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CME: conjunto de elementos destinados à recepção e expurgo, preparo, esterilização, guarda e

distribuição do material não caracterizados como de uso único para as unidades de


estabelecimento de saúde. O CME é responsável pelo processamento de todos os produtos
utilizados na assistência à saúde, desde limpeza, inspeção e seleção quanto á integridade,
funcionalidade e ao acondicionamento em sistema de barreira estéril (embalagens) apropriadas ,
até a distribuição desses produtos esterilizados às unidades consumidoras , de forma a garantir a
qualidade e a quantidade necessárias à realização de todos os procedimentos assistenciais no
desenvolvimento do plano terapêutico dos clientes da instituição.

Definido pela ANVISA como uma unidade funcional destinada ao processamento de produtos
para saúde, dos serviços de saúde. O CME deve ser uma unidade hospitalar independente e
autonôma, se um EAS possuir um CC, CO, hemodinâmica, emergência de alta complexidade e
urgência, o cme deverá existir. o cme deverá e poderá estar localizado o mais próximo possível
das unidades fornecedoras (almoxarifado e lavanderia), podem estar próximos ao bloco cirúrgico.

CME CLASSE I: realiza o processamento de produtos para saúde não críticos, semicríticos e
críticos de conformação não complexa passíveis de processamento.

CME CLASSE II: realiza o processamento de produtos para saúde não críticos, semicríticos e
críticos de conformação complexa e não complexa passíveis de processamento. É obrigatória a
separação física da área de recepção e limpeza das demais áreas.

1. Recepção e limpeza (local mais contaminado , onde se centralizam grandes quantidades e


variedades de materiais sujos com sangue, secreção e excreções. Deve dispor de um
lavatório com dispensador de sabão líquido, papel toalha e álcool em gel à 70%).
2.
 Área para recepção: deve estar localizada dentro da sala de recepção e limpeza e dispor
de pelo menos uma bancada com dimensões que permitam a conferência dos materiais e
recipientes para descarte de materiais perfurocortantes e para resíduo biológico.

 Área de limpeza: local onde é realizada a limpeza dos produtos. Deve dispor de pontos de
água fria e quente com a qualidade exigida para os processos de limpeza.

Produtos críticos:

Água potável e água mole são indicadas apenas na pré-limpeza e na limpeza;

Água deionizada para a pré-limpeza, limpeza e enxágue;


Água de osmose reversa ou destilada é indicada para o enxágue final de materiais utilizados na
corrente sanguínea, tecido ósseo, ocular ou neurológico.

Produtos semicríticos e não críticos: a água potável, água mole e água deionizada são indicadas
para a pré-limpeza, limpeza e enxágue.

Nos pontos de enxágue deve ser realizado o monitoramento e o registro da qualidade da água,
incluindo mensuração da:

 Dureza da água;
 pH;
 íons cloreto, cobre, ferro, manganês;
 carga microbiana.

3. Preparo e esterilização: os materiais são inspecionados quanto à presença de sujidade por


meio de testes visuais e químicos, são selecionados quanto a funcionalidade e à
integridade. Os pacotes são montados e acondicionados de acordo com os critérios da
instituição. As estações de trabalho na área do preparo se destinam aos diferentes
produtos para saúde como: vidraria; instrumental cirúrgico; materiais inoxidáveis; tecidos e
outros.
 Área de esterilização: onde são localizadas as autoclaves, outros equipamentos de
esterilização como a vapor de baixa temperatura e formaldeído (VBTF) e o gás/plasma
de peróxido de hidrogênio (PPH) podem estar localizados nessa área. Deve manter
temperatura entre 20ºC e 24ºC,com vazão mínima de ar total de 18,00m³/hora/m².

4. Desinfecção química quando aplicável: deve ser exclusiva para essa finalidade, podendo
estar localizada fora do ambiente do CME. Deve prover exaustão forçada do ar para o
exterior da edificação.
5. Local para monitoramento do processo de esterilização: deve dispor de sistema para
guarda dos registros dos monitoramentos por cinco anos, para disponibilizá-los sempre
que for solicitado ou necessário.

6. Armazenamento e distribuição de materiais esterilizados: local onde centraliza todo o


material processado e esterilizado para posterior distribuição às unidades consumidoras.

Deve haver sempre a separação da área contaminada, destinada a receber materiais sujos,
proceder a limpeza e secagem dos mesmos da área limpa onde os artigos são inspecionados,
preparados, acondicionados, esterilizados, guardados e distribuídos minimizando os riscos de
contaminação.

EPI’s

Área de recepção: óculos de proteção; máscara, luva de procedimento, avental e calçado


impermeável e antiderrapante.

Área de limpeza: óculos de proteção; máscara, luva de borracha nitrílica ou butílica, de cano
longo, avental impermeável de manga longa, protetor auricular tipo concha e calçado
impermeável e antiderrapante.

Área de inspeção: máscara, luva de procedimento, protetor auricular e calçado fechado.

Sala de desinfecção química: óculos de proteção; máscara compatível com a toxicidade do


germicida, luva de cano longo, avental e calçado impermeável e antiderrapante.

Área de esterilização: luvas de proteção térmica impermeável.

Fluxo do CME: Independente das dimensões e da localização do CME, a área física deve permitir
não só o estabelecimento de fluxo contínuo e unidirecional de material, de forma a evitar o
cruzamento de materiais sujos com limpos e esterilizados, mas também o de pessoal, evitando
que o trabalhador da área suja transite pelas áreas limpas e vice-versa.

Os produtos a serem processados no CME vêm das unidades consumidoras (unidades de


internação, ambulatório, CC, CO, endoscopia, laboratório, radiologia, farmácia) ou das unidades
fornecedoras (lavanderia e almoxarifado, quando materiais novos ou descartáveis não foram
previamente esterilizados), os produtos fornecidos pelo almoxarifado quando esterilizados e
prontos para uso, devem ser armazenados em área própria que não o CME, onde são
controlados e distribuídos.

Os produtos para saúde encaminhados pelas unidades consumidoras são recebidos no expurgo,
limpos, secos, conferidos e separados conforme o tipo, encaminhados à área de preparo e
acondicionamento, onde são inspecionados, embalados, identificados e enviados à esterilização,
armazenamento e distribuição.

Limpeza: limpeza concorrente ou terminal ao final de cada plantão ou quando se fizer necessário,
lavagem das áreas do CME deve ser feita semanalmente com máquina que efetue lavagem e
aspiração concomitante, quando não houver ralos.

Limpeza da CME: Consiste na remoção de sujidades orgânicas e inorgânicas de sua superfície,


reentrâncias, articulações, lumens e outros espaços internos, visando reduzir os microrganismos
e resíduos, sejam eles químicos, sejam orgânicos, como proteínas, sangue, biofilmes ou
endotoxinas. Pode ser realizada por método manual (com uso de água, detergente e acessórios
de limpeza), embora, para produtos de conformação simples, seja preferível o método
automatizado de jato sob pressão, que propicia agilidade, uniformidade e monitoramento do
processo, além de reduzir a exposição dos profissionais a riscos ocupacionais biológicos.

Nenhum produto para saúde pode ser desinfetado ou esterilizado sem que antes seja
adequadamente limpo. A presença de resíduos orgânicos (sangue, soro, secreções, fezes,
fragmentos de tecidos, biofilmes de elevada carga microbiana) e inorgânicos (minerais, gesso,
resinas e produtos químicos) compromete a eficiência do processamento de diversas formas, em
especial atuando como barreira física e impedindo a ação do agente desinfetante e esterilizante.

A carga microbiana presente no produto para a saúde, também denominada bioburden, é variável
em decorrência da conformação e do sítio corporal onde o material foi utilizado há maior carga
microbiana nos lumens que nas superfícies externas dos materiais.

O biofilme consiste em multicamadas de células bacterianas ou fungos agrupadas se envoltas por


um material extracelular amorfo, Composto de exopolissacarídeos de origem bacteriana que têm
por função unir as células firmemente às superfícies dos biomateriais e entre elas, formando uma
matriz extracelular, composta, fundamentalmente, de carboidratos e proteínas, mas também de
DNA extra- celular e detritos de células mortas. É fundamental a realização de ação mecânica
direta, por meio de fricção com escovas, quando na limpeza manual, ultrassom ou jatos de água
sob pressão, pois apenas imersão em detergentes é ineficaz para sua remoção

É necessário iniciar a limpeza do material o mais precocemente possível e Protocolos de limpeza


com pré-umectação da sujidade ressecada devem ser seguidos para garantir a limpeza.

Quanto a qualidade da água, sabe-se que ser potável não é suficiente para o último enxágue de
alguns instrumentos críticos, que entram em contato com endotélio vascular e tecido ocular, além
de cirurgias de implantes e do sistema nervoso central, materiais enxaguados em água com alto
nível de endotoxina ou contaminada com grande quantidade de bactérias Gram-negativas,
mesmo que esterilizados, podem causar no paciente reação pirogênica ou outros eventos
adversos, como síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS), síndrome tóxica do
segmento anterior do olho (TASS, do inglês Toxic Anterior Segment Syndrome) e explante
asséptico de próteses.
Carbono orgânico - indica que a água contém material proveniente de microrganismos, plantas e
animais. Pode interferir na ação de detergentes e germicidas, além de favorecer a proliferação
microbiana, pois o carbono funciona como nutriente para estes.

pH- níveis extremos podem interferir na ação de detergentes (principalmente os enzimáticos) e de


desinfetantes. Também podem danificar os materiais, em especial os delicados, como os de
micro- cirurgia e os ópticos.

Dureza é indicada pela concentração de carbonato de cálcio e é causada pela presença de sais,
em especial cálcio e magnésio, que se depositam como camadas minerais duras quando a água
é aquecida ou evaporada.

Filtros de sedimentos consistem em camadas de fibras com vasta distribuição de poros, que
promovem alta retenção de partículas grosseiras, ferro e manganês.

Abrandadores: consiste em processo que utiliza resinas que substituem os íons cálcio e
magnésio da água pelos de sódio, que são mais solúveis, transformando a água dura em água
mole. Remove também ferro e magnésio.

Deionização: tratamento realizado pela passagem da água por resinas específicas que promovem
a troca iônica para remover sais da água, tanto os ânions quanto os cátions.

Osmose reversa: sistema formado por membranas semipermeáveis em forma de espiral ou rolo
por onde passa o fluxo de água sob pressão controlada por mecanismo de bomba. A água trans-
passa a membrana que remove sais inorgânicos, bactérias e endotoxinas, produzindo água de
alto grau de pureza.

Destilação: requer o aquecimento da água até li o ponto de ebulição, transformando-a em vapor


que, resfriado, retorna à fase líquida e é coletado em reservatório. Os sais inorgânicos, bactérias,
vírus, cistos e endotoxinas são removidos nesse processo

Para os materiais críticos, o enxágue final deve ser feito pelo menos em água deionizada, mas o
ideal seria utilizar água tratada por destilação ou osmose reversa, o enxágue dos materiais
semicríticos deve ser realizado com água potável, água mole ou água tratada, de acordo com os
riscos associados ao procedimento e à complexidade dos materiais. Os EAS devem envidar
esforços para disponibilizar a água purificada (destilada ou de osmose reversa) nos pontos da
área de limpeza do CME e no abastecimento das lavadoras e das autoclaves.

A água, independentemente do tipo de tratamento, deve ser canalizada para cada ponto de uso
no CME.
Detergentes são produtos destinados à limpeza de superfícies e tecidos por meio da diminuição
da tensão superficial, favorecendo a remoção da sujidade. Em CME, podem ser utilizados
detergentes neutros (enzimáticos ou não), alcalinos ou ácidos. Os detergentes enzimáticos
possuem enzimas que facilitam a quebra da matéria orgânica. Os detergentes enzimáticos são
classificados pela ANVISA como categoria Risco 2. Os demais detergentes e restantes utilizados
para produtos para a saúde permanecem classificados pela ANVISA como categoria Risco 1.

Os detergentes, por melhor que sejam na remoção dos resíduos, não dispensam a ação
mecânica, que pode ser realizada por meio de fricção manual com o uso de escovas e esponjas
ou automatizada, por meio de jatos de água ou energia ultrassônica. Em instrumental para
cirurgias oftalmológicas, o enxágue deve receber especial atenção. Pode-se, também, utilizar
detergente não enzimático de pH neutro, em razão da baixa quantidade de material orgânico
relacionada ao procedimento, seguido de enxágue abundante com água de alta pureza.

Desincrustantes são detergentes com a capacidade de remover sujidade fixada a superfícies e


instrumentos. Os detergentes neutros sem adição de enzimas (pH entre 6,5 e 7,5), próprios para
limpeza de produtos para saúde, podem ser utilizados para limpeza de materiais com pouca
quantidade de matéria orgânica.

A troca da solução de detergente deve ser feita a cada uso, Nunca se deve deixar o instrumental
imerso na solução por tempo excessivo, pois pode favorecer a formação de biofilme. Utilizar
apenas um tipo de agente limpante (detergente neutro, com ou sem enzimas, alcalino ou
desincrustante) para cada processamento. A mistura de produtos pode reduzir a eficiência da
limpeza e aumentar o risco ocupacional pela formação de produtos tóxicos.

As pistolas de água sob pressão são úteis para a limpeza de produtos com lúmen. Caso o
material seja delicado, como os endoscópios, a pressão deve ser controlada, a fim de evitar
danos ao revestimento in- terno do lúmen.

Limpeza manual: No recolhimento dos materiais sujos, deve-se se- parar em cestos e abrir todas
as peças. Separar do instrumental os itens cortantes e os pesados; os materiais leves e delicados
devem sempre estar separados ou por cima dos mais pesados. Na chegada do instrumental sujo
e contaminado ao CME, fazer a pré-limpeza, que consiste em aplicar jatos de água para remoção
da sujidade grosseira, e submeter o instrumental ao processo de limpeza o mais rapidamente
possível, para facilitar a remoção de sujidades aderidas em reentrâncias.

A limpeza manual é executada com solução detergente e fricção com escovas de cerdas firmes e
macias, seguida de água corrente ou sob pressão. A indicação de limpeza manual se restringe a
materiais delicados. Aplicar jato de água, por meio de mangueira com bico ou pistolas, para
auxiliar na remoção de sujidade de lumens e reentrâncias. Caso o instrumental seja delicado, a
pressão deve ser controlada para evitar danos ao material.
A limpeza automatizada possibilita reprodutividade do processo, controle dos parâmetros e
minimiza riscos ocupacionais. As lavadoras mais utilizadas em CME são as por jato de água sob
pressão e as ultrassônicas. As lavadoras por jato de água sob pressão remo- vem a sujidade pela
ação de força do spray e de jatos de água sob pressão e de solução detergente, aplicados por
meio de bicos ou braços rotativos. São programadas para sucessivas etapas: pré-lavagem com
água fria, ciclo de lavagem propriamente dita e enxágue. As lavadoras termodesinfetadoras
realizam a desinfecção térmica (com água em temperatura e tempo de contato predeterminados)
no final do ciclo de limpeza. Geralmente, o enxágue final emprega água mole deionizada ou de
osmose reversa.

As lavadoras ultrassônicas agem por ondas sonoras inaudíveis, que variam entre 20 e 120 kHz, e
se propagam em meio líquido. Geram bolhas microscópicas que, ao entrarem em contato com a
superfície do material, estouram e geram uma área localizada de vácuo que remove a sujidade
aderida ao material. Esse fenômeno é chamado cavitação ou vacuolização.

A limpeza de produtos para a saúde com conformações complexas (lumens de difícil limpeza
manual, espaços internos inacessíveis para a fricção direta, reentrâncias e válvulas) inicia-se com
a limpeza manual, sendo complementada, obrigatoriamente, por limpeza ultrassônica¹-4. Os
produtos com lúmen de diâmetro interno inferior a 5 mm (15 FR) têm recomendação de
complementar a limpeza em lavadora ultrassônica, com a utilização de retrofluxo que, para este
caso, apresenta maior eficiência que as ultrassônicas convencionais.

Após a etapa de limpeza, o equipamento deve promover enxágue abundante para remover a
sujidade e os resíduos de detergente, sendo o último enxágue com água deionizada ou de
osmose reversa. Caso o equipamento não realize essa etapa, deve-se fazê-la manualmente².

O enxágue é etapa importante do processo de limpeza, tanto manual quanto automatizada, pois,
pela ação do fluxo de água, são removidos os detritos e as sujidades desprendidos dos materiais
e os resíduos dos detergentes. Deve-se garantir a secagem completa dos mate- riais, manual ou
automatizada, pois a umidade residual favorece o crescimento microbiano, interfere nos
processos de esterilização, dilui os desinfetantes e causa manchas na superfície dos produtos
para a saúde. Utilizar material de secagem de cor clara favorece a identificação de sujidade
residual.

Uma alternativa, muito útil para materiais delicados ou com lumens, é a secagem com jatos de ar.
No uso de ar comprimido medicinal, deve-se lembrar da proteção dos profissionais contra
respingos e ruído, providenciando o uso de avental impermeável, luvas, proteção facial e protetor
auditivo. Por esse motivo, está recomendada a utilização de máscara e de luvas sem talco para o
manuseio dos materiais durante as etapas de secagem e preparo, além de atenção aos cuidados
de higiene do ambiente.

Os principais Equipamentos de Proteção Individuais (EPI) são luvas nitrílicas ou butílicas de cano
longo, avental impermeável de manga longa, gorro, proteção de face ou máscara e óculos de
proteção, botas plásticas ou impermeáveis. Também deve ser utilizado protetor auditivo, caso
haja uso de pistola de ar comprimido. As lavadoras ultrassônicas emitem ondas inaudíveis.

histórico da produção cirúrgica, ao menos um trimestre, que contemple: quantidade de

procedimento eletivos e emergência, classificação segundo o porte cirúrgico, o tempo de limpeza das

salas e o tempo de espera das cirurgias. 

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