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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

FACULDADE DE BIOMEDICINA

SARAH BIANCA FERNANDES

PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA, FISIOPATOLOGIA E


ACOMPANHAMENTO LABORATORIAL.

JATAÍ

2022
SARAH BIANCA FERNANDES

PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA, FISIOPATOLOGIA E


ACOMPANHAMENTO LABORATORIAL.

Avaliação de desempenho como resultado o


atingimento das metas de compreensão,
valendo 40 pontos.

Prof. Tharlley Rodrigo Eugênio Duarte.


Unidade curricular: Análises metabólicas e
perfusionais.

JATAÍ
2022

RESUMO

O objetivo da presente pesquisa é analisar o papel metabólico do fígado e os


distúrbios hepáticos. O fígado é um grande órgão maciço, e seu suprimento
sanguíneo é feito por duas vias, pela artéria hepática e pela veia porta. Toda a
circulação sanguínea do trato digestivo drena em direção à veia porta, de forma que
nenhum nutriente ou substância ingerida consiga chegar ao resto do organismo sem
antes passar pelo fígado. Este processo é de suma importância, pois é o fígado
quem controla de qual forma as substâncias que são absorvidas em todo intestino
vão entrar na circulação sistêmica. O fígado é extremamente vascularizado, o que
lhe permite realizar diversas funções vitais. Destaca-se a regulação de nutrientes,
síntese proteica e de outras moléculas, conjugação e excreção de diversos
compostos, armazenamento de substâncias, função endócrina, função imunológica,
formação e excreção da bile. Como consequência, é um dos órgãos quem tem seu
funcionamento prejudicado, devido a infecções por alguns tipos de vírus, bactérias,
em resposta ao sistema imunológico, além do abuso do consumo de álcool, drogas
ou medicamentos. Caso este órgão perca sua função e os cuidado necessários não
sejam tomados, com o tempo pode apresentar distúrbios hepáticos graves. Na
avaliação de uma possível patologia hepática, é necessário pesquisar a existência
de fatores de risco para doença hepática, e o estudo laboratorial, como testes
serológicos da função hepática. Os biomarcadores utilizados como triagem básica
de disfunção hepática são AST ou TGO, ALT ou TGP, GGT, FA, albumina,
bilirrubina e plaquetas.

Palavras-chave: Função hepática. Metabolismo hepático. Fígado. Patologia


hepática. Testes serológicos. Biomarcadores.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................6

2. ÉTICA, A MATRIZ DA PROBIDADE.......................................................................8

2.1. DEFINIÇÃO E CONCEITO DE ÉTICA...............................................................8

2.2. ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO...............................................................................8


2.3. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA......................................................10
2.3.1. Princípio da legalidade..................................................................................11
2.3.2. Princípio da impessoalidade........................................................................11
2.3.3.  Princípio da moralidade....................................................................................12
2.3.4. Princípio da publicidade...............................................................................13
2.3.5. Princípio da eficiência.......................................................................................13
2.4. ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA........14
2.5. ÉTICA NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS NAS ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS...16
2.6. CÓDIGO DE ÉTICA PARA SERVIDORES PÚBLICOS..................................17

3. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA....................................................................22

3.1. CONCEITO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA..................................................23


3.2. PRINCIPAIS ALTERAÇÕES DA LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
(14.230/2021).................................................................................................................... 24
3.3. APLICABILIDADE RETROATIVA DA LEI 14.230/2021: HISTÓRICO,
DIVERGÊNCIAS, POSSIBILIDADES E IMPOSSIBILIDADES..........................................25
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................37
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1 FUNÇÃO HEPÁTICA

O fígado é um órgão vital no corpo humano. Desempenha um papel


importante na sobrevivência humana. Este órgão é responsável por uma série de
funções que ajudam a apoiar o metabolismo, imunidade, digestão, desintoxicação,
armazenamento de vitaminas entre outras funções. Compreende cerca de 2% do
peso corporal de um adulto. O fígado é um órgão único devido ao seu duplo
suprimento de sangue da veia porta (aproximadamente 75%) e da artéria hepática
(aproximadamente 25%).
A unidade funcional do fígado é o lóbulo. Cada lóbulo é hexagonal e uma
tríade portal (veia porta, artéria hepática, ducto biliar) fica em cada canto do
hexágono. A fundação do lóbulo é composta de hepatócitos, que possuem
membranas apicais e basolaterais fisiologicamente distintas. Com base na função e
perfusão, os hepatócitos são divididos em 3 zonas.
A zona I é considerada a região periportal dos hepatócitos e é a melhor
perfundida e a primeira a regenerar devido à sua proximidade com o sangue e
nutrientes oxigenados. Devido à sua alta perfusão, a zona I desempenha um grande
papel nos metabolismos oxidativos, como beta-oxidação, gliconeogênese, formação
de bile, formação de colesterol e catabolismo de aminoácidos.
A zona II é definida como a região pericentral dos hepatócitos e a zona II fica
entre as zonas I e III.
A zona III tem a menor perfusão devido à sua distância da tríade portal.
Desempenha o maior papel na desintoxicação, biotransformação de drogas,
cetogênese, glicólise, lipogênese, síntese de glicogênio e formação de glutamina.
O fluxo biliar é ainda facilitado pelo canal biliar, que é formado por
membranas apicais de hepatócitos vizinhos. Devido aos arranjos tridimensionais dos
hepatócitos, os canalículos formam uma rede, que ajuda a aumentar a área
superficial do fluxo. É importante reconhecer que a bile e o sangue fluem em
direções opostas entre si.
O fígado desempenha um papel em quase todos os órgãos do corpo. Ele
interage com os sistemas endócrino e gastrointestinal, ajudando na digestão e
metabolismo. O fígado é o local de armazenamento para vitaminas lipossolúveis e
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lida com a homeostase do colesterol. Armazena ferro e cobre. Desempenha um


papel na hematologia com fator de coagulação e síntese de proteínas.
O fígado desempenha um papel na quebra da heme em bilirrubina não
conjugada e a conjuga. Ele desempenha um papel no metabolismo do hormônio
sexual e produz proteínas portadoras que são importantes na reprodução e
desenvolvimento. Este órgão também é importante no sistema imunológico do
corpo, devido as suas células de Kupffer, que são responsáveis por filtrar material
desnecessário ou patológico da circulação. E as suas células Ito, que servem como
armazenamento de gordura, como a vitamina A. No ambiente certo, elas também
podem servir como miofibroblastos e ajudar na regeneração do fígado.

2. REGULAÇÃO DO METABOLISMO DE NUTRIENTES

O fígado desempenha um papel essencial no metabolismo e tem um papel


importante em preservar e regular os níveis de lipídios, glicose no corpo. Entre as
funções importantes desempenhadas pelo fígado está manutenção dos níveis de
glicose no sangue através das seguintes vias: glicólise, glicogênese, glicogênese,
gliconeogênese.
 

2.1. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 

 
A Administração Pública junto com a ação administrativa e todos aqueles que 
desempenham o poder público precisa atuar baseada em padrões, assim é possível
afirmar que os princípios são relevantes, principalmente  para  garantir  a resolução
de casos não previstos, para proporcionar melhor compreensão dos textos esparsos
e para conferir segurança aos cidadãos no tocante à extensão dos seus direitos e
deveres” (MEDAUAR, 2015,  p.148). 
A função dos princípios no campo administrativo é destacada por José Afonso
da Silva (2009, p. 614): 
A Administração Pública é informada por diversos princípios, destinados, de
um lado, a orientar a ação do administrador na prática do atos
administrativos e, de outro lado, a garantir a boa administração que se
consubstancia na correta gestão dos negócios públicos e no manejo dos
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recursos públicos (dinheiro, bens e serviços) no interesse coletivo, com o


que também se assegura aos administrados o seu direito a práticas
administrativas honestas e probas 

Os princípios administrativos constituem pressupostos fundamentais que


devem servir de inspiração ao conjunto do modo de agir da Administração Pública.

2.1.1.  Princípio da legalidade 

Esta figura como a diretriz fundamental da conduta dos agentes da


Administração. Importa afirmar que toda e qualquer atividade administrativa precisa
ser autorizada pela legislação. Caso contrário, essa atividade torna-se ilícita.  
Nesse sentido “enquanto na Administração Pública particular é lícito fazer
tudo que a lei não proíbe, na Administração Pública só permitido fazer o que a lei
autoriza. A lei para o particular significa ‘pode fazer assim’; para o administrador
significa ‘deve fazer assim’ (DIAS, 2012). 
Nos ensinamentos de Guilherme de Souza Nucci, tal Princípio tem como
compreensão:  
Princípio da legalidade ou da reserva legal:  trata-se do fixador do conteúdo
das normas penais incriminadoras, ou seja, os tipos penais, mormente os
incriminadores, somente podem ser criados através de lei em   sentido
estrito, emanada do Poder Legislativo, respeitado o processo previsto na
Constituição [...]. Encontra-se previsto no art. 5º, XXXIX, da CF, bem como
no art. 1º do Código Penal. (NUCCI, 2014, p.11-12). 

 
2.1.2. Princípio da impessoalidade  

Possui uma diversidade de interpretações.  Primeiramente, refere-se ao


conhecido princípio da finalidade, que impõe ao administrador que sua conduta se
preocupe  apenas com a satisfação do interesse público. Caso não seja assim
acatado, incidirá o agente em desvio de finalidade, o que se apresenta como uma
das modalidades de abuso do poder.  
Ana Paula Oliveira Ávila, ensina que: a impessoalidade restará como o
princípio que impõe à Administração Pública o dever de respeitar e garantir o direito
de igualdade dos  administrados e de não usar o aparato público para amealhar
proveito pessoal ou para outra pessoa; o dever de proceder com objetividade na
8

opção dos meios necessários para a satisfação do bem comum; o dever e obrigação
de imparcialidade do administrador quando da prática de atos e decisões que afetem
interesses privados perante a Administração, e, inclusive, na decisão sobre o
conteúdo dos interesses públicos em concreto; o dever de neutralidade do    
administrador, que deve caracterizar a postura institucional da Administração e  
determinar  aos agentes públicos   o   dever   de   não deixar   que   suas  
convicções   políticas, partidárias ou ideológicas interfiram no desempenho de sua
atividade funcional; e, ainda, na sua exteriorização, o dever de transparência
(ÁVILA, 2004). 

2.3.3.  Princípio da moralidade 

Este impõe que o administrador público contemple os princípios éticos que


devem estampar em sua conduta. Dessa forma, não devem apenas se observados
os critérios de oportunidade, conveniência e justiça dos seus atos, mas ainda
diferenciar o que é honesto e desonesto. 
Honestidade e licitude e são os aspectos distintivos entre o direito e a moral,
pois nem tudo que é lícito é honesto, conforme já proclamavam os romanos: non
omne quod licet honestum est. 
Nessa perspectiva Bradbury (2008) leciona que o Princípio da Moralidade
Administrativa é um pressuposto normativo, oriundo do princípio republicano da
ampla responsabilidade estatal, que produz uma obrigação de resultado para o
agente público, o qual deve se submeter à sua dimensão: A legal
(legalidade estrita), a moral (ética, honestidade, lealdade) e a finalidade (conveniente
ao interesse público), motivo pelo qual é chamado de Tríplice Dimensão da
Legalidade. 
Ao constatar que para a efetivação do Princípio da Moralidade o agente
precisa atuar de modo honesto, então, há certa semelhança com a aplicação do
princípio da boa-fé objetiva, proveniente do Direito Civil brasileiro, em que a ação
das partes existentes em um negócio jurídico é fundamentada por deveres
vinculados princípio da boa-fé objetiva. Na concepção de Flávio Tartuce esses
deveres são: 
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I. o dever de cuidado em relação à outra parte negocial; 


II. o dever de respeito; 
III. o dever de informar a outra parte o conteúdo do negócio; 
IV. o dever de agir conforme a confiança depositada; 
V. o dever de lealdade e probidade; 
VI. o dever de colaboração ou cooperação; 
VII. o dever de agir conforme a razoabilidade, a equidade, a boa razão
(TARTUCE, 2013, p.550). 

2.3.4. Princípio da publicidade  

É necessário haver ampliada divulgação dos atos praticados pela


Administração, de modo a assegurar a devida transparência a estes atos,
excetuando-se as hipóteses nas quais a lei autoriza o sigilo. 
Nesse sentido, Medauar (2015, p.235) leciona que:   

O secreto, invisível, reinante na Administração, mostra-se contrário ao


caráter democrático do Estado.  A  publicidade  ampla  contribui  para
garantir  direitos dos administrados; em  nível  mais  geral,  assegura 
condições  de  legalidade objetiva porque atribui à população o direito de
conhecer o modo como a Administração atua e  toma  decisões;  abate  o 
muro secreto  da  cidadela administrativa,  possibilitando  o controle
permanente sobre suas atividades [...] com a publicidade como regra, tem-
se o diálogo em lugar do mutismo, a transparência em lugar da opacidade, e
suscita-se a confiança do administrado na Administração. 

Celso Antônio Bandeira de Mello destaca que, se os interesses públicos são


indisponíveis, se são interesses de toda a coletividade, os atos emitidos a título de
executá-los devem ser dados à publicidade. Portanto, “O princípio da publicidade
impõe a transparência na atividade administrativa exatamente para que os
administrados possam conferir se está sendo bem ou malconduzida” 

2.3.5. Princípio da eficiência 

É o princípio mais recente a integrar a função administrativa, foi integrado na


redação constitucional por meio da Emenda Constitucional nº 19/1998. Determina ao
agente público uma forma de atuar que gere resultados favoráveis ao alcance dos
fins que competem ao Estado atingir, isso significa que a ações públicas não devem
ser baseadas apenas na legalidade, mas em resultados satisfatórios e positivos no
tocante a atenção aos administrados.  
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Dessa forma, fica evidenciado que a atuação da Administração Pública não


deve se restringir à observância dos princípios elencados, devendo ser observados,
também, outros princípios implícitos e não expressos no texto da Constituição
Federal. 
(DIAS, 2012).  

 
2.4. ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA 
 
A história mostra que a convivência dos seres humanos em coletividade
concorreu significativamente para se tornarem seres políticos e sociais
(ALENCASTRO, 1997).  Dessa maneira, o ser humano, busca segurança que possa
assegurar sua sobrevivência, formando agrupamentos, e que acabam aflorando seu
oportunismo e individualismo para conseguir benefícios da Administração.  
Portanto, regulamentos, normas, leis, regras, e devem existir para que
disciplinem as relações humanas e que ajudem para nortear o que é lícito ou ilícito,
justo ou injusto, certo ou errado.  
É a partir desse pressuposto, que surge a ética profissional, uma deontologia,
isto é, segundo Kant, uma filosofia que faz parte da filosofia moral contemporânea,
que significa ciência do dever e da obrigação, também conhecida como “Teoria do
dever” que foca nos deveres e normas estabelecidos a priori e que precisam ser
observados por todos. 
Portanto, a ética profissional como leciona Silva (2004, p.72), “é um conjunto
de normas de conduta que deverão ser postas em prática no exercício de qualquer
profissão”. Dessa forma, a ética compõe-se de solução para os problemas que
alcançam o servidor no cumprimento do seu ofício, obrigando aos profissionais
respeitem uns aos outros no ato de exercerem suas funções. Nesse sentido, a ética
profissional: estudaria e regularia o relacionamento do profissional com aqueles que
usufruem do seu trabalho, visando à dignidade humana e a construção do bem-estar
no contexto sociocultural onde exerce sua profissão (SILVA, 2004). Nessa
perspectiva: 
O viés subjetivo da moralidade administrativa se mostra como a obrigação
dos agentes públicos de comportar-se em conformidade com as regras
éticas (não só o Estado, enquanto pessoa jurídica), donde deriva outro
subprincípio – a probidade administrativa, que veda atos desonestos ou
11

desleais, não só decorrentes da inobservância por parte da Administração


Pública, mas também, pelos particulares. (FERREIRA, 2009, p.117).  

Nesse sentido, quando retomado o conceito de ética profissional, estamos


abordando a natureza normativa e jurídica que disciplina as profissões, partindo de
códigos e regulamentos específicos. Logo, infere-se que a ética integra variadas
profissões, entre elas está a do Servidor Público. Há que se observar que o próprio
conceito de Servidor Público foi estabelecido pela Lei 8.429/92, pois omisso no texto
constitucional e na Lei do Servidor. 
Assim é possível destacar que a ética profissional é “a reflexão sobre a
atividade produtiva, para assim extrair o conjunto excelente de ações, relativa ao
modo de produção”.  Portanto, a ética está vinculada diretamente à vida humana,
sua interferência se apresenta na vida profissional, contexto que cada profissional
tem determinadas obrigações e responsabilidades individuais e sociais (SANTOS,
1997). 
A atuação ética ou não do profissional é um tema abordado em função da sua
importância, sobretudo quando a questão se refere às qualidades pessoais ou
virtudes. Segundo Aristóteles (1992, p.75) tal concepção era antiga, ao cotejar, por
exemplo, a virtude da honestidade:  

[...] Outras pessoas se excedem no sentido de obter qualquer coisa e de


qualquer fonte –por exemplo-os que fazem negócios sórdidos, os
proxenetas e demais pessoas desse tipo, bem como os usuários, que
emprestam pequenas importâncias a juros altos. O que há de comum entre
elas é obviamente uma ganância sórdida, e todas carregam um aviltante por
causa do ganho–de um pequeno ganho, aliás.  Com efeito, aquelas pessoas
que ganham muito em fontes erradas, e cujos ganhos não são justos–por
exemplo, os tiranos quando saqueiam cidades e roubam templos, não são
chamados de avarentos, mas de maus, ímpios e injustos [...].
(ARISTÓTELES, 1992, p.75). 

As virtudes consideradas profissionais, como:  a competência, a honestidade,


a lealdade, a perseverança, a responsabilidade, o sigilo, a coragem, a prudência e a
imparcialidade, são fundamentais que devem estar presentes na vida dos
profissionais que trilham uma conduta ética assertiva e imprescindível para a
administração pública.  As virtudes não podem ser deixadas de lado pelos
servidores, ou seja, o respeito aos segredos das pessoas, dos negócios, das
empresas e organizações precisam ser desenvolvidos ao longo da formação dos
futuros profissionais. (ALENCASTRO, 1997). 
12

Nesse aspecto, se um dos princípios for desrespeitado, a sociedade poderá


sofrer graves consequências e impactos, uma vez que os princípios se
complementam, e a inobservância no cumprimento de um desses princípios poderá
acarretar erros irreparáveis para a coletividade. 

2.5.  ÉTICA NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS NAS ORGANIZAÇÕES


PÚBLICAS  

 
Destaca-se que o “procedimento de alguém face a estímulos sociais ou a
sentimentos e necessidades íntimos ou uma combinação dos dois” (HOUAISS,
2009). Dessa forma, pode-se interpretar que as dinâmicas comportamentais de
interação do trabalhador no meio organizacional mostram fatores que buscam
influenciar em sua produtividade e o bom relacionamento interpessoal dentro da
instituição.  Outra ideia que se pode destacar como ensina Robbins (2009, p.2) que
“a compreensão do comportamento individual se inicia pela revisão de alguns
conceitos, tais como: valores, atitudes, percepção e aprendizagem”. 
O comportamento ético destacado por Cohen (2003) tornou-se relevante 
dentro das instituições públicas ou não por ser um valor substancial da sociedade
contemporânea, e que mesmo com a possibilidade de desvios morais e éticos
vindos dos indivíduos torna-se imperativo transformações profundas no interior das
instituições para que seja permeado de éticos e morais e reconhecidos pela
sociedade. 
O comportamento ético associado às escolhas morais das pessoas, isto é,
não depende das escolhas realizadas pelo indivíduo, pois deverá saber ter uma
conduta ético que lhe auxilie a permanecer no convívio em sociedade/organização
(DUBRIN, 2010). Ainda nesse sentido,  

[...] Note-se que a causa para falha ou ausência de postura ética pelos
ocupantes de cargos públicos, no Brasil, não pode ser atribuída à
insuficiência de ditames legais, em face de todos que foram arrolados; a
questão cultural enraizada na sociedade é tão importante quanto a
existência de preceitos normativos, sem esquecer que a deficiência da
educação formal e o descaso com a coisa pública contribuem deveras para
tal efeito. (FERREIRA, 2009, p.47). 
13

As pessoas baseiam suas crenças e concepções no que é certo ou errado, o


que é bom ou mau, entretanto tais valores não nascem com o indivíduo, são
adquiridos com o passar do tempo e tendo como referência os professores, pais,
parentes, ou mesmo personalidades conhecidas. (CHAVES, 2013). A ética constitui-
se em  valor notável para as instituições públicas, valor esse que ajuda a melhorar o
comportamento humano, e dessa forma:  
A ética não é uma propriedade íntima da razão ou do sentimento, que só
existe reclusa na interioridade da pessoa; ela excede a intimidade e surge
no ethos humano e no ethos público. Objetivamente, pode-se definir a ética
institucional como o conjunto de princípios, valores e padrões que regula o
comportamento das atividades   da   instituição   do   ponto   de   vista   do
bem ou do mal (ALONSO; LÓPES; CASTRUCCI, 2009, p.147). 

A ética por parte dos gestores na Administração Pública e a moralidade social


devem ser prioridades. No entanto, entre as grandes dificuldades em ações de
reforma do Estado está na ruptura de antigos paradigmas de benesses, privilégios e
impunidade, colocar em prática condutas isonômicas que servem, tanto aos
beneficiários dos serviços públicos, como agentes dos quadros do Estado, que,
precisam se submeter às mesmas normas morais (BRASIL, 2009). 
Uma vez instituído o código de ética nas organizações, é imperioso a
absorção das práticas assertivas que ele tem como proposta, por meio dos
servidores e agentes das instituições. No entanto, pode-se dizer que existem
questões de natureza ética no serviço público, como destaca Carneiro (1998, p.3),
“os funcionários públicos não são responsáveis pela deterioração dos serviços
públicos, pela burocratização e pela quebra dos padrões de conduta ética da
administração pública”. 
  

2.6. CÓDIGO DE ÉTICA PARA SERVIDORES PÚBLICOS 


 
Segundo Daft (2006), os Códigos de Ética florescem nas organizações
visando disciplinar a conduta do empregado e ou servidor e construir instrumento de
punição para às transgressões de conduta.  
O código é uma relevante ferramenta para a administração dos valores
organizacionais; a construção do Código de Ética é ação primordial para começar o
processo de divulgação. É por meio deste que as normas de conduta da instituição
14

ficam instituídas e suavizam a sensação de falta de credibilidade para apuração de


denúncias. (DAFT, 2006). 
Nesse sentido, como forma de implementar de maneira mais concreta os
princípios administrativos, foi instituído o Estatuto dos Servidores Federais, presente
na Lei nº 8.112/90 que, em seus artigos 116 e 117, define deveres e proibições aos
servidores, sujeitos a penalidades no caso de desvios. 

a dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios


morais são primados maiores que devem nortear o servidor público, seja no
exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da
vocação do próprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes
serão direcionados para a preservação da honra e da tradição dos serviços
públicos. (BRASIL, 1994). 

O inciso II estabelece que  

o servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua


conduta. Desta forma, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal,
o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno, mas
principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas
no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal. (BRASIL, 1994). 

A moralidade da Administração Pública é evidenciada, no inciso III do referido


Código, ao expressar que aquela não deve se restringir apenas a diferença entre o
bem e o mal. O objetivo dos atos deve ser dirigido aos bem coletivo. O agente
público precisa agir na busca do equilíbrio entre a legalidade e a finalidade na
tentativa se conseguir a consolidação da moralidade do ato administrativo
executado. 
Entre os principais deveres do servidor público apontam-se: ser justo, probo,
reto, leal, precisando estar ciente de que seu trabalho deve ser regido por princípios
éticos que se manifestam na correta prestação dos serviços públicos aos cidadãos. 
Outro dever relevante do servidor público é lutar contra toda sorte de
pressões de superiores, de contratantes, e outros que desejam conseguir qualquer
tipo de vantagem proveniente de atos imorais ou ilegais.  
Esse código define, ainda, condutas proibidas, constantes na Seção III, inciso
XV, que devem ser evitadas pelos servidores públicos federais, como: 

I. o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, posição e


influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem; 
15

II. usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício regular de direito


por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral ou material; 
III. pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda
financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou vantagem de qualquer
espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua
missão ou para influenciar outro servidor para o mesmo fim; 
IV. desviar servidor público para atendimento a interesse particular; 
V. fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu
serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros; 
VI. exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a empreendimentos
de cunho duvidoso. (BRASIL, 1990). 
VII. No Capítulo II deste Código também é prevista a criação de uma Comissão
de Ética, incumbida de orientar e aconselhar acerca da ética profissional do
servidor público, para atender as pessoas e cuidar do patrimônio público,
cabendo-lhe conhecer solidamente de imputação ou de procedimento passivo
de censura. 
VIII. (BRASIL, 1990). 

O Código de Ética precisa ser do conhecimento de todos os servidores e para


isso o treinamento, é uma das ferramentas usadas a curto prazo, que objetiva
capacitar o profissional em diversos setores e temas entre eles a ética, relevantes na
instituição, para que assim, possa obter resultados eficazes para a organização e
também para o servidor. (CHIAVENATO, 2008). 
Desse modo, é imprescindível a existência de treinamentos sobre o código de
ética para os servidores da Administração Pública. Por meio do treinamento o
servidor passará a conhecer as regras e normas que estão inseridas no código de
ética da Administração Pública e que devem ser seguidas por todos. 
O código de ética é entendido como um instrumento na política
organizacional, que busca ajuda o comportamento organizacional, a comunicação e
disseminação dos valores institucionais e, que produz o comprometido dos
servidores. (CABRAL, 2011). 
Desse modo, a criação e a execução do código de ética fazem-se necessário
dentro das organizações públicas, para instruir o comportamento laboral dos
servidores, evitando, dessa maneira, desvios de conduta no exercício da profissão,
bem como para que as atividades realizadas na instituição estejam de acordo com
as normas previstas nesse Código de Ética. 
Na concepção de Silva e Gomes (2008, p. 14), “o código de ética pode ser
utilizado como uma importante ferramenta para se obter harmonia e coerência de
16

objetivos junto aos funcionários”. O código de ética lista os direitos e deveres


fundamentais para o bom funcionamento da instituição pública. 
Nessa perspectiva, a Administração Pública precisa trabalhar com todos os
servidores a relevância de exercer suas atividades de rotina sempre baseadas nas
normas e princípios e normas que são instituídos pela administração. O Código de
Ética nos seu bojo:  
deve trazer os princípios morais mínimos, aqueles que jamais devem ser
transgredidos pela organização. O código de ética não deve ser utilizado de
forma instrumental para garantir a reputação da empresa e evitar condutas
dos funcionários que possam prejudicá-la. Deve ser um instrumento ético
efetivo, uma vez que até ‘a busca de resultados econômicos, um dos
objetivos da empresa, encontrará, nos códigos de ética, seus limites de
realização’. (PATRUS-PENA, 2010, p. 45). 

Nesse sentido, as normas e princípios são criados para serem seguidos pelos
servidores e cabe à própria Administração realizar a fiscalização, diuturnamente, a
conduta desses servidores sob o código de ética da instituição. 
Portanto, é possível afirmar que tanto as relações, quanto a conduta ética são
fatores imprescindíveis e que precisam estar presentes nos serviços oferecidos pela
Administração Pública, com isso “ [...] os relacionamentos entre as pessoas
constituem fatores importantes para o funcionamento correto da empresa, e a ética
da organização pode sofrer influência decisiva dos relacionamentos interpessoais”.
(GODOY; MASCARENHAS; PINTO, 2007, p. 25). 
Pelo exposto, é imperativo, dado o amparo ético, moral, legal é competência
dos gestores da Administração Pública, divulgar, continuamente, todas as
prestações de contas da instituição administrativa. Caso contrário, “poderá
responder por crime de responsabilidade” (BRASIL, 1988). 
Com isso os servidores públicos precisam ter uma formação ética, com o
objetivo de conhecerem melhor os valores da organização. De tal forma que, o
cumprimento da conduta ética faz-se imprescindível para o funcionamento das
instituições públicas. (FILGUEIRAS; ARANHA, 2011), 
Ferrel, Fraedrich e Ferrel (2001) destacam que a ética e os princípios morais
surgiram para também normatizar o padrão de conduta dos servidores públicos,
tornando-se norteadores para a comportamento social profissional. Com isso, a
Administração Pública tem o dever de privilegiar a disseminação e observância do
código de ética pelos servidores.  
17

Dessa maneira, a ética na Administração Pública tem como objetivo orientar,


estabelecer e executar o processo que envolve a relação entre o servidor e os
beneficiários do serviço público. Com tais valores subentendidos, fortalecidos, na
rotina e cultura de prestação de serviços, a ética na administração pública
desenvolve o papel de orientadora das ações dos servidores, buscando como
resultado a eficácia, eficiência e excelência no atendimento aos cidadãos   
A ética no contexto da Administração Pública há décadas recebe críticas
acirradas no que tange os desvios de conduta dos servidores, o que fomenta
grandes perdas no cerne dos valores éticos que precisam ser manifestados nos atos
do servidor público, a exemplo do compromisso que deve ter com a sociedade,
excelência na prestação dos serviços à coletividade, consecução de metas e
objetivos efetivo de metas, entre outros. (CARVALHO; ALVES, 2004), Nessa
perspectiva, pode-se afirmar que: 
Numa interpretação complacente, o jeitinho é sempre o instrumento que
possibilita a quebra de regras. Sejam boas ou ruins, por definição, elas são
universais e se aplicam a todos os cidadãos. Se forem injustas ou ilegítimas,
devem ser mudadas. Porém, uma vez estabelecidas, devem e precisam ser
seguidas. (ALMEIDA, A., 2007, p.46).   

A ética é uma exigência na vida pública, ou seja, os cidadãos não somente


querem a criação de um conjunto de leis, mas seu cumprimento fiel. No entanto,
precisar quando os servidores públicos atuam ou não conforme regulamentos e
normas por vezes não é expediente fácil, contudo compete adequadamente a código
de ética estabeleça como esses servidores devem se comportar no exercício das
suas funções rotineiras. (GODOY, MASCARENHAS; PINTO, 2007). 
18

3. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

A Lei de Improbidade Administrativa é regulamentada pela Lei 14.230 de 25


de outubro de 2021, também conhecida como a nova Lei de Improbidade
Administrativa, a qual alterou substancialmente a legislação anterior, Lei nº 8.429
que desde 02 de junho de 1992, regulamentava o tema.
Art. 1º - O sistema de responsabilização por atos de improbidade
administrativa tutelará a probidade na organização do Estado e no exercício
de suas funções, como forma de assegurar a integridade do patrimônio
público e social, nos termos desta lei.
(...)
§ 4º - Aplica-se ao sistema da improbidade disciplinado nesta Lei os
princípios constitucionais do direito administrativo sancionador.

A supracitada Lei 14.230/2021 teve sua origem através do Projeto de Lei


10.887/2018, indicado pelo então Deputado Roberto de Lucena, sendo discutido por
parlamentares, juízes, advogados, procuradores e promotores. Devemos dizer
inicialmente, que ao buscar a natureza do conhecimento da função administrativa,
no que tange à falta de integridade no trato com os bens públicos, busca-se exprimir
19

a natureza dos atos que implicam sobretudo nas questões que determinam as
sanções previstas para esses casos.
Como uma forma de restringir a capacidade do Estado de processar seus
cidadãos e ao mesmo tempo dar-lhes maior controle, o “sistema de impunidade
administrativa” aceitou legalmente os conceitos da Lei de Sanção Administrativa.
Considerando que a maioria das leis disciplinares administrativas estão disponíveis
para revisão pública, isto foi feito. A fim de oferecer às pessoas mais controle sobre
sua vida, esta medida foi tomada. As razões de tal reformulação se deu diante das
necessidades ocorridas na sociedade e que decorre da importância de discutir
coletivamente diferentes opiniões em torno da reelaboração da Lei, dada a sua
existência há vinte cinco anos. A saber:

“[...], a Lei de Improbidade Administrativa – LIA carecia de revisão para sua


adequação às mudanças ocorridas na sociedade e também para adaptar-se
às construções hermenêuticas da própria jurisprudência, consolidadas em
decisões dos Tribunais.” (BRASIL, p.18, 2018).

Por outro lado, existem várias correntes de pensamentos em relação a essa


reformulação. Para alguns operadores do direito, houve uma flexibilização da Lei de
Improbidade Administrativa no combate a corrupção, para outros, trata-se de uma
maneira de evitar omissões e excessos. Não se pode negar que as duas formas de
discursos tendem a elucidar os objetos aos quais serão aplicados e fundamentados
na aplicabilidade da Lei.

3.1. CONCEITO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

A expressão de improbidade administrativa tende a ser compreendida


distinguindo-se ao termo “probidade” e “improbidade”. Podemos dizer que probidade
significa retidão ou integridade de caráter, honestidade e honradez. No entanto, ao
contrário, improbidade caracteriza-se no sentido de desonesto, a esse respeito Silva
nos remete a seguinte definição:

Derivado do latim improbitas (má qualidade, imoralidade, malícia),


juridicamente, liga-se ao sentido de desonestidade, má fama, incorreção,
má conduta, má índole, mau caráter. Desse modo, improbidade revela a
qualidade do homem que não procede bem, por não ser honesto, que age
indignamente, por não ter caráter, que não atua com decência, por ser
20

amoral. Improbidade é a qualidade do ímprobo. E ímprobo é o mau


moralmente, é o incorreto, o transgressor das regras da lei e da moral. Para
os romanos, a improbidade impunha à ausência de existimatio, que atribui
aos homens o bom conceito. E sem à existimatio, os homens se convertem
em homines e intestabiles, tornando-se inábeis, portanto, sem capacidade
ou idoneidade para prática de certos atos (BENEDETTI, 2021, p 3).

Estabelecidos os pressupostos basilares, é necessário destacar outras


correntes explicativas sobre a improbidade administrativa. No dizer de Monção
(2007) a improbidade está relacionada a forma como os agente públicos se
opõem às normas morais, às leis e aos costumes, de forma que se apresentam
indicadores como à falta de honradez e conduta ilibada, na qual se espera dos
agentes públicos, a não delimitação apenas do Poder Executivo.

Júnior; Araújo (2021), destaca que:

A improbidade é uma espécie de ilegalidade qualificada pela intenção (dolo)


de violar a legislação e pela gravidade da lesão à ordem jurídica. Vale dizer:
a tipificação da improbidade depende da demonstração da má-fé ou da
desonestidade, não se limitando à mera ilegalidade, bem como da grave
lesão aos bens tutelados pela lei de improbidade administrativa. (p. 6)

Ademais, também levando em consideração o que preceitua o artigo 37, § 4º da


constituição federal 1988, sobre a LIA, vejamos:

art. 37, § 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão


dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos
bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
sem prejuízo da ação penal cabível”.

A nova LIA definiu novas regras para a improbidade administrativa, nova


interpretação para os atos que a configuram, estão aqueles, já presentes na Lei
antiga, aqueles que causam enriquecimento ilícito do agente público, lesão ao erário
ou violação dos princípios e deveres da administração pública. De acordo com o
Senado, “a principal inovação é que a improbidade só pode ser caracterizada
quando há comprovação de dolo do gestor, ou seja, quando fica provado que há
intenção maliciosa, e não apenas imprudência ou negligência” (AGÊNCIA
SENADO,2021)
Deste modo, podemos caracterizar o conceito de improbidade administrativa
em conformidade com a corrupção, configurando-se na falta de zelo pelo patrimônio
21

público, em que o agente público comete ato ímprobo de forma dolosa, contrariando
dessa forma a conduta humana perante administração pública.

3.2. PRINCIPAIS ALTERAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI DE IMPROBIDADE


ADMINISTRATIVA (Lei nº 14.230/2021)

A Lei 14.230/21 apresenta várias mudanças estruturais em texto, contudo,


apresenta-se apenas suas principais alterações manifestadas por meio dos atos
acometidos na esfera pública e que se tornou alvo de crítica entre diferentes
correntes ideológicas. Há, nesse sentido, uma recorrência das impressões que
determinam a transparência da conduta do agente público ou de sua
intencionalidade.
Com essa marcante alteração na Lei, é inaugurada uma interpretação que
marca o conhecimento da Lei anterior retificando a renovação de novas concepções
na forma da Lei. Trata-se de elucidar o que discorre nas mudanças judicialmente
questionadas, mediante redirecionamento dos aspectos positivados na legislação.
Nessa abordagem, Pinheiro e Ziesemer (2022) nos revela que a Lei nº
14.230/2021, aponta um novo modelo ao ato de improbidade administrativa, no
sentido que apresenta várias exigências para sua caracterização. Ainda nas
palavras de Pinheiro e Ziesemer (2022), as grandes mudanças são destacadas na
seguinte ordem: que o rol dos atos de improbidade administrativa que violam os
princípios (artigo II) passou a ser taxativo, ou seja, não se configura outro tipo de
interpretação que não estejam tipificados na lei; a modalidade de concessão de
benefício tributário indevido (artigo 10-A) foi revogada e inserida como o novo inciso
XXII do mesmo artigo.

I. Em terceiro lugar deve-se destacar que a novel legislação aboliu a


modalidade culposa antes prevista no caput do artigo 10 da Lei nº 8.429/92,
passando a exigir dolo em todos os tipos de improbidade administrativa;
II. Em quarto lugar merece ser citado que os atos de improbidade administrativa
por violação aos princípios exigem, para a sua caracterização e punição,
“lesividade relevante ao bom jurídico tutelado” (vide artigo II, §4º), o que abre
portas para eventuais arguições infundadas de insignificância ou bagatela.
22

3.3. APLICABILIDADE RETROATIVA DA LEI 14.230/2021: HISTÓRICO,


DIVERGÊNCIAS, POSSIBILIDADES E IMPOSSIBILIDADES

A legislação também dá instrumentos para que o Poder Legislativo Municipal


mantenha seus agentes públicos - prefeito e vereadores - politicamente
responsáveis pela prática de atos ilegais ou conduta de improbidade administrativa.
Para isso, tem as disposições do Decreto-Lei nº. 201 de 27 de fevereiro de 1967,
com o objetivo de desarcar tanto a conduta criminal quanto administrativa de
prefeitos e vereadores e que são as mais importantes autoridades dos municípios,
sendo o primeiro responsável pela gestão da coisa pública municipal e o segundo
pela fiscalização dessa gestão e pela elaboração e manutenção das regras
(BENEDETTI, 2021).
A conduta criminosa já foi objeto do ponto anterior, ou seja, quando a
abordagem à responsabilidade criminal de autoridades públicas e servidores. O
Decreto-Lei, no artigo 4º, considera as violações políticas e administrativas do
prefeito e, portanto, sujeitas a julgamento pelo conselho municipal, a seguinte
conduta:

I - impedir o bom funcionamento do Conselho Municipal;


II – Impedir a análise de livros, folha de pagamento e outros
documentos a serem incluídos nos arquivos da Câmara Municipal, bem
como a verificação de obras e serviços municipais, para o comitê de
pesquisa ou auditoria da casa estabelecido regularmente;
III – Não comparecer, sem justa causa, intimações ou solicitar
informações ao Conselho
Municipal, quando realizado no tempo e regularmente;
IV – Atrasar a publicação ou não publicar leis e atos sujeitos a essa
formalidade; V – Deixar de apresentar ao Conselho Municipal,
oportunamente e regularmente, a proposta orçamentária;
I – Não cumprindo o orçamento aprovado para o exercício,
II - Praticar contra uma disposição expressa da lei, agir dentro de sua
competência ou omitido em sua prática;
III - Omitir ou negligenciar a defesa dos bens, aluguéis, direitos ou
interesses do município sujeitos à administração do Prefeito;
IV – Deixar o município por mais tempo do que o permitido por lei, ou
deixar a Câmara Municipal, sem autorização da Câmara Municipal;
V - Proceder de forma incompatível com a dignidade e o decoro do
cargo.
23

No artigo 7º, esse Decreto-Lei lista a conduta político-administrativa cometida


pelo Conselheiro que, da mesma forma, está sujeita à apreciação plenária do
Conselho Municipal, entre as quais estão: "I – uso o mandato para a prática de atos
de corrupção ou improbidade administrativa; II - [...] III - Proceder de forma
incompatível com a dignidade do Conselho Municipal ou perder o decoro em sua
conduta pública".
Antes de analisar o procedimento de casamento do mandato da autoridade
municipal infratora, vale ressaltar que, para aprovação do Decreto-Lei 201/67, o
então Presidente da República invocou a proteção do ato institucional nº 4, de 7 de
dezembro de 1966, período em que o Brasil era governado pelos militares, no
âmbito do regime militar, sendo que o Chefe do Poder Executivo editou atos
legislativos plenos, sob a forma de atos institucionais, uma vez que a Constituição
Federal de 1967 autorizou, em suas Disposições Transitórias, tais instrumentos,
características de ditaduras (BRASIL, 1966).
Com o advento da Carta Constitucional de 1988, inúmeros casos foram
analisados pelo Supremo Tribunal Federal, alegando a inconstitucionalidade do
Decreto-Lei, mas o STF alega que eles não sofrem com tal vício. Para exemplificar
essa questão, a decisão é impetrado no Habeas Corpus nº 71669, do estado do
Piauí, cujo relator foi o ministro Carlos Velloso, publicado no Diário da Justiça
datado de 02/02/1996:

Criminal. PROCEDIMENTO PENAL. Habeas Corpus. AÇÃO PENAL.


Bloqueio. DL 201/67: CONSTITUCIONALIDADE. Prefeito. DL 201/67, art.
1: CRIMES COMUNS. ALEGAÇÃO DE INAPTIDÃO. TESTE: EXAME.
I. - O STF rejeitou a denúncia de inconstitucionalidade DL 201, de 1967. HC
70 671-PI, Hairy, Plenário, 13/04/94; HC 69850-RS, Rezek, Plenário, 'DJ'
27/05/94. II. - O bloqueio de processos criminais não é possível se uma
denúncia descreve fatos que constituem, em tese, delitos criminais. III. – Os
chamados delitos de responsabilidade previstos no artigo 1º. DL 201, 1967,
são crimes comuns que devem ser julgados pela justiça,
independentemente do pronunciamento do Conselho Municipal. IV. -
Reclamações que atendam aos requisitos do artigo 41 C.P.P. V - Não é
possível o exame de provas no âmbito do 'habeas corpus'. VI. - HC não
conhecido em relação ao paciente Joaquim de Oliveira Castro Filho, na
parte que alega a inconstitucionalidade do Decreto 201 de 1967, por se
trata de uma mera reiteração do HC 70 671-PI, e indeferida em todo o
resto.

O atual ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil, Luiz Fux, datado de


29 de março de 2011, com o Relator do 'habeas corpus', originário do Estado da
Bahia, em seu voto concordo com a constitucionalidade do Decreto-Lei 201/67,
24

dizendo que: "A alegação de que a DL 201/67 não foi recebida pela atual ordem
constitucional requer, em de sua complexidade, o exame aprofundado, inviável
nesta fase do procedimento".
De fato, o precedente 496-STF trata expressamente da validade jurídica do
Decreto-Lei. Assim apresenta-se o conteúdo do precedente 496-STF, com a
correspondente anotação de Roberto Rosas, "São válidos, já resguardados pelas
"Disposições Constitucionais" da Constituição de 1967, decretos de leis emitidos
entre 24 de janeiro e 15 de março de 1967". "Tanto o artigo 173, I da Constituição
de 1967 quanto o artigo 181 da Emenda de 1969 que protege as leis de decretos
publicados desde a promulgação da Constituição de 1967 e sua entrada em vigor."
Portanto, apesar das discussões sobre a constitucionalidade do Decreto-Lei 201/67,
isso é eficaz, sem o vício de sua origem, como é o entendimento do Supremo
Tribunal Federal do Brasil.
Assim, retomando-se o debate sobre a responsabilidade política dos prefeitos
e vereadores, o Decreto-Lei, no artigo 5º estabelece o curso do processo de
julgamento político de interesse, outro rito não foi adotado pelo Conselho da Cidade,
a saber:

I - Uma denúncia por escrito da violação pode ser feita por qualquer
eleitor, com a ex-exibição dos fatos e uma indicação das provas. Se o autor
da denúncia for conselheiro, ele fica impedido de votar a denúncia e
ingressar na Comissão, ele pode, no entanto, realizar todos os atos de
acusação. Se o autor for o Presidente da Câmara Municipal, ele passará o
Presidente ao substituto legal, pelos atos do processo, e votará somente se
necessário para completar o quórum do julgamento. O Conselheiro Adjunto
do Conselheiro será convocado, impossibilitado de ingressar na Comissão.
II - Em posse da denúncia, o Presidente do Conselho Municipal, na
primeira sessão, determinará sua leitura e consultará o Conselho sobre sua
admissão. Determinou a admissão, por maioria dos votos dos presentes, a
Comissão será constituída na mesma reunião, com três conselheiros
desamparados, que elegerão no primeiro momento, o Presidente e o
Relator.
III – Ao receber o processo, o Presidente da Comissão iniciará os
trabalhos no prazo de cinco dias, notificando o autor da denúncia com cópia
da denúncia e documentos de acompanhamento, de modo que, no prazo de
dez dias, ele apresente a defesa prévia, por escrito, indicando as provas a
serem produzidas e lista testemunhas, até um máximo de dez. Se você
estiver ausente do município, a notificação será por propaganda publicada
duas vezes no jornal oficial, com intervalo de pelo menos três dias a partir
do prazo da primeira publicação. Após o término do prazo de resposta, a
Comissão apresentará um parecer no prazo de cinco dias, tendo em vista a
continuação ou arquivamento do pedido, que neste caso será submetido ao
plenário. Se a Comissão for do parecer sobre a continuação, o Presidente
nomeará imediatamente a investigação e determinará os atos, investigações
e audiências necessários, para o depoimento do acusado e o interrogatório
de testemunhas.
25

IV - O autor da denúncia deve ser notificado de todos os atos


processuais, pessoalmente ou na pessoa de seu advogado, de antemão, de
no mínimo 24 horas, a fim de poder comparecer ao processo e às
audiências, bem como fazer perguntas e perguntas às testemunhas e exigir
qualquer coisa no interesse da defesa.
V – Após a conclusão da investigação, a denúncia será vista do
processo, de modo que, por razões escritas, no prazo de cinco dias, e após
a Comissão emitir o parecer final, em razão da origem ou injustiça do
indiciamento, e solicitará ao Presidente do Conselho Municipal a
convocação do julgamento. Na sessão de julgamento, o processo será lido
na íntegra, e então os Conselheiros que desejarem poderão falar
verbalmente, pelo tempo de quinze minutos cada, e no final, o autor da
denúncia, ou seu advogado, o farão pelo período máximo de duas horas,
para produzir sua defesa oral.
VI - A defesa está completa, então muitos votos nominalmente serão
realizados, quaisquer que sejam as violações articuladas na denúncia.
Considera-se definitivamente afastado do cargo, o autor da denúncia que
declarou pelo voto de pelo menos dois terços dos membros do Conselho
Municipal, no curso de qualquer um dos crimes especificados na denúncia.
Ao final do julgamento, o Presidente da Câmara Municipal anuncia
imediatamente o resultado e a ata será levantada apontando a votação
nominal sobre cada crime, e se houver condenação, ele deve emitir o
decreto legislativo correspondente da perda do mandato do prefeito. Se a
votação for absoluta, o Presidente determinará o arquivamento do processo.
Em ambos os casos, o Presidente da Câmara Municipal notificará o Tribunal
Eleitoral do resultado.
VII - O processo, referente a este artigo, deve ser concluído no prazo de
noventa dias a partir da data em que a notificação do réu é feita. O término
do período sem julgamento implica no arquivamento não preconceituoso de
nova denúncia, mesmo com base nos mesmos fatos.

De acordo com a lição de Hely Lopes Meirelles:


O processo e julgamento de violações político-administrativas concorrem
exclusivamente com a Câmara de Vereadores, conforme previsto na
legislação municipal competente, e os procedimentos de acusação e defesa
devem cumprir não apenas os preceitos das regras pertinentes, como o
regimento interno da corporação, para a validade da deliberação plenária.
Trata-se de um processo político e administrativo (e não legislativo), de
natureza quase judicial e punitiva, portanto, sujeito a rigores jurídicos
formais e à garantia de total defesa. Trata-se de um processo autônomo e
independente de ação penal pelo crime de responsabilidade, mas vinculado
(e não discricionário) às normas municipais e regras da casa pertinentes
quanto às razões de julgamento e elegíveis para a revogação do mandato
dos réus, tornando-se, assim, objeto de revisão judicial, de acordo com
esses dois aspectos , ou seja, no que diz respeito à regularidade do
procedimento e à existência das razões (MEIRELLES, 2006, p. 768).

Em relação à perda do mandato do prefeito, Tito Costa observa que "a


Câmara, ao ordenar o casamento de cargos de eleição popular de prefeito (e até
vereador), age de forma independente e não é uma decisão sujeita a revisão ou
revisão por qualquer órgão, autoridade ou tribunal. A menos que; repetido, para o
exame dos aspectos formais do processo, nunca o mérito da decisão. O Judiciário
em tais casos emite um julgamento de legalidade (como os aspectos formais do
processo) e não um julgamento de valor (o que envolveria um exame da conduta do
26

réu em relação à prática que pode ser atribuída a qualquer uma das violações
político-administrativas previstas em lei). Expressa-se, repetidamente, a estranheza
no assunto. É verdade, porém, que se entende que esse julgamento apresentado
pela Câmara é político, que gira em torno de violações político-administrativas. De
qualquer forma, o resultado do julgamento é definitivo: destituiu o prefeito de sua
posição de eleição popular, tira-o de seu exercício, sendo que ele poderia retornar
por ordem judicial, somente quando as formalidades essenciais do processo de
validade não foram observadas pela Câmara, ou a falta de justa causa para o
tribunal (COSTA, 2011).
Assim, tem-se demonstrado que a legislação brasileira prevê instrumentos
para responsabilizar o funcionário público administrativo municipal (prefeito e
vereador), com mandato de sanções políticas de recurso quando comete atos
ilegais, especialmente aqueles permeados por atos de corrupção quando se trata da
gestão e controle de compras de bens, serviços e obras.
Diante da racionalização da história legislativa, é simples antecipar as
modificações da LIA feitas pela Lei nº 14.230/21. De certa forma, é necessário um
esforço de sistematização para delimitar as complicações que resultam da aceitação
de novas normas ao longo do tempo. Para isso, as mudanças normativas
substantivas e procedimentais devem ser diferenciadas. A identificação de toda a
amplitude de desafios causados pela implementação contínua de novas leis estará
entre os resultados mais importantes do presente estudo. Mesmo que as anteriores
(inovações procedimentais) possam ser adotadas retroativa e imediatamente,
mesmo para as atividades atuais, parece necessário organizar as ações
procedimentais realizadas sob a norma anterior e os requisitos legais acumulados
(BENEDETTI, 2021).
Os artigos 14-18 do Capítulo V (Procedimento Administrativo e
Procedimentos Judiciais) tratam de ações administrativas irregulares e seus
correspondentes requisitos processuais. Este capítulo pode sofrer modificações
processuais ou substantivas com base na resolução legal intertemporal adjetivada. A
Lei 8.429/92 (Procedimento Administrativo e Processo Judicial) delineia os
procedimentos que regem as ações de improbabilidade administrativa (art. 14 do
CPC).
Um conjunto mais detalhado, preciso e exaustivo de regras sobre
indisponibilidade de ativos (artigo 16), com maior ênfase na densidade de provas
27

das hipóteses subjacentes e na delimitação dos valores que a justificam (seções 3,


4, 7), além da expansão subjetiva a terceiros (seção 7), e à c. prática (seção 7) das
novas regras. Isto refuta a asserção contida no Tema 1. 055/STJ (PINHEIRO;
ZIESEMER, 2022).
Além das medidas preventivas, esta seção delineia a ação de irregularidade
administrativa (artigo 17), que é penalizada (artigo 17-D) e tem sua própria jurisdição
(artigo 17). As seções 4 e 5 do artigo 17 descrevem as regras de competência e
prevenção, enquanto que a seção 6 descreve os requisitos para apresentar uma
petição e os procedimentos a serem seguidos, levando em conta quaisquer soluções
provisórias que possam estar disponíveis, a melhor maneira de esboçar hipóteses
para rejeitar a petição inicial, e a opção de dividir o período de contestação (art. 17-
C, I, II e III). Além do 17-D e 17-E, 17-F e 17-G compõem o 17-H e o 17-I
(FERREIRA, 2022).
O artigo 17, IV, por exemplo, eliminou a obrigação de apresentar um recurso,
a admissibilidade de um recurso interlocutório em ordens de congelamento de bens,
e a rejeição das razões preliminares apresentadas em resposta a um recurso. O
artigo 23, seção B, a admissibilidade de um recurso interlocutório em decisões de
congelamento de bens, e o artigo 16, seção 9 são outras instâncias (artigo 16, seção
9), (Artigo 17-D) e, se aplicável, uma ordem de indenização por danos, perda ou
reversão de bens, assim como dinheiro adquirido ilegalmente, em favor da pessoa
jurídica prejudicada por uma conduta ilegal (ZAVASCKI et al, 2021).
Ações civis individuais podem ser convertidas em ações civis públicas a
qualquer momento, mesmo após o fracasso das sanções pessoais, ainda se houver
um interesse persistente (como a restituição) ou outra justificativa, como a
capacidade de influenciar a política pública ou proteger o patrimônio do público e da
sociedade e o meio ambiente (Artigo 17, 16). Evitando uma ação judicial nos termos
do Artigo 17-B (Artigo 17, parágrafo 16) durante a investigação criminal e provável
ação (parágrafo 4), bem como seguindo a Lei e obtendo, no mínimo, a indenização
integral por danos e o reembolso de qualquer enriquecimento injusto obtido através
de órgãos privados (Artigo 17-B, I e II), se o processo for rejeitado por falta de
mérito, as taxas de derrota são proibidas nos termos do Artigo 23-B. Isto implica
que, se a reclamação for mantida, nenhuma outra despesa de processo, tais como
custos, emolumentos e honorários de peritos, será exigida (art. 23-B, 2) (JÚNIOR,
2021).
28

As seguintes formas de direito não são cobertas pelo Capítulo V da LIA:


direito substantivo (stricto sensu) e direito não-processual (stricto sensu). O campo
de conhecimento mais frequente é o do Direito Administrativo Sancionador, que é o
Estado no seu poder de punir, (artigos 1 a 13, 20-22 e 23-A), com poucos
especialistas em outras áreas (artigos 19-20, inalterados) (art. 23-C). Devido a seu
significado (seja processual ou substantivo) e ao debate contínuo sobre suas regras
(seja processual ou substantivo), um prazo de prescrição de oito anos, começando
quando um ato ilegal é concluído e permitindo até mesmo sua forma de ocorrência
interligada (art. 23), foi revisto para ser mais favorável (art. 23, 8). Esta disposição da
Lei aborda os prazos de prescrição (JARDIM, 2021).
Ultimamente tem havido uma série de desenvolvimentos na lei administrativa
que repercutem no comportamento inadequado da Administração, alguns dos quais
têm o potencial de ter impactos intertemporais (retroativos).
O componente subjetivo da improbabilidade administrativa é demonstrado por
dois tipos de inovações: esforço para ocultar comportamentos ilógicos ou
desagradáveis; e, para estabelecer má conduta administrativa, deve haver particular
malícia (ou seja, a "vontade livre e consciente de alcançar o resultado ilícito descrito
nos artigos 9, 10 e 11 desta lei, não sendo suficiente à vontade voluntária do
agente"; artigo 1º, parágrafo 2º da LIA, conforme leciona BASTOS, 2021.
Para serem considerados atos de improbidade administrativa, os
comportamentos especificados nos parágrafos 9, 10 ou 11 da LIA devem ser
realizados com dolo, isto é, com intenção objetiva de obter vantagens próprias ou
para outrem em detrimento da Administração, segundo estabelecem os parágrafos
1º, 2º e 3º do artigo 1º da nova Lei. Quando os atos são realizados sem lucro visível,
não existe crime administrativo (está fora do plano de existência de má conduta
administrativa). Como consequência, o processo civil e as eleições são
prejudicados, assim como a determinação de se o comportamento ilícito constitui má
conduta.
Como resultado, na ausência de uma violação intencional conforme definido
pela a LIA (Tema 897/STF) a este respeito, o estatuto de limitações de
responsabilidade patrimonial não pode ser considerado insuficiente.
Ademais, a legislação retroativa é inconstitucional se não criar um novo
crime? É difícil dizer sem uma finalidade declarada (apesar do fato de que a lei
anterior o fez). Qual é o desenvolvimento mais recente nas contínuas contendas
29

legais? Se não houve nenhum comportamento delituoso, a indenização por


responsabilidade civil não é necessária; no entanto, no caso da existência de má
conduta, a reparação pode ser convertido em uma ação civil no sistema judicial civil
por este motivo (DO CARMO MARTINS, 2022).
A Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar nº 135/2010) estabeleceu a
inelegibilidade nas eleições de funcionários públicos cujas contas foram rejeitadas
por uma irregularidade irreparável constituindo um ato delituoso de má conduta
administrativa ou daqueles condenados por um ato delituoso de má conduta
administrativa causando danos, conforme o §9º do art. 14, CF/88, modificação dada
pela Emenda Constitucional de Revisão nº 4, de 1994. Existe alguma situação em
que não possamos colocar esta pergunta? Esta regra ainda é aplicável quer seja ou
não descoberto um ato específico de má-fé? Da mesma forma, se o novo
regulamento não mais qualificar um ato de má conduta como costumava ser, o
mesmo argumento pode ser apresentado (no momento da ocorrência dos fatos que
justificaram a acusação) (JÚNIOR; DE ARAÚJO, 2021).
A segunda inovação legal importante (tecnicamente, um bloco maciço de
invenções legais) no domínio da investigação e condenação administrativa de má
conduta é a Lei 14.230/21, que reformulou os artigos 9, 10 e 11 da LIA de forma
fechada.
Além disso, todas as formas de má conduta exigem responsabilidade
subjetiva atos ou omissões maliciosas (arts. 10 e 11) foram explicitamente listados
como um componente subjetivo para todos os tipos de má conduta em casos que
envolvem danos materiais ou perdas financeiras, eliminando qualquer má conduta
culposa que possa surgir (art. 10).
Mister dizer que, grande maioria das condenações foi baseada no artigo 11
da LIA, que havia sido consideravelmente alterado para estabelecer uma estrutura
de tipo fechado. Uma lista de ocorrências foi originalmente considerada como
padrão-ouro para tipificação aberta, porém isso não é mais o caso (JÚNIOR, 2021).
Como resultado, os funcionários públicos que desobedecem à Lei, no
desempenho de suas funções devem ser responsabilizados, porém, a autoridade
processante está obrigada a fornecer "prova objetiva", bem como "uma lista de todas
as regulamentações constitucionais, legais e de infraestrutura relevantes"
(FERREIRA, 2022).
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A má conduta administrativa é excluída por atos impróprios de danos


irrelevantes que não podem ser distinguidos daqueles que podem (como no Direito
Penal com crimes de negligência: a insignificância exclui a tipicidade material (STF,
HC 84.412-SP, relatório do Juiz Celso de Mello).
As implicações da nova Lei sobre o abolicionismo ilegal têm um impacto
significativo nas atividades de improbabilidade administrativa presentes e passadas,
bem como em ocorrências anteriores que ocorreram sob a lei anterior - por analogia
com o que ocorre com os abolitio criminis no Direito Penal - (PINHEIRO; ZIESEMER,
2022).
Este pode ser um argumento semelhante sobre as penalidades do artigo 12
da LIA, que pode ter um efeito retroativo sobre a Lei alterada. Há apenas revisões
das penalidades que estão piorando, tais como a prorrogação do prazo máximo das
multas por suspensão de direitos políticos (Artigo 12, I. II. e III) ou aquelas
estabelecidas por precedentes ou derivadas de lógica jurídica no artigo 12, incisos II
e III. Todas as punições civis estão sendo reduzidas, com exceção das infrações
mais improváveis (Artigo 12, I, II e III.). (BENEDETTI, 2021).
Se o artigo 11 (artigo 12, III) for considerado vago, ele é inaplicável ao
determinar o grau de culpa de uma pessoa jurídica, a capacidade de fazer negócios
é levada em consideração, com foco nas repercussões econômicas e sociais das
sanções em discussão.
Outra questão relevante se dá quando a intensidade da violação diminui, a
multa civil diminui (Artigo 12, 5º). A menos que haja uma isenção justificável, a
limitação de uma empresa a fazer negócios com uma agência governamental só se
aplica a essa agência (art. 12, 4º).
A inclusão do Artigo 1º, parágrafo 4º, conforme revisto pela Lei 14.230/21, que
estipula que "os princípios constitucionais da legislação de sanções administrativas
se aplicam ao sistema disciplinar estabelecido por esta Lei", é crucial para avaliar se
o conceito de retroatividade se aplica. Esta legislação pode ser afetada
significativamente pela Legislação Administrativa Sancionadora (PINHEIRO;
ZIESEMER, 2022).
Após esta emenda legislativa, quase todas as cláusulas da LIA receberam
modificações significativas. As seguintes emendas legislativas são significativas:
além de uma violação da hermenêutica, o estatuto de limitações pode ser alterado e
a impropriedade baseada em princípios pode ser eliminada. A exclusão de
31

impropriedade também é possível quando há várias interpretações da Lei e quando


há uma exceção baseada em princípios para o estatuto de limitações de
impropriedade.
A numeração da LIA foi mantida em sua maioria, mas o conteúdo foi
drasticamente revisado. Apesar disso, a estrutura oficial da LIA 8.429/92
permaneceu inalterada. Como utiliza a mesma estrutura de numeração, não faz
diferença que se trata de uma legislação totalmente nova ou não. (FERREIRA,
2022).
Como observado no Tema 1.199, o STF está agora considerando se os
componentes mais favoráveis da AII – Área de Influência Indireta - podem ser
aplicados retrospectivamente após as revisões feitas pela contestada Lei
14.230/2021. A exigência de um elemento subjetivo de malícia para a composição
de um ato de má conduta administrativa, incluindo o Artigo 10 da nLIA, e a aplicação
dos novos prazos de prescrição geral e intercorrente, por exemplo, dizem respeito à
potencial retroatividade das disposições da Lei 14.230/2021(PINHEIRO; ZIESEMER,
2022).
Como resultado, o STF ordenou a suspensão do estatuto de limitações e
recursos extraordinários ou excepcionais até que uma decisão seja proferida no
Tema 1.199. Neste julgamento, foi determinado que as alegações de penalidades
estatais de um caso anterior eram genuínas. E o reconhecimento da posição
concorrente do Ministério Público e de outras entidades legais relevantes para iniciar
um caso de acusação.
A LIA é emendada pela adição do Artigo 23-C, que estabelece um estatuto
promulgado em 1995 responsabiliza os partidos políticos e suas fundações por
qualquer ganho ilegal, perda de bens, apropriação indébita ou roubo de fundos
públicos provenientes de sua conduta. O apoio administrativo do governo é capaz de
detectar rapidamente a atividade ilegal dos partidos políticos contra o dinheiro
público (ZAVASCKI et al, 2021).
Há muito tem-se argumentado que os partidos políticos devem ser vistos
como vítimas inocentes de delitos, enquanto que aqueles que se engajam em
comportamentos ilícitos devem ser punidos. Isto é especialmente crucial dado que a
interpretação original do artigo 1º incluía os partidos políticos e seus líderes como
agentes públicos de delitos.
32

O Fundo Partidário (Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos


Políticos) permite aos partidos políticos que também são empresas jurídicas
privadas levantar fundos públicos (Artigo 44, V do CPC).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As emendas à Lei de Melhoria Administrativa No. 1430/21 foram


anteriormente julgadas ilegais em uma liminar do STF (ADI 7042/DF), e amplas
repercussões foram reconhecidas para tratar de preocupações sobre a possibilidade
de implementação (ir)retroativa das novas disposições.
Havia uma série de disposições favoráveis para os acusados de delito (por
exemplo, tipificação fechada, malícia específica em todas as condutas indevidas,
facilidade de sanções e disponibilidade de acordos civis de não-prosseguição), e
uma série de tópicos foram selecionados para investigação adicional (com especial
consideração ao estatuto de limitações reconfigurado e intercorrente) (com
sentenças finais e irrecorríveis).
Para compreender o debate atual e mais controverso em torno da novatio
legis in mellius, foi necessário examinar a estrutura doutrinária do Direito
Administrativo Sancionador e traçar suas origens desde a época colonial alemã
(com referência explícita à nova lei proposta), bem como sua teoria e entendimento
fundamentais.
Isto complica a investigação sobre se uma nova lei mais favorável ao Direito
Administrativo Sancionador no Brasil é retroativa, especialmente dados os graves
riscos que a transposição cega ou apressada dos princípios do Direito Penal comum
33

pode representar para o sistema de sanções administrativas como um todo, com o


potencial de instabilidade e grave incerteza jurídica. Embora existam algumas
semelhanças entre o direito penal e as sanções administrativas, elas são distintas
em inspiração e axiologia, sendo os direitos individuais considerados em ambos,
mas medidos e pesados de forma diferente, sem semelhanças superficiais, devido à
necessidade de proteger o interesse público em cada uma das chaves.
Consequentemente, a cautela e a moderação são essenciais nesta circunstância. O
Sancionamento Administrativo exige o alcance de metas amplas e padrões éticos de
moralidade administrativa, a fim de relacionar normas secundárias (multas punitivas)
com normas básicas (prescrições de comportamento), enquanto que o
Sancionamento Penal coloca um foco substancial na garantia individual.
Mesmo que todos possamos concordar em divergir, sinto que a aplicação
retroativa das disposições vantajosas da Lei 14.230/21 é incorreta, e que a leitura
expansiva do Artigo 5, XL da Constituição Federal deve ser deslocada para o Brasil
e a improbabilidade administrativa.
Outrossim, entender que apenas admitir-se a forma dolosa do ato ímprobo
não configura atraso ou prejuízo à Administração, pois que, ocupar-se-á, esta, de
fatos e atos que necessariamente afrontem às normas cogentes, facilitando a
eficácia da prestação administrativa em todas as suas esferas. Portanto, a nova LIA,
ainda que controversamente, pode significar importantes avanços administrativos e
jurídicos em todo o ordenamento nacional, elevando o Brasil a melhor conceituação
e execução do serviço público, evitando-se o desgaste da máquina, tanto
administrativa quanto judicial.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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34

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