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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA APLICADA
CURSO DE FISIOTERAPIA
DISCIPLINA: FISIOTERAPIA APLICADA A PNEUMOLOGIA
PROFESSOR: LUCIANO OLIVEIRA

ATIVIDADE AVALIATIVA – VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA

Orientações

Leiam atentamente o caso clínico abaixo e respondam a questão proposta.

Essa atividade será realizada em duplas e deverá ser postada na plataforma de ambos
membros da dupla com o nome de ambos no documento. O documento deverá ser postado na
versão em pdf.

O prazo máximo é dia 15/03/2023.

Bom estudo!

Dupla: Beatriz Lacerda e Laura Cecilia Afonso.

1. Paciente M.P., sexo feminino, 55 anos, internada no hospital para realização de uma ablação cardíaca
(correção química ou cirúrgica de algumas arritmias cardíacas). Na avaliação de entrada, apresentava:
IMC=24 (65Kg, 1,65m), PA=120/80mmHg, FC=68bpm, frequência respiratória=13 rpm, SpO2=95% (ar
ambiente), AP: MV presente sem ruídos adventícios (normal), negava dispneia ou outro sinal de
desconforto respiratório, sem tosse ou expectoração. A radiologia de tórax mostrava ligeiro aumento da
área cardíaca com pulmões livres.
No dia em que realizou a ablação cirúrgica, a paciente evolui com fibrilação atrial e com o seguinte
quadro clínico: consciente, orientada e colaborativa, ECG:15 (pontuação máxima na escala de Glasgow).
Sinais vitais: PA: 125/82mmHg; FC: 102 bpm; FR: 24 rpm, SpO2: 85%. Respiração espontânea em ar
ambiente, tosse seca e eficaz, percussão timpânica, frêmito toracovocal levemente aumentado em 1/3
inferior de ambos hemitórax, AP: MV+ com estertores crepitantes no 1/3 inferior de ambos hemitórax
(líquido nos alvéolos). Raio-x de tórax com aumento da trama vascular (infiltrados) peri hilares,
sugestivo de edema pulmonar cardiogênico. No momento, paciente refere dispneia aos moderados
esforços, sem uso de musculatura acessória ou tiragens intercostais. A gasometria revelou pH = 7,35,
PaCO2 = 43 mmHg (normal), HCO3 = 22 mEq/L (normal), BE = -2, PaO2 = 52 mmHg (está abaixo do
valor de referência o que configura uma IR hipoxêmica do tipo I) e SaO2: 82%. (está muito baixa
também). O fisioterapeuta de plantão optou por instalar uma máscara de Venturi com FiO2: 50% e, após
30 minutos, outra gasometria foi coletada: pH = 7,32 (abaixo do valor de referência) , PaCO2 = 42
mmHg, HCO3 = 20 mEq/L (acidose) , BE = -2, PaO2 = 60 mmHg (melhorou mas ainda há necessidade
de oxigenação), e SpO2 = 85% (continua baixa). Com base nesse caso clínico, responda:

a) Qual conduta fisioterapêutica você adotaria para essa paciente nesse momento? Justifique
DETALHADAMENTE sua resposta.

A conduta mais adequada seria colocar essa paciente em Ventilação Não Invasiva, no modo CPAP
(Pressão contínua das vias aéreas) nos parâmetros de 5 a 10 cmH20. Essa seria a conduta mais apropriada
em decorrência do quadro de Insuficiência Respiratória Aguda (IRA) Hipoxêmica (Tipo I), na qual temos
uma PaO2 = 60% (valor limite) e SaO2 = 85% (SaO2 menor que 90% é indicativo de IRA Tipo I). Além
disso, a pressão positiva nas vias aéreas reduz o retorno venoso (pré-carga) e melhora a congestão
pulmonar, o que traria benefícios no tratamento do edema pulmonar cardiogênico. O PEEP aumenta a
capacidade residual funcional, causando a reexpansão de alvéolos colapsados e hipoinsuflados,
melhorando a ventilação em áreas de baixo V/Q. Isto leva à diminuição da hipoxemia por redução do
shunt e do efeito shunt, bem como a reexpansão dos alvéolos, que permite a redistribuição do edema,
levando a diminuição da espessura da membrana e consequentemente melhora a oxigenação.
Além disso, através dos valores da frequência respiratória (pré-cirúrgico FR=13 rpm e pós cirúrgico
24 rpm) podemos verificar que a paciente está em um aumento do esforço respiratório o que pode causar
fadiga dos músculos inspiratórios, sendo assim, a VNI seria indicada também para diminuir o uso dessa
musculatura, bem como iria recrutar mais alvéolos e melhorar a ventilação pulmonar, corrigindo a
hipoxemia.
A máscara/interface que indicaríamos seria a facial total, devido a sua maior comodidade, fácil
ajuste, menor risco de lesão cutânea, mínimo vazamento e permite uma pressurização maior das vias
aéreas (possibilitando uma maior perfusão).
Na segunda gasometria coletada houve uma queda do pH, que foi 7,35 para 7,32 (valor de
referência 7,35 - 7,45) reforçando a necessidade de aumentar a perfusão de oxigênio afim de equilibrar
novamente o pH. Outra medida para corrigir a diminuição do pH e a acidose encontrada nos valores de
HCO3 seria aumentar o volume-minuto fazendo com que tenhamos uma diminuição da acidose
respiratória.
Observação: O CPAP é iniciado com pressão de 5 a 10 cmH2O até o máximo de 12 cmH2O ou
melhora clínica.
É importante monitorar se houve melhora no quadro clínico no período de 30 minutos a 2 horas. Se
não houver indícios de melhora é necessário indicar a intubação (uso de Ventilação Mecânica Invasiva).

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