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SERVIÇO SOCIAL
Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos do Serviço Social
Kamilla Silva
Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................3
Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos do Serviço Social..............................................5
1. Introdução ao Tema.....................................................................................................................................................5
2. Origem................................................................................................................................................................................5
3. Histórico do Serviço Social no Brasil...............................................................................................................5
4. Grupos Pioneiros e as Primeiras Escolas de Serviço Social..............................................................7
5. O Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo e a Necessidade de uma Formação
Técnica Especializada para a Prestação da Assistência. ..........................................................................8
6. O Serviço Social e a Sistematização da Atividade Social.....................................................................9
7. Campos de Ação e Prática dos Primeiros Assistentes Sociais..................................................... 10
8. Movimento de Reconceituação.. ....................................................................................................................... 10
9. A Renovação do Serviço Social sob a Autocracia Burguesa. .............................................................11
9.1. Seminário de Teresópolis – 1970.. .................................................................................................................14
10. O Legado da Reconceituação...........................................................................................................................18
11. O Serviço Social na Contemporaneidade................................................................................................... 22
Resumo................................................................................................................................................................................25
Referências........................................................................................................................................................................26
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Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos do Serviço Social
Kamilla Silva
Apresentação
Oiiiiieeee, futura(o) concursada(o)!
Espero que esteja bem e com saúde! Bora estudar!!! Para quem ainda não me conhece,
meu nome é Kamilla Santos da Silva. Atualmente sou servidora efetiva da Equipe Interprofis-
sional Forense do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, mestra em Direitos Humanos pelo
PPGIDH da UFG, membra do Coletivo Rosa Parks (FCS/UFG), do Comitê de Igualdade Racial
do TJGO e faço parte do GRAN CURSOS, estou muito feliz em estar aqui escrevendo esse livro
digital para você atingir o sucesso na carreira que sonha.
Eu já fui “concurseira raiz” e digo pra você que é possível (SIM!) passar em um concurso,
façam diversas provas em diversas esferas e temas, isso é muito importante para o acúmulo
de seu repertório de concurso, encare toda prova como uma oportunidade de também apren-
der! Façam muitaaaas questões e se errarem busquem entender onde erraram, afinal é com os
erros que aprendemos!
Eu e todo a equipe do GRAN estamos aqui para te dar o máximo de dicas, teorias, exercí-
cios, respondendo questões de provas anteriores e criando questões inéditas para que você
surpreenda a Banca examinadora e não, o contrário.
É por isso que esse material vai te ajudar a chegar à posse.
Sendo assim, estude a matéria de Serviço Social com afinco e planejamento. E acredite:
estudar serviço social também é imprescindível para a sua aprovação. Não é possível ir para
as provas sem ler esse material. Então, aproveite!
DICA
Experimente usar o método pomodoro de estudo que consiste
em dividir o seu tempo em blocos, para que você tenha total con-
centração em cada um deles. Exemplos: 25 min de concentra-
ção e 5 min de descanso; 30 minutos de concentração e 10 min
de descanso; 45 minutos de concentração e 15 minutos de des-
canso; 60 minutos de concentração e 20 minutos de descanso;
Organize o seu espaço de estudos;
Escolha um local iluminado;
Escolha um lugar reservado ou peça colaboração com o silên-
cio enquanto você estuda;
Separe tudo o que vai precisar durante o bloco de tempo
de estudo;
Mantenha bebidas e comidas distante (eu seiiiii, difícil né?);
Beba água;
Desligue ou coloque o celular em outro espaço;
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👍
Então, teremos um conjunto de aulas para esgotar o seu edital desserviço Social, buscando
sua sonhada aprovação. Colocarei questões de bancas de concursos anteriores, bem como
criarei questões inéditas para que você fique preparado para surpresas do examinador.
Espero que você goste do que vamos estudar e do material a seguir. Por favor: material
obrigatório! Então, fica ligado no curso GRAN. Estou esperando as dúvidas no Fórum do aluno!
Vamos começar?
Com afeto,
Kamilla Silva
@kamormilla
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2. Origem
A origem do Serviço Social está datada do final do século XIX em Nova Iorque nos Esta-
dos Unidos da América. Nesse momento surgem no ano de 1920 iniciativas particulares hoje
conhecidas como protoformas do Serviço Social. Já em 1930 o desenvolvimento das protofor-
mas compreendem Estado, empresas e igreja.
O surgimento do Serviço Social se dá junto ao aparecimento das Classes sociais, quais
sejam burguesia e proletariado. Inicialmente esses profissionais têm a função de controlar a
classe operária, uma vez que surge na iniciativa privada como uma espécie de vocação.
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Nas décadas de 40 e 50 há uma fusão da doutrina católica com o positivismo, esse último
que dá suporte técnico-científico e a mediação das ciências sociais. Nesse momento o Serviço
Social Brasileiro experimentava uma fragmentação, experimentação e ajustes do seu modo de
trabalho com a finalidade de conservar a ordem burguesa.
Nos anos 60 o serviço social adota metodologias de trabalho, quais sejam
1. Serviço Social de caso: abordagem individual
2. Serviço Social de grupo: abordagem grupal
3. Serviço Social de comunidade: Abordagem sistêmica
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8. Movimento de Reconceituação
Ocorre nos anos 70, tendo como marcos os congressos de Araxá (teoria) e Teresópolis
(metodologia).
A vertente modernizadora buscou a laicização do serviço Social de forma positivista tor-
nando-se uma modernização conservadora, já que era funcional à classe dominante. A feno-
menologia inseriu o diálogo neste trabalho.
A reatualização do conservadorismo ocorre em 1979 com o congresso da virada onde os
trabalhadores estavam na mesa. Nos anos 80 a vertente marxista ao se aproximar do marxis-
mo incorpora o conceito de sociedade de classes. Essa aproximação é inicialmente precária
do ponto de vista teórico, mas bem posicionada do ponto de vista sócio-político. Nesse mo-
mento ocorre também a aproximação dos movimentos sociais.
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A intenção de ruptura com o tradicionalismo ocorre também durante os anos 80, quando
são adotados novos aportes prático-operativo. Sendo o método Bh um deles.
É também nos anos 80 que o Serviço Social atinge a sua maioridade intelectual, a a partir
do livro Relações Sociais e Serviço Social (1982) no Brasil da Profa. Marilda Iamamoto e Raul
Carvalho que se dá uma real aproximação com o marxismo.
A partir daí a teoria marxista aparece de forma hegemônica e os cursos de pós-gradua-
ção são responsáveis por uma grande produção de conhecimento. É também na década de
80 que os profissionais de Serviço Social passam a se organizar de forma coletiva através de
representações profissionais. Em 1986 é editado o primeiro código de ética que materializa a
intenção ruptura que o conjunto hegemônico de profissionais considera primordial, por tudo
isso a década de 80 passa a ser um momento de maturação do Serviço Social Brasileiro. No
entanto, o conservadorismo não foi superado até os dias atuais.
A partir de 1988 esses profissionais deixam de ser meros executores e a passam a partici-
par do planejamento e gestão. Com a LOAS em 1993 também surgem novas demandas para
os profissionais de Serviço Social.
A partir da década de 90 com a subordinação das políticas sociais à política econômica,
o neoliberalismo inaugura o filantropismo, a solidariedade, seletividade e focalização de servi-
ços sociais. Nesta década também se enfrenta alguns desafios como mudanças no mundo do
trabalho e aumento do desemprego, desmonte das políticas sociais. Apesar disso, o Serviço
Social alcança um nível de maturidade intelectual considerado importante.
Em 1993 é editado o atual código de ética, a Lei de Diretrizes Curriculares em 1996, a lei
que regulamenta a profissão em 1993.
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O mercado nacional de trabalho aponta para uma extensão quantitativa da demanda por
assistentes sociais. Até a década de 50, esse mercado era geograficamente localizado nos
dois grandes eixos industriais: RJ/SP.
A constituição desse mercado nacional se deu a partir do surgimento de:
• Organizações de filantropia;
• Média e grandes empresas monopolistas;
• Empresas estatais
O autor aqui assinala uma característica própria das relações sociais: o caráter contraditó-
rio dos fenômenos; instaurando condições para uma formulação do Serviço Social de acordo
com as suas necessidades e interesses, a autocracia (ditadura) criou simultaneamente um
espaço onde se inscrevia a possibilidade de se gestarem alternativas às práticas e às concep-
ções profissionais que ela demandava. (os fenômenos não se apresentam unilateralmente,
eles tem sempre uma outra face, como a moeda, por exemplo).
A renovação do Serviço Social aparece sob todos os aspectos como avanço, mesmo nas
vertentes em que as concepções herdadas do passado não são essencialmente colocadas em
pauta, registra-se uma articulação que lhes confere uma arquitetura, que procura oferecer mais
consistência à ordenação de seus componentes internos.
O autor vai sublinhar que seu interesse diz respeito a tematização especial da renovação
no plano de suas elaborações ideais, destacadamente o esforço realizado para a validação
teórica (literatura profissional difundida nacionalmente entre 65 e 85). Ou seja, Paulo Netto se
debruçou sobre as produções elaboradas pelo Serviço Social no decorrer dessas duas déca-
das para capturar as representações que se fazia sobre a profissão.
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Fica claro, segundo Netto, quando se lê os documentos dos encontros, a defasagem e a po-
breza teórica dos conteúdos. Estes estão absolutamente fora do compasso do movimento que
se instaurava no Serviço Social que se caracterizava pelas produções dos mestrados e pelo
nível de problematização operada no bojo do Serviço Social e de suas instâncias profissionais.
2ª) REATUALIZAÇÃO DO CONSERVADORISMO
Perspectiva assumida por parcela da categoria profissional que resiste ao processo de
laicização, recusando o rompimento com o estatuto de subalternidade da profissão; mostra-se
refratário às inovações trazidas pela perspectiva modernizadora. Repudia a vinculação positi-
vista contida na primeira perspectiva e a influência do pensamento crítico-dialético contida na
perspectiva “intenção de ruptura”.
Abraça a característica intimista da profissão, seus traços, microscópicos, condicionando
sua intervenção a uma visão de mundo derivada do pensamento tradicional (reclamam para si
a inspiração fenomenológica).
Destaque à dimensão da subjetividade (demanda que surge no meio profissional que se
caracteriza por ser fortemente psicologizante (ajuda psicossocial, compreensão).
Essa perspectiva do movimento de reconceituação pode ser remontada aos Seminários
de Sumaré e Alto da Boa Vista (respectivamente 1978 e 1984) e se dá a partir da contribuição
fundamental de Ana Augusta de Almeida em sua obra “Possibilidades e limites da teoria do
Serviço Social”.
A crítica à herança positivista, em grande estilo, é uma tônica dessa literatura profissional “...
ao tratar os fatos sociais como coisas, rejeitamos o que é da ordem das significações, das inten-
cionalidades, das finalidades, dos valores, enfim, tudo aquilo que constitui a face interna da ação”.
Faz-se necessário – para essa perspectiva renovadora – que se desloque a explicação,
(própria dos paradigmas positivas e neopositivistas) pela compreensão, ao “pensamento cau-
sal” quer substituir “um pensamento não-causal, o fenomenológico, cujo quadro de referência
não é a explicação, mas a compreensão.
Paulo Netto sublinha que os valores que norteiam a prática profissional são cristãos; o
Serviço Social é posto como uma intervenção que se inscreve rigorosamente nas fronteiras da
ajuda psicossocial. O Serviço Social... se propõe a um desenvolvimento da consciência refle-
xiva de pessoas a partir do movimento dialético entre o conhecimento do sujeito como “ser no
Mundo” e o conhecimento do sujeito como “ser sobre o mundo” pág. 208).
Netto afirma que há nessa argumentação, uma dissolução das determinações de classe
nos processos societários. O que ocorre na formatação dessa perspectiva é o regresso ao que
há de mais tradicional e consagrado na herança conservadora da profissão: a recuperação de
seus “valores universais” e a centralização nas dinâmicas individuais (pág. 216)
3ª) INTENÇÃO DE RUPTURA (crítica sistemática ao desempenho tradicional do Serviço So-
cial em seus suportes teóricos, metodológicos e ideológicos; apresenta um padrão de análise
textual bastante produtivo (após a derrocada da ditadura).
Por que tão grande repercussão dessa perspectiva no meio dos Assistentes e Sociais?
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Porque ainda existe um flagrante hiato entre a intenção de romper com o passado conser-
vador do Servidor Social e os indicativos práticos-profissionais para consumá-la (a tão conhe-
cida queixa acerca da dicotomia entre teoria e prática).
Essa perspectiva abrange dois momentos históricos diferenciados, à saber:
• Primeiro momento: Não dá para pensar essa perspectiva sem vinculá-la a inserção do
Serviço Social no circuito acadêmico-universitário.
Ela nasce e se desenvolve nos anos de 1972 a 1975 a partir de um grupo de jovens profissio-
nais da Escola de Serviço Social da Universidade Católica de Minas Gerais; num momento poste-
rior o conteúdo dessa iniciativa ficou impresso no documento intitulado “método Belo Horizonte”.
Esses profissionais elaboraram uma crítica teórico-prática ao tradicionalismo profissional
e propõem em seu lugar uma alternativa global: uma alternativa que visa romper com o tradi-
cionalismo no plano teórico-metodológico, no plano da concepção e da intervenção profissio-
nais e no plano da formação.
O processo de constituição dessa alternativa, tanto no nível da elaboração teórica quanto
no da experimentação (via campos de extensão e estágios) foi interrompido em 1975, quando
uma crise leva à demissão dos seus principais formuladores e gestores, instaurando-se cir-
cunstâncias institucionais que impedem sua continuidade. Com essa crise ficou evidenciada a
fragilidade de sua divulgação junto à categoria profissional.
Importante considerar o momento histórico em que surge esse primeiro momento da pers-
pectiva “intenção de ruptura” ou seja, estamos vivendo um ditadura militar que buscou o silen-
ciar qualquer vestígios de oposição às ideias centrais do novo regime; é nesse contexto que se
torna importante situá-la enquanto movimento de resistência à ordem estabelecida.
Anos 70 (primeiro momento: tendência à partidarização; repõe em novas bases o testemu-
nho cristão/vocação (militantismo/compromisso com a classe trabalhadora (transformação
social). O messianismo (O Assistente Social vai iluminar e salvar a classe) sofre com a influên-
cia do marxismo acadêmico que nada mais foi do que a vulgarização da obra de Marx.
O compromisso do Assistente Social dava-se via alguns espaços de prática, como se de-
pendesse do lócus espacial, a definição do tipo de intervenção e intencionalidade profissional.
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A noção de classe oprimida utilizada pelo grupo da PUC-BH, pode ser compreendida como
um simplismo teórico e crítico-analítico; não se consegue vislumbrar a complexidade no que
se refere à constituição da classe; esta não pode ser analisada a partir da dicotomia classe
dominante x classe oprimida. (o fenômeno da classe é multifacetado; não são só aqueles que
são operários na fábrica de montagem!)
O objetivo meta do Serviço Social seria a transformação da sociedade e do homem, o que
equivale, segundo Paulo Netto num equívoco megalômano. (superestimação/hipertrofia da
prática profissional)
Segundo momento da perspectiva Intenção de Ruptura
A reflexão de Marilda Vilella Iamamotto configura a maioridade intelectual desta perspecti-
va; o seu texto “Legitimidade e crise do Serviço social “é o primeiro texto que caracteriza este
momento. Ao resgatar a obra de Marx, a autora pensa o Serviço social imbricado na lógica da
reprodução das relações sociais; essa imbricação se dá em direção a dois níveis de análise:
• A análise da instituição profissional no bojo da totalidade das relações sociais da ordem
burguesa e,
• A análise do Serviço social na particularidade da formação social brasileira.
Marilda inscreve a prática profissional no terreno das intermediações entre as classes so-
ciais fundamentais; é só nesse campo mediador que o Serviço social existe como profissão
e tem determinadas suas alternativas de ação. O Serviço social é situado no processo de
reprodução das relações sociais; fundamentalmente é uma atividade auxiliar e subsidiária no
exercício do controle social e na difusão da ideologia da classe dominante. Junto à classe
trabalhadora porém, participa também, ao lado de outras instituições sociais, das respostas
legítimas de sobrevivência desta classe face às suas condições de vida, dadas historicamente.
Intenção de ruptura e modernidade
Iamamoto enriqueceu o debate profissional com um elenco de núcleos temáticos e pro-
postas crítico-analíticas que tornaram contemporâneo das polêmicas e alternativas do univer-
so cultural mais avançado da área das ciências sociais.
É ela que repercute produtivamente no Serviço social, as questões referentes à dinâmica
contraditória e macroscópica da sociedade, apanhadas numa angulação que põe em causa a
produção social (com ênfase na crítica da economia política), que ressalta a importância da
estrutura social (com o privilégio da análise das classes sociais e suas estratégias), que pro-
blematiza a natureza do poder político (com a preocupação com o Estado) e que se interroga
acerca das especificidades das representações sociais (papel das ideologias).
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Os atores que contribuíram para fazer avançar esse processo foram: setores da igreja cató-
lica, movimento estudantil, artistas, movimentos docentes, partidos afinados ideologicamente
com a democracia, etc.
Uma outra ordem de preocupação desse movimento, foi o de politizar a ação profissio-
nal, conectando-a ao projeto de ‘libertação dos oprimidos”, via uma transformação radical da
sociedade; outra perspectiva assumida era com a delimitação de um campo científico para o
Serviço Social (a necessidade de circunscrição de um objeto e metodologia próprios).
A universidade foi chamada então, à repensar seu processo de formação profissional na
direção de: qualificação dos agentes, incentivo à pesquisa e produção de conhecimentos, estí-
mulo ao debate contemporâneo em consonância com a realidade social.
A autora sinaliza que a renovação profissional inicia-se nos marcos da política desenvolvi-
mentista (JK – 50 anos em 5), passando pelo crivo da ditadura militar, pelo contexto de rede-
mocratização da sociedade brasileira (iniciado em 1979), sendo ainda hoje, caracterizado por
um processo.
O movimento de reconceituação teve três claras perspectivas, as quais foram denomina-
das pelo Prof. José Paulo Netto:
• Perspectiva modernizadora (tendência funcionalista);
• Reatualização do conservadorismo (tendência fenomenológica);
• Perspectiva de intenção de ruptura (influenciada pelo marxismo).
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A recusa da prática profissional ditada pela visão de que a instituição apenas reproduzia a
ideologia dominante – apontou para uma ruptura com o traço fundante da profissão, que é a
intervenção (contribuição teórica de Louis Althusser “Aparelhos ideológicos do Estado”).
A ação político-moral não ajudou no desvendamento dos fundamentos do tradicionalismo
profissional;
A autora sinaliza que ficou ausente nessa influência inicial, uma consciência teórica capaz
de desvendar as relações sociais na sua constituição contraditória. É a partir da consideração
de que a realidade/sociedade é contraditória, que podemos entender os limites e possibilida-
des à ação profissional.
A interlocução crítica com o conhecimento acumulado historicamente não se fez presente,
reduzindo em muito a capacidade explicativa/operativa da teoria social marxiana no entendi-
mento de nossa profissão na realidade brasileira.
A autora sublinha dois dilemas existentes até hoje em nosso meio; um elemento comum
entre eles é a ausência da perspectiva da História, vejamos:
FATALISMO: naturalização da vida social, onde nada é possível de ser feito; é uma leitura
perversa da profissão, que é considerada vítima de uma sociedade monoliticamente moldada.
Assistimos aqui a uma hipotrofia profissional, ou seja, ficamos aquém das possibilidades que
a realidade enseja.
MESSIANISMO: o profissional hipertrofia suas possibilidades para muito além, do que seu
mandato institucional lhe permite. Reside aqui a crença de que pensar a mudança é suficiente
para que ela ocorra (idealismo).
Nestas duas perspectivas o assistente social abre mão de suas prerrogativas, ao negar
as possibilidades de ação contidas na realidade social, segundo Marilda, o que pode estar se
revelando atrás destas duas leituras, é a incompetência de construir propostas profissionais
concernentes ao nosso tempo histórico; ficamos escondendo nossa não competência atrás
destes discursos.
Iamamoto sinaliza que a perspectiva “Intenção de Ruptura” consegue se tornar hegemô-
nica a partir do processo de redemocratização da sociedade brasileira (fins da década de 70
e início da década de 80). A partir daí, o caminho que passou a ser trilhado foi o de mergulhar
criticamente na história profissional, construindo uma reflexão sobre os fundamentos desta
profissão (essa contribuição foi inicialmente formulada por essa autora através dos livros:
“Crise e Legitimidade do Serviço Social” e “Serviço Social e relações sociais no Brasil’).
Aqui no Brasil então, o movimento de reconceituação nesta última década vem sendo ca-
racterizado a partir de uma relação de continuidade e ruptura (no campo marxista), que se
desdobrou na superação da própria reconceituação.
Porquê continuidade?
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Porquê ruptura?
Porque conseguimos construir uma crítica marxista ao próprio marxismo e dos fundamen-
tos do conservadorismo.
Porque temos conseguido redimensionar as interpretações acerca do significado social do
Serviço Social, numa busca de alargamento dos fenômenos a serem estudados e das requisi-
ções necessárias à tal intervenção.
Os eixos do debate do Serviço Social no campo da tradição marxista nesta década engloba
duas grandes temáticas, a saber:
• A crítica teórico-metodológica do conservadorismo e do marxismo vulgar; a partir daí
as questões do método, teoria e história são redimensionadas, apontando para uma
necessária revisão curricular;
• A análise crítica acerca dos fundamentos históricos de surgimento do Serviço Social
brasileiro. A profissão ressurge então enquanto estratégia de classe para a manutenção
de uma dada ordem social, entretanto, aponta também para a defesa de interesses da
classe trabalhadora ao intervir na execução das políticas públicas (é a contraditoriedade
das relações sociais que permite superarmos uma leitura unidirecional).
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A autora chama nossa atenção no que se refere aos limites de uma cidadania sob o marco
do capitalismo.
Se estudarmos e produzirmos textos, reflexões sobre os direitos de cidadania (e isso é
muito importante!), não podemos esquecer que a sociedade burguesa em sua essência não é
alterada (pelo contrário, muitas vezes é legitimada) no que tem de mais fundamental – concen-
tração de renda (uma das piores do mundo), grave exclusão social e desemprego estrutural. Os
direitos de cidadania não mexem num milímetro, na lógica deste sistema. Ao esquecermo-nos
dos atores demandatários de nossa ação, da sociedade civil, estaremos esquecendo que são
eles que podem desestruturar essa ordem social. Considerar que as políticas públicas são a
grande solução para a classe trabalhadora, é ficar de frente para o Estado e de costas para os
trabalhadores e os não trabalhadores (os que estão de fora do mercado formal de trabalho).
Iamamoto concluiu sinalizando que desconhecemos os modos de vida dos subalterniza-
dos; eles, que são os protagonistas da História, são menosprezados pelo Serviço Social. Se
quisermos ganhar visibilidade e legitimidade (vale a pena lembrar que nossa profissão não foi
demandada pelo conjunto de trabalhadores), temos que buscar conhecer suas condições de
vida, trabalho, cultura, formas de resistência. Trazer esse conhecimento para o campo investi-
gativo e interventivo.
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Isso é uma pré-condição para que se possa captar as novas mediações e requalificar o
fazer profissional, identificando suas particularidades e descobrir alternativas de ação.
Um dos desafios do assistente social é o de desenvolver sua capacidade de decifrar a re-
alidade e construir propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a
partir de demandas emergentes no cotidiano. Enfim, ser um profissional propositivo e não só
executivo. Hoje, o próprio mercado demanda, além de um trabalho na esfera da execução, a
formulação de políticas públicas e a gestão de políticas sociais.
É preciso, segundo a autora, enxergar a profissão não como o mero emprego, enxergar a ação
de um sujeito profissional que tem competência para propor, para negociar com a instituição os
seus projetos, para defender o seu campo de trabalho, suas qualificações e funções profissionais.
Iamamoto acentua que as possibilidades estão dadas na realidade, mas não são automa-
ticamente transformadas em alternativas profissionais. Cabe aos profissionais apropriarem-se
dessas possibilidades e, como sujeitos, desenvolvê-las transformando-as em projetos e frentes
de trabalho. Essa compreensão é muito importante para se evitar uma atitude fatalista do pro-
cesso histórico e, por extensão, do serviço social. Tal visão determinista e a-histórica da realidade
conduz a acomodação, a rotinização do trabalho, ao burocratismo e a mediocridade profissional.
Entretanto, também é necessário evitar a perspectiva do messianismo profissional em que
se enfatiza uma visão heroica do serviço social que reforça unilateralmente a subjetividade
dos sujeitos, a sua vontade política sem confrontá-la com as possibilidades e limites da reali-
dade social.
O segundo pressuposto é a consideração de que o serviço social é uma especialização do
trabalho, uma profissão particular inscrita na divisão social e técnica do trabalho coletivo da
sociedade. E quando o Estado se “amplia”, passando a tratar a questão social não só pela coer-
ção, mas buscando um consenso na sociedade, que são criadas as bases históricas de nossa
demanda profissional. Ora, se isso é verdade, as mudanças que vêm ocorrendo no mundo do
trabalho e na esfera estatal, em suas relações com a sociedade civil, incidem diretamente so-
bre os rumos do desenvolvimento dessa profissão na sociedade.
O processo de compra e venda da força de trabalho especializada em troca de um salário
faz com que o serviço social ingresse no universo da mercantilização, no universo do valor.
A profissão produz serviços que atendem as necessidades sociais, isto é, tem valor de uso,
uma utilidade social.
Na esfera do Estado, no campo da prestação dos serviços sociais, o assistente social pode
participar do processo de redistribuição da mais valia, via fundo público.
O terceiro pressuposto é de que o serviço social sendo trabalho, participa da produção/
reprodução da vida social. Quando se fala nessa produção/reprodução, não é apenas a dimen-
são econômica que é ressaltada, mas a reprodução das relações sociais de indivíduos, grupos
e classes sociais.
Relações sociais estas que envolvem poder, sendo relações de luta e confronto entre as
classes e segmentos sociais, que tem no Estado uma expressão condensada da trama do
poder vigente na sociedade.
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É isso galera!!!!!
Se você gostou do material ou tem críticas, dá um retorno, bem como também poste suas
dúvidas lá no fórum. Estou esperando você por lá!
Abreijos!!!!!
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RESUMO
Nessa aula, você deve fixar os seguintes pontos:
• A origem do Serviço Social está datada do final do século XIX em Nova Iorque nos Esta-
dos Unidos da América;
• 1920: iniciativa particular;
• 1930: Estado + empresas + igreja;
• As encíclicas papais influenciaram o Serviço Social na década de 30;
• Função: controle da classe operária;
• Objeto: expressões da questão social;
• Década de 40 e 50: Doutrina Católica + Positivismo
• Nos anos 60 o Serviço Social tradicional começa a ser questionado;
• Anos 60: Interlocução com o marxismo;
• Anos 60: Movimento de reconceituação: Araxá e Teresópolis;
• Anos 60: modernização conservadora; positivista
• Anos 70: Fenomenologia;
• Anos 70: reatualização do conservadorismo;
• 1979 ocorre o congresso da virada;
• Anos 80: vert5ente marxista;
• Anos 80: intenção de ruptura;
• Anos 1982: Relações Sociais e Serviço Social;
• Anos 80: a teoria marxista aparece de forma hegemônica;
• Anos 80: produção de conhecimento através da pós-graduação;
• Anos: organização e representação profissional;
• 1986: Código ética;
• O conservadorismo não foi superado;
• 1988: os Assistentes Sociais deixam de ser meros executores e passam a participar do
planejamento e gestão;
• Anos 90: mudança no mundo do trabalho;
• Anos 90: desmonte das políticas sociais;
• 1993: código de ética;
• Anos 90: municipalização e descentralização de políticas sociais;
• Conhecimento é o principal instrumento de trabalho.
• Diálogo com as três dimensões do Serviço Social, ou seja, a dimensão teórico-metodo-
lógica, ético-política e técnico-operativa, estas que são indissociáveis.
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REFERÊNCIAS
IAMAMOTO. Marilda Vilela. O Serviço social na Contemporaneidade – Trabalho e formação
profissional. Ed. Cortez, São Paulo.
IAMAMOTTO, Marilda Vilella. Relações sociais e serviço social no Brasil – esboço de uma
interpretação histórico-metodológica. São Paulo, Ed. Cortez/Celats
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