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Parecer nº 0001/2022
Processo nº 0001
Interessado: Ana Alice Torres Sampaio
RELATÓRIO
1. João Gomes é um idoso de 84 anos. Ele morava com Juma, sua única neta, e dependia
da mesma para realizar tarefas simples por conta do câncer no instestino que o idoso
havia adquirido.
2. Certo dia, Juma foi à farmácia comprar um remédio que seu avô precisava tomar por
causa dos enjoos causados pela quimioterapia e no caminho foi atropelada por um
ônibus, o que ocasionou sua morte.
3. Após a morte de Juma, os vizinhos de João começaram a ajudá-lo nas suas atividades
cotidiana, já que o mesmo não tinha como contratar uma cuidadora pois só recebia
aposentadoria no valor de um salário mínimo, mas perceberam que essa ajuda não seria
suficiente, então entraram em contato com a promotoria do idodo para tentarem
conseguir uma vaga para João em um abrigo público.
4. Depois de algumas tentativas, os vizinhos conseguiram a vaga para João e foram contar
a novidade para o idoso. Ele, por sua vez, não ficou muito feliz com a novidade,
desaprovando a atitude de seus vizinho.
5. Para demonstrar sua insatisfação, João Gomes foi até uma concessionária e comprou
um veículo modelo Celta, do ano de 2012, pelo valor de R$ 150.000. Seu objetivo era
usar o carro para voltar para sua cidade natal.
6. Depois do relatado fica o questionamento: os vizinhos deveriam intervir na firmação do
negócio jurídico, alegando que o mesmo possui um vício e, assim, concretizar a
internação de João Gomes? Ou o idoso deve levar o negócio jurídico adiante, visto que
o mesmo é plenamente capaz de firmar contratos
7.
ANÁLISE JURÍDICA
10. Além disso, conforme o positivado no art.10 do Estatuto do Idoso (Lei n° 10.741, de 01
de outubro de 2003) é dever do Estado zelar pela liberdade do idoso, garantindo o direito
ao respeito através da inviolabilidade de sua autonomia.
11. Outrossim, é nítido a validade do negócio jurídico realizado por João Gomes, pois conta
com um agente capaz (Art.104. Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002) e a sua doença
em nada interfere em sua manifestação de vontade livre.
13. Dessa forma, para que haja a preservação da autonomia da vontade de João, havendo a
concretização do negócio jurídico, faz-se necessário que haja a redução do proveito das
prestações pela concessionária conforme o previsto no art. 157 § 2° do Código Civil
(Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002).
14. O negócio jurídico conta com a vontade expressa de João em mantê-lo. Acerca dessa
temática, Lopes (2000, p.86) afirma que agir com a liberdade para escolher as decisões
que melhor forem para a sua própria vida está diretamente ligado à dignidade da pessoa
humana, sendo essa liberdade a ausência de qualquer coação. Assim, a escolha de João
em preservar o negócio jurídico deve ser respeitada.
15. Dessa forma, o negócio jurídico deve ser concretizado, uma vez que este conta com a
possibilidade de sanabilidade do defeito, não sendo necessária a anulação. Preservando,
dessa forma, o negócio jurídico (Art. 157, § 2°. Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002).
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1. Lei que fala sobre os erros no negócio jurídico
2. Estatuto que fala sobre os direitos da pessoa idosa
3. Curso de Direito Civil
4. Artigo sobre direitos humanos e tratamento igualitário
5. Artigo sobre danos à pessoa humana
CONCLUSÃO
16. Diante do que foi apresentado, pode-se definir que João Gomes é plenamente capaz de
levar o negócio jurídico da compra do veículo adiante, mas que, observado o valor
abusivo cobrado, a concessionária deve diminuir o valor do produto a fim de que o preço
se torne justo. Essa ação deve ser feita para que não seja necessária a anulação do
negócio, baseado no princípio da preservação dos negócios jurídicos. É o parecer.
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nome do aluno 2
REFERÊNCIAS
BRASIL, Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da
União: seção 1, Brasília, DF, ano 139, n.8, p. 1-74. 2002. PL 634/1975.
Estatuto do idoso: lei federal n° 10.741, de 1 de outubro de 2003. Brasília, DF: Secretaria
Especial dos Direitos Humanos, 2004.
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: Parte Geral e
LINDB. 16 ed. Salvador: Editora Jus Podivm, 2018.
MORAES, Maria Celina Boldin de. Danos à Pessoa Humana: uma Leitura Civil-
Constitucional dos Danos Morais. 3 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2007.