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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

FACULDADE DE BIOMEDICINA

SARAH BIANCA FERNANDES

PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA, FISIOPATOLOGIA E


ACOMPANHAMENTO LABORATORIAL.

JATAÍ

2022
SARAH BIANCA FERNANDES

PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA, FISIOPATOLOGIA E


ACOMPANHAMENTO LABORATORIAL.

Prof. Tharlley Rodrigo Eugênio Duarte.


Unidade curricular: Análises metabólicas e
perfusionais.

JATAÍ

2022

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RESUMO

O objetivo da presente pesquisa é analisar o papel metabólico do fígado e os


distúrbios hepáticos. O fígado é um grande órgão maciço, e seu suprimento
sanguíneo é feito por duas vias, pela artéria hepática e pela veia porta. Sendo assim
o fígado é extremamente vascularizado, o que lhe permite realizar diversas funções
vitais. Destaca-se a regulação de nutrientes, síntese proteica e de outras moléculas,
conjugação e excreção de diversos compostos, armazenamento de substânci9as,
função endócrina, função imunológica, formação e excreção da bile.
Como consequência, é um dos órgãos quem tem seu funcionamento
prejudicado, devido a infecções por alguns tipos de vírus, bactérias, em resposta ao
sistema imunológico, além do abuso do consumo de álcool, drogas ou
medicamentos. Caso este órgão perca sua função e os cuidado necessários não
sejam tomados, com o tempo pode apresentar distúrbios hepáticos graves.
Os testes de função hepática são exames de sangue usados para ajudar a
diagnosticar e monitorar doenças ou danos hepáticos. Os testes medem os níveis de
certas enzimas e proteínas no sangue. Alguns desses testes medem o quão bem o
fígado está desempenhando suas funções normais de produzir proteína e limpar a
bilirrubina, um produto residual do sangue. Outros testes de função hepática medem
enzimas que as células hepáticas liberam em resposta a danos ou doenças. Os
biomarcadores utilizados como triagem básica de disfunção hepática são: AST
(aspartato aminotransferase) e ALT (alanina aminotransferase), ou TGO
(transaminase glutâmica oxalacética) e TGP (transaminase glutâmica pirúvica),
Fosfatase alcalina. GGT (Gama glutamil transpeptidase) e Bilirrubinas (direta,
indireta e total).

Palavras-chave: Função hepática. Metabolismo hepático. Fígado. Cirrose.


Exames de fígado. Testes serológicos. Biomarcadores.

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Sumário
Função hepática...............................................................................................6
Regulação do metabolismo de nutrientes 7

Doenças hepáticas 9

Cirrose e insuficiência hepática...................................................................12


Biomarcadores de função hepática 13

Tratamento e prevenção 16

Considerações finais...........................................................................................18
Referências bibliográficas................................................................................19

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1 FUNÇÃO HEPÁTICA
O fígado é um órgão vital no corpo humano. Desempenha um papel
importante na sobrevivência humana. Este órgão é responsável por uma série de
funções que ajudam a apoiar o metabolismo, imunidade, digestão, desintoxicação, e
armazenamento de vitaminas entre outras funções. Compreende cerca de 2% do
peso corporal de um adulto. O fígado é um órgão único devido ao seu duplo
suprimento de sangue da veia porta (aproximadamente 75%) e da artéria hepática
(aproximadamente 25%).
A unidade funcional do fígado é o lóbulo. Cada lóbulo é hexagonal e uma
tríade portal (veia porta, artéria hepática, ducto biliar) fica em cada canto do
hexágono. A fundação do lóbulo é composta de hepatócitos, que possuem
membranas apicais e basolaterais fisiologicamente distintas. Com base na função e
perfusão, os hepatócitos são divididos em 3 zonas.
A zona I é considerada a região periportal dos hepatócitos e é a melhor
perfundida e a primeira a regenerar devido à sua proximidade com o sangue e
nutrientes oxigenados. Devido à sua alta perfusão, a zona I desempenha um grande
papel nos metabolismos oxidativos, como beta-oxidação, gliconeogênese, formação
de bile, formação de colesterol e catabolismo de aminoácidos.
A zona II é definida como a região pericentral dos hepatócitos e a zona II fica
entre as zonas I e III.
A zona III tem a menor perfusão devido à sua distância da tríade portal.
Desempenha o maior papel na desintoxicação, biotransformação de drogas,
cetogênese, glicólise, lipogênese, síntese de glicogênio e formação de glutamina.
O fluxo biliar é ainda facilitado pelo canal biliar, que é formado por
membranas apicais de hepatócitos vizinhos. Devido aos arranjos tridimensionais dos
hepatócitos, os canalículos formam uma rede, que ajuda a aumentar a área
superficial do fluxo. É importante reconhecer que a bile e o sangue fluem em
direções opostas entre si.
O fígado desempenha um papel em quase todos os órgãos do corpo. Ele
interage com os sistemas endócrino e gastrointestinal, ajudando na digestão e
metabolismo. O fígado é o local de armazenamento para vitaminas lipossolúveis e
lida com a homeostase do colesterol. Armazena ferro e cobre. Desempenha um
papel na hematologia com fator de coagulação e síntese de proteínas.

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O fígado também desempenha um papel na quebra da heme em bilirrubina
não conjugada e a conjugada. Ele desempenha um papel no metabolismo do
hormônio sexual e produz proteínas portadoras que são importantes na reprodução
e desenvolvimento. Este órgão também é importante no sistema imunológico do
corpo, devido as suas células de Kupffer, que são responsáveis por filtrar material
desnecessário ou patológico da circulação. E as suas células Ito, que servem como
armazenamento de gordura, como a vitamina A, no ambiente certo, elas também
podem servir como miofibroblastos e ajudar na regeneração do fígado.
2. REGULAÇÃO DO METABOLISMO DE NUTRIENTES
O fígado desempenha um papel essencial no metabolismo e tem um papel
importante em preservar e regular os níveis de lipídios, glicose no corpo. Entre as
funções importantes desempenhadas pelo fígado está manutenção dos níveis de
glicose no sangue através das seguintes vias: glicólise, glicogênese,
gliconeogênese. Este órgão metaboliza compostos benéficos e prejudiciais e
compostos endógenos e exógenos. As suas funções metabólicas são: Metabolismo
de carboidratos, metabolismo de lipídios e ácidos graxos, metabolismo de proteínas
e aminoácidos e metabolismo de drogas. Os processos fundamentais envolvidos
nestes metabolismos são revistos para o fígado normal e doente.
2.1. METABOLISMO DA BILIRRUBINA
O fígado desempenha um papel significativo na quebra da heme. A hemólise
ocorre em vários locais do corpo, incluindo fígado, baço e medula óssea. O heme é
dividido em biliverdina, que é então reduzida a bilirrubina não conjugada. O fígado
recebe bilirrubina não conjugada ligada à albumina da circulação.
A bilirrubina não conjugada sofre conjugação através do sistema de difosfato
de uridina glucuronilltransferase (UGT), um processo para se tornar hidrofílica. A
bilirrubina recém conjugada é então secretada via canal biliar para a bile ou
pequenas quantidades se dissolvem no sangue, onde é filtrada para excreção pelos
rins.
A maioria da bilirrubina conjugada entra na bile e é excretada com a bile nas
fezes, pois não é absorvível pela parede intestinal. A bilirrubina também é convertida
em urobilinogênio ou bilirrubina não conjugada por bactérias intestinais para
reabsorção e para passar por circulação entero-hepática.

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2.2. METABOLISMO DE XENOBIÓTICOS
Outra função crítica do fígado é o metabolismo ou a desintoxicação de
xenobióticos. O fígado usa lisossomas para algumas dessas substâncias, ou das
principais vias de metabolismo e desintoxicação através da biotransformação. O
fígado funciona para transformar xenobióticos principalmente convertendo-os de
uma forma lipofílica para uma forma hidrofílica através de reações.
Estas reações ocorrem principalmente no retículo endoplasmático liso dos
hepatócitos. As reações de fase I criam um soluto mais hidrofílico via oxidação,
redução e hidrólise usando principalmente a família de enzimas citocromo P450
(CYP450). O produto da fase I tem uma espécie de oxigênio que reage melhor com
enzimas envolvidas com reações de fase II. As reações de fase II conjugam os
metabólitos criados na fase I para torná-los mais hidrofílicos para secreção no
sangue ou na bile. Existem três caminhos principais para a conjugação realizada em
reações de fase II: conjugação com glucuronato, glutationa ou sulfato.
A conjugação ao glucuronato, como com a bilirrubina, ocorre no retículo
endoplasmático liso. Substâncias submetidas à conjugação de sulfatos, como
álcoois, geralmente são feitas no citosol devido à localização das enzimas
necessárias. A maior parte da conjugação da glutationa ocorre no citosol, com uma
minoria ocorrendo nas mitocôndrias. Outros órgãos, como o rim e o intestino, podem
ajudar no metabolismo das drogas. Vários fatores, como idade, sexo, interações
medicamentosas, diabetes, gravidez, doença hepática ou renal, inflamação ou
genética, afetam o metabolismo das drogas.
2.3 FORMAÇÃO E SECREÇÃO DA BILE
A bile é um fluido importante, pois ajuda a excretar material não excretado
pelos rins e ajuda na absorção e digestão de lipídios através da secreção de sais
biliares e ácidos. A bile é produzida por hepatócitos e é composta principalmente de
água, eletrólitos, sais biliares, ácidos biliares, colesterol, pigmento biliar, bilirrubina
fosfolípidos, além de outras substâncias. A bile é secretada dos hepatócitos para o
canal biliar, onde passa por ductos menores para os ductos maiores, acabando no
duodeno ou sendo armazenada na vesícula biliar para armazenamento. Após a
secreção da bile no duodeno, sofre circulação entero-hepática, onde executa seu
trabalho no intestino, e os componentes biliares que não são excretados são

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reciclados por conversão em ácidos biliares por bactérias intestinais para
reutilização.

2.3. REGULAÇÃO DA GLICOSE


A glicose é uma fonte de energia vital para as células e os níveis na corrente
sanguínea devem permanecer constantes. O fígado ajuda a manter os níveis de
glicose no sangue em resposta aos hormônios pancreáticos insulina e glucagon.
Após uma refeição, a glicose entra no fígado e os níveis de glicose no sangue
aumentam. Este excesso de glicose é tratado pela glicogênese na qual o fígado
converte a glicose em glicogênio para armazenamento. A glicose que não é
armazenada é usada para produzir energia por um processo chamado glicólise. Isso
ocorre em todas as células do corpo.
Sua função metabólica é controlada por insulina e outros hormônios
metabólicos. A glicose é convertida em piruvato através da glicólise no citoplasma, e
o piruvato é posteriormente oxidado nas mitocôndrias para gerar ATP através do
ciclo de Krebs e fosforilação oxidativa. No estado alimentado, produtos glicolíticos
são usados para sintetizar ácidos graxos através da lipogênese. Ácidos graxos de
cadeia longa são incorporados fosfolipídios ou ésteres de colesterol em hepatócitos.
Esses lipídios complexos são armazenados em gotículas lipídicas e estruturas de
membrana, ou secretados na circulação como partículas de lipoproteínas de baixa
densidade.
No estado de jejum, o fígado segrega glicose através da glicogenólise e da
gliconeogênese. Durante o jejum prolongado, a gliconeogênese hepática é a
principal fonte de produção endógena de glicose. O jejum também promove a
lipólise no tecido adiposo, resultando na liberação de ácidos graxos não
esterificados que são convertidos em corpos cetónicos nas mitocôndrias hepáticas
através da beta-oxidação e cetogênese. Os corpos cetónicos fornecem um
combustível metabólico para os tecidos extra-hepáticos.
O fígado tem funções metabólicas tão importantes que, se prejudicadas,
resultarão em muitas doenças hepáticas e podem progredir para condições mais
perigosas, como fibrose hepática ou cirrose.
3. DOENÇAS HEPÁTICAS

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Doenças hepáticas podem prejudicar a função do fígado, encontrar a causa e
a extensão do dano hepático é importante para orientar o tratamento. Existem
muitos tipos de doença hepática que pode ser causada por um vírus, danos de
medicamentos ou produtos químicos, obesidade, diabetes ou ataque ao próprio
sistema imunológico.
Muitas doenças comuns do fígado podem fazer com que o órgão se torne
inflamado. Essa inflamação pode evoluir para cicatrizes ou cirrose. As doenças que
são mais comuns no fígado são: hepatites por vírus (A, B e C.), doença hepática
alcoólica, esteatose hepática, hepatite autoimune e hepatite medicamentosa, cirrose
e insuficiência hepática.
3.1 HEPATITE VIRAL
A hepatite viral é uma inflamação do fígado causado por um de três formas de
vírus, A, B ou C. Hepatite A: Esta infecção é geralmente causada consumindo
alimentos ou água contaminados. Esta forma de hepatite A geralmente desaparece
sem problemas duradouros dentro de seis meses e não leva a uma infecção crônica.
Normalmente, não é contraído por mais de uma vez, pois se cria uma imunidade
após a primeira infecção. E também existe uma vacina para prevenir a
contaminação. Essa hepatite pode desencadear uma icterícia, apresentando
sintomas de cansaço, vômitos, febre, dor abdominal, e em estágios avançados pode
levar a uma insuficiência hepática.
Hepatite B: Este vírus é transmitido através do sangue e nas secreções. Esse
vírus desencadeia uma reação imune, causando Inflamação de baixo nível e dano
ao fígado. É normalmente tratada com sucesso com as medicamentações orais que
têm poucos efeitos colaterais ou injeções. Em muitos casos, a hepatite B pode
evoluir para uma infecção crônica, que pode levar a doenças hepáticas mais graves.
Este vírus altera funções do fígado e pode provocar sintomas agudos, como febre,
enjoos, vômitos e olhos e pele amarelados. A hepatite B é mais grave do que a
hepatite A, pois ela pode rapidamente desenvolver para uma hepatite crônica ou
fulminante.
Hepatite C: A Propagação é feita através do contato com sangue infectado. A
infecção por Hepatite C pode ser muito grave. Mas, geralmente as pessoas
infectadas não apresentam sintomas e o vírus pode permanecer no fígado por anos
e não é descoberto, até que muito dano ao órgão é feito. A hepatite se torna crônica

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em pelo menos 75% dos casos confirmados, sendo ela mais grave que a hepatite B.
No entanto, muitos pacientes podem desenvolver uma infecção crônica. Uma
biopsia hepática pode determinar a extensão da lesão e danos ao fígado.
Tratamento inclui medicamentos antivirais e ribavirina, para limitar o dano hepático.
3.2 DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA
A doença hepática gordurosa é um acúmulo excessivo de gordura no fígado.
Esta condição é mais comum em pessoas com sobrepeso, diabético ou tem
síndrome metabólica. Caso a hepatite não estiver relacionada ao consumo de álcool,
é conhecido como esteatose hepática não alcoólica. Caso contrário, é conhecida
como doença hepática alcoólica. O excesso de gordura hepática pode levar à lesão
inflamatória nos hepatócitos. progredindo para fibrose ou cirrose em 20% dos
pacientes. Consequentemente apresentará função hepática alterada. O tratamento
para essa hepatite inclui perda de peso, exercício, controle de diabetes, regulação
pressão arterial e colesterol, limitando ou eliminando o consumo de álcool e não
fumar.
3.3 DOENÇAS HEPÁTICAS GENÉTICAS
Hemocromatose Hereditária - A doença hepática genética mais comum em
adultos. A hemocromatose é uma doença hereditária caracterizada pelo acúmulo
excessivo de ferro em vários órgãos. Também é caracterizada por vários sintomas
que estão relacionados à mudança na cor do sangue da pessoa. Esses sintomas
incluem perda excessiva de cabelo, destruição periodontal, alterações na
pigmentação da pele e dor nas articulações. A condição é causada por um excesso
de ferro no fígado.
Pessoas com hemocromatose têm maior chance de desenvolver outras
condições médicas. Por exemplo, pessoas com hemocromatose têm maior chance
de desenvolver diabetes, insuficiência cardíaca, cirrose e câncer de fígado.
Tratamentos específicos e eficazes estão disponíveis. O Transplante de fígado pode
ser necessário em alguns desses pacientes. A hemocromatose é uma condição com
risco de vida que pode afetar qualquer pessoa devido à sua disposição genética.
Doença de Wilson: Uma doença genética rara que causa acúmulo excessivo
de cobre no fígado e no cérebro. O tratamento é gerenciado por um hepatologista e
neurologista e inclui medicação oral, que se liga ao cobre para removê-lo do corpo.
A terapia é continuada para impedir sua acumulação.

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3.4 CÂNCER DE FÍGADO
O câncer de fígado é diagnosticado e tratado por uma equipe multidisciplinar.
Como com todo o câncer, o diagnóstico adiantado é essencial. Pacientes com certas
doenças hepáticas são suscetíveis ao câncer de fígado e deve ser examinado
regularmente. O câncer mais comum é hepatocarcinoma, que se origina nos
hepatócitos, que são as células funcionais do fígado, causando danos celulares
irreversíveis.
O outro é o Colangiocarcinoma, caracterizado por um tumor maligno, surgindo
nos ductos biliares, principal via de secreção do fígado. É importante estabelecer um
diagnóstico e um prognostico, para encontrar a causa e a extensão do dano
hepático, é para orientar o tratamento. Pessoas com cirrose têm um risco
aumentado de desenvolver câncer de fígado, especialmente se sua cirrose foi
causada por hepatite B, hepatite C, esteato-hepatite não alcoólica ou
hemocromatose. Dado esse risco elevado, as pessoas com esses diagnósticos
devem fazer um ultrassom a cada seis meses para verificar se há sinais de câncer.
Quando o câncer de fígado se desenvolve, geralmente não causa sintomas
próprios. À medida que progride, pode exacerbar as complicações da cirrose ou
causar sintomas como dor, sensação de saciedade rapidamente e icterícia. Algumas
pessoas com câncer de fígado por cirrose são tratadas com um transplante de
fígado, que remove o câncer. As pessoas que podem ser candidatas a um
transplante de fígado, se com pequenos cânceres que não se espalharam para fora
do fígado.
4. CIRROSE E INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA
A insuficiência hepática aguda é a perda da função hepática que ocorre
rapidamente. É mais comumente causada por um vírus da hepatite ou
medicamentos, como paracetamol. A insuficiência hepática aguda é menos comum
do que a insuficiência hepática crônica, que se desenvolve mais lentamente, a
insuficiência hepática pode ser uma emergência com risco de vida que requer
atenção médica imediata. Em muitos casos, a insuficiência hepática crônica resulta
da cirrose.
A cirrose é quando o tecido cicatricial substitui o tecido saudável do fígado.
Isso impede que o fígado funcione normalmente. A cirrose é uma doença hepática
de longo prazo, ou seja, crônica. Com essa doença os danos ao fígado aumentam

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com o tempo. Quando o paciente obtém um diagnóstico de cirrose, o tecido
cicatricial retarda o fluxo de sangue através do fígado. Com o tempo, o fígado não
pode trabalhar da maneira que deveria, e em casos graves, o fígado fica tão
danificado que para de funcionar, perdendo sua função hepatocelular. Isso é
chamado de insuficiência hepática.
A cirrose refere-se a uma condição nodular progressiva, difusa, fibrosa, que
perturba toda a arquitetura normal do fígado. A cirrose é a cicatrização do fígado por
lesões repetidas ou duradouras, como o consumo excessivo de álcool por um longo
período de tempo ou infecção crônica por hepatite. À medida que o tecido cicatricial
substitui o tecido saudável do fígado, o fígado perde sua capacidade de funcionar
levando a insuficiência hepática. A insuficiência hepática é mais frequentemente
causada por: Infecções virais, como hepatite B. O uso excessivo de certas drogas ou
toxinas, e o uso de outros medicamentos, incluindo certos antibióticos,
antidepressivos, medicamentos anticonvulsivos, hormônios artificiais e
medicamentos antifúngicos e ervas. Também pode ser causada por distúrbios
metabólicos ou vasculares, como doença de Wilson e hepatite autoimune.
Qualquer inflamação ou infecção crônica ao fígado pode causar progressão
para insuficiência renal. Neste caso 80 a 90 por cento do parênquima hepática deve
ser destruída antes que se manifeste clinicamente, e elas geralmente estão
relacionadas à função hepática prejudicada ou à ruptura de suas células funcionais.
As causas mais comuns de cirrose que pode levar a insuficiência hepática
são: Hepatites, abuso de álcool, doença hepática gordurosa não alcoólica. Outras
causas menos comuns são: Doenças autoimunes, onde o sistema de combate a
infecções do corpo (sistema imunológico) ataca o tecido saudável, tubos bloqueados
ou danificados, que são responsáveis pelo transporte da bile do fígado para o
intestino, e também o uso de certos medicamentos.
A cirrose e a insuficiência hepática crônica são as principais causas de
mortalidade, com a maioria dos casos evitáveis atribuídos ao consumo excessivo de
álcool, hepatite viral ou doença hepática gordurosa não alcoólica. E muitas vezes é
uma doença indolente a maioria dos pacientes permanece assintomáticos até o seu
diagnóstico. O diagnóstico da cirrose e insuficiência hepática pode ser feito através
da biopsia hepática ou avaliação serológica.

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A insuficiência hepática pode afetar muitos dos órgãos corpo. Podendo
causar complicações como infecção, deficiências eletrolíticas e sangramento. Sem
tratamento, tanto a insuficiência hepática aguda quanto a crônica podem
eventualmente resultar em morte.
5. BIOMARCADORES DE FUNÇÃO HEPÁTICA
Na prática clínica, um dos principais métodos de diagnóstico de doenças
hepáticas é o uso de testes de função hepática. Os testes de função hepática são
exames de sangue usados para investigar suspeitas de doenças hepáticas, para
monitorar a atividade do fígado ou como exames de rotina. Os testes de função
hepática compreendem um conjunto de marcadores bioquímicos que estão
envolvidos nas diversas funções e atividades metabólicas do fígado. Em caso de
disfunção hepática devido a uma doença ou lesão externa, os níveis dos
marcadores bioquímicos se alteram. Podem ajudar a diagnosticar doenças
hepáticas.
Os principais biomarcadores de testes de função hepática são os seguintes:
Bilirrubina sérica, bilirrubina é um composto amarelado encontrado na corrente
sanguínea. É formado após a quebra dos glóbulos vermelhos (heme). O fígado
desempenha um papel crucial no metabolismo da bilirrubina, portanto,
anormalidades nos níveis séricos de bilirrubina podem indicar disfunção
hepática. Por exemplo: Altos níveis de bilirrubina sérica podem ser observados em
hepatite viral, lesão hepática tóxica e em caso de danos às células do fígado.
Alanina Amino Transferase (ALT): A ALT é uma enzima encontrada em altas
concentrações no fígado. Também é encontrado nos músculos, rins e coração, mas
em concentrações mais baixas do que no fígado. Os níveis de ALT são elevados em
caso de qualquer lesão ou doença hepática. Por exemplo: Níveis de ALT
marcadamente elevados são observados em hepatite viral, lesão hepática isquêmica
(suprimento sanguíneo insuficiente) e lesão hepática induzida por toxinas.
Aspartato aminotransferase (AST): AST é uma enzima que se encontra nas
concentrações mais elevadas no coração. Em concentrações muito mais baixas, é
encontrado no fígado, nos rins e nos músculos esqueléticos. Embora a AST seja
encontrada em baixas concentrações no fígado, ela tem importância diagnóstica na
identificação de certas doenças hepáticas, como hepatite alcoólica, condição do tipo

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necrótica de células hepáticas e cirrose hepática. Em todas essas doenças, os
níveis de AST estão acima do normal.
Relação AST/ALT: Esta relação é aumentada no comprometimento
progressivo da função hepática. A relação AST/ALT também tem sensibilidade na
detecção de cirrose hepática.
“A ALT é considerada mais específica que a AST, pois é expressa principalmente no tecido
hepático e em baixas concentrações em outros lugares, enquanto a AST pode ser apresentada no
fígado, coração, músculo esquelético, rim, cérebro, pâncreas e tecidos pulmonares, e até mesmo em
glóbulos brancos e vermelhos (Giboney, 2005).”
Fosfatase Alcalina (ALP): ALP é uma enzima envolvida no transporte de
lipídios nos intestinos. Também é importante para a calcificação dos ossos. A
elevação nos níveis de ALP pode ser observada em cânceres metastáticos do
fígado e dos ossos. Outras doenças hepáticas, como doença hepática
granulomatosa, também podem causar elevação da ALP.
Gamma Glutamil Transferase (GGT): GGT é uma enzima encontrada nas
células do fígado e do trato biliar. Os níveis de GGT estão elevados na infecção
crônica por hepatite C, pancreatite aguda, hipertireoidismo, infarto do miocárdio e
diabetes mellitus não complicada.
α-fetoproteína (AFP): AFP é uma importante proteína sérica que é altamente
elevada em pacientes com carcinoma hepatocelular (câncer de fígado) e cirrose. Um
alto nível de AFP é diretamente proporcional ao tamanho do tumor hepático.
Ácido hialurônico: Os níveis séricos de Ácido hialurônico estão relacionados
ao estágio da fibrose e ao grau de necroinflamação. Níveis elevados têm sido
detectados na fibrose hepática. Tem sensibilidade e especificidade, na fibrose
hepática, e especialmente nas doenças hepáticas gordurosas não alcoólicas.
5' Nucleotidase (NTP): Esta é uma glicoproteína que é considerada um
marcador preciso de tumores hepáticos primários ou secundários precoces. Níveis
elevados de NTP também são encontrados na icterícia obstrutiva e doença óssea.
α-fetoproteína (AFP): AFP é uma importante proteína sérica que é altamente
elevada em pacientes com carcinoma hepatocelular (câncer de fígado) e cirrose. Um
alto nível de AFP é diretamente proporcional ao tamanho do tumor hepático.
A albumina geralmente está presente em grandes quantidades no sangue. É
usado para ligar hormônios, certos produtos químicos e drogas. A albumina também

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regula a troca entre o sangue e os tecidos. Se a concentração de água nos fluidos
corporais não for a mesma das células, existe o risco de que o fluido saia das
células.
O fígado monitora constantemente o nível de pressão do corpo para garantir
que ele esteja equilibrado. Se o fígado não conseguir sintetizar albumina suficiente,
pode ocorrer um acúmulo de líquido nos tecidos. Este é geralmente um sintoma
associado à cirrose descompensada, onde o líquido pode se acumular nos
tornozelos, pés ou pernas (edema) ou no abdômen (ascite).
Ferro: O fígado armazena e libera ferro ao redor do corpo conforme e quando
necessário. Por si só, o ferro é tóxico para as células do corpo, de modo que o corpo
o liga a uma proteína. No fígado, o ferro está ligado à proteína ferritina.
Quando a doença hepática está relacionada a um aumento nas quantidades
de ferritina no fígado, pode causar danos aos tecidos e órgãos. Isso é chamado de
hemocromatose.
O ferro também é essencial para a produção de hemoglobina. Isso ajuda a
transportar o oxigênio na corrente sanguínea. Se não houver ferro suficiente para
produzir hemoglobina, isso pode levar a letargia e anemia.
Amônia: A amônia é uma substância tóxica derivada do metabolismo de
proteínas. O fígado converte amônia em uréia, que é solúvel em água, não tóxica e
excretada pelos rins. A disfunção hepática na cirrose descompensada pode levar à
incapacidade de converter essa amônia, que então se acumula no sangue.
As proteínas têm muitas funções vitais. Usada para o crescimento e
manutenção dos tecidos do corpo, como músculos, coração, rins e paredes dos
vasos sanguíneos. O fígado produz centenas de proteínas diferentes com funções
diferentes. Alguns transportam vitaminas e minerais pelo corpo. Alguns agem como
catalisadores para acelerar as reações metabólicas, regulam o padrão de todas as
diferentes atividades dentro de uma célula. Certas proteínas no sangue podem ser
elevadas à medida que o corpo combate uma infecção ou alguma outra inflamação
neste órgão, que posteriormente poderão ser utilizadas como biomarcadores.

6. TRATAMENTO E PRENVENÇÃO
Muitas doenças hepáticas têm uma longa duração, e existem poucos
tratamentos que podem alterar diretamente seu curso. Para diminuir a necessidade

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de transplante de fígado e retardar a morte, torna-se importante evitar lesões no
fígado. Os dados existentes mostram que as estratégias preventivas de evitar álcool,
vacinação contra hepatite, evitar contaminação, suplementação de ferro somente
quando a deficiência de ferro é demonstrada e dieta com baixo teor de gordura são
prudentes em pacientes com doença hepática.
Alguns cuidados básicos necessários: Evitar álcool, procurar vacinas contra
hepatite A e B. Também receber vacinas anuais contra a gripe. Evitar medicamentos
tóxicos para o fígado, como analgésicos de venda livre. Uma dieta com baixo teor de
gordura. Caso a cirrose venha se desenvolver, é recomendável que faça exames
anuais para acompanhar o risco de sangramento, e triagem para detectar câncer de
fígado.
Outra forma de prevenção é estar atento aos sintomas, como: Icterícia que é
acúmulo da bilirrubina, ocorrendo quando o fígado não consegue filtrar substâncias
tóxicas de forma eficaz. Varizes hemorrágicas, doenças hepáticas podem causar
coágulos ou bloqueios ao redor do fígado, reduzindo o fluxo normal de sangue para
o órgão, vômitos de sangue e fezes com sangue são sinais comuns de sangramento
de varizes. Ascite, danos graves no fígado podem causar acúmulo de líquido no
abdômen, causando inchaço. Encefalopatia, uma consequência da doença hepática
é o seu impacto na função cerebral, causando esquecimento, confusão, mãos
trêmulas, fala arrastada e desorientação.
O fígado é extremamente vital e a prevenção e tratamento reduz a
probabilidade de um distúrbio hepático, e um desenvolvimento para uma doença
hepatocelular grave. O aspecto mais importante do tratamento em pacientes com
insuficiência hepática aguda é fornecer um bom suporte de terapia intensiva. A
maioria dos pacientes com insuficiência hepática aguda tende a desenvolver algum
grau de disfunção circulatória, e a atenção cuidadosa deve ser dada.
Em casos graves onde o fígado se encontra com sua função comprometida, o
transplante de fígado é indicado para os pacientes, geralmente com diagnóstico de
cirrose hepática, insuficiência hepática, câncer de fígado. O transplante de fígado
envolve a substituição de um fígado doente por um fígado saudável.
O transplante de fígado é uma cirurgia complicada e de grande porte,
portanto, as pessoas submetidas à cirurgia precisam estar saudáveis o suficiente

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para sobreviver à cirurgia e à recuperação. Além disso, mesmo as pessoas que são
boas candidatas devem esperar que um fígado compatível esteja disponível.
A lista de espera para um transplante de fígado é longa, por isso é importante
que as pessoas descubram o mais cedo possível (enquanto ainda estão
relativamente saudáveis) se um transplante de fígado é uma opção razoável. É
extremamente importante cuidar da saúde do fígado, pois não fazer isso pode levar
ao desenvolvimento de doenças crônicas debilitantes.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O fígado é um órgão essencial do corpo que desempenha diversas funções
vitais. Estes incluem a remoção de resíduos e substâncias estranhas da corrente
sanguínea, regulando os níveis de açúcar no sangue e criando nutrientes
essenciais.
Existem muitos tipos de doença hepática, que podem ser causadas por
infecções, doenças hereditárias, obesidade e uso indevido de álcool. Com o tempo,
a doença hepática pode causar cirrose (cicatrizes). À medida que mais tecido
cicatricial substitui o tecido saudável do fígado, o fígado não pode mais funcionar
adequadamente. Se não for tratada, a doença hepática pode levar à insuficiência
hepática e câncer de fígado. O tratamento precoce pode ajudar a curar os danos e
prevenir a insuficiência hepática.
O sistema imunológico, o trato digestivo, o rim, o cérebro e o sistema
cardiovascular dependem de um fígado saudável e que funcione bem. É por isso
que doenças do fígado, como a hepatite C, podem ter sintomas tão variados. Como
um fígado doente pode afetar potencialmente todos os principais sistemas e órgãos
do corpo, é muito importante entender como ele funciona e como cuidar dele.
A maioria dos tipos de doença hepática não causa sintomas nos estágios
iniciais. Os sintomas da doença hepática podem variar, mas muitas vezes incluem
inchaço do abdômen e das pernas, hematomas facilmente, alterações na cor das
fezes e da urina e icterícia ou amarelecimento da pele e dos olhos. Às vezes, não há
sintomas. Testes como exames de imagem e testes de função hepática podem
verificar danos no fígado e ajudar a diagnosticar doenças hepáticas.

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Vários testes de função hepática estão disponíveis para testar a função
adequada do fígado. Estes testam a presença de enzimas no sangue que são
normalmente mais abundantes no tecido hepático, metabolitos ou produtos.
proteínas séricas, albumina sérica, globulina sérica, alanina transaminase, aspartato
transaminase, tempo de protrombina. utilizados como triagem básica de disfunção
hepática.

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