Você está na página 1de 36

A Avaliaç ão Fo rmado ra

c o mo Es traté g ia de Apre ndizag e m


no Do mínio da Es c rita e m Líng ua Mate rna

A Avaliaç ão Fo rmado ra
c o mo Es traté g ia de Apre ndizag e m
no Do mínio da Es c rita e m Líng ua
Mate rna

Maria Jo ão Co ns tantino

Dis s e rtaç ão de Me s trado e m Ciê nc ias da


Educ aç ão
Fac. de Psicologia e Ciências de Educação-Lx. M. João Constantino
UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE PSICOLOGIA E DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

A Avaliaç ão Fo rmado ra
c o mo Es traté g ia de Apre ndizag e m
no Do mínio da Es c rita e m Líng ua Mate rna

Maria João Sampaio B. Constantino

Dissertação orientada pela


Pro fe s s o ra Do uto ra Maria He le na Me nde s Carne iro Pe ralta

MES TRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO


Área de especialização em Teoria e Desenvolvimento Curricular
2005
“A Avaliação Formadora como Estratégia de
Aprendizagem no Domínio da Escrita em Língua
Materna”

 Estudo promovido na área curricular da


língua materna,
materna consignado no início do
ensino secundário,
secundário e percepcionado
como um processo de desenvolvimento
das competências discursivas no domínio
da produção textual, com enfoque no
aluno como produtor consciente das suas
competências escriturais e na promoção
da sua autonomia como escrevente.
A avaliaç ão fo rmado ra c o mo e s traté g ia de apre ndizag e m no do mínio da e s c rita e m

líng ua mate rna

Dinamizámos um percurso na perspectiva formativa e


formadora da aprendizagem,
aprendizagem com particular
incidência no escrevente aprendente,
aprendente do 10º ano de
escolaridade, na disciplina de Português B,
B nas
modalidades de texto de  síntese
 resumo

 contracapa de conto

 relatório de visita de estudo

 ficha de leitura de documentação


Opção temática norteada por :

 Determinantes pessoais e profissionais

 Actividades e cargos pedagógicos

 Seminários e acções de formação

 DUECE, em Avaliação em Educação


 Mestrado em Ciências de Educação, na área de
Teoria e Desenvolvimento Curricular
 Consciencialização dos condicionalismos e
constrangimentos que envolvem o ensino-
aprendizagem da escrita em língua materna
Consideramos a existência

 Forte questionamento em torno das práticas de ensino


do Português pela comunidade educativa e pelo
conjunto social;

 Fragilidades no domínio das competências de


expressão escrita dos alunos;

 Insucesso em língua materna no decurso e no final


do ensino secundário;

 Conclusões alarmantes em estudos no plano da


escrita: Literacia em Portugal; P.I.S.A., “Programme for
International Student Assessment”
Propósitos Iniciais

Foi nosso propósito contribuir para o alargamento do


conhecimento nesta área de investigação, procurando
saber:

 De que modo o aluno era capaz de construir uma


aprendizagem fundamentada no âmbito da escrita em língua
materna

 Em que medida os processos centrados na avaliação


formativa e formadora concorriam para a melhoria da escrita

 Como as práticas avaliativas formativas e formadoras


determinavam uma mudança no papel do aluno face à
escrita e o tornavam mais autónomo
O ensino da escrita surge muitas vezes desligado dos
processos de reflexão sobre a sua aprendizagem; assim,
muitas das dificuldades com que os alunos se deparam
decorrem de uma aprendizagem automática que
escamoteia a compreensão aprofundada dos processos
aplicados aquando da produção de um texto.

 A aplicação de instrumentos de índole formativa e formadora


poderão coadjuvar o aluno a deter maiores competências
escriturais, envolvendo processos de
auto-controlo,
auto-controlo
auto-gestão de saberes,
auto-avaliação
regulação,
regulação
tornando-o num produtor de texto tendencialmente mais activo,
activo
consciente e mais autónomo na construção do seu saber.
Objectivos do Estudo

 Identificar as práticas de ensino-aprendizagem da escrita


e práticas avaliativas

 Identificar as práticas escolares de escrita


 Referenciar as dificuldades face às competências de
escrita
 Verificar o desenvolvimento da capacidade de auto-
regulação das aprendizagens da escrita

 Reflectir no modo como a avaliação efectuada se reflectiu


no desempenho escrito dos actantes
Procurou-se analisar as principais concepções e dificuldades do
discente,
discente dotando-o de ferramentas no sentido de potencializar
o seu desempenho no domínio da expressão escrita mas,
cumulativamente, tornando-o num actor consciente das
determinantes do seu ofício enquanto sujeito que aprende a
aprender, a saber-fazer sendo, de igual modo, o regulador do
processo de ensino-aprendizagem.

 Desejávamos concorrer para a superação das


dificuldades no quadro das competências de
escrita, potencializar uma melhoria das
práticas, mas também encorajar a autonomia
e a iniciativa do jovem escrevente,
escrevente
conduzindo-o a aprender a aprender.
aprender
Perspectivas Teóricas
Perspectivas Teóricas

 Concepção curricular da avaliação em


língua materna

 Conceito de avaliação

 Modalidades avaliativas:

Avaliação formativa
Avaliação formadora
 Enfoque curricular no ensino-aprendizagem da
escrita
 Contributos para o conceito de escrita
 Modelos de escrita
 Etapas do processo de escrita
 Planificação
 Textualização
 Revisão

 Perspectivas dos tipos de texto


 Diversidade do quadro teórico
 Escritos incluídos no estudo
Natureza do Estudo

Trata-se de um estudo de carácter descritivo e interpretativo,


interpretativo
orientado pela abordagem qualitativa e que engloba
igualmente procedimentos quantitativos, visando apreender
os dados em toda a sua dimensão e complexidade nos
contextos envolvidos.

 Optámos por realizar estudo de caso múltiplo:

 delimita um fenómeno contemporâneo centrado em


condições contextuais reais

 permite a manutenção das características holísticas e de


significado

 promove a apreciação de múltiplas fontes informativas e


fundamenta e enriquece a análise
Os dados foram obtidos através de diversas técnicas de
recolha de informação:

 Entrevista semi-estruturada

 Questionário

 Observação directa

 Documentos

 Listas de verificação das actividades de escrita


Âmbito da Pesquisa

 Delimitámos como terreno de investigação

3 escolas de freguesias distintas do concelho de


Odivelas

 Participaram no estudo:

3 professores de Português do 10º ano, das escolas


implicadas (Professores Participantes Indirectos);

6 grupos-turma de Português B, do 10º ano de


escolaridade (131 alunos);

6 docentes de Português das turmas participantes


(Professores Participantes Directos);
ESTRUTURA DO ESTUDO

" A A v a lia ç ã o F o rm a d o ra
c o m o E s tra té g ia d e A p re n d iz a g e m
n o D o m ín io d a E s c rita
e m L ín g u a M a te rn a "

FASE A FASE B FASE C


E s tu d o P ré v io A n á lis e d a in d a g a ç ã o c o n c e p tu a l R e p re s e n ta ç ã o d e c o m p e tê n c ia s e s c ritu ra is
A lu n o s d e P o rtu g u ê s B , 1 0 º A n o e d a p ro d u ç ã o te x tu a l A lu n o s
P ro fe s s o re s In fo rm a n te s D ire c to s A lu n o s / P ro fe s s o re s In f. D ire c to s
Conclusões do Estudo
Estudo Prévio

Resultados da avaliação de frequência


de Português B (00-01)

Representações das práticas de ensino-


aprendizagem da escrita e das práticas avaliativas

PII
Representações no domínio da escrita em
língua materna
ALUNOS

Diagnose escritural
(texto expressivo-descritivo)
ALUNOS
Representações das práticas de ensino-aprendizagem da
escrita e das práticas avaliativas - PII
 Práticas de ensino-aprendizagem da escrita

 ênfase dos procedimentos de escrita


 preponderância sobre as demais competências
 variedade restrita de estratégias
 promoção da escrita em conexão directa com a leitura literária
 incidência dos escritos:
 itens de resposta curta
 texto sujeito a modelo (síntese /resumo)
 texto criativo
 Condicionalismos: fraca adesão; dificuldades na compreensão
de textos/enunciados; inadequação dos mecanismos de
coerência e coesão; lacunas lexicais e de funcionamento da
língua;

 Práticas avaliativas:
 incidência nas práticas sumativas
 uso diminuto de práticas formativa
Representações no domínio da escrita em língua materna-ALUNOS

■ A aprendizagem do Português concorre para a:


■ compreensão da língua padrão
■ compreensão/interpretação de enunciados orais e escritos
■ conhecimento da literatura e da cultura nacionais

■ Incidência das práticas de escrita efectivadas na aula de Português


■ ficha de leitura de assunto
■ ficha de leitura literária
■ resumo
■ texto expressivo

■ Reconhecimento de obstáculos escriturais


■ domínio vocabular
■ flexão verbal
■ domínio discursivo
Diagnose escritural (texto expressivo-descritivo)

 Incidência de inadequações na escrita compositiva

Mecanismos de coerência e de coesão

Organização frásica

Pontuação
Fase B
Indagação conceptual e produção textual

Indagação conceptual Concepção dos


com recurso à instrumentos relativos
observação aos tipos de texto

Listas de verificação

Questionários Avaliativos das


Actividades de Escrita

Questionário de reflexão
sobre as actividades
escriturais
P.I.D.
Indagação conceptual com recurso à observação
■ Permitiu captar ao saberes experienciais de escrita dos alunos;
■ Consciencializou-os da pluralidade de factores do processo de escrita;
■ Determinante no relacionamento com as fichas metodológicas e
as lista de verificação;
■ Suscitou a adesão ao processo escritural.

Concepção dos instrumentos relativos aos tipos de texto (F M)

■ Concretizados em conexão com os informantes (A; PID)


PID e concepções
teóricas;
■ Guiam a produção escritural;
■ Integram operações e critérios de realização;
■ Envolve as etapas:
compreensão e análise do texto-fonte;
produção de texto;
aspectos materiais.
Listas de Verificação

Enquanto instrumento mediador ao acto escritural:

■ Instituiu o aluno como protagonista e decisor

■ Consciencializou-o dos objectivos a abranger

■ Potencializou a apropriação dos critérios intrínsecos dos tipos

de texto

■ Facultou o processo de avaliação e de regulação da escrita

■ Proporcionou o desenvolvimento do pensamento reflexivo

■ Incrementou a autonomia na escrita


Questionários Avaliativos das Actividades de Escrita

■ Dupla valência:
■ Avaliação do processo de ensino-aprendizagem da escrita
■ Avaliação dos instrumentos pelo aluno
■ Valia da metodologia

■ Promove a auto-reflexão do aluno sobre a sua aprendizagem

■ Análise do processo escritural

■ Identificação das dificuldades

■ Enunciação das estratégias de superação aplicadas

■ Antevisão de estratégias a adoptar em momentos de


escrita subsequentes
Questionário Avaliativo da Actividade
Reflexão do aluno sobre a sua aprendizagem

■ Obstáculos na produção textual


■ Incompreensão do texto-fonte
■ Incapacidade de seleccionar a informação
■ Selecção do vocabulário
■ Funcionamento da língua (pont.; f. verbal)
■ Textualização: coerência e a coesão do texto

■ Superação das dificuldades


■ Releitura(s) do texto-fonte
■ Sublinhar a informação essencial;
■ Utilizar os recursos disponibilizados.
■ Concretizar rascunhos
■ Efectuar procedimentos de revisão
■ Reiteração da produção textual

■ Procedimentos de compreensão do texto-fonte

■ Selecção de vocabulário

■ Cumprimento da normas de funcionamento da língua

■ Utilização dos recursos disponibilizados

■ Adopção de estratégias de construção textual

■ Respeito pelas indicações facultadas nos instrumentos

■ Adopção de estratégias de apresentação material


Questionário de reflexão sobre as actividades escriturais

Professores informantes directos

■ Acentuam a importância e utilidade dos materiais de índole


formativa e formadora
■ Ressaltam a adopção de procedimentos de regulação dos
escritos
■ Confirmam o aperfeiçoamento dos desempenhos na escrita,
nas modalidades de texto consignadas;

A aprendizagem das estratégias


de aprendizagem da escrita
faculta ao escrevente o controlo individual
da aprendizagem e, em última acepção,
a metacognição.
Fase C - Representação de competências escriturais

Questionário
“O escrevente e o acto
escritural”

Os jovens escreventes afirmam:


■ Importância da aprendizagem do Português
■ Adesão as actividades escriturais
■ Relevo atribuído aos instrumentos e o seu contributo para:
■ desenvolvimento de competências de leitura
■ desenvolvimento de competências de escrita
■ identificação e resolução de obstáculos na escrita

■ Maior incidência nas práticas de regulação da escrita


■ Elevada frequência no uso de recursos materiais
■ Maior consciencialização do processo de escrita
Algumas Reflexões...
Novos Itinerários no Domínio da Escrita: Um Percurso a Trilhar

Para ampliar o conhecimento nesta área sugerem-se


alguns caminhos:
caminhos


Produção-reutilização de modalidades de texto

 Conceber a produção-reutilização de modalidades de texto


com carácter formativo, com intervalos temporais regulares
num mesmo grupo e promover a análise das competências
textuais iniciais, intermédias e finais dos escreventes
desenvolvendo uma estreita cooperação entre todos os
intervenientes (ensino unificado/secundário).
 Implementação actividades escriturais de índole
formadora ao longo do secundário

 Perspectivar o desenvolvimento de actividades escriturais


contempladas nas orientações curriculares do ensino
secundário de Língua Portuguesa (v. g. biografia, texto publicitário,

retrato, descrição...), num mesmo grupo de discentes e de modo


continuado nos 10º, 11º e 12º anos, com suporte instrumental
(ficha metodológica e lista de verificação) numa
perspectiva formadora propiciando a aquisição e o
desenvolvimento de competências do escrevente como
produtor consciente de textos.
textos
 Percursos de ensino-aprendizagem: da representação
icónica modernista à produção escritural

 Promover actividades escriturais aliciantes, numa


perspectiva formativa e formadora da aprendizagem,
aprendizagem
com incidência no escrevente aprendente, que
estimulem a criatividade e o tornem num sujeito activo
que mobiliza os seus conhecimentos, que alicerça a
cultura de que é detentor e lhe facultem uma interacção
com o mundo, que concorram para o desenvolvimento
das suas competências, das suas potencialidades
criativas e da sua autonomia.
Outros percursos...

 Urge incrementar nas escolas uma análise objectiva


e sistemática da realidade educativa da língua
materna, especialmente das situações sentidas
como problemáticas no plano da escrita.

 Nas instituições escolares dever-se-á assumir um


papel preponderante no desenvolvimento das
competências de escrita e na consciencialização
dos processos textuais envolvidos nas diversas
modalidades de textos.
 Promoção de acções de formação contínua nos
centros de formação, centrados na escrita,
apoiada em processos formativos e formadores;

 Preconiza-se a necessidade frequente de troca de


experiências entre docentes, concorrendo para
uma melhor articulação entre as solicitações do
ensino unificado e do ensino secundário.
 Desenrolar de oficinas de trabalho, em equipa,
para ensaiar técnicas e conceber materiais de
ensino-aprendizagem susceptíveis de favorecer
a apropriação dos processos implicados na
produção de texto pelos alunos e um mais
amplo domínio de uma pluralidade discursiva.
A Avaliaç ão Fo rmado ra
c o mo Es traté g ia de Apre ndizag e m
no Do mínio da Es c rita e m Líng ua Mate rna

Fim
Fac. de Psicologia e Ciências de Educação-Lx. M. João Constantino

Você também pode gostar