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Competências do terapeuta cognitivo-comportamental

Luisa Lage | 18/03/2022


O terapeuta cognitivo-comportamental precisa, além de dominar a aplicação de
diversas técnicas, de diversas competências essenciais. Assim sendo, com base na revisão
de Scotton, Barletta e Neufeuld (2021), serão aqui apresentadas competências de acordo
com o que se pensava previamente acerca destas e o que é citado no artigo – para então
ser elaborada uma conclusão.

As competências consistem em habilidades ou requisitos variados de diferentes


classes: “teóricas, técnicas, interpessoais e de autoconhecimento do terapeuta”
(HONORATO; BARLETTA, 2016 Apud SCOTTON; BARLETTA; NEUFEULD,
2021). Assim, dentro destes domínios, a revisão enunciou:

Competências Competências Competências Competências de


teóricas técnicas/instrumentais interpessoais/sociais autoconhecimento
Conhecimento Elencar e focar em metas terapêuticas; Conhecimento de crenças Manejo das emoções e
do modelo Proposição de planos de ação; conceitualizar religiosas do paciente; dificuldades do terapeuta
teórico; cognitivamente; Psicoeducar; Técnicas de habilidades empáticas; ao longo da sessão;
Conhecimento registro de pensamento; Identificação e hábilidades de comunicação; educação continuada;
dos princípios explicação de distorções; Planejamento de habilidades assertivas, direito e busca por supervisão
básicos que sessões; incentivar autoexploração do cidadania; habilidade de adequada; abertura para
embasam as paciente; Prevenção de recaídas; Tratar expressão do sentimento observações das sessões
técnicas; clientes com múltiplos problemas segundo o positivo; sensibilidade a questões psicoterapêuticas (ao
formato de psicoterapia breve; Aplicar socioculturais, socioeconômicas vivo ou gravadas);
técnicas de resolução de problemas; e educacionais; estabelecer e avaliação dos resultados;
Estruturar a sessão; flexibilizar a sessão de manter uma relação colaborativa; consciência dos próprios
acordo com as necessidades de cada postura ética; estabelecer relação valores e crenças e como
paciente; chegagem de humor; fazer terapêutica; respeito; não isso impacta o
resumos ao longo da sessão; pedir feedback; julgamento; conhecimento; tratamento; treinamento;
diálogo socrático; flexibilidade de intervenção;

A tabela retrata as habilidades citadas pelas autoras, excluindo algumas repetições.


É evidente que alguns setores possuem maior número de competências do que outros –
primeiro fator a ser observado. A literatura acadêmica em língua portuguesa e em
contexto brasileiro requer
mais estudos neste campo.

Em outra
perspectiva, em relação a
lista produzida em aula,
há foco em habilidades
interpessoais – em especial, as relacionadas a relação terapêutica. Todavia, também há
menção a conhecimento teórico, técnico e a competências de autoconhecimento.

Previamente a esse exercício, Sudak, Wright, Beck e colaboradores (2001)


elaboram uma lista de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias ao terapeuta
cognitivo-comportamental, incluindo: conhecimento do modelo cognitivo-
comportamental, avaliar e conceitualizar pacientes no modelo da TCC e ser empático,
respeitoso, não crítico e colaborativo. A partir dessa lista, eu compreendia as
competências necessárias conforme estes autores.

De forma geral, as competências aqui enunciadas podem ser fragmentadas em


diferentes habilidades e/ou fatores. Isso é evidente pois, em um mesmo domínio, inclui-
se habilidades interrelacionadas e implicadas entre si. Além disso, há habilidades que
poderiam ser inclusas em mais de um domínio: demonstrar empatia, por exemplo, pode
ser entendida enquanto técnica e enquanto habilidade social do terapeuta.

Por outro lado, demonstrar empatia pode ser uma habilidade relacionada ao
automonitoramento e manejo das próprias emoções e cognições por parte do terapeuta –
em alguns momentos, pode ser desafiador acessar o ponto de vista do paciente e colocar-
se em seu lugar, com sua forma de pensar e sentir.

Assim, pode-se entender que as competências são domínios de saber prático e


teórico essenciais à terapeuta e que podem ser avaliadas e desenvolvidas. É preciso que
os trabalhos nesta área continuem a se desenvolver, favorecendo esta crescente base
cientificamente validada para dar aporte à prática clínica e educacional de excelência.

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