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logística
Nacional e Internacional
1
Ricardo
Silveira Martins
GESTÃO
LOGÍSTICA
Nacional e Internacional
2 3
FICHA TÉCNICA
© 2017. Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
de Minas Gerais – SEBRAE
SEBRAE MINAS
Presidente do Conselho Deliberativo | OLAVO MACHADO JUNIOR
Olá, vamos mergulhar na logística?
Diretor-Superintendente | AFONSO MARIA ROCHA
Diretor de Operações | MARDEN MÁRCIO MAGALHÃES
Diretor Técnico | ANDERSON COSTA CABIDO Como é bom! Estudar logística é particularmente cativante,
porque tudo é muito visível e “real”. Mas, há muita
SISTEMA DE FORMAÇÃO GERENCIAL ciência por trás das operações, para se tirar da logística
Gerente | RICARDO LUIZ ALVES PEREIRA
um diferencial que coloque a empresa à frente de seus
Equipe Técnica | RAFAEL TUNES FONSECA |
VERISLÂNIA REGINA DE ALBUQUERQUE concorrentes.
CDU: 658.7:339.5
5
\ PARTE 1 \
\ Unidade I \ logística e cadeias de suprimentos 9
\ Capítulo 1 \ Logística e seus processos 13
Pra começo de conversa...
1.1 Atividades primárias e de apoio na logística
1.2 Logística integrada: Just in time, Cross docking, Milk run
1.3 Vantagens competitivas geradas nos processos logísticos
1.4 Logística reversa
1.5 Logística para Micro e Pequenas Empresas
\ PARTE 2 \
sumário \ Unidade 2 \ Gestão dos Estoques e Qualidade na Logística 71
6 7
parte 1
\ PARTE 3 \
\ Unidade 3 \ Logística Internacional, Transporte,
LOGÍSTICA
Tecnologias Integradoras na Logística 113
\ Capítulo 7 \ Modalidades de transporte 121
E CADEIAS DE
Pra começo de conversa...
7.1 Modalidades de transporte: rodoviária, ferroviária, aquaviária, aeroviário e dutoviária
7.2 Como tomar a decisão pelo uso da modalidade de transporte?
7.3 Cenário atual da logística de transporte no Brasil
7.4 Avaliação comparativa com outros países
8
Unidade de Estudo 1
PRA COMEÇO
DE CONVERSA...
LOGÍSTICA E CADEIAS
DE SUPRIMENTOS
As preocupações da gestão muitas vezes estão centradas nas vendas, na gestão dos
Como não perder vendas por não ter produtos
recursos financeiros e na gestão das pessoas, por exemplo. Todas muito justificáveis e
importantes. Sem dúvidas!
ou por tê-los, mas não a um preço competitivo?
Sendo bom em logística.
Porém, há um outro universo de preocupações que vai lidar com decisões que envolvem
questões sobre a disponibilidade do produto, sobre o quê e quanto produzir, até como Logística talvez seja um dos termos mais usados e menos do-
e quando entregar. Estas são as preocupações típicas da Logística. São decisões que minados hoje em dia. Tivemos uma experiência recente com um
envolvem muitas operações, muitas pessoas, às vezes, muitos parceiros. São operações grupo de empresários do setor de calçados de Minas Gerais. Me-
complexas para o gestor. É isso que iremos estudar. nos da metade disse entender bem o que significa e como aplicar
estratégias logísticas para desenvolver vantagens do seu negócio
Empresas usam estratégias logísticas para se diferenciarem e assim, sobreviverem frente aos concorrentes.
e prosperarem. Por exemplo, Wal-Mart está fazendo entregas de suas vendas online
gratuitamente em até 2 dias para concorrer com a Amazon e ainda ampliou a linha de Mas o que será mesmo logística?
produtos ao incluir alimentos. Entregas rápidas e sem custo, diferenciais da logística. Aí,
Imagine que você tenha uma festa para ir em poucos dias. Ao
envolvemos a gestão afinada de muitos processos, não é verdade? O importante é que a
selecionar as roupas e o calçado que pretende usar, percebeu que
logística esteja sincronizada com a estratégia do negócio e com os desejos do cliente. as combinações que tem disponíveis não lhe agradam muito. E
decide ir a um shopping comprar um novo calçado.
SERVIÇO
SERVIÇO
ENTREGAS
SERVIÇO
TRANSPORTE
ENTREGAS
DISTRIBUIÇÃO
ENTREGAS
FORNECEDORES DISTRIBUIÇÃO
ESTOQUE
TRANSPORTE FORNECEDORES
entra e não gosta dos modelos disponíveis? E se você decide
TRANSPORTE TRANSPORTE
ENTREGAS
ENTREGAS
TRANSPORTE
TRANSPORTE
ENTREGAS
SERVIÇO DISTRIBUIÇÃO
FORNECEDORES
DISTRIBUIÇÃO TRANSPORTE
não comprar, porque achou tudo muito caro e preferiu usar um
TRANSPORTE
ESTOQUE FORNECEDORES TRANSPORTE
TRANSPORTE
TRANSPORTE
TRANSPORTE
TRANSPORTE
ENTREGAS
ENTREGAS
ENTREGAS
FORNECEDORES
SERVIÇO
DISTRIBUIÇÃO SERVIÇO ENTREGAS acontecer. E em muitas destas situações, pode ter certeza, a lo-
TRANSPORTE
ENTREGAS
FORNECEDORES FORNECEDORES
TRANSPORTE
TRANSPORTE
TRANSPORTE
gística falhou!
Keywords DISTRIBUIÇÃO ESTOQUE TRANSPORTE
ESTOQUE
DISTRIBUIÇÃO
FORNECEDORES
FORNECEDORES TRANSPORTE
FORNECEDORES
COMPRE!
12 13
Isso engloba o planejamento, o controle e a melhoria dos pro-
cessos que geram os produtos e/ou serviços, tendo por referên-
Ah, sim. A confiabilidade que me transmite, que me
cia qualidade, prazo e custo. Dessa forma, gestão da qualidade, torna fiel, é o valor. É o benefício que reconheço
desenvolvimento de novos produtos e logística estão entre os em procurar esSa loja antes de outras. Valor,
processos de maior evidência nas operações.
nesSe caso, é benefício! Nada a ver com preço, com
Pensando em logística... O que é logística? valor financeiro.
Logística, então, é um conjunto de processos que se preocupa Tudo bem. Posso também reconhecer um valor num produto de
em disponibilizar produtos e/ou serviços de maneira mais conve- uma marca que seja mais barato que o do seu concorrente. Mas
niente o cliente. Logística é serviço ao cliente! também é benefício, não é mesmo? Comprar um produto a um
preço mais baixo é um benefício, não é?
Os militares nos ensinaram a pensar a logística como uma for-
ma diferenciada de competir. No meio militar, logística significa a Vejamos uma situação: Um cliente entra numa loja e compra um
compreensão do planejamento e da implementação de estraté- roteador por R$300,00, sendo que, no concorrente, o mesmo
gias para vencer o inimigo, inovando em formas de dispor os exér- roteador custa R$322,00. Na outra loja (no concorrente), com
citos e seus suprimentos, conjugada com operações de suporte R$300,00 compraria apenas um roteador de marca menos con-
de provisão aos exércitos de armamentos, de munições, de ma- fiável.
teriais, de pessoal, de alimentos e com o avanço das instalações.
\ 1.1 \ Transporte
Atividades primárias e de apoio na logística
Na prática, a função da logística é promover a melhor integração Transporte é a atividade com maior identidade
entre agentes econômicos, proporcionando maior valor a todos. com a logística. IsSo porque é a atividade
Fornecedor com melhor logística não deixa cliente sem materiais
nas fábricas ou produtos nas lojas; fabricantes com melhor logísti-
logística, muitas vezes, mais importante e
ca abastecem o mercado e não deixam faltar produtos; uma rede de fácil visualização, pois, é a que permite a
de serviços de entrega de pizzas com boa logística não deixa você movimentação do material, do produto em
com fome ou sem saber a que horas seu pedido poderá chegar.
processamento e do produto acabado. Além do
Para formatar o serviço de logística de alto desempenho que con- mais, os custos de transporte são, em geral,
tribua com o negócio, que seja capaz de gerar diferenciais peran- bastante elevados.
te os clientes, a logística deve ser planejada considerando suas
atividades primárias e atividades de apoio. Algumas atividades Em termos da logística, o desempenho do transporte define a
são consideradas primárias porque são aquelas encontradas em disponibilidade dos produtos/serviços no local e no tempo dese-
todos os subsistemas da logística e são responsáveis pela maior jados ou combinados. Assim, se o transporte não tiver bom nível
parte dos custos logísticos, ou seja, elas são essenciais para a de desempenho, suas falhas implicarão na falta de itens para os
coordenação e o cumprimento da tarefa logística. São elas: fabricantes, de produtos nas lojas, em atrasos nas entregas das
transporte, estoques, processamento de pedidos/informação compras que fazemos pela internet. Esta é uma maneira sempre
e instalações. fácil de visualizarmos como o transporte é muito evidente.
Apesar dessas atividades serem os principais ingredientes que O transporte, assim como o planejamento da logística, deve ser
contribuem para as decisões estratégicas sobre a disponibilida- integrado com as áreas de compras e de produção para mostrar
de e a condição física de produtos e serviços, há uma série de seu valor estratégico, ao invés de ser puramente reativo, ou seja,
atividades adicionais que apoiam as primárias. São as chamadas apenas atender ao que está programado pelas vendas ou expe-
atividades de apoio, tais como a armazenagem, o manuseio de dição. Os departamentos de Compras, Operações e Serviço ao
materiais, a embalagem de proteção, a obtenção dos materiais, a Cliente devem compartilhar informações com o setor de transpor-
programação de produtos e a manutenção de informação. te sobre o que deve ser transportado e quando deve ser entregue
16 17
ao cliente e o planejamento de ser conjunto. Caso contrário, o
transporte pode ser caro, por haver necessidades constantes de
contratações emergenciais de frete ou mesmo haver atrasos de Produto
entregas de produtos, que já estão prontos, apenas esperando em processo
um veículo para chegarem às portas do cliente.
Estoques
A gestão dos estoques para fins de logística implica em garan-
\ gestão dos
tir disponibilidade de produtos. Tem como objetivo equilibrar as MATÉRIA PRIMA
estoques \
quantidades demandadas com aquelas ofertadas no mercado. Se
a produção de tudo fosse instantânea, num clicar do mouse do
Produto
para fins de logística computador, sem dúvida, não haveria qualquer necessidade de ACABADO
implica em garantir estoque.
disponibilidade de
produtos. O grande desafio da gestão de estoques é garantir a disponibilida-
de a um custo mínimo. Isto é, o risco de faltar produtos tem que
ser muito bem avaliado. Home Depot Inc., uma empresa ameri-
Figura 1 \ Diferentes tipos de estoque
cana do varejo de materiais de construção, decidiu reduzir seus
estoques de produtos para venda de semanas para dias. E ainda Na logística, a importância dos estoques é que eles adicionam
projetava crescimento das vendas sem mais produtos em esto- valor de tempo ao produto. Isso quer dizer que a função dos es-
que. Uma estratégia de estoques com grande contribuição para o toques é de satisfazer o desejo dos produtos serem consumidos
resultado financeiro do negócio! quando assim os clientes desejarem ou necessitarem. Dessa for-
ma, deve ficar claro que o papel estratégico na logística é definir
A administração desses estoques envolve alguns processos bási- quanto manter em estoque para garantir determinada disponibi-
cos para sua eficiência. Os principais passos são: lidade de produto, tomando decisões tais como níveis de esto-
A gestão – planejamento do que será necessário para o não com- ques, a previsão de vendas, a composição do mix (variedade) de
prometimento dos recursos da empresa e para o abastecimento produtos no estoque e as estratégias de produção.
das necessidades dos clientes;
A compra – compra necessária para evitar a falta da mercadoria. Não se deve confundir estoque, que é estratégico
Essa será orientada de acordo com os recursos disponíveis na
empresa;
na logística, com armazém, uma estrutura física
onde são guardados (armazenados) os produtos
O recebimento – deve ser orientado para que a entrada e a saí-
da da mercadoria não comprometam as necessidades de atendi- que esperam a vez de serem requisitados para
mento do cliente. Isso deve ser observado para não comprometer consumo.
espaços físicos sem necessidade;
Assim, o objetivo é atingir um nível adequado de disponibilidade
Armazenagem – deve garantir a qualidade de armazenamento,
dos produtos, mantendo os estoques tão baixos quanto possí-
não só no recebimento mais também na entrega ao consumidor
veis, sem comprometer a condição dos clientes de consumirem,
final;
bem como sem agregar custos demasiados. É uma grande equa-
Inventário/Controle – visa à garantia das quantidades e valores ção, considerando-se que a demanda futura é desconhecida. Ela
dos materiais que são de responsabilidade do almoxarifado. O in- é apenas estimada.
ventário é a auditoria do armazém, garantindo os valores que são
contabilizados pela empresa. Por exemplo, veja pela Figura 2 que é fácil ter tudo o que o cliente
quer. Basta ter estoque. Quanto maior o estoque (valor do es-
Mas, estamos falando de estoque de quê? Quando falamos em toque em R$), mais pedidos serão atendidos. Mas ter estoque
estoque, podemos nos referir ao estoque de matéria-prima, de custa dinheiro – custa o dinheiro para a compra dos produtos que
produto em fase de produção ainda não acabado e de produtos ficam no estoque e custa o dinheiro que é aplicado num item que
acabados e prontos para serem colocados no mercado (Figura 1). foi produzido ou comprado e pode nem mesmo ser vendido.
18 19
Figura 2 \ Ilustração da relação entre o valor mantido em estoque e o processamento de pedidos corresponde a 50 a 70% do total do
nível de serviço atingido tempo do ciclo do pedido. Portanto, se houver uma gestão efi-
ciente desse componente, todo o processo de atendimento ao
90.000
cliente será agilizado. É uma corrida contra o tempo. E parece que
80.000 79.000
sempre as coisas conspiram para que os problemas coloquem
VALOR EM ESTOQUE $
70.000 63.000 barreiras para o atendimento.
60.000 53.800
45.000 55.800
Figura 3 \ Ciclo do Pedido - Caminho que o pedido percorre desde a sua
50.000
50.000 geração até a sua conclusão
40.000
38.000
30.000
RECEPÇÃO DE
20.000
PEDIDOS
10.000
TRATAMENTO DE TRATAMENTO DE
70 75 80 85 90 95 100 OCORRÊNCIAS DIVERGÊNCIAS
NÍVEL DE SERVIÇO %
VERIFICAÇÃO
ENTREGA
Portanto, o estoque deve ser gerenciado para que não afete o ca- DE CRÉDITO
entrega do produto ao cliente; em alguns casos, Que tipo de informações são usuais nos pedidos:
continua com serviços de manutenção ou de • Que empresa comprou;
equipamentos, ou outro suporte técnico. • O que comprou;
• Quanto comprou;
A partir da gestão do pedido é que as empresas definem se po- • Quando tem que entregar;
dem atender, se precisam produzir para atender, como estruturar • Onde tem que entregar.
o serviço para entregar o produto e tudo mais. Por isso, o pedido
Quando acumulamos pedidos, podemos construir histórico dos
é básico.
clientes. Fonte rica de informações para o negócio. Com base no
\ gestão do pedido \ Mas não para por aí. Ufaaa! Começa a contagem de tempo... O histórico dos pedidos, podemos conhecer melhor cada cliente, a
a partir dela é que as cliente começa a contar cada segundo entre o pedido feito e o frequência de seus pedidos, se há sazonalidade nas suas com-
empresas definem produto ser recebido. A gestão do pedido é uma importante me- pras (variações cíclicas ao longo do ano), itens mais pedidos e
se podem atender, se dida de desempenho da logística das empresas. Quanto menor o tudo mais. No conjunto dos pedidos, podemos analisar de onde
precisam produzir para tempo, melhor a logística. Todos temos pressa!!! (cidade, região) vêm os pedidos, quais são os produtos de maior
atender, como estruturar sucesso e outras informações. Assim, podemos tomar decisões
o serviço para entregar A Figura 3 expressa os componentes principais do ciclo de aten- como alocar novos vendedores ou depósitos em uma região e
o produto e tudo mais. dimento aos pedidos dos clientes. Entre esses componentes, o mesmo aumentar a produção de determinados itens ou definir
novas estratégias de marketing.
20 21
Quanta informação podemos tirar dos pedidos, erros em termos de pedidos, em termos de quantidades, varie-
dade (mix) e entregas. Uma dessas tecnologias de grande recep-
não é mesmo? tividade entre as empresas é o EDI – Eletronic Data Interchange
– ou a Troca Eletrônica de Informações. Esse sistema tem o con-
Sem informações, as decisões sobre programação da produção ceito de minimizar erros nos pedidos e pode ser concebido pelo
e os níveis de estoque serão baseados na intuição/adivinhação. intermédio do e-mail e até mesmo sistemas mais sofisticados
Mas com as informações dos pedidos e dos clientes devidamen- em que as informações sobre o nível de estoque do cliente são
te gerenciadas, estarão sob domínio as características da deman- compartilhadas e a decisão de ressuprimento é disparada auto-
da, as especificidades técnicas dos fornecedores e os prazos, o maticamente. Esse sistema pode abranger todas as operações
que permitirá, por exemplo definir programação da produção e das empresas com seus fornecedores e clientes: pedidos, confir-
dos níveis de estoque que maximizam a lucratividade. mação de compras, emissão de notas fiscais, acompanhamentos
de despacho das mercadorias.
Dessa forma, a Figura 4 chama a atenção para um círculo vicioso
que se forma se a informação do pedido não é processada no As tecnologias podem apoiar a logística também na gestão das
potencial que os sistemas de informação atualmente permitem. informações do pedido, de forma a atender melhor ao mercado.
Perde-se capacidade de planejamento, serviços ao cliente são
piorados e recursos são desperdiçados. Por exemplo, a Amazon.com inovou ao gerenciar os acessos e
compras pela web, analisando informações das compras e crian-
Figura 4 \ Círculo Vicioso da Informação do perfis de clientes. Cruzando informações de endereço, cartão
de crédito, destinatários de presentes, histórico de visitas e histó-
rico de compras, passou a formular estratégias de marketing para
FALTA DE INFORMAÇÃO oferecer outros produtos que poderiam ser de interesse, enquan-
to o cliente efetivava suas compras.
CUSTO ALTO, SERVIÇOS RUINS: Informação é tudo, não é mesmo? Mais do que isso, estamos na
TEMPO era do big data. Com um volume cada vez maior de dados dispo-
QUALIDADE
nibilizados na internet, por meio da navegação e postagens em si-
tes, blogs, redes sociais — chamados de dados não estruturados
—, empresas de tecnologia desenvolveram sistemas capazes de
Fonte: Bertaglia (2009) capturar esses dados e analisá-los.
Para auxiliar na gestão do pedido, e consequentemente, na ges- Dessa forma, você pode ser surpreendido ao entrar numa loja de
tão do serviço ao cliente, é necessário possuir um sistema de eletrônicos e um vendedor lhe oferecer o produto exatamente
informação eficiente. As tecnologias, então, apoiam o processa- como o que você pesquisou na internet pouco tempo antes. Ou
mento das informações. O apoio pode ocorrer para a gestão dos uma prefeitura possa antecipar em 3 dias, com precisão, o risco
fluxos, para o melhor conhecimento da demanda e para a melho- de desabamento de uma área. Ou uma empresa aumentar sua
ria das práticas. participação de mercado com base na previsão de demanda de
um determinado produto, analisando os dados estatísticos cole-
As tecnologias aplicadas ao fluxo de produtos permitem menos tados em tempo real.
22 23
A companhia aérea TAM, por exemplo, já investe na ideia e usa • Apoio à gestão de produção em processos;
séries históricas de dados de manutenção corretiva e preventiva, • Apoio à programação com capacidade finita de produção
combinados com ferramentas de estatísticas, para projetar a de- discreta;
manda futura por esses serviços.
• Configuração de produtos.
Dessa forma, consegue planejar, com uma antecedência de 18
meses, a mão de obra e os materiais necessários para os servi-
Gestão financeira/contábil/fiscal
ços de manutenção, evitando desperdícios. • Contabilidade geral;
• Custos;
Outras tecnologias permitem que as práticas sejam melhoradas,
• Contas a pagar;
dentre elas as práticas de controle de estoque e de integração
com fornecedores e clientes para aprimoramento do planejamen- • Contas a receber;
to conjunto clientes-fornecedores. • Faturamento;
• Recebimento fiscal;
Por exemplo, alguns fornecedores estão disponibilizando funcio-
• Contabilidade fiscal;
nários para gerenciarem o estoque de seus itens em seus prin-
cipais clientes, pois, essa atitude colaborativa ao mesmo tempo • Gestão de caixa;
que aprimora as quantidades pedidas, também ajuda o fornece- • Gestão de ativos;
dor a conhecer sua demanda real e suas flutuações dadas pela sa-
• Gestão de pedidos;
zonalidade. Desta forma, o fornecedor ganha melhores condições
de programação de sua produção. • Definição e gestão dos processos de negócio.
Os sistemas ERP - Enterprise Resource Planning - também es- Gestão de recursos humanos
tendem esse conceito de forma mais ampla, para dentro da em- • Pessoal;
presa, entre seus departamentos e filiais, e para seus principais • Folha de pagamentos;
fornecedores e clientes. O ERP é uma só grande base de dados
• RH.
corporativa. Possui módulos relacionados a operações, à gestão
financeira/contábil/fiscal e à gestão de recursos humanos. O inte-
resse principal é aumentar a capacidade de planejamento. Instalações
Os módulos estão preparados para fornecer as seguintes infor- Definir instalações na logística envolve decisões sobre localiza-
mações básicas : ção, quantidade e capacidade. Estamos pensando em unidades
de produção, de armazenagem, tais como depósitos ou centros
Operações de distribuição, e mesmo em unidades de varejo.
• Previsões/análise de vendas;
Essa atividade logística é tão mais importante quanto maior a am-
• Listas de materiais; plitude geográfica de atuação das empresas. Dessa forma, em-
• Programação-mestre de produção/capacidade aproximada; presas terão mais impacto das decisões destas atividades quan-
• Planejamento de materiais; do têm produção local e atuação global, nacional e fornecedores
globais.
• Planejamento detalhado de capacidade;
• Compras; Uma primeira decisão sobre instalações pode dizer respeito à
• Controle de fabricação; localização. Diversos fatores podem influenciar a localização de
uma fábrica, depósitos ou lojas, tais como a proximidade de for-
• Controle de estoque;
necedores, o custo de transporte da matéria-prima, a proximidade
• Engenharia; do cliente ou do principal mercado, disponibilidade de infraestru-
• Distribuição física; tura (rodovias, aeroportos, universidades) e custos locais, como
• Gerenciamento de transporte; impostos e salários. O fato é que há sempre diversas alternativas
para o local em que a empresa pode se instalar e a escolha é uma
• Gerenciamento de projetos;
questão estratégica, pois deve ser cuidadosamente analisada,
• Apoio à produção repetitiva; conforme alguns critérios que sejam colocados como prioritários.
24 25
Por exemplo, a Zara explora as alternativas de localização da pro-
dução alinhadas às estratégias para linhas de produtos, com base
\ 1.2 \
\ instalações \ na localização dos seus fornecedores. A empresa tem fornecedo- Logística integrada: Just in time, Cross
na logística envolve
decisões sobre
res classificados em dois grupos: por proximidade (Espanha, Por- docking, Milk run
tugal, Marrocos e Turquia) e os demais. Para produtos da moda,
localização, quantidade que devem ter “vida mais curta”, as tendências passageiras, ou
e capacidade. novidades que entraram no mercado ou produtos que decidiram Logística e a integração entre empresas
incluir de repente em suas coleções, porque eles perceberam de-
manda, a Zara aciona os fornecedores próximos para aumentar a O aprofundamento do uso da logística no campo empresarial foi
rapidez da colocação de produtos nas lojas. Já as fábricas mais gradual. Inicialmente, o aprimoramento dos processos da logística
distantes - Índia, Bangladesh, China ou Brasil – responsabilizam- aconteceu internamente às empresas, principalmente, enquanto
-se por peças mais básicas ou produtos de uso mais flexível, onde um conjunto de iniciativas de otimização de suas operações, liga-
são produzidos a custos mais baixos . dos às estruturas de suprimentos, produção e distribuição. Essa
foi a era da logística empresarial, preocupada com o planeja-
E tudo isso é dinâmico. Por exemplo, a Adidas depois de produzir mento e gestão de atividades próprias, mas muitas vezes, sem a
seus materiais esportivos por mais de 30 anos na Ásia, retornou devida implementação de uma visão integrada com fornecedores
à Alemanha por causa do aumento dos custos da mão de obra. e preocupada com os interesses dos clientes.
Outra decisão de alta relevância é a de centralizar ou descentrali- Essa deficiência foi superada pela forma de abordar a logística,
zar, o que na prática implica decidir ter uma ou várias unidades, ou prevendo a integração das atividades. Esse novo formato, logís-
seja, quantas unidades. Centralizar implica trabalhar em gran- tica integrada, permitiu alguns ganhos significativos nos proces-
des unidades, grandes fábricas, grandes depósitos, ou mesmo sos internos, nos relacionamentos entre suprimentos e produção
centro de distribuição, para se atingir economias de escala, ou e da produção para a distribuição, assim como da empresa com
seja, menores custos unitários das unidades (R$ por produto pro- algumas atividades de alguns parceiros imediatos. Dentre os ga-
duzido ou R$ por produto armazenado), enquanto descentralizar nhos, pode-se destacar uma melhor eficácia de medidas de redu-
demonstra prioridade em aumentar o nível de serviço, isso é es- ção do nível de estoques de materiais e de produtos acabados.
tar mais próximo dos clientes com muitas unidades para atendê-
-los mais rapidamente. A integração ocorreu de forma bem pragmática, transformando
ideais em ferramentas e práticas que viabilizaram a integração
As instalações/armazéns podem possuir algumas das funções bá- dos processos entre fornecedores e clientes, resultando em pro-
sicas: cessos com melhor desempenho, tais como o Just in Time, o
Cross Docking e o Milk run.
• Manuseio de produtos: significa receber o produto e direcio-
ná-lo para o reenvio ou para o armazenamento. O objetivo é
minimizar o manuseio e o tempo gasto. soluções de integração:
Just in Time, Cross docking, Milk run
• Armazenamento de produtos: significa guardar os produtos
quando chegam ao armazém. O objetivo é otimizar o espaço
de armazenagem.
just in time
• Serviços agregados: são atividades que agregam valor para o O Just in time é um sistema de produção em que há sincroniza-
cliente, como rotulagem/etiquetamento, embalagem, monta- ção dos suprimentos dos fornecedores e as necessidades dos
gem final, mistura e recebimento de devoluções.
\ JUST IN TIME \ clientes, geralmente em pequenos lotes. O interesse principal é
é um sistema de a minimização de estoques e perdas nos locais em que ocorre a
produção em que há produção. A ideia é que os materiais devem ser recebidos dos
Há várias decisões envolvidas na gestão desses pontos de arma-
sincronização dos fornecedores praticamente no momento de sua utilização, em re-
zenagem/distribuição, como o projeto do armazém – sua forma
suprimentos dos messas pequenas e frequentes, na quantidade exata, e rigorosa-
e arranjo físico e outros. Essas decisões são importantes para a
fornecedores e as mente dentro da especificação.
redução do tempo de recebimento, armazenagem, expedição e,
necessidades dos
consequentemente, aumento do nível de serviço da instalação.
clientes, geralmente Observem que esse sistema trabalha muito apertado, sob alto
em pequenos lotes. risco, e não permite erros. Nesse sentido, um dos pontos críticos
é a seleção de quais fornecedores reúnem os requisitos para en-
26 27
frentarem esse desafio. Eles precisam se localizar a pequena dis-
tância do cliente, oferecer um alto nível de confiabilidade em suas
operações, de qualidade e de confiança, pois terão informações
compartilhadas do cliente, tais como seus planos de produção e
de investimentos.
Milk run
O Milk run é um sistema de coleta sincronizada de materiais de
um cliente, organizado em conjunto com alguns clientes estra-
tégicos e colocado em prática pela indústria automobilística na-
cional. Um veículo, contratado pela indústria automobilística, sai
coletando as peças que seus fornecedores teriam como compro-
Caso a – Operação convencional de armazenagem missos de entrega do dia, conforme programação antecipada.
28 29
Em termos operacionais, Milk Run necessita de programação Enfim, boa logística aumenta o faturamento das empresas,
conjunta das coletas, ou seja, a determinação da frequência e da já que poderão, por exemplo, ter melhor desempenho em seus
\ MILK RUN \ quantidade de peças necessárias para suprir a linha de produção e processos de gestão dos pedidos, desde o recebimentos dos ma-
é um sistema de realizar o planejamento de produção para um determinado, perío- teriais até a entrega dos produtos ser concretizada, sem erros; di-
coleta sincronizada de do com o menor estoque possível e maior precisão das entregas. mensionar melhor a demanda, de forma a não comprometer, em
materiais de um cliente, excesso, seus recursos com capital para a formação de estoques,
organizado em conjunto Figura 6 \ Ilustração de uma operação Milk run
nem perder vendas; gerenciar melhor as necessidades de espaço
com alguns clientes para armazenagem e transporte. Poderá também satisfazer mais
estratégicos e colocado seus clientes na qualidade do serviço a um custo competitivo.
em prática pela indústria
automobilística nacional.
Desta forma, podemos entender que o balizador
da geração de diferencias da logística é a qua-
lidade dos serviços em relação aos seus custos.
Vejamos o caso de como este equilíbrio pode acontecer. Para de-
terminados negócios, o cliente tem sempre necessidade de ter
o produto imediatamente após a necessidade aparecer. Se você
pensar na situação em que o carro de um amigo apresenta um
defeito, parece que o exemplo pode ser bem ilustrativo. Seu ami-
go vai buscar um diagnóstico e vai querer comprar a peça o mais
rápido possível para ter seu carro funcionando de volta. Uma boa
A Figura 6 ilustra uma programação de entrega nos moldes do casa de peças, na concepção dele, é aquela que ele procurou e
Milk Run. encontrou a peça. Ele vai falar para seus amigos e familiares. Vai
fazer propaganda de graça!
O Milk Run prevê, como nos casos anteriores, uma integração entre
fornecedores e o cliente principal para que os resultados almejados A loja de peças tem disponibilidade, uma primeira medida de lo-
sejam, de fato, alcançados: redução de estoques, de custos e de gística. Seu amigo ponderava o tempo que cada loja prometia pro-
prazos. Qualquer perturbação nos relacionamentos, seja por uma in- videnciar uma peça para ele, mas o que ele queria mesmo é ter a
formação mal compreendida, como, por exemplo, de programação peça imediatamente. Esta é uma medida de contraponto: o tempo.
da produção, ou problema técnico na produção de um fornecedor Quanto mais tempo transcorrer para a solução ou finalização de um
apenas, toda a produção do cliente ficará comprometida. serviço ou processo (de compra, por exemplo), pior é a logística.
Mas por que muitas lojas não tinham a peça e essa tal loja aben-
\ 1.3 \ çoada pelo seu amigo tinha em estoque? Será que ela tinha es-
Vantagens Competitivas geradas nos Processos tudos de vendas e fez uma boa previsão de demanda? Pode ser,
deve ser. Mas ter estoque implica em acumular alguns custos.
Logísticos Nesse caso, seu amigo continuaria satisfeito e falando bem, mes-
mo se a peça que ele conseguiu imediatamente custou um pouco
Como a logística gera competitividade? mais cara, digamos 7% mais, do que ele poderia obtê-la se pu-
desse esperar mais 4 dias.
A logística é, eminentemente, um serviço. Um serviço que acom-
panha um produto e, em muitas vezes, a avaliação de seu desem- Quer dizer, quem tem melhor logística, pode ter custos maiores
penho interessa até mais do que o produto. Por exemplo, quanto ou margens maiores, mesmo assim terá o reconhecimento de
mais rápido chega um pedido, melhor! Lojas ou fornecedores que sua competência.
têm sempre o que precisamos crescem em nossa reputação (e
assim nos fideliza). Se posso comprar o mesmo produto, mas um Mas nem sempre... Quando não é possível pagar nada a mais, aí
vendedor me oferece um preço inferior ao do seu concorrente, a logística vai gerar diferenciais quando conseguir fazer conforme
vou realizar a compra com ele, que conseguiu otimizar seus pro- o cliente precisa, ao custo que ele pode pagar.
cessos logísticos e assim transferir parte desses ganhos para o
preço.
30 31
Já pensou por que o minério percorre as maiores Tabela 1 / Algumas medidas de desempenho dos processos logísticos
distâncias utilizando o transporte ferroviário? O cliente se interessa por O que medir Para quê? Como?
Para saber se os
Hum, sim, mesmo sendo muito mais lento, o transporte ferroviário Horas utilizadas
equipamentos
é aquele que apresenta o custo que as mineradoras podem pagar, Produtividade do estão ficando muito
equipamento ociosos; para decidir
dado o preço do minério no mercado internacional. Caso contrário, se deveriam ser Horas totais de
as mineradoras perdem competitividade, perdem mercado. terceirizados operação
Acompanhamento
Como medir os diferenciais do negócio que Custo dos materiais
críticos
dos itens de custo para
definir necessidade
Variação % do Preço
de compra do Item
tiveram origem na logística? Custo
de repasse para preço
de compra i
32 33
\ 1.4 \ Produtos e embalagens podem ter seus fluxos gerenciados para
retornarem a um determinado ponto, e às vezes, até mesmo à
logística reversa sua origem, por diversas razões. Produtos defeituosos precisam
ter retorno para garantia, para serem reparados ou retirados do
Assim como há preocupações em colocar produtos e serviços mercado; produtos que venceram a vida útil, tais como pilhas e
prontos para consumo em determinados pontos e situações, há pneus, precisam de um descarte cuidadoso e adequado, pois são
também, e cada vez mais, preocupações que o consumo de fato extremamente nocivos ao meio ambiente; embalagens precisam
aconteça e com geração do mínimo de resíduos. Estas são as ser gerenciadas, pois são caras e, se recicladas, podem represen-
preocupações típicas da chamada Logística Reversa. Reversa tar boas economias. Esses são casos típicos de gestão de fluxos
porque os fluxos percorrem o caminho inverso ao tradicional, con- reversos, ou a chamada gestão da logística reversa.
forme ilustrado na Figura 7.
Figura 7 \ Ilustração dos fluxos tradicionais e reversos da logística Mas dá para imaginar que têm alguns
complicadores para a gestão da logística
MATERIAIS reversa. Você já consegue listar alguns deles?
NOVOS
Em geral, os fatores motivadores dos fluxos de logística reversa
PROCESSO LOGÍSTICO DIRETO
têm a ver com as preocupações do pós-venda ou o pós-consumo
(Figura 8). No pós-venda, o objetivo é recapturar valor de pro-
SUPRIMENTO PRODUÇÃO DISTRIBUIÇÃO
dutos que chegaram ao mercado, mas que apresentaram algum
problema e precisam retornar para um reparo. Isso, muitas vezes
pode assumir proporções astronômicas, como nos casos mais
MATERIAIS conhecidos dos recalls do setor automotivo ou em casos mais
REAPROVEITADOS PROCESSO LOGÍSTICO REVERSO isolados, como por exemplo o da IKEA, uma empresa sueca de
autosserviço que teve que retirar do mercado 29 milhões de cô-
modas (móveis de quarto) por apresentarem problemas de equi-
(a) logística tradicional líbrio – tombavam quando os usuários faziam movimentos para
pegarem ou guardarem seus pertences.
REVENDER Garantia e
EXPEDIR EMBALAR COLETAR
qualidade
RECONDICIONAR
Fim de uso
LOGÍSTICA Bens de
(b) logística reversa
REVERSA pós-consumo Fim de vida útil
Por exemplo, se você faz uma compra e quer fazer a devolução do
produto porque o mesmo não o agradou ou porque apresentou
algum defeito, vai ser iniciada uma operação de logística reversa.
O fluxo convencional ou tradicional foi o produto sair do fabrican-
te, chegar ao distribuidor e daí ao varejo de onde você o adquiriu.
Resíduos
Agora, percorrerá caminho inverso. Sairá da sua casa, irá para o
industriais
vendedor (varejo) e de lá para o distribuidor e, talvez, até o fabri-
cante. Sempre solitário. E somente isso é motivo para preocupa-
ção, pois já encarece bastante. Fonte: Costa; Mendonça; & (2013)
34 35
No pós-consumo, o objetivo é a sustentabilidade, o meio ambien- Uma maneira de reduzir a pegada tem sido aumentar o aprovei-
te. Estamos falando de produtos que já foram usados e não ser- tamento, ou seja, fechar o ciclo. Isso implica em desenvolver a
vem mais para o consumo. Nesse caso, a preocupação é a de logística reversa e planejá-la, para que o ciclo fechado seja reali-
que produtos que tenham alguma característica nociva ao meio dade. Ciclo fechado implica em fazer com que materiais usados a
ambiente tenham uma atenção especial, como nos casos dos pontos anteriores da rede, para reutilização ou reaproveitamento.
produtos tóxicos ou com prazos longos de degradação. Muitos Nesse caso, muitas vezes, novas cadeias são formadas, confor-
desses produtos já têm uma legislação específica e os fabrican- me a Figura 10 exemplifica.
tes são obrigados a organizarem a logística reversa, como no caso
Figura 10 \ Ilustração de cadeias formadas a partir de aproveitamento
de pneus e lâmpadas fluorescentes, e outros a logística é organi-
de resíduos
zada pois, o material pode ser reciclado, como no caso de jornais
e revistas. Resíduo Cadeias
• Refugo de
• Recalls
• Recalls • Produtos inservíveis
Quais as Dificuldades de Planejar e Gerenciar a
produção: sobras e • Garantia • Embalagens Logística Reversa?
• Embalagens
aparas – papel, tecido,
(p. ex. paletes) É diferente o planejamento e a gestão da logística reversa em
madeira, chapas
relação à logística tradicional. É certo!
• Final de contratos
• Produtos
de leasing De forma geral, os fluxos reversos são menos previsíveis em ter-
defeituosos:
alguns podem mos de pontos de origem e quantidades. Isso implica em uma di-
ser reprocessados ficuldade para o planejamento. Sem saber aonde e quanto deverá
e recuperados ser coletado, tudo fica mais difícil. Tudo fica para ser resolvido em
cima da hora. Além do mais, os agentes são menos sensíveis a
campanhas mercadológicas. É mais difícil convencer os consumi-
dores a levar os seus resíduos, por exemplo, a um ponto para que
Fonte: Correa (2010)
seja feita a coleta.
36 37
Parece que a legislação tem sido mais eficaz que qualquer Tabela 2 / Comparativo entre as diferentes origens das cargas de suprimento e a responsabilidade pelo frete
outra ação mercadológica. A PNRS - Política Nacional de Re-
síduos Sólidos – Lei 12.305/2010 é bastante avançada na de- RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO DO FRETE
finição de responsabilidades e penalidades na execução de FATORES DE ANÁLISE Empresa,
processos de disposição adequada para resíduos e a logística Fornecedor quando compra Empresa sempre
reversa tem papel fundamental. baixo volume
Nesse caso, a indústria é responsável pela coleta de pneus e ele- Ocorrência 20% 30,0% 50,0%
Ações no sentido de capacitar as empresas e seus funcionários a Em Santa Rita do Sapucaí , em Minas Gerais, cerca de 100 em-
aprimorarem a previsão de vendas e de suas estratégias de com- presas do setor eletroeletrônico se uniram para buscar a solução
pras podem ter fortes repercussões mercadológicas e de custos. comum para o problema do frete. As empresas chegaram a um
Como está estruturada esta estratégia, há ganhos de custos que acordo nos requisitos essenciais de cada serviço. Para o transpor-
precisam ser bem medidos em termos de perdas de vendas e te aéreo, precisam que o prestador de serviço apresente preço e
acréscimos de outros custos com compras em lotes pequenos e capilaridade (presença em diversos destinos).
emergenciais.
40 41
Para o transporte rodoviário, os requisitos eram mais complexos.
Eram necessários: 3 \ Escolha um site para fazer uma compra de um produto de um estabelecimento que
RESULTADOS • Preço; também tem loja física. Procure elaborar o processo das operações da empresa para
Redução de pelo menos • Capilaridade; aceitar concretizar uma venda para você.
45% no frete aéreo
• Frete mínimo;
Redução de pelo menos
• Prazo de entrega;
25% no frete rodoviário
• Frequência de coleta; Outras fontes sobre o tema:
• GRIS (Gestão de Risco – Seguro e outras precauções);
• tecnologistica.com.br é o site de uma revista especializada em logística para executivos.
• Reputação.
Assim, fizeram uma seleção das propostas e passaram a usar um • No endereço ilos.com.br, você pode encontrar informações sobre o ILOS - Especialistas em Logística e Supply Chain,
único prestador de serviço. Em geral, as empresas de pequeno que é um Instituto de formação e desenvolvimento de pessoas, bem como consultorias e assessorias em logística e
supply chain.
porte movimentam pequenos volumes, tanto nos suprimentos
quanto na distribuição, o que implica em operação de pequena
• ABRALOG é Associação Brasileira de Logística, um organismo de estudo, debate e divulgação da logística e supply chain
escala com impacto direto nas compras e no transporte. Aumen- no Brasil. Você pode buscar informações em abralog.org.br.
tar a escala operando com parceiros é uma forma de vencer es-
sas barreiras.
A cooperação e a colaboração devem acontecer nestas funções
iniciais e finais da cadeia de valor, já que têm maior potencial de
contribuição para as empresas de menor porte vencerem a com- \ Aplicação Prática
plexidade da cadeia de valor, pois essas são, justamente, as ativi-
dades de maior potencial de compartilhamento e de geração de
benefícios para os cooperados.
Caso Indústria de Móveis S/A
Todo esse cenário indica que compras em lotes maiores e mais Sinopse
frequentes e demandas frequentes de transportadores selecio-
nados podem proporcionar importantes ganhos financeiros e na William era recém-formado em Administração e tinha conseguido seu primeiro emprego na área
logística. Compras conjuntas e logística compartilhada, tanto nos de logística de uma grande fabricante de móveis, empresa líder no seu mercado de atuação.
suprimentos quanto na distribuição, podem ser os impulsionado- Ele ficou contente quando conheceu as suas atribuições de analista: poucas tarefas rotineiras e
res de benefícios para as pequenas e médias empresas. muitos estudos de custos, mercadológicos e de melhoria da operação. Após algumas semanas
de trabalho, percebeu que toda a demanda desses estudos estava parada pelo fato de todos na
empresa se ocuparem quase que totalmente com a rotina da área. Como o dia a dia consumia
o tempo das pessoas (incluindo a gerência), ninguém se dedicava a criticar os processos da
DESAFIO logística, apesar de serem cobrados para tal. Por um lado, William tinha um grande desafio nas
mãos: entender e propor melhorias de uma operação complexa. Era isso que o motivava. Por
outro, sabia que a expectativa em torno da sua contratação era grande e que precisava mostrar
1 \ Uma rede de loja de conveniências tem o objetivo de trabalhar com alto nível res- resultado rápido. O desafio ficou maior quando apurou alguns resultados da logística: a operação
posta ao cliente, o que equivale a alto nível de disponibilidade de produtos. Isto quer era deficitária e os clientes estavam insatisfeitos.
dizer que todas as vezes que acontecer de um cliente entrar na loja para comprar um
produto e não houver disponibilidade do item, este fato é considerado um problema A empresa
grave. Avalie as diferentes formas abaixo para se atingir o objetivo e nos riscos/ incon-
veniências de cada estratégia, considerando que o ponto central de cada uma seja: Fundada em 1964, a empresa é o maior fabricante de armários de cozinha do país e está entre
as três maiores indústrias de móveis do Brasil. A sede da empresa fica localizada no interior de
a) Transporte b) Estoque c) Instalações (lojas e depósitos) Minas Gerais. Nessa unidade são fabricados cerca de 13 mil armários de cozinha de aço por dia.
2 \ A empresas Tok&Stok (tokstok.com.br) vende móveis e outros acessórios domésti- Com forte presença nacional, a empresa possui 76 representantes revendendo sua linha de pro-
cos com design modernos a preços competitivos. Entre no site da empresa e pro- dutos em 18.500 pontos de vendas espalhados por todo o Brasil. O público-alvo dos produtos
cure entender o público-alvo, o modelo de negócio e como a estratégia da empresa está nas classes B e C; a empresa é líder neste mercado, com 40% de market share.
define as características de sua logística, que podem ser percebidas nas suas lojas.
42 43
Os armários da empresa são reconhecidos no mercado como de alta qualidade, especialmente A distribuição dos armários de aço era de responsabilidade da transportadora da própria em-
pela durabilidade que apresentam. Na última década, a empresa vem investindo em design, presa, que transportava exclusivamente produtos do grupo. Os 120 veículos da transportadora
diante das mudanças do mercado consumidor, que passou a priorizar este quesito. A arquite- escoavam 80% do volume da empresa, a partir do armazém anexo à fábrica em Ubá-MG. Os
tura do produto é modular, o que permite fazer alterações no portfólio com alguma facilidade. 20% restantes do volume estavam nas mãos de autônomos agregados; quase a totalidade
Basicamente, o que gera diferenciação, em termos de design, para os clientes são a porta e os desses prestava serviço de forma contínua e ficava alocado para uma rota específica. Os pro-
puxadores dos armários. Os demais itens do corpo do produto são padronizados e comuns a dutos eram transportados desmontados.
diversos tipos de produtos.
Os varejistas de pequeno e médio porte não possuem lote mínimo para compra. Isso gera
Tampo
um elevado número de entregas por veículo; quase 90% dos caminhões precisam visitar uma
Laterais e prateleiras internas Partes comuns e vários SKUs média de 40 clientes, antes de retornar à fábrica. Por dia, eles conseguiam fazer de 6 a 8 en-
Base tregas, pois se gastava muito tempo no deslocamento entre clientes; em alguns casos, um
caminhão faz entregas em mais de dez cidades antes de completar a sua rota. Além do tempo
dispendido entre as entregas, os motoristas gastavam muito tempo no descarregamento do
caminhão, especialmente em pequenos varejistas onde não era raro não ter espaço físico
disponível para receber o pedido. Tão logo terminavam as entregas, os motoristas retornavam
Puxadores à base para serem carregados novamente.
Partes mais específicas para cada modelo ou SKU
Portas
Os veículos e motoristas eram, preferencialmente, alocados para uma mesma região. Acredi-
tava-se que isso facilitava a distribuição, pelo fato de esse motorista conhecer as entradas, os
A principal matéria-prima é o aço, adquirido em bobinas da Usiminas de Ipatinga-MG, cidade ajudantes (chapas) de cada cidade e por desenvolver contato com o cliente. Isso muitas vezes
267 Km distante. Outros grandes fornecedores estão localizados em São Paulo: de tintas em se refletia na programação da disponibilidade dos estoques da fábrica, pois os pedidos dos
Cajamar e de embalagens em Araçariguama. A produção é make-to-stock e é destinada em clientes eram programados de acordo com a disponibilidade dos caminhões para as regiões.
sua maioria – 60% - para pequenos e médios varejistas. O restante é comercializado para
grandes varejistas, como Casas Bahia, Magazine Luiza, Ponto Frio e Lojas Marabraz, cujos A fábrica pagava um preço de mercado pelo frete da transportadora própria. Contudo, a opera-
centros de distribuição estão localizados na região metropolitana de São Paulo. Independente- ção da transportadora sempre foi deficitária. Além disso, muitos clientes reclamavam do alto
mente do porte do varejista, é possível observar um pico de pedidos para a fábrica de outubro leadtime de entrega do pedido. Um estudo realizado com outros fabricantes de móveis mos-
a dezembro. trou que os melhores concorrentes possuem, pelo menos, metade do leadtime da empresa,
quando comparadas nas mesmas regiões.
Distribuição
PRINCIPAIS CAPITAIS DISTÂNCIA Questões propostas:
Belo Horizonte - MG 280 Km
1 \ Discuta a importância e as situações em que é conveniente a frota própria para o negócio.
Rio de Janeiro - RJ 290 Km
São Paulo - SP 581 Km 2 \ A empresa relata que seus custos com a logística de distribuição são superiores aos fre-
Brasília - DF 972 Km tes de mercado. Porém, persiste no modelo. A empresa parece não confiar nos prestadores
Salvador - BA 1431 Km de serviço do mercado. Idealize um plano que possa resolver este problema da distribuição.
Natal - RN 2386 Km
3 \ Como você analisa o canal de distribuição utilizado pela empresa?
Belém - PA 2926 Km
Cuiabá - MT 1806 Km
4 \ Se o formato do canal de distribuição estivesse concentrado mais em distribuidores e/ou
Curitiba - PR 992 Km grandes varejistas, quais seriam as mudanças fundamentais (destaque as vantagens e des-
Porto Alegre - RS 1720 Km vantagens)?
PERCENTUAL DO
5 \ Se houvesse alteração na forma de consolidação (centralização/descentralização dos es-
ONDE ESTÃO OS
CLIENTES? (REGIÕES)
VOLUME TOTAL DO toques), qual alteração deveria acontecer no sistema de produção?
MERCADO DOMÉSTICO
Norte 5%
6 \ Qual o impacto da definição da prioridade geográfica das vendas (por exemplo, zerar ven-
Nordeste 35% das para a Região Norte) poderia ter para minimizar o problema que está tirando o sono do
Centro-Oeste 7% William?
Sudeste 35% 7 \ Discuta o papel da logística reversa de produtos defeituosos e assistência técnica ou
Sul 8% mesmo carga de retorno nas decisões acima (centralizar/descentralizar, abrangência geográfi-
ca das vendas, canal de distribuição).
44 45
2
LOGÍSTICA NAS
DÊ uma olhada...
CADEIAS DE
SUPRIMENTOS
Quando a logística for bem pensada e bem implementada, a empresa terá facilidades para se integrar em redes de negó-
cios e formar parcerias de sucesso.
E, a cada dia, as empresas buscam parceiros competitivos para fazerem negócios. E formam uma cadeia que chamamos
de cadeias de suprimentos, nosso próximo assunto.
46 47
que as funções dos elos devem sempre ter responsáveis claros.
Por exemplo, o cliente final não conseguirá comprar um produto
\ 2.1 \ se não houver o varejo ou algum responsável pelo acesso, como
cadeias de Suprimentos: Conceito e Estrutura por exemplo as vendas pela internet. Por outro lado, a empresa
pode produzir e não usar o distribuidor, mas terá que assumir a
Podemos entender a cadeia de suprimentos como a união entre responsabilidade de fazer a distribuição, caso contrário o produto
vários compradores e vendedores em sequência, que criam um não chegará ao varejo para o cliente final poder adquirir.
processo de gestão de relacionamentos, informações e fluxos
de materiais para entregar valor ao cliente final. Essas empresas Um dos impactos marcantes desta nova estratégia das empre-
agem de forma integrada, compartilhando informações, prêmios sas concorrerem em rede foi a definição de um novo perfil para
e riscos; cooperando; tendo metas e focos comuns; atuando em a área de compras das empresas. No passado, essa área tinha
parcerias no longo-prazo, de forma organizada. A Figura 11 ilustra perfil eminentemente financeiro e seus processos eram simples:
uma cadeia de suprimentos. recebiam uma lista de itens, localizam fornecedores, faziam a co-
tação e realizavam as compras.
As cadeias de suprimentos, tradicionalmente, têm 5 estágios ou A Embraer passou a ser a gestora de estoque de peças da Azul. A Azul
elos: cliente final, varejo, atacado, manufatura/serviços, fornece- teve significativas economias. A Embraer ganhou um cliente fiel.
dor. Esses estágios ou elos demarcam funções. Isso quer dizer
48 49
\ 2.2 \ \ 2.3 \
O Papel da Logística nas Cadeias de Objetivos, Medidas de Eficácia e Ferramentas
Suprimentos das Cadeias de Suprimentos
O papel da logística nas cadeias de suprimentos está baseado O objetivo das cadeias de suprimentos é a geração de valor.
em suas atividades primárias – transporte, estoques, instalações Para os clientes, valor pode ser medido pela diferença entre o va-
e informações. A logística ajuda a promover a integração entre lor pago e o benefício obtido. Para os integrantes da cadeia, valor
as empresas, que dessa maneira a cadeia se capacita a entre- pode ser medido pela lucratividade alcançada. Ok, já sabemos.
gar o máximo valor. E tudo acontece, as empresas realmente se Mas como medir se os objetivos estão sendo alcançados?
integram e melhoram resultados, se a logística funciona bem. A
Figura 12 procura resumir as interfaces e papéis da logística nas A principal medida de eficácia de uma rede é a conjugação entre
cadeias de suprimentos. a disponibilidade de produtos/serviços ao cliente final e o custo
alcançado para tal disponibilidade. Se não tiver produto, não há
venda. Se tiver produto a um preço não competitivo, em razão de
um custo alto, a venda também não ocorrerá.
Atendimento às Assim, algumas ferramentas são utilizadas para atingir maior nível
Logística de eficácia em termos de disponibilidade de produtos no merca-
questões básicas
integrada com Logística
levantadas pelo do, como veremos em seguida.
fornecedores Logística interna que viabilize o integrada com
cliente final:
para baratear atendimento do mercado com preços distribuidores e
Necessidade –
a produção e
garantir fluxo
competitivos e prazos prometidos
– gestão ao estoques, informações
grandes redes
de varejo para o
que produto? MRP - Material Requirement Planning
Disponibilidade
de informações entre os setores, compras alinhadas produto chegar
– onde e quando O MRP – Material Requirement Planning – foi um conceito de-
e materias às necessidades da produção, ao cliente final
consegui-lo? senvolvido nos anos de 1960 quando a indústria constatou que a
e serviços produção alinhada às avaliações – informações,
Qualidade de
de qualidade do mercado e vendas efetivas. produtos e fluxo complexidade da produção era crescente.
Serviço – serão
e com financeiro.
confiáveis?
confiabilidade.
Preço – quanto? A cada dia, mais e mais itens eram incorporados
Aos produtos, que ganhavam uma diversidade
Figura 12 \ Interfaces da logísti- Por exemplo, as promessas no momento das vendas e a gestão de funcionalidades, e ao mesmo tempo, peças e
ca com os sistemas internos e na das informações do processo das entregas implicam na satisfa-
ção do cliente. Se prometer e não cumprir e se não tiver informa-
componentes.
cadeia de suprimentos
ções para dar, insatisfação é gerada e valor é perdido. O MRP parte, então, da necessidade de planejar e controlar ope-
rações de forma mais eficiente, tendo como meta principal o aten-
Além do mais, a sincronização da capacidade de suprimentos
dimento ao cliente final, mas também reduzindo a formação de
e das necessidades da demanda é fundamental para honrar os
estoques. É um planejamento formado a partir de informações di-
compromissos e cumprir os prazos de entrega acertados. Isso
versas, tais como o plano de produção ou o chamado MPS (Mas-
implica em tomar decisões acertadas sobre a localização de de-
ter Production Scheduling); os pedidos; as previsões de vendas;
pósitos, a cobrança de desempenho de clientes, a contratação
as listas de itens para produção e os itens em estoque e gera o
de serviços de transporte, as políticas de eliminação de desperdí-
planejamento das compras e da produção, conforme a Figura 13.
cios, os planos de investimentos em capacidade de lançamento
de novos produtos e de logística reversa.
50 51
Figura 13 \ Ilustração da integração do MRP ao planejamento de Além do mais, percebemos que os assentos, por exemplo, geram
produção de uma empresa itens, como almofadas e ripas. Assento é um item pai, nesse
nível.
CARTEIRA DE PREVISÃO
PEDIDOS
MPS
DE VENDAS • Necessidade bruta: quantidade e tempo das necessidades to-
tais de um material em particular, sem considerar disponibili-
dades de estoques ou recebimento programados.
LISTA DE REGISTRO DE
MRP • Necessidade líquida: necessidades totais de um material em
MATERIAIS ESTOQUE
particular, considerando-se os estoques.
• Lead time: prazo computado entre o início de primeira ativida-
ORDENS DE PLANOS DE ORDENS DE de até a conclusão da última, em séries de atividades.
COMPRA MATERIAIS TRABALHO
1000
(estava
Recebimentos
programado um
programados recebimento)
Recebimentos
1000 2000 1000 1000 1000
planejados
Liberação
de pedidos 1000 2000 0 1000 1000 1000 0 0
planejados
Compra de
grafites para lotes
MÚLTIPLOS de 1.000 1 2 3 4 5 6 7 8
unidades
Necessidades
brutas de grafites
(A produção planejada de
lapiseiras para o período)
Recebimentos
1000
programados
Estoque
300
disponível
projetado
Recebimentos
planejados
Liberação
1000
de pedidos
planejados
MPS
bruta
ordens
cadeira
lote = 1
Estoque
Estoque
PERNA
Prazo de
Plano de
LOTE = 1
MRP para
disponível
inicial = 15
entrega = 1
liberação de
Tamanho do
programado
Necessidade
programados
LEAD TIME =2
Recebimentos
EST. DE SEG = 40
0
1
15
2
10
10
25
20
LOTE = 40
LEAD TIME =2
BARRA CURTA
25
BASE
LOTE = 1
LEAD TIME =1
10
15
15
LOTE = 40
LEAD TIME =2
BARRA LONGA
10
25
produção de uma cadeira
conforme a Figura 15.
DIAS
0
LOTE = 1
ASSENTO
LOTE = 1
35
35
CADEIRA
LEAD TIME =1
LEAD TIME =1
0
0
15
LOTE = 1
0
ENCOSTO
15
15
LEAD TIME =1
COSTAS
LOTE = 1
0
0
15
LEAD TIME =1
0
10
15
15
LEAD TIME =1
a produção de uma cadeira com os seus diversos componentes,
55
DIAS DIAS
Necessidade Necessidade
bruta
0 0 0 0 25 0 15 0 15 bruta
0 0 0 0 0 0 0 15
Recebimentos Recebimentos
programados programados
10
Estoque Estoque
programado 40 40 40 40 15 15 0 0 0 programado 3 3 13 13 13 13 13 0
disponível disponível
Plano de Plano de
liberação de 15 liberação de 2
ordens ordens
DIAS DIAS
Necessidade Necessidade
bruta
0 0 0 0 25 0 15 0 15 bruta
0 0 0 0 0 0 0 15
Recebimentos Recebimentos
programados
15 programados
Estoque Estoque
programado 0 0 15 15 0 0 0 0 0 programado 10 10 10 10 10 10 10 35
disponível disponível
Plano de Plano de
liberação de 10 15 15 liberação de 40
ordens ordens
56 57
DIAS
MRP para
perna
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
DIAS
Estoque
inicial = 50 MRP para
barra longa
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tamanho do
lote = 1 Estoque
inicial = 30
Prazo de
entrega = 2 Tamanho do
lote = 40
Estoque de
Prazo de
segurança = 40
entrega = 2
Necessidade Necessidade
bruta
0 0 0 40 0 60 0 60 bruta
0 0 0 20 0 30 0 30
Recebimentos Recebimentos
programados
50 programados
10
Estoque Estoque
programado 50 50 100 60 60 40 40 40 programado 40 40 40 20 20 30 30 0
disponível disponível
Plano de Plano de
liberação de 40 60 liberação de 40
ordens ordens
DIAS DIAS
Estoque Estoque
inicial = 30 inicial = 0
Tamanho do Tamanho do
lote = 40 lote = 1
Prazo de Prazo de
entrega = 2 entrega = 1
Necessidade Necessidade
bruta
0 0 0 20 0 30 0 30 bruta
0 0 0 10 0 15 0 15
Recebimentos Recebimentos
programados
10 programados
15
Estoque Estoque
programado 40 40 40 20 20 30 30 0 programado 0 0 15 5 5 0 0 0
disponível disponível
Plano de Plano de
liberação de 40 liberação de 10 15
ordens ordens
58 59
MRP II tabela 4 \ Previsão e vendas efetivas de lanches
Uma outra situação que deve ser evitada é fazer previsão para
grandes grupos, quando o verdadeiro interesse está num grupo
menor ou num produto. Veja a Tabela 4, por exemplo. Compa-
t
rando-se a previsão da venda de lanches de uma loja feita há um 0 1 2 3 4 5
ano a com as vendas efetivas, constata-se que as vendas totais
efetivas foram superiores em apenas 2,4%. Figura 16 \ Ilustração de uma série com trajetória de tendência linear
60 61
da reta, dada pelo coeficiente angular b e o intercepto a valores Enquanto
futuros podem ser estimados. ∑y - b∑t 812-6,3(15)
a = ou a =
n 5
Assim, a Equação da Tendência Linear é expressa por:
Então, a=143,5
Yt = a + bt Se quisermos usar para efeito de previsão de vendas para a 7ª se-
mana, diríamos que as vendas previstas seriam de 187,6 unidades
Sendo:
resultado da substituição simples na equação deduzida:
62 63
Nessa situação, as vendas são dependentes dos gastos com pro-
pagandas e não mais, simplesmente, do tempo, como no caso
anterior. DESAFIO
a= Y - bX 1 \ Imagine que você seja um empreendedor do setor de restaurantes. Defina um segmento
ou especialidade. Agora, reflita:
∑XY - nXY
b = a) Quais seriam as decisões mais importantes, pensando no cliente?
∑X2 - nX2
b) Quais seriam as decisões mais importantes, pensando nos fornecedores?
a = -8,137 e b=109,230, então,
c) Como estas decisões influenciam as operações logísticas e a cadeia de suprimentos de
sendo seu negócio?
Y= a + bX
2 \ O departamento de produção de uma empresa tem uma previsão de utilização de parafu-
então Y= -8,137 + 109,23X sos, no processo de manufatura, conforme apresentada na tabela abaixo, ainda incompleta:
1 400
3 \ A Cia. Goiás Velho S.A., fabricante de conectores, recebeu uma encomenda de 1.200 con-
juntos extensão-tomada, cuja árvore de estrutura é a seguinte:
2 380
CONJUNTO
3 411 EXTENSÃO-TOMADA
Se as vendas nos dias seguintes aumentam, os pedidos das lojas ao centro de logística terão
Saiba mais! mais volume. Os designers também podem trabalhar para criar modelos semelhantes. Gru-
pos dependentes também, constantemente, comunicam o que é bem sucedido e o que não
é. A cadeia de informação pode ir preenchendo as lacunas. E, com as vendas pela internet, as
Para entender mais e mais o que se passa no mundo dos negócios e como as empresas têm obtido valores dos relacio- fontes de informação se multiplicam: pode-se saber quais os modelos atraem mais atenção
namentos, procure leitura sobre os temas Procurement, novas funções das Compras nas empresas e Relacionamentos dos clientes, quais são comprados em um determinado momento dia ou que cores geram
colaborativos. mais visitas.
É isso aí. Tentar ser competitivo sozinho não dá mais. É preciso encontrar bons parceiros e fazer alianças!
No Fascículo 2, você encontrará mais caminhos para a empresa se preparar e se qualificar para as parcerias, sempre
como foco simultâneo em custos e qualidade.
Referências da Unidade
Bertaglia, P. R. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. (Saraiva, 2009).
Bowersox, D. J.; Closs, D. J. & Cooper, M. B. Gestão da Cadeia de Suprimentos e Logística. (Ed. Campus, 2008).
Correa, H., Gianesi, I. G. N., Caon, M. Planejamento, Programação e Controle da Produção. (Atlas, 2001).
Costa, Lourenço; Mendonça, F. M & Souza, R. G. O Que é Logística Reversa. In: Valle, R.& Souza R. G. Logística
Reversa – Processo a Processo. (Átlas, 2013, Cap. 2).
Ikea to Recall 29 Million Dressers, Chests in U.S. The Wall Street Journal, Business, 28/06/2016.
Martins, R. S. Colaboração nos processos logísticos de empresas pequeno e médio portes em arranjos
produtivos. Revista da Micro e Pequena Empresa (FACCAMP). v.7, p.46 - 95, 2013.
Nueve cosas que han hecho de Inditex la mayor empresa textil del Mundo. El Pais, Economia, 17/03/2015
Retailers Rethink Inventory Strategies. The Wall Street Journal, Business, 14/07/2016.
SEBRAE-MG. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Diagnóstico e Plano de Ação da Logística
do Arranjo Produtivo da Indústria do Vale da Eletrônica. Belo Horizonte, Sebrae, 2012 (Projeto apoiado pelo Banco
Interamericano de Desenvolvimento - BID).
Wal-Mart Expands Free Two-Day Shipping. The Wall Street Journal, Business, 29/06/2016.
Western Firms Like Adidas Rise of the Machines is Fueled by Higher Asia Wages.
The Wall Street Journal, Business, 09/06/2016.
68 69
parte 2
70
Unidade de Estudo 2
PRA COMEÇO
GESTÃO DOS ESTOQUES E DE CONVERSA...
QUALIDADE NA LOGÍSTICA
LOGÍSTICA
GESTÃO DA
QUALIDADE TOTAL
Keywords
Logística; Armazenagem;
Estoque; Qualidade. Figura 2 \ Formas de armazenamento
72 73
3
GESTÃO DOS
ESTOQUES
\ 3.1 \
Por que mantemos estoques?
Vamos iniciar nosso estudo procurando entender o que é o es-
toque. Vimos que o estoque é uma atividade primária da logísti-
ca e que procura equilibrar a quantidade demandada com aquela
ofertada pelo mercado. Assim, podemos dizer que: estoques são
acúmulos de recursos materiais, entre etapas de um processo
de transformação, e são necessários porque agem como amor-
tecedores entre a oferta e a demanda. Pensando em termos de
logística, podemos afirmar que o estoque agrega valor de tempo?
Sim, pois o estoque possui a função de disponibilizar o produto ao
cliente no momento em que este deseja consumi-lo.
PAIS
MARIA
JOAQUINA
AVÓS
PADRINHOS
Há também situações que podemos considerar inevitáveis, como Quando pensamos em planejar e controlar o estoque existem
tempo de suprimento do produto pelo fornecedor, localização do alguns propósitos que precisamos seguir. Esses propósitos são
fornecedor, em alguns casos o LEC (lote econômico de compras), objetivos constantes em diversos tipos de negócios e, podem ser
oferta e demanda, nível de serviço, recursos financeiros, entre vistos no Quadro 1.
outros. As situações inevitáveis são aquelas em que há a defini-
ção de possuir estoque para que o cliente seja atendido no mo- QUADRO 1 \ Objetivos do planejamento e controle do estoque
mento de sua necessidade.
Adicionalmente, vale lembrar que a gestão do estoque busca evi- Assegurar o suprimento adequado de matéria-prima, material auxiliar,
tar a falta de materiais, tanto para o processo de produção dos peças e insumos ao processo de fabricação.
produtos acabados quanto para a revenda dos mesmos. É impor-
tante que seja dada a devida atenção à capacidade financeira da
empresa de investir em estoque. Isso quer dizer: temos condi- Manter o estoque o mais baixo possível para atendimento compatí-
vel às necessidades vendidas.
ções financeiras de investir em estoque?
20%
FIGURA 5 \ Ilustração dos tipos de estoque em uma indústria
O estoque de matéria-prima é definido como o material bruto que Essa relação demonstrada no Gráfico 1 pode ser explicada da se-
irá sofrer transformações no processo produtivo da indústria. O guinte maneira: imagine que no estoque de uma sorveteria haja
estoque em processo ou WIP são os materiais que já se encon- entre picolés e sorvetes uma variedade de 90 produtos que são
tram em processo de fabricação, mas também podem estar na oferecidos aos clientes. Nesse mix de produtos há aqueles que
situação de semiacabados. O estoque de produto acabado é o vendem mais e aqueles que vendem menos. Ao considerarmos o
estoque do produto final, é o item produzido e que é enviado aos Princípio de Pareto nessa sorveteria entenderemos que 80% das
clientes. vendas dos picolés e sorvetes estão concentrados em 20% da
variedade dos produtos.
Ao verificar os itens que estão em estoque, As classes A, B e C são explicadas da seguinte maneira: os itens
você acredita que todos os itens possuem caracterizados como classe “A” são os itens mais importantes,
o mesmo custo na formação do estoque? são aqueles que possuem maior valor ou maior rotatividade; já
os itens da classe “B” são os itens intermediários; e, os itens
A mesma procura pelos clientes? menos importantes em valores ou rotatividade são os de classe
“C”. Essa lógica da Curva ABC tem sido aplicada com frequência
Ao analisarmos o estoque, iremos perceber que há itens que nos quatro tipos de estoque (matéria-prima, em processo, pro-
possuem um custo de formação de estoque maior que outros e duto acabado e manutenção e consumo), além de ser também
que há itens com maior procura em relação a outros. Conscientes utilizada em outras áreas da administração.
78 79
A Curva ABC é utilizada para identificar os itens que requerem tabela 2 \ 2ª etapa: Cálculos da curva ABC
mais atenção e que precisam ser acompanhados com ações mais
% sobre o valor
direcionadas. Esses produtos são os de classe A e são eles que Produto (1)
Valor Movimentado Valor movimentado
movimento Sequência (5)
R$ (4) acumulado R$ (6)
recebem grande parte da atenção dos gestores. Os itens da clas- acumulado (7)
se B são de relevância intermediária e, os de classe C são volu- CHOC-61 922,50 922,50 45% 1
mosos, contudo, com pouca relevância em termos monetários.
CHOC-4 338,52 1.261,02 61% 2
A aplicação da curva ABC pode ser dividida em três etapas. A CHOC-73 202,30 1.463,32 71% 3
primeira etapa está representada na Tabela 1. Considere as ven- CHOC-19 184,50 1.647,82 80% 4
das de dez tipos diferentes de chocolate por uma padaria. Ela se CHOC-47 108,78 1.756,60 85% 5
processa da seguinte forma:
CHOC-25 95,84 1.852,44 90% 6
• (1) relacionar todos os chocolates que foram vendidos em um
CHOC-18 95,68 1.948,12 94% 7
período determinado;
CHOC-33 43,20 1.991,32 96% 8
• (2) para cada chocolate registra-se o custo unitário e a sua
venda CHOC-15 41,60 2.032,92 98% 9
PERCENTUAL ACUMULADO
CHOC-47 5,18 21 108,78 5 100
C HO C - 33 21,6 2 43,20 8
80
CHOC - 61
CHOC - 73
CHOC - 47
CHOC - 25
CHOC - 33
CHOC - 49
CHOC - 18
CHOC - 19
CHOC - 15
CHOC - 4
• (7) calcular o percentual sobre o valor movimentado acumula-
do, para cada item. Esse percentual da movimentação acumu-
lada é calculado a partir da divisão do valor de movimentação
acumulado de cada item, com o valor total acumulado (último
Fonte: Adaptado de Corrêa (2010)
item) e multiplicado por 100.
80 81
Observe no Gráfico 2 que, na região classificada como A, dois
itens são responsáveis por grande parte do percentual acumula-
\ 3.3 \
do. Por conseguinte, esses itens devem receber muita atenção Fundamentos para a armazenagem
na gestão e controle do estoque. Os esforços dispendidos para
controlar os estoques da classe A irão trazer maior vantagem fi- Um ponto comum entre as empresas que possuem estoque é a
nanceira e mercadológica para a empresa. Um esforço similar dis- codificação de produtos. As empresas utilizam códigos para iden-
pendido nos itens da classe C irá trazer um resultado financeiro e tificar seus produtos. Em sua opinião, por que as empresas codi-
mercadológico inferior para a empresa. ficam os materiais?
segurança \ atender a uma demanda que seja maior que a quantidade prevista
A estrutura de produto é utilizada principalmente por empresas
para o estoque em um determinado período.
O estoque de segurança que possuem o processo de transformação e que utilizam a fer-
é o estoque mantido ramenta de tecnologia da informação denominada MRP. O MRP
com a finalidade de Sendo assim, precisamos possuir o estoque de pode ser traduzido como planejamento das necessidades de ma-
atender a uma demanda
que seja maior que a
segurança? teriais e utiliza dos códigos e da estrutura de produto para calcular
e gerar as necessidades de materiais a serem produzidas e/ou
quantidade prevista adquiridas.
Como as previsões de demanda não são precisas e isso pode le-
para o estoque em um
var à falta de produto, o estoque de segurança traz uma garantia
determinado período.
de atendimento à demanda real. Nesse sentido, o estoque de se-
gurança evita a falta de produto, caso a demanda real ultrapasse figura 6 \Codificação alfanumérica em uma estrutura de produtos
a demanda prevista.
CA034
Os estoques de segurança possuem como finalidade o atendi- Caneta NIC
mento pleno dos clientes internos ou externos da empresa. Eles
1 1 1
proporcionam uma continuidade no abastecimento, mesmo nos
CR058 CG023 TP009
casos em que a demanda exceda a quantidade prevista e/ou o Corpo N Carga N Tampa N
fornecedor tenha apresentado algum problema de suprimento.
10g 1g
ARMAZÉM DE PRODUTO ACABADO Assim, a embalagem pode ser tratada pela área industrial e pode
PRATELEIRA 1 PRATELEIRA 2 PRATELEIRA 3
ser tratada pela área do marketing. Dependendo do enfoque, a
embalagem terá objetivos diferentes. Se o enfoque for o marke-
RUA A ting, a embalagem será desenvolvida visando o consumidor; se
o enfoque for a área industrial, a embalagem será desenvolvida
PRATELEIRA 4 PRATELEIRA 5 PRATELEIRA 6 visando à logística.
PRATELEIRA 7 PRATELEIRA 8 PRATELEIRA 9
As embalagens com enfoque logístico são pensadas e desenvol-
RUA B
vidas para facilitar e trazer maior eficiência e eficácia às operações
PRATELEIRA 10 PRATELEIRA 11 PRATELEIRA 12
logísticas. Caso a embalagem não cumpra com esses objetivos,
o desempenho dos processos logísticos é afetado e, consequen-
temente, o atendimento ao cliente e o faturamento da empresa.
ANDARES PRATELEIRAS Isso é possível, porque a embalagem impacta os custos logísti-
cos, tanto da empresa quanto da sua rede de suprimentos.
A1 A2
B1 B2
As embalagens logísticas devem ser capazes de
C1 C3
movimentar e/ou transportar uma quantidade significativa
D4 D4 de produtos, de forma segura e adequada. Normalmente,
os produtos são agrupados em caixas de papelão,
recipientes plásticos, tambores, fardos, barris, entre
A Figura 7 trata de um armazém de produto acabado que possui outros. Ademais, a embalagem traz consigo uma
doze prateleiras, cada uma identificada de forma numérica, e pos- comunicação silenciosa. Essa comunicação silenciosa
sui duas ruas identificadas pelas letras A e B do alfabeto. Além é um apelo mercadológico que a embalagem logística
disso, cada prateleira possui 4 andares e cada andar possui dois também possui, mesmo que em menor intensidade
apartamentos. Dessa forma, ao identificarmos o cubo presente quando comparada à embalagem de marketing.
na Figura 7, temos o seguinte endereço ou localização:
84 85
A carga unitizada é um tipo de embalagem que une vários
Documentos no controle e movimentação
volumes menores em uma única unidade. Podemos dizer de estoque (WMS – Warehouse Management
também que é a transformação de unidades simples em Systems)
unidades múltiplas. A carga unitizada busca melhorar o
aproveitamento dos espaços de armazenamento, alocando Como vimos, o estoque é a diferença da entrada e saída de mate-
maior quantidade de produtos em um mesmo espaço. riais. As entradas de materiais no estoque acontecem através da
Além disso, é capaz de possibilitar a movimentação Nota Fiscal (NF).
e o transporte de uma maior quantidade de produtos
por viagem. Para utilizar a carga unitizada, a empresa
precisa ter os equipamentos de movimentação, como
por exemplo, o palete e o contêiner, pois as unidades
unitizadoras transformam as operações em algo mais A Nota Fiscal possui as seguintes informações: descrição,
complexo e pesado. código, quantidade, unidade de medida, valor unitário e
total do material; fornecedor; entre outros.
figura 8 \ Palete PBR O registro da nota fiscal no estoque irá gerar outros controles,
como financeiro e contábil. Enquanto o produto estiver no esto-
que da empresa, ele deverá constar nos registros do estoque.
Isso significa que a empresa possui aquele item disponível para
futuras vendas ou consumo interno.
INÍCIO
CONTROLE DE
WMS WMS
MANTER OS
WMS
ESTOQUE
RECEBER OS ARMAZENAR OS
PRODUTOS EM
PRODUTOS PRODUTOS
ESTOQUE
NF
WMS WMS
NF OS
Iremos considerar que os custos são valores gastos no processo
produtivo de bens e/ou serviços. Os custos em uma empresa
podem ser classificados em custos diretos e custos indiretos. Os
custos diretos são aqueles que estão “diretamente” relaciona-
dos com o produto ou serviço que está sendo ofertado pela em-
presa. Como exemplo temos a mão de obra utilizada na produção
e/ou serviço prestado. Já os custos indiretos têm a sua parcela
de contribuição para a produção e/ou serviço, mas temos dificul-
dade de relacioná-la à unidade produzida. Como exemplos, temos
os gastos com manutenções de máquinas e de equipamentos.
\ 4.1 \
Valoração dos estoques
A preocupação com os valores monetários do estoque, ou com
o valor financeiro investido no estoque, é importante e essencial
no ambiente das empresas. Porque uma imobilização de recursos
em estoque maior que a capacidade financeira da empresa pode
levá-la à falência. Esse extremo pode ocorrer, porque o capital
da empresa estará investido em produtos e, não haverá recurso
suficiente para o seu capital de giro.
• PEPS - Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair ou FIFO – First in, 100 12,00 1.200,00
FIFO
First out. 150 12,45 1.867,50
Custo Médio
valor do estoque: 3.690,00 - 3067,50 = 622,50
Baseia-se na aplicação dos custos médios em lugar dos custos
efetivos. Os valores finais de saldo são dados pelo preço médio
Método Quantidade Custo Total
dos produtos.
100 12,00 1.200,00
A avaliação por esse método é a mais frequente, pois seu proce- FIFO
200 12,45 2.490,00
dimento é simples e, ao mesmo tempo, age como um modera-
300 12,30 3.690,00
dor de preços, eliminando as flutuações que possam ocorrer. O
exemplo do custo médio pode ser visto na Tabela 3. - 250 12,30 - 3.075,00
PEPS - Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair ou FIFO valor do estoque: 3.690,00 - 3.075,00 = 615,00
– First in, First out
Veja que havia um estoque de 100 chocolates em 31/1/15 e en-
Esse método respeita a cronologia das entradas e saídas dos traram mais 200 chocolates em 1º/2/15, totalizando um estoque
produtos no estoque. Assim, sempre que ocorrer uma saída de acumulado de 300 chocolates. O custo dos 100 chocolates em
produtos, a sua baixa ocorrerá de acordo com a(s) data(s) de en- 31/1/15 era de R$ 1.200,00, já que o custo individual de cada cho-
trada(s) desse produto na empresa: o primeiro que entrou será o colate era de R$ 12,00. Já o custo dos chocolates recebidos em
primeiro a ser baixado contabilmente. 1º/2/15 era de R$ 3.690,00, já que o custo individual de cada cho-
colate aumentou para R$ 12,45.
Fisicamente, a empresa opta em utilizar ou não o FIFO, contu-
do, se o método de valorização do estoque for determinado pelo Ao vender 250 chocolates em uma ação promocional, podemos
FIFO, contabilmente, o primeiro lote a entrar será o primeiro lote perceber a diferença entre os métodos de valorização do esto-
a ser consumido. que:
90 91
5
PLANEJAMENTO
• A primeira valorização está acontecendo pelo método contá-
bil FIFO. Note que os 100 chocolates que estavam em esto-
que no dia 31/1/15 são os primeiros a serem baixados, segui-
dos das 150 peças que entraram em 1º/2/15, totalizando 250
•
peças.
Cliente 1 Cliente 4
Centro de
Distribuição
Cliente 2 Cliente 5
Cliente 3 Cliente 6
92 93
Se optasse por descentralizar a operação, iria deixar o estoque
dos produtos mais próximos aos clientes. Essa opção está repre-
sentada na Figura 11. Nesse desenho, os clientes que estão na DESAFIO
região Nordeste teriam um CD próximo para atendê-los. Note que
nesse novo desenho, a XN passa a ter o seu estoque duplicado Considere um dos negócios abaixo para o desafio:
em dois CDs, mas, em compensação, os clientes da região Nor-
deste terão mais agilidade para receber seus pedidos. • Operador Logístico de Celulares – Abrangência Nacional
• Fabricante de Cosméticos – Abrangência Nacional
tabela 11 \ Descentralização da operação logística
• Fabricante de Componentes para Computadores – Abrangência Nacional
REGIÃO SUDESTE REGIÃO NORDESTE • Distribuidor de Medicamentos para Varejo – Abrangência Regional - Sudeste
• Distribuidor de Medicamentos e Insumos para exames para Hospitais e Clínicas -Abrangên-
cia Estadual – Minas Gerais
Cliente 3 Cliente 6
94 95
\ 5.1 \
APLICAÇÃO PRÁTICA fornecedor e investiu R$ 20 mil em um lote de lâmpadas dos mais diversos tipos e tamanhos.
Foi uma das primeiras decisões tomadas após ter assumido, em 2007, o comando da Tarzan
DICA \ É necessário apresentar uma situação real que demonstre esse conteúdo Soluções Eletrônicas, loja criada por seu pai em São José dos Campos (SP). O que parecia um
no cotidiano do gestor. (É possível encontrar esses cases na Revista Passo a Passo bom negócio logo se transformou em um problema de estoque. “Fiz publicidade, mala direta
e Casos de Sucesso – Sebrae). e distribuí folders, mas ninguém comprava as lâmpadas”, diz Rodrigues. “Eram modelos pou-
co comuns.” A saída foi conversar com o fornecedor, que ajudou a Tarzan a criar uma promo-
ção que fez 90% do estoque ser vendido no prazo de um mês. De quebra, o distribuidor topou
Como se livrar de estoques indesejados? trocar os produtos restantes por peças de maior giro na prateleira. Desde então, a Tarzan exige
de seus fornecedores a possibilidade de troca do material em casos semelhantes.
Na hora de esvaziar as prateleiras, é preciso considerar, além do aspecto comercial, o impacto
na imagem da empresa. OFERTAS DIRIGIDAS
Existem vários métodos consagrados para se desfazer de produtos encalhados — desde as O que fazer? Monte uma base de dados que permita o cruzamento de informações do es-
tradicionais queimas de estoque no ponto de venda até a recente febre dos sites de compras toque com o perfil da clientela para a elaboração de ofertas direcionadas. Exemplo: Quando
coletivas. O mais importante é encontrar uma forma que seja, além de eficiente do ponto percebeu que o valor das mercadorias em estoque era superior a um ano de faturamento da
de vista comercial, adequada à imagem que sua empresa quer transmitir ao mercado. Liqui- Auto Peças Rateiro, de São Paulo (SP), o empresário Paulo César Rateiro decidiu tomar provi-
dações no varejo, por exemplo, são muito comuns, porque costumam resolver o problema dências. A primeira foi investir R$ 45 mil em um software de gestão. O programa lhe permitiu
rapidamente. Mas há riscos. monitorar o comportamento dos clientes e cruzar as informações com os dados do estoque.
Com isso, a empresa passou a realizar ofertas específicas de produtos para potenciais consu-
“Ninguém gosta de comprar uma peça para, pouco depois, vê-la em oferta”, diz Nuno Fouto,
midores, a partir de seu histórico de relacionamento com a loja. Rateiro diz que a estratégia
professor do Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração
é eficiente mesmo quando as peças saem por valores abaixo do preço de custo. “A gente se
(PROVAR/FIA). Também é necessário perceber o momento certo para agir. “Estoque parado
livra do produto, o que quer dizer eliminar um custo, e ainda deixa a clientela satisfeita.” Outra
significa investimento perdido”, diz Ivan Corrêa, sócio-diretor da consultoria especializada em
medida tomada por Rateiro foi a negociação com os fornecedores para uma gestão mais ra-
varejo GS&MD – Gouvêa de Souza. “As ações devem começar assim que o montante es-
cional do fluxo de entrega de materiais.
tocado passa a prejudicar o andamento e o crescimento do negócio.” Confira abaixo quatro
diferentes formas de se esvaziar as prateleiras. SITES DE COMPRAS COLETIVAS
LIQUIDAÇÃO O que fazer? Faça parcerias com sites de compras coletivas ou bazares eletrônicos.
O que fazer? Além de simplesmente baixar os preços, busque criar promoções que induzam Exemplo: O convite para participar de um site de compras em 2008 fez com que Rony
o cliente a comprar mais de uma peça. Exemplo: A Circuito Esporte, que tem duas lojas na Meisler, 29 anos, sócio da Reserva, marca carioca de moda masculina, poupasse de levar
Grande São Paulo, monitora diariamente o nível de estoques com o auxílio de um software. ao fogo as peças que sobravam das liquidações nas lojas. O estoque, que reunia roupas de
Quando 30% da quantidade de uma determinada peça fica por mais de 30 dias na loja, algu- seis coleções passadas, ocupava um espaço considerável de um galpão da empresa. Desde
ma promoção é criada para acelerar as vendas. As liquidações ocorrem com mais frequência então, a grife coloca à venda, com descontos de até 70%, cerca de 20 mil itens por ano.
em materiais relacionados a equipes de futebol, que representam 30% do faturamento da Para não melindrar consumidores mais fiéis da Reserva, só entram na liquidação virtual pe-
empresa. Sempre que um time grande muda de patrocinador ou lança um novo uniforme, as ças lançadas duas coleções antes da atual. “Se colocar peças mais recentes em promoção,
peças desatualizadas costumam empacar. Para atrair consumidores, a loja corta os preços e perco clientes”, diz Meisler. A exposição da marca nos sites de compras teve um efeito cola-
oferece os produtos em combinação com artigos que não estejam, originalmente, em promo- teral positivo: a peça se tornou mais conhecida, o que ajudou a impulsionar as vendas pelos
ção. “Desde que começamos a fazer isso, o faturamento do negócio cresceu 20%”, diz Regina meios tradicionais. Veja no texto ao lado como funcionam dois dos vários sites de compras
Boschini, proprietária da Circuito Esporte. coletivas que já atuam no Brasil.
96 97
6
DÊ uma olhada... QUALIDADE EM
GESTÃO DOS LOGÍSTICA
ESTOQUES
FUNDAMENTOS
TIPOS DE ADMINISTRAÇÃO CUSTOS DO PLANEJAMENTO
PARA A
ESTOQUES DO ESTOQUE ESTOQUE LOGÍSTICO
ARMAZENAGEM
\ 6.1 \
GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL
O conceito de qualidade em nosso dia a dia tem relação direta
com aquilo que entendemos ser bom. Por exemplo, quando va-
mos assistir a um jogo de vôlei pretendemos assistir a um jogo
que tenha qualidade: os jogadores estejam envolvidos, com von-
tade de ganhar e que lutem para não deixar a bola cair em seu
lado da quadra. O conceito de qualidade então tem uma associa-
ção com aquilo que é bom.
Produção
Adicionalmente, ao analisarmos a Qualidade Total, é necessário
que pensemos amplamente. Isso significa que só será possível
Quem executa não participa do planejamento.
ter a qualidade total se todas as pessoas e departamentos da em-
presa se envolverem pela causa. Assim, a qualidade não é apenas
o problema específico de um departamento, ela diz respeito à
empresa como um todo. Nesse sentido, a gestão da Qualidade
Inspeção
Total ou do TQM (Total Quality Management) é uma nova forma
de pensar que descentraliza os controles, valorizando assim o ser Quem inspeciona, não executa e raramente participa do
humano e a sua capacidade de resolver problemas. A gestão da planejamento. Nem sempre compreende o processo todo.
PDCA (Plan, Do, Check, Act - Planejar, Executar, FIGURA 15 \ Ciclo PDCA
Checar e Agir)
O ciclo PDCA é umas das ferramentas mais difundidas do TQM.
Plan: Do:
Para demonstrar a sua aplicação, comecemos analisando um pro-
Planejar Executar
cesso produtivo de empresas que não fazem a gestão da qualida-
de. Esse processo está representado na Figura 14.
P
Note, na Figura 14, que em um processo produtivo usual temos
D
três etapas: o planejamento da produção, a produção e a inspeção C
do produto produzido. Nesse desenho, a qualidade está presente
apenas no final do processo, quando há a inspeção do produto. Act: A Check:
Esse momento em que há a preocupação com a qualidade pode
Agir Checar
ser entendido como tardio, pois não foca a prevenção do proble-
ma e sim a detecção do mesmo. Essa detecção do problema
pode evitar que o produto defeituoso chegue até o cliente, contu-
do, não evita a geração de custos do processo produtivo. Fonte: Adaptado de Mello, 2011, p. 68.
100 101
A Figura 15 demonstra que o PDCA não se utiliza dos isolamen- Imagine você preparando o ambiente de estudo na sua casa. A
tos departamentais que foram visualizados na Figura 14. O PDCA cada dia você planeja estudar duas disciplinas diferentes e, com
busca agir de forma conjunta nas atividades que englobam um isso, você precisa a cada início dos estudos organizar o seu es-
processo. Ao aplica-lo em uma empresa, as ações propostas pela paço para que ele seja produtivo e acolhedor. Veja a Figura 16 e
ferramenta são: analise as duas situações que seguem:
• Plan – Planejar: Definir o que a empresa deseja e como fará
Consideremos que no dia anterior, você finalizou seus estudos al-
para alcançar esse desejo;
tas horas da noite e não teve ânimo para organizar todo o material
• Do – Executar: Aplicar o planejamento feito, com o cuidado usado nos estudos daquele dia. Sobre a mesa estavam papéis de
de analisar e mensurar cada etapa do processo (e não do pro- rascunho, impressões de sites, apostilas, livros de estudos, entre
duto); outros, como mostra a Figura 16.
• Check – Checar: Examinar os dados coletados das etapas do 1ª situação: Antes de iniciar o estudo você limpa e organiza o es-
processo e comparar esses dados com os objetivos pretendi- paço. Isso que dizer que você irá separar todo o material que será
dos. Caso os resultados não estejam adequados aos objetivos útil para o estudo daquele dia. O material que não será utilizado
pretendidos, verificam-se os desvios e propõem-se alterações; no estudo daquele dia poderá ter dois destinos: a guarda para
• Act – Agir: Realizar as mudanças propostas na etapa anterior estudos futuros ou, caso o material não seja mais necessário, o
e voltar ao Planejamento para corrigir as metas e/ou métodos descarte.
estipulados nessa etapa. 2ª situação: Você inicia os estudos colocando toda a papelada em
um espaço da mesa. À medida que você necessita de um mate-
Quando o objeto está no seu lugar e devidamente identificado, Adicionalmente, as pessoas preferem trabalhar em ambientes
podemos: limpos, melhorando assim suas relações e a produtividade na
empresa.
• medir o tempo que gastamos para executar as tarefas;
• SEIKETSU (MANUTENÇÃO)
• identificar em que momento há desperdício de tempo e produto;
No Kaizen, vale à máxima: “o que é bom hoje pode não ser bom
amanhã”. Dessa forma, precisamos estar sempre buscando mé-
todos diferenciados para trazer maior qualidade ao que estamos
produzindo. Ao trabalhar com o Kaizen, estamos também reduzin-
do problemas que podem estar gerando ou aumentando os cus-
tos. Isso quer dizer que, ao melhorarmos um processo reduzindo
uma etapa ou mesmo calibrando uma máquina, podemos estar
diminuindo o desperdício e/ou retrabalho. Essa redução terá um
impacto positivo direto nos custos.
Esse último passo está vinculado ao hábito ou disciplina, isso é,
O Kaizen não se apresenta como uma ferramenta e sim como
fazer dos quatros primeiros passos uma rotina. É comum implan-
uma filosofia, podendo ser operacionalizado a partir de diversos
tarmos um processo, mas não darmos sequência à sua aplicação,
métodos que garantam a sua frequência na melhoria. É preciso
por pura falta de hábito. Para que possamos utilizar o 5S em nos-
que esse desejo de fazer cada dia melhor esteja norteando as ati-
sa rotina pessoal e profissional precisamos ter os seus passos
tudes de todos os funcionários da empresa. Essa inquietude será
inseridos em nossos hábitos, em nossa rotina. Quando deixamos
possível ao praticarmos, a todo o momento, o questionamento
de seguir as etapas de um processo por indisciplina, facilitamos
em torno dos produtos e processos, com o objetivo de identificar-
as não conformidades na qualidade e, ao mesmo tempo, aumen-
mos oportunidades de melhoria. Podemos dizer que estaremos
tamos a ocorrência de acidentes de trabalho nas empresas. Por
sempre insatisfeitos com a forma com que fazemos e sabendo
exemplo, se deixamos de armazenar o produto e o “esquecemos”
que é possível fazermos diferente e melhor.
no meio do corredor, aumentamos a possibilidade de acidente de
uma empilhadeira ou até mesmo um operador colidir com esse
objeto. Diagrama de Causa e Efeito
O 5S parece passos óbvios e comuns em nosso dia a dia, certo? O diagrama de causa-efeito é também chamado de diagrama de
Talvez na teoria sim, mas a prática se apresenta de forma bem Ishikawa ou espinha de peixe (por causa do seu desenho). Ele é
diferente. Ter a disciplina do 5S nos remete a mudança de com- utilizado para demonstrar a relação das possíveis causas para os
portamento significativa, que inicia em pequenas tarefas e, pos- problemas.
teriormente, se reflete nas decisões sobre processos e atividades
de trabalho. Esse diagrama é utilizado quando um processo não gera os efei-
tos desejados. Nessa situação, buscam-se as causas para explicar
O 5S são passos fundamentais que irão facilitar a implantação do a falha no efeito. Para identificar essas causas, é comum utilizar
Kaizen. os 6 Ms: Medição, Materiais, Mão de obra, Máquinas, Métodos
e Meio ambiente. Pode acontecer de não se utilizar de todos os
Kaizen 6Ms para analisar as causas; as especificidades de cada processo
é que direcionarão quais aspectos do 6Ms deveremos analisar.
O Kaizen é uma filosofia que busca o aprimoramento permanente
Um diagrama de causa efeito que realmente demonstre as per-
de processos e produtos, é o esforço constante pela qualidade. O
cepções do todo, deve ser construído de maneira coletiva, com
Kaizen parte do pressuposto que é preciso melhorar sempre, aqui
a participação de todos que integram o processo. Com esse cui-
estão incluídos pessoas, ambiente de trabalho e processos. Na fi-
dado, a possibilidade de uma causa ficar fora do desenho diminui
losofia Kaizen, as melhores pessoas para fazer essa melhoria são
significativamente. Como pode ser visto na Figura 17, um grande
aquelas que estão envolvidas nos ambientes e nos processos.
benefício do diagrama de Ishikawa é possibilitar o desdobramen-
Assim, as pessoas que estão vinculadas ao processo podem, em
to das ramificações das causas até que seja possível chegar à
muitos casos, achar a melhor solução para os problemas relativos
origem do problema.
àquele processo.
106 107
FIGURA 17 \ Representação do diagrama espinha de peixe FIGURA 18 \ Símbolos do fluxograma
Conector, indica
Início ou o fim
Meio continuidade do fluxo
Material do fluxograma
ambiente em outra página
Conector, indica
Problema
Tomada de decisão continuidade do fluxo
dentro da mesma página
Documentos utilizados
Direção do fluxo
no processo
Causas
DESAFIO
Fluxogramas
O fluxograma é uma ferramenta muito utilizada na gestão das Você é o proprietário de uma lanchonete. Você percebe que, frequentemente, há perdas de ven-
empresas. Ele descreve os processos e é muito útil ao controle das de coxinhas. Essa perda de vendas está vinculada à não disponibilidade das coxinhas para
da qualidade. Já mencionamos que o importante para a preven- os clientes na bancada, pois sempre há clientes querendo coxinha.
ção dos erros é controlar o processo e não o produto. Assim, para Porém, ao observar a cozinha, a coxinha já está semipronta e, ao final do dia, é comum sobrar
controlar o processo precisamos conhecê-lo e o fluxograma é a coxinhas e essas serem descartadas. Diante dessa situação, você resolve implementar os prin-
ferramenta certa para demonstrar o passo a passo do processo. cípios da qualidade total. Para isso:
Para elaborar um fluxograma, utilizamos símbolos que são padro- • Qual será a sua primeira ação junto aos funcionários da lanchonete para sensibilizá-los sobre
nizados. Dessa maneira, qualquer pessoa que compreenda os a qualidade total?
símbolos saberá fazer a leitura e a interpretação do processo que
está em forma de fluxograma. • Elabore um PDCA para esse problema.
A Figura 18 demonstra os principais símbolos utilizados no fluxo- • Desenvolva um diagrama de Ishikawa, demonstrando as causas do problema (perda de ven-
grama. da e consequente desperdício).
O fluxograma apresenta a visão completa do processo e ao mes- • Desenhe o fluxograma do processo de produção do salgado.
mo tempo delimita cada uma de suas etapas. Ao elaborá-lo, é
imprescindível que os envolvidos naquele processo que foi de- • É possível aplicar o 5S nesse caso? Explique.
senhado façam a sua validação. A preocupação é garantir que o
desenho retrate, fielmente, o que ocorre na prática.
108 109
Saiba mais! DÊ uma olhada...
Para saber mais sobre o tema Gestão da Qualidade Total (TQM) é necessário que você procure lei-
turas sobre a certificação ISO. Há literatura especializada e linhas de estudo que se dedicam a esse
tópico. O TQM está cada vez mais presente nos setores industriais e de serviços no Brasil.
Kaizen Fluxograma
5S Diagrama de
Ishikawa
Por que o diagrama de Ishikawa é tão útil em Gerenciamento de Riscos? FIGURA 19 \ Gestão da Qualidade Total
POZO, Hamilton. Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais: uma Abordagem Logística. 6.ed. São Paulo:
Cada evento de risco analisado terá categorias que serão detalhadas por uma equipe especia- Atlas, 2010.
lizada, informando como ocorre, onde ocorre, porque ocorre, frequência e nível das ocorrên-
http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/34565380474597549fd4df3fbc4c6735/RDC24_10_Publicidade+de+alimen-
cias. tos.pdf?MOD=AJPERES
Com esse método, pode-se realizar um levantamento detalhado das causas-raiz de um risco
potencial, fornecendo ao gerente de projetos uma riqueza de detalhes que lhe proporcionará
informações suficientes para a tomada de decisão. Com isso, pode-se minimizar a probabili-
dade e o impacto dos riscos que afetarão de forma negativa ou maximizar a probabilidade e o
impacto dos riscos que afetarão o projeto positivamente.
110 111
parte 3
112
exterior em uma pesquisa feita pela Confederação Nacio-
nal da Indústria (CNI). Foram entrevistadas 847 companhias
dentre as maiores exportadoras de 2015, que, entre uma
Unidade de Estudo 3 lista de dezenas de entraves à exportação, não tiveram dúvi-
das em apontar os altos custos dos sistemas de transporte
GESTÃO DA LOGÍSTICA
como o pior deles.
INTERNACIONAL:
bem assim no caso geral, mas para operações de compras
e vendas entre parceiros distantes, o transporte é mesmo
decisivo! Isso implica definir custos, que refletem a escolha
da modalidade do transporte, bem como a forma que a ope-
ração de compra e venda se dará (quem pagará pelos custos
TRANSPORTE,
logísticos?).
TECNOLOGIAS
INTEGRADORAS A logística é uma peça-chave nos processos de importação
Transporte é mesmo a atividade que,
e exportação. Com a globalização, os fluxos do comércio
internacional aumentaram tremendamente. Esses fluxos
normalmente, mais chama a atenção
referem-se, principalmente, às compras e vendas entre em- na logística.
presas de países diferentes, que movimentam transporte,
Mas como a logística deve ser estruturada e avaliada en-
estruturas aduaneiras e documentos.
quanto processo, não se deve, jamais, limitá-la ao transporte
e muito menos avaliar as atividades do transporte desconec-
Keywords Nesse aspecto, a logística pode ser decisiva. Em muitos ca-
tadas das atividades de gestão de estoques e programação
Transporte; Entregas; sos, uma empresa tem um produto competitivo, mas pode
não conseguir viabilizar sua venda externa por diversas ra- da produção, por exemplo. Além do mais, o quadro geral e
Distribuição; Integração;
zões, dentre elas, os custos das operações de movimenta- mais amplo da análise da logística sempre nos ensina que
Desempenho; Logística
ção até o comprador externo, ou seja, em razão dos custos a boa logística é aquela que é resultante das decisões to-
internacional; Comércio
de transporte. O alto custo de transporte foi eleito como o madas conforme as disponibilidades dos recursos e os re-
exterior; Importação;
Exportação. principal obstáculo às empresas brasileiras que vendem ao
114 115
quisitos que o cliente apresentou para atendimento (prazo,
condições de embalagem, tipo de veículo, por exemplo).
Algumas decisões, podemos dizer, são as mais importantes FIGURA 2 \ Interação transporte e instalações físicas na distribuição
dos transportes. São aquelas de maior impacto na avaliação da
atividade e na contribuição para o negócio e têm a ver com os
níveis de serviço (frequência e horários) a serem cumpridos, a Fábricas/ ARMAZÉNS
propriedade da frota (própria ou transporte de terceiros) adequada ATACADO VAREJO
fornecedores REGIONAIS
para cumprir os acordos e manter a reputação da empresa no
mercado e a forma de consolidar as cargas (lotes e localização das
operações – centralizadas ou não).
Será que há uma conspiração para que as coisas não deem certo?
Será?
Sabemos, sim, que muitas vezes essas falhas apenas refletem falta
de planejamento da produção, de planejamento de transportes e
de integração do transporte nos processos da distribuição, tais
como planejamento da expedição, entregas e vendas. LOCALIZADAS TRANSPORTE PRÉ-COZIMENTO DESPACHO EM LOTES
À BEIRA-MAR DOS ANIMAIS VIVOS LIMPEZA MENORES ATRAVÉS
EM CAMINHõES DE CONTENEDORES
Além do mais, os custos com transportes influenciam, TANQUE AtÉ EMBALAGEM REFRIGERADOS
decisivamente, a localização de instalações. Conforme a Figura 2 OS GRANDES CENTROS RESFRIAMENTO
118 119
7
Mas a melhor localização seria mais perto das
fazendas ou perto do aeroporto? MODALIDADES DE
O custo de transporte define. Se transportar camarão vivo
em caminhões tanques for mais barato que o produto pronto,
refrigerado, então o beneficiamento deve ocorrer mais próximo
das fazendas marinhas. Caso contrário, estar próximo do aeroporto
TRANSPORTE
deve ser a melhor localização.
\ 7.1 \
Modalidades de transporte: rodoviária,
ferroviária, aquaviária, aeroviário e
dutoviária
Modalidades ou modais de transporte são, em verdade, a ma-
neira como nos referimos aos meios de transporte, às formas
de movimentação de mercadorias e pessoas. Embora existam
diversas modalidades, as formas mais usuais e que concentram o
transporte de mercadorias resumem-se a cinco: rodoviária, ferro-
viária, aquaviária (fluvial/hidroviária e marítima), aérea e dutoviária.
120 121
A disponibilidade de sistemas de transportes para uma socieda- Além da vantagem de flexibilidade de fazer o porta-a-porta, é uma
de reflete condições dadas pela natureza, como é o caso da mo- modalidade de transporte com vantagem na flexibilidade quanto à
dalidade aquaviária, e também implantadas com planejamento e adaptação das necessidades das cargas, agilidade de seus movi-
execução dos governos, como no caso das demais modalidades. mentos, disponibilidade – a qualquer hora do dia pode iniciar uma
Essa é uma questão muito importante porque há cargas chama- viagem e em qualquer condição do tempo – e conta também com
das “cativas” a uma modalidade, ou seja, adequadas por ques- um mercado muito desenvolvido, o que facilita a contratação de
tões técnicas e econômicas. operadores.
Quando não há disponibilidade de uma modalidade, a mercado- Mas possui algumas desvantagens. Os veículos têm capacidade
ria cativa desta modalidade é remanejada para outra, mas isso limitada frente à outras modalidades, estão mais vulneráveis a
provoca perdas. Por exemplo, o fato do Brasil não ter ferrovias na roubos e acidentes e o tempo de viagem não é facilmente previ-
quantidade e capilaridade (dispersão geográfica) que seria mais sível quando as distâncias aumentam muito, em razão de estran-
adequada, faz com muitos produtos que seriam típicos de serem gulamentos e problemas mecânicos nos veículos.
transportados por ferrovias sejam transportados por caminhões.
Isso implica em mais concorrência pelos caminhões disponíveis
e aumento do frete para outros produtos que precisam de cami- Modalidade Ferroviária – Essa modalidade opera em baixa velo-
nhões. cidade e tem baixa flexibilidade, pois necessita de ligações entre
pontos de origem e destino ligados por trilhos.
Quando nos referimos ao transporte internacional, ou chamado de
longa distância, haverá predominância das modalidades marítima O transporte ferroviário é adequado para a movimentação de pro-
e aérea. Enquanto transporte doméstico, as modalidades rodo- dutos em faixas de distâncias intermediárias, digamos entre 600
viária, ferroviária e aérea tendem a prevalecer. Lembrando, esse a 1.200 km e de cargas granelizadas, isso é, cargas que tenham
quadro tendencial depende das condições de dotação de recursos embarque e desembarque com operação em grandes volumes e
naturais do país e do nível de integração com seus vizinhos. sem manuseio.
Modalidade Rodoviária – O transporte rodoviário é a modalidade Dentre as vantagens da modalidade ferroviária, podem ser des-
mais comum na realidade brasileira tacados o baixo custo para a movimentação de cargas a grandes
distâncias e o alto nível de segurança no transporte. Porém, deve-
Tem uma série de fatores convenientes ao seu uso, dentre os -se considerar algumas desvantagens, além da falta de agilidade
quais, pode ser destacada a sua flexibilidade: chega a praticamen- já destacada, pois a ferrovia precisa de integração com a modali-
te qualquer lugar e a qualquer hora. Faz o porta-a-porta e apoia dade rodoviária para o serviço ser completado (porta-a-porta). De-
todas as demais modalidades. ve-se atentar também para a relativa imprecisão dos serviços em
termos de prazos e a incapacidade de oferecer serviços rápidos,
Dadas suas características competitivas, a modalidade rodoviária uma vez que o tempo das viagens é longo, em razão da veloci-
mostra-se adequada para a movimentação de produtos industriais dade bastante inferior às modalidades rodoviária e aérea. Além
e de médio para alto valor, com entregas fracionadas (pedidos em disso, são limitados pela capacidade de tráfego nos trilhos, e, es-
pequenos lotes) em distâncias curtas (algo em torno de até 500 pecificamente no caso do Brasil, a malha ferroviária tem pequena
km), por causa da alta importância de seus custos variáveis. extensão e estado de conservação precário.
122 123
Modalidade Aquaviária – A modalidade aquaviária implica no Além da vantagem de agilidade, é uma modalidade de transporte
transporte de mercadorias pela água – rios (hidroviária) ou mar com vantagem na segurança das cargas. Mas possui algumas
(marítima). Como características gerais da modalidade aquaviária desvantagens. Além do frete mais caro, como já destacado, as
podem ser destacadas a baixa velocidade e a baixa flexibilidade. aeronaves têm capacidade limitada frente à outras modalidades,
exigem complemento do serviço rodoviário e demandam infraes-
Quando se fala em comércio exterior, é uma modalidade de trans- trutura de terminais e equipamentos bem como autorizações es-
porte com longo curso. É a forma viável para movimentar grandes peciais para operação.
quantidades de produtos entre diferentes países e/ou continen-
tes separados por grandes distâncias. Modalidade Dutoviária – Os dutos são tubulações desenvolvidas
e implantadas para transportar produtos a granel por distâncias
As condições técnicas tornam a modalidade aquaviária econômi- especialmente longas, principalmente, líquidos e gasosos. São
ca para cargas de baixo valor que tenham que percorrer grandes viáveis à medida que atingem alta escala de operações.
distâncias. No Brasil, as cargas que têm demandado o transporte
aquaviário doméstico são principalmente minérios, grãos, farelos Um exemplo de dutos no Brasil são os gasodutos (Figura 4), que
agrícolas, calcário e combustível (Petrobrás). são em maioria subterrâneos e percorrem o país para captar o
gás de fontes (até mesmo de fora, como no caso da Bolívia) até
Dentre as vantagens da modalidade aquaviária, seja marítima ou as estações de tratamento e beneficiamento para posterior distri-
fluvial, podem ser destacados o baixo custo para a movimentação buição nos seus mais diversos formatos.
de cargas a grandes distâncias e o alto nível de segurança no
transporte.
124 125
Dentre as vantagens da modalidade dutoviária, podem ser des-
tacados o baixo custo para a movimentação de cargas a grandes
Mas o custo também pode ser controlado
distâncias, o alto nível de segurança no transporte, o alto nível através do planejamento e da gestão das
de confiabilidade (tudo que entra num duto vai sair no ponto de vendas e promessas de entregas. Quanto menor
destino) e operações de carga e descarga bastante simplificadas.
a escala da demanda do transporte, maior o
Porém, deve-se considerar como desvantagens, o alto custo de custo. Às vezes, aceitação de lotes mínimos e
implantação, uma vez que o usuário tem que ser proprietário das outras estratégias de vendas podem apoiar
vias e sua baixa flexibilidade em termos de aplicabilidade (não
serve para qualquer carga).
a redução de custos de transporte.
Muitas vezes, o uso conjugado, isso é associado e sincronizado,
de duas ou mais modalidades é necessário para complementar De qualquer forma, as características técnicas das modalidades,
uma operação de transporte ou mesmo torná-la mais barata. Essa por si só têm implicações nos custos fixos e variáveis. Os cus-
é a chamada Intermodalidade, que implica em utilizar as moda- tos fixos refletem, principalmente, os gastos com infraestrutura e
lidades naquelas características em que são mais competitivas. com veículos para prestar o serviço; e os custos variáveis têm a
ver com as viagens, sendo a quilometragem a principal referência.
Por exemplo, para distribuir carros no nordeste do Brasil, pode-
ria ser mais econômico para as montadoras levarem os veículos Assim, a modalidade rodoviária apresenta baixos custos fixos
novos aos portos em caminhões, onde seriam desembarcados pois seus veículos são comparativamente mais baratos que os
e embarcados novamente em navios até um porto no nordeste. das outras modalidades; e a infraestrutura, as estradas, são de
Ali, ocorreria a operação inversa, embarcando os veículos novos propriedade e responsabilidade do Estado. Desta forma, os cus-
em caminhões para distribuição para os clientes dispersos nas tos variáveis tendem a ser a parcela mais importante, que se refe-
cidades da região. rem aos gastos incorridos com as distâncias percorridas.
Nesta operação intermodal, podemos identificar 2 trocas de mo- A modalidade ferroviária tem custos fixos mais altos. A constru-
dalidades de transporte: do rodoviário para o marítimo e deste ção de ferrovias é bastante cara assim como os veículos ferroviá-
para o rodoviário – seria o transporte rodo-aqua-rodoviário. rios. Além do mais, o operador da ferrovia também tem o ônus de
construir e manter a estrada ferroviária. Uma vez em movimento,
o transporte ferroviário é relativamente barato – o custo da distân-
\ 7.2 \ cia percorrida é menor.
Como tomar a decisão pelo uso da modalidade A modalidade aquaviária tem custos fixos ainda mais altos que
de transporte? aqueles da ferrovia – os terminais são mais caros e os navios cus-
tam mais que as locomotivas e vagões. Os custos variáveis são
A tomada de decisão pelo uso da modalidade de transporte tem ainda mais baixos.
a ver com a análise entre o que se deseja com o transporte em
termos de sua função logística, o orçamento disponível e o que O transporte aéreo tem a infraestrutura e os veículos mais caros
os serviços oferecem. comparativamente às demais modalidades, assim como os cus-
tos da distância percorrida são bastante elevados. É uma moda-
Uma primeira expectativa quanto ao transporte pode ser o de se lidade adequada, para cargas de alto valor e que tenham peso e
enquadrar em determinado orçamento e não onerar a logística volume pequenos, conforme já dissemos.
além de um determinado patamar. De uma maneira mais direta,
podemos dizer que, em muitas situações, deseja-se que o trans- Podemos comparar o desempenho das modalidades de transpor-
porte, acima de tudo, seja o de menor custo. te para entender como elas de fato competem entre si pela movi-
mentação de cargas na economia. Conforme ilustrado na Figura
O gerenciamento dos custos de transporte é definido sob alguns 5, se entendermos que o eixo das abscissas representa o custo
parâmetros básicos, tais como distância (km percorrido pelo veí- fixo e a inclinação das curvas de custos das modalidades como os
culo – referência principal do custo variável), tipo de equipamento custos variáveis unitários (R$/t.km), acredito que podemos enten-
(modalidade e veículo referência principal do custo fixo) e ocupação der com razoável facilidade esse processo de competição entre
dos veículos nas viagens (referência principal da produtividade). modalidades.
126 127
FIGURA 5 \ Representação dos Custos de Transporte para as Modalidades Convencionais tância é decrescente, produzindo uma curva de formato côncavo.
Juntas, as economias de escala e de distância nos ensinam que
o veículo de capacidade ótima para o transporte de cargas tende
a aumentar com o aumento da distância e da quantidade, e vice-
$/t -versa. A Figura 6 identifica estas relações.
modalidade rodoviária
modalidade ferroviária
modalidade aquaviária
m d
modalidade aérea
km Economias de escala Economias de distância
A B
Vejamos então. Se a escolha fosse condicionada unicamente pelo Na história econômica dos Estados Unidos, muitas evidências já
frete, não teríamos dúvida: seria melhor contratar o frete ferroviário. foram obtidas da importância dos sistemas de transporte na expli-
cação dos diferenciais de relevância entre as cidades, caso típico
de Atlanta, privilegiada pelos investimentos ferroviários.
tabela 1 \ Fretes para as diversas modalidades de transporte
Por tudo isso, há um consenso de que a infraestrutura deva ser
Método Frete (US$)
coordenada pelo agente público – é assunto muito importante
Aéreo 7.560,80 para se guiar pela performance perversa ou incerta das forças do
livre mercado. É assunto de Estado!
Rodoviário 6.732,90
Ferroviário 4.547,30
No caso do Brasil, percebe-se que o Estado tem sido incapaz de
manter os investimentos no nível necessário desde os anos de
1950. Assim, os sistemas de transporte disponíveis são insufi-
No entanto, precisamos avaliar corretamente a situação e uma
cientes e precários, em geral. A Figura 7 apresenta números e
melhor decisão pode ser tomada quando considerarmos os cus-
a Figura 8 ilustra estas características no mapa geográfico brasi-
tos da formação de estoque, que são os custos do capital aplica-
leiro.
do nos produtos, sendo que esse capital está parado e poderia
ser aplicado em outras necessidades da empresa.
FIGURA 7 \ Disponibilidade de sistemas de transporte no Brasil
Dessa maneira, considerando os custos do frete e da formação
de capital, quando levamos em conta o tempo de viagem e o
custo diário do capital aplicado em estoque, a opção aérea, mes-
mo tendo o maior frete, mostra-se mais econômica, conforme a
Tabela 2.
1,76 KM DE ESTRADAS POTENCIAL DE 50 MIL
212 MIL KM PAVIMENTADOS KM DE HIDROVIAS
tabela 2 \ Custos com frete e formação de estoque
13,6 MIL KM EM USO
Aéreo Rodoviário Ferroviário
46 PORTOS ORGANIZADOS
\ 7.3 \ E MAIS DE 120 TERMINAIS
Cenário atual da logística de transporte DE USO PRIVATIVO
19,2 MIL KM DE DUTOS
no Brasil
A infraestrutura é um conjunto de sistemas que definem a produ-
tividade geral das empresas. Aquela dita econômica, é o conjunto
dos sistemas de transporte, de energia e de telecomunicações
que atendem o país, suas características e suas missões. São sis-
temas caracterizados como atividas-meio, com economias de es- Fonte: CNT/COPPEAD (2002)
130 131
FIGURA 8 \ Disponibilidade de sistemas de transporte no Brasil, conforme
regiões geográficas
principais portos
TRANSPORTE FERROVIÁRIO DO BRASIL hidrovias
ferrovias
BRIC
o transporte rodoviário torna-se o principal responsável pela mo-
vimentação de produtos de baixo valor agregado e para grandes
índia 3,0 1569 63 23 15
distâncias, afrontando princípios da economia dos transportes, no
Rússia 17,0 755 87 247 102
que diz respeito à matriz de transporte para países de dimensão
territorial e com perfil econômico semelhantes ao Brasil. EUA 9,1 4210 227 793 41
canadá 9,0 416 47 99 0,6
\ 7.4 \ fonte: world factbook e banco mundial
% rodoviário
60 hungria
capacidade de cumprir prazos em função das condições gerais da
infraestrutura. 50 alemanha
40 eua canadá
A ideia básica é que com melhores sistemas de transporte os
30
países são mais capazes de atrair e reter negócios. Nesse caso, china
conforme a Figura 9 aponta, já em termos relativizados pelo ta- 20 rússia
manho do território, o Brasil não está bem, não é mesmo? Não 10
oferecemos rodovias e ferrovias, principalmente, em nível sufi- 0 10 20 30 40 50 60 70 80
ciente para brigarmos com nossos maiores competidores por
negócios e também não seguimos os números que países mais
avançados apresentam. Fonte: CNT/COPPEAD (2002)
134 135
DESAFIO 1 DESAFIO 3
A respeito das modalidades de transporte, avalie as seguintes informações: Você se lembra do caso do William? Aquele nosso amigo recém-formado em Adminis-
tração, que tinha conseguido seu primeiro emprego na área de logística de uma grande
I. A modalidade aérea é veloz e cara para o transporte de produtos, apresentando uma fabricante de móveis, empresa líder no seu mercado de atuação?
relação desempenho X custo viável para cargas de alto valor agregado.
II. A modalidade rodoviária caracteriza-se pela baixa flexibilidade, sendo utilizada para Pois, então. Ele estava preocupado com as rotas muito longas e com muitas entregas (pe-
complementar o serviço das demais modalidades no porta-a-porta. didos de, em média, 40 clientes eram embarcados num caminhão, numa produtividade
média de 6 a 8 entregas diárias), com o tempo no descarregamento do caminhão (espe-
III. A modalidade ferroviária apresenta lead times longos, baixos fretes, capilaridade e cialmente em pequenos varejistas onde não era raro não ter espaço físico disponível para
flexibilidade, com destinos fixos. receber o pedido).
Estão corretas as afirmativas: O William tinha o desafio duplo de gerenciar sua frota e, ainda, selecionar e acompanhar
os fretes terceirizados que a empresa contrata. Além do mais, a maior parte da frota era
( ) I e II terceirizada. Os veículos e motoristas eram preferencialmente alocados para uma mesma
( ) I e III região. Acreditava-se que isso facilitava a distribuição, pelo fato de este motorista conhe-
( ) II e III cer as entradas, os ajudantes (chapas) de cada cidade e por desenvolver contato com o
( ) I, II e III cliente. Isso muitas vezes se refletia na programação da disponibilidade dos estoques da
fábrica, pois os pedidos dos clientes eram programados de acordo com a disponibilidade
dos caminhões para as regiões.
A contratação de fretes terceirizados era pouco estruturada: surgia a carga para determi-
DESAFIO 2 nada região e, só então, iam buscar no mercado quem pudesse atender (transportadora
ou carreteiro), com base em um frete praticado na praça.
A gestão dos transportes deve ser executada pela avaliação dos serviços de transporte
baseados em parâmetros que permitam demonstrar o desempenho, por exemplo, em: Além disso, muitos clientes reclamavam do alto lead time de entrega do pedido. Um es-
• Velocidade: Tempo gasto em trânsito; tudo realizado com outros fabricantes de móveis mostrou que os melhores concorrentes
possuem, pelo menos, metade do lead time da empresa, quando comparadas nas mes-
• Disponibilidade: Capacidade de atender a qualquer origem e destino;
mas regiões.
• Confiabilidade: Potencial de variação no tempo total de prestação do serviço;
• Capacidade: Condição de manipular qualquer carga e em qualquer quantidade; E a todo momento, William se lembrava do desafio que o Presidente da empresa lhe apre-
sentou no momento da contratação: “Fabricar, que é o mais difícil, a gente faz e faz bem.
• Frequência: Capacidade de atender a qualquer momento. Não é possível que seja tão difícil assim entregar”.
Sendo assim, Nos últimos meses, o Gerente vinha se deparando com alguns problemas que ficavam
cada vez mais frequentes:
I. Quando a escolha prioriza custos em detrimento de velocidade e confiabilidade, maio-
res estoques se formarão no canal de distribuição; • o tempo para carregar na fábrica era longo: levava de 3 a 15 horas;
PORQUE • índice de avarias de carga era alto durante o transporte, especialmente para frete ter-
ceirizado;
II. Baixos níveis de serviços de transporte, nos atributos velocidade e confiabilidade,
• a duração média da viagem da frota própria era cada vez maior.
aumentam as percepções de risco de rupturas e perdas de vendas dos componentes do
canal, estimulando-os a aumentarem o estoque de segurança.
O William estava preocupado. O serviço de entrega não estava bom, nem com a frota
própria, nem com os transportadores. Ele considerava ainda que pagava caro pelo frete
terceirizado, bem acima do seu custo com a frota própria, e não estava tendo o retorno
( ) a proposição I é verdadeira, mas a II é falsa
esperado. Segundo um especialista, uma das maneiras modernas de se melhores resul-
( ) a proposição II é verdadeira, mas a I é falsa
tados na entrega é manter uma relação “ganha-ganha” com os transportadores, nego-
( ) as proposições I e II são verdadeiras e II é justificativa da I
ciando os fretes por ganho de produtividade e oferecendo uma maneira de compartilhar
( ) as proposições I e II são verdadeiras, mas II não é justificativa da I
os resultados.
136 137
Para isso, é preciso examinar, com muito critério, tanto o lado do embarcador como o
do transportador. “Genericamente, os transportadores procuram maximizar o uso dos
caminhões, o que vale tanto para os que têm frota própria como para os que trabalham
com agregados. Já os embarcadores têm de estar conscientes de que o transporte é um
processo que mantém interdependência com outras áreas da empresa, especialmente o
planejamento da produção e da distribuição, necessário para não gerar buracos operacio-
nais”.
O ponto-chave é fazer uma programação e que seja cumprida pelos dois lados. O transpor-
tador visa, a cada viagem, faturar a capacidade completa do veículo, enquanto o embar-
cador quer pagar exatamente o que carregou ou então ter uma programação de cargas,
pagando 100% por elas. Por isso, se ambos souberem aproveitar a capacidade instalada,
o transportador poderá otimizar o uso de sua frota, cobrar menos e ter melhor margem
3.3 / Elabore um plano alternativo para a Gestão do Transporte na empresa para a con-
de lucro.
tratação de fretes terceirizados, que leve em consideração:
Ajude, então, o William a mostrar sua qualidade de gerente, propondo melhorias para o
a) os compromissos do embarcador e transportadores,
desempenho do transporte!
Embarcador Transportadores
Questões
3.1 / De que maneira o Gestor do Transporte poderia reduzir o prazo de entrega de mer-
cadorias?
Seleção Exclusão
3.2 / Analise as possíveis causas para os três problemas relacionados pelo gerente:
• carregamento
• avarias
• duração média da viagem
138 139
DESAFIO 4 \ Aplicação Prática
Um fabricante de eletrodomésticos está analisando o custo envolvido no transporte de A Danone é uma empresa brasileira que apresenta um caso em que usou a logística como
um componente eletrônico a ser importado da Europa para tomar a decisão de qual ser- estratégia para atingir a liderança no mercado do Nordeste do Brasil. No caso, o interesse da
viço contratar. empresa, o foco da estratégia era a redução dos prazos de entregas dos produtos no varejo.
Sabe-se que o item em questão pode ser importado por via aérea (lead time de 3 sema- A empresa vinha experimentando perda de participação no mercado, uma vez que o tempo
nas) ou marítima (lead time de 7 semanas). Porém, a opção sempre é pela via mais barata para levar os produtos de Poços de Caldas (MG) aos clientes do Nordeste brasileiro era muito
– transporte marítimo. longo. Sendo assim, os varejistas estavam reduzindo as compras dos produtos das empresas,
pois o prazo que lhes restava para a venda, em relação ao prazo de validade, era muito curto.
Mas essa forma de tomar a decisão não satisfaz ao novo Diretor de logística. Ele começou
a reunir informações para tomar uma decisão mais segura e foi informado que o consu- Para aumentar esse prazo de venda dos varejistas, a empresa decidiu, ao invés de promover
mo médio diário do componente na produção é de 35 unidades e sabe-se que seu custo alterações no transporte, reduzir as distâncias. Adquiriu um laticínio desativado em Maracanaú
unitário é de US$319,71. (CE) e o colocou novamente para funcionar.
Ele precisa transportar 1,0833 m3. Ele ficou sabendo também que o custo da locação do Desenvolveu parceria com um operador logístico na gestão de um Centro de Distribuição e
contêiner na modalidade marítima é de US$4.077,00, para uma capacidade de 60 m3, equi- nas entregas que também operava para outras empresas de porte no segmento de refrige-
valendo então a US$67,95/m3. Na modalidade aérea, esse custo é de US$2.151,38/m3. rados e congelados, tais como BRFoods e Seara, obtendo ganhos de eficiência e de custos.
1 / Quais devem ter sido as variáveis analisadas para a decisão tomada pela Danone?
http://www.administradores.com.br/artigos/tecnologia/por-que-o-diagrama-de-ishikawa-e-tao-util-em-gerenciamen-
to-de-riscos/69394/
140 141
8
Outras fontes sobre o tema:
TECNOLOGIAS DA
• tecnologistica.com.br é o site de uma revista especializada em logística para executivos.
DÊ uma olhada...
Então, sendo os transportes tão importantes nos custos, o frete chama mesmo muita atenção.
Decisões erradas ou negociações mal-sucedidas podem provocar sérios impactos nas contas da
empresa... É bom dominar esses conceitos e ferramentas que acabamos de ver.
?
Mas, atualmente, o que não falta é informação, não é mesmo? Al-
gumas servem para umas finalidades e outras podem ser guarda-
Aquaviário
das e utilizadas de tempos em tempos para outras ações, como
por exemplo se quiser conhecer o comportamento sazonal da de-
Desempenho
manda. Têm algumas que a gente nem entende para que podem
servir. Pode ser melhor guardá-las.
Aeroviário
Situação atual Isso é o que tem sido chamado de Data mining, que é uma refe-
no Brasil rência ao tratamento das informações guardadas em busca de co-
nhecê-las mais a fundo para detectar padrões, comportamentos e
Dutoviário identificar influências, por exemplo.
CONSUMER
EFFORTS
mais conhecimento, melhores decisões. Vamos, então, contex- DETERMINE
tualizar como tudo isso favoreceu a maior evidência da logística e RELATIONSHIPS CHAIN KNOWLEDGE DRAMATIC
ADVANCES
AMONG
da importância de suas atividades nos processos das empresas
AMONG RELATIONSHIPS DIFFERENT
DISCOVERED
THURSDAYS
SUPERMARKET
ONE
DATA
e entre empresas. PROVIDE
RELATIVELY
PROVIDE
Informação é tudo, não é mesmo?
ORGANIZATIONS ADVANCES
INFORMATION
Mais do que isso, estamos na Era do big data. Com um SALES SATURDAYS
volume cada vez maior de dados disponibilizados na DISCOVERED
BEER COMPANIES
PROMOTIONAL
internet e gerados nas navegações e transações virtuais YEARS
INFORMATION
EXAMPLE
SOFTWARE
SATURDAYS
PATTERNS
MANY BOUGHT
MINING
e postagens em sites, blogs, redes sociais — chamados FINALLY
de dados não estruturados —, empresas de tecnologia GROCERY RETAIL
SUMMARY
desenvolveram sistemas capazes de capturar esses dados
e analisá-los. RETAIL ANALYZE
TRANSACTIONAL
144 145
Analisando-se os dados de compras dos tickets de supermerca-
dos é possível conhecer o perfil de compras, nos detalhes: quais
itens têm compras associadas, em que dia da semana essas
compras são mais intensas, quantos itens em média são com-
prados... Dessa forma, as promoções podem ser mais eficazes,
assim como a distribuição do espaço das gôndolas.
\ 8.2 \
Transmissão de Dados por RadioFrequência
(RFID)
A identificação de produtos por radiofrequência ou RFID (Radio-
-Frequency IDentification) utiliza etiquetas para captar, processar
e armazenar dados (Figura 13). A contribuição dessa tecnologia
para a gestão é enorme. Se a substituição da era dos registros
manuais pelo código de barras já representou um grande avanço
na produtividade, na precisão e nos processos de registro infor-
mações, o uso da tecnologia RFID permite potencializar os ga-
nhos do código de barras, com a grande vantagem do número
de informações e a interatividade com outras ferramentas para a figura 14 \ Ilustração de uma biblioteca que utiliza a tecnologia RFID e seus componentes
análise, interface e definição de ações e estratégias.
\ 8.3 \
ANTENA Tecnologias Aplicadas à Gestão de Armazéns –
Warehouse Management System
À medida em que o número de produtos comercializados au-
mentou (por exemplo), considerando a variedade de itens e suas
quantidades (resultado, nesse caso, do crescimento do porte dos
negócios), administrar estoques e localizar itens passou a ser
TRANSPONDER uma questão crítica.
READER
O uso de tecnologias, tais como a identificação de produtos por
radiofrequência ou RFID (Radio-Frequency IDentification), dão um
figura 13 \ Ilustração da tecnologia RFID e seus componentes
apoio fundamental.
Imagine o que seria achar uma encomenda no meio deste depó- As estruturas de armazenagem têm atingido proporções gigan-
sito!!! Nada de tão difícil assim quando se usa a identificação por tescas e o gerenciamento de entradas, saídas e dos itens em
radiofrequência ou RFID. Além do controle de presença, a tecno- estoque é uma questão crítica, haja vista o volume financeiro que
logia também pode ser usada para todos os processos de entrada implica no capital investido em produtos que ali está. Além do
e saída, controle de umidade e temperatura, prazo de validade. mais, as tecnologias proporcionam o apoio decisivo também nas
operações. A decisão de onde localizar os itens, assim como a lo-
As vantagens de precisão de localização e de identificação tam- calização precisa para a retirada e posterior entrega representam
bém permitem a formação de negócios mais enxutos em termos economias significativas.
de pessoal.
Essas tecnologias podem ser integradas em softwares que geren-
Imagine o caso de uma biblioteca, que pode operar com mais efi- ciam armazéns nas suas mais diversas operações, além das tradicio-
ciência com o uso de dispositivos com apoio da radiofrequência nais entradas e saídas, mas também o endereçamento de produto
ou RFID (Radio-Frequency IDentification) na localização de obras de consumo de mesmas famílias (higiene, limpeza, alimentícios,...),
e na fiscalização de usuários (Figura 14). bem como a formação de lotes de acordo com o histórico de vendas.
146 147
Este grupo de softwares baseados nessa tecnologia é conhecido
como Warehouse Management System, que é uma ferramenta
de automação para análise, planejamento e controle de um arma- DESAFIO
zém.
Logística de Valor Agregado: WMS confere rapidez às operações da Tgestiona, operador logísti-
co do grupo Telefônica.
“O WMS gerencia todas as atividades do armazém. É como se tivéssemos uma filial da Vivo
dentro Tgestiona”, afirma o superintendente de logística móvel da empresa, Valmir Moura.
“A etapa mais crítica, muitas vezes, está no gerenciamento e administração dos materiais
envolvidos, sejam matérias-primas, semi-acabados ou produtos acabados, no que se refere
a recebimento, estocagem, controle de qualidade ou mesmo informações, tais como quanti-
dades, prazos e rapidez no atendimento da demanda”, explica o gerente comercial da Sydeco,
Marcelo Franco.
Um sistema de WMS permite a criação de interfaces com siste- Também é interligado ao FIS (“Freight Information System”, destinado ao controle de frete e
mas ERP, MRP e outros softwares de gestão, lidando automatica- distribuição parte de um TMS, (“Transportation Management System”), sistema de gerencia-
mente com inventários, processamento de pedidos e devoluções. mento de transportes) responsável por gerenciar cerca de 80 mil/mês.
148 149
O WMS atende às operações da Vivo na região chamada Sul/São Paulo, e além da esto-
cagem, separação e distribuição dos celulares, está sendo adaptado para atuar também
DÊ uma olhada...
na logística de materiais de rede e infraestrutura no Rio Grande do Sul e no Paraná. Pelo
software será possível controlar a estocagem e movimentação de redes, antenas, cabos, ECR Brasil – Associado ECR Europa: ECR é subsidiária brasileira de um movimento global que integra
plugs e conectores áli que, apesar de serem peças mais caras, não têm atrativo para empresas industriais e comerciais e os demais integrantes da cadeia de suprimentos para alcançar
roubo. padrões nas operações, via plataformas de comunicação e informação. Consulte ecrbrasil.com.br.
Para Marcelo, os principais diferenciais do WIS WMS são o apoio de uma equipe espe-
cializada em logística, profissionais com mais de dez anos de experiência no segmento,
de um milhão e meio de m2 de depósitos e mais de 600 mil posições paletes adminis- \ Aplicação Prática
tradas por esse WMS. Mais de um milhão de transações por dia, passam por esse WMS
além do lançamento do sistema em Java para rodar na web. Integramos ao WIS uma
poderosa ferramenta de Business Inteligence para cruzar e extrair informações geren-
A Logística do armazenamento de documentos: quanto custa?
ciais do depósito e toda sua operação”, conclui.
Recentemente, li uma pequena matéria sobre o custo de armazenar os documentos. O que
Com base no texto, faça as atividades abaixo: me chamou a atenção é o espaço para tal e o custo desta operação que, a princípio, parece
insignificante, porém ao olharmos o todo, pode-se verificar que é um custo altíssimo. Arma-
1 / Identifique as atividades que são desempenhadas pelo armazém e como o WMS zenar significa ter espaço para poder guardar volume de produtos, no caso, volume de docu-
apoia essas atividades. mentos. Imagine os tribunais o quanto de espaço devem ter para armazenar seus processos?
E as empresas que guardam seus documentos nos arquivos-mortos? Tudo isso requer em-
balagens especiais para documentação, espaço, pessoas para essa gestão. De acordo com a
matéria (Portal do GED no Brasil):
O manuseio de documentos representa até 60% do tempo dos funcionários e custa até 45%
do total da mão de obra. Kevin Craig. O custo do manuseio do documento para as corporações
2 / O texto menciona que a rastreabilidade é um fator importante no gerenciamento americanas está estimado em até 15% do faturamento anual da corporação - K. Craine. Um
do armazém, citando que, por meio do rastreamento do material, é possível evitar documento, na média, é copiado, tanto física como eletronicamente de 9 a 11 vezes, com um
clonagem de celulares. A rastreabilidade é um diferencial para as empresas? É possível custo de cerca de US$ 18,00 - Gartner. As empresas nos Estados Unidos gastam mais de US$
rastrear os produtos sem o uso da tecnologia da informação? Por quê? 25 bilhões por ano arquivando, armazenando e localizando documentos em papel - Philadel-
phia, Desa.
A observação acima referenciada no Portal do GED no Brasil mostra uma estatística do custo
do tempo, do envolvimento do tempo que os funcionários precisam para a gestão desses
documentos e, ainda, do envolvimento no faturamento das empresas. No Brasil, não há es-
tatísticas a esse respeito, mas com certeza, proporcionalmente, nossos custos devem ser
3 / Analise um trecho do texto: O que seria o “...rastreamento total e histórico de todos
bem maiores! (Portal do GED no Brasil). Outra questão pertinente é que não estamos apenas
os aparelhos”?
verificando o espaço físico e o velho armário de aço para guardar e sim o espaço nos arquivos
de um winchester onde a capacidade sofre upgrades a todo o momento para reservar cada
vez mais espaço. Tudo pode ser resumido em custo tecnológico, além do custo de armazena-
mento. O custo de copiar os documentos e mais de uma vez com o objetivo da segurança. Por
isso, cada vez mais periféricos menores com mais capacidade: CDs, DVDs, pendrives.
4 / Por que a utilização do WMS traz ganhos à operação da Tgestiona? A logística de armazenar aparece: espaço para levar os arquivos, pessoas capacitadas, códi-
gos de barras e endereços por ruas, acesso restrito somente a pessoas autorizadas, tecnolo-
gia. Os documentos precisam de tudo isso e cada vez mais ferramentas são utilizadas neste
tipo de armazenamento.
150 151
9
Devido a todo esse processo, muitas empresas estão migrando para extinguir a parte docu-
mental física e ficar apenas com a parte documental digital. É uma tendência, com exemplos
EXPORTAÇÃO E
concretos na atualidade. O mundo globalizado caminha no sentido digital e podemos verificar
isso nas notícias no dia a dia: E-commerce deve crescer 64% e faturar 755 milhões de reais
neste Natal. As vendas de final de ano, que respondem por 18% do faturamento anual do
IMPORTAÇÃO
comércio eletrônico no Brasil, devem atingir 750 milhões de reais, no período de 15 de novem-
bro a 23 de dezembro, prevê a consultoria e-bit. A TV Digital agrega novos negócios.
\ 9.1 \
o que é exportação?
Vamos iniciar nosso estudo procurando entender o que é expor-
tar. Conforme o site do Ministério do Desenvolvimento da Indús-
tria e Comércio Exterior (MDIC),
156 157
\ 9.2 \ O primeiro passo a ser observado no comércio exterior brasileiro
para realizar a importação de uma mercadoria, é verificar a sua
O que é a importação? classificação fiscal (código NCM – Nomenclatura Comum do Mer-
cosul). Por meio da NCM é possível identificar e descrever as
Vimos que a exportação é a remessa de produtos para outros mercadorias (levando em considerações suas características ge-
países. Assim, se considerarmos que a importação é o inverso rais até o maior nível de detalhamento) e classificá-las em relação
\ importação \ da exportação, podemos, então, definir a importação como sen- a aspectos fiscais, cambiais, tributários, estatísticos. A classifi-
do a entrada de produtos estrangeiros em um determinado país. cação fiscal ordena os produtos e os classifica observando uma
a entrada de produtos
Conforme o site do Ministério do Desenvolvimento da Indústria e convenção internacional, permitindo que o comércio mundial seja
estrangeiros em um
Comércio Exterior: realizado de forma estruturada, organizada e integrada.
determinado país.
“A importação compreende a entrada temporária Dos oito dígitos que compõem a NCM, os seis primeiros são for-
ou definitiva em território nacional de bens origi- mados pelo SH (Sistema Harmonizado), enquanto o sétimo e o
oitavo dígitos correspondem a desdobramentos específicos atri-
nários ou procedentes de outros países”. buídos no âmbito do Mercosul. É por meio da classificação que
se define os percentuais de impostos (II e IPI) a ser pago e qual
Então, entendemos os conceitos de exportação e importação e o órgão competente para autorizar a importação do produto. A
os motivos que levam as empresas a exportarem. Agora, pergun- NCM é encontrada na TEC (Tarifa Externa Comum).
tamos: o que incentiva a importação? Será que os países conse-
guem viver apenas com seus recursos próprios?
a) Código NCM: 0104.10.11 Animais reprodutores de raça
É comum que os países não consigam produzir todos os produtos pura, da espécie ovina, prenhe ou com cria ao pé
consumidos por sua população. Essa deficiência pode ter origem
econômica, ambiental e até mesmo social. Para suprir essa falha Esse código resulta nos seguintes desdobramentos:
e atender a população, o país se beneficia da importação de pro- • Seção I: Animais vivos e produtos do reino animal
dutos e/ou equipamentos que podem melhorar a produtividade
das indústrias ou serem consumidos pela população. Outro fator • Capítulo 01: Animais vivos
importante, é que o acesso a produtos produzidos em outros paí- • Posição 0104: Animais vivos das espécies ovina e
ses também estimulam a competição com os produtos nacionais caprina
e a melhoria da qualidade desses últimos.
• Suposição 0104.10: Ovinos
• Item 0104.10.1: Reprodutores de raça pura
A importação no Brasil • Subitem 0104.10.11: Prenhe ou com cria ao pé
De acordo com a política e o cenário econômico, as importações
b) Código NCM: 8477.10.11 Máquinas de moldar por inje-
podem ter mais ou menos barreiras impostas pelo governo. Es-
ção, horizontais de comando numérico, monocolor, para
ses incentivos acontecem por meio das variações das alíquotas
materiais termoplásticos, com capacidade de injeção inferior
dos impostos que incidem nas importações. Essas alíquotas po-
ou igual a 5.000 g e força de fechamento inferior ou igual a
dem aumentar ou diminuir, conforme interesse da política econô-
12.000 kN para trabalhar borracha ou plásticos ou para fabri-
mica vigente.
cação de produtos dessas matérias, não especificados nem
compreendidos noutras posições deste capítulo.
A atividade de importação se divide em três fases: administrativa,
fiscal e cambial. A administrativa está ligada aos procedimentos
Esse código resulta nos seguintes desdobramentos:
necessários para efetuar a importação. A fiscal compreende o
• Seção XVI: Máquinas e aparelhos, material elétrico, e
despacho aduaneiro que se completa com os pagamentos dos
suas partes; aparelhos de gravação ou de reprodução
tributos e retirada física da mercadoria da Alfândega. Já a cam-
de som, aparelhos de gravação ou de reprodução de
bial está voltada para a transferência de moeda estrangeira por
imagens e de som em televisão, e suas partes e aces-
meio de um banco autorizado a operar em câmbio. A importação
sórios
também pode ocorrer com cobertura cambial e sem cobertura
• Capítulo 84: Reatores nucleares, caldeiras, máquinas,
cambial e, assim como nas exportações, as moedas comumente
aparelhos e instrumentos mecânicos, e suas partes
usadas são o dólar e o euro.
158 159
O desembaraço aduaneiro se inicia após a parametrização do ca-
nal de conferência pelo Siscomex. Essa seleção é automática, e,
• Suposição 8477.10: Máquinas de moldar por injeção.
cada pedido ou processo de importação, é direcionado para um
• Posição 0104: Máquinas e aparelhos para trabalhar dos seguintes canais de conferência aduaneira:
borracha ou plásticos ou para fabricação de produ-
tos dessas matérias, não especificados nem com- A importação selecionada para o canal verde é desembaraçada
preendidos noutras posições deste capítulo. automaticamente sem verificação documental e física. O canal
• Item 8477.10.1: Horizontais de comando numérico. amarelo significa conferência dos documentos de instrução da
DI e das informações constantes na declaração de importação.
• Subitem 8467.11.11: Monocolor, para materiais
No caso de seleção para o canal vermelho, há, além da conferên-
termoplásticos, com capacidade injeção inferior
cia documental, a conferência física da mercadoria. Finalmente,
ou igual a 5.000 g e força de fechamento inferior
quando a DI é selecionada para o canal cinza, é realizado o exa-
ou igual a 12.000 kN.
me documental, a verificação física da mercadoria e a aplicação
de procedimento especial de controle aduaneiro, para verificação
Da mesma forma que ocorre na exportação, todos os dados da de elementos indiciários de fraude, inclusive no que se refere ao
importação que precisam ser declarados à Receita Federal são preço declarado da mercadoria.
inseridos no Siscomex. O Siscomex possui todas as informações
sobre exigências administrativas, fiscais e cambiais que venham
ser exigidas na atividade de importação. O cadastramento no REI Sistemática das Importações
e no Radar também é exigido para a empresa trabalhar com a
importação. Os procedimentos administrativos e operacionais que envolvem
a sistemática das importações são representados, basicamente,
Para que seja possível controlar melhor a entrada de determi- pelos passos a seguir:
nados produtos em nosso território, o governo brasileiro exige
que alguns produtos tenham a “Licença de Importação” (LI). A • 1. Cadastramento: a habilitação de uma empresa brasileira à
confirmação se o produto possui ou não a exigência da LI está atividade importadora depende da sua inscrição em dois ca-
na NCM identificada para aquele item. Após obter a classificação dastros com fins específicos, o Registro de Exportadores e
do produto, o importador deve consultar o módulo “Tratamento Importadores (REI) e o Registro e Rastreamento da Atuação
Administrativo” no Siscomex, para verificar se a importação está dos Intervenientes Aduaneiros (Radar) sob a gestão, especifi-
sujeita a esse licenciamento e, em caso positivo, qual órgão do camente, do MDIC/Secex e do MF/SRF.
governo é responsável pela sua anuência. Caso haja necessidade
• 2. Escolha da mercadoria/negociação: Escolher a mercadoria
de anuência de algum órgão, o importador (ou seu representante
e seu fornecedor, prazo de pagamento e prazo de entrega,
legal) deverá registrar a LI no Siscomex. Exemplo de produto que
entre outras coisas. Conferência acerca do correto enquadra-
exige LI: o airbag para veículos é considerado carga perigosa por
mento do produto na TEC, de forma a permitir uma avaliação
ser explosivo. Assim, o Ministério do Exército necessita deferir a
dos custos da importação.
LI para essas importações.
Na Figura 16 está um macro fluxo da importação. Em linhas ge- Os Incoterms isoladamente não têm força de lei. A CCI, ao criá-
rais, o macro fluxo busca ordenar e orientar as principais tarefas -los, objetivava apenas estabelecer parâmetros a serem obser-
que precisam ser cumpridas pelos importadores exigidas pelo co- vados pelo comprador e vendedor, envolvendo todas as ações
mércio exterior brasileiro. inerentes à transferência e posse da mercadoria que é objeto da
negociação. Os Incoterms contemplam somente bens tangíveis
figura 16 \ Macro fluxo do processo de importação e, uma vez colocados nos contratos, valem juridicamente.
Importador / Órgãos Anuantes Licenciamento (quando exigível) Para a escolha adequada do Incoterm devemos ficar atentos às
definições de responsabilidades que foram negociadas entre as
partes envolvidas: embalagem, carregamento na origem, trans-
Transportador / Operador Portuário /
Depositário
Controle Informatizado da Carga – Siscomex Carga/Mantra porte interno (tanto no país do exportador quanto no país do im-
portador), transporte da viagem principal, como também o de-
Depósitário * Disponibilidade da Carga sembaraço aduaneiro e, ainda, a descarga no destino (serviços
logísticos inerentes à movimentação da carga).
162 163
tabela 3 \ Grupos do Incoterm e suas características figura 17 \ Responsabilidade e custos de cada Incoterm
Grupos Características EXW FCA FAS FOB CFR CIF CPT CIP DAP DAT DDP
Embalagem
E Obrigação mínima para o exportador.
F Frete principal (internacional) não é pago pelo exportador. Carregar o transporte interno
• Grupo F FCA – Free Carrier, FAS – Free Alongside Ship e Descarga transporte principal
FOB – Free on Board. Burocracias da importação
• Grupo C CPT – Carried Paid To, CIP – Carried and Insu- Transporte interno
rance Paid to, CFR – Cost and Freight e CIF – Cost, Insurance Recepção da carga
and Freight.
Legenda: Comprador
• Grupo D DAT – Delivered At Terminal, DAP – Delivered At Vendedor
Place e DDP – Delivered Duty Paid.
\ 9.4 \
Os Incoterms também possuem como característica a sua ade-
quação ao modal de transporte escolhido. Dessa forma, a Tabela Pagamentos, Financiamentos e Seguros
4 demonstra a divisão dos Incoterms quanto aos modais de trans- no Comércio Exterior
porte.
A modalidade de pagamento é definida no momento da nego-
ciação, quando o comprador, o comprador está intencionado em
tabela 4 \ Relação dos Incoterms com as modalidades de transporte
garantir a entrega do produto pelo vendedor. Já o vendedor busca
entender como o comprador irá pagar a mercadoria.
Todas as modalidades Somente a modalidade aquaviária
2 \ Já o seu concorrente tem como estratégia garantir a chegada do produto no cliente dentro
do prazo negociado. Para isso, ele assume todas as despesas e riscos até a colocação da car-
ga na porta do cliente. Qual é o Incoterm que ele está usando?
4 \ Cite 2 situações que justifique o alto custo suportado pelo produtor de soja e milho para www.apexbrasil.com.br;
Agência Brasil
Publicação: 03/02/2014 18:04 Atualização
Incoterm
Seguros
O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Importação e
Exterior, Daniel Godinho, disse em entrevista coletiva, para comentar os resultados da balança
Exportação
comercial, que o déficit em janeiro ocorreu em função da alta nas importações de produtos
que sinalizam a perspectiva de alta de investimentos no país e demanda aquecida. “O cresci-
mento das importações, puxado por bens de capital, matérias-primas e material intermediário, Fluxos
indica que são itens que entram para gerar produção. Significam novos investimentos e fazem Documentos
bem para a economia do país”, destacou. Godinho declarou ainda que janeiro é um mês em
que, tradicionalmente, há queda de exportações.
Condição de
Os dados divulgados pelo ministério apontam que as compras de bens de capital, usados, pagamento
cresceram 7,1% ante janeiro de 2013, segundo o critério da média diária. A compra de maté-
rias-primas e peças intermediárias também teve crescimento, de 3,2%. Os números mostra-
ram ainda alta de 8,8% nos gastos com importações de bens de consumo, como máquinas
para uso doméstico, móveis, vestuário e objetos de decoração. Para Daniel Godinho, essa
última elevação também é positiva e não indica maior competitividade de produtos estran- Referências da Unidade
geiros em relação aos nacionais. Segundo ele, parte significativa dos bens de consumo cujas
exportações cresceram é eletroeletrônica. Também há uma procura por peças e componentes
desse tipo de produto. Na avaliação dele, isso está relacionado à aproximação da Copa do
BORGES, Joni. Financiamento ao comércio exterior: o que uma empresa precisa saber. Curitiba, Intersaberes, 2012.
Mundo e à demanda interna aquecida, tanto por produtos brasileiros quanto por fabricados
no exterior. BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J.; COOPER, M. B. Gestão da cadeia de suprimentos e logística. 2a edição. São Paulo:
Campus, 2008.
Em 2013, o mês de janeiro também registrou déficit elevado, de US$ 4,04 bilhões. Na ocasião,
no entanto, o resultado negativo era explicado pela queda na produção e, consequentemente, CAIXETA-FILHO, J. V.; MARTINS, R. S. Gestão logística do transporte de cargas. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
nas exportações do petróleo brasileiro. O motivo foi a parada programada para a manutenção
CNT/COPPEAD. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRANSPORTES/ INSTITUTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
de plataformas. Além disso, houve uma defasagem no registro de importações de combus-
EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (UFRJ). Diagnóstico do
tíveis e lubrificantes, feitas em 2012 mas que acabaram impactando a balança de 2013. Este Transporte de Cargas no Brasil, Rio de Janeiro, 2002.
ano, no entanto, segundo Godinho, a conta-petróleo já dá indicativos de maior equilíbrio.
MINERVINI, Nicola. O exportador: ferramentas para atuar com sucesso no mercado internacional. 5 ed. São Paulo,
Com relação aos parceiros comerciais, o Brasil registrou queda de 13,7% nas exportações Pearson Prentice Hall, 2008.
para a Argentina até janeiro de 2013. Para Daniel Godinho, é cedo para dizer se a queda é um
http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=245 - Acesso em 06/01/2016.
impacto da crise no país vizinho. Cresceram 27,7% as vendas externas do Brasil para a China
e 11,4% o comércio para os Estados Unidos. O secretário destacou que, nos últimos seis http://www.mdic.gov.br/siscomex/siscomex.html - Acesso em 06/01/2016.
meses, as exportações para os norte-americanos têm crescido regularmente, com exceção
somente de novembro do ano passado. http://www.aprendendoaexportar.gov.br/sitio/paginas/comExportar/fluExportacao.html - Acesso em 06/01/2016.