Você está na página 1de 81

Testes de prescrição de

exercício -
testes de laboratório
PROFª DRª MARIA CECÍLIA MORAES FRADE
Tópicos abordados:
1. Bases fisiológicas;
2. Indicações;
3. Equipamentos utilizados;
4. Principais variáveis;
5. Protocolos de exercício;
6. Preparação para teste;
7. Contraindicações
8. Critérios de interrupção;
9. Teste ergométrico;
10. Prescrição exercício;
11. Conclusões;
12. Referências.
Teste de
exercício
cardiopulmonar

TECP
TECP

VO₂ᴍᴀx

Potência aeróbia

4
TECP

Disfunção no envelhecimento

Condições patológicas dos sistemas


pulmonares, cardiovasculares e
musculares

Determinar a eficácia de programas de


treinamento físico e intervenções
terapêuticas

5
↓ aptidão física

↓ ↓ mobilidade
↑ mortalidade
VO2max funcional

↑ risco
cardiometabólico

Preditor de desfechos clínicos relacionados às DCNT


ALEXANDER ET AL., 2003; BELTRAME; HUGHSON, 2017; GERBER ET AL., 6
2016
Indicações
Contraindicação
Circulation is available at
http://circ.ahajournals.org DOI:
10.1161/CIR.0000000000000406
Coleta de gases:
• Analisador de gases;
• 𝑉O₂
• VE ????
• V𝐶𝑂₂.
• Calibrado previamente a cada teste
de acordo com as especificações do
fabricante.

VMAX (Encore, Carefusion, California, EUA)

10
Coleta de gases:
VO2
❑Consumo de oxigênio (VO2):
•volume de O2 extraído do ar inspirado pela ventilação pulmonar em um dado
período de tempo.
• l/min;
• ml/kg/min;
❑VO2 máximo:
•maior valor atingido, apesar do aumento progressivo da carga aplicada, com o
desenvolvimento de um platô na curva do VO2 em teste de exercício
incremental.
VCO2
❑Produção de dióxido de carbono (VCO2):
•volume de CO2 adicionado ao ar inspirado pela ventilação pulmonar num dado
período de tempo;
•diferença entre o volume de CO2 expirado e inspirado;
• l/min.
R
❑Razão de trocas respiratórias (R):
•relação entre a VCO2 e o VO2;
•melhor indicador não invasivo de esforço máximo > 1,1.
VE
❑Ventilação pulmonar (VE):
•volume de ar que se move para dentro e para fora dos pulmões;
•produto da FR e o VC;
• l/min;
➢Repouso ~7 a 9 l/min;
➢Esforço max: 200 l/min.
1º LA
1º LA: Primeiro
Limiar de
anaerobiose
ventilatória.

O limiar anaeróbio
marca a transição de um
sistema energético para
outro: aeróbio para
anaeróbio

Laboratório de Fisioterapia Cardiovascular


Marca a transição entre o sistema aeróbio para o anaeróbio (leve para moderado)

1º LA

Aeróbio Anaeróbio

Mais alta intensidade do esforço físico mantida plenamente pelas vias aeróbias.

Laboratório de Fisioterapia Cardiovascular


Método da troca gasosa
Método do V-slope:
Intersecção de duas linhas
com inclinações distintas
➢Linha VCO2
➢Linha VO2
Marca a transição do exercício moderado para o intenso (anaeróbio)

2º LA

2º LA: Segundo Limiar de


anaerobiose ventilatória
PCR: Ponto de compensação
respiratória ???

Laboratório de Fisioterapia Cardiovascular


Método ventilatório
•1º LA: aumento da VE/VO2 (e da PEFO2) e
estabilização da VE/VCO2 (e da PEFCO2)

•2º LA: aumento do VE/VCO2 e redução da PEFCO2

???????

PEF: Pressão expiratória final


Ergômetros:

Quinton Corival® 400, Seattle, WA, USA Micromed | Centurion 300

24
Ergômetros:

➢ Implicações:
• limitações ortopédicas, neurológicas, com déficit de
equilíbrio, com alterações vasculares periféricas;
• objetivo do tratamento ou intervenção;

25
Ergômetros:
•VO2 no cicloergômetro é menor
que o medido na esteira;
•Fórmula: MET em esteira = (0,98 x
MET em cicloergômetro) + 1,85
Ergômetros:
Protocolos de exercício:
Escalonado: Rampa:
Cicloergômetro:
ESCALONADO RAMPA
•Balke: 25w a cada 2min •Wasserman: idade, estatura e massa
corporal e sexo;
•Homens: 50w
•Ajustes específicos para doenças,
•Mulheres: 25w
prática de atividade física.

Incremento (watts) População


5 Idosos
10-15 Sedentários
30-35 Treinados
Rampa - Incremento
➢VO2 carga livre (ml/min) = 150 + (6 x massa corporal, kg)
➢VO2 pico (ml/min) = (estatura, cm – idade, anos) x 20
❖Incremento de Potência (watts/min) = (VO2 pico – VO2 carga livre) / 100
(WASSERMAN et al., 1999)

Massa corporal = 50 kg
Estatura = 163cm
Idade: 23 anos
Potência: ?
Rampa - Incremento
➢VO2 carga livre (ml/min) = 150 + (6 x 50 kg) =
➢VO2 pico (ml/min) = (163 – 23) x 20 =
❖Incremento de Potência (watts/min) = (VO2 pico – VO2 carga livre) / 100
(WASSERMAN et al., 1999)

Massa corporal = 50 kg
Estatura = 163cm
Idade: 23 anos
Potência: ?
Rampa - Incremento
➢VO2 carga livre (ml/min) = 150 + (6 x 50 ) = 450
➢VO2 pico (ml/min) = (163 – 23) x 20 = 2800
❖Incremento de Potência (watts/min) = (VO2 pico – VO2 carga livre) / 100
(WASSERMAN et al., 1999)

Massa corporal = 50 kg
Estatura = 163cm
Idade: 23 anos
Potência: ?
Rampa - Incremento
➢VO2 carga livre (ml/min) = 150 + (6 x 50 ) = 450
➢VO2 pico (ml/min) = (163 – 23) x 20 = 2800
❖Incremento de Potência (watts/min) = (2800– 450) / 100 = 23.5
(WASSERMAN et al., 1999)

Massa corporal = 50 kg
Estatura = 163cm
Idade: 23 anos
Potência: ?
TECP
Esteira:
ESCALONADO RAMPA

•Bruce: ↑ velocidade e inclinação •Aumento do trabalho constante e gradativo;


(condicionamento físico);
•Bruce modificado: início sem inclinação
(doenças);
•Ellestad: ↑ velocidade e inclinação (atletas);
•Balke: velocidade constante e ↑ 1% da
inclinação por min (baixa capacidade
funcional);
•Naughton: ↑ 1 MET por estágio (limitações
importantes).
???
Bruce:
√ ↑ condicionamento físico
Bruce modificado:
√ Doenças
Ellestad:
√Atletas

(km/h)

2,7
4,8
6,4
8,0
8,0
9,6
11,2
4,8
Balke:
√baixa capacidade funcional

MPH: Miles per hour


1 mph = 1.60934 km/h
~4,8 km/h
Naughton:
√Limitações importantes

MPH: Miles per hour


1 mph = 1.60934 km/h
~4,8 km/h
Rampa - Incremento
•Atletas;
•Inclinação 1%;
•Aumento gradativo da velocidade.
Eletrocardiograma (ECG):
• 12 derivações;
• Será utilizado pelo
cardiologista para a
identificação de alterações
isquêmicas, distúrbios de
condução, alteração de ritmo
cardíaco e/ou presença de
arritmas complexas.

Sistema WinCardio®, Micromed, Brasília, Brasil

42
FC
Resposta
antecipatória
Incompetência cronotrópica
Déficit
cronotrópico:
Déficit cronotrópico: é a
incapacidade de atingir a
Frequência Cardíaca máxima,
ou seja a inabilidade do
não atinge 85% da Índice Cronotrópico coração em aumentar sua
FC max <80% frequência, proporcionalmente
ao aumento da atividade física
ou da demanda.

(FC atingida - FC
rep) / (FC max
220-idade = 100%
(idade) – FC rep)
*100
Déficit cronotrópico:
Incompetência cronotrópica
não atinge 85% da FC Índice Cronotrópico
max <80%

(FC atingida - FC rep) / (FC


220-idade = 100%
max (idade) – FC rep) *100

Idade = 80 anos
Idade = 80 anos
FC atingida = 130 bpm
Max: ?
FC rep = 65 bpm
140*0,85
220-80 ==140
119 (130-65)/(140-65)
65/75 * 100 = 86
* 100
FC

Elevação Queda durante Declínio lento


exacerbada esforço recuperação
• desproporcional • diminui com a • Recuperação
à carga de progressão da ativa
trabalho intensidade do • < 12 bpm (ao
esforço final do 1º min.
FC
1- Déficit 2- Elevação 3- Queda 4- Declínio lento
cronotrópico exacerbada durante esforço recuperação
Intervalo
Pressão arterial

• Método auscultatório;
• Estetoscópio;
• Esfigmomanômetro.

Litman; BIC

50
Pressão arterial

• Dispositivo
fotopletismográfico;
• Captação da onda de
pulso, batimento a
batimento.

Finometer Pro® (Finapres Medical Systems,


Amsterdã, Holanda)

51
PA
PA
1. Hiperreativa ao esforço
•PAS > 220 mmHg
•PAD elevação > 15 mmHg
•probabilidade de HAS
PA
2. Resposta deprimida da PAS
•Elevação da PAS < 35 mmHg
PA
3. Comportamento em platô da
PAS
•Não ocorre o aumento da PAS
mesmo com o incremento da
intensidade (em 2 ou mais
estágios)
PA
4. Queda da PAS durante o
esforço (hipotensão intra-
esforço)
•Redução da PAS ≥ 15 mmHg
PA
5. Recuperação lenta de PA

PAS pico = 200 140/160 = 0,85


PAS 1 = 160
PAS 3 = 140 Normal
140/200= 0,7
PAS pico = 205
PAS 1 = 200
PAS 3 = 200 200/200 = 1
Anormal
200/205 = 0,97
PA
6. Resposta paradoxal
•elevação da PAS nos 3 primeiros
minutos da recuperação acima
dos valores máximos atingidos
durante a fase de esforço

PAS pico = 205


PAS 1 = 210
PAS 3 = 215
PA
6. Hipotensão pós-esforço
•Queda PAS ≥ 20 mmHg (que os
valores pré-esforço)
•PAS < 90 mmHg (sem
hipotensão prévia)
1 - probabilidade de HAS
2, 3 e 4 – Déficit Inotrópico
5 e 6 –relação com DAC

Inotrópico:
relaciona-se com
a força de
batimento do
coração
Saturação de pulso de oxigênio

• Oxímetro de pulso
portátil;
• SpO₂: >90% -
saudáveis;
• ↓ 4% = dessaturação.

(MD300 – ChoiceMMed® (MD300K2),

61
Escala de percepção subjetiva de
esforço

➢ BORG:
1. Dispneia;
2. Fadiga MMII;
3. Dor peito.

62
Variáveis
Muscular Cardiovascular Pulmonar
• Lactato • FC • VO2
• Borg fadiga • PA • VCO2
• DC • VE
• Borg dor • SpO2
precordial • Borg dispneia
Controlar
ambiente:
• Temperatura – termômetro
(18-22°);
• Pressão - barômetro;
• Humidade – higrômetro (40-
60%).
Equipe
RE Q U E R U M MÉ D I CO E U MA E Q U I P E E S P E CI A LIZ A DA E T RE I N A D A
TECP
>> Evitar situações estressantes e também
não fazer esforço, caminhar, nadar, correr
ou ir na academia, 24h antes.
>> Usar roupas leves e folgadas que
facilitem fazer exercícios na bicicleta/esteira
Orientações como moleton ou roupa de ginástica, tênis
ou calçado confortável sem salto.
>> Se você ainda não conseguiu para de
fumar, não fume também no dia do exame.
>> Se estiver em uso de alguma medicação,
não a suspenda sem orientação médica.
>> Alimente-se normalmente, evite comidas
pesadas ou em grande quantidade ou com tempo
inferior a duas horas do horário do exame. O Teste
não deve ser realizado em jejum.
>> Não se alimente de estimulantes (24h antes)
que, por facilitarem a condução elétrica do o
Coração, podem alterar o traçado do
Orientações eletrocardiograma e simular problemas que você
não tem: Coca e Pepsi cola e seus similares.
Guaraná, Chocolate: achocolatado, chocolate em
barra ou em balas, bombons, bolos tortas e
sobremesas em geral. Café puro ou com leite ou
também em outras formas a exemplo do
chocolate. Chás como mate, preto e verde. Outros
como hortelã, camomila, erva-cidreira e de frutas
podem ser tomados normalmente.
Quem
será o
voluntário
?
Critérios de interrupção
❖dor no peito sugestivo de isquemia;

❖anormalidades do ECG como infra desnivelamento do segmento ST


maior que 2 mm, arritmias ventriculares ou supraventriculares,
taquicardia supraventricular sustentada ou taquicardia atrial não
sustentada, fibrilação atrial ou bloqueios atrioventriculares;

❖queda de pressão arterial sistólica (PAS) ˃ 20 mmHg;


Critérios de interrupção
❖resposta hiper-reativa da PA, PAS ˃ 250 mmHg e pressão arterial
diastólica (PAD) ˃ 120 mmHg;

❖dessaturação severa, SpO2 ˂ 80 quando acompanhado por sinais e


sintomas de hipoxemia, perda de coordenação, confusão mental, sinais
de insuficiência respiratória, palidez repentina, tontura ou desmaios
Teste
ergométrico
Teste ergométrico

1. Ergômetro;
2. ECG;
3. PA;
4. Escala de percepção subjetiva de esforço.
Prescrever exercício
Estágio Tempo Velocidade Inclinação FC PA IPE
Idade = 68 % Fadiga Dor no
(min) Km/h (bpm) (mmHg) Cansaço
anos MMII Peito
Repouso - 0 0 65 110/74 0 0 0
Aquecimento 3 5 0 75 124/74 0 0 0
1 1 5 1 76 144/84 0 0,5 0
2 1 6 1 84
3 1 7 1 87 166/88 2 4 0
4 1 8 1 106
5 1 9 1 112 172/92 3 5 0
6 1 10 1 119
7 1 11 1 124 188/98 4 6 0
8 1 12 1 129
9 1 13 1 132 204/104 5 8 0
10 1
11 1
12 1 FC pico = 132 = 100%
1 6 0 FC % =118 70 a 85%
200/98 4 7 0
Recupe
ração

teste
pós-

FC treino = 92 a 112
3 6 0 109 160/86 3 6 0
6 6 0 97 140/72 2 5 0
Carga (watts)
Conclusões
➢Teste de Exercício Cardiopulmonar é o teste mais completo
para avaliar a saúde cardiorrespiratória;
➢Avaliar o funcionamento integrado de três sistemas:
cardiovascular, pulmonar e muscular;
➢Por meio dessa avaliação podemos prescrever de forma
precisa e individualizada o tratamento de reabilitação
cardiovascular.
Muito obrigada
Referências
1. Guazzi M, Adams V, Conraads V, Halle M, Mezzani A, Vanhees L, Arena R, Fletcher GF, Forman DE, Kitzman DW, Lavie
CJ, Myers J; European Association for Cardiovascular Prevention & Rehabilitation; American Heart
Association. EACPR/AHA scientific statement: clinical recommendations for cardiopulmonary exercise testing data
assessment in specific patient populations.Circulation. 2012; 126:2261–2274. doi: 10.1161/CIR.0b013e31826fb946.
2. Meneghelo, RS et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre teste ergométrico. Arquivos Brasileiros de
Cardiologia [online]. 2010, v. 95, n. 5 suppl 1 [Acessado 11 Julho 2022] , pp. 1-26. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/S0066-782X2010000800001>. Epub 05 Out 2011. ISSN 1678-4170.
https://doi.org/10.1590/S0066-782X2010000800001.
3. Buttar, Karampreet & Scholar, & Saboo, Neha & Kacker, Sudhanshu. (2019). A review: Maximal oxygen uptake (VO2 max)
and its estimation methods. 24-32.
4. Herdy, Artur Haddad e Caixeta, Ananda. Brazilian Cardiorespiratory Fitness Classification Based on Maximum Oxygen
Consumption. Arquivos Brasileiros de Cardiologia [online]. 2016, v. 106, n. 5 [Acessado 11 Julho 2022] , pp. 389-395.
Disponível em: <https://doi.org/10.5935/abc.20160070>. ISSN 1678-4170. https://doi.org/10.5935/abc.20160070.
5. Milani M, Milani JGPO, Cipriano GFB, de Castro I, Cipriano Junior G. Reference Standards for Cardiorespiratory Fitness
in Brazil: A POOLED ANALYSIS AND OVERVIEW OF HETEROGENEITY IN NATIONAL AND INTERNATIONAL
STUDIES. J Cardiopulm Rehabil Prev. 2022 Sep 1;42(5):366-372. doi: 10.1097/HCR.0000000000000690. Epub 2022
May 9. PMID: 35562324.

Você também pode gostar