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MAXIMILIANO
UM PRÍNCIPE AUSTRÍACO EM SOLO FLUMINENSE
AVENTURA E TRAGÉDIA
Guilherme Peres
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CHEGADA AO RIO DE JANEIRO
VISITA A PETRÓPOLIS
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poderá ser dirigido à pessoa do príncipe, “bastando que o aposento que lhe for destinado
conste de duas peças”.
A chegada da composição ao final da linha férrea situada em Raiz da Serra, com a
locomotiva envolta em fumaça, chamou atenção de alguns curiosos que se achavam nas
redondezas. Um pouso de tropeiros avarandado próximo à estação, abrigava homens e
animais em descanso, demonstrando na calmaria dos terrenos pantanosos, a presença
das febres palustres.
A carruagem atrelada aos animais subiu a serra, levando sua alteza e a comitiva,
onde “muitas famílias foram esperá-lo na Vila Teresa, acompanhando-os até o hotel”.
Em seguida foram convidados para jantarem no palácio em companhia de suas primas
SS. AA. as princesas D. Isabel e D. Leopoldina “numa reunião íntima presidida pela
condessa de Barral”. A visita a Petrópolis durou apenas dois dias, pois o viajante
deveria prosseguir no dia 5 para a Província do Espírito Santo, a fim de encontrar-se
com o Imperador. “Nos últimos dias de permanência na Corte, também visitou a
Imperial Fazenda de Santa Cruz”.
A CONDESSA DE BARRAL
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sendo poliglota, e “depois de ter acompanhado distinto fidalgo pelo mundo como seu
criado, veio estabelecer-se em Petrópolis como hoteleiro”.
A RECEPÇÃO
DIÁRIO
HISTÓRICO
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apoiado pelo imperador francês Napoleão III, que ocupava com centenas de tropas este
território, dando-lhe o apoio necessário para assumir o governo. Além da Inglaterra, a
Santa Sé e a vaidade transformaram Maximiliano em um monarca, e não ser mais
predestinado a viver como o “irmão do imperador da Áustria”.
Assumindo o trono de um país completamente estranho para ele e mergulhado em
intensa crise política, ainda naquele ano Maximiliano entraria em choque com forças
conservadoras por ter escolhido um gabinete contrário à causa monarquista, ganhando
também a hostilidade dos seguidores de Benito Juarez, ao ordenar em 1865, a execução
sumária de seus líderes. Com a retirada das tropas francesas em 1866, Maximiliano
assumiu o comando das tropas mexicanas, minadas por idéias revolucionárias que as
enfraqueceram.
FINAL DE UM SONHO
Dominadas em combate após o cerco em Santiago de Querétaro, o coronel
Miguel Lopez chefe da guarnição, entregou sua posição aos republicanos que invadiram
a praça de guerra em 15 de maio fazendo centenas de prisioneiros. O imperador retirou-
se para o Cerro de las Campanas com alguns de seus generais e se entregaram como
prisioneiros. Enquanto aguardavam o julgamento por um conselho de guerra, estiveram
presos no convento de La Cruz, dos Capuchinhos. “O general Ramon Mendes
simplesmente identificado foi passado imediatamente pelas armas”.
Apesar da interferência de ministros europeus e dos Estados Unidos, creditados
junto ao México, as sentenças de morte dos comandantes militares e seu imperador
foram confirmadas, no dia 19 de junho de 1867. Até uma carta do escritor francês
Victor Hugo com pedido de clemência foi recusada por Juárez. Colocados diante do
pelotão de fuzilamento os generais Miguel Miramón, Thomas Megia e o arquiduque
Maximiliano da Áustria tiveram o México como túmulo, apagando naquele país, os
últimos vestígios de uma aventura monarquista.
COMENTÁRIO
Vejo seu retrato: a barba ruiva resplandece sobre um colar de medalhas. Ao
cavalgar um ginete branco se convencia que nascera para galgar os degraus de um
império. Cavalo alado com asas de cera. Alto, jovem, olhos azuis, dedicados ao estudo,
dos que amam as coisas do espírito. Com orgulho indomável cultuava a
magnanimidade, o censo de justiça, o forte personalismo.
A loucura dominaria o ego, se recusasse empunhar a espada em defesa de um
trono, mesmo sendo alheio aos círculos honoríficos da Europa. Desfraldar uma bandeira
de vaidades e marchar contra os moinhos de vento.
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Naquela manhã após o toque do clarim, foi colocado diante do pelotão de
fuzilamento junto com seus comandantes. As balas atravessaram-lhe o peito. Medalhas
de sangue... e um corpo tombado na areia próximo a vala comum dos mortais.
A partir desses acontecimentos, confinada no castelo de Bouchot, na Bélgica, a
arquiduquesa Carlota Amália passaria o resto de sua vida completamente louca, até
morrer em 1927.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: