em


direção às ruas arborizadas e mansões fechadas de Shaughnessy.

— Eu sinto muito por deixar a turnê — finalmente deixei


escapar quando eu não aguentei mais o silêncio. — Eu realmente
sinto. Isso foi um erro.

Brody olhou para mim de lado, seus profundos olhos azuis me


avaliando. Tudo o que aquele olhar me disse foi que eu não
gostaria de estar do lado errado em uma negociação comercial com
aquele homem. Era o olhar de um homem que tinha paciência,
persistência e baixo nível de tolerância para as besteiras alheias
que, na maioria das situações, provavelmente conseguia
exatamente o que pretendia.

— Quer dizer... acho que foi um erro. Isso foi. Eu tenho


certeza.

— Uh-huh.

— Eu só... não sei. Eu não consegui lidar com isso.

— Uh-huh.
— Você sabe, todas as merdas na mídia. Caras assustadores,
com lentes de câmera tirando fotos minhas com minha
família. Pessoas tirando fotos minhas em clubes com seus
celulares e colocando-as online. Me assistindo. Me
julgando. Dizendo todo tipo de merda que nem era verdade. —
Olhei para ele com culpa. — E algumas eram. Mas, você sabe, foi
uma merda ter que ler sobre isso.

— Isso é verdade? Ou é isso que você está dizendo a si mesma


para se dar uma saída?

Ai. — Merda. Você é sempre assim?

Ele riu. — Sim. De acordo com seu namorado, sou um


verdadeiro idiota.

O sorriso sumiu do meu rosto. — Ele não é meu namorado.

— É mesmo?

Olhei para fora da janela. Respirei, então tomei um gole


fortificante do meu café. Eu me concentrei no cume azul das
montanhas à distância, explodindo acima do horizonte do centro
da cidade. Mesmo que eu estivesse em um mundo de dor, era bom
estar em casa. Eu amo Vancouver. Cresci aqui. Todo mundo que
eu amava morava aqui.

Até Jesse morava aqui, em algum lugar.

Observei a cidade passar e pensei, nem sei onde ele mora.

Olhei para Brody, cujos olhos estavam na estrada.


— Você os conhecia antes de serem famosos, certo? Como eles
lidaram com isso? Foi tão fácil para eles se adaptarem à fama?

— Fácil? — ele disse. — De jeito nenhum. Perdemos Seth no


final da primeira turnê.

Seth. Eu sabia que esse era o nome do guitarrista rítmico


original de Dirty; ele tocou no primeiro álbum, Love Struck - aquele
que levou Dirty à fama.

— Ele não aguentou?

— Bem, é justo dizer que Seth já estava saindo dos trilhos


antes de a banda se tornar grande. — Ele olhou para mim. —
Drogas. Mas Zane quase foi por ali também. No caso dele, era
bebida. Ele foi para a reabilitação e se manteve firme. Não bebe
nada há seis anos, mas não posso dizer que tem sido fácil para ele,
vivendo a vida que ele vive.

— Eu não fazia ideia. — Minhas pesquisas no Google tinham


se concentrado tanto em Jesse que deixei de pesquisar os outros
membros da banda para fofocar. Supervisão
definitiva. Certamente deve ter havido muito disso ao longo dos
anos, e Brody estava certo - nada disso poderia ter sido fácil para
eles. Não se eles fossem boas pessoas, como eu sabia que Jesse
era.

— Todos eles lutaram contra a fama, — continuou Brody. —


Talvez não seja tão sério assim, mas... não posso dizer que tem
sido fácil para Jesse. Estar tanto tempo na estrada, longe da
família.

— Família. Você quer dizer a irmã dele?


Brody ficou quieto. Por um longo, longo momento, eu me
perguntei se eu tinha dito algo fora da linha.

— Jesse mencionou... — eu disse, mas não sabia bem para


onde ir com isso. Brody olhou para mim novamente, mas o que
quer que ele estivesse pensando por trás daqueles profundos olhos
azuis, ele não estava compartilhando. — Ele mencionou que está
preocupado com ela. E tenho a sensação de que é assim há algum
tempo.

Finalmente, Brody disse: — Jesse teve muitas perdas na vida,


Katie. Seus pais se foram quando ele era jovem, nunca viram o que
ele faria de si mesmo. Isso ainda dói, tenho certeza, mas Jesse não
é do tipo que fala sobre sua dor. Ele escreve música, sai dessa
maneira. Talvez seja por isso que escrever com sua irmã é tão
importante para ele. É uma coisa de ligação. Uma chance de
conhecê-la melhor.

Encarei-o. — Jesse escreve música com sua irmã?

Brody olhou para mim. — Ela é uma compositora


fantástica. Ela co-escreveu a maioria das canções no Sunday
Morning.

OK. Informação totalmente nova. — Há quanto tempo eles


escrevem juntos?

— Costumavam fazer isso quando eram crianças. Mas esta é


a primeira vez que ela escreve com ele desde Love Struck.

Meu queixo caiu um pouco. — Ela escreveu com Dirty?

— Foda de certo. Esse álbum ainda supera todos os seus


outros álbuns combinados. É um favorito dos fãs. O favorito de
Jesse também. — Brody olhou para mim. — Ou era, até este. Jesse
sempre disse que as músicas que ela co-escreveu são as melhores
do Dirty já gravadas. Tive a mesma sensação neste novo álbum.

— Eu não fazia ideia.

— Acho que há muita coisa que você não sabe. Talvez você
deva ficar por aqui, descobrir um pouco mais.

Ignorei isso, porque eu não estava prestes a ser influenciada


por nada, por ninguém, além do próprio Jesse, e ele não estava
aqui me dizendo essas coisas. — Por que ela não continuou
escrevendo com Dirty?

Brody encolheu os ombros. — Queria sair e fazer suas


próprias coisas, não viajar pelo mundo com a fama do seu
irmão. Queria algo próprio.

Algo dela mesma.

Merda.

Foi a mesma coisa que disse a Jesse que queria quando o


deixei em LA.

Prometi ligar para ele quando pousasse para avisá-lo que


cheguei em casa sã e salvo, mas não o fiz. Eu o estava evitando,
ignorando suas ligações. E eu podia imaginar perfeitamente a
expressão em seu rosto durante todos aqueles telefonemas com
sua irmã, aquele olhar que agora eu sabia ser de profunda
preocupação.

Eu estava fazendo ele se sentir assim agora?


Deus. E pensar que eu o chutei bem onde doía... Foi meio
imperdoável. Nem pensei que poderia culpá-lo se ele não pudesse
me perdoar por isso.

— Eu sei que não foi legal da minha parte deixá-lo como fiz —
eu disse baixinho.

— Ele se preocupa com você, Katie — foi tudo o que Brody


disse em resposta.

— Ele queria que eu o ajudasse a vender música. Isso é tudo


— eu disse, me sentindo meio desesperada para ainda acreditar,
porque então talvez eu não fosse um idiota total. — Fiz isso. Tanto
quanto eu senti que poderia.

Brody olhou para mim como se eu estivesse louca. — Isso é


tudo que você acha que foi?

Eu não sabia. Simplesmente não sabia mais.

Mas se Jesse queria algo mais de mim do que isso, por que ele
não me disse isso?

Até agora, ele nem tinha me dito que queria que eu fosse sua
namorada de verdade. Ou para ficar dois segundos a mais no final
da turnê.

— Então por que ele me contratou em primeiro lugar,


Brody? Ele disse que precisava de mim porque 'juntos, nós
vendemos'. Ele disse que precisava de ajuda para ficar na mente
dos fãs, que esse álbum tinha que ser um sucesso ou a gravadora
não o deixaria fazer outro álbum solo.
— Isso é verdade, mas Jesse não precisa de mais dinheiro ou
mais fama, Katie. Ele só quer continuar trazendo as letras de Jessa
para o mundo. É disso que trata este álbum.

Merda. Eu não sabia, porra.

Quer dizer, não é como se ele tivesse me dito.

Eu não tinha ideia de que tudo isso era para sua irmã. Para
tentar ajudá-la?

— Então ele quer que este álbum seja um sucesso... para que
ele possa fazer mais músicas com ela?

— Ele espera que isso a convença a voltar para casa e escrever


com ele novamente em tempo integral. — Brody olhou para
mim. — Ele tem medo de que se não consigamos recuperá-la pela
música, nunca a teremos de volta.

Percebi que desta vez ele disse nós.

— Você acha que ela vai voltar?

— Não — disse ele, e meu coração meio que caiu com sua
franqueza, com o pensamento de que Jesse não iria conseguir o
que esperava. — Não é como se todos nós esperássemos... mas a
garota já se foi há muito tempo. Ela mudou quando Dirty saiu em
sua primeira turnê. Jesse sempre se culpou por isso.

— Mas vocês não podiam simplesmente pagar para ela voltar


para casa? Talvez ela pudesse fazer uma pausa na modelagem ou
algo assim?
— Jessa Mayes não precisa do dinheiro do irmão mais velho,
— disse Brody. — E ela não aceitaria de qualquer maneira. Ela
nem aceita dinheiro pelas músicas. Tudo vai para uma conta de
caridade.

— Por quê?

— Ela diz que quer seguir seu próprio caminho. Incrivelmente


teimosa nesse ponto. — Ele me deu um olhar significativo.

— Entendo, — eu disse. — Mas não sou irmã do Jesse. Eu não


sou família. Nem sou namorada dele.

— Talvez tenha começado há cinco semanas, — disse ele —


mas as coisas podem mudar, Katie.

Sim. As coisas podem realmente mudar, porra.

Estávamos nos aproximando da mega mansão muito familiar


onde sabia que encontraria Josh. Mesmo que eu não estivesse lá
há mais de dois anos, eu sabia que ele nunca iria perder o brunch
de domingo na casa dos pais. E eu tinha tanta certeza, quando
entrei na caminhonete de Brody, que precisava falar com
ele. Encará-lo de uma vez por todas, dizer-lhe que o superei e que
ele precisava me deixar ir. Chega de aparecer sem ser convidado
na minha vida. Não dar fotos nossas para a mídia. Não mais nós.

Pensei que seria a coisa mais corajosa que eu poderia fazer


para enfrentá-lo, mas estava errada.

Seria realmente corajoso ter a chance de amar alguém


novamente - e dar a ele a chance de me amar de volta.

— Hum... podemos voltar? Há um lugar que preciso ir.


Brody olhou para mim com curiosidade aguçada. — Sim?

Respirei fundo e balancei a cabeça.

Finalmente, eu sabia o que Jesse queria. E se houvesse algo


que eu pudesse fazer para ajudá-lo a conseguir, teria que fazer.

Porque isso era o amor, certo?

— Sim, — eu disse. — Você acha que pode me levar ao


aeroporto?
Katie
Eu estava muito animada.

Pela primeira vez em mais de uma semana, talvez semanas,


senti que estava fazendo a coisa certa. Eu estava assumindo o
controle da minha vida. Estava honrando Katie e o que ela
precisava. Graças a Brody, agora eu sabia o que Jesse queria,
embora eu ainda não tivesse ideia do que ele queria comigo. Isso
simplesmente não importava mais. Porque era hora de eu agarrar
minha vida pelas bolas.

Eu ia mostrar a Jesse Mayes o quanto o amava.

E se ele conseguisse o que pretendia quando me pediu para


vir em turnê e ainda me quisesse ao seu lado, eu saberia que ele
me amava de volta.

Só tinha que fazer Jessa voltar para casa.

Não sabia como faria isso, mas como Jesse era um cara e
Brody disse que não gostava de falar sobre sua dor, imaginei que
poderia assumir com segurança que ele provavelmente
nunca disse a sua irmã o quão preocupado ele estava com ela. E
Jessa e eu parecíamos ter um relacionamento. Quer dizer, nós
dançamos na mesa, pelo amor de Deus. Alguma conversa de
garotas à moda antiga provavelmente poderia ir muito longe.

Meu entusiasmo durou todo o caminho até LA e a maior parte


do meu jantar perfeitamente agradável com a irmã de Jesse. O
jantar que eu estava prestes a estragar, embora essa parte fosse
meio inevitável.

Em algum lugar no meio da sobremesa, estalou até um silêncio


estranho por causa do sorvete de framboesa, durante minha
explicação desajeitada sobre porque eu estava aqui. Quando
finalmente fiquei sem palavras, Jessa Mayes apenas olhou para
mim.

E olhou mais um pouco.

— Quer dizer que você voou aqui hoje? Só para me ver?

Ela se sentou na minha frente, alta e equilibrada, seus ombros


largos em um ângulo, uma sobrancelha erguida em um olhar
incrédulo. Ela estava tão bonita quanto eu me lembrava, mas
aquela coisa que eu notei na última vez que nos encontramos
estava mais pronunciada hoje; aquele achatamento em seus olhos,
aquela falta de brilho.

Tentei novamente, sem jeito, explicar o que Jesse havia me


contado. Tudo, exceto a parte do suicídio.

Tudo parecia tão sério quando ele disse isso, e tão claro
quando eu repassei na minha cabeça. Mas, saindo da minha boca,
parecia errado.
— Eu só pensei que talvez pudesse ajudar. Você sabe, para
explicar...

— E você voou aqui? Hoje? — Jessa parecia presa a esse


detalhe mais do que a qualquer outro.

E continuei tentando levá-la de volta ao assunto. — Bem, ele


está preocupado com você. Não sei se ele disse isso a você ou se
algum dia o faria. Mas ele está preocupado. E acho que ele tem
motivos para isso. Se isso não for exagero para eu dizer isso.

Jessa largou a colher, como se tivesse perdido o que restava


do apetite. — Eu não sabia que ele se sentia assim.

— Ele faz.

— Desculpa por isso. — Ela acenou para o garçom. — Acho


que terminamos aqui — ela disse a ele, e tive uma sensação
doentia e desesperada no estômago.

O garçom tirou nossos pratos, mas eu segurei minha taça de


vinho. Tomei um gole, depois dei um salto.

— Por que você se sente suja?

Jessa estava retocando seu batom vermelho-ameixa em um pó


compacto de ouro. Ela fez uma pausa e olhou para mim através
das velas. — Perdoe-me?

Era difícil imaginar a mulher sentada à minha frente se


sentindo assim; a forma como a letra soava. Mas…
— Sujo como eu35. Você escreveu isso, certo?

Jessa parecia surpresa. Ela se recostou na cadeira, fechando


o pó compacto com um estalo e colocando a maquiagem de volta
na bolsa. Ela segurou meu olhar, mas eu podia sentir a parede
subindo. Estava perdendo-a, rápido.

— Eu fiz, — disse ela. — as letras, de qualquer maneira. Jesse


e Seth escreveram a música.

— Então por que você se sente suja? É sobre isso que a música
fala, certo?

Jessa olhou ao redor da sala, então voltou seu olhar para


mim. — É disso que se trata? — ela disse. Eu realmente não
conseguia decifra-la. Ela estava chateada? Indiferente?

— Penso que sim. Isso... e, eu acho, me sentindo linda. E


poderosa. E com medo. E pequena. Para falar a verdade, apenas
pensei que era uma música de rock obscena. Mas a primeira vez
que realmente escutei as palavras, isso me destruiu.

Ela parecia que quase poderia sorrir com isso, mas ela não o
fez. — A maioria das pessoas simplesmente pensa que é sexy.

— Certo. Se por sexy você quer dizer devastadora,


aniquiladora, destruidora de almas...

35 Dirty Like Me.


O garçom veio com a conta e Jessa a pegou antes que eu
pudesse reagir. — É por minha conta. Terei que ir assim que eles
usarem meu cartão. Tenho uma sessão de fotos amanhã cedo.

— Jessa...

— Sinto muito, Katie. Eu realmente sinto. Agradeço que você


tenha vindo aqui para falar comigo e que tenha feito isso por amor
ao meu irmão.

— Eu...

— Posso ver o que isso significa para você. E agora, graças às


suas amáveis palavras, posso ver o que isso significa para ele. E
vou falar com ele, prometo. Ele precisa saber que significa muito
para mim o que ele está tentando fazer. Mas não vai mudar nada.

Quando ficamos do lado de fora, momentos depois, tentei


novamente.

— Jessa...

— Está tudo bem, Katie. Não há nada mais que alguém possa
dizer para mudar o fato. Você não. Não meu irmão. Eu amo-o. Eu
te amo por tentar. — Com isso, ela me pegou suavemente pelos
ombros, se inclinou e deu um beijo na minha bochecha que me
deixou gelada. Então ela me segurou com o braço estendido e
disse: — Não vou voltar.

Foi possivelmente a conversa mais deprimente que já tive.


Simplesmente não conseguia descobrir o porquê.

Por mais que eu quisesse trazê-la para casa, percebi que


também queria ajudar. Mas estava tão decidida a ser dessa
maneira como cheguei a Jesse que não tinha ideia se tinha
ajudado ou prejudicado. Tive uma sensação de aperto no estômago
e, por um momento, parada ali no meio-fio observando Jessa se
afastar, tive uma pequena amostra do que Jesse deve estar
sentindo.

Ele estava certo. Havia algo desesperadamente errado com sua


irmã.

Eu pude ver isso. Não, podia sentir isso.

Simplesmente não tinha ideia do que era.

O manobrista parou com o carro e Flynn abriu minha


porta; Brody insistiu que eu tivesse segurança em LA. — Mais
alguma parada, Katie? — ele perguntou, uma vez que estávamos
acomodados.

Agora mesmo, me sentia totalmente derrotada.

Então, o que diabos era mais um golpe?

— Isso depende, — eu disse. — Você pode me levar para Elle?

◊◊◊

Aparentemente, ele poderia.

Ele me encorajou a ligar com antecedência e, quando eu disse


que não tinha o número, sugeriu que eu o pegasse com
Jesse. Quando deixei claro que isso não aconteceria, ele me levou
até uma rua arborizada em Hollywood Hills, onde portões altos
ficavam no final de cada caminho e não vi uma única pessoa.

Flynn estacionou na rua e saltou, caminhou até o final do


acesso mais próximo, até a guarita, e apertou a campainha. Eu o
vi falando, mas não pude ouvir o que foi dito. Ele então voltou para
o carro e abriu minha porta para mim. — Vá em frente.

Saí do carro assim que o portão se abriu. Corri pela estrada,


ouvindo o portão fechar atrás de mim, me perguntando se Elle
estava me observando em uma câmera de segurança em algum
lugar. Olhei para trás para ver Flynn encostado no carro, os
tornozelos cruzados, acendendo um cigarro e me observando ir
embora.

Sem dúvida ele estaria em seu telefone no segundo em que eu


perdesse a visão, relatando a Jude ou Jesse ou ambos.

A casa apareceu por entre as árvores, uma bela coisa de


estuque de aparência espanhola com cantos arredondados e uma
enorme porta dupla de madeira escura. Um luxuoso SUV com
vidros escuros e um adesivo Ramones estava estacionado na
garagem. Antes que eu pudesse bater, a porta da frente abriu,
então se abriu cerca de meio metro e parou.

Elle ficou lá na abertura, olhando para mim.

A primeira coisa que notei: ela era mais baixa do que parecia
no clube. Ela provavelmente estava usando salto na época. Agora
estava descalça e apenas alguns centímetros mais alta do que eu.
Usava jeans skinny branco com um padrão floral bordado nas
laterais, e uma pequena frente única de crochê de cor creme sobre
seu torso bronzeado, um top de biquíni de fio dourado por
baixo. Seu longo cabelo loiro-branco estava puxado para trás do
rosto em várias tranças grossas, as tranças e o cabelo solto
penteado para o lado em um rabo de cavalo bagunçado que pendia
sobre um ombro. Sem nenhum traço de maquiagem ela era linda,
seus olhos claros de aço me olhando. E ela usava óculos. Molduras
retangulares pequenas, finas e cor de bronze que combinavam com
seus olhos.

Estava feliz por ter usado meus jeans mais sexy e um top sem
alças com babados; Eu me vesti para jantar com uma
supermodelo, o que, no fim das contas, também era a maneira de
se vestir para enfrentar o ex-namorado falso de alguém.

Elle inclinou a cabeça para o lado, lançando um olhar para o


caminho vazio atrás de mim, então fixou seu olhar em mim
novamente. — Onde está Jesse?

— Na estrada, — eu disse. Então, respirei fundo e disse o que


vim dizer. — Não era real.

— Com licença?

— Nossa relação. Você estava certa. Não foi real. Mas... então
eu acho que talvez fosse. Meio. — Hesitei. — Agora... eu não
sei. Não sei o que é.

Elle cruzou os braços bronzeados. — Entendo.


Eu não tinha ideia do que estava lendo naqueles olhos cinza-
aço. — Apenas pensei que você deveria saber a verdade. E essa é
a verdade.

Elle me olhou fixamente. — Eu conheço Jesse, querida — ela


disse. — Eu o vi com muitas mulheres. O vi acordando ao meu
lado. Também o vi com você. Se o que você tivesse fosse real, eu
saberia. Se não fosse real, eu saberia. De qualquer forma, você não
precisa vir à minha casa para me dizer.

— Só pensei que você deveria ouvir de alguém, cara a cara, ao


invés do jeito que você ouviu, — eu disse a ela. — Vi o que eles têm
falado na mídia, e você deve saber que não é verdade. Você não foi
substituída durante a noite. Não houve sobreposição e você
merece saber disso. Nunca quis que você ficasse constrangida
publicamente com tudo isso.

Elle me olhou um pouco mais, então fez a última coisa que eu


esperava. Ela riu. Uma risada curta e sem humor. — Querida, —
disse ela, — se não consigo lidar com um pouco de
constrangimento público, estou no jogo errado.

— Oh. — Bem, isso tinha que ser verdade. E talvez isso


devesse ter me ocorrido antes. Mas ainda não significava que ela
merecia o que ela tinha. A mídia foi impiedosa, como abutres
catando os restos do rompimento, farejando a sujeira. Esfregando
todas aquelas fotos de Jesse e eu nos beijando na cara dela. Não
tinha parecido assim para mim na época, porque eu gostava de ver
fotos minhas com Jesse. Eu só não tinha pensado em como seria
para ela vê-los.

Ela me estudou, então descruzou os braços e abriu a porta um


pouco mais. — Você quer um pouco de chili?
— Hum. O que?

— Acabei de fazer alguns. — Ela deu um passo para trás,


abrindo a porta, convidando-me a entrar.

Embora já tivesse jantado, fiquei tentada. Pisei na soleira e


depois que Elle fechou a porta, eu a segui mais para dentro da
casa. Assim que meus olhos se ajustaram, a arte nas paredes
chamou minha atenção. Havia arte tribal em todos os lugares,
peças que ela obviamente colecionou em todo o mundo.

Passamos por uma sala forrada com guitarras e grandes


almofadas de pelúcia no chão. Ela tinha uma enorme pintura em
preto e branco de Jimi Hendrix36 em uma parede da sala de estar,
que tinha uma coleção de vinis que rivalizava com a
minha. Reconheci muitos dos títulos e era seguro dizer que ela
tinha um gosto incrível para música; Bob Marley estava tocando
em um sistema de som.

Ela também tinha dois homens incrivelmente gostosos em sua


cozinha.

Essa garota poderia ser mais legal?

Dylan estava sentado em um banquinho de bar na ilha e Ash,


usando um avental com babados, estava puxando uma panela
com algo que cheirava incrível do forno quando entramos.

36 Foi um guitarrista, cantor e compositor norte-americano. Em praticamente todas as listas


já publicadas de melhores guitarristas da história, ocupa o primeiro lugar.
— Katie! — Dylan se levantou e me puxou para um abraço de
esmagar costelas, pelo que eu estava grata. Foi um alívio ver um
rosto amigo. Não que Elle tivesse sido hostil, exatamente, mas pelo
menos agora eu sabia que ela não estava planejando me matar e
me colocar em seu freezer. Não com testemunhas.

— Onde está aquele seu namorado ossudo filho da puta? —


Ash me cumprimentou, me dando um abraço também. O que era
engraçado porque ossudo não era uma palavra que eu usaria para
descrever Jesse Mayes. Embora Dylan o ofuscasse por vários
centímetros e provavelmente vinte e cinco quilos.

— Ele vai tocar em Portland esta noite. — Olhei para Elle. Ela
estava cortando o que estava dentro da frigideira que Ash tirou do
forno.

— Você quer um pouco de pão de milho jalapeno? — ela me


perguntou.

— É a receita patenteada da avó de Elle, — disse Ash. — E nós


temos margaritas.

— Vou passar as margaritas, obrigada. — Sentei-me ao lado


de Dylan. — Ainda estou suando do último lote que você me
serviu. E eu acabei de jantar, na verdade. Mas adoraria provar o
pão de milho.

Relaxei com os três enquanto comiam chili e falavam sobre


algum projeto paralelo em que Dylan estava
trabalhando. Aparentemente, ele seria um modelo de roupa
íntima. O que fazia muito sentido. Eu tinha visto o homem de kilt.
Quando terminaram de comer o chili, os rapazes voltaram a
encher as margaritas e desapareceram. Talvez Elle tenha dito a
eles para irem; Eu não sabia. Mas quando estávamos sozinhas na
cozinha, ela disse: — Ele acabou com tudo. — Ela olhou para mim
com um olhar frio e nivelado. — Conhecendo Jesse, ele
provavelmente deixou você acreditar que nosso rompimento foi
mútuo, por respeito a mim. Não foi mútuo. Ele sabia que não
estávamos certos, ele acabou com isso. Eu não vi isso, não
então. Entendo agora. Demorei um pouco para chegar a esse
lugar. Agora estou lá. Isso é tudo que você precisa saber.

Digeri isso.

Apreciei sua honestidade. E que ela pensou o suficiente em


mim para me dizer. Sem falar na coragem necessária para admitir
isso, em voz alta, para mim.

Mas quando olhei em seus olhos de aço, lembrei-me de nosso


confronto no banheiro, apenas alguns dias atrás, e me perguntei
se ela estava sendo honesta. Totalmente honesta. Se ela
realmente tivesse chegado àquele lugar... ou ainda estivesse
chegando lá.

— Tudo bem — eu disse. Não parecia haver mais nada a dizer,


embora parecesse que havia algo por fazer. Só não sabia bem o
que era.

Eu poderia dizer, enquanto estava sentada aqui na casa de


Elle apreciando sua hospitalidade, que ela não estava interessada
em me ter aqui. E não poderia culpá-la por isso. Mesmo assim, ela
foi uma anfitriã perfeita, o que apenas me lembrou de que ela era
uma profissional experiente em tudo isso, e eu ainda estava tão
fresca. Tão insegura. Pelo que sabia, ela sentia como se o inimigo
tivesse pousado, sem avisar, em sua cozinha, mas ela jogou como
se fosse uma segunda natureza para ela tratar a nova namorada
de Jesse com nada além de respeito.

Certamente ela tinha passado por tudo com ele. A fama, a


mídia, as mulheres. E Katie Bloom não estava prestes a fazê-la
suar.

Provavelmente poderia aprender uma ou duas coisas com essa


mulher. Embora eu meio que duvidasse que ela me contasse os
segredos por trás de seus olhos cinza-aço em breve.

Eu não queria exceder minhas tênues boas-vindas, então


provavelmente era hora de eu seguir em frente. Antes de fazer isso,
pedi licença para usar o banheiro de hóspedes, onde verifiquei meu
telefone, que zumbiu enquanto eu comia meu pão de milho.

Era Jesse.

O que está fazendo?

Claramente, ele tinha ouvido falar de Flynn.

Mandei uma mensagem para Jesse para deixá-lo saber que eu


estava em LA, mas não porque estava aqui. Fora isso, eu não tinha
estado em comunicação com ele, já que era mais difícil ficar
obcecada com tudo que eu tinha feito de errado e o que eu faria
para consertar quando estava obcecada com o que deveria dizer
em resposta a seus textos. Eu não conseguia nem pensar em
colocá-lo no telefone. Mas parecia injusto deixá-lo pendurado
neste caso.

Comendo pão de milho, respondi. Então acrescentei, Na


cozinha de Elle.
Esperei uns bons quatro minutos pela resposta dele. Durante
esse tempo, imaginei-o andando de um lado para o outro,
passando as mãos pelos cabelos grossos e escuros, talvez
esfregando a nuca, as sobrancelhas franzidas em pensamento. Eu
sentia tanta falta dele. Pensando e tudo mais.

Meu telefone vibrou.

Quando você vai voar para casa?

Amanhã, eu acho, mandei uma mensagem. Se sua ex-


namorada me deixar sair viva daqui. E então, apenas no caso de
a piada não cair, adicionei um rosto piscando.

O que você está fazendo, Katie?

Respondi, apenas algo que eu preciso fazer.

Então faça isso e volte para casa para mim.

Deus.

O homem me deixou cambaleando.

Essas não eram palavras de um homem que não se


importava. Eu tinha certeza disso.

Vejo você quando chegar lá, mandei uma mensagem. Porque


provavelmente chegaria a Vancouver antes dele.

Quando saí do banheiro, Elle estava esperando na cozinha. —


Eu devo ir — disse, e enquanto ela me levava até a porta da frente,
as palavras de Jesse se repetiam na minha cabeça.
...volte para casa para mim.

Palavras que me fizeram sentir calorosa e nervosa ao mesmo


tempo. Porque as palavras de Jessa também estavam lá.

Não vou voltar para casa.

Virei-me para Elle, determinada a aproveitar ao máximo este


momento e não estragar tudo. Por que quem sabe se algum dia eu
conseguiria outro?

Eu não esperava exatamente outro convite para jantar tão


cedo. Era justo dizer que a ex de Jesse e eu nunca seríamos
melhores amigas.

Mas isso não significa que não podemos ser civilizadas.

— Olha, — eu disse a ela. — Sei que você é uma celebridade e


toda a atenção, boa e má, faz parte do negócio. Quer dizer, é o que
eles me dizem. Estou apenas descobrindo sozinha. Não posso
saber o que é ser você. Mas eu sei o que é ser deixada, e sei como
é quando isso acontece em público e como é difícil processar
quando todos estão assistindo e dizendo coisas cruéis que nem
mesmo são verdadeiras. Eu sei que não te substituí durante a
noite, não importa o que digam. Sei que você é uma família para
Jesse, e isso significa que ele te ama. Fora isso, não acredito em
nada que eles dizem. A menos que eu ouça de você. E o que quer
que digam sobre nós, sobre mim, espero que você também não
acredite.

— Tudo bem — disse ela. E foi só isso.


Abriu a porta e eu parei na soleira. Sorri um pouco, mas ela
não. Só esperava não ter piorado as coisas ao vir aqui, mas, assim
como depois do meu jantar com Jessa, não tinha certeza.

— Sei que está tudo acabado entre Jesse e eu, Katie — ela
disse, seus olhos de aço nos meus. — Mas o coração precisa de
tempo para se curar. Você o conhece. Tenho certeza de que você
pode imaginar quanto tempo isso pode levar.

Um, sim. Eu poderia imaginar.

Era praticamente tudo o que eu estava imaginando há


semanas.

E poderia fazer as contas.

Fazia quatro meses e meio desde o fim de seu


relacionamento. Antes disso, Jesse disse que houve vários meses
de uma “separação prolongada”. Meu rompimento com Josh havia
tirado dois anos da minha vida, e eu não conseguia nem imaginar
como me sentiria se durante esse tempo sua nova namorada
tivesse aparecido na minha porta para comer meu pão de milho e
acenar uma bandeira branca.

Eu tinha muito respeito pela ex-namorada de Jesse agora.

— Obrigada pelo pão de milho.

— De nada — disse ela. — Não peça a receita.

Então sorriu para mim, ligeiramente, pela primeira vez, e eu


tive um vislumbre da garota por trás da estrela do rock. A garota
que Jesse Mayes amava como família.
E isso me matou um pouco.

Porque se essa garota fosse da família, e tantas outras fossem


esquecidas... onde isso me deixava?
Jesse
Katie estava sentada nos degraus da frente quando entrei na
garagem. Quando eu a vi ali, o aperto em meu peito foi liberado. Ao
estacionar a Ferrari, senti que poderia respirar fundo pela primeira
vez em dias.

— Jesus Cristo, Katie, — eu disse, saindo do carro. — Você


sabia que estávamos procurando por você?

Passei as últimas três horas dirigindo entre o local do Nudge e


Devi e o apartamento de Katie e qualquer outro lugar que eles me
disseram que poderia encontrá-la, por aí e brincando - não importa
que eu deveria estar na passagem de som há uma hora - porque
ela bancou o Houdini 37 em Flynn no aeroporto quando eles
pousaram e eu estava ficando louco. Se ela estava me evitando tão
dificilmente, não era exatamente um bom presságio para eu falar
com ela novamente.

37 Foi um dos mais famosos escapologistas e ilusionistas da história.


Graças a Deus, Jude finalmente a encontrou, na casa de seus
pais.

— Sinto muito — disse ela, levantando-se. Olhou de mim para


Jude, que tinha acabado de sair de casa atrás dela. Seus olhos se
arregalaram e percebi que provavelmente a estávamos assustando,
mais do que ela nos assustou.

Levantei meu queixo para Jude. — Porque você não vai para o
local, cara. Dê uma mão a Brody e diga a ele que estarei lá. Raf
pode me dar cobertura até lá.

— Claro, irmão. Até mais, querida.

— Tchau.

Esperei o Bentley sair da garagem enquanto me recompunha,


soltei um suspiro entre os dentes e me virei para Katie. Cara, ela
era uma visão do caralho para olhos doloridos em seu jeans
rasgado e pequeno top branco, seu cabelo escuro esvoaçando solto
sobre os ombros.

— Ei, — ela disse suavemente. — Eu acabei de colocar Flynn


em apuros?

— Não se preocupe com Flynn. Ele pode cuidar de si mesmo.

Suas sobrancelhas se juntaram. — E eu não posso?

— Isso não foi o que eu quis dizer. Merda. — Passei minha mão
pelo meu cabelo. Tinha sido um dia longo pra caralho, uma
semana longa pra caralho, sem ela.
Subi os degraus, mas ela não me encontrou ou correu para os
meus braços. Apenas ficou lá, deixando um espaço entre nós. Era
apenas um pé, mas parecia a porra do mundo inteiro.

— Recebi todas as suas mensagens, — disse ela. — Eu poderia


ter voltado mais cedo, mas Brody disse que estava tudo bem ficar
em Los Angeles alguns dias, e senti que realmente precisava de
algum tempo para pensar sobre tudo. Você sabe, sozinha.

— Sim, — eu disse. Acontece que eu também. Mesmo que a


quisesse de volta ao meu lado e na minha cama, o tempo
separados tinha me dado a porra de clareza cristalina. Também
tinha me assustado pra caralho. E se ela decidisse que realmente
não queria isso? Não me queria?

— Foi minha primeira chance de ficar realmente sozinha em


seis semanas e...

— Eu também, — eu disse. — Meio que odiei.

Ela se abraçou contra a brisa que soprava da água atrás da


casa, e o canto de sua boca rosa se contraiu em um esboço de
sorriso. Senti falta daquele olhar. Eu tinha sentido falta de seu
rosto doce. Senti falta de tudo sobre ela. Até a maneira como ela
estava sempre arrumando minhas coisas para que nenhum de nós
pudesse encontrá-las, e a maneira como ela comia a comida do
meu prato sem perguntar se eu ia terminar, e a maneira como ela
sempre parecia estar perdendo um sapato. Até a maneira como ela
cantava Bohemian Rhapsody no chuveiro muito, muito mal.

Inferno, talvez especialmente isso.

— Entre — eu disse.
Ela me seguiu para dentro de casa, que era alugada. Apenas
um lugar onde eu dormia quando não estava em turnê ou em
qualquer lugar. Não chamaria exatamente de um lar.

Uma casa tinha pessoas nela.

Embora tivesse um cheiro muito caseiro no momento, graças


à bandeja gigante de biscoitos no balcão da cozinha.

Levantei uma sobrancelha para Katie.

— Fiz alguns bolos com minha mãe, — ela disse, um pouco


rosa em suas bochechas. — Me ajuda a relaxar.

Levei-a para a sala de estar nos fundos da casa, que dava para
False Creek. Katie vagou pela sala, observando as janelas do chão
ao teto e a vista épica.

— Você quer uma bebida?

— Não, obrigada. — Meu coração caiu, porque eu sabia o que


estava por vir. — Não acho que vou ficar muito tempo.

— Katie...

— Acho que só preciso de algum tempo para processar as


coisas. Na minha própria cama.

Não era isso que ela acabara de fazer?

— Quer dizer, eu mal consegui ver meu cachorro, e minha casa


está uma bagunça...
— Katie, eu sinto muito pelo que aconteceu em LA. Essas fotos
de você com sua sobrinha e sobrinho. Sei que te assustou pra
caralho. E sinto muito que tenha acontecido.

— Está tudo bem — disse ela, dando um passo um pouco mais


perto. Queria estender a mão e agarrá-la, puxá-la para mim e
nunca a deixar ir. Mas ela estava pairando lá no meio da sala como
uma corça assustada. Estava com medo de que ela fugisse se eu
me movesse muito rápido.

— Não está bem.

— Não, — ela concordou. — Mas também não é sua culpa.

— Com certeza, porra, não é sua culpa.

— Bem, se a culpa é de alguém, é do paparazzi que me


perseguiu, tirou as fotos e as vendeu, e a agência de mídia que as
divulgou. Mas isso é a vida, certo?

Mas não era sua vida. Não até ela me conhecer.

— Katie. Sei que isso te chateou. Eu sei. E entendo por que...

— Não foi apenas o que aconteceu com minha sobrinha e meu


sobrinho, — disse ela, aproximando-se. — Você estava certo. Usei
isso como desculpa. Eu os usei e me sinto a pior covarde do
mundo.

— Katie, você não precisa...

— Por favor. Eu preciso dizer isso. Não era o problema de eu


ser paga para sair em turnê com você. Não era nem mesmo a
questão de nosso relacionamento não ser real. Não eram todas as
fotos minhas com seus amigos também, e sendo chamada de
'vadia festeira' como se estivessem me envergonhando.

— Você não é uma vadia, — eu disse. — Conheço vadias. Zane


é um vadio. — Foi minha tentativa de aliviar o clima.

Sem resultados.

Ela olhou para mim e as lágrimas brilharam em seus


olhos. Ela parecia tão pequena, meio que flutuando lá no meio da
sala, e frágil de uma maneira que eu nunca tinha a visto parecer,
e eu realmente não gostei disso. Dei um passo mais perto, com
intenção de tomá-la em meus braços.

— Era uma foto minha e de Josh.

Parei pouco antes de tocá-la.

— Acabei de ver a expressão em meu rosto naquela foto, —


disse ela — e me lembrei de como me senti quando ele me beijou. E
lá estava ele, olhando-me na cara e, pior, estava lá para todo o
mundo ver.

— O que era?

— É difícil de explicar. Estava tão confusa, Jesse. Quando ele


me beijou, eu não deveria ter sentido nada além de raiva, nojo ou
aborrecimento. E eu realmente senti essas coisas. — Ela olhou
para mim, e meu coração quebrou um pouco, a incerteza e a
decepção em seu rosto. — Eu me senti confusa. Foi como se tudo
o que tivéssemos estivesse naquele beijo. Todas as perguntas e
memórias e os bons tempos e todas as merdas, cinco anos de
nossas vidas, tudo enrolado em um beijo, e me senti triste. E sinto
muito por ele. E lisonjeada, o que é verdadeiramente patético. E
meio que feliz. — Ela fungou. — Que bom que ele me queria de
novo.

— Gata, você tem história. E ele partiu seu coração.

— Eu não queria que ele quebrasse meu coração.

— Ninguém quer um coração partido, querida.

— Quer dizer, eu gostaria de nunca ter dado a ele esse


poder. Sei que finjo que superei isso, mas acho que ainda o odeio
porque torna mais fácil fingir que ele não me machucou. Que ele
nunca foi alguém que me surpreendeu e me emocionou e colocou
um sorriso no meu rosto. Que ele nunca foi o homem dos meus
sonhos. Ou, pelo menos, o homem que pensei ser o homem dos
meus sonhos.

Sabia que tinha que contar a ela então. Dizer-lhe a verdade


sobre Josh. Mas hesitei. Podia suportar o pontapé no estômago de
ciúme quando ela falava dele assim, mas não podia suportar o
sofrimento dela pensando que ele era um cara tão bom.

— Gata, Josh foi quem deu essa imagem para a imprensa.

Ela acenou com a cabeça. — Eu sei.

Droga. Não esperava por isso. Porque ela não estava mais
chateada com isso, não tinha certeza. Mas talvez fosse um bom
sinal. Um sinal de que ela finalmente estava colocando para
descansar. — Então você sabe que ele queria que você visse. Ele
queria que eu visse. Ele queria que você sentisse tudo o que está
sentindo agora.
Era verdade. O cara ainda estava tentando foder com ela. E eu
poderia enviar Jude para cuidar disso. Essa parte não era um
problema. O problema era como Katie estava se sentindo, o que
era uma merda, aparentemente.

Eu me aproximei, até que estivéssemos a centímetros de


distância. Queria tocá-la pra caralho.

Eu não sabia se ela queria que eu a tocasse.

— Quando coisas como essa acontecem, — eu disse a ela —


muitas vezes é para as pessoas ao seu redor que você precisa
olhar. Nem sempre são os paparazzi. São as pessoas que têm
acesso e um motivo além de apenas ganhar dinheiro rápido. —
Afastei o cabelo de seu olho e deixei meus dedos percorrerem sua
bochecha. — Na maioria das vezes, as coisas que dizem sobre você,
as que realmente machucam, são as que são verdadeiras.

Ela olhou para mim, parecendo derrotada. — Então o que


fazer sobre isso?

— Você mantém boas pessoas ao seu redor e vive sua vida. E


você não pede desculpas a ninguém por ser quem você é.

— É isso?

— Isso é tudo o que realmente importa.

Ela olhou para mim e acenou com a cabeça. — Você é bom


nisso — ela disse suavemente.

Não parecia um elogio.


Ela se virou e foi embora. Foi até as janelas que davam para o
pátio e a água abaixo. Além, o horizonte do centro brilhava ao sol
poente enquanto o crepúsculo se aproximava.

Eu podia ver seu rosto refletido, fracamente, no vidro,


tremeluzindo com o movimento da água além. Tentei ler a
expressão em seus olhos, mas não consegui, então me movi para
ficar atrás dela. Inalei seu doce perfume, profundamente. Coloquei
minhas mãos em seus ombros e a senti respirar fundo.

— A questão é... — ela disse — ...pensei que amava Josh. Eu


o amei, Jesse, pelo menos parte do tempo que estivemos juntos. E
quando ele me abandonou, em público, foi muito doloroso. Acho
que não queria fazer parte do processo de fazer outra pessoa
passar por isso. É por isso que fui ver Elle.

Com cada palavra que ela dizia, eu só a admirava mais. Ela


era forte pra caralho e nem sabia disso. Virei-a para me
encarar. Eu a envolvi em meus braços e abaixei minha cabeça até
que minha testa tocasse a dela. — Você é uma querida, Katie
Bloom.

Ela respirou fundo, talvez surpresa, talvez para dizer algo, mas
eu a beijei antes que ela pudesse. Longo e profundo, até que meus
dedos do pé se enrolassem. Quando ela se afastou e mordeu o
lábio, eu disse: — Fiquei esperando para fazer isso o dia todo. —
O que era um eufemismo. Beijá-la era tudo que eu queria fazer
desde que saiu de LA.

Eu a admirava por seguir seus princípios, por lutar por quem


ela era, embora doesse como o inferno vê-la sair pela porta.
— Jesse. — Ela se afastou um pouco, mas segurou meus
braços. — Sinto muito por como eu saí. Só precisava de um espaço
para respirar, para entender como me sinto. — Ela balançou a
cabeça e me soltou, dando um passo para trás. — Não, isso não é
verdade. — Ela cruzou os braços sobre o estômago. — Eu sei como
me sinto. Sei exatamente como me sinto. Eu só... não aguentava
mais sem saber como você se sente.

Certo.

Eu praticamente entendi isso agora, e sabia o que queria


dizer. Mas as palavras não saíram rápido o suficiente e ela se
virou.

— Você sabe o que seus amigos falam sobre você? 'Jesse não
é do tipo que fala sobre sua dor.'

Tentei sorrir. — Sim. — Esfreguei minha nuca como fazia


quando estava nervoso. Eu não fiz muito isso, mas essa garota me
deu um nó no estômago. — Acho que sou meio idiota nesse
aspecto.

— Você não é um idiota, Jesse. Não faça piadas.

— Eu não estou brincando. Você não seria a primeira mulher


a correr para as colinas se eu não abrisse a boca, Katie. Acho que
sou péssimo em abrir.

Ela se aproximou, olhando para o meu rosto como se estivesse


procurando por pistas. Merda. Eu era realmente tão difícil de
ler? — Mas você escreve todas aquelas canções sobre as coisas
mais íntimas. Qual é a diferença?
— A diferença é que eu escrevo a música. Jessa, Zane e Raf
escrevem as palavras.

— Mas você as canta.

— Sim. Eu canto elas. — Envolvi-a em meus braços e a puxei


para perto. — Eu sou bom nisso. — Beijei-a levemente e ela se
suavizou contra mim. Então me afastei, respirando fundo. — Por
favor, me diga que você virá ao show hoje à noite — sussurrei.

— Jesse...

— Katie. — Segurei-a com força para que ela não se


afastasse. Então respirei fundo e cavei fundo para as palavras. —
Eu quero você lá comigo. Odiei tocar esses três últimos shows sem
você. Parecia... errado.

Ela piscou para mim, suas bochechas coradas, mas balançou


a cabeça lentamente. — Eu te disse. Não posso simplesmente te
seguir enquanto você trabalha. Não é o suficiente para mim. — Ela
olhou nos meus olhos. — Eu só preciso que você entenda. Para
não me odiar por precisar mais do que todas as coisas incríveis
que você me deu. Para entender por que não é suficiente.

— Eu entendo.

Entendi, até a medula dos meus ossos.

Ela queria mais, mas também não estava pedindo. Talvez ela
estivesse com medo de que eu nunca daria? O que era uma
loucura, porque eu daria a essa garota a porra do mundo.

— Não é só quem eu sou, Jesse. Isso vai me matar por dentro,


pouco a pouco, e vou acabar me ressentindo de você e de mim
mesma. Eu só... — Ela respirou fundo, fortalecendo-se. — Eu
mudei quem eu era, por Josh, e então ele me deixou.

Então foi isso? Ela pensou que eu iria usá-la e cuspi-la, jogá-
la na beira da estrada?

De jeito nenhum.

Inclinei-me e sussurrei em seu ouvido: — E daí se você não


estivesse apenas me seguindo?

Não pude conter meu sorriso. Eu estava morrendo de vontade


de contar isso. Era basicamente a proposta de negócios que eu
deveria ter oferecido a ela desde o primeiro dia, se soubesse sobre
seu talento.

— O que você quer dizer?

— Quero dizer, e se você estivesse trabalhando?

— Sua escolta paga de novo? Não, obrigada. — Ela sorriu um


pouco e cutucou meu peito. — Não me entenda mal. O trabalho
tem suas vantagens. Mas não vou respeitar nenhum de nós pela
manhã, nunca mais.

Eu ri e Katie sorriu. Deus, amava aquele sorriso.

Eu a levantei e a beijei novamente. Quando a coloquei no chão,


parecendo adoravelmente corada, eu disse: — E se dissesse que a
banda quer que você faça nosso trabalho de arte?

Ela me deu o olhar mais retorcido e cético que eu já vi em seu


rosto e piscou seu azul-verde para mim. Várias vezes. — Dirty? —
ela disse em voz baixa.
— Sim, Dirty.

— O que você quer dizer? Por quê?

— Por quê? — Eu a sacudi um pouco por seus doces


quadris. — Porque seu trabalho é incrível pra caralho.

Ela me encarou.

— Significaria um grande contrato. O suficiente para mantê-


la ativa e ocupada. Precisamos de tudo. Capas de álbuns, gráficos
de sites, roupas, cenários de palco, entre outros. Estamos falando
de uma reformulação total da nossa imagem para o nosso próximo
álbum, que estamos prestes a gravar, e para a nova turnê. É a
nossa turnê de décimo aniversário. Isso significará uma tonelada
de exposição.

Katie parecia perplexa. Impressionada. Completamente o que


diabos aconteceu.

— Mas... você tem certeza? É isso que a banda quer? Quero


dizer... eles não estão apenas concordando com isso porque
pensam que eu sou sua garota?

— Sim, é o que eles querem. Tivemos um telefonema sobre isso


enquanto você estava no avião.

Ela piscou para mim novamente. — E Elle também?

— Sim, cherry pie. Elle também. A última vez que verifiquei,


ela estava na banda.

Ela balançou a cabeça, como se ela não pudesse acreditar


nisso. — Mas... eles nem viram meu trabalho.
— Na verdade, — eu disse — eles viram.
Katie
Jesse não me disse para onde diabos estávamos indo. Quando
chegamos lá, eu estava pulando no banco do passageiro como um
cachorro.

Ele nos estacionou em frente a um prédio longo e branco de


dois andares em um bairro comercial, a apenas alguns quarteirões
do escritório de Devi. O prédio era independente e ocupava metade
do quarteirão.

Ele nos deixou entrar com uma chave e desativou o alarme.

Dentro havia uma grande sala aberta com uma pequena


cozinha construída em um canto. Havia um lance de escadas para
um loft acima e uma grande claraboia iluminando o centro. Estava
limpo e vazio - exceto pelas minhas pinturas, as que armazenei no
porão de Becca, encostadas em uma parede. Algumas delas
também estavam apoiadas em cavaletes.

Todas as minhas pinturas inacabadas. Porque eu nunca


terminei nada mais.
Não tinha terminado uma única pintura nos últimos dois
anos.

Aproximei-me e comecei a folhear as telas que estavam


encostadas na parede. Eles estavam todos aqui; todos que eu amo
ou já amei. Meus pais, minha irmã, meu cunhado e as
crianças. Devi. Alguns de meus outros amigos. As pinturas,
enquanto retratos, eram experiências de textura, cor e
emoção. Não havia duas pinturas com o mesmo estilo, mas a
estética sempre foi minha, algo que eu vinha explorando antes de
desistir.

E Josh também estava aqui.

Mesmo quando ele me largou, não tive coragem de expulsá-lo.

Realmente não importa o que eu pintei, ou quem, já que


ninguém nunca viu. Mas isso importou para mim. Na verdade,
deveria ter importado mais para mim. Eu podia ver isso agora.

Talvez fosse isso que Jesse estava tentando me mostrar.

Havia lágrimas em meus olhos quando me virei para ele. — O


que é isto?

— É seu, se você quiser.

— O que você quer dizer? — Estava em choque novamente.

Minha vida inteira de repente se tornou uma situação que


porra.

— Você foi ver minha irmã, — disse ele. — Fui ver a sua.
Merda. Ele sabia sobre meu jantar com Jessa?

Eu não sabia como me sentir. Tantas emoções lutaram pelo


domínio. Embaraço. Tristeza. Alegria. Mais do que tudo, porém,
fiquei estática. Ninguém nunca tinha feito algo assim por mim
antes.

— Costumávamos usá-lo como um espaço de ensaio para a


banda, mas temos um novo.

— Você é o dono deste lugar?

— Sim. É um ótimo bairro.

Não brinca. Era um bairro caro. — Não posso deixar você


pagar por isso.

— Então me considere um investidor. — Ele se aproximou de


mim e olhou para o meu trabalho inacabado. — Eu acho seu
trabalho incrível, Katie. E acho que deve ser visto. — Ele se virou
para olhar para mim, com toda a seriedade. — Eu acho
que você deveria ser vista. Sempre achei isso. — Ele correu os nós
dos dedos levemente ao longo da minha mandíbula e lutei contra
a vontade de derreter em uma poça bem a seus pés.

— Jesse...

— Você pode finalmente ter aquela exposição de arte que você


queria. Com sua arte recém-descoberta, — acrescentou ele com
um pequeno sorriso — você certamente conquistará uma
multidão. E Brody está conectado na bunda, gata. Ele pode trazer
compradores de arte reais com dinheiro. Podemos até contratar
alguém para lidar com as relações públicas. Seu trabalho pode ser
famoso, mas cada pequeno detalhe de sua vida privada não precisa
ser.

— Por quê? Por que você está fazendo isso?

— Porque eu acredito em você. E eu acredito no seu talento.


— Ele olhou ao redor da sala. — É um bom espaço. E eu sei que
você gosta do bairro.

— É assim que sei quanto isso custa.

Ele ignorou isso. — Fica perto de Nudge e o escritório de Devi


fica a três quarteirões de distância. Você pode ir tomar um café.

— Percebi.

Ele caminhou até a pintura que eu comecei no dia em que Devi


me disse que fui escolhida para estar em seu videoclipe. O dia em
que minha vida deu uma guinada brusca. Fui ao porão de Becca
para pintar e pensar sobre isso, e limpar minha cabeça. Mas não
fui capaz de limpá-lo. Não dele. Não do homem que causou uma
impressão inesquecível em mim desde o primeiro momento em que
vi seu rosto.

— Quando você pintou isso? — ele perguntou.

Era uma pintura de Jesse, de como eu o vi pela primeira vez


quando nos conhecemos. Belo e abstrato, algo inesquecível,
incognoscível. Ou assim pensei.

Engoli em seco. — O dia em que te conheci — sussurrei. Não


consegui encontrar minha voz. Eu me senti como se estivesse
flutuando, como se tudo isso fosse um sonho incrível.
— Você disse que não sabia quem eu era quando nos
conhecemos.

— Eu não sabia.

Ele olhou para mim, aqueles olhos de mel ilegíveis deslizando


pelo meu rosto. Tremi, embora não estivesse frio no estúdio, e me
abracei.

— Katie... — ele disse.

Fomos interrompidos por uma batida. Ele foi até a porta e


deixou minha irmã entrar, e Devi estava bem atrás dela. Becca
sorriu para mim e Jesse subiu para o loft.

O que diabos estava acontecendo?

Abracei minha irmã e segurei firme. — Katie, — ela sussurrou


— está tudo bem.

— Eu não sei, eu não sei... — Apenas continuei dizendo isso,


sem parar, enquanto ela me segurava.

Quando nos separamos, ela segurou meu rosto nas mãos,


como se fosse pequeno e precioso para ela, do jeito que fazia
quando éramos jovens.

— Pegue o estúdio, — ela disse. — Não há culpa em abandonar


o café. Nós vamos sobreviver sem você, eu prometo.

— E o que aconteceu? Os paparazzi? Pode ficar muito pior do


que isso.

— Vamos ficar bem, Katie.


— Mas o que você vai fazer se eles forem assediados na
escola? É difícil para as crianças ser o centro das atenções, fazer
com que as pessoas falem sobre elas, digam coisas que nem são
verdadeiras.

— Bem, o pai deles está sempre ameaçando educá-los em casa


de qualquer maneira. Ou mudemos todos para a Costa Rica.

— Você não vai mesmo deixar Nudge.

— Farei o que for certo pela minha família. E isso inclui você.
— Ela colocou as mãos em meus braços e apertou. — Nós vamos
ficar bem, Katie. Faça isso por você mesma. — Ela me puxou para
outro abraço. — Pelo que eu posso ver, ele realmente se preocupa
com você. Esta é uma oportunidade real. Faça isso pela sua arte.
— Ela olhou em direção à escada, onde Jesse havia
desaparecido. — E para o seu coração.

Minha irmã alisou meu cabelo da minha bochecha, e eu a amei


muito naquele momento.

Então foi a vez de Devi. Agarrei-me a ela enquanto ela me


abraçava, sentindo-me segura nos braços da pessoa que me
conhecia melhor do que qualquer pessoa no planeta. Quando nos
separamos, ela me olhou nos olhos, forte e firme, e me disse a
verdade.

— É hora de seguir em frente, querida.

◊◊◊
Depois de deixar Becca e Devi sair, tranquei a porta e caminhei
ao redor da sala.

Realmente era o espaço perfeito para um estúdio de arte. Eu


podia imaginar todos os meus suprimentos organizados em
prateleiras ao longo das paredes. Havia espaço suficiente para
vários cavaletes e para armazenar todo o meu trabalho e mais um
pouco.

Inferno, poderia fazer shows de arte aqui.

Subi as escadas, emergindo da escada em espiral para o loft


parcial que dava para o estúdio abaixo. Jesse estava lá, em frente
às janelas de painéis que se fundiam com a claraboia acima,
brincando com seu telefone. Duas coisas me impressionaram ao
mesmo tempo: o fato de que ele provavelmente ouviu cada palavra
que foi dita abaixo e a vista.

— Se você quer ser independente, Katie, você precisa ter algo


para construir seu sonho, — disse ele, guardando seu telefone. —
Algo que é seu. Isso é seu. Sem condições.

— É que já tive isso antes, — eu disse, me aproximando


dele. — Eu pensei que tinha tido isso antes, mas havia cordas. Só
não as vi até que fossem tarde demais.

— Sem amarras, — disse ele. — Eu vou vender a propriedade


para você, muito barato. O que for preciso para que você possa
torná-la sua. Você tem um talento louco, e me mata pensar que
você não sabe disso.

Não sabia o que dizer. — Quer dizer... acho que meu trabalho
pode ser melhor. Mas essa é a coisa da arte. Ela cresce e evolui. —
Eu também estava crescendo. Tinha muitas ideias para o trabalho
que queria fazer. — E estou tão sem prática... mas estou morrendo
de vontade de voltar a fazer isso.

E com um lugar para fazer isso e fundos para me sustentar


enquanto eu trabalhava... era realmente meu sonho tornado
realidade.

— Você não tem um show para ir? — Perguntei quando ele se


aproximou.

— Eu vou chegar lá, — ele disse, despreocupado. — E se isso


não funcionar para você, nós podemos fazer de outra maneira.

Nós? Olhei para ele e respirei fundo.

— Funciona — eu disse.

Ele acenou com a cabeça e esfregou a nuca. — E você sabe,


com o dinheiro que acabou de ganhar na turnê, você pode fazer
isso. Com ou sem mim. — Ele olhou para mim e sabia que ele
estava esperando que eu dissesse algo.

Ele estava me dando a chance de pegar o dinheiro, e agora o


estúdio, e correr.

Como se eu pudesse fazer isso.

— Vou fazer o contrato de trabalho para Dirty. Mas não posso


aceitar aquele outro dinheiro, Jesse. Estou devolvendo.

— É seu. Mereceu.

— Enquanto eu fazia sexo com você. Parece...


— Sujo? — Sua boca se curvou em um pequeno sorriso.

— Sim.

— Katie, eu não te paguei para fazer sexo comigo.

— Eu sei, mas...

— Eu também não paguei para você me amar.

Encarei-o, a pura verdade ali em seu rosto, querendo refutá-


la.

Eu não pude.

— Jessa me contou o que você fez. O que você disse a ela em


LA. — Ele se aproximou, até que tudo que eu podia ver era
ele. Olhei para o rosto dele. Ele estava procurando meus olhos. —
Por que você foi vê-la?

Engoli. — Pela mesma razão que fui ver Elle, eu acho. Não
gosto de alguém que você se preocupa, sentir dor.

Ele não disse nada. Eu ainda nem sempre sabia como ler seus
olhos, e me matou não ter ideia do que ele estava pensando.

— Me desculpe se coloquei meu nariz onde ele não


pertencia. Apenas me pareceu que ela precisava ouvir todas
aquelas coisas que você me disse, sabe, sobre o quanto você se
preocupava por ela, e...

— Katie. Estou tentando te dizer. Eu também te amo.


Fiquei lá, atordoada, apenas meio que boquiaberta nele por
um longo momento. — Mas... eu falhei.

— O que diabos você quer dizer?

— Eu tentei a fazer voltar para casa. Ela não faria isso.

— Katie. Já faz anos. Se ela não vai fazer isso por ninguém,
não vai fazer isso por você. — Ele me puxou para mais perto e
segurou meu rosto com as mãos. — Estou maravilhado pra
caralho por você ter tentado. — Ele me beijou suavemente nos
lábios. — O que você tentou fazer por ela, — ele disse
suavemente. — Por mim. Isso significa tudo para mim. — Ele
segurou minhas mãos. — Sempre fomos eu e Jessa, sabe? Nós e
mamãe, e quando ela morreu... muitas pessoas se
manifestaram. Dolly. Os caras. Eu sei que Jude e Brody matariam
por mim. Literalmente. Por Jessa também. E a banda, eles são
uma família para mim. Você sabe disso. Mas estou lhe dizendo,
Katie, nunca amei ninguém, nunca, como amo você.

Senti um formigamento no nariz, as lágrimas picando meus


olhos. Ele ia me fazer chorar?

— Eu amo você. Eu te amo pra caralho e deveria ter dito isso


há muito tempo — disse ele. — Você está sempre na minha
mente. Você está em tudo que eu faço. Mal consegui terminar a
turnê sem você lá. Simplesmente não parecia mais importar sem
você. Mesmo a música não era a mesma, e a música está na porra
da minha alma. Eu só sentia sua falta, pra caralho.

— Eu também senti sua falta — consegui dizer, ainda em


choque.
— Sei que não posso fazer você ficar comigo, — disse ele. —
Mas eu posso te implorar para não ir.

Ele se ajoelhou na minha frente e foi isso; Apertei a ponta do


meu nariz e respirei fundo.

— Jesse. Não ouse começar a implorar ou vou chorar. E odeio


chorar, pra caralho.

— OK. Então vou perguntar. Katie Bloom, quer casar comigo?

Ele tirou algo do bolso com tanta facilidade que nem percebi
até que abriu a pequena caixa aveludada. Uma caixa de anel.

Dentro havia uma faixa de prata simples com uma pequena


caveira gravada nela.

— Eu sei que não é muito, — ele disse. — Era da minha mãe. A


única coisa além de nós que meu pai deixou para ela. E você não
parecia muito interessada em diamantes. Mas se você quiser outra
coisa, comprarei o que você quiser.

Olhei para ele, minha visão nublando, e respirei fundo.

— É perfeito.

Os olhos de Jesse brilharam para mim e ele mordeu um pouco


o lábio. Jesus, ele iria chorar agora?

— Você precisa saber, — disse ele. — Se você disser sim, eu


nunca vou te deixar. Você não tem que se casar comigo
amanhã. Podemos nos casar quando você quiser. Eu só preciso
saber que você é minha, para sempre.
Então comecei a chorar.

— Eu te amo, Katie. Sei que você passou por uma merda. Eu


sei que ainda dói, e é um grande salto de fé para você confiar em
mim. Mas se sou o que você quer...

— Sim! Sim, Jesse. Você é o que eu quero. Você é tudo que eu


quero.

— Então vou me casar com você — ele me disse, e colocou o


anel em meu dedo. Era muito grande. Ele colocou e tirou em vários
dedos; o único que cabia era meu polegar.

Eu ri e enxuguei as lágrimas dos meus olhos.

— Nós vamos ajustar o tamanho — ele disse, e beijou a base


do meu polegar onde ele encontrava a palma da minha mão.

Segurei seu rosto. — Eu não quero que seja do tamanho. É


parte de você. Parte de sua família. Vou usá-lo onde couber, com
orgulho.

— Você é minha família agora — disse ele, todo emocionado.

— Então levante-se e me beije. — Tentei atraí-lo para mim,


mas ele passou os braços em volta de mim e me puxou para ele.

Rolamos no chão e eu ri, as lágrimas escorrendo pelo meu


rosto, lágrimas de êxtase e alívio ridículos. Passei meus braços em
volta do pescoço e o beijei com tudo que tinha em meu
coração. Quando ele me beijou de volta, a verdade disso queimou
profundamente, direto na minha alma; foi a primeira vez que ele
me beijou quando não foi combinado - ou pelo menos, quando
eu sabia que não foi combinado.
Era apenas Jesse. Beijando a mulher com quem ele iria se
casar.

Ele recuou e fez uma careta para mim. — Você estava prestes
a terminar comigo?

— Não, — eu disse, e beijei seu nariz. — Não era possível


terminar com você. Nunca estivemos juntos.

— Isso é verdade. — Ele estreitou os olhos para mim. — Acho


que deveria convidá-la para um encontro, então.

— Você deve.

— Venha ao show hoje à noite, — disse ele — e depois vou


levá-la para jantar. Apenas nós dois.

— Tudo bem, — eu disse. — Mas só porque eu te amo, Jesse


Mayes.

Ele me puxou para o telhado do estúdio, de onde do outro lado


da água eu podia ver a arena onde Jesse abalaria uma multidão
com ingressos esgotados esta noite. Onde sua nova noiva estaria
torcendo por ele nos bastidores.

— Podemos ser famosos, — ele murmurou — mas ainda


existem lugares onde ninguém nos encontrará...

Ele me beijou enquanto o sol se punha sobre a água, dourado,


âmbar e escarlate refletindo nas torres de vidro do centro da
cidade.

— Sempre vou te amar, Katie Bloom — ele sussurrou em meu


ouvido.
Foi a melhor coisa que alguém já me disse.

E foi o suficiente para construir um sonho.


DOIS MESES DEPOIS

Jessa
O mensageiro me pegou quando eu estava saindo do meu
apartamento em Nova York.

Estava a caminho de Londres para um trabalho. O táxi já


estava esperando no meio-fio. Assinei o pacote enquanto o porteiro
e o motorista colocavam minhas coisas no porta-malas. Assim que
me acomodei no banco de trás e estávamos a caminho do JFK38,
tentei relaxar.

Foi uma manhã difícil.

38 Aeroporto em Nova York.


Dirty tinha começado a escrever músicas para o novo álbum,
e era ruim o suficiente que meu irmão tivesse colocado uma viagem
de culpa épica em mim por não estar lá, várias vezes, a ponto de
eu começar a evitar suas ligações novamente. Sabia que ele tinha
boas intenções; ele sempre tinha. Mas ouvir aquela preocupação
cuidadosa em sua voz me levou até a parede. Ele estava na ponta
dos pés perto de mim desde que Katie veio me ver em LA. Conversei
com ele sobre sua visita, como eu disse a ela que faria; tudo correu
bem, muito melhor do que eu temia, reconhecendo o fato de que
ele estava preocupado comigo. Ele nunca disse isso em voz alta, e
geralmente eu apenas fingia que não estava acontecendo.

Fazíamos essa dança há anos.

Falar sobre isso não mudou nada, no entanto. Ele ainda não
entendia. Eu ainda não queria que ele entendesse.

Ainda continuamos fazendo nossa pequena dança.

Para piorar as coisas, sua noiva igualmente bem-intencionada


estava me mandando fotos.

Tudo começou com instantâneos das sessões de música da


banda. Zane agitando no microfone. Katie fingindo tocar a bateria
de Dylan. Meu irmão enrolado em sua guitarra, cercado por
pedaços de papel enquanto trabalhava em novas canções.

Ela também me enviou fotos dela e de Jesse, saindo com seu


cachorro, e sua sobrinha e sobrinho na praia. Às vezes, outras
pessoas também estavam nas fotos.

Às vezes eu tinha um vislumbre de Brody e doía tanto que eu


não conseguia respirar.
Ontem à noite, poderia jurar que meu coração parou de bater.

Katie tinha me enviado uma mensagem com uma foto tirada


dentro da casa de Brody. Eu reconheci o salão de festas. Eu não
voltava lá há seis anos, mas era exatamente a mesma
coisa. Alguns dos caras estavam no sofá. Era uma foto linda, e
pude ver por que ela a enviou. Eram Jesse, Zane, Jude e Brody, os
quatro parecendo exatamente como eram tantas vezes quando
éramos crianças, relaxados e felizes na companhia um do outro,
rindo de alguma piada compartilhada.

Brody parecia tão bonito que doía. Com seus olhos azuis
escuros e rugas de expressão profundas nos cantos, seu cabelo
castanho um pouco bagunçado e aquele sorriso no rosto. Eu não
colocava os olhos nele há anos. Não até que as fotos de Katie
começaram a chegar. Realmente não precisava vê-lo, mas não foi
culpa de Katie.

Ela não sabia.

Eu sabia melhor, mas de alguma forma deixei escorregar. Em


vez de excluir a foto como deveria, guardei-a. Devo ter olhado para
ele uma centena de vezes na noite passada, estudando as linhas
assustadoras de seu rosto.

Deus, ele parecia tão feliz.

E confusa como eu estava, não conseguia nem começar a


processar o que sentia sobre isso.

Tentei processá-lo com vários coquetéis e, quando isso não


funcionou, fui a uma festa com alguns amigos e acordei esta
manhã em um apartamento em Williamsburg com um hippie que
mal me lembrava de ter conhecido noite passada. Escapei antes
que ele acordasse e, no meu caminho para casa, ele me mandou
uma mensagem.

Não a minha aventura de uma noite. Brody.

Foi um choque para meu sistema de ressaca. Não que ele


nunca tenha me enviado uma mensagem, mas já fazia muito
tempo. Ao ver seu nome e número em meu aplicativo de
mensagens, me senti suja, distorcida e sozinha. Pensei em deletar,
deletar ele. Bloqueando-o completamente para nunca mais entrar
em contato comigo.

Como se eu pudesse apagar o que aconteceu da face da Terra.

Pensando em você.

Isso foi tudo o que ele disse. Mas Brody sempre conseguia
dizer a coisa certa para explodir minha vida.

Olhei pela janela do táxi, sem realmente ver nada, mas seu
rosto sorridente naquela foto. Fechei os olhos e ele estava lá, me
esperando no escuro. Eu não conseguia apagá-lo dos meus
pensamentos, mas sabia que não podia me permitir retroceder
assim.

Comecei a tirar meu telefone da bolsa para excluir o texto e a


foto, quando o canto do pacote do correio chamou minha atenção.

Quase me esquecia disso.

Tirei-o de dentro da minha bolsa. Era um envelope pequeno,


um daqueles rígidos em que os documentos chegam. Anotei o
nome e o endereço do remetente com um pequeno sorriso. Era de
Katie, mas o endereço era do meu irmão. Eles foram morar juntos?

Ela disse que eles iriam morar juntos no próximo mês, mas eu
sabia que meu irmão estava ansioso para tirá-la de sua favela -
palavra dele - e colocá-la em sua casa. Katie estava demorando
para empacotar suas coisas e fazer os arranjos, e não parecia
querer apressar as coisas. Eu sabia de tudo isso porque Katie
tinha sido muito gentil em manter contato comigo, via e-mail e
mensagem de texto, mesmo quando eu nem sempre respondia. A
culpa corroeu meu estômago e fiz uma pequena promessa de fazer
mais esforço lá. Também fiz uma nota mental para enviar a eles
um presente de inauguração, algo legal e atencioso de Londres.

Abri o envelope do correio, apenas esperando que não fossem


fotos... e porque eu era meu pior inimigo, meio que esperando que
fosse.

Um pequeno envelope branco escorregou para fora, com um


padrão simples de notas musicais em relevo.

Minha respiração ficou presa quando o peguei.

À primeira vista, era óbvio o que era. Estava escrito Jessa


Mayes nele, no que eu presumi ser a letra bonita e cuidadosa de
Katie, um pequeno coração desenhado ao lado do meu
nome. Lembrei-me de respirar e disse a mim mesma para obter
um controle, mesmo quando meu coração batia forte no meu
peito. Eu sabia que isso estava acontecendo há um tempo. Katie e
Jesse me ligaram pelo Skype para me contar sobre o noivado.

Mas agora estava ficando real.


Virei o envelope; estava lacrado com um pequeno adesivo
prateado no formato de uma guitarra elétrica. Sorri de novo, as
lágrimas ardendo em meus olhos, tomada pela alegria e por um
pavor terrível e de partir o coração ao mesmo tempo. Meus dedos
tremeram um pouco quando abri o envelope e tirei o cartão de
dentro.

Isso tudo estava acontecendo tão rápido.

E não que eu não desejasse a meu irmão toda felicidade e um


casamento longo e amoroso com uma garota incrível como Katie,
mas na realidade não esperava que ele encontrasse a garota certa
tão de repente. Em teoria, tive seis anos para me preparar para
essa eventualidade.

Na verdade, eu não estava nem um pouco preparada.

Abri o pequeno cartão, que solicitava minha presença no


casamento de Katherine Anne Bloom e Jesse Anderson Mayes, e
estremeci com a força ao conter minhas lágrimas.

Deus, eu estava tão feliz por eles.

E tão apavorada por mim.

Katie já tinha me dito que queria que eu fosse uma de suas


damas de honra. E covarde que eu era, disse a ela que pensaria
sobre isso.

Funguei um pouco, tentando manter minha merda sob


controle, e olhei pela janela. Tinha começado a garoar um
pouco. Eu tinha um longo voo pela frente e muito tempo sozinha
em Londres depois das filmagens. Nunca passei muito tempo na
Inglaterra e pensei que seria divertido ter algum tempo de
inatividade para apreciar as vistas.

Agora tudo o que vi diante de mim foi uma quantidade perigosa


de tempo sozinha com meus pensamentos, cheia de potencial para
decisões erradas.

Eu não tinha ideia de como processar meus sentimentos sobre


nada disso, e sempre que lutava para processar meus
sentimentos... a vida ficava uma bagunça. Feia.

Suja.

Tentei ver as coisas objetivamente.

Por um lado, estava prestes a ganhar uma cunhada incrível. E


se eu realmente tivesse sorte, um casal de sobrinhas e sobrinhos
adoráveis. O que não é para ficar entusiasmado com isso?

Por outro lado... assistir ao casamento do meu irmão


significaria enfrentar coisas nas quais eu nunca mais queria
pensar novamente.

Mas era inevitável, não era? Jesse nunca iria viver sua vida
sozinho.

Ele não era como eu.

O que significava que eu simplesmente teria que lidar com


isso, de alguma forma. Não havia nenhuma maneira de pular o
casamento do meu irmão. Nem mesmo eu poderia justificar isso.

Respirei fundo e coloquei o cartão de volta no


envelope. Parecia que eles finalmente haviam realizado seu desejo.
Gostando ou não... era hora de ir para casa.

Fim

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