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Direcção de Educação
Departamento MédicaMédica
de Educação da Faculdade de Medicina
da Faculdade • Universidade
de Medicina de Coimbra
• Universidade de Coimbra

Julho2008
Abril 2007

AVALIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS NAS AULAS PRÁTICAS


OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM: COMO DEFINI-LOS? Hugo Camilo

O currículo em vigor na FMUC prevê que as competências práticas/


Hugo Camilo José António P. Silva 2. Como decidir sobre os métodos e instrumentos
clínicas dos alunos sejam predominantemente treinadas no contexto
específico das aulas práticas. Sendo consensual a afirmação de que a
específicos a empregar?

1. PORQUE DEVO PREOCUPAR-ME COM A


avaliação conduz a aprendizagem, torna-se assim imperativo desen- • Balizar
Miller o curriculum,
(1990) propôs comparando-o
uma abordagem com os objectivos gerais
à avaliação da Escola e com
das competências clíni-
volver métodos o plano adoptado por Escolas de referência.
cas que prevê o progresso através de 4 níveis de competência, ilustra-
DEFINIÇÃO DE OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM?as
de avaliação que validem, de forma estruturada,
aprendizagens realizadas pelos alunos nessas aulas. Mas como fazê- dos pela famosa pirâmide que serve de enquadramento aos processos de
lo? Os métodos de avaliação habitualmente empregues para a ava- avaliação em muitas escolas médicas, a nível internacional.
A investigação educacional demonstrou que a explicitação de objectivos de apren-
liação dos conhecimentos dos alunos são inadequados para avaliar
dizagem junto dos alunos é determinante na eficácia do ensino e na retenção da
as suas competências clínicas/práticas (e.g.: não é possível avaliar se PERFIL DE
informação. Avaliação das
um aluno sabe executar competentemente um exame físico através FAZ COMPETÊNCIAS aprendizagens nas
Definir objectivos é tão útil para o aluno como para o docente: ambos precisam
de um teste escrito). Nos parágrafos seguintes abordaremos algumas DO MÉDICO/MÉDICO aulas práticas
das de saber claramente aondeeste
querem chegar! Só assim adoptarão a estratégia mais MOSTRA COMO SE FAZ
formas de lidar com problema. DENTISTA
eficaz para chegar lá!
SABE COMO SE FAZ

1. Que aspectos devo considerar quando selecciono OBJECTIVOS DE


os PARA OS ALUNOS, objectivos bemalunos
definidos: SABE
métodos de avaliação dos meus nas aulas ÁREA/DISCIPLINA
práticas?
• Ajudam a perceber a importância da matéria que lhes é apresentada e a abor-
dá-la de forma eficaz; 3. A que instrumentos de avaliação
OBJECTIVOS DA AULA/SESSÃO DE ENSINO posso recorrer
• Tornam de
Diversidade claro o que se espera que ele aprenda e demonstre ao frequentar
métodos para a avaliação do– nível “Mostra como se Faz”?
APRENDIZAGEM
Não existe um método
uma determinada singular
disciplina que Os
ou curso. permita
sumáriosavaliar simultaneamente
não atingem este objectivo
todos (vdos adiante);
domínios e componentes da aprendizagem, pelo que será • OSLER (Objective Structured Long Examination Record)
necessário conceber
• Proporcionam uma
meios variedade
para avaliar osde métodos,
próprios ajustados
progressos a diferentes
na aprendizagem
objectivos. Descrição: Consiste numa apreciação estruturada do desempenho do
em qualquer momento do percurso formativo;

2.
Validade aluno naSUMÁRIOS
realização da VERSUS OBJECTIVOS:
história clínica, do exame físico e outros aspectos
• Promovem a responsabilidade, porque sabem o que se espera deles e com-
Antes de escolher um método ou instrumento de avaliação é crucial relacionados com a investigação e gestão do caso e perspicácia/destreza
preendem quais actividades que contribuem para o seu sucesso educativo. Na MARQUE AS DIFERENÇAS.
clínica, durante um período que poderá variar entre os 20 e 30 minutos.
definir o que se pretende avaliar. Por outras palavras, a resposta à questão Para que possam servir os propósitos acima enunciados os objectivos têm que ir
“Estouausência
a medirdeaquilo
objectivos
queclaros, o alunoestar
é suposto é obrigado a um exercício
a medir?” tem quedeser adivinhação,
positiva. O OSLER inclui 10 itens que avaliam a competência nas áreas acima referi-
nem sempre bem sucedido, sobre o que o professor muitoOalém da simples enumeração
que se de conteúdo que caracteriza o sumário: têm
Reconhecer isto implica atender a diferentes facetasespera que ele retire
do conceito de
de vali- das. processo implica peça ao aluno que obtenha uma história
cada experiência de aprendizagem; que tornar
clínica claro o 3
durante nível
a 4e ominutos,
propósito da informação,
enquanto o têm
examinador aluno o que
que dizer aoobserva todo o
dade: garantir a validade implica estabelecer uma ligação coerente entre
o processo de avaliação e os Objectivos de Aprendizagem (Vd. Essências se esperaeque
processo ele faça
forma com o aconhecimento
também sua opiniãoveiculado.
sobre as competências de comu-
Educare
PARA nº 04OS– DOCENTES,
Julho de 2007),objectivos
de modo a obter bemuma amostra válida e
definidos: nicação do aluno. Em seguida, o aluno executa o exame físico, sendo que,
representativa das aprendizagens que os alunos têm que realizar (eg.: não umaOvez QUEmais,SÃO?o avaliador está atento quer ao processo quer ao produto
• Constituem guias para a selecção e preparação das experiências de ensino-
avaliar competências de comunicação com um teste de escolha múltipla). do exercício. Por
Declarações sobre último,
o queos itensque
se quer referentes à investigação,
os alunos sejam capazes degestão
fazer apro-
aprendizagem mais adequadas aos objectivos preconizados;
Implica ainda considerar se o instrumento é aceitável e adequado para os priada do caso e perspicácia/destreza clínica são apreciados.
• Facilitam a programação de cada aula/experiência de aprendizagem: a em resultado de uma experiência de aprendizagem.
diferentes utilizadores (professores, alunos). A ficha de registo do OSLER inclui ainda um campo destinado à indicação
sua soma deve equivaler aos objectivos da disciplina;
Fidedignidade/Consistência do grau de dificuldade do caso, decisão que será tomada antes do exame
• Ajudam a identificar os conteúdos
A fidedignidade/consistência que ampliam
diz respeito ao graudesnecessariamente
de confiança que a carga
po- eDesta
que forma,
aumenta os objectivos
claramentejuntam a docente
validade e discente num propósito
e fidedignidade comum e cla-
da avaliação.
demosdeter de que umfactual
conhecimento resultado obtido numa
sem contributo determinada
relevante prova dedese-
para as competências ava- Processo de cotação/classificação: A classificação dos alunos édescre-
ramente assumido, responsabilizando um e outro pelo processo. O sumário baseada
liação jadas;
seria idêntico, caso esta fosse repetida ou classificada por diferentes ve, quando
num muito,faseado,
processo a actividade do professor
sendo que um – o objectivo
avaliadorcentra o processo no aluno.
e co-avaliador classifi-
avaliador(es). Os principais
• Fornecem informação sobrefactores a que
o nível de se deve estar
conhecimentos atento e que
e competências que cam inicialmente o aluno numa escala entre P+ (muito bom/excelente),
influenciam
os alunosa consistência incluem:
devem apresentar comoa pré-requisito
extensão dapara prova e a objectividade
a frequência da discipli- POs(suficiente) e P- (insuficiente)
objectivos estabelecem um contrato empartilhado
cada um com dos os10aprendizes
itens e também
que des- lhe
na cotação, os erros de generalização (generalizações abusivas a partir atribuem
creve o queumaeles classificação
serão capazes de global, segundo
fazer após a mesmaeescala.
a aprendizagem que nãoNaeramsegunda
ca-
na;
de respostas e contextos específicos) e de enviesamento (eg.: ênfase etapa dofazer
pazes de processo,
antes. avaliador e co-avaliador acordam sobre a classificação
• São imprescindíveis na selecção das metodologias de avaliação e na cons-
excessivo colocado por alguns avaliadores sobre determinados traços ou nos diferentes itens, e decidem conjuntamente sobre a atribuição da nota
trução dos instrumentos e critérios de avaliação. Quando bem redigidos, tor- final (60 a 80 para P+, 50 a 55 para P e 35 a 45 para P-).
aspectos de comportamento, influência na classificação causada pela im-
pressãona-se
geralfácilque
transformar
têm sobre um objectivo de aprendizagem
um determinado alunonuma questão paraentre
ou diferenças exa- Vantagens: A avaliação é baseada numa tarefa bastante autêntica e
me, ou conceber uma metodologia que permita avaliar objectivos
avaliadores nos critérios de exigência na classificação). É possível deter-
minar,nios das aptidões
através
nos
ou atitudes. estatísticos, as diferentes formas e níveis
de procedimentos
de consistência de uma prova de avaliação.
domí-
3.
aproxima-se muito da prática quotidiana dos futuros profissionais. Intro-
duz umaCOMO REDIGIR OBJECTIVOS.
maior objectividade e validade facial e de constructo em relação
aos casos longos tradicionais, em virtude da maior estruturação e pa-
Praticabilidade dronização dos avaliadores, resultante do acordo prévio sobre os aspectos
PARA A ESCOLA, os objectivos: Regra n.º 1: Utilize verbos activos, descritivos da capacidade do aluno para
específicos a avaliar e modos de cotação e classificação. É um método de
É imperativo que os docentes se questionem sobre a praticabilidade dos
• De cada disciplina constituem os blocos de que faz o edifício curricular; fazer algo.
métodos de avaliação que pretendem utilizar, o que significa ponderar os avaliação relativamente isento de problemas logísticos, uma vez que a
• Permitem harmonizar o curriculum, progredindo para níveis crescentes de com- Assim,
sua é possível garantir
organização é muitoque um objectivoà comunica
semelhante o seu propósito
prática avaliativa de forma
vigente.
custos de todo o processo, quer em termos de recursos, quer em tempo
plexidade
despendido. conceptual
Devem e prática;as seguintes questões: Quanto tempo de-
colocar-se eficaz de formaAa consistência
Limitações: que não deixe dúvidas na mente
inter-casos do aluno relativamente
é relativamente baixa, aos
o quere- si-
• Permitem mapear o curriculum,
morará a construção do instrumento identificando lacunas e sobreposições
e a sua cotação? Que aspectos excessi-
logís- sultados de aprendizagem esperados. Ao seleccionarmos
gnifica que o desempenho numa única OSLER não é um bom predictor doum verbo que demons-
vas;
ticos e organizacionais terei que considerar? Pode o instrumento fornecer desempenho
tre um desempenhofuturo. A validade
observável de conteúdo,
(ou produto) quando
estaremos se avaliam
a facultar evidênciaapenas
de
feedback útil e terá potencial para produzir um efeito benéfico na apren- 1 ou 2 casos, é fraca, pois não é possível avaliar todo o espectro de com-
dizagem futura dos alunos? petências que seria desejável.
• OSCE (Objective Structured Clinical Examination) Evaluator: Date:
Fellow: R-1 R-2 R-3

Descrição: Embora existam actualmente muitas variantes deste método, Patient Problem/Dx:
Setting: Ambulatory
que remonta aos anos 70, a abordagem convencional refere a OSCE como Patient: Age:
In-patient
Sex:
ED
New
Other
Follow-up
uma série de 10-20 estações, cada uma com uma duração de 5-10 minu- Complexity Low Moderate High

tos, em que, perante um determinado cenário clínico, os alunos têm que Focus: Data gathering
1. Medical interviewing skills ( Not observed)
Diagnosis Therapy Counseling

executar tarefas clínicas estandardizadas, sob observação de um ou dois 1 2


Unsatisfactory
3 4 5
Satisfactory
6 7 8
Superior
9

avaliadores. Uma característica distintiva deste formato de avaliação é 2. Phsical examination skills ( Not observed)
1 2 3 4 5 6 7 8 9
que cada aluno desempenha o mesmo conjunto de tarefas que todos os Unsatisfactory Satisfactory Superior

restantes e é classificado segundo um esquema de cotação/classificação 3. Humanistic qualities/ professionalism


1 2 3 4 5 6 7 8 9
comum. Todos os alunos se movem entre estações em simultâneo e numa Unsatisfactory Satisfactory Superior

sequência pré-determinada. Os doentes simulados ou estandardizados são 4. Clinical judgment ( Not observed)
1 2 3 4 5 6 7 8 9
o principal recurso de avaliação, mas, actualmente, já é possível recorrer a Unsatisfactory Satisfactory Superior

manequins ou outros simuladores para incluir em estações da OSCE. 5. Counseling skills ( Not observed)
1 2 3 4 5 6 7 8 9
A OSCE permite avaliar dimensões muito diversificadas: competências de Unsatisfactory Satisfactory Superior

exame físico e obtenção de histórica clínica, interpretação de radiografias, 6. Organization/efficiency ( Not observed)
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Superior
electrocardiogramas ou resultados laboratoriais, competências de comu- Unsatisfactory

Overall clinical competence ( Not observed)


Satisfactory

nicação, aptidões médico-cirúrgicas diversas, entre outras. Todavia, algu- 1 2


Unsatisfactory
3 4 5
Satisfactory
6 7 8
Superior
9

mas destas competências (eg. competências de comunicação ou aspectos Mini-CEX time: Observing: Min Providing feedback Min
relacionados com a atitude profissional) poderão ser melhor avaliadas por Evaluator satisfaction with mini-Cex
recurso a outros métodos. Low 1 2 3 4 5 6 7 8 9 High

Processo de Cotação/Classificação: Este processo é bastante variável, Resident satisfation with mini-Cex
Low 1 2 3 4 5 6 7 8 9 High
em função das estações que tiverem sido incluídas no conjunto da ava- Comments:
liação. Todavia, todas as OSCE incluem um esquema de cotação e clas- Resident signature Evaluator signature
sificação padronizado, específico para cada caso utilizado. Habitualmente,
são empregues checklists, distribuídas aos examinadores, acompanhadas Dx = diagnosis; ED = emergency departement; min = minutes; R-1 = first-year resident; R-2 = second-year resident; R-3 = third-year resident.

de instruções precisas sobre quais as dimensões do comportamento dos


alunos que devem ser particularmente apreciadas em cada estação. • Log Books e Portfolios
Vantagens: São uma alternativa eficaz aos casos clínicos curtos deses-
truturados. Permitem uma amostragem mais alargada de objectivos de Descrição: Nos Log Books, os alunos mantêm um registo dos doentes
aprendizagem e uma estandardização dos casos. Revelam uma maior observados ou dos procedimentos executados, numa caderneta própria
consistência no processo de cotação/classificação. para o efeito ou em suporte informático. Pode ou não ser fixado um
Limitações: A validade pode estar comprometida se as competências número alvo de procedimentos ou casos a observar pelo aluno. Os Por-
complexas são fragmentadas em múltiplas tarefas de menor complexi- tfolios alargam este conceito e propõem que o aluno registe também os
dade. A avaliação de competências de comunicação e as atitudes, em seus objectivos pessoais, os resultados alcançados, o modo como esses
especial, são difíceis de avaliar pela OSCE, uma vez que são competências resultados foram conseguidos, sendo que aqui a ênfase recai na com-
muito dependentes do contexto e pouco generalizáveis, sendo necessário ponente de reflexão pessoal sobre os processos de aprendizagem, como
um número muito elevado de estações para as avaliar com um grau de forma de estimular o desenvolvimento pessoal e profissional. Um Portfolio
consistência razoável. O uso de checklists para classificação pode ser redu-
tor porquanto presume que as interacções entre médico e doente podem inclui, habitualmente, documentos escritos, tais como ensaios, projectos,
ser reduzidas a uma lista de acções pré-determinadas. A OSCE é exigente logbooks, entre outros, mas podem também incluir registos vídeo ou au-
na perspectiva da logística e organização. dio, fotografias, e outras fontes de informação que sirvam como evidência
das aprendizagens realizadas. Este instrumento de avaliação é particu-
4. A que instrumentos de avaliação posso recorrer larmente adequado para avaliar competências dificilmente avaliáveis de
outras formas, tais como desenvolvimento baseado na prática, uso de
para a avaliação do nível “Faz”? evidência científica nos cuidados médicos, comportamentos profissionais
e éticos, entre outros.
• Mini – Clinical Evaluation Exercise (Mini-CEX)
Cotação/Classificação: Diferentes modalidades de cotação e classificação
Descrição : Este instrumento é uma variante do clássico CEX (Clinical Eva- têm sido experimentadas no caso dos Portfolios. Todavia, é altamente
luation Exercise), que foi deveras criticado pela sua excessiva duração recomendável que, antes de serem tomadas decisões quanto à classifica-
(cerca de 2 horas) e porque os resultados dificilmente podem ser genera- ção a atribuir, os avaliadores partilhem o entendimento sobre os critérios
lizáveis para além do encontro observado. Assim surgiu o Mini-CEX, que gerais e específicos e negoceiem de forma consistente o que constitui um
reduz a duração do encontro entre o aluno e o doente a um período de 15- nível Muito Bom ou Excelente e o que constitui um Fraco ou Mau resultado
20 minutos, sendo assim possível organizar diversos encontros ao longo
e que definam e refinem os pontos ao longo do continuum de classifica-
do ano podendo estes decorrer numa variedade de contextos diferencia-
dos (eg., ambulatório, urgências, centro de saúde), de modo a que os do- ções possíveis. Os Objectivos da Aprendizagem devem constituir-se como
entes apresentem uma gama mais alargada de problemas e desafios. Esta referenciais a partir dos quais estas decisões são tomadas.
fórmula permite que os alunos sejam avaliados por diferentes docentes/ Vantagens: Existe uma recolha de evidências sobre o desempenho real
tutores à medida que interagem com os mais diversos casos clínicos. Com dos alunos no nível “Faz”, de uma forma longitudinal.. Os Portfolios são
o Mini-CEX é possível avaliar seis competências nucleares dos alunos, de- estimuladores de uma aprendizagem reflexiva e, nessa medida, são alta-
signadamente, as competências de entrevista médica, competências de mente valorizados na modalidade de avaliação formativa e como instru-
exame físico, qualidades humanas/profissionalismo, juízo/decisão clínica, mento de “feedback”.
competências de aconselhamento e organização e eficiência. Existe ainda Limitações: Método de avaliação que consome uma quantidade considerável
uma categoria de competência clínica global. de tempo, quer da parte dos alunos, quer dos docentes. São também difíceis
Em cada encontro, o avaliador regista a data, a complexidade do pro- de cotar, padronizar e é difícil decidir sobre os critérios para obter aprovação.
blema do doente numa escala de 1 a 3, o sexo do doente, o tipo de visita,
o contexto, o número de minutos despendidos a dar feedback ao aluno.
Também é registado o foco do encontro (recolha de dados, diagnóstico, Para saber mais:
tratamento ou aconselhamento).
Processo de Cotação/Classificação : Cada competência é classificada • Amin, Z.; Seng, C.; Eng, K.H. (2006). Practical Guide to Medical Stu-
numa escala de Likert de 1 a 9 valores (1 a 3 insatisfatório, 4-6 satisfatório, dent Assessment. Singapore: World Scientific Publishing Co. Pte.Ltd.
7-9 superior). A decisão de classificação é facilitada pela existência de • Friedman M. B. D.; Davis, M.H.; Harden, R.M.; Howie, P. W.; Ker, J.; Pip-
descritores de desempenho para cada uma das competências a observar. pard, M. J. (2001). AMEE Medical Education Guide No. 24 – Portfolios
O avaliador também classifica a sua satisfação com a validade e eficácia as a method of student assessment. Dundee: AMEE Centre for Medical
do próprio método de avaliação numa escala de 9 pontos. Education, University of Dundee.
Vantagens : Decorre num contexto “autêntico”, em que é possível a • Gleeson, F. (1998). AMEE Medical Education Guide No. 9 – Assessment
observação directa do desempenho dos alunos e avaliar o seu desem- of Clinical Competence using the Objective Structured Long Examina-
penho global. Demonstra, através de estudos estatísticos já empreendi- tion Record (OSLER). Dundee: AMEE Centre for Medical Education, Uni-
dos, uma boa consistência inter-avaliadores e permite discriminar dife- versity of Dundee.
rentes níveis de desempenho. É referida pelos seus utilizadores como um • Newble, D. (2004). Techniques for measuring clinical competence:
instrumento prático e de fácil utilização e que permite a sua adaptação objective structured clinical examinations. In: Medical Education, 2004;
a contextos e necessidades locais. É particularmente útil para a avaliação 38: 199-203.
contínua dos alunos em contextos de prática real (eg.: 6º Ano, Internatos, • Norcini, John J.; Blank, L.; Fortna, G. S. (2003). The Mini-CEX: A Method
“Blocos”). for Assessing Clinical Skills. In: Ann Intern Med., 2003; 138: 476-481.
Limitações: É um instrumento relativamente novo e pouco familiar. É • Shumway, J. M.; Harden, R.M (2003). AMEE Medical Education Guide
necessário algum treino e prática dos avaliadores para aumentar a sua
No. 25 – The assessment of learning outcomes. Dundee: AMEE Centre
fidedignidade. Não permite avaliar todas as dimensões da competência
for Medical Education, University of Dundee.
médica num único encontro.

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