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Questão

Como um organismo passa a


emitir um comportamento
novo e complexo?
Modelagem

“O comportamento operante modela


o comportamento como o escultor
modela a argila” (Skinner, 1953, p.
101)
• Comportamento operante é o resultado de um contínuo
processo de modelagem
• Se esperarmos que uma resposta “nova” ocorra no
repertório do organismo, podemos esperar muito tempo e
pode ser que ela nunca ocorra.
• Necessidade de pré-existência de um conjunto de
respostas para que ocorra uma resposta nova.

“O comportamento com o qual freqüentemente deparamos,


tanto do ponto de vista teórico quanto prático, modifica-se
continuamente a partir de uma matéria básica grandemente
indiferenciada.”(Skinner, 1953, p. )
• Modelagem
– Procedimento prático para o estabelecimento
de uma resposta complexa
• Probabilidade pequena de que a resposta
ocorra
– Usada para ensinar um comportamento que
demoraria muito para acontecer
– Processo de instalação de um comportamento
complexo
– Processo de ampliação do repertório de um
organismo por meio de aquisição de novas
respostas
Processo de Modelagem

O processo de modelagem ocorre


através do método de aproximações
sucessivas por meio do procedimento de
reforçamento diferencial.
Aproximações sucessivas
 Ensino de um desempenho complexo quando:
 O organismo apresenta dificuldades especiais,
 Os pré-requisitos necessários para emissão da resposta
final estão ausentes.
 Decomposição da resposta em partes específicas da
mais longe à mais próxima da resposta final esperada.
 Por meio do procedimento de aproximação
sucessiva é possível estabelecer uma alta
freqüência de emissão de uma resposta
considerada complexa.
Reforçamento diferencial
 Reforçamento de respostas pertencentes a uma
determinada classe e extinção a outras respostas.
 Refinamento de respostas pertencentes a mesma
classe, que já está instalado no repertório do sujeito.
A apresentação do estímulo reforçador ocorre
contingente a respostas cada vez mais precisas e
complexas e não ocorre na emissão de respostas
menos “refinadas
 Utilizado no desenvolvimento de comportamento
complexos, que não atingiram a precisão sem este
procedimento.
Exemplo
1. Chutar a bola no gol.
 Uma criança precisa aprender a chutar no gol, mas nunca
viu uma bola. Com isso é preciso decompor este
comportamento, definindo as diversas classes de respostas
que precisam ser aprendidas.
a. Ver uma bola - reforçamento para esta resposta e extinção
para outras
b. Pegar a bola
c. parar a bola no chão
d. chutar a bola
e. chutar numa direção
f. chutar em direção ao gol
Exemplo
2. Chutar a bola no gol
– Apenas as resposta em que a bola atinge o gol são
consequênciadas e os chutes fora não.
– Refinamento: apenas as bolas chutadas num
determinado ângulo do gol são reforçadas.
Modelagem consiste em:
(Adaptado de Regra, 2005)

1. Definir o comportamento terminal que o


organismo deve emitir
2. Decompor a resposta final em respostas
“menores” com maior probabilidade de
serem emitidas.
3. Especificar a conseqüência que se segue às
respostas que se reforçadas aumentam a
probabilidade de emissão de respostas mais
próximas ao comportamento terminal
4. Colocar as respostas em hierarquia – da mais
distante a mais próxima do comportamento
terminal.
5. Extinguir qualquer outra resposta que não faça
parte das respostas definidas à cima. Respostas
muito distantes da resposta final ou aquelas que
“diminuem” a probabilidade de ocorrência dessa
resposta.
6. Escolher uma resposta que já faz parte do
repertório do organismo para iniciar a
modelagem.
7. Conseqüênciar poucas vezes essa primeira
resposta e passar a exigir respostas mais
próximas a resposta final para conseqüência. De
acordo com definição hierárquica feita à priori.
8. Reforçar respostas que vão se aproximando da
resposta final “desejada” e extinguindo as
demais respostas. Reforçamento diferencial.

“A conseqüência positiva para pequenas mudanças de


respostas favorece a aquisição de respostas novas.”
(Regra, 2005, p. 127)
Exemplo situacional
(Adaptado de Regra, 2005)
 Pais e professores se queixam que a criança não se concentra na atividade escolar,
apresentando diversas respostas classificadas como respostas de dispersão e não
emitindo respostas classificadas como respostas de concentração.
 Os pais e a professora descrevem que a criança tem uma dificuldade de se
concentrar numa determinada tarefa, por exemplo, lição de casa. A criança frente
a lição de casa emite um conjunto de comportamentos, tais como: levantar da
cadeira, apontar o lápis, derrubar o lápis e apontá-lo novamente, derrubar a
borracha, abaixar-se para pegar a borracha, escorregar da cadeira e entrar
embaixo da mesa, mexer no lápis, olhar em direção à janela, olhar as unhas, rolar
o lápis na mesa, pegar um brinquedo, olhar em direção a qualquer som.
 Desta forma a criança na se engaja na lição de casa, pois a concentração é o
comportamento incompatível com dispersão. Ao se concentra na lição, a criança
emite uma outra classe de respostas, como: Colocar o material na escrivaninha,
abrir a agenda, abrir o caderno na página da lição, pegar o lápis, ler as instruções
da tarefa e escrever por um determinado tempo, alternado com os
comportamentos de ler instrução e escrever, até que a lição seja concluída.

A partir do relatado, elabore uma intervenção baseada no


procedimento de modelagem.
Situação 2
(Adaptado de Regra, 2005)

• Queixa: Dificuldades motoras ampla e fina de


uma criança de seis anos
– Criança apresenta, inicialmente, dificuldade em
estruturar desenho, pintar dentro de limites e
pintar cobrindo todo o desenho.
• Por meio do desenho livre, desenvolva um
procedimento para o desenvolvimento motor
dessa criança.
Modelagem em situação clínica
DRA – Reforçamento diferencial de respostas
alternativas
 Durante o processo terapêutico, após meses de sessão,
o cliente continua emitindo um padrão
comportamental classificado como queixoso, ou seja, o
cliente passa os cinqüenta minutos da sessão relatando
dificuldades, dores e tristezas.
 Ex.: Essa semana foi muito difícil, a cada dia era uma dor
diferente, não agüento mais ir ao médico, pois nada
adianta, acho que esses médicos não sabem de nada.

 A partir da situação apresenta, descreva um


procedimento como o objetivo de diminuir a
freqüência desses comportamentos queixosos e
aumentar a freqüência de outros comportamentos.
Entrevistas iniciais
 Modelagem do comportamento descritivo do cliente
 Primeiras sessões  causas internalistas
 Solicitação de descrição dos comportamentos (interação)
Em que situação isso acontece?
Isso ocorre com todo mundo?
O que você sente diante dessa situação?
O que acontece depois?
Como você se sente?
Me dê um exemplo
Como assim?
O que você estaria fazendo se não estivesse fazendo... ?
Deixa eu ver se eu entendi...
Etc...

Após algumas sessões  Relato de interações


funcionais
Extinção Operante
O que acontece quando respostas
operantes deixam de produzir as
consequências que as mantêm?
Extinção - Definição
• Quando a conexão entre uma resposta
operante e seu reforçador é abruptamente
interrompida, um processo comportamental
característico é produzido. As características
deste processo, que é chamado extinção,
desempenham uma parte importante na
construção e manutenção de padrões
complexos de comportamento (Millenson,
1970, p. 89).
Extinção - Aspectos
• Uma relação entre resposta e reforço já
estabelecida,
• A quebra desta relação e
• As alterações no responder produzidas por
esta ruptura.
• Diminuição na frequência das respostas
anteriormente reforçadas é o efeito que mais
se destaca
Catânia, 1999
• Uma das propriedades do reforçamento

O responder é mantido apenas enquanto o


reforço continua e não depois que ele é
suspenso. Assim, a redução no responder
durante a extinção não é um processo especial
que requeira um tratamento separado, é uma
das propriedades do reforço. (p. 92)
Resistência à extinção
• Medida dos efeitos do reforço.
O comportamento durante a extinção é
resultado do condicionamento que a
precedeu e, nesse sentido, a curva da
extinção fornece uma medida adicional do
efeito do reforçamento. (...) A resistência à
extinção não pode ser predita a partir da
probabilidade da resposta observada em um
dado momento. Devemos conhecer a história
de reforçamento. (Skinner, 1953, p. 70)
Resistência à extinção - Critérios

• O número de respostas emitidas durante a


extinção, ou
• O período de tempo em que respostas são
emitidas.

• Definição arbitrária
Problema
• Quando ou em quais circunstâncias podemos
dizer que o efeito de enfraquecimento da
resposta ocorreu.
• Um operante deve existir com alguma força antes
de poder ser condicionado; deve ser emitido pelo
menos de vez em quando para poder ser
reforçado. Essa freqüência não condicionada de
emissão é chamada de nível operante daquela
resposta, e aparece como parte da atividade geral
do organismo. (...) A partir da noção de nível
operante segue-se que uma resposta extinta não
alcançará uma freqüência zero, mas voltará
àquela que existia antes do condicionamento.
Keller e Schoenfeld (1968, p. 91)
Processo
• DADA: uma resposta operante previamente fortalecida.
• PROCEDIMENTO: retirar o reforço do operante. (...)
• PROCESSO: 1. um declínio gradual um tanto irregular da
taxa marcado por aumentos progressivos na freqüência de
períodos relativamente longos de não responder.
2. um aumento na variabilidade da forma (topografia) e
da magnitude da resposta.
3. uma ruptura gradual dos elos ordenados que
constituem o comportamento fortalecido.
• RESULTADO: os processos comportamentais aproximam-se
de estados de nível operante como valores limites. (p. 104)
Efeitos: romper a relação
resposta-reforço
• Aumento na taxa de respostas no início;
• Variabilidade comportamental: mudança na
forma do comportamento;
• Sequência de respostas estabelecida a
partir do reforçamento se degenera;
• Diminuição gradual na frequência do
responder;
• Respostas emocionais: oscilação cíclica.
Efeitos – Skinner (1953)
• Se apenas umas poucas respostas tiverem sido reforçadas,
a extinção ocorre rapidamente. Uma longa história de
reforçamento é seguida [na extinção] por um responder
que se mantém por mais tempo.
• (...) Não há uma relação simples entre o número de
respostas reforçadas e o número [de respostas] que
aparece na extinção. (...)
• a resistência à extinção gerada por reforçamento
intermitente [isto é, quando nem todas as respostas de
uma determinada classe de respostas são seguidas de
reforço] pode ser muito maior do que se o mesmo número
de reforços for dado para respostas consecutivas. (p.70)
Alteração no responder
• Conhecer a história de reforçamento
– O número de respostas reforçadas ;
– O critério para apresentação do reforço.
• É importante também considerar a existência
de experiências anteriores de extinção.
– conhecer a história de reforçamento envolve, na
realidade, conhecer a história de reforçamento e
de extinção.
– Sucessivas experiências de extinção: uma única
resposta não seguida de reforço é emitida.
Depressão
(o que deve ser observado)
• Ferster:
• Estreita relação entre a freqüência das atuações de
uma pessoa e a perda de reforçadores (extinção)
• Redução nas atividades levaria a baixa taxa de
reforçamento

Baixa freqüência de Baixa taxa de


respostas reforçamento

nucleoparadigma@terra.com.br
Ferster
• Baixa taxa de reforço (ou extinção) produz
baixa taxa de respostas
• Extinção
– Início do processo – ataques (que podem ser
paralelos à irritabilidade)
– Meio do processo – desempenho inconstante
– Final do processo – desistência do responder
(depressão)

nucleoparadigma@terra.com.br

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