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2.1.

LOCOMOTIVAS

Locomotivas são os principais veículos de tração no setor ferroviário de


carga, sendo quem efetivamente movimenta a composição. Inicialmente eram
movidas a vapor a partir da queima de carvão, com as primeiras linhas
operacionais surgindo nos anos 1830 e continuando como principal tipo de
locomotiva utilizada até o fim dos anos 40. Devido a sua baixa eficiência
energética (em torno de 6% da energia da combustão do carvão efetivamente
era convertida em tração), dificuldade operacional, custo elevado de
manutenção, entre outros fatores, acabou perdendo espaço para locomotivas a
diesel ao longo do século XX (PROFILLIDIS, 2013).
A partir dos anos 1930, locomotivas a diesel ganharam espaço no setor
ferroviário, uma vez que o motor diesel se apresenta com maior eficiência
energética, menor custo de manutenção, entre outras vantagens. Os principais
tipos de transmissão são mecânica, hidráulica e elétrica. Além de locomotivas a
diesel, locomotivas puramente elétricas também são utilizadas atualmente, com
sua alimentação sendo através de bancos de baterias ou por sistemas de
eletrificação da via, como catenária e terceiro trilho (PROFILLIDIS, 2013).
Atualmente, as locomotivas diesel-elétricas são o tipo mais utilizado no
Brasil, e esse sistema é o alvo de estudo neste trabalho. Nesse tipo de veículo
de tração, o motor diesel funciona como um gerador elétrico que alimenta o
motor de tração, uma vez que motores elétricos têm melhor controle de tração
que sistemas puramente mecânicos, além de que o motor diesel pode operar em
seu ponto ótimo, gerando melhor eficiência do sistema como um todo. O motor
de tração é quem efetivamente movimenta o rodeiro, através de um sistema de
pinhão e engrenagem que liga o motor ao eixo (BORBA, 2011). O ciclo de tração
de locomotivas diesel-elétricas pode ser resumido no diagrama a seguir.
Figura 1 - Cadeia de transmissão de energia em locomotiva diesel-elétrica.

Adaptado de Borba (2011).

2.1.1. Motor diesel ferroviário

O motor diesel é um dos motores de combustão interna mais


amplamente utilizados em diversos setores, como em veículos marítimos,
terrestres e também em indústrias. Desde o surgimento desse tipo de motor, se
busca utilizá-lo no setor ferroviário, mas as primeiras tentativas que resultaram
em sucesso aconteceram a partir de 1925 (BORBA, 2011). A decisão pela
utilização do motor diesel em veículos ferroviários ao invés de alimentação a
partir de fontes estacionárias acaba sendo uma decisão puramente econômica,
já que este opera como um gerador de energia elétrica operado em velocidades
mais favoráveis e alimenta um motor de tração que efetivamente faz o veículo
se movimentar (PIRES, 2013).
Seu funcionamento ocorre em um ciclo de quatro tempos: admissão,
compressão, combustão e escape. O ciclo se inicia com a admissão do ar e
segue com sua compressão para elevar a temperatura do sistema, com a
combustão ocorrendo pela temperatura atingir um ponto em que ocorre a
autoignição do combustível ao ser injetado. O combustível mais utilizado para
motores do ciclo diesel é o óleo diesel, mas outros produtos podem ser utilizados,
como óleo vegetal, nafta, e também combustíveis sólidos, como o carvão
(BORBA, 2011; MARTINS, 2013).
No setor ferroviário, o uso de motores diesel é impulsionado pelos altos
níveis de torque e potência requisitados no transporte ferroviário, atuando como
gerador que alimenta o motor de tração. Os motores que costumam ser
empregados em locomotivas para transporte de carga geralmente são de
rotação média, potência entre 700 e 6300 hp, podendo ser de dois ou quatro
tempos e contendo entre 8 e 16 cilindros, alinhados horizontalmente (uma fileira
de cilindros) ou inclinados lateralmente (apresentando duas fileiras, com
disposição em V) (BORBA, 2011).

2.1.2. Sistema de transmissão elétrica

A conversão da energia mecânica do motor diesel para energia elétrica


que aciona o motor de tração é feita através de geradores, que posteriormente
entregam essa energia ao motor de tração. Em veículos ferroviários, o sistema
de conversão corresponde por um gerador de tração ligado ao virabrequim do
motor diesel, que acaba produzindo eletricidade a partir do movimento do motor
durante sua operação. Segundo Borba (2011), locomotivas diesel-elétricas
podem ser classificadas conforme o tipo de corrente do gerador e do motor de
tração, sendo DC-DC para ambos utilizando corrente contínua, AC-DC para o
gerador em corrente alternada e o motor em corrente contínua, e AC-DC-AC.

Tem algumas imagens como essa acima para cada tipo de locomotiva
(no caso, é uma AC-DC-AC.). Seria bom usar?
Na prática, os geradores ferroviários funcionam como a maioria dos
geradores, a partir de um sistema contendo rotor e estator. O estator é a parte
estacionária do sistema e é feito por um conjunto de bobinas de fio de cobre
enroladas, distribuídas uniformemente ao longo do estator. O rotor é a parte
rotativa que efetivamente recebe o movimento do motor diesel, e é composto de
polos magnéticos. Conforme gira, o rotor cria um campo magnético rotativo que
gera uma força eletromotriz nas bobinas do estator, o que induz uma corrente
elétrica que é direcionada para os motores de tração (FITZGERALD, KINGSLEY,
UMANS, 2006; PIRES, 2013).

Ainda aqui, pretendo falar sobre retificadores e inversores (presentes nas AC-
DC-AC, mas ainda não encontrei nada muito amplo sobre eles no setor
ferroviário), e no próximo tópico falar do motor de tração. A partir disso, pretendo
deixar descrito e explicado o freio dinâmico e partir para os sistemas de
regeneração (que acredito que sejam os tópicos que eu deva me aprofundar
mais no trabalho).

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