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REGIMENTO INTERNO

Mandato e Imunidade
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MANDATO E IMUNIDADE

DO EXERCÍCIO DO MANDATO

O deputado estadual é um integrante do Poder Legislativo, que tem duas funções típicas:
legislar, ou seja, produzir normas primárias, e fiscalizar. Associando, principalmente, essas
duas funções, é possível entender o exercício do mandato e suas atribuições:

I – integrar o Plenário e as comissões, tomar parte nas reuniões e nelas votar e ser votado;

O Plenário é integrado por cada um dos 77 deputados estaduais e, ainda, há alguns deles
que compõem as comissões. Como membro do Plenário e de alguma comissão, então, o
parlamentar tem direito de participar dos debates, votar e ser votado.

II – apresentar proposições, discutir e deliberar sobre matéria em tramitação;

Se o deputado está no exercício do mandato, ele tem a prerrogativa de apresentar um


projeto de lei, ou seja, um processo legislativo pode ser desencadeado por um membro da
própria Assembleia Legislativa. Além disso, ele também tem a prerrogativa de discutir, de se
posicionar favorável ou contrariamente aos projetos apresentados e, logo que a discussão for
encerrada, ele tem o direito de votar, no sentido de aprová-la ou não.

III – encaminhar, por meio da Mesa da Assembleia, pedido escrito de informação;

Essa terceira função, diferentemente das duas primeiras, que estão relacionadas à função
administrativa, é relacionada à função fiscalizadora. Assim, o Poder Legislativo, no desem-
penho da função fiscalizadora, pode encaminhar aos Secretários de estados, aos dirigentes
de órgãos ou entidades, diretamente subordinados ao governo do estado de Minas, reque-
rimento escrito de informações. Então, por intermédio da mesa diretora, esse requerimento
chega a quem se deseja e esse cidadão ou entidade deve responder aos questionamentos
ali contidos.
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IV – usar da palavra, pedindo-a previamente ao Presidente da Assembleia ou ao de comissão;


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O uso da palavra é, também, uma prerrogativa do deputado estadual. Se a sessão ocor-


rer no Plenário, ele o fará mediante autorização do Presidente e, se a reunião ocorrer na
comissão, a autorização deve ser do Presidente da Comissão.

V – examinar documentos existentes no arquivo;


VI – requisitar das autoridades, por intermédio da Mesa da Assembleia ou diretamente, providên-
cias para garantia de suas imunidades;

Sendo ameaçado em suas prerrogativas do mandato, o deputado poderá requisitar pro-


vidências das autoridades para garantir as imunidades em questão.

VII – utilizar-se dos serviços da Secretaria da Assembleia para fins relacionados com o exercício
do mandato;

É fundamental ressaltar, nesse caso, que os fins devem ser estritamente relacionados ao
exercício do mandato, nunca para fins particulares.

VIII – receber, diariamente, a edição do Diário do Legislativo;


IX – retirar, mediante recibo, documentos do arquivo ou livros da biblioteca.

IMPEDIMENTOS

Compreendendo quais são as prerrogativas do mandato do Deputado Estadual, é impor-


tante, também, conhecer quais são seus impedimentos, sendo o primeiro deles o seguinte:o
Deputado não poderá presidir os trabalhos da Assembleia Legislativa ou de comissão, nem
ser designado relator, quando se estiver discutindo ou votando assunto de seu interesse pes-
soal ou quando se tratar de proposição de sua autoria.
A direção dos trabalhos da casa está relacionada com uma postura de equidistância,
ou seja, deve haver uma postura de isenção, uma vez que, ali, lidam-se com as mais diver-
sas opiniões. Sendo assim, se a matéria for de interesse pessoal ou, ainda, de autoria do
parlamentar, ele não poderá conduzir a direção dos trabalhos, nem no Plenário e nem na
comissão.
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Uma observação importante trazida pelo regimento é a seguinte: “No caso de proposta
de emenda à Constituição, os impedimentos de que trata o § 1º se aplicarão somente ao
primeiro signatário”. Logo, no caso de proposta de emenda à Constituição, ela pode ser
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apresentada por ⅓ dos membros da casa, por exemplo, mas o impedimento, de fato, recairá
apenas sobre o primeiro que assinou a PEC.

DOS DIREITOS, PRERROGATIVAS

Inicialmente, sobre esse assunto, é essencial ter em mente que as mesmas prerroga-
tivas que recaem sobre um deputado federal, recaem sobre o deputado estadual – sendo
esta uma matéria de reprodução obrigatória, como indicado na Constituição Federal, em seu
artigo 53 e, consequentemente, na CEMG em seu artigo 56.
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Imunidades

Em se tratando das imunidades, uma analogia com as vacinas pode ser feita: uma
pessoa, ao ser vacinada e ter contato com o vírus, não é infectada, diferentemente do que
ocorre àquela não vacinada. Trazendo para o contexto parlamentar, o deputado tem certas
imunidades, o que significa que, em função delas, ele não terá as mesmas consequências,
em alguns casos, de uma pessoa que não tem as imunidades. Nesse sentido, pode-se ques-
tionar sobre os diferentes tratamentos entre um civil e um deputado estadual, por exemplo,
mas deve-se ter em mente que as imunidades visam proteger o exercício do mandato, não o
parlamentar em si – isso, porque o exercício do mandato é um instrumento de representação
do povo, que elegeu aquele cidadão para o cargo.
A imunidade, portanto, advém do governo americano e pode ser material ou formal. A
material está relacionada à liberdade de expressão do deputado e é chamada de “freedom of
speech”, enquanto a formal é chamada de “freedom from arrest”.

Imunidade Material

Art. 47. O Deputado é inviolável, civil e penalmente, por suas opiniões, palavras ou votos.

Quando o deputado fala, o povo fala por ele, uma vez que ele é instrumento do governo
popular. Então, em princípio, ele não pode ser penalizado por aquilo que externou por meio
de palavras, muito menos por um voto proferido ou discussão participada. Sendo assim, ele
é inviolável, tanto na esfera cível, quanto na esfera penal.
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No entanto, há uma jurisprudência do Supremo, não recente, que define que a imunidade
material não é absoluta, uma vez que nem os próprios direitos fundamentais os são. Existem,
então, situações, até mesmo anteriores ao atual governo, em que parlamentares foram puni-
dos em virtude de manifestações orais. Um bom exemplo é o de Jair Bolsonaro, então depu-
tado federal, que respondia a duas ações penais no Supremo por palavras expressadas na
Câmara dos Deputados contra a deputada Maria do Rosário. Ainda, o deputado Jorge Kajuru
responde a ações penais, recentes, devido a expressões utilizadas em suas redes sociais
contra uma determinada pessoa. Sendo assim, fica explícito o caráter não absoluto dessa
imunidade, uma vez que ela não deve servir de salvo-conduto para a prática de crimes.
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Foro Especial por Prerrogativa de Função

O Deputado, desde a expedição do diploma, somente poderá ser submetido a julgamento


perante o Tribunal de Justiça.
Essa imunidade é comumente chamada pela imprensa de foro privilegiado, mas, tecni-
camente, seu nome é “foro especial por prerrogativa de função”. Para entendê-la, compare
a situação de uma pessoa comum e de um deputado: quando um cidadão não parlamentar
comete um crime, ele é julgado na vara criminal. O deputado, por sua vez, ao cometer um
crime, por ter foro especial por prerrogativa de função, em vez de responder na vara criminal,
já inicia no Tribunal de Justiça do estado, ou seja, em vez de começar na primeira instância,
com um juiz singular, começa na segunda instância, em um órgão colegiado. Essa imunidade
se inicia antes mesmo da posse, com a expedição do diploma do deputado, como ressaltado
no trecho acima do regimento.
Em termos jurisprudenciais, o Supremo Tribunal Federal tem o entendimento de que essa
prerrogativa de foro será aplicada quando o deputado comete o crime no exercício do man-
dato e esse crime tem relação com o exercício do mandato. Não estando nessas condições,
o deputado é julgado na justiça comum. Por exemplo, se o parlamentar agride sua esposa,
seu julgamento será na justiça comum, pois não tem relação com o exercício do mandato.
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Prisão Somente em Casos Especiais

Ainda comparando a um cidadão comum, ele pode ser preso em flagrante, seja por crime
afiançável ou não, e, também, por ordem judicial. A letra do regimento diz que um deputado
somente será preso em flagrante e, ainda assim, se for flagrante de crime inafiançável.
Um bom exemplo, para esse caso, é o seguinte: uma pessoa comum faz uso de bebida
alcoólica e dirige. No caminho, é surpreendida por uma blitz e, passando de um determinado
nível etílico no bafômetro, ela é presa em flagrante e conduzida à delegacia, onde o delegado
arbitrará o valor de uma fiança que, ao ser paga, liberta o cidadão em questão. No entanto,
em um caso de venda de cocaína, por exemplo, a prisão em flagrante é inafiançável.
A condição do deputado de apenas poder ser preso em flagrante e por crime inafiançável
é exposta no parágrafo abaixo:

§ 2º O Deputado não pode, desde a expedição do diploma, ser preso, salvo em flagrante de crime
inafiançável.

Especialmente, por exemplo, no caso da prisão do deputado Daniel Silveira, sem entrar
nos mínimos detalhes, o entendimento foi de que ele estava cometendo crime permanente e,
por isso, houve sua prisão em flagrante, como foi, em um caso mais antigo, com o senador
Delcídio Amaral.
Finalmente, a exceção à regra, portanto, é uma decisão condenatória em julgado, então,
se há uma condenação criminal em sentença transitada em julgado, o parlamentar pode ser
preso por ordem judicial, sendo esse um posicionamento já antigo do Supremo.
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�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Mário Elesbão.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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