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Avaliação da capacidade funcional

• A capacidade funcional, também chamada de capacidade aeróbica, é a capacidade de

suportar uma atividade dinâmica que envolva grandes grupos musculares por longo

período. Caminhada, natação, corrida na esteira

• Ela é determinada pelo VO2 máx (consumo máximo de oxigênio) expresso em L/min ou

mL/Kg-1

. min-1 levando em consideração a massa corporal

• O VO2 máx depende da captação de oxigênio (sistema respiratório), do transporte de

oxigênio (sistema cardiovascular) e da capacidade de extração e uso de oxigênio pelo

metabolismo

• O VO2 máx pode ser mensurado pelo teste ergométrico e ergoespirométrico

O ergométrico é um teste de esforço realizado na bicicleta ou na esteira onde é feito


incremento

de carga. Durante o incremento, são analisadas variáveis cardiovasculares (FC, PA e

Eletrocardiograma para analisar arritmias ou isquemias) e queixas (dor, dispneia). Neste teste

não são analisadas diretamente as trocas gasosas (consumo de oxigênio e produção de dióxido

de carbono)

O VO2 é estimado a partir de equações:

• Esteira: Velocidade x [0,1 + (inclinação/ 100 x 1,8)] + 3,5

• Bicicleta: carga (watts) x 2ml/kgm + 3,5 (ml/kg/min) x peso corporal (kg)

Este teste pode ser feito por protocolos incrementais diversos, a escolha do protocolo vai

depender do perfil do paciente, se é um atleta ou um idoso. Atualmente o protocolo de


rampa,

em geral, é o mais utilizado. Onde o incremento suave e gradual, sem ser percebido pelo

paciente, seria mais fisiológico.

O tempo ideal para fazer o teste de esforço de 8 a 12 minutos. Caso peça para parar antes ou

depois, deve-se avaliar o protocolo escolhido e a carga ideal para o paciente.

Observar as variáveis e verificar parâmetros. Qualquer modificação sem justificativa aparente,

deve-se interromper o teste.

Teste ergoespirométrico
Igual ao ergométrico, porém usa-se máscara ou bocal para analisar variáveis ventilatórias, VO2

máx de maneira direta. Padrão ouro para análise

Indicações de teste de esforço

• Diagnóstico de doença coronariana/infarto

• Investigar intolerância ao esforço e quantificação da mesma

• Risco pré-operatório

• Seleção para transplante cardíaco

• Resposta a intervenções terapêuticas (melhora perante terapia)

• Avalia prognóstico (Ex: insuficiência cardíaca)

• Prescrição de exercício físico

Contra indicações

• Angina instável (dor no repouso)

• Modificação no ECG de repouso que indica isquemia

• Arritmia cardíaca com repercussão hemodinâmica

• Miocardite ou pericardite aguda

• Estenose aórtica grave (aorta fechada)

• Aneurisma de aorta

• Insuficiência cardíaca descompensada

• Tromboflebite aguda ou TVP

• Embolia pulmonar aguda ou infarto pulmonar

• Edema agudo de pulmão

• Insuficiência respiratória aguda

• SpO2 de repouso < 85%

• Asma não controlada ou sintomática

• Infecções agudas

Contra indicações relativas

• Estenose da coronária esquerda

• Estenose valvar moderada (principalmente da valva aórtica)

• Cardiomiopatia hipertrófica (espessamento da parede cardíaca, com redução das

câmaras e dificuldade de Irrigação e possibilidade de isquemia)

• Aneurisma ventricular (dilatação irreversível da parede do ventrículo, gera fragilidade e


pode causar ruptura e extravasamento de sangue gerando isquemia)

• Taquiarritmia ou bradiarritmia (aumento ou redução de ritmo e frequência)

• Bloqueio atrioventricular de grau elevado (bloqueio da passagem do impulso elétrico

entre átrio e ventrículo no nodo atrioventricular, prejudicando contração)

• Hipertensão Arterial Grave: >200/110 mmHg, em repouso

• Doença metabólica descompensada (Diabetes, doença renal)

• Doença infecciosa crônica

• Anormalidade física ou psíquica impossibilitando o exercício

Metodologia do teste

• Solicitação médica escrita

• Avaliação clínica geral (anamnese, exame físico, exames complementares e ECG basal)

• Espirometria simples e manobras de VVM para calcular a reserva ventilatória (VVM – VE

máx no teste = reserva) e dizer se a limitação do teste foi por questão respiratória ou

não

• Explicar como é feito e o objetivo do teste

• Mostrar a esteira e os equipamentos

• Informar que deverá respirar pelo bocal ou máscara

• Informar que não pode falar durante o teste

• Estabelecer a comunicação por gestos durante o teste

• Explicar a escala de percepção subjetiva de esforço usada para mensurar e avaliar

tolerância do indivíduo ao esforço (escala de BORG, usada tanto para prescrição quanto

para avaliação)

• Colocar na esteira para se adaptar e se familiarizar com a esteira

• Certificar que tenha poucas pessoas no ambiente, sem interrupção externa. O aparelho

mensura os gases no ambiente para o teste, logo essas variáveis podem atrapalhar

• Eletrodos, oxímetro, esfigmomanômetro, máscara/bocal e escala de BORG

• 8 a 12 minutos. Menos que isso ou maior, indica que o protocolo ou incremento de carga

não foi o ideal para o paciente

OBS: Caso a pessoa possua mamas volumosas, será necessário usr uma fita adesiva para
levantar
as mamas até o ombro. Assim, não prejudica a colocação e manutenção dos eletrodos

Ergômetros

Qualquer aparelho que avalia capacidade funcional

Mais comuns são esteira e bicicleta

Esteira

• Maior estresse cardíaco e ventilatório

• Maior demanda metabólica

• Mais cara, imóvel, grandes e gera mais ruído (difícil aferição de PA)

Bicicleta

• Menor custo, fácil manutenção , ocupa menos espaço e silenciosa

• Menor estresse cardíaco e ventilatório

• Maior estabilidade para aferição de PA

• Cicloergômetro para MMII caso não seja possível realizar com MMSS

Protocolos

• Bruce e Eliestad – Mais intensos

• Naughton ou Balke – Menos intensos

• Rampa -Sem estágios fixos

Critérios de interrupção

• Angina progressiva

• Respostas anormais no ECG (depressão da segmento ST = isquemia)

• Pressão 260/>115 mmHg

• Redução >20 mmHg ou ausência de elevação da PAS no esforço

• Ausência de elevação da FC no esforço

• Sinais de hipoperfusão: tontura, confusão, ataxia, palidez, cianose, náuseas ou pele fria

ou úmida

• SpO2 <80%

• Manifestações físicas ou verbais de fadiga que impossibilite o indivíduo de continuar o

teste

• Solicitação do paciente para interromper o teste

• Falha no sistema de monitoramento


OBS: O beta bloqueador é o medicamento que bloqueia o receptor beta que é o receptor do

sistema nervoso simpático, impedindo o aumento da FC

OBS: Pacientes que usam marcapasso com FC fixa, não há incremento no esforço

Interpretação dos resultados

• FC: Eleva no esforço proporcional a intensidade até atingir a FCmáx. Se eleva até 220

bpm subtraindo a idade (± 10 bpm). O fluxo coronariano chega ao máximo, se impor

mais carga gera isquemia

• VS: Eleva até certa intensidade. Em torno de 50% do VO2 máx, seguido por estabilidade

ou pequeno aumento.

• DC: FC x VS. Aumenta de acordo com a intensidade do esforço. Até 50% do VO2 máx

aumenta por ambas as variáveis. Depois eleva apenas em função da FC.

• PA: Sistólica aumenta de acordo com a intensidade, até 260 mmHg. A diastólica se

mantém ou ±10 mmHg, se ultrapassar 115 mmHg é critério de interrupção. Na

recuperação, ocorre redução da PA. Hipertensão reativa ao esforço ocorre quando PAS

atinge 220 mmHg e/ou PAD eleva 15 mmHg, a partir de valores normais

• DP: FC x PAS. Se eleva no esforço e reflete o trabalho cardíaco.

• VO2 máx: consumo máximo de oxigênio. Aumenta linearmente a intensidade

• VCO2: é a produção de CO2 ao longo do esforço. Na fase inicial, a produção aumenta

progressivamente ao aumento de carga, originado de um metabolismo

predominantemente aeróbico. Com o aumento da intensidade, o CO2 passa a ser

resultante também de um metabolismo anaeróbico, tamponamento do lactato pelo

bicarbonato, e aumenta de forma desproporcional à intensidade do esforço.

• PETO2, FeO2, PETCO2 e FeCO2: pressão expiratória total e Fração expirada. O PETO2

em repouso está em torno de 90 mmHg, sofre um declínio no início do exercício devido

ao maior consumo do O2 inalado. No limiar anaeróbico, o PETO2 aumenta devido a

hiperventilação provocada pela produção do lactato. O FeO2 apresenta o mesmo

comportamento PETO2 no esforço. O PETCO2 tem um valor entre 36 a 42 mmHg no

repouso, elevando no início do CO2. No limiar anaeróbico, com hiperventilação

excessiva, ocorre uma queda repentina. O FeCO2 ocorre da mesma maneira.

• VCO2/VO2 = quociente respiratório (R): razão de troca respiratória. Se eleva com a

intensidade do esforço. Valores superiores a 1,10 indicam que o limiar anaeróbico foi
ultrapassado e que o esforço máximo foi atingido

• VE: volume minuto expirado, f × VC. Em repouso, de 7 a 9 L/min, no esforço, 200 L/min.

No início do esforço físico progressivo, o aumento do VE ocorre predominantemente

pelo VC, a f aumenta discretamente. Após o limiar anaeróbico, ele aumenta pela f. A

ventilação aumenta de maneira desproporcional em relação a VCO2 para compensar a

acidose láctica.

• VE/VO2 e VE/VCO2: Equivalentes respiratórios para o oxigênio e o gás carbônico. Razões

entre a taxa ventilatória e a taxa de captação de O2 e liberação de CO2,

respectivamente. O VE/VO2 aumenta com a elevação da intensidade do exercício,

ventilação superior ao consumo de O2, devido a elevação do VE em resposta a produção

de CO2, adicional gerada pelo tamponamento do lactato. O VE/VCO2 aumenta durante

o esforço em decorrência da elevação do VE desproporcional ao VCO2 em resposta à

redução do pH sanguíneo por causa do limiar anaeróbico.

• VE/VVM: reserva ventilatória, diferença entre VVM na espirometria em repouso e a

máxima ventilação em esforço. Em pessoas saudáveis, o VE atinge valores de 50-80% da

VVM no esforço máximo e a reserva ventilatória de 20-50% da VVM. VVM – VE.

• Pulso de oxigênio (VO2/FC): quantidade de oxigênio extraída pelo metabolismo

periférico a cada batimento cardíaco. É um estimativa do volume sistólico durante o

exercício. Em adultos saudáveis, em repouso, varia de 3,5 a 4,5 ml O2/bpm e, no esforço,

de 15 a 20 ml O2/FC.

• Limiar anaeróbio (LA): É o nível do exercício acima do qual o metabolismo anaeróbico

passa a ser predominante. No limiar anaeróbico o VO2 se torna estável, a FC máxima é

atingida, o lactato sérico fica acima de 8 mmoles/L e o quociente respiratório fica acima

de 1,10. O aumento na concentração de lactato com o tamponamento dele pelo

bicarbonato gera maior produção de CO2, hiper excitação do centro respiratório e

hiperventilação desproporcional a intensidade do esforço. Limiar anaeróbico 1, é o

momento que o metabolismo aeróbico é suplementado pelo metabolismo anaeróbico.

O limiar anaeróbico 2 é a compensação respiratória em resposta a acidose láctica.

Técnica ventilatória para identificar limiar anaeróbico

• Analisar o VE/VO2 e o PETO2, identificando o menor valor a partir do qual essas variáveis
só crescem

• Analisar o VE/VCO2 e o PETCO2 se estão estáveis na mesma linha

• Olhar o quociente respiratório se está superior a 1,0 na mesma linha

• Caso estes critérios estejam batendo, conclui-se que entrou no limiar anaeróbico

• Determina-se o VO2 ou o tempo de esforço que o indivíduo entrou no limiar anaeróbico

Critérios para avaliar se o VO2 obtido é o máximo

• Estabilização do VO2, mesmo com incremento de carga e esforço

• Quociente respiratório (R) > 1,10. O quociente respiratório é a produção de CO2 sobre

o consumo de O2 (VCO2/VO2). Ou seja, a produção de CO2 supera o consumo de O2.

Acima de 1,10 indica limiar anaeróbico ultrapassado e esforço máximo atingido

• Lactato sérico após exercício > 8 mmoles/L. Indica entrada do metabolismo anaeróbico,

mostrando esforço máximo

• FCmáx igual a FCmáx prevista ou até 10 bpm abaixo desta

Testes funcionais

Teste da caminhada de 6 minutos

ISWT – Incremental Shuttle Walk Test

Instrumentos

• CD do comando verbal dado no teste

• Esfigmomanômetro

• Estetoscópio

• Oxímetro de pulso

• BORG

• Corredor de 10 metros

• 2 cones para início e fim do percurso

Orientação

• Caminhar de um cone a outro, na maior velocidade possível, seguindo a orientação do

CD

• A cada BIP, o paciente se desloca de um cone a outro. Nos BIPs triplos, o paciente precisa

ficar mais ágil, pois o intervalo dos mesmo será menor.


• O teste possui 12 estágios, cada um com 1 minuto. A cada intervalo, o BIP fica mais curto

• O teste é interrompido a partir do momento em que o BIP tocou e o paciente não

conseguiu chegar ao cone a tempo, estando distante do mesmo mais de 0,5 metros. Ou

pode ser interrompido na segunda vez que ele não acompanhar

• Precisa registrar o número de voltas a cada intervalo e registrar tempo total e distância

percorrida

• Ao parar, precisamos avaliar as variáveis novamente

• Ao final de cada estágio, podemos olhar a saturação e a FC

• Existem estudos em DPOC mostrando que o incremento de 47,5 metros indica melhora

clínica. Em cardiopatas, quedas de 450 metros indicam maiores riscos de eventos

cardiovasculares

ESWT – Endurance Shuttle Walk Test

• Realiza-se o ISWT para determinar a distância e a velocidade máxima atingida

• Estima-se o VO2 pico (4,19 + 0,025 x a distância percorrida ISWT) e determina-se no

gráfico a velocidade de caminhada correspondente a 85% do VO2 pico

• O teste é iniciado com uma velocidade de aquecimento por 90 a 100 segundos e depois

é instruído a caminhar o mais rápido possível no ritmo ditado pelo CD

• Entre o aquecimento e o início é disparado o BIP triplo e o paciente precisa manter a

constância por 20 minutos até ele entrar em exaustão

• O tempo que o paciente consegue manter a caminhada na velocidade pré-determinada

e a distância percorrida são registrados

Teste do degrau

• Pode ser feito em 2, 3 ou 6 minutos (mais validado)

• Degrau com altura de 20 centímetros

• 1 ciclo equivale a 1 subida e 1 descida

• Registrar o número de ciclos realizados no tempo pré determinado

• Degraus = 166,9 – idade + (0,7 x FC final – FC inicial) + (20,7 x sexo)

• Sexo: masculino = 1 e feminino = 0

• PA, FC, FR (f), SpO2 e BORG

• Verificação das variáveis antes, nos 3 minutos (FC e SpO2) e no final do teste
• Abaixo de 15 degraus indica limitação funcional

• Não precisa fazer direto. Se o paciente precisar parar para se restabelece, pode. Eu só

paro o teste ao final do tempo determinado e ao final conto os degraus

Teste da fala

• Solicitar que a pessoa faça um exercício que eu acredito que seja ideal para a mesma

• Imediatamente após o término, solicitar que a pessoa diga: 1-1001, 2-1002, 3-1003...

• Observar se a pessoa realiza pausas durante a fala para pegar fôlego

• Questionar a pessoa sobre a dificuldade de falar

• Necessidade de pausa para respirar e relato de dificuldade de falar por falta de fôlego

indicam que se trata de um exercício de alta intensidade

• Sem necessidade para pausa e relato de conforto para falar indicam ser um exercício de

moderada a baixa intensidade

Teste de corrida máxima

• Solicitar que a pessoa corra o mais rápido possível uma distância pré determinada

• Anota-se o tempo que a pessoa percorreu aquela distância

• O teste é comparativo

• Também pode ser feito com um tempo pré determinado e anota-se a distância que a

pessoa percorrer

Time up and go (TUG)

• Avalia equilíbrio, coordenação e risco de quedas

• Cadeira (45 a 48 cm, mais usado 46 cm)

• Cronômetro

• Corredor de 3 metros

• Solicitar que o paciente fique sentado com o tronco apoiado no encosto e pés apoiados

no chão

• Ele precisa levantar sem apoio, percorrer os 3 metros, retornar e senta novamente da

mesma forma que iniciou

• O Cronômetro deve ser disparado quando o paciente inclina o tronco para levantar e

deve ser desligado quando o paciente sentar e encostar o tronco na cadeira

• Realizar o teste 3 vezes e faz a média ou pegar o maior

• Tempo > 12,4 segundos indica risco de quedas


Teste de sentar e levantar

• Mobilidade/força e resistência muscular MMII

• Altura da cadeira: 43 a 46 cm

• Teste de sentar e levantar 5 ou 10 vezes e registrar o tempo

• Teste de sentar e levantar de 30 segundos e 1 minuto, registrar o número de vezes que

sentou e levantou

• Referências para o teste de sentar e levantar 5 vezes:

69 anos: desempenho ruim > 11,4 segundos

70 a 79 anos: desempenho ruim > 12,6 segundos

80 a 89 anos: desempenho ruim > 14,8 segundos

Ponto de corte: 15 segundos

Superior a 15 segundos significa fracasso no teste

• Referências para o teste de sentar e levantar de 30 segundos:

Maior que 9 vezes: indivíduo independente

< ou igual a 9 vezes: indivíduo dependente

• Referências do teste de sentar e levantar de 1 minuto:

Avisar que vai terminar com 30 segundos e 15 segundos do término

Homens: 30 a 50 vezes

Mulheres: 27 a 47 vezes

DPOC: ponto de corte 17 vezes

Dinamometria

• Teste de força muscular (relação com força muscular global/quadríceps)

• 3 medidas de 3 segundos com intervalo de 30 segundos

• Paciente sentado, cotovelo a 900, posiciona aparelho e realiza medida

• Mulheres: 13,63 + (0,31 x altura em cm) – (0,30 x idade)

• Homens: 27,47 + (0,41 x altura em cm) – (0,37 x idade)

• Pontos de corte: 26 kgf para homens e 16 kgf para mulheres

• O teste é importante, já que o cardiopata tem baixa nutrição e oxigenação muscular.

Logo se torna uma pessoa mais consumida, caquética e com tendência a sarcopenia

Programação de treino resistido (1RM)


• 1 repetição máxima

• Percepção a limpeza do movimento

• Descanso de 1 a 5 minutos entre as repetições

• 50% do 1RM para o treino do cardiopata

Programação de treino resistido pela escala de Omni-res

• Ensinar o movimento adequado

• Percepção a limpeza do movimento

• Carga escolhida: escolhe uma carga e a carga para o treino será a que fizer falhar entre

10 a 12 repetições ou colocar a carga, realizar as séries e ao final questionar a

pontuação. A carga escolhida será a que o paciente relatar esforço entre 5 a 8 na escala

de OMNI-RES

• Descanso de 1 a 2 minutos entre as séries

Prescrição de exercício

• O pulmão está limpo? Técnicas de higiene brônquica

• O pulmão está expandido? Técnicas de expansão pulmonar

• Aeróbico: condicionamento global (esteira, bicileta, Cicloergômetro no leito, escadas,

rampa, corredor, circuito). Intensidades adequadas, para não sobrecarregar nem ser

muito leve. Podendo ser uma porcentagem da FCmáx ou de reserva, Borg, VO2 máx.

• Anaeróbico resistido: Exercícios com carga a partir do 1RM. Em geral, trabalha mais com

MMSS, pois os MMII já estão sendo usado no aeróbico. Cardiopatas geralmente usam

50% do 1RM

• Treinamento muscular respiratório: força inspiratória e expiratória melhora

performance cardiovascular

• Treino de equilíbrio, coordenação e mobilidade

Qual a dose adequada?

Dose envolve tipo de atividade, a intensidade, a duração e a frequência

• Tipo de atividade?

Grupos musculares envolvidos, duração, ritmo e intensidade do esforço visando via


anaeróbica (pequenos grupos musculares, curta duração e alta intensidade) ou aeróbica

(grandes grupos musculares, longa duração e baixa a moderada intensidade). Na

atividade aeróbica, há predomínio do uso de gordura para produção de ATP. Aumento

do trabalho cardiorrespiratório e condicionamento. A anaeróbica visa força, hipertrofia

e resistência muscular e o substrato energético usado para produzir ATP no resistido é

o carboidrato. Proteínas não são usadas, apenas em emergências nutricionais

6 a 8 repetições: força

8 a 15 repetições: resistência

Trabalho de força, gera resistência. Trabalho de resistência não gera força.

Ganho de massa muscular acelera metabolismo e auxilia queima de gordura

• Intensidade para aeróbico:

A) A intensidade pode ser prescrita pelo Vo2 máximo. Usa-se,

normalmente, 60 a 80% do Vo2 máx para treino, utilizando a

velocidade que o indivíduo estava entre esses valores

B) Frequência cardíaca alvo ou de treino (método de Karvonen): FC

máxima realizada no teste de esforço ou pela fórmula (220 – idade),

pegar a FC de repouso e realizar a subtração, obtendo a FC de reserva.

Calcular 60 e 80% da FC de reserva e somar os valores obtidos com a

FC de repouso. Os resultados deste cálculo serão a FC alvo para treino

cardiovascular

C) FC máxima: obtida no teste ou pela fórmula. Calcula-se 70 a 85% da

mesma para obter a FC a se atingir no treino

D) Borg: trabalhar na velocidade que o indivíduo aponte como nível

moderado de esforço. Estudos indicam que quando relatam borg

moderado, significa que o paciente está em 70 a 85% da FC máx. O

borg é mais usado em pneumopatas.

E) Limiar de Lactato: menos usado. Velocidade compatível para o

momento que ocorre o acúmulo de lactato no sangue, visto no

lactímetro ou no teste.

F) Teste da fala: a partir a avaliação, determino uma velocidade de


treino para o indivíduo. Ao final do treino, peço para ele dizer uma

frase padronizada. Se ele dizer de uma forma confortável e sem

pausas respiratórias, a intensidade está baixa. Se dizer ofegante e

com pausas, a intensidade está moderada a alta.

G) Outras formas: teste da caminha de 6 minutos ou Shuttle teste,

usando 60 a 80% da velocidade realizada

Como calcular a velocidade no teste de caminhada:

1. Registro da distância caminhada

2. Converter a distância em metros para quilômetros, dividindo por 1000

3. Encontrar quantos quilômetros por hora, realizando regra de 3 correspondendo

a 60 minutos

4. Obtém-se a quilometragem feita em 1 hora

5. Fazer o cálculo de 60 a 80% da velocidade realizada

• Intensidade para anaeróbico: Teste do 1RM: feito no movimento do treino e pegar 50%

do 1RM

• Duração de aeróbico: 20 a 30 minutos pelo menos 3 vezes na semana.

• Duração do anaeróbico: 6 a 8 repetições em 3 séries com maior carga para ganho de

força. 8 a 12 repetições em 3 séries com menor carga para ganho de resistência

• Frequência: 3 vezes na semana no mínimo. Alguns autores indicam 5 vezes na semana,

mas o padrão ainda é 3 vezes. Para anaeróbico, não existe consenso, mas pelo menos 2

vezes por semana para cada grupamento muscular

Treinamento intervalado

São Exercícios onde há períodos de alta performance com intervalos de intensidade menor de

esforço. Nos momentos de alta performance, utiliza a intensidade de 85 a 100% da FC máx.


Nos

intervalos, deve-se monitorar a FC para não cair abaixo de 120 bpm. Relação trabalho/repouso

1:2 ou 1:3, podendo ser menor ou igual ao do trabalho, mas não o trabalho superando o

repouso.

Benefícios do exercício aeróbico


• Melhora do condicionamento cardiorrespiratório (vascularização da musculatura

periférica, número e tamanho das mitocôndrias, maior quantidade de mioglobinas,

maior quantidade de enzimas oxidativas, maior eficiência da produção de ATP, maior

resistência a fadiga)

• Melhor regulação da pressão arterial

• Redução da FC de repouso

• Redução dos níveis de lipídeos séricos (redução do risco cardiovascular, triglicerídeos e

LDL)

• Aumento do HDL (colesterol bom)

• Melhora da sensibilidade a insulina

• Bem estar físico e psíquico

• Redução de chances de infecções oportunistas

• Redução de chances de câncer de qualquer tipo

• Perda de peso

Benefício do exercício resistido

• Ganho de massa muscular (hipertrofia)

• Força e endurance de musculatura periférica

• Coordenação e equilíbrio

• Aumenta metabolismo com indireta perda de gordura, perda de peso

Aquecimento/treinamento/desaquecimento

• Aquecimento: precede o treino, com intensidade menor que a alvo, de maneira

gradativa, transitando entre repouso e esforço. Podendo durar de 5 a 20 minutos. O

alongamento pré treino está sendo cada vez menos usado, pois estudos apontam que o

mesmo prejudica a performance do músculo no esforço.

• Desaquecimento: realizar um exercício em uma intensidade menor que a de treino ao

final do mesmo para uma melhor transição entre esforço e repouso. Retornando

gradualmente a FC e a PA aos níveis normais. Ele evita Hipotensão postural pós esforço.

Pode durar em torno de 10 a 30 minutos.

REABILITAÇÃO CARDÍACA

Através de uma equipe multiprofissional, oferecer cuidados a pacientes com doenças


cardiovasculares em busca de prevenir complicações, minimizar as atuais consequências da

doença e promover qualidade de vida ao paciente.

Pilares da reabilitação cardiovascular:

1. Programa de atividade de reabilitação proposto pelo profissional

2. Mudança de estilo de vida sob responsabilidade do paciente

3. Educação continuada do paciente

Indicações

• Pacientes com fatores de risco para doença arterial coronariana (obesidade,

hipertensão, diabetes, tabagismo)

• Portador de doença arterial coronariana: angina estável pós infarto agudo do miocárdio

(contraindica em angina instável)

• Pós cirurgia de revascularização do miocárdio pós angioplastia

• Pós transplante cardíaco

• Portadores de marcapasso cardíaco

Fases da reabilitação cardíaca

Fase 1: intra hospitalar

• Objetivos: reduzir os efeitos deletérios da imobilização no leito (ansiedade, depressão,

tromboembolismo, atelectasia, alteração dos reflexos cardíacos [baroreflexo: paciente

acamado tem redução de sensibilidade dos baroceptores, demora da resposta do

simpático gerando tontura com desmaio e queda], redução da massa muscular e da

volemia), conscientizar quanto aos fatores de risco, antecipar alta hospitalar e o retorno

ao trabalho e fornecer as bases do programa de reabilitação domiciliar.

• Quando começar: estabilidade clínica, ausência de infecções e encaminhamento

médico. Pós operatório de cirurgia cardíaca e no Pós infarto agudo do miocárdio espera-

se 12 hrs para fisioterapia. Algumas literaturas indicam fisioterapia com segurança após

24 a 48 horas Pós declínio de enzimas cardíacas e ausência de dor torácica

• Contraindicações: absolutas (tromboflebite e mobilidade esternal excessiva) e relativas


(aumento inadequado de PA com os exercícios, Hipotensão, insuficiência cardíaca

descompensada, pericardite, estresse emocional, diabetes descontrolado, derrame

pericárdico e anemia sintomática)

• Alterar ou interromper o exercício: Fadiga excessiva, FC acima de 20 da FC de treino,

dispneia significativa, cianose, náuseas, alterações eletrocardiográficas e queda

inadequada da PA sistólica de exercício (<10 mmHg)

• Acompanhamento do esforço: monitoração constante dos sinais vitais, atividades leves

no início da reabilitação (2 METs no máximo), contraindicados exercícios isométricos

devido a maior demanda de oxigênio, exercício de alongamento podem desencadear

manobra de valsalva e elevar PA (cuidado)

• Step 1: consumo calórico de até 2 METs. Com o paciente deitado, realizar exercícios

respiratórios diafragmáticos, exercícios ativos de extremidades e ativo assistido de

cintura escapular, cotovelos e joelhos.

• Step 2: paciente deitado, com exercícios ativos da coxofemural e joelhos e exercícios de

dissociação de cintura escapular e pélvica. Com paciente sentado, realizar exercícios

respiratórios diafragmáticos associados a exercícios de MMSS, exercícios ativos de

cintura escapular e exercícios ativos de extremidades

• Step 3: consumo calórico de 3 a 4 METs. Paciente em pé, realiza exercícios ativos de

MMSS, alongamento de MMII e Deambulação de 35 metros

• Step 4: consumo calórico de 3 a 4 METs em pé. Alongamento ativo de MMII e MMSS,

exercícios ativos de MMII (flexo extensão, abdução e adução) e deambulação 25 metros

lentos e 25 metros rápidos

• Step 5: consumo calórico de 3 a 4 METs em pé. Exercícios e alongamentos ativos de

MMII e MMSS, rotação de tronco e pescoço, marcar passo com elevação de joelhos e

deambulação de 100 metros

• Step 6: consumo calórico de 3 a 4 METs em pé. Exercícios e alongamentos ativos de

MMII e MMSS, descer escada lentamente e retornar de elevador, deambulação de 165

metros e instruções para a fase 2

• Step 7: consumo calórico de 3 a 4 METs em pé. Exercícios e alongamentos ativos, descer

e subir escadas lentamente, deambulação de 165 metros e instruções para a fase 2.


Fase 2: clínica pós alta (3 meses)

• O início da reabilitação cardiovascular ambulatorial

• Realizado em centro de reabilitação cardiovascular com especialista na área

• Com duração em torno de 3 meses com sessões de 3 a 5 vezes na semana

• Objetivos: melhorar a capacidade funcional do paciente, modificar ou reduzir os fatores

de risco para doenças cardiovasculares, recuperar a auto confiança do paciente após

evento cardíaco

• Contra indicações: infarto agudo recente com menos de 72 horas, angina instável,

valvopatias graves com indicação cirúrgica, hipertensão arterial descontrolada,

insuficiência cardíaca descompensada, endocardite infecciosa, cardiopatia congênita

severa não corrigida, tromboembolismo pulmonar, dissecção de aorta e quadro

infeccioso sistêmico

• Na fase 2, são realizados exercícios aeróbicos e anaeróbicos com prescrição individual

de tipo, intensidade, duração e frequência

Fase 3: clínica com maior domínio da reabilitação (6 meses)

• Manutenção das atividades e dos benefícios da fase 2 com maior independência e ganho

de novos benefícios

• Duração de 3 a 6 meses

• Aumentar ou manter a capacidade funcional, continuar com plano de exercícios,

controle melhor da pressão arterial, maior controle da glicemia e colesterol, maior

controle de peso e nutrição adequada, além da garantia de bem estar psicológico

Fase 4: reabilitação não supervisionada com alta da clínica

• Início de uma reabilitação não supervisionada onde o paciente pode seguir seu exercício

com profissionais não especialistas na área ou de forma livre

• Fase de manutenção dos benefícios adquiridos nas fases anteriores

• Duração indeterminada, ou seja, exercício mantido até o fim da vida. Mantendo estilo

de vida saudável

Prevenção: pacientes com fatores de risco para desenvolverem doenças cardiovasculares

• Inserir pacientes em exercícios para prevenir possíveis eventos cardiovasculares


Classificação de risco cardiovascular

Baixo risco

• Sem disfunção significativa de ventrículo esquerdo (Ecocardiograma: fração de ejeção >

50%)

• Sem arritmias complexas em repouso ou induzidas pelo exercício

• Infarto do miocárdio, cirurgia de revascularização, angioplastia, não complicados

• Ausência de insuficiência cardíaca congestiva

• Pacientes assintomáticos

• Capacidade funcional igual ou > 7 METs

Moderado risco

• Disfunção ventricular esquerda moderada (fração de ejeção entre 40% a 49%)

• Angina em exercícios de intensidade moderada ou no período de recuperação

Alto risco

• Disfunção grave de ventrículo esquerdo, fração de ejeção menor que 40%

• Sobrevivente de parada cardiorrespiratória

• Arritmia ventricular complexa

• Infarto ou cirurgia complicados com choque cardiogênico (incapacidade de adequada

perfusão tecidual por falência de bomba cardíaca) e insuficiência cardíaca congestiva

• Hemodinâmicas anormal no exercício (pressão arterial, frequência cardíaca)

• Capacidade funcional menor que 5 METs

• Angina em baixo nível de exercício

• Infradesnível de segmento ST

Reabilitação cardíaca aplicada a doenças

Insuficiência cardíaca crônica

• Incapacidade de adequado bombeamento cardíaco

• Fração de ejeção abaixo de 50% a 40%

• Via final de outros acometimentos cardíacos

• Tratamento envolve mudança de estilo de vida, farmacologia e exercícios aeróbicos e

resistidos

• Critérios para interrupção do exercício: Fadiga induzida por excesso de exercício,


aumento do peso corporal maior que 1 kg ou mais dentro de 24 horas (acúmulo de

líquido por descompensação), estertor pulmonar ou ritmo de galope (hipoventilação

alveolar por falha de bomba), PAS não incrementa mais que 10 mmHg, desenvolvimento

de ectopia (arritmia complexa) induzida pelo exercício e FC de repouso maior que 100

bom

• Contra indicações: ICC instável, estenose aórtica, cardiomiopatia obstrutiva, miocardite,

isquemia significativa e fibrilação atrial.

Pós transplante cardíaco

• O paciente indicado para transplante cardíaco é o indivíduo com classificação

insuficiência cardíaca grau IV, com sintomas aos mínimos esforço ou mesmo em

repouso, baseado na classificação da New York Heart Association (NYHA)

• Grau I: ausência de sintomas

Grau II: sintomas leves em atividades cotidianas

Grau III: sintomas em atividades menos intensas que as cotidianas

Grau IV: sintomas em mínimos esforços ou no repouso

• Para prescrever o exercício, necessita do teste ergoespirométrico, de 40% a 60% do VO2

máx

• Pós transplante, o coração perde integridade de inervação autônoma (simpático e

parassimpático) e tem variáveis cardiovasculares alteradas, como: FC de repouso

elevada pela perda de tônus parassimpático, retardo do incremento da FC durante

exercício pela perda do tônus simpático, maior tempo para recuperação da FC pós

exercício e menor VO2 máx

Portadores de Marcapasso

• Aparelho que regula a frequência cardíaca

• Indicações para marcapasso: lesão de nodo sinusal ou bloqueio atrioventricular total

(nodo gera impulso, mas não conduz para ventrículo)

• Existem marcapassos com frequência cardíaca fixa e os que se adequam ao estímulo do

nodo sinusal

• Para os Marcapassos com frequência fixa, existe um cálculo para que possamos atingir
o objetivo no treino, substituindo a FC pela PA na fórmula de Karvonen

PAS de treinamento = (PAS máx – PAS repouso) x (0,6 a 0,8) + PAS repouso

Doentes renais crônicos

• Rins insuficientes para eliminar toxinas e controlar o balanço hidroeletrolítico do corpo

• Este paciente é submetido a hemodiálise, em geral, 2 a 3 vezes na semana por 4 horas

• Estudos comprovam que fisioterapia com exercício aeróbico e resistidos durante a

hemodiálise trazem muitos benefícios. Caso não se adapte, pode-se realizar os

exercícios entre as sessões de hemodiálise

• Carga de trabalho de 40% a 60% do VO2 máximo

• 70 a 85% da frequência cardíaca máxima do teste ergoespirométrico

• 12 a 16 pela escala de Borg na percepção de esforço

• 10 bom abaixo do ponto em que ocorreram alterações no teste de esforço

• Pacientes graves impossibilitados de realizar o teste ergoespirométrico: FC de repouso

+ 20 bom

• O membro onde é feito a hemodiálise, não deve manipular ou realizar exercício no

mesmo durante a hemodiálise, podendo perder a fístula e evoluir para uma parada

cardiorrespiratória

Fisioterapia nas doenças vasculares periféricas

• Doença arterial obstrutiva periférica crônica, trombose venosa profunda e

varizes/Insuficiência venosa crônica

• Exercício aeróbico e resistido, exceto para trombose venosa profunda

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