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SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO AGUDO LEVE

Grupo 1 - Alunas: Leticia Alves Bigarella, Nicole Capelli da Silva e Suyan Mota
Borges

Caso Clínico: Paciente, S.M, sexo feminino, 33 anos, 73 kg, 1,65 m, com
historico de Hipertensão Arterial Sistemica (HAS) em uso de medicação contínua,
deu entrada na emergência após sofrer acidente automobilístico com capotamento,
sendo projetada para fora do veículo. Foi encaminhada para Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) sedada e instável hemodinamicamente, apresentando sinais de
bradicardia, hipotensão, bradipnéia e dessaturação. Evoluiu com insuficiência
respiratória, necessitando de intubação orotraqueal e suporte ventilatório após
broncoaspiração de vômito na emergência.

Abaixo encontra-se os sinais vitais exame físico e exames complementares


realizados na unidade de terapia intensiva:

Exame físico inicial: edema na região frontal da cabeça, Glasgow 12 (AO=4,


RV=4, RM=6, AP=2), tomografia de abdômen e crânio normais.

P.A: 90/70mmHg F.R: 11 rpm F.C: 58 bpm SpO2: 89% T.C: 39°C

Estado geral:
Posicionamento do paciente: decúbito dorsal
Nível de consciência: ( ) LOC ( x ) confuso ( ) sonolento ( ) torporoso
( ) comatoso ( ) outro:
Eletrocardiograma: normal
Coloração da pele: ( x ) corado ( ) hipocorado ( ) hipercorado
Mucosas e extremidades - cianose: normais
Edema: presença de edema na região frontal da cabeça.
Perfusão capilar: normal
Ausculta pulmonar: presença de Crepitações

Gasometria no momento da admissão:


PH: 7.24, PaO2: 104 mmHg, PaCO2: 67 mmHg, HCO3: 20 mmol/l, SaO2:87%, com
FiO2:80% e uma baixa relação PaO2/FiO2: 130 mmHg e uma PEEP de 12 cmH2O.

Leucograma mostrou contagem baixa de leucócitos apontando leucopenia.


Paciente apresenta ECG compatível com a normalidade.

Exame de raio-x torácico apresenta opacidades alveolares bilaterais


simétricas e difusas

Para tratamento da hipoxemia, inicialmente foi realizada a manobra de recrutamento


alveolar (MRA) em decúbito dorsal, com a paciente adequadamente sedada,
curarizada, em uso de sistema de aspiração fechado e hemodinamicamente estável.
A manobra utilizada foi por insuflação gradual associada à titulação de PEEP; a
insuflação gradual obtém um melhor efeito fisiológico quando comparada a outras
manobras, pois consegue atingir vias aéreas mais distais com menor influência na
hemodinâmica e menor expressão de mediadores inflamatórios. Titular a PEEP
após a manobra de recrutamento alveolar (MRA) permite a manutenção dos efeitos
benéficos do recrutamento alveolar, reduz a oferta de oxigênio para o doente e
minimiza as lesões por cisalhamento causada pela abertura e fechamento cíclico
dos alvéolos. A MRA poderia ter sido realizada na posição supina, caso não
houvesse uma resposta satisfatória da paciente, ou poderia usar outro recurso,
como a posição prona. Outra manobra de recrutamento não foi necessária no caso.
Os ajustes iniciais para instaurar a Ventilação mecânica invasiva foram definidos
com base na Diretriz Brasileira de Ventilação Mecânica de 2013, abaixo
encontram-se os valores e cálculos relacionados aos ajustes para esta paciente:

Feminino, 33 anos, 165 cm, 73 kg

Peso ideal predito: 45,5 + 0,91 x [altura em cm - 152]


45,5 + 0,91 x [165 - 152]
45,5 + 0,91 x 13
45,5 + 11,83 = 57,33kg

A recomendação é que ventile este indivíduo com 6 ml/kg/peso predito, logo:

Volume Corrente: 57,33 x 6 = 344 ml


Modo Ventilatório: volume controlado (VCV)
FiO2: SpO2 > 92%
Pplatô: ≤ 30 cm H2O
Frequência respiratória (f): 20 rpm (Diretriz recomenda de 20 a 35 rpm)
FiO2: 0,3.
PEEP: Baixo = 5.
Obs: FiO2 e PEEP foram escolhidos de acordo com a tabela da Diretriz para SARA
Leve:

Após ajustes do ventilador mecânico foram realizados os cálculos da complacência


dinâmica, complacência estática e resistência, além de calcular a constante
expiratória. Os cálculos e a tela do ventilador mecânico são mostrados logo abaixo:
Modo Ventilatório: Volume controlado (VCV)
VC= 344 ml convertido = 0,344 L
FR = 20
Pausa ins = 0,5
Fluxo = 25 L/min convertido = 0,42 L/s
FiO2 = 0,3
PEEP = 5
Ppico = 22,6 o ventilador mostra 22,7 cmH2O
Pplatô = 16,6 cmH2O
relação I:E = 1,0:2,6
Tempo ins = 0,83 s
Tempo exp no ventilador = 2,17 s

CÁLCULOS:

Resistência de vias aéreas:


Rva = (Ppico - Pplatô) / Fluxo =
Rva = (22,7 - 16,6) / 0,42 =
Rva = 6,1 / 0,42 cmH2O/L/s
Rva = 14,52 cmH2O/L/s

Complacência estática:
Cst = VCe / (Pplatô - PEEP) =
Cst = 0,344 / (16,6 - 5) =
Cst = 0,344 / 11,6
Cst = 0,029 ou 0,3 L/cmH2O

Complacência dinâmica:
CDyn = VCe / (Ppico - PEEP) =
CDyn = 0,344 / (22,7 - 5) =
CDyn = 0,344 / 17,7
CDyn = 0,019 ou 0,02 L/cmH2O

Cálculo da constante expiratória:


Texp = Rva x Cdyn x Ct
Texp = 14,52 x 0,02 x Ct
Texp = 0,29 x Ct
Texp = 0,29 x 3 = 0,87 s
Texp = 0,29 x 4 = 1,16 s
Texp = 0,29 x 5 = 1,45 s

Após protocolo de atendimento emergencial, e após manobra e ajustes ventilatórios,


a paciente respondeu bem à técnica e a todos os tratamentos medicamentosos, e
após 2 dias de internação obteve melhora na hemodinâmica e na gasometria, e
evoluiu para extubação.

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