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AS CORRENTES SOCIOLÓGICAS
A existência de interesses opostos na sociedade capitalista penetrou e invadiu a
formação da sociologia, impedindo um entendimento comum por parte dos pensadores, por
isso, a sociologia se dividiu ideologicamente entre a conservação e a transformação do status
quo, dando margem ao nascimento de diferentes tradições sociológicas (correntes
sociológicas) que representam as diferentes tendências ideológicas de compreensão e
explicação da sociedade capitalista. Assim, temos as primeiras teorias sobre as transformações
provocadas pelo capitalismo:
Profetas do passado – representados pelos pensadores Edmund Burk (1729-1797), Joseph
de Maistre (1753-1821) e Louis de Bonald (1754-1840). Estes eram conservadores e
tradicionalistas, tinham um pensamento reacionário: condenavam o iluminismo e a revolução
francesa, culpavam pelo caos social, desorganização da família, da religião, das corporações.
Estes ideólogos eram apaixonados pelo equilíbrio das instituições religiosas, monárquicas e
aristocráticas da época feudal. Por isso, defendiam a ordem e o equilíbrio da sociedade,
preocuparam-se com o controle, integração, posição, hierarquias sociais e também com os
rituais da sociedade.
Positivismo – O positivismo é uma matriz teórico-filosófica que deu origem a uma sociologia
conservadora e afirmadora da sociedade capitalista. Representado por Augusto Comte (1798-
1857) e Emile Durkheim (1858-1917). Estes se dedicaram em buscar a estabilidade social,
preocuparam-se com os problemas da manutenção da ordem capitalista, queriam estabelecer
o bom funcionamento desta sociedade, pretendiam solucionar os problemas sociais através da
coerção física e da educação moral, esta seria a função da sociologia enquanto ciência
positiva.
“*...+ Considere o simples fato de tomar uma xícara de café. O que poderíamos
dizer, a partir de um ponto de vista sociológico, sobre esse exemplo de
comportamento aparentemente desinteressante? Muitas e muitas coisas.
Poderíamos assinalar, antes de tudo, que o café não é só um refresco. Ele possui
valor simbólico como parte de nossas atividades diárias. Frequentemente, o ritual
associado a beber café é muito mais importante do que o ato de consumir a bebida
propriamente dita. Para muitos ocidentais, a xícara de café pela manhã ocupa o
centro de uma rotina pessoal. Ela é o primeiro passo, essencial, para começar o dia.
O café bebido de manhã é muitas vezes seguido depois, durante o dia, por um café
em companhia de outras pessoas – a base de um ritual social. Duas pessoas que
combinam de se encontrar para o café estão, provavelmente, mais interessadas em
ficarem juntas e conversar do que naquilo que realmente bebem. Na realidade,
comer e beber, em todas as sociedades, fornecem ocasiões para a interação social
e para a encenação de rituais, oferecendo um assunto rico para o estudo
sociológico. Em segundo lugar, o café é uma droga, por conter cafeína, que tem um
efeito estimulante sobre o cérebro. Muitas pessoas bebem café pelo “estímulo extra”
que ele propicia. Dias longos no escritório e noites de estudo até tarde tornam-se
mais toleráveis graças às pausas para um café. O café é uma substância que cria
dependência, mas os viciados em café não são vistos pela maioria das pessoas na
cultura ocidental como usuários de droga. Como o álcool, o café é uma droga
socialmente aceita, enquanto a maconha, por exemplo, não o é. No entanto, há
sociedades que toleram o consumo de maconha ou, até mesmo de cocaína, mas
desaprovam o café e o álcool. Os sociólogos estão interessados no porquê da
existência de tais constrastes (...)”. GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4. Ed. Porto
Alegre: Artimed, 2005. Página 24.
No texto acima percebemos como o sociólogo Anthony Giddens partiu de uma
atividade cotidiana aparentemente natural e familiar como tomar café, analisou e refletiu sobre
este comportamento individual e costume da sociedade, indo além do pensamento comum
sobre o ato de tomar café. Pronto! O sociólogo colocou sua “imaginação sociológica” em
prática quando fez a conexão entre o ato de tomar café, que a primeira vista pode ser apenas
uma atitude individual, com outros fenômenos sociais como o fato de ter um valor simbólico,
por exemplo. Ele percebeu que quando convidamos alguém para tomar café o mais importante
não é o líquido café e sim o encontro que ele proporciona, ou o fato de ser visto como um ato
de educação de quem convida. Deste ponto de vista, pode ser pensado como um ritual social,
você concorda?
O sociólogo faz ainda uma comparação entre o café visto como uma bebida que cria
dependência e outras substâncias que criam dependência, porém não são vistas da mesma
forma pela sociedade.
Socialização
Novamente lhe perguntamos: Por que você frequenta a escola? Será somente uma
decisão pessoal sua ou a sociedade, de alguma, forma influencia nesta decisão? Ou seriam as
duas respostas ao mesmo tempo? Se você respondeu que as duas respostas procedem, sua
resposta foi correta! Para o sociólogo Antony Giddens, uma das tarefas da Sociologia é
investigar as conexões entre o que sociedade faz de nós e o que fazemos de nós mesmos.
Para ele, nossas atividades tanto modelam o mundo social ao nosso redor como, ao mesmo
tempo, são modeladas por esse mundo social. Vamos tentar compreender melhor? Leia o texto
abaixo:
“O que você acha de obedecer regras, de cumprir ordens, de seguir caminhos que já
foram preestabelecidos para você? É provável que você e muitos de seus colegas
digam que não gostam de obedecer regras, e alguns cheguem mesmo a afirmar
com uma pontinha de orgulho que só fazem aquilo que gostam ou que têm
vontade... Pois saibam que não é bem assim que as coisas acontecem. Mesmo que
você se considere um rebelde, você está muito mais dentro da ordem que imagina,
principalmente se você é um aluno devidamente matriculado no Ensino Médio, e
está lendo este texto na escola ou em sua casa” . Secretaria de Estado da Educação
do Paraná. Sociologia – ensino médio 2. Ed. Curitiba: SEED-PR, 2006. Página 18
O texto acima diz que estamos muito mais dentro da ordem do que imaginamos. O
meio pelo qual “entramos na ordem”, ou seja, aprendemos as regras, valores e padrões que
existem mesmo antes de você nascer chama-se processo de socialização. É por meio do
processo de socialização que aprendemos as normas, valores, padrões e costumes da nossa
sociedade. E este processo acontece na família, na comunidade onde vivemos, na igreja e está
acontecendo com você neste momento, na escola!
Você já parou para pensar porque está na escola? Certamente, seus pais te incentivam
a estudar e você já ouviu frases como: “É preciso estudar para ser alguém na vida” ou “Sem
estudos não há futuro”. Será que foi sempre assim ou nos últimos tempos a necessidade de
estudar se faz mais presente? Pensando nisso, qual a relação entre o fato de você e seus
colegas frequentarem a escola e os valores, normas e padrões da sociedade mais ampla?