CONSIDERE O CASO SEGUINTE: COM O OBJETIVO DE GARANTIR O

LIVRE ACESSO AOS DIVERSOS HOSPITAIS SITUADOS NA REGIÃO,

EDITA-SE UMA LEI QUE PROÍBE MANIFESTAÇÕES NA AVENIDA
PRINCIPAL DA CIDADE, LUGAR TRADICIONAL DE REUNIÕES E
COMPOSTA POR SEIS FAIXAS DE ROLAMENTO.

COMO JUIZ, DECIDA SE A LEI É CONSTITUCIONAL, UTILIZANDO NA

FUNDAMENTAÇÃO AS REGRAS QUE INTEGRAM O PRINCÍPIO DA
PROPORCIONALIDADE.

Tendo em vista a problemática acima, o direito de liberdade de expressão e o

direito de se manifestar, buscar e receber ideias, previsto na Constituição
Federal no artigo 5º, IV, VII e IX:

 Art. 5º. IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

 Art. 5º. VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
 Art. 5º. IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de censura ou licença;


A Declaração da Comissão Interamericana de Direitos

Humanos sobre Princípios de Liberdade de Expressão, também prevê no artigo
1 que a liberdade de expressão, em todas as suas formas e manifestações, é
um direito fundamental e inalienável, inerente a todas as pessoas. É, ademais,
um requisito indispensável para a própria existência de uma sociedade
democrática. Mas, de qualquer forma, é importante salientar que o aviso prévio
à autoridade competente não é com o fim de que a manifestação, reunião,
passeata seja impedido ou repreendido por força policial, mas que seja
disponibilizado lugar e policiamento que asseguro o direito. Tem também a
intenção de evitar que o direito de reunião entre em conflito com outras
manifestações populares marcadas para o mesmo lugar e dia.

Porém, mesmo que conte com todas as garantias possíveis e que seja feito o
aviso prévio às autoridades competentes, no caso de hospitais não há como
prever a necessidade de utilização das vias de acesso, levamos em
consideração que a utilização de hospitais é feita de forma urgente e em muitos
casos independe da vontade pessoal de cada um e sim da necessidade de
tratamentos especiais de um profissional da saúde e isso é assegurado pela
constituição, assim como o direito a livre manifestação de ideias. Porém, a
forma como foi tratada, em capítulo próprio, demonstra o cuidado que se teve
com esse bem jurídico. Com efeito, o direito à saúde, por estar intimamente
atrelado ao direito à vida, manifesta a proteção constitucional à dignidade da
pessoa humana, sendo assim, o direito à saúde é um direito fundamental.
Portanto, utilizando os princípios da proporcionalidade, com a tentativa de
equilibrar os direitos individuais com os anseios de uma maioria e sem ferir os
poderes empregados na constituição, entendo que as manifestações podem
ser feitas - com aviso prévio às autoridades competentes -, desde que não
impeça, de forma alguma, os direitos e garantias fundamentais de outrem.

Sendo assim, pode-se dizer que a lei que proíbe manifestações na avenida
principal da cidade, É INCONSTITUCIONAL, pois fere um direito conquistado
pelo povo e não abre margem para os princípios de proporcionalidade.