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ADVOGADO · CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 · CRIME DE MENOR…

O cheiro da maconha do vizinho te incomoda? …

Advogado Constituição Federal de 1988 Crime d

O cheiro da maconha
do vizinho te
incomoda? Veja o que
fazer!
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Publicado por Edicélia Lemos Advocacia e


Assessoria Jurídica
há 3 anos  2.627 visualizações

bit.ly/397DhdR | Morar em condomí-


nio tem as suas vantagens e desvanta-
gens, sendo que a principal dificuldade
é a de conseguir conviver em harmonia,
respeitando os direitos e os deveres,
tanto próprios quanto alheios.

Nesse sentido, uma questão que tem se


tornado cada vez mais frequente é a uti-
lização de maconha no interior dos
apartamentos e, consequentemente, o
incômodo que tal ato pode gerar nos
vizinhos, que não têm nenhuma relação
com o consumo da substância.

A maconha, assim como no caso do ta-


baco, se consumida na forma de cigar-
ro, cachimbo, charuto, cigarrilha, ..., ou
seja, mediante incineração, produz fu-
maça, fumaça essa que sairá do aparta-
mento do consumidor e inevitavelmen-
te invadirá a moradia do vizinho.

Nessa situação, sendo o vizinho que


teve a casa invadida pela fumaça de ma-
conha, o que pode ser feito?

A primeira coisa que precisamos ter em


mente é sobre o fato de o consumo de
drogas ser ou não crime e, consequente-
mente, sobre a possibilidade ou não de
acionamento da Polícia Militar.

Nesse sentido, ainda existe divergência


sobre a natureza jurídica da conduta de
consumir entorpecentes, tendo aqueles
que defendam não ser mais crime (após
a entrada em vigor da Lei 11.343/06,
diante da despenalização); assim como
existem aqueles que (majoritariamente)
defendem se tratar de uma infração pe-
nal sui generis, pois, apesar de existir
pena de prisão, existem penas restriti-
vas de direitos que são impostas ao
usuário.

Mas, independentemente de se tratar


ou não de uma infração penal, é certo
que ninguém será preso em flagrante
por consumir drogas, o que está expres-
so no artigo 48, § 2º, da Lei 11.343/06,
segundo o qual:

Tratando-se da conduta prevista


no art. 28 desta Lei, não se imporá
prisão em flagrante, devendo o
autor do fato ser imediatamente
encaminhado ao juízo competente
ou, na falta deste, assumir o com-
promisso de a ele comparecer, la-
vrando-se termo circunstanciado
e providenciando-se as requisi-
ções dos exames e perícias neces-
sários.

Além do mais, trata-se de crime de me-


nor potencial ofensivo, sujeito às nor-
mas relativas aos Juizados Especiais
(Lei 9.099/95).

Tais fatores fazem com que se torne


muito complexo o acionamento da Polí-
cia para uma abordagem flagrancial,
ainda mais quando levamos em consi-
deração a inviolabilidade de domicílio.

Por mais que seja possível a violação de


domicílio em casos de flagrante delito,
há um desequilíbrio entre a inviolabili-
dade de domicílio e a infração praticada
(que é de menor potencial ofensivo), de
modo que eventual invasão (sob a des-
culpa do flagrante) poderia se enqua-
drar em um excesso, uma efetiva viola-
ção, invalidando tudo o que foi produzi-
do a partir daquele momento.

Já vimos, então, que tem predominado


o entendimento de o consumo pessoal
de drogas é uma infração penal (sui ge-
neris); que é um crime de menor poten-
cial ofensivo (Lei 9.099/95); e que não
cabe prisão em flagrante (art. 48, § 2º,
Lei 11.343/06).

Então, o que deve ser feito no caso de


algum condômino consumir drogas
dentro da sua própria residência e esse
ato lhe incomodar?

A questão, ao meu sentir, não deve se-


guir pelo aspecto criminal, mas pelo
administrativo, condominial. Pois, por
mais que o consumo da maconha (ou
até mesmo do cigarro) seja realizado
dentro de casa, existem regras legais e
condominiais que devem ser seguidas.

Quanto ao aspecto legal, necessário se


atentar para a Lei n.º 9.294/1996, a le-
gislação que veio para regulamentar o
consumo de tabaco e derivados, além de
bebidas alcoólicas, dentre outras.

Essa Lei, em seu artigo 2º, estabelece


que:

É proibido o uso de cigarros, ci-


garrilhas, charutos, cachimbos ou
qualquer outro produto fumígeno,
derivado ou não do tabaco, em re-
cinto coletivo fechado, privado ou
público.

Obviamente, quando analisamos o texto


legal, percebemos que ele fala expressa-
mente em recinto coletivo fechado, o
que, nesse caso, inclui as áreas comuns
do condomínio, como no caso dos cor-
redores e garagem.

Inclusive, há quem entenda que essa


proibição envolvendo o consumo de ta-
baco e derivados (como a maconha) em
recinto coletivo fechado deve se esten-
der para aquele que faz uso dessas
substâncias na varanda do seu aparta-
mento e faz com que a fumaça se espa-
lhe para os demais apartamentos, eis
que a intenção do legislador era evitar
que o consumo (por mais que seja um
ato pessoal) viesse a prejudicar tercei-
ros, a famosa figura do fumante passi-
vo.

Mas e se o consumo for realizado den-


tro da residência, que é um espaço pri-
vado (por mais que seja um recinto fe-
chado)?

Nesse caso, o ideal seria buscar uma


solução consensual, uma forma de re-
solver o problema sem gerar mais pro-
blemas. Se não for possível, necessário
acionar o síndico do condomínio, de
modo a levar até a ele o problema e bus-
car uma atuação com base nas normas
de convivência condominiais.

É possível utilizar de medidas de cons-


cientização (como uma circular coletiva
ou uma carta individual) e/ou advertên-
cia (multa, por exemplo) para que o
condômino cesse o hábito que tem pre-
judicado o convívio coletivo.

Como disse no início do texto, o conví-


vio em sociedade, o viver em um condo-
mínio é uma arte, exige o respeito dos
direitos e deveres (próprios e alheios),
de modo que muitas vezes é preciso re-
nunciar aos hábitos que interferem na
vida de terceiros, ferindo seus direitos.

O fato de ser o “proprietário” do imóvel


não faz com que tenha liberdade para
fazer o que bem entender, é preciso agir
de modo a não violar o direito alheio,
respeitando regras básicas de convivên-
cia.

Por fim, que fique claro que esse não é


um texto sobre a maconha em si, sua
utilização ou não, mas sobre o hábito de
fumar (maconha ou tabaco), em um
condomínio, vindo a incomodar a vida
de outros moradores. Até mesmo pelo
fato de que ninguém (seja ou não fu-
mante) é obrigado a ter que aguentar a
fumaça alheia.

Autor: Pedro Magalhães Ganem

Fonte: Canal Ciências Criminais

Edicélia Lemos Advocacia e Ass… Assinante


Advogada e uma apaixonada pela ciência jurídica.

Sou uma advogada que busca, acima de tudo, estar


preparada e disponível a proporcionar a meus clientes
a maior estrutura de assistência jurídica e consultoria,
preventiva, consultiva e contenciosa, nas esferas
judicial e administrativa. O meu enfoque principal é a
atuação direta com meus clientes, de forma a conhecer
sua realidade e anseios, buscando no mundo Jurídico
as melhores maneiras de defesa de seus interesses,
estou preparada para atuar de forma ágil e eficaz em
busca dos melhores resultados, sempre atuando de
forma transparente, informando e esclarecendo ao
cliente as possibilidades e consequências jurídicas que
poderão advir. Primo, primordialmente, pela a obtenção
do melhor resultado, atuando nos mais diversos ramos
do Direito: Cível, Penal, Tributário e Trabalhista.

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2 Comentários

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Eunice Rodrigues PRO


3 anos atrás

Matéria muito interessante e


esclarecedora. Compactuo do uso da via
conciliatória sempre, mas, infelizmente
às vezes a convivência em condomínio
requer o uso da aplicação de multas para
cumprimento de normas internas.
Obrigada Dra. Edicélia por dispender de
seu tempo e compartilhar. Abs.

 2  Responder 

Clovis Carvalho
3 anos atrás

Excelente explanação. Ótimo texto.

 1  Responder 

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