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SERVIÇO SOCIAL

Fundamentos Históricos e Teórico-


Metodológicos do Serviço Social

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
SERVIÇO SOCIAL
Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos do Serviço Social
Kamilla Silva

Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................3
Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos do Serviço Social..............................................5
1. Introdução ao Tema.....................................................................................................................................................5
2. Origem................................................................................................................................................................................5
3. Histórico do Serviço Social no Brasil...............................................................................................................5
4. Grupos Pioneiros e as Primeiras Escolas de Serviço Social..............................................................7
5. O Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo e a Necessidade de uma Formação
Técnica Especializada para a Prestação da Assistência. ..........................................................................8
6. O Serviço Social e a Sistematização da Atividade Social.....................................................................9
7. Campos de Ação e Prática dos Primeiros Assistentes Sociais..................................................... 10
8. Movimento de Reconceituação.. ....................................................................................................................... 10
9. A Renovação do Serviço Social sob a Autocracia Burguesa. .............................................................11
9.1. Seminário de Teresópolis – 1970.. .................................................................................................................14
10. O Legado da Reconceituação...........................................................................................................................18
11. O Serviço Social na Contemporaneidade................................................................................................... 22
Resumo................................................................................................................................................................................25
Referências........................................................................................................................................................................26

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Kamilla Silva

Apresentação
Oiiiiieeee, futura(o) concursada(o)!
Espero que esteja bem e com saúde! Bora estudar!!! Para quem ainda não me conhece,
meu nome é Kamilla Santos da Silva. Atualmente sou servidora efetiva da Equipe Interprofis-
sional Forense do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, mestra em Direitos Humanos pelo
PPGIDH da UFG, membra do Coletivo Rosa Parks (FCS/UFG), do Comitê de Igualdade Racial
do TJGO e faço parte do GRAN CURSOS, estou muito feliz em estar aqui escrevendo esse livro
digital para você atingir o sucesso na carreira que sonha.
Eu já fui “concurseira raiz” e digo pra você que é possível (SIM!) passar em um concurso,
façam diversas provas em diversas esferas e temas, isso é muito importante para o acúmulo
de seu repertório de concurso, encare toda prova como uma oportunidade de também apren-
der! Façam muitaaaas questões e se errarem busquem entender onde erraram, afinal é com os
erros que aprendemos!
Eu e todo a equipe do GRAN estamos aqui para te dar o máximo de dicas, teorias, exercí-
cios, respondendo questões de provas anteriores e criando questões inéditas para que você
surpreenda a Banca examinadora e não, o contrário.
É por isso que esse material vai te ajudar a chegar à posse.
Sendo assim, estude a matéria de Serviço Social com afinco e planejamento. E acredite:
estudar serviço social também é imprescindível para a sua aprovação. Não é possível ir para
as provas sem ler esse material. Então, aproveite!

DICA
Experimente usar o método pomodoro de estudo que consiste
em dividir o seu tempo em blocos, para que você tenha total con-
centração em cada um deles. Exemplos: 25 min de concentra-
ção e 5 min de descanso; 30 minutos de concentração e 10 min
de descanso; 45 minutos de concentração e 15 minutos de des-
canso; 60 minutos de concentração e 20 minutos de descanso;
Organize o seu espaço de estudos;
Escolha um local iluminado;
Escolha um lugar reservado ou peça colaboração com o silên-
cio enquanto você estuda;
Separe tudo o que vai precisar durante o bloco de tempo
de estudo;
Mantenha bebidas e comidas distante (eu seiiiii, difícil né?);
Beba água;
Desligue ou coloque o celular em outro espaço;

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Caso use o celular para pesquisa, desligue as notificações


e resista aquela olhadinha no WhatsApp ou Instagram você
pode fazer isso durante as pausas;)
Utilize post-it para anotações, marcadores coloridos e anota-
ções em seu caderno e/ou apostilas;
Ouça músicas que te ajude na concentração;
Leia em voz alta;
LEMBRE-SE que não há método perfeito, cada um utiliza aqui-
lo que se adequa melhor e desenvolve aquele que se adequa
melhor ao seu perfil e modo de vida!

👍
Então, teremos um conjunto de aulas para esgotar o seu edital desserviço Social, buscando
sua sonhada aprovação. Colocarei questões de bancas de concursos anteriores, bem como
criarei questões inéditas para que você fique preparado para surpresas do examinador.
Espero que você goste do que vamos estudar e do material a seguir. Por favor: material
obrigatório! Então, fica ligado no curso GRAN. Estou esperando as dúvidas no Fórum do aluno!
Vamos começar?
Com afeto,
Kamilla Silva
@kamormilla

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FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E TEÓRICO-


METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL
1. Introdução ao Tema
Galera esse é um tema importante e presente nos concursos de Serviço Social. Aqui vamos
falar da origem do |Serviço Social e seu desenvolvimento enquanto profissão no decurso da his-
tória. O estudo desse tema requer um diálogo com as três dimensões do Serviço Social, ou seja, a
dimensão teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa, estas que são indissociáveis.

Então, vamos lá!

2. Origem
A origem do Serviço Social está datada do final do século XIX em Nova Iorque nos Esta-
dos Unidos da América. Nesse momento surgem no ano de 1920 iniciativas particulares hoje
conhecidas como protoformas do Serviço Social. Já em 1930 o desenvolvimento das protofor-
mas compreendem Estado, empresas e igreja.
O surgimento do Serviço Social se dá junto ao aparecimento das Classes sociais, quais
sejam burguesia e proletariado. Inicialmente esses profissionais têm a função de controlar a
classe operária, uma vez que surge na iniciativa privada como uma espécie de vocação.

3. Histórico do Serviço Social no Brasil


A gênese do Serviço Social Brasileiro na década de 30 está no ideário católico, era o que
balizava as ações dos profissionais. Com a emergência da questão social a ordem burguesa
se sente ameaçada. Em 1938 é criado o Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS) o qual
realizou os serviços sociais, de forma filantrópica, do proletariado ora emergente.

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Com a legitimação e institucionalização do Serviço Social, em 1942 surge a LBA, o SENAI e


o SENAC, em 1943 a CLT e em 1946 o SESI, SESC, Fundação Leão XIII e ABESS. É no trato com
as pessoas carentes da época que se entende que o objeto de trabalho do Serviço Social são
as expressões da questão social.
O ideário católico encarava a questão social como um problema moral e religioso tendo
os cidadãos como clientes, utilizando caridade e repressão para manutenção das relações de
dominação, através do Tomismo e o neotomismo.

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Nas décadas de 40 e 50 há uma fusão da doutrina católica com o positivismo, esse último
que dá suporte técnico-científico e a mediação das ciências sociais. Nesse momento o Serviço
Social Brasileiro experimentava uma fragmentação, experimentação e ajustes do seu modo de
trabalho com a finalidade de conservar a ordem burguesa.
Nos anos 60 o serviço social adota metodologias de trabalho, quais sejam
1. Serviço Social de caso: abordagem individual
2. Serviço Social de grupo: abordagem grupal
3. Serviço Social de comunidade: Abordagem sistêmica

4. Grupos Pioneiros e as Primeiras Escolas de Serviço Social


A participação do clero no controle direto do operariado industrial remonta do surgimento
das primeiras grandes unidades industriais, em fins do século passado (XIX). É viva a presença
de religiosos no próprio interior dessas unidades, que muitas vezes possuíam capelas pró-
prias, onde diariamente os trabalhadores eram obrigados a assistir a missa e outras liturgias.
No plano sindical, com o apoio patronal, desenvolvem iniciativas assistenciais e organizacio-
nais visando contrapor-se ao sindicalismo autônomo de inspiração anarco-sindicalista.
No contexto internacional, o surgimento da primeira nação socialista (antiga União Soviéti-
ca – URSS) e a efervescência do movimento popular operário em toda a Europa caracterizam
o contexto de surgimento das primeiras escolas de serviço social naquele continente. A ques-
tão social vinha à tona e com ela a necessidade de procurar soluções para resolvê-la, senão
minorá-la.
As instituições assistenciais que surgem nesse momento, como a Associação das Se-
nhoras Brasileiras (1920) no Rio de Janeiro, e a Liga das Senhoras Católicas (1923), em São
Paulo, possuem já – não apenas ao nível da retórica – uma diferenciação face às atividades
tradicionais de caridade. Possuem um aporte de recursos e potencial de contatos no âmbito
do Estado que lhes possibilita o planejamento de obras assistenciais de maior envergadura e
eficiência técnica.
O surgimento dessas instituições dá-se dentro da primeira fase do movimento de “reação
católica”, da divulgação do pensamento social da Igreja e da formação das bases organiza-
cionais e doutrinárias do apostolado laico. Tem em vista não o socorro aos indigentes, mas já
dentro de uma perspectiva embrionária de assistência preventiva, de apostolado social, aten-
der e atenuar determinadas sequelas do desenvolvimento capitalista, principalmente no que
se refere a menores e mulheres. É nesse período, também que a incorporação da mulher à
força de trabalho urbana deixa de ser “privilégio” das famílias operárias, passando a atingir
também a parcelas da pequena burguesia.
Em 1922 é fundada a Confederação Católica – precursora da Ação Católica – que objetiva
centralizar politicamente e dinamizar esses primeiros embriões de apostolado laico.

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5. O Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo e a Necessidade de


uma Formação Técnica Especializada para a Prestação da Assistência

O CEAS – considerado manifestação original do serviço social no Brasil, surge em 1932,


com o incentivo e sob o controle da Igreja Católica.
Surge a partir da necessidade de dar maior rendimento às iniciativas e obras promovidas
pela filantropia das classes dominantes paulistas sob o patrocínio da Igreja e de dinamizar a
mobilização do laicado.
O objetivo central do CEAS será o de promover a formação de seus membros pelo estudo
da doutrina social da igreja e fundamentar a sua ação nessa formação doutrinária e no conhe-
cimento aprofundado dos problemas sociais.
Há também uma clareza quanto ao sentido novo dessa ação social, se tratará de intervir
diretamente junto ao proletariado para afastá-lo de influências subversivas.
Até dezembro de 1932, o CEAS fundou quatro centros operários onde suas propagandis-
tas, por meio de aulas de tricô e trabalhos manuais, conferência, conselhos sobre higiene, etc.,
procuraram interessar e atrair as operárias e entrar assim em contato com as classes trabalha-
doras, estudar-lhes o ambiente e necessidades.
Aceitando a uma idealização de sua classe sobre a vocação natural da mulher para as
tarefas educativas e caridosas, essa intervenção assumia, aos olhos dessas ativistas, a cons-
ciência do posto que cabe a mulher na preservação da ordem moral e social e o dever de torna-
rem-se aptas para agir de acordo com suas convicções e suas responsabilidades.
Paralelamente, sua posição de classe lhes faculta um sentimento de superioridade e tutela
em relação ao proletariado, que legitima a intervenção.
Mas, por que uma associação que reúne moças da sociedade se ocuparia de problemas
da classe operária? Essa iniciativa é também legitimada e é explicável – ela se baseia num
sentimento profundo de justiça social e de caridade cristã, que leva aquelas que dispõem de
tempo e de meios a auxiliarem as classes sociais mais fracas a formar suas elites, para que
estas também possam cumprir eficientemente o seu dever. Elas mostram a essas elites como
deverão se organizar para defender a família e a classe operária contra os ambiciosos e os
agitadores que exploram seu trabalho ou a sua ignorância.
Em 1936 é fundada a Escola de Serviço Social de São Paulo, a primeira desse gênero a
existir no Brasil. A partir daí, inicia-se uma demanda por quadros habilitados por essa forma-
ção técnica especializada, partindo de determinadas instituições estatais.
Através da lei n. 2.497 de 24/12/1935 foi criado o Departamento de Assistência Social do Es-
tado, primeira iniciativa desse gênero no Brasil. Nesse sentido, quando em 1936 é fundada pelo
CEAS a primeira escola de serviço social, esta não pode ser considerada como fruto de uma ini-
ciativa exclusiva do movimento católico laico, pois já existe presente uma demanda – real ou po-
tencial – a partir do Estado, que assimilará a formação doutrinária própria do apostolado social.

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É importante situar que ocorre um processo de “mercantilização” dos portadores daquela


formação técnica especializada que se traduz na sua transformação em força de trabalho que
pode ser comprada. O portador dessa qualificação não mais necessariamente será uma moça
de sociedade devotada ao apostolado social. Progressivamente se transformará num compo-
nente de força de trabalho, possuindo uma determinada qualificação, englobada na diferença
social e técnica do trabalho.

6. O Serviço Social e a Sistematização da Atividade Social


Naquele momento histórico, a cidade do Rio de Janeiro, além de ser o mais antigo polo
industrial da região sudeste – tendo perdido há pouco para São Paulo a condição de principal
conglomerado industrial – é o grande centro de serviços, contando com numeroso proletaria-
do. É ainda, a maior cidade do país, capital federal onde se concentra a administração federal
e os principais aparatos da igreja católica, os grandes bancos. Por essas condições é a cidade
onde mais se desenvolveu a infraestrutura de serviços básicos, inclusive serviços assisten-
ciais com forte participação do Estado. A diferença de São Paulo, verifica-se uma participação
mais intensa das instituições públicas e o apoio ainda mais explícito da alta administração
federal e da cúpula hierárquica da igreja católica e do movimento católico laico.
A primeira semana de ação social do Rio de Janeiro (1936) é considerado um marco para
a introdução do serviço social na capital da república. Naquele momento a Igreja recomenda a
tutela estatal para a classe operária, ao mesmo tempo em que reclama liberdade de ação para
o desenvolvimento de sua ação social e o subsídio do Estado para ela.
A necessidade de formação técnica especializada para a prática de assistência é vista não
apenas como uma necessidade particular ao movimento católico. Tem-se presente essa ne-
cessidade, enquanto necessidade social que não apenas envolve o aparato religioso, mas tam-
bém o Estado e o empresariado. A visão da possibilidade de profissionalização do apostolado
social é dada de forma sutil, na medida em que se encarece a necessidade de colaboradores
para as obras particulares e se prevê a demanda de pessoal permanente para as instituições
oficiais e patronais, reconhecendo nessas duas instâncias socialmente habilitadas a possibi-
litar esse empreendimento.
No ano de 1936 é realizado o primeiro curso “intensivo de serviço social”, com a duração de
três meses constando de uma série de palestras sobre temas sociais, legais, educacionais e mé-
dicos, com ênfase para o problema da “infância abandonada”. Paralelamente, realizou-se um cur-
so prático de serviço social, para cuja realização foram requisitadas as duas primeiras assistentes
sociais paulistas recém-formadas na Bélgica. Em 1938, começa a funcionar sob orientação leiga
o curso regular da Escola Técnica de Serviço Social, que diploma sua primeira turma em 1941.
No decorrer da década de 40 surgem várias escolas de serviço social nas capitais dos
estados, sendo que quatorze delas enviam representação ao I Congresso Brasileiro de Serviço
Social, realizado em 1947.
A existência de assistentes sociais diplomados se limitará por um longo período quase
apenas ao RJ e SP, sendo que mesmo aí, seu número é pouco significativo. (a demanda por
assistentes sociais era maior do que o número de profissionais disponíveis).

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7. Campos de Ação e Prática dos Primeiros Assistentes Sociais


Começa a ser notado um certo alargamento da base de recrutamento das alunas das es-
colas; deixa assim de ser um privilégio das classes médias, para abarcar crescentemente par-
celas da pequena burguesia urbana. Vão se colocar para as assistentes sociais desta época
o problema do mercado de trabalho mas, de luta pelo reconhecimento da profissão e pela
exclusividade, pelos diplomados, de inúmeras vagas que foram se abrindo no serviço público
ou instituições paraestatais e autarquias, no campo dos serviços sociais.
Os centros familiares organizados pelo CEAS, a partir do convênio com o departamento de
serviço social do Estado, começaram a funcionar a partir de 1940 nos bairros operários; estes
centros deveriam se constituir como modelos de prática do serviço social. Sua finalidade seria
a de “separar as famílias das classes proletárias, prevenindo sua desorganização e decadência
e procurando elevar seu nível econômico e cultural por meio de serviços de assistência e edu-
cação” (atividades desempenhadas: plantão, visitas domiciliares, bibliotecas infantis, reuniões
educativas, curso primário, curso de formação familiar, restaurante para os operários).
Enquanto pesquisadores sociais se dedicarão através de inquéritos familiares, a diversos
levantamentos nos bairros operários, pesquisando as condições de moradia, situação sanitária
econômica e moral (situação civil, promiscuidade, alcoolismo, desocupação, etc.) do proletariado.
Nas primeiras experiências em serviço social de empresa, os profissionais atuarão, em
geral, na racionalização dos serviços assistenciais ou na sua implantação, assim como em ati-
vidades de cooperativismo, ajuda mútua e organização de lazeres educativos. Paralelamente,
interferirão crescentemente nos encaminhamentos necessários a obtenção dos benefícios da
legislação social junto aos órgãos de previdência.
No campo do serviço social médico, as iniciativas são ainda extremamente embrionárias.
Estarão ligadas inicialmente à puericultura e à profilaxia de doenças transmissivas e hereditárias.
A atuação prática desenvolvida pelos primeiros profissionais estará, assim, voltada essen-
cialmente para a organização da assistência, para a educação popular e para a pesquisa social.

8. Movimento de Reconceituação
Ocorre nos anos 70, tendo como marcos os congressos de Araxá (teoria) e Teresópolis
(metodologia).
A vertente modernizadora buscou a laicização do serviço Social de forma positivista tor-
nando-se uma modernização conservadora, já que era funcional à classe dominante. A feno-
menologia inseriu o diálogo neste trabalho.
A reatualização do conservadorismo ocorre em 1979 com o congresso da virada onde os
trabalhadores estavam na mesa. Nos anos 80 a vertente marxista ao se aproximar do marxis-
mo incorpora o conceito de sociedade de classes. Essa aproximação é inicialmente precária
do ponto de vista teórico, mas bem posicionada do ponto de vista sócio-político. Nesse mo-
mento ocorre também a aproximação dos movimentos sociais.

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A intenção de ruptura com o tradicionalismo ocorre também durante os anos 80, quando
são adotados novos aportes prático-operativo. Sendo o método Bh um deles.
É também nos anos 80 que o Serviço Social atinge a sua maioridade intelectual, a a partir
do livro Relações Sociais e Serviço Social (1982) no Brasil da Profa. Marilda Iamamoto e Raul
Carvalho que se dá uma real aproximação com o marxismo.
A partir daí a teoria marxista aparece de forma hegemônica e os cursos de pós-gradua-
ção são responsáveis por uma grande produção de conhecimento. É também na década de
80 que os profissionais de Serviço Social passam a se organizar de forma coletiva através de
representações profissionais. Em 1986 é editado o primeiro código de ética que materializa a
intenção ruptura que o conjunto hegemônico de profissionais considera primordial, por tudo
isso a década de 80 passa a ser um momento de maturação do Serviço Social Brasileiro. No
entanto, o conservadorismo não foi superado até os dias atuais.
A partir de 1988 esses profissionais deixam de ser meros executores e a passam a partici-
par do planejamento e gestão. Com a LOAS em 1993 também surgem novas demandas para
os profissionais de Serviço Social.
A partir da década de 90 com a subordinação das políticas sociais à política econômica,
o neoliberalismo inaugura o filantropismo, a solidariedade, seletividade e focalização de servi-
ços sociais. Nesta década também se enfrenta alguns desafios como mudanças no mundo do
trabalho e aumento do desemprego, desmonte das políticas sociais. Apesar disso, o Serviço
Social alcança um nível de maturidade intelectual considerado importante.
Em 1993 é editado o atual código de ética, a Lei de Diretrizes Curriculares em 1996, a lei
que regulamenta a profissão em 1993.

9. A Renovação do Serviço Social sob a Autocracia Burguesa


No decorrer dos anos 60 aos 80, a renovação aparece como uma resposta construída pelos as-
sistentes sociais na rede de relações que se colocam na interação profissionalidade e sociedade.

A vigência do Serviço Social “tradicional” envolve amplíssimas camadas da categoria profis-


sional e uma não desprezível, parcela das agências de formação (Escola de Serviço Social);
estas mostram-se inteiramente defasadas em face das requisições socioprofissionais postas
pela dinâmica da sociedade brasileira.

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O mercado nacional de trabalho aponta para uma extensão quantitativa da demanda por
assistentes sociais. Até a década de 50, esse mercado era geograficamente localizado nos
dois grandes eixos industriais: RJ/SP.
A constituição desse mercado nacional se deu a partir do surgimento de:
• Organizações de filantropia;
• Média e grandes empresas monopolistas;
• Empresas estatais

O maior empregador continua sendo o Estado (municipal/estadual/federal). Mesmo consi-


derando a retração das políticas públicas.
*Mudança de perfil profissional: um novo perfil demandado pelo mercado de trabalho, que
as condições novas postas pelo quadro macroscópio da autocracia burguesa (ditadura militar)
faziam emergir; exige-se um assistente social “moderno”, com um desempenho onde traços
tradicionais são deslocados e substituídos por procedimentos “racionais”.
Ressalta-se então, a necessidade de alteração do padrão de formação dos assistentes
sociais (política educacional da ditadura): rompimento do confessionalismo/paroquialismo/
provincianismo, aspectos que caracterizaram o ensino do Serviço Social.
A laicização (perda progressiva da hegemonia religiosa) é um dos elementos caracteriza-
dores da renovação do Serviço Social sob a autocracia burguesa; nesse movimento renovador
é instaurado um pluralismo profissional que se caracteriza através;
• Da diferenciação da categoria profissional (antes impossibilitado pelo monolitismo
religioso);
• Da disputa pela hegemonia (forças profissionais na luta/defesa de seus projetos);
• Da criação de canais de organização da categoria (canalização dos projetos
socioprofissionais);

O autor aqui assinala uma característica própria das relações sociais: o caráter contraditó-
rio dos fenômenos; instaurando condições para uma formulação do Serviço Social de acordo
com as suas necessidades e interesses, a autocracia (ditadura) criou simultaneamente um
espaço onde se inscrevia a possibilidade de se gestarem alternativas às práticas e às concep-
ções profissionais que ela demandava. (os fenômenos não se apresentam unilateralmente,
eles tem sempre uma outra face, como a moeda, por exemplo).
A renovação do Serviço Social aparece sob todos os aspectos como avanço, mesmo nas
vertentes em que as concepções herdadas do passado não são essencialmente colocadas em
pauta, registra-se uma articulação que lhes confere uma arquitetura, que procura oferecer mais
consistência à ordenação de seus componentes internos.
O autor vai sublinhar que seu interesse diz respeito a tematização especial da renovação
no plano de suas elaborações ideais, destacadamente o esforço realizado para a validação
teórica (literatura profissional difundida nacionalmente entre 65 e 85). Ou seja, Paulo Netto se
debruçou sobre as produções elaboradas pelo Serviço Social no decorrer dessas duas déca-
das para capturar as representações que se fazia sobre a profissão.

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A produção teórica é que revela mais acentuadamente o processo renovador do Serviço


Social no Brasil e que contribui para oferecer no plano intelectual, um contrapeso à subalterni-
dade profissional. Um dos traços mais salientes é a ênfase na análise crítica do próprio Serviço
Social (pesquisas que visam a investigação sobre o fazer profissional).
Quatro processos indicativos do processo de renovação:
• Instauração de um pluralismo teórico ideológico e político deslocando uma sólida tra-
dição de monolitismo ideal (Se, anteriormente não ocorriam divergências internas no
meio profissional, podemos sem dúvida afirmar que essa característica provém da base
confessional/ influência religiosa no nascimento da profissão);
• Polêmica teórico-metodológica sintonizadora com as discussões das Ciências Sociais;
• Constituição de segmentos de vanguarda na profissão (investigação/pesquisa).

Erosão do Serviço Social “Tradicional “no Brasil:


• A abordagem comunitária (desenvolvimento de comunidade – fins dos anos 50 e início
dos anos 60) não significa a transcendência do tradicionalismo mas, contém vetores
que apontam para sua ultrapassagem;
• Disciplinas sociais que sensibilizam o profissional para problemáticas macrossociais,
abrindo assim uma fenda num horizonte de preocupações basicamente microssociais
(essa influência se deu a partir da inserção das escolas das escolas de Serviço Social
no âmbito das universidades);
• Inserção em equipes multiprofissionais (o que irá possibilitar um olhar mais qualitativo
sobre os fenômenos com os quais lida o profissional).

Vertentes profissionais no interior das práticas de desenvolvimento de Comunidade (D.C.):


• Uma corrente que extrapola para o D.C. os procedimentos e representações tradicionais
apenas alterando o âmbito de suas intervenções;
• O D.C. visto a partir de uma perspectiva macrossocietária, supondo mudanças socioeco-
nômicos a partir do ordenamento capitalista;
• D.C. como instrumento de um processo de transformação social, conectado à libertação
social das camadas subalternas.
• O Golpe Militar de abril de 1964 abortou, via a neutralização dos protagonistas sócio-po-
líticos, os segmentos profissionais comprometidos com a democratização da socieda-
de e do Estado. As outras duas correntes encontrarão espaço para seu florescimento
(são respectivamente a perspectiva de “reatualização do conservadorismo e a perspec-
tiva modernizadora”).

As direções da renovação do Serviço Social no Brasil:

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1ª) PERSPECTIVA MODERNIZADORA (esforço de adequar o Serviço Social enquanto ins-


trumento de intervenção inserido no arsenal de técnicas sociais a serem operacionalizados no
marco das estratégias de desenvolvimento capitalista, às exigências postas pelos processos
sócio-políticos emergentes no pós 64. (A expressão de suas ideias são encontradas nos Se-
minários de Araxá – 1967 e Teresópolis – 1970). É o vetor de renovação que mais fundamente
influenciou/influencia a massa da categoria profissional.
Essa perspectiva aceita como dado inquestionável a ordem sócio-política instaurada pela di-
tadura e busca dotar a profissão de referências e instrumentos capazes de responder às deman-
das que se apresentam nesse momento. A congruência com a ditadura traz para o Assistente
Social a abertura de espaços sócio profissionais nas instituições e organizações estatais e para
estatais submetidas à racionalidade burocrática das reformas produzidas pelo Estado ditatorial.
A crise desta vertente profissional vai estar conectada também à crise da ditadura militar,
a partir da Segunda metade da década de 70, com a reorganização da sociedade civil (movi-
mento operário/popular). A ocorrência da redução de sua importância intelectual tem a ver
com a mudança no cenário sócio-político da sociedade brasileira e também com a demanda
de segmento da categoria profissional.
Seminário de Araxá (Cidade de Araxá/Minas Gerais em 1967)
Seminário de Teorização do Serviço Social – promovido pelo CBCISS.
O autor sublinha o fato de que foi no âmbito desse encontro que a perspectiva moderniza-
dora foi formulada por seus participantes.
Tanto no documento de Araxá quanto no de Teresópolis (1970), Paulo Netto encontra um
consenso em torno do olhar sobre a profissão; ela é considerada um instrumento profissional
de suporte às políticas de desenvolvimento.
A concepção de subdesenvolvimento aparece como etapa de um processo cumulativo
que, se submetidas a intervenções racionais e planejadas, seria ultrapassada (visão etapista).
No documento de Araxá não há qualquer análise/polemização acerca do conteúdo das
políticas sociais, assim como a noção ideológica da “participação” dos comunitários (manipu-
lação, visando a sua integração).
O autor sublinha que o referencial estrutural-funcionalista – apesar de não ter sido assumi-
do no documento – é que informa o mesmo. Há uma tentativa de escamotear essa teoria com
a operacionalidade técnica.
As chamadas “disfunções” colocam-se como objeto de intervenção justamente porque o
equilíbrio do sistema guarda potencial para corrigi-las e mesmo preveni-las. Segundo a con-
cepção profissional expressa nesse documento as disfunções mostram-se passíveis de reso-
lução no marco da ordem capitalista.

9.1. Seminário de Teresópolis – 1970


O autor chama nossa atenção para o fato de que a perspectiva modernizadora se cristaliza
enquanto visão de profissionalidade/sociedade nesse seminário, isso pode ser compreendido
via o momento que vivíamos, ou seja, de recrudescimento do regime militar.

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No documento de Teresópolis o dado relevante é que a perspectiva modernizadora se afir-


ma não só como concepção profissional geral, mas sobretudo como pauta interventiva.
Paulo Netto indica José Lucena Dantas como o ideólogo que mais produziu e mais influen-
ciou a categoria profissional; sua construção teórica e prática profissional foram essenciais à
cristalização dessa perspectiva no Brasil. Lucena Dantas defendeu uma tese – nesse encontro
– de que a prática do Serviço necessitava desenvolver-se e adquirir um nível mínimo de cien-
tificidade. Segundo ele, o método profissional do Serviço Social se constitui a partir de duas
categorias básicas, à saber, o diagnóstico e a intervenção planejada.
José Paulo Netto ao analisar Dantas, conclui que as problemáticas ideológicas são esca-
moteadas, com o seu deslocamento para o terreno burocratizado da instrumentalidade técni-
co-profissional.
Em relação ao objeto de intervenção do Assistente Social, Lucena indicará serem as situa-
ções sociais-problemas advindas do processo de desenvolvimento. Há aqui, no dizer de José
Paulo Netto, um redirecionamento da metodologia profissional tradicional (caso, grupo, comu-
nidade) em face às requisições tecnocráticas deste contexto histórico.
Paulo Netto chama-nos atenção para o fato de que “concepção científica da prática pro-
fissional” defendida por Lucena, “é efetivamente reduzida ao estabelecimento de conexões
superficiais entre dados empíricos da vida social e à intervenção metódica sobre eles”. Na ver-
dade, Netto diz que Lucena afirma ser “concepção científica do Serviço Social” nada mais é do
que “uma pauta interventiva cujo andamento pode ser objeto de acompanhamento, vigilância
e avaliação por parte das hierarquias institucional-organizacionais de corte tecnoburocrático”.
Seminário de Sumaré (1978) e do Alto da Boa Vista (1984): ocorre o deslocamento da
perspectiva modernizadora. O deslocamento da importância da perspectiva modernizadora
só pode ser entendida a partir da mudança no cenário sócio-político da sociedade brasileira a
partir da segunda metade da década de 70, com o surgimento do movimento sindical no ABC
Paulista, os movimentos grevista, o fim do bipartidarismo, etc. (Arena e MDB).
No entanto, Paulo Netto adverte que não se pode assegurar que, a partir daí, ocorreu a su-
pressão da perspectiva modernizadora dos quadros efetivos do Serviço Social no Brasil; o que
se registra é o seu deslocamento da arena central do debate e da polêmica. Até hoje em nos-
sa profissão é grande o número de assistentes sociais influenciadas por essa e/ou nenhuma
perspectiva teórica (ativismo irrefletido).
O autor sublinha que esses dois seminários não tiveram a mesma repercussão que os
outros dois anteriores; esse fato pode ser entendido a partir de dois aspectos: o primeiro de
cunho conjuntural, (conforme abordado anteriormente) e o segundo dizendo respeito ao surgi-
mento de outros organismos de expressão e representação da categoria profissional (dos seg-
mentos que compunham a perspectiva “intenção de ruptura”), o que viria deslocar o CBCISS
enquanto instituição que representava a categoria em seus seminários.

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Fica claro, segundo Netto, quando se lê os documentos dos encontros, a defasagem e a po-
breza teórica dos conteúdos. Estes estão absolutamente fora do compasso do movimento que
se instaurava no Serviço Social que se caracterizava pelas produções dos mestrados e pelo
nível de problematização operada no bojo do Serviço Social e de suas instâncias profissionais.
2ª) REATUALIZAÇÃO DO CONSERVADORISMO
Perspectiva assumida por parcela da categoria profissional que resiste ao processo de
laicização, recusando o rompimento com o estatuto de subalternidade da profissão; mostra-se
refratário às inovações trazidas pela perspectiva modernizadora. Repudia a vinculação positi-
vista contida na primeira perspectiva e a influência do pensamento crítico-dialético contida na
perspectiva “intenção de ruptura”.
Abraça a característica intimista da profissão, seus traços, microscópicos, condicionando
sua intervenção a uma visão de mundo derivada do pensamento tradicional (reclamam para si
a inspiração fenomenológica).
Destaque à dimensão da subjetividade (demanda que surge no meio profissional que se
caracteriza por ser fortemente psicologizante (ajuda psicossocial, compreensão).
Essa perspectiva do movimento de reconceituação pode ser remontada aos Seminários
de Sumaré e Alto da Boa Vista (respectivamente 1978 e 1984) e se dá a partir da contribuição
fundamental de Ana Augusta de Almeida em sua obra “Possibilidades e limites da teoria do
Serviço Social”.
A crítica à herança positivista, em grande estilo, é uma tônica dessa literatura profissional “...
ao tratar os fatos sociais como coisas, rejeitamos o que é da ordem das significações, das inten-
cionalidades, das finalidades, dos valores, enfim, tudo aquilo que constitui a face interna da ação”.
Faz-se necessário – para essa perspectiva renovadora – que se desloque a explicação,
(própria dos paradigmas positivas e neopositivistas) pela compreensão, ao “pensamento cau-
sal” quer substituir “um pensamento não-causal, o fenomenológico, cujo quadro de referência
não é a explicação, mas a compreensão.
Paulo Netto sublinha que os valores que norteiam a prática profissional são cristãos; o
Serviço Social é posto como uma intervenção que se inscreve rigorosamente nas fronteiras da
ajuda psicossocial. O Serviço Social... se propõe a um desenvolvimento da consciência refle-
xiva de pessoas a partir do movimento dialético entre o conhecimento do sujeito como “ser no
Mundo” e o conhecimento do sujeito como “ser sobre o mundo” pág. 208).
Netto afirma que há nessa argumentação, uma dissolução das determinações de classe
nos processos societários. O que ocorre na formatação dessa perspectiva é o regresso ao que
há de mais tradicional e consagrado na herança conservadora da profissão: a recuperação de
seus “valores universais” e a centralização nas dinâmicas individuais (pág. 216)
3ª) INTENÇÃO DE RUPTURA (crítica sistemática ao desempenho tradicional do Serviço So-
cial em seus suportes teóricos, metodológicos e ideológicos; apresenta um padrão de análise
textual bastante produtivo (após a derrocada da ditadura).

Por que tão grande repercussão dessa perspectiva no meio dos Assistentes e Sociais?

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• As condições de trabalho da massa da categoria profissional (aviltamento dos salários,


aproximação das condições de vida dos usuários);
• Novo público recrutado para compor a base profissional (camadas médicas urbanas);
• Existência de um clima de efervescência nas universidades (quando houve a crise
da ditadura);
• Redemocratização da sociedade brasileira, com o protagonismo do movimento operário
e sindical.

Por que a denominação “Intenção de ruptura”?

Porque ainda existe um flagrante hiato entre a intenção de romper com o passado conser-
vador do Servidor Social e os indicativos práticos-profissionais para consumá-la (a tão conhe-
cida queixa acerca da dicotomia entre teoria e prática).
Essa perspectiva abrange dois momentos históricos diferenciados, à saber:
• Primeiro momento: Não dá para pensar essa perspectiva sem vinculá-la a inserção do
Serviço Social no circuito acadêmico-universitário.

Ela nasce e se desenvolve nos anos de 1972 a 1975 a partir de um grupo de jovens profissio-
nais da Escola de Serviço Social da Universidade Católica de Minas Gerais; num momento poste-
rior o conteúdo dessa iniciativa ficou impresso no documento intitulado “método Belo Horizonte”.
Esses profissionais elaboraram uma crítica teórico-prática ao tradicionalismo profissional
e propõem em seu lugar uma alternativa global: uma alternativa que visa romper com o tradi-
cionalismo no plano teórico-metodológico, no plano da concepção e da intervenção profissio-
nais e no plano da formação.
O processo de constituição dessa alternativa, tanto no nível da elaboração teórica quanto
no da experimentação (via campos de extensão e estágios) foi interrompido em 1975, quando
uma crise leva à demissão dos seus principais formuladores e gestores, instaurando-se cir-
cunstâncias institucionais que impedem sua continuidade. Com essa crise ficou evidenciada a
fragilidade de sua divulgação junto à categoria profissional.
Importante considerar o momento histórico em que surge esse primeiro momento da pers-
pectiva “intenção de ruptura” ou seja, estamos vivendo um ditadura militar que buscou o silen-
ciar qualquer vestígios de oposição às ideias centrais do novo regime; é nesse contexto que se
torna importante situá-la enquanto movimento de resistência à ordem estabelecida.
Anos 70 (primeiro momento: tendência à partidarização; repõe em novas bases o testemu-
nho cristão/vocação (militantismo/compromisso com a classe trabalhadora (transformação
social). O messianismo (O Assistente Social vai iluminar e salvar a classe) sofre com a influên-
cia do marxismo acadêmico que nada mais foi do que a vulgarização da obra de Marx.
O compromisso do Assistente Social dava-se via alguns espaços de prática, como se de-
pendesse do lócus espacial, a definição do tipo de intervenção e intencionalidade profissional.

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A noção de classe oprimida utilizada pelo grupo da PUC-BH, pode ser compreendida como
um simplismo teórico e crítico-analítico; não se consegue vislumbrar a complexidade no que
se refere à constituição da classe; esta não pode ser analisada a partir da dicotomia classe
dominante x classe oprimida. (o fenômeno da classe é multifacetado; não são só aqueles que
são operários na fábrica de montagem!)
O objetivo meta do Serviço Social seria a transformação da sociedade e do homem, o que
equivale, segundo Paulo Netto num equívoco megalômano. (superestimação/hipertrofia da
prática profissional)
Segundo momento da perspectiva Intenção de Ruptura
A reflexão de Marilda Vilella Iamamotto configura a maioridade intelectual desta perspecti-
va; o seu texto “Legitimidade e crise do Serviço social “é o primeiro texto que caracteriza este
momento. Ao resgatar a obra de Marx, a autora pensa o Serviço social imbricado na lógica da
reprodução das relações sociais; essa imbricação se dá em direção a dois níveis de análise:
• A análise da instituição profissional no bojo da totalidade das relações sociais da ordem
burguesa e,
• A análise do Serviço social na particularidade da formação social brasileira.

Marilda inscreve a prática profissional no terreno das intermediações entre as classes so-
ciais fundamentais; é só nesse campo mediador que o Serviço social existe como profissão
e tem determinadas suas alternativas de ação. O Serviço social é situado no processo de
reprodução das relações sociais; fundamentalmente é uma atividade auxiliar e subsidiária no
exercício do controle social e na difusão da ideologia da classe dominante. Junto à classe
trabalhadora porém, participa também, ao lado de outras instituições sociais, das respostas
legítimas de sobrevivência desta classe face às suas condições de vida, dadas historicamente.
Intenção de ruptura e modernidade
Iamamoto enriqueceu o debate profissional com um elenco de núcleos temáticos e pro-
postas crítico-analíticas que tornaram contemporâneo das polêmicas e alternativas do univer-
so cultural mais avançado da área das ciências sociais.
É ela que repercute produtivamente no Serviço social, as questões referentes à dinâmica
contraditória e macroscópica da sociedade, apanhadas numa angulação que põe em causa a
produção social (com ênfase na crítica da economia política), que ressalta a importância da
estrutura social (com o privilégio da análise das classes sociais e suas estratégias), que pro-
blematiza a natureza do poder político (com a preocupação com o Estado) e que se interroga
acerca das especificidades das representações sociais (papel das ideologias).

10. O Legado da Reconceituação


Marilda chama nossa atenção para o fato desse fenômeno (movimento de reconceitua-
ção) ter ocorrido particularmente na América Latina.
A característica comum nesses países foi a crítica ao tradicionalismo profissional; englo-
bando a estrutura teórica, técnica e política deste fazer. No bojo dessa crítica global está inse-
rida a recusa do colonialismo cultural, teórico, político que esses países sofriam por parte dos
países capitalistas centrais.

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Os atores que contribuíram para fazer avançar esse processo foram: setores da igreja cató-
lica, movimento estudantil, artistas, movimentos docentes, partidos afinados ideologicamente
com a democracia, etc.
Uma outra ordem de preocupação desse movimento, foi o de politizar a ação profissio-
nal, conectando-a ao projeto de ‘libertação dos oprimidos”, via uma transformação radical da
sociedade; outra perspectiva assumida era com a delimitação de um campo científico para o
Serviço Social (a necessidade de circunscrição de um objeto e metodologia próprios).
A universidade foi chamada então, à repensar seu processo de formação profissional na
direção de: qualificação dos agentes, incentivo à pesquisa e produção de conhecimentos, estí-
mulo ao debate contemporâneo em consonância com a realidade social.
A autora sinaliza que a renovação profissional inicia-se nos marcos da política desenvolvi-
mentista (JK – 50 anos em 5), passando pelo crivo da ditadura militar, pelo contexto de rede-
mocratização da sociedade brasileira (iniciado em 1979), sendo ainda hoje, caracterizado por
um processo.
O movimento de reconceituação teve três claras perspectivas, as quais foram denomina-
das pelo Prof. José Paulo Netto:
• Perspectiva modernizadora (tendência funcionalista);
• Reatualização do conservadorismo (tendência fenomenológica);
• Perspectiva de intenção de ruptura (influenciada pelo marxismo).

A tendência – intenção de ruptura – foi a que decisivamente criticou o processo históri-


co de subalternidade profissional, ao colocar em questão, os fundamentos que sustentavam
essa profissão.
Ocorre, entretanto, que o tipo de aproximação do Serviço social com o universo marxista,
originou alguns equívocos que marcaram acentuadamente nossa profissão.
Faz-se importante situar que essa influência iniciou-se num contexto extremamente des-
favorável ao livre debate; a ditadura militar estava atenta àquelas ideias e práticas sociais que
fossem discordantes do status quo de então. As ideias e conceitos de Marx foram conhecidos
através de manuais de divulgação do marxismo oficial; foi via o filtro da prática político-parti-
dária que o marxismo passou a influenciar o Serviço Social.
Essa influência, possível à época, trouxe problemas no que se refere:
• Identidade entre prática profissional e militância político-partidária. O compromisso polí-
tico, alimentado pela vontade dos agentes profissionais (VOLUNTARISMO) desconside-
rava o próprio movimento da História e a correlação de forças naquele momento;
• Recusa do espaço institucional, ou seja, desconsideração do papel e as demandas que
o Serviço social tinha que responder. O Estado ao demandar a ação profissional, está
requerendo que ele responda um mandato institucional; o assistente social não é pago
para fazer proselitismo político;

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A recusa da prática profissional ditada pela visão de que a instituição apenas reproduzia a
ideologia dominante – apontou para uma ruptura com o traço fundante da profissão, que é a
intervenção (contribuição teórica de Louis Althusser “Aparelhos ideológicos do Estado”).
A ação político-moral não ajudou no desvendamento dos fundamentos do tradicionalismo
profissional;
A autora sinaliza que ficou ausente nessa influência inicial, uma consciência teórica capaz
de desvendar as relações sociais na sua constituição contraditória. É a partir da consideração
de que a realidade/sociedade é contraditória, que podemos entender os limites e possibilida-
des à ação profissional.
A interlocução crítica com o conhecimento acumulado historicamente não se fez presente,
reduzindo em muito a capacidade explicativa/operativa da teoria social marxiana no entendi-
mento de nossa profissão na realidade brasileira.
A autora sublinha dois dilemas existentes até hoje em nosso meio; um elemento comum
entre eles é a ausência da perspectiva da História, vejamos:
FATALISMO: naturalização da vida social, onde nada é possível de ser feito; é uma leitura
perversa da profissão, que é considerada vítima de uma sociedade monoliticamente moldada.
Assistimos aqui a uma hipotrofia profissional, ou seja, ficamos aquém das possibilidades que
a realidade enseja.
MESSIANISMO: o profissional hipertrofia suas possibilidades para muito além, do que seu
mandato institucional lhe permite. Reside aqui a crença de que pensar a mudança é suficiente
para que ela ocorra (idealismo).
Nestas duas perspectivas o assistente social abre mão de suas prerrogativas, ao negar
as possibilidades de ação contidas na realidade social, segundo Marilda, o que pode estar se
revelando atrás destas duas leituras, é a incompetência de construir propostas profissionais
concernentes ao nosso tempo histórico; ficamos escondendo nossa não competência atrás
destes discursos.
Iamamoto sinaliza que a perspectiva “Intenção de Ruptura” consegue se tornar hegemô-
nica a partir do processo de redemocratização da sociedade brasileira (fins da década de 70
e início da década de 80). A partir daí, o caminho que passou a ser trilhado foi o de mergulhar
criticamente na história profissional, construindo uma reflexão sobre os fundamentos desta
profissão (essa contribuição foi inicialmente formulada por essa autora através dos livros:
“Crise e Legitimidade do Serviço Social” e “Serviço Social e relações sociais no Brasil’).
Aqui no Brasil então, o movimento de reconceituação nesta última década vem sendo ca-
racterizado a partir de uma relação de continuidade e ruptura (no campo marxista), que se
desdobrou na superação da própria reconceituação.

Porquê continuidade?

Por conta da retomada de um espírito essencialmente crítico no trato com o conservado-


rismo historicamente presente na profissão;

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Por conta do resgate da inspiração do próprio Marx no processo de desvelamento da reali-


dade social, inserindo aí nossa profissão.

Porquê ruptura?

Porque conseguimos construir uma crítica marxista ao próprio marxismo e dos fundamen-
tos do conservadorismo.
Porque temos conseguido redimensionar as interpretações acerca do significado social do
Serviço Social, numa busca de alargamento dos fenômenos a serem estudados e das requisi-
ções necessárias à tal intervenção.
Os eixos do debate do Serviço Social no campo da tradição marxista nesta década engloba
duas grandes temáticas, a saber:
• A crítica teórico-metodológica do conservadorismo e do marxismo vulgar; a partir daí
as questões do método, teoria e história são redimensionadas, apontando para uma
necessária revisão curricular;
• A análise crítica acerca dos fundamentos históricos de surgimento do Serviço Social
brasileiro. A profissão ressurge então enquanto estratégia de classe para a manutenção
de uma dada ordem social, entretanto, aponta também para a defesa de interesses da
classe trabalhadora ao intervir na execução das políticas públicas (é a contraditoriedade
das relações sociais que permite superarmos uma leitura unidirecional).

Aqui é articulada a concepção de que tanto o surgimento quanto o desenvolvimento da pro-


fissão esteve e estará sempre conectado ao movimento da realidade social brasileira, bem como
da intencionalidade de seus agentes (influência externa/interna na configuração profissional).
Importante considerar que nenhuma das outras duas perspectivas do movimento de re-
conceituação conseguiu tecer uma análise tão profundamente renovadora de nossa profis-
são neste país; essa impossibilidade é justificada pelo quadro teórico, político e técnico que
as subsidia.
Foi somente no interior da tradição marxista que se tornou possível o alargamento dos
eixos temáticos de estudo:
• A natureza do estado brasileiro na idade do monopólio; o significado das políticas so-
ciais no Estado capitalista; análise de conjuntura/correlação de forças;
• O papel dos movimentos sociais no processo de redemocratização da sociedade brasileira;
• Democracia, cidadania e direitos sociais.

Iamamoto tece uma crítica em relação a atenção prestada pelos estudiosos/pesquisado-


res na área de Serviço Social: a concentração de estudos sobre o Estado e as políticas públicas
têm secundarizado o estudo sobre a sociedade civil e isto tem trazido problemas de ordem
teórico-metodológica para aqueles que abraçam a teoria marxiana como referência.

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A autora chama nossa atenção no que se refere aos limites de uma cidadania sob o marco
do capitalismo.
Se estudarmos e produzirmos textos, reflexões sobre os direitos de cidadania (e isso é
muito importante!), não podemos esquecer que a sociedade burguesa em sua essência não é
alterada (pelo contrário, muitas vezes é legitimada) no que tem de mais fundamental – concen-
tração de renda (uma das piores do mundo), grave exclusão social e desemprego estrutural. Os
direitos de cidadania não mexem num milímetro, na lógica deste sistema. Ao esquecermo-nos
dos atores demandatários de nossa ação, da sociedade civil, estaremos esquecendo que são
eles que podem desestruturar essa ordem social. Considerar que as políticas públicas são a
grande solução para a classe trabalhadora, é ficar de frente para o Estado e de costas para os
trabalhadores e os não trabalhadores (os que estão de fora do mercado formal de trabalho).
Iamamoto concluiu sinalizando que desconhecemos os modos de vida dos subalterniza-
dos; eles, que são os protagonistas da História, são menosprezados pelo Serviço Social. Se
quisermos ganhar visibilidade e legitimidade (vale a pena lembrar que nossa profissão não foi
demandada pelo conjunto de trabalhadores), temos que buscar conhecer suas condições de
vida, trabalho, cultura, formas de resistência. Trazer esse conhecimento para o campo investi-
gativo e interventivo.

11. O Serviço Social na Contemporaneidade


A autora chama a atenção para o fenômeno da globalização que produz um desemprego
estrutural (não emprego forçado), o subemprego, ampliando sobremaneira a exclusão de am-
plíssimas camadas da população mundial. É verificado assim, o agravamento das múltiplas
expressões da questão social, base sócio histórica da requisição social da profissão. No âmbi-
to do processo de trabalho do assistente social, é possível atestar o crescimento da demanda
por serviços sociais, o aumento da seletividade no âmbito das políticas sociais, a diminuição
dos recursos, dos salários, a imposição de critérios mais restritivos nas possibilidades da po-
pulação ter acesso aos direitos sociais, materializados em serviços sociais políticos.
O quadro sócio histórico da sociedade brasileira atravessa e conforma o cotidiano do exer-
cício profissional do assistente social, afetando as suas condições e as relações de trabalho,
assim como as condições de vida da população usuária dos serviços sociais.
O nosso desafio é o de inquirir a realidade buscando pelo seu deciframento, o desenvolvi-
mento de um trabalho pautado no zelo pela qualidade dos serviços prestados, na defesa da
universalidade dos serviços públicos, na atualização dos compromissos ético-políticos com
os interesses coletivos da população usuária.
A autora ressalta seu primeiro pressuposto que é a indispensabilidade de rompermos com
uma visão endógena, focalista, uma visão “de dentro” do serviço social, prisioneira em seus
muros internos. Alargar os horizontes, olhar para mais longe, para o movimento das classes
sociais e do Estado em suas relações com a sociedade: não para perder as particularidades
profissionais, mas, ao contrário, para iluminá-las com maior nitidez. Extrapolar o Serviço Social
para melhor apreendê-lo na história da sociedade da qual ele é parte e expressão.

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Isso é uma pré-condição para que se possa captar as novas mediações e requalificar o
fazer profissional, identificando suas particularidades e descobrir alternativas de ação.
Um dos desafios do assistente social é o de desenvolver sua capacidade de decifrar a re-
alidade e construir propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a
partir de demandas emergentes no cotidiano. Enfim, ser um profissional propositivo e não só
executivo. Hoje, o próprio mercado demanda, além de um trabalho na esfera da execução, a
formulação de políticas públicas e a gestão de políticas sociais.
É preciso, segundo a autora, enxergar a profissão não como o mero emprego, enxergar a ação
de um sujeito profissional que tem competência para propor, para negociar com a instituição os
seus projetos, para defender o seu campo de trabalho, suas qualificações e funções profissionais.
Iamamoto acentua que as possibilidades estão dadas na realidade, mas não são automa-
ticamente transformadas em alternativas profissionais. Cabe aos profissionais apropriarem-se
dessas possibilidades e, como sujeitos, desenvolvê-las transformando-as em projetos e frentes
de trabalho. Essa compreensão é muito importante para se evitar uma atitude fatalista do pro-
cesso histórico e, por extensão, do serviço social. Tal visão determinista e a-histórica da realidade
conduz a acomodação, a rotinização do trabalho, ao burocratismo e a mediocridade profissional.
Entretanto, também é necessário evitar a perspectiva do messianismo profissional em que
se enfatiza uma visão heroica do serviço social que reforça unilateralmente a subjetividade
dos sujeitos, a sua vontade política sem confrontá-la com as possibilidades e limites da reali-
dade social.
O segundo pressuposto é a consideração de que o serviço social é uma especialização do
trabalho, uma profissão particular inscrita na divisão social e técnica do trabalho coletivo da
sociedade. E quando o Estado se “amplia”, passando a tratar a questão social não só pela coer-
ção, mas buscando um consenso na sociedade, que são criadas as bases históricas de nossa
demanda profissional. Ora, se isso é verdade, as mudanças que vêm ocorrendo no mundo do
trabalho e na esfera estatal, em suas relações com a sociedade civil, incidem diretamente so-
bre os rumos do desenvolvimento dessa profissão na sociedade.
O processo de compra e venda da força de trabalho especializada em troca de um salário
faz com que o serviço social ingresse no universo da mercantilização, no universo do valor.
A profissão produz serviços que atendem as necessidades sociais, isto é, tem valor de uso,
uma utilidade social.
Na esfera do Estado, no campo da prestação dos serviços sociais, o assistente social pode
participar do processo de redistribuição da mais valia, via fundo público.
O terceiro pressuposto é de que o serviço social sendo trabalho, participa da produção/
reprodução da vida social. Quando se fala nessa produção/reprodução, não é apenas a dimen-
são econômica que é ressaltada, mas a reprodução das relações sociais de indivíduos, grupos
e classes sociais.
Relações sociais estas que envolvem poder, sendo relações de luta e confronto entre as
classes e segmentos sociais, que tem no Estado uma expressão condensada da trama do
poder vigente na sociedade.

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É isso galera!!!!!
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dúvidas lá no fórum. Estou esperando você por lá!
Abreijos!!!!!

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RESUMO
Nessa aula, você deve fixar os seguintes pontos:
• A origem do Serviço Social está datada do final do século XIX em Nova Iorque nos Esta-
dos Unidos da América;
• 1920: iniciativa particular;
• 1930: Estado + empresas + igreja;
• As encíclicas papais influenciaram o Serviço Social na década de 30;
• Função: controle da classe operária;
• Objeto: expressões da questão social;
• Década de 40 e 50: Doutrina Católica + Positivismo
• Nos anos 60 o Serviço Social tradicional começa a ser questionado;
• Anos 60: Interlocução com o marxismo;
• Anos 60: Movimento de reconceituação: Araxá e Teresópolis;
• Anos 60: modernização conservadora; positivista
• Anos 70: Fenomenologia;
• Anos 70: reatualização do conservadorismo;
• 1979 ocorre o congresso da virada;
• Anos 80: vert5ente marxista;
• Anos 80: intenção de ruptura;
• Anos 1982: Relações Sociais e Serviço Social;
• Anos 80: a teoria marxista aparece de forma hegemônica;
• Anos 80: produção de conhecimento através da pós-graduação;
• Anos: organização e representação profissional;
• 1986: Código ética;
• O conservadorismo não foi superado;
• 1988: os Assistentes Sociais deixam de ser meros executores e passam a participar do
planejamento e gestão;
• Anos 90: mudança no mundo do trabalho;
• Anos 90: desmonte das políticas sociais;
• 1993: código de ética;
• Anos 90: municipalização e descentralização de políticas sociais;
• Conhecimento é o principal instrumento de trabalho.
• Diálogo com as três dimensões do Serviço Social, ou seja, a dimensão teórico-metodo-
lógica, ético-política e técnico-operativa, estas que são indissociáveis.

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REFERÊNCIAS
IAMAMOTO. Marilda Vilela. O Serviço social na Contemporaneidade – Trabalho e formação
profissional. Ed. Cortez, São Paulo.

IAMAMOTTO, Marilda Vilella. Relações sociais e serviço social no Brasil – esboço de uma
interpretação histórico-metodológica. São Paulo, Ed. Cortez/Celats

NETTO, José Paulo. Ditadura e serviço social.

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