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Considere o caso seguinte: um deputado federal, um deputado estadual e um

vereador estão sendo investigados pois há indícios de que, sem ligação entre si,
cometeram crimes no exercício de suas funções. O Ministério Público pede que os
parlamentares sejam afastados cautelarmente dos seus mandatos, para evitar que
prejudiquem as investigações.

Como juiz competente para a causa, considerando as regras constitucionais e as


funções das imunidades parlamentares, bem como as posições do Supremo
Tribunal Federal a respeito do tema, decida fundamentadamente sobre a
possibilidade de afastamento de cada um dos membros do Poder Legislativo, nas
três esferas federativas.

Resposta:
"Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte
para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos
sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a
igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem
preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e
internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção
de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL."

"§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão


ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão
remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da
maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 35, de 2001)"

Se levarmos em consideração a Imunidade Formal dos parlamentares, uma vez que tem
caráter institucional próprio do Poder Legislativo, destinada a sua proteção, ressalvados
os casos de imunidade parlamentar, os deputados e senadores estão sujeitos ás mesmas
leis que o cidadão comum, em respeito ao princípio da igualdade. Entretanto, em defesa
do interesse maior, de continuidade das atividades legislativas e preservação da
independência do poder de Estado, convém o não afastamento do congressista em razão
de processo judicial.

Denominado como imunidade processual ou formal, esta regalia garante ao congressista


a impossibilidade de ser processado ou permanecer preso; ampara, desta forma, a
liberdade pessoal do parlamentar, nos casos de prisão ou processo criminal. Pois busca a
proteção dos parlamentares contra processos ou prisões arbitrárias.

Apesar de a Constituição dizer crimes cometidos após a diplomação, nos casos em que
os deputados e senadores respondiam por crimes cometidos antes da diplomação e
corriam na justiça comum, este continuará normalmente, não podendo ser sustada por
votação da maioria da Casa parlamentar à qual pertence o congressista. O que ocorrerá é
que o processo passará para a competência do Supremo Tribunal Federal.

Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador:

II – licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem
remuneração, de interesse particular, desde que, neste caso, o afastamento não
ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa.

Tendo em vista o exposto acima, entendo que com relação aos deputados federais e
estaduais o afastamento destes é impossibilitado por conta de qualquer crime que o
tenha cometido, desde que não em flagrante.

VEREADORES E IMUNIDADE PARLAMENTAR FORMAL

Com relação aos vereadores, ao contrário do que ocorre com os membros do Congresso
Nacional, a teor dos §§ 2º, 3º e 4º do art. 53 da Constituição Federal (na redação da EC
35), bem assim com os deputados estaduais, por força do §1º do art. 27 do mesmo
diploma, não gozam da denominada "incoercibilidade pessoal relativa"(freedom from
arrest), ou seja, não são, como aqueles, imunes à prisão - salvo em flagrante de crime
inafiançável -, inobstante sejam estes detentores da chamada "imunidade material" com
relação às palavras, opiniões e votos que proferem no exercício do mandato e na
circunscrição do Município, segundo dispõe o art. 29, VIII, da Lei Maior, e ainda que
alguns Estados lhes assegure, na respectiva Constituição, eventual prerrogativa de foro.
[HC 94.059, rel. min. Ricardo Lewandowski, 1ª T, j. 6-5-2008, DJE 107 de 13-6-
2008.]

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