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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER NO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO

DAS NEVES - MG

Gabriel Eustáquio Moreira


Laísa Silva Santos

Direito
2022
Resumo:

O presente artigo vem mostrar uma problemática que atinge mulheres do


mundo todo, entretanto, a abordagem se restringe ao município de Ribeirão das
Neves no Estado de Minas Gerais. A violência doméstica é um grande desafio para o
Estado combater, e, neste ínterim, percebe-se que algumas medidas já vêm sendo
apresentadas com força de Lei para tentar cercar este tipo de crime. A Lei 11.340/06
vem trazendo mecanismos visando reprimir a violência doméstica e familiar contra a
mulher, trazendo o seu significado, suas formas para prevenir, erradicar e punir toda
e qualquer forma de violência. No entanto, com o advento da Lei, criou-se apenas um
tipo penal, no que tange a punição por determinada conduta, que está fundamentada
no artigo 24-A da referida Lei, aplicando-se punição para quem descumprir medidas
protetivas de urgência. Tais medidas, em sua essência, trazem segurança para a
vítima que sofre qualquer das formas de violência previstas na Lei. Mas como crime
de menor potencial ofensivo, remete o devido respeito que a Lei deveria impor?
Porquê da existência do crime de descumprimento de medidas protetivas? Porque as
determinações advindas do juízo, através de suas decisões que afastam o agressor
do lar e de aproximar-se da vítima vem sendo descumpridas? Há ausência de rigor
quando da punição de quem pratica o crime de descumprimento? Todas essas
questões serão abordadas ao longo do artigo, trazendo consigo propostas e alvitres,
de eficácia da norma penal para um plano ideal.
Palavras Chave: Descumprimento. Lei 11.340 de 2006. Maria da Penha. Medidas
protetivas. Violência doméstica.

Abstract:

This article shows a problem that affects women from all over the world, however, the
approach is restricted to the municipality of Ribeirão das Neves in the State of Minas
Gerais. Domestic violence is a major challenge for the State to combat, and, in the
meantime, it is clear that some measures have already been presented with the force
of law to try to surround this type of crime. Law 11,340/06 has been bringing
mechanisms aimed at repressing domestic and family violence against women,
bringing its meaning, its ways to prevent, eradicate and punish any form of violence.
However, with the advent of the Law, only one criminal type was created, with regard
to punishment for a certain conduct, which is based on article 24-A of that Law,
applying punishment to those who fail to comply with urgent protective measures.
Such measures, in essence, bring security to the victim who suffers any of the forms
of violence provided for in the Law. But as a crime of lesser offensive potential, does
it refer to the due respect that the Law should impose? Why the existence of the crime
of non-compliance with protective measures? Why are the determinations coming
from the court, through its decisions that move the aggressor away from the home and
approaching the victim, being disregarded? Is there a lack of rigor when punishing
those who commit the crime of noncompliance? All these issues will be addressed
throughout the article, bringing with them proposals and suggestions, from the
effectiveness of the criminal norm to an ideal plan.
Key-words: Noncompliance. Law 11,340 of 2006. Maria da Penha. Protective
measures. Domestic violence.
Sumário

1- Introdução..................................................................................................................................5

2- Lei 11.340 de 2006.....................................................................................................................6


2.1 Da Necessidade do Surgimento da Lei......................................................................................6
2.2 Medidas Cautelares diversas da Prisão/ Medidas Protetivas.....................................................6
2.3 Crime de Descumprimento das Medidas Protetivas...................................................................8

3- Do Município de Ribeirão das Neves.........................................................................................9


3.1 Localização e sua respectiva população....................................................................................9
3.2 Índices de Violência Doméstica..................................................................................................9
3.3 Atuação da Administração Pública no Município......................................................................11

4- Da Prevenção ..........................................................................................................................12
4.1 Procedimento a ser adotado pela vítima..................................................................................12
4.2 Alternativas objetivando mitigar a prática dos crimes praticados no âmbito da Violência
Doméstica ............................................................................................................................................13

5- Conclusão................................................................................................................................14

6- Referências Bibliográficas........................................................................................................16
1- Introdução

Com o advento da Lei Maria da Penha, começamos a enxergar uma luz no fim
do túnel para casos em que mulheres são vítimas de violência doméstica. A lei foi
criada para coibir violência doméstica e familiar contra a mulher amparadas pela
Constituição da República, convenção interamericana, além de criar Juizados de
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, alterando o Código de Processo
Penal, o Código Penal, a Lei de Execução Penal e propondo outras providências.

Podemos observar que existe legislação específica para tratar sobre o assunto.
Entretanto, à medida em que a sociedade muda seus hábitos, costumes e
comportamentos, o direito tende a acompanhar tais mudanças no intuito de atender
demandas para as quais ele mesmo foi criado.

Por isso, as medidas de segurança aplicadas no âmbito da lei 11.340/06


também devem acompanhar as mudanças quando elas não se mostram mais
eficientes, se tornando obsoletas.

Apesar de ser recente, algumas críticas são feitas ao sistema de proteção da


mulher, não diretamente ligadas a letra da lei, mas em sua aplicação, que incumbe
ao Poder Executivo, Judiciário e ao Ministério Público a função de tomar providências
para prevenir e coibir atos atentatórios a integridade e dignidade da mulher em
situação de violência.

Abarcando no tema da pesquisa proposta, a Lei Maria da Penha estabelece


em seu artigo 24-A, cujo descumprimento da decisão judicial, que determinou as
medidas protetivas de urgência, é punível com pena de detenção de 3 (três) meses a
2 (dois) anos.

Desse modo, o município escolhido para a pesquisa é Ribeirão das Neves, o


qual está localizado no Estado de Minas Gerais, Região Sudeste do país.

Nessa perspectiva, o objetivo previsto durante o desenvolvimento do trabalho


amolda-se em contribuir para a extensão da produção científica acerca da temática
(contribuição teórico-científica), bem como colaborar incisivamente abordando

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propostas que agregarão para um futuro breve, ampliação da rede protetiva da mulher
em situação de risco.

2- Lei 11.340 de 2006

2.1- Da Necessidade do Surgimento da Lei


Em virtude da ausência de amparo legal, bem como ações sociais ativas, tais
como acesso à justiça, preservação da garantia da dignidade da pessoa humana
consagrada na Constituição Federal de 1988 e em virtude de vários agressores
saírem impunes, no ano de 2002, ONGS (Organizações não Governamentais) foram
formadas com a finalidade de elaborar um projeto de lei visando combater a violência
doméstica e familiar contra o gênero feminino.

Com isso, após longas discussões no Poder Legislativo, o Projeto de Lei n.


4.559/2004 da Câmara dos Deputados chegou ao Senado Federal (Projeto de Lei de
Câmara n. 37/2006), o qual foi aprovado pelas duas casas. Por conseguinte, em 07
de Agosto de 2006, o Presidente Luiz Inácio Lula Da Silva sanciona a Lei nº 11.340
de 2006.

2.2- Medidas Cautelares diversas da Prisão/ Medidas Protetivas

A prisão antes do trânsito em julgado de uma sentença condenatória, possui


caráter excepcional, entretanto existem hipóteses em que podem-se aplicar medidas
despenalizadoras as quais podem ser aplicadas a qualquer momento desde o início
da fase investigatória, segundo Art. 22 da Lei 11.340/06, são Medidas Protetivas que
obrigam o agressor:

Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a


mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor,
em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de
urgência, entre outras:
I - Suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação
ao órgão competente;
II - Afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
III - Proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando
o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio
de comunicação;

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c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade
física e psicológica da ofendida;
IV - Restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a
equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar;
V - Prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
VI – Comparecimento do agressor a programas de recuperação e
reeducação; e
VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento
individual e/ou em grupo de apoio.

Cabe lembrar que tais medidas protetivas não são taxativas, ou seja, existem
medidas cautelares que os agressores poderão ser submetidos, com fulcro no Art.
319 do Código de Processo Penal - DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO
DE 1941; como o comparecimento periódico em juízo, a proibição de ausentar-se da
comarca ou do país, o recolhimento domiciliar noturno, a suspensão do exercício de
função pública ou atividade econômica ou financeira, a internação provisória e o
monitoramento eletrônico, todas previstas no art. 319, incisos I, IV, V, VI, VII e IX, do
CPP, bem como a decretação da prisão preventiva em caso de descumprimento das
medidas protetivas de urgência, prevista no art. 20 da Lei Maria da Penha e art. 313,
III, do CPP.

Ademais, a Lei supracitada também traz em seu escopo as medidas protetivas


cabíveis à ofendida a fim de proteger a amparar as que se encontram em situação de
violência, in verbis:

Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas:
I - Encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou
comunitário de proteção ou de atendimento;
II - Determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao
respectivo domicílio, após afastamento do agressor;
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos
relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;
IV - Determinar a separação de corpos.
V - Determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de
educação básica mais próxima do seu domicílio, ou a transferência deles
para essa instituição, independentemente da existência de vaga. (Incluído
pela Lei nº 13.882, de 2019)
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou
daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar,
liminarmente, as seguintes medidas, entre outras:
I - Restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;
II - Proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra,
venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização
judicial;
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;

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IV - Prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e
danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar
contra a ofendida.
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins
previstos nos incisos II e III deste artigo.

Tais medidas visam amenizar o sofrimento das famílias, haja vista que além
das mães, filhos também são afetados pela violência doméstica e familiar.

2.3 - Crime de Descumprimento das Medidas Protetivas

Em 2018, em razão da publicação da Lei 13.641, a qual acrescentou o Art. 24-


A na Lei Maria da Penha, foi criado o Crime de Descumprimento de Medidas
Protetivas, e após sua alteração, diversos casos de descumprimento às
determinações judiciais impostas para coibir a violência, tornaram-se fato típico,
sendo o agente processado criminalmente a pena de detenção de 3(três) meses à
2(dois) anos.

Nesse sentido, quando o agente pratica o crime descrito no artigo 24-A,


descumprindo alguma das medidas protetivas a ele imposta, tornou-se possível a
prisão em flagrante pela autoridade policial, sendo a fiança concedida somente pela
autoridade judicial, conforme se extrai do Art. 24-A, §2º.

Ademais, caso o agente cometa em conjunto com outros delitos tais como vias
de fato (Art. 21 da Lei 3.688/41); Lesão Corporal (Art. 129, §13º do Código Penal);
Injúria (Art. 140 do Código Penal); Perseguição (Art. 147-A do Código Penal), o
infrator responderá em Concurso Formal com base no Art. 24-A, §3º.

Por fim, é mister salientar que se trata de crime próprio, haja vista o autor do
crime ser o sujeito que foi lhe determinado que cumprisse tal medida, e de dolo por
parte do agente, isto é, o autor deve ser devidamente intimado da decisão que
determinou as medidas protetivas, sendo informado de que os limites serão aplicados
ao caso em concreto, a fim de que o infrator saiba que existe uma medida protetiva
imposta à ele.

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3- Do Município de Ribeirão das Neves

3.1 Localização e sua respectiva população

Localizada na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Ribeirão das Neves é


um município localizado no Estado de Minas Gerais, situado na região Sudeste do
país. Possui 341.415 habitantes1, de acordo com estimativa realizada pelo IBGE-
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 1º de Julho de 2021, fato este que
o torna o sétimo município mais populoso do Estado de Minas Gerais.

3.2 Índices de Violência Doméstica

Com o apoio da 4ª Promotoria de Justiça da Comarca de Ribeirão das


Neves/MG, situada na Rua Vera Lúcia de Oliveira Andrade, nº 85, 6º Andar, Sala 614,
Bairro: Esplanada, Ribeirão das Neves - MG foi possível obter informações acerca da
média de números de atendimentos por mês que envolvem ocorrências de violência
doméstica bem como a estruturação da Polícia Militar situada no Município
supracitado a fim de atender os casos de violência doméstica.

As informações colhidas foram extraídas no ano de 2020, dos meses de janeiro


a dezembro e no ano de 2021, nos meses de janeiro e fevereiro. De acordo com o
Ofício nº 014/2021, com data de 1º de Março de 2021, instaurado pela 4ª Promotoria
através da Exma Sra. Clarissa Gobbo dos Santos, Promotora de Justiça e a Polícia
Militar, em resposta, através do ofício nº 000016.3/2021 com data de 05 de Março de
2021, da 2ª CIA PM IND PVD, representada pela Ten. Cel PM Daisy Ferrarezi Moura,
Comandante da 2ª CIA, foi informado que no ano de 2020, em relação a registro de
violência doméstica com conjugalidade foram 149 em Janeiro, 136 em Fevereiro, 130
em Março, 130 em Abril, 156 em Maio, 136 em Junho, 167 em Julho, 143 em Agosto,
157 em Setembro, 146 em Outubro, 166 em Novembro e 112 em Dezembro,

1«Ribeirão das Neves». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Acesso em: 12 de out.
de 2022.

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totalizando 1870 registros. Já em 2021, foram 150 registros em Janeiro e 125 em
Fevereiro.

A equipe da Patrulha de Prevenção à violência doméstica realizou em 2020,


628 visitas, com 82 vítimas inseridas no programa, 50 autores notificados e efetuados
2 prisões. Já em 2021, foram 214 visitas realizadas com 12 vítimas inseridas no
programa, 7 autores notificados e uma prisão.

Outrossim, no mesmo contexto, a referida promotoria também solicitou os


números de atendimento por mês, números de inquéritos policiais instaurados por
mês e número de inquéritos em andamento, através do ofício 012/2021 com data de
1º de Março de 2021 à 3ª Delegacia Regional de Polícia Civil de Ribeirão das Neves
- MG. Em resposta, a delegacia representada pela Delegada Cristiane Gaspari,
através do ofício nº 0119/2021-DEAM-3ª DRPC/RN com data de 15 de Março de
2021, informou que a média dos números de atendimento mensal é cerca de 210,
sendo uma média de 85 Registros de Eventos de Defesa Social, 45 pedidos de
Medida Protetiva de Urgência e 80 Oitivas. No que tange à média de Inquéritos
Policiais instaurados por mês foi cerca de 27 e os em andamento nesta Especializada
somam-se 5.096.

Além do mais, um estudo realizado pela prefeitura de Ribeirão das neves, que
reuniu fontes de dados do ministério da saúde são o SINAN (Sistema de Informação
de Agravos de Notificação compulsória ), SIH (Sistema de Informação Hospitalar) e
SIM (Sistema de Informação de Mortalidade) e o dados da Polícia Civil, SIDS/REDS,
através de um boletim epidemiológico sobre a violência no município em tela, concluiu
que dos anos de 2017 a 2021, das 184 notificações cometidas por parceiros íntimos
170 foram mulheres, o que corresponde a 92,4%, o que compreende que a cada
homem residente em Ribeirão das Neves notificado, 12 mulheres foram vítimas de
violência.

Na sequência, por meio do mesmo boletim informativo, pode-se obter


informações de que de janeiro de 2018 a novembro de 2021, foram realizadas 28
ocorrências por tentativa ou consumação de feminicídio.

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Por fim, o estudo também apontou que as mulheres representam 84% das
vítimas de violência sexual praticadas no município de Ribeirão das Neves, sendo
que dentro desta estimativa, meninas de 1 a 19 anos, representam 63% de todas as
vítimas.

3.3 Atuação da Administração Pública no Município

O tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais possui, na maior parte de suas


comarcas, tanto da capital, quanto da região metropolitana e espalhadas pelo interior,
Varas Criminais Especializadas em Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher,
criadas através da RESOLUÇÃO Nº 824/2016.

Localizada no Fórum Desembargador Assis Santiago, em Ribeirão das Neves,


a 3ª Vara Criminal, é responsável pelo julgamento e processamento dos crimes
relacionados a violência doméstica e familiar contra a mulher.

Além da vara Criminal, no mesmo espaço físico, como forma de atuação da


administração pública, está localizada a 4ª promotoria de justiça especializada em
violência doméstica e familiar contra a mulher.

Nesse cenário, pode-se observar que o Poder Judiciário se encontra presente


em estrutura física adequada para propiciar um desempenho suficiente ao andamento
dos atos processuais, bem como atendimento às vítimas.

Ao mesmo tempo, o Poder Executivo, também possui papel essencial, uma


vez que faz-se meio mais presente e de mais fácil acesso às demandas da população
local, de forma ativa e eficiente.

Localizado na região Central do Município de Ribeirão das Neves, está a


DEAM (Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher), que atende
constantemente às demandas de polícia judiciária, atendendo, investigando e
prestando suporte ao poder Judiciário.

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Por último, entretanto, não menos importante, Ribeirão das Neves conta
também com a patrulha de violência doméstica, popularmente conhecida como PVD,
que se trata de uma especialidade da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais, que
trabalha em conjunto com a delegacia especializada, e colaborou para que os
números de casos diminuíssem. A patrulha de violência doméstica vem como primeira
alternativa na cadeia de processo, da construção da rede de proteção.

A construção da cadeia de proteção é essencial para que o problema da


violência doméstica seja enfrentado. E como foi apresentado, é fundamental que haja
a participação de toda a sociedade civil e do Estado para garantir os direitos e a
proteção das vítimas.

4- Da Prevenção

4.1 Procedimento a ser adotado pela vítima

A priori, o primeiro passo a ser adotado pela vítima de Violência Doméstica, é


procurar um Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRM). Em Ribeirão das
Neves, existe a Casa da Mulher Nevense a qual acolhe mulheres em situação de
Violência Doméstica oferecendo apoio psicossocial e orientações para entender
melhor a situação pelas quais estão passando, além de obter informações sobre a
Lei Maria da Penha, bem como cessar o Ciclo da Violência, a fim de que a mulher
possa entender e efetuar a denúncia contra o agressor.

Ademais, além do CRM, existe também um serviço disponibilizado pelo


Governo Federal, através do telefone 180, o qual funciona 24 horas, 7 dias por
semana. Através dele, a vítima poderá se informar da localização de uma Delegacia
Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) mais próxima, bem como outras
informações que julgar pertinentes. No município supracitado, existe uma DEAM,
localizada na rua Luiza Augusta Guimarães, nº 150, Bairro São Pedro, Ribeirão das
Neves-MG, delegacia esta que dará suporte em primeiro plano às vítimas bem como
é um dos órgãos competentes a conceder medidas protetivas de urgência e de
encaminhar ao Ministério Público para que este ofereça denúncia contra o agressor.

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Por fim, a Polícia Militar também conta com uma viatura da PVD - Patrulha da
Violência Doméstica, na área de Ribeirão das Neves, com militares os quais fazem
os atendimentos de segunda resposta às vítimas de Violência Doméstica, através do
telefone 190, para a lavratura do registro de ocorrência, prova importante para o
andamento da Ação Penal.
É de suma relevância frisar a necessidade de realizar denúncias e não se calar
frente ao medo. Todos os passos citados são importantes para quem sofre da
violência doméstica sendo fundamental para a quebra do ciclo de violência.

4.2 Alternativas objetivando mitigar a prática dos crimes praticados no


âmbito da Violência Doméstica

Com o advento da Lei 11.340/06, Lei Maria da Penha, criou-se medidas


protetivas de urgência visando a garantia do bem-estar e da proteção da vida da
vítima. Entretanto, torna-se necessário a coordenação do deferimento de tais medidas
com outras ações tais como sua decretação em tempo hábil por parte do Poder
Judiciário; Visita periódica pela Polícia Militar nas casas de mulheres em situações
nas quais já foi prestado queixa ou teve medida protetiva decretada e deferida por
parte da Patrulha Maria da Penha a fim de averiguar se tais medidas estão sendo
eficazes, bem como cumpridas.

Ademais, conforme o ofício 014/2021 já citado anteriormente, nota-se que a


Polícia Militar possui apenas uma viatura da Patrulha de Violência Doméstica e, pelo
número de casos apresentados, percebe-se que não supre toda a demanda
requisitada, e, com isso, é de suma relevância o aumento do efetivo empenhado e de
viaturas a disposição da população.

O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, em entrevista,


afirmou que a insegurança leva a mulher a não denunciar seu companheiro, e quando
a vítima denuncia, a violência já está acontecendo há muito tempo, por falta de apoio
do Poder Executivo, que está mais próximo à mulher:

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O homem agride, pede desculpas, presenteia e volta a agredir. O juiz tem
que entender esse lado e evitar que a mulher seja assassinada. Uma mulher,
quando chega à delegacia, é vítima de violência há muito tempo e já chegou
ao limite. A falha não é na lei, é na estrutura, haja vista que muitos municípios
brasileiros não têm delegacias especializadas, centros de referência ou
mesmo casas abrigo.

Outrossim, a visita periódica por parte da Polícia Militar irá averiguar se a vítima
não está sofrendo qualquer tipo de coação por parte do agressor, a fim de que esta
retire a representação nos crimes de Ação Penal Pública condicionada à
Representação ou que solicite a retirada das Medidas Protetivas.

Conforme anotado por Guilherme de Souza Nucci, in “Leis Penais e


Processuais Penais Comentadas”, 3ªed., 2008, pág. 1138:
Não é incomum que mulheres vítimas de crimes desta natureza se retratem
da representação depois de reconciliadas com seus companheiros, ou
mesmo por temer que eventual condenação impeça essa reconciliação. E é
partindo dessa premissa que a lei procura, justamente, dificultar a retratação,
buscando atingir um maior grau de solenidade e formalidade para o ato, bem
como um maior grau de conscientização da mulher.

5 - Conclusão

Este artigo científico voltou a suscitar o debate sobre a violência doméstica no


município de Ribeirão das Neves - MG, abarcando sobre os crimes contra mulher
sejam eles violência física, psicológica, patrimonial, verbal e sexual, bem como seus
números, propostas e melhorias.

Cumpre ressaltar que o presente trabalho, voltou-se para a região


metropolitana de Belo Horizonte, mais especificamente no município de Ribeirão da
Neves, o sétimo município mais populoso do estado de Minas Gerais, cuja economia
baseia-se praticamente no comércio em geral e na indústria, que emprega a
população economicamente ativa.

Em síntese, dados apontam grande números de casos de violência doméstica


contra a mulher, ao passo que, o período de apuração dos dados estatísticos
apresentados compreende um período antes e durante a pandemia de COVID-19,
onde em todo o território brasileiro e no mundo todo, as mulheres confinadas sofreram
ainda mais nas mãos de seus companheiros agressores.

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Todavia, o que se abstrai do presente estudo é que o município retro
mencionado, tem adotado estratégias visando coibir este tipo de violência tendo a
administração pública, e projetos sociais ao lado da vítima. A Polícia Militar, através
da patrulha de violência doméstica (PVD), a Delegacia Especializada no Atendimento
à Mulher (DEAM), o Ministério Público representada pela 4ª promotoria de Justiça
especializada no atendimento a vítima de violência doméstica, além da Guarda Civil
Municipal, as delegacias virtuais, e projetos sociais em conjunto com a administração
pública que ajudam a vítima da violência doméstica.

Evidentemente que, mesmo com o suporte disponibilizado, o que pode-se


observar através do atendimento às vítimas, é que o receio de se manifestar e
denunciar, como também a dependência financeira e emocional, ainda são os
grandes problemas a serem enfrentados, haja vista que são as queixas mais
recorrentes que os órgãos que recebem as vítimas relatam. Desse modo, necessário
se faz, além do apoio operacional da administração pública, são ações educativas e
projetos incentivadores, a fim de que as mulheres vítimas da violência doméstica, não
tenham medo de denunciar seus agressores, tenham mais oportunidades no mercado
de trabalho para que adquiram sua liberdade e independência financeira e consigam
quebrar o ciclo da violência doméstica.

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Referências Bibliográficas

ÁVILA, Thiago André Pierobom de. O novo crime de descumprimento de medidas protetivas de
urgência: primeiras considerações, Compromisso e Atitude: Lei Maria da Penha. 10 out.
2018.Disponível em:<http://www.compromissoeatitude.org.br/o-novo-crime-de-descumprimento-de-
medidas-protetivas-de-urgencia-primeiras-consideracoes-por-thiago-pierobom-de-avila/>. Acesso em
12 out. 2022.

BRASIL. Lei Maria da Penha. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Coíbe a violência doméstica e
familiar contra a mulher. Presidência da República, 2006. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm. Acesso em 12 out. 2022

Informe Epidemiológico da violência. Prefeitura de Ribeirão das Neves, 2022. Disponível em:
https://www.ribeiraodasneves.mg.gov.br/detalhe-da-materia/info/informe-epidemiologico-da-
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NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas: 3 ed. rev., atual. e ampl.
– São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008a.

Para aplicar Lei Maria da Penha, Justiça tem que 'calçar sandálias da humildade', diz Gilmar. Extra[
online], Rio de Janeiro, 30 de Março de 2009. Agência Brasil; O Globo. Disponível em:
https://extra.globo.com/noticias/brasil/para-aplicar-lei-maria-da-penha-justica-tem-que-calcar-
sandalias-da-humildade-diz-gilmar-259307.html. Acesso em: 06 de jun. de 2022;

QUEM É MARIA DA PENHA. Instituto Maria da Penha, 2022. Disponível em:


https://www.institutomariadapenha.org.br/quem-e-maria-da-penha.html. Acesso em: 12 out. 2022

RIBEIRÃO DAS NEVES. In: Wikipedia, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Fundation, ano. 2022.
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ribeirão_das_Neves. Acesso em 12 out. 2022.

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