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ARTIGO DE REVISÃO

Desordens Mitocondriais
Celia Harumi Tengan , Acary Souza Bulle ,
Beatriz Hitomi Kiyomoto , Alberto Alain Gabbai

RESUMO INTRODUÇÃO
As desordens mitocondriais são um grupo het-
erogêneo de doenças com manifestações clinicas As desordens mitocondriais são um grupo de doenças, bastante heterogêneo
que variam desde miopatia pura ate síndromes
com comprometimento encefálico e sistêmico.
do ponto de vista clinico e bioquímico, mas que apresentam em comum um
Sao caracterizadas morfologicamente pelo apare- substrato andtomo-patológico que consiste numa proliferação mitocondrial
cimento de acúmulo mitocondrial anômalo (ragged anômala8'18. A presença de "ragged red fibers" (RAF) é o maior selo di-
red fibers) e sua base bioquímica é uma disfunção
no processo de fosforilagdo oxidative que ocorre na agnóstico destas doenças.
mitocóndria. Recentemente, foram descobertas mu- 0 primeiro caso de miopatia mitocondrial foi descrito parcialmente por
tações no DNA mitocondrial (DNArnit) associadas a
diversos tipos de mitocondriopatias. Estas al- Emster et allI e redescrito com mais detalhes em 1962, por Luft et a115. No
terações podem ser classificadas em mutações de inicio dos anos 70 outros casos começaram a ser relatados2'14 incluindo mais
ponto, delegões, duplicações e depleção. Alem das
mutações no DNAmit, existem alterações no DNA tarde análise bioquímica realizada por DiMauro et al6. Desde então, outros
nuclear que exercem influências sobre a função do casos com os mais variados fenótipos têm sido relatados, baseando-se sempre
DNAmit. 10
na presença de alterações morfológicas mitocondriais .
Vários termos já foram utilizados para denominar as desordens mitocon-
UNITERMOS driais: oftalmoplegia glus9, doença oculo-crânio-somática com RRF20, ence-
Citopatia mitocondrial. Mitocondria. DNA mitocondrial falopatia mitocondrial 4, citopatia mitocondrialm.
Baseados nas alterações morfológicas, várias síndromes clinicas foram
descritas, não só com envolvimento muscular puro mas também do sistema
nervoso central. Podemos destacar alguns exemplos destas síndromes:
OEPC (oftalmoplegia externa progressiva crônica)
MELAS (mitochondrial encephalopathy, lactic acidosis e stroke)
MERRF (myoclonic epilepsy e ragged red fibers)
Keams-Sayre Syndrome (KSS) (oftalmoplegia, degeneração pigmentar da
retina, distúrbio de condução cardíaca e hiperproteinorraquia)
Queen Square Disease (atraso do desenvolvimento motor, doença ocular
degenerativa, demência, epilepsia, fraqueza e neuropatia)
Leber's hereditary optics atrophy (LHON) (cegueira ao redor dos 20 anos
de idade)
Mestre em Neurologia da Escola Paulista de
Medicine.
Doutor em Neurologia da Escola Paulista de
Medicina.
Prol. Adjunto, Doutor, Chafe do Setor de
Neuromuscular da Disciplina de Neurologia da
Escola Paulista de Medicina.

TENGAN, C.H.; OLIVEIRA, A.S.B.; KIYOMOTO, B.H. & GABBAI A.A. - Desordens Mitocondriais Rev. Neurociências 2 (1). 19-23,1994.
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MITOC6NDRIA CLASSIFICAÇÃO
A mitoc6ndria é a organela essencial para a produção de Inicialmente as desordens mitocondriais foram classifi-
ATP através do processo de respiração celular e fosforilação cadas, de acordo com as suas características clinicas, em
oxidativa. Apesar desta grande importância, o estudo desta síndromes (OEPC, MERRF, MELAS, LHON, KSS), mas
organela evoluiu de forma lenta. Ela foi reconhecida como muitas variantes eram observadas, dificultando o di-
fonte de energia celular em 1898, mas, somente em 1972, agnóstico diferencial entre elas. Foi então proposta uma
pesquisadores observaram pela primeira vez, anormali- classificação bioquímica, baseada nos defeitos enzimáticos
dades mitocondriais através de biópsia muscular (RRF)20. na função mitocondrial.
No mesmo ano, pesquisadores também descobriram que as Sabe-se que a cadeia respiratória compõe-se de 5 com-
mitodindrias têm o seu próprio DNA para codificar pro- plexos enzimáticos e 2 carregadores móveis de elétrons. Os
teínas (DNAmit). A despeito deste inicio tardio, ao redor de complexos I,II,IIIe IV participam do transporte de elétrons
1981, o DNAmit foi sequenciado no genoma human& . através de reações de óxido-redução; o complexo V é re-
DNAmit da levedura Saccharomyces cereviseae tem cerca sponsável pela síntese de ATP. Estes complexos permane-
de 70 mil pares de base (pb) que não codificam proteínas, cem ancorados na membrana interna das mitodindrias. Ex-
RNA ribossõmico ou RNA transportador. Ao longo da istem 2 carregadores móveis, co-enzima q e citocromo-c,
evolução, essas seqüências foram sendo eliminadas do que se encarregam do tráfego de elétrons entre eles. Os
DNAmit, de tal modo que os organismo superiores apresen- doadores de elétrons na cadeia respiratória são moléculas
tam uma molécula menor e muito econômica, é uma pequenas, NADH e succinato, que se formam na matriz
molécula de DNA que não contém introns. Hoje, sabe-se mitocondrial no ciclo de Krebs (Fig 1). A tabela 1 mostra a
que o DNAmit é uma molécula circular, composta de classificação bioquímica das doenças mitocondriais.
16567pb, contendo 37 genes que codificam 13 proteínas, 22
RNAs transportadores e 2 RNAs riboss6micos. Todos esses
genes codificam ou estão associados com a síntese de Tabela 1. Classificação bioquímica das
subunidades de enzimas para o sistema de fosforilação desordens mitocondriais.
oxidativa. Embora os peptideos codificados pelo DNAmit
1. Defeitos do transporte:
tenham fundamental importância, eles representam a. Deficiência de CPT
somente uma pequena proporção da proteína total mitocon- b. Deficiência de camitina
drial. A maioria das proteínas mitocondriais são codificadas c. Defeito na captação da FAD
pelo DNA nuclear, sintetizado no citoplasma e transportado 2. Defeitos na utilização do substrato
para a mitoc6ndria7. Evidências mostram que o genoma a. Deficiência da piruvato carboxilase
nuclear controla o genoma mitocondrial em um sistema b. Deficiência do complexo piruvato desidro-
complexo. As proteínas codificadas pelo DNAmit são sin- genase
tetizadas dentro da mitoc6ndria e só ficam ativas depois que c. Defeitos da beta-oxidação
3. Defeitos do ciclo de Krebs
se associam a proteínas sintetizadas no citoplasma (codifi-
a. Deficiência da fumarase
cadas pelo DNAnuclear) e importadas para dentro da mi- b. Deficiência da alfa-cetoglutarato dehidro-
toc6ndria. genase
Para a produção do ATP, a maior molécula carregadora 4. Defeitos do acoplamento da fosforilação oxidativa
de energia, as células aeróbicas oxidam carbohidratos, 5. Defeitos da cadeia respiratória
lípides e proteínas para gerar e estocar energia, produzindo a. Deficiência do complexo I
trabalho e calor. Enzimas essenciais para este processo b. Deficiência do complexo II
(conhecidas coletivamente como respiração celular e fosfo- c. Deficiência do complexo Ill
d. Deficiência do complexo IV
rilação oxidativa) são encontradas na mitoc6ndria. Se a
e. Deficiência do complexo V
respiração celular é quebrada em qualquer ponto, a célula f. Defeitos combinados dos componentes da
pode não funcionar normalmente. Células que requerem cadeia respiratória
mais energia, tais como as do cérebro, músculo, olhos e
coração, têm o maior número de mitoc6ndrias e são os A utilidade do uso exclusivo de critérios clínicos para a
principais sitios de desordens mitocondriais. identificação e classificação das doenças mitocondriais é
limitada, porque não há um quadro clinico único. A classi-
ficação bioquímica, também é insuficiente, pois um mesmo
erro enzimático pode apresentar-se sob diferentes formas
clinicas. Por exemplo, na deficiência do complexo I o

TENGAN, CH.; OLIVEIRA, A.S.B.; KNOMOTO, GARB/SI A.A. - Desordens Mitocondriais Rey. Neurociências 2 (1): 19-23, 1994.
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quadro clinico inclui: intolerância ao exercício, fraqueza


muscular progressiva, demência, epilepsia, distonia, atrofia MITOCeINDRIAS
óptica, oftalmoplegia. A deficiência do complexo III pode
manifestar-se por intolerância ao exercício, fraqueza mus-
cular progressiva, cãibras, ptose palpebral, ataxia, surdez,
mioclonia. Já a deficiência de Citocromo C Oxidase (COX),
o último componente da cadeia respiratória (complexo IV),
causa diversos fenotipos: (a)hipotonia, cardiopatia, ence-
falopatia, disfunção renal, intolerância ao exercício; (b)
miopatia infantil benigna ou maligna; (c) MERRF; (d)
KSS; (e) Síndrome de Leigh (retardo no desenvolvimento
motor, ataxia, atrofia óptica, oftalmoplegia, ptose, nis-
tagmo, distonia, tremor, sinais piramidais, anormalidades
respiratórias); (f) Doença de Menkes (tricopoliodistrofia,
desordem do cobre, epilepsia, retardo desenvolvimento mo-
tor, anormalidades no cabelo, nos ossos e no fígado). MEMBRANA EXTERNA
As doenças decorrentes de alterações do DNAmit tam-
FIGURA I.
bém foram classificadas por Rowland et al22 em 2 cate- CADEIA RESPIRATÓRIA
gorias: síndromes com deleções (KSS e oftalmoplegia ex- (reprinted corn permissão - modificado. Moraes CT, DiMauro S, Schmidt B, Schon
terna progressiva) e síndromes com mutações de ponto EA. - Doenças mitocondriats. Granola Hoje, 1990, 12: 46-52.)
Cadeia composta de cinco complexos enzimáticos e dois carregadores movers de
(LHON, MELAS, MERRF). elétrons Os complexost,11, Ill e IV participam do transporte de elétrons através
DeVivo5 (1993) propõe uma classificação mais das reações de oxidorredução 0 complexo V é responsável pela sbtese de ATP. A
coenzima Ge o citocromo C se encarregam do tráfego de elétrons entre eles. Os
abrangente, baseada em critérios bioquímicos e genéticos, doadores iniciais de elétrons na cadeia respiratória são o NADH e o succinato que
e que também considera as desordens mitocondriais adquiri- se tonTiaji, na matrix mitocondrial no ciclo de Krebs.
das, como infecciosas, toxicas, drogas e envelhecimento
(Tabela 2). ASPECTOS GENÉTICOS

0 corpo humano tem aproximadamente um trilhão de


Tabela 2. Classificação bioquímica e genética
células e um quadrilhão de mitociindrias, que se multiplicam
das doenças mitocondriais.
em poucas semanas; nem todas estas replicações são perfei-
A. Formas hereditárias tas. Então, durante a vida, há enormes chances para que
1. Defeitos do DNA nuclear ocorram mutações no DNAmit. Algumas vezes, uma mu-
a. defeitos do transporte de substrato tação deletéria torna-se fixa e passa para gerações celulares
b. defeitos na utilização do substrato subseqüentes.
c. defeitos do ciclo de Krebs Diversos erros genéticos podem acontecer: 1. mutações
d. defeitos do acoplamento da fosforilação nos genes nucleares codificadores de proteínas mitocon-
oxidativa
e. defeitos da cadeia respiratória driais; 2. mutações nos genes mitocondriais; 3. mutações
f. defeitos da importação da proteína envolvendo o processo de importação das proteínas mito-
g. defeitos na sinalização intergen6mica condriais; 4. mutações envolvendo o controle do genoma
2.Defeitos do DNA mitocondrial nuclear sobre o genoma mitocondrial; 5. mutações afetando
a. grandes rearranjos esporádicos grupos prostéticos de enzimas mitocondriais (por exemplo:
b. grandes rearranjos transmitidos síndrome de Menkes).
c. mutações de ponto afetando genes estruturais
d. mutações de ponto afetando genes de síntese
Doenças associadas com deleções do
B. Formas adquiridas
1. infecciosa (p.ex. Síndrome de Reye) DNAmit
2. toxica (MPTP)
A OEPC, clinicamente caracterizada por oftalmoplegia
3. drogas (AZT)
4. envelhecimento e ocasionalmente, fraqueza muscular progressiva de inicio
na infância, foi associada a grandes deleções do DNAmit,
em 70 a 80% dos pacientes. Pelo fato de não haver difer-
enças na incidência e tipo de deleções do DNAmit em
pacientes com KSS típica e pacientes que apresentam

TENGAN, C.H.; OLIVEIRA, A.S.B.; KIYOMOTO, RH. & GABBAI A.A. - Desordens Mitocondriais Rev. NeurociOncias 2W: 19-23, 1994.
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somente oftalmoplegia externa progressiva, a KSS pode ser foram descritos e observou-se que havia uma correlação
incluída na categoria de OEPC. Aproximadamente 80% dos entre grau de depleção e gravidade dos sintomas clinicos25.
pacientes com KSS e 50% dos pacientes s6 com miopatia
ocular tem deleções do seu DNAmit16. A gravidade da Duplicação do DNAmit
apresentação clinica não está correlacionada com o tamanho Rotig et ael descreveram 2 pacientes com quadro de
e localização da deleção, ou com proporção do DNAmit tubulopatia renal proximal no primeiro ano de vida, acom-
mutante no músculo. Entretanto, pacientes com apresen- panhado de diabetes mellitus, alterações na pele, fraqueza
tação clinica mais severa apresentam maior porcentagem de muscular e ataxia cerebelar. Observou-se uma duplicação
DNAmit mutante em tecidos não musculares. do DNAmit de 26kb.
Deleções múltiplas do DNAmit também foram descritas Apesar dos grandes avanços nos estudos com DNAmit,
em algumas familias, com transmissão autoss8mica domi- os aspectos fisiopatológicos das desordens mitocondriais
26
nante . As deleções múltiplas foram associadas a diversos não estão totalmente elucidados. Uma mesma mutação no
sintomas: oftalmoplegia externa progressiva, neuropatia, DNAmit pode levar a vários fen6tipos e estar presente
deficiência mental, retardo psicomotor e alterações gas- mesmo em indivíduos assintomáticos. A grande hetero-
trointestinais4'27. geneidade desta entidade pode ser explicada pelo fenômeno
de heteroplasmia, ou seja, em um tecido pode-se encontrar
Doenças associadas com mutações de DNAmit normal e mutante, em variáveis proporções. 0 que
ponto do DNAmit determina o fenótipo e o grau de manifestação é a proporção
de DNAmit mutante presente no tecido, é necessário que se
Ao contrario das deleções mitocondriais, que são usual- atinja umnível limiar de DNAmit mutante para que a doença
mente esporádicas, as mutações de ponto do DNAmit são se manifeste. Por exemplo, na OECP é necessário que se
geralmente associadas a transmissão por herança materna. atinja um limiar de 70% de DNAmit mutante, no MELAS,
Oitenta porcento dos pacientes com MELAS têm uma mu- 95% e no MERRF, 90%19. Alterações do DNAmit não são
tação de ponto no nucleotide° 3243 e 10% no nucleotideo os únicos responsáveis pelas desordens mitocondriais.
3271. Os pacientes com mutações 3243 e 3271 não apresen- DNA nuclear também exerce influências sobre o DNAmit,
tam diferenças clinicas ou anatomo-patológicas entre e um erro neste processo pode levar a alguns tipos de
eles12'13 mitocondriopatias, explicando o achado de herança tipo
Na MERRF foi detectada uma mutação A-para-G no autosseimica dominante em alguns casos. A análise das
nucleotide° 8344, tanto em pacientes, como em familiares familias dos pacientes é bastante difícil, não só pela sua
assintomáticos. O DNAmit mutante e normal foram detec- heterogeneidade clinica, mas também porque o grau de
tados em um estado de heteroplasmia em vários tecidos, comprometimento do DNAmit é bastante variável de pessoa
com diferentes proporções. No músculo de pacientes sin- para pessoa, de tecido para tecido e de célula para célula.
tomáticos geralmente mais de 80% do DNAmit era mutante. Existem pacientes assintomáticos com grande proporção de
No entanto, proporções altas de DNAmit mutante também DNAmit mutante, e aqueles sintomáticos com pequena
foram encontradas em familiares assintomáticos, tornando proporção. Ainda não se conseguiu definir uma correlação
difícil a correlação com o grau de severidade clinica3'23. clam entre a mutação do DNAmit, com o defeito bioquímico
Quatro mutações diferentes foram encontradas em decorrente desta alteração, por isso é bem provável que
pacientes com LHON, a mais freqüente é a substituição outros fatores também estejam env olvidos no desen-
G-para-A no nucleotide° 11778 no DNAmit, que converte volvimento da doença.
uma arginina para uma histidina para a subunidade 4 da
NADH desidrogenase. A segunda mutação mais freqüente SUMMARY
é a que ocorre no nucleotide° 3460 (mutação G-para-A). Mitochondrial disorders are a very heterogeneous group, with clinical manifestations
Não se sabe o defeito bioquímico decorrente desta mu- varying from a pure myopathy to systemic syndromes with encephalopathy. Morna-
bus mitochondria! proliferation (ragged red fibers) is the most typical morphological
tação19. feature and there is a biochemical defect in oxidative fosforilation in mitochondria.
Recently, mitochondria! DNA (mitDNA) mutations were associated to several mito-
chondria! disorders. These abnormalities are classified in point mutations, deletions,
Depleção do DNAmit duplications and depletion. Besides mitDNA mutations, nuclear DNA abnormalities
may also occur.
Moraes et al1 descreveram 4 pacientes que não apresen-
KEY WORDS:
tavam mutações no DNAmit mas apresentavam quantidade
mitochondrial cytopathy, mitochondria, mitochondria! DNA
muito reduzida do DNAmit, cerca de 98%. Tratava-se de
uma encefalomiopatia mitocondrial infantil, com deficiên-
cia de COX e com evolução fatal. A partir dai, outros casos

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