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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
EMENTA
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
O réu apelou (fl. 151) e a Defesa Técnica, em suas razões (fls. 155-
158), requereu, em suma:
a)a absolvição, por não constituir o fato infração penal, nos termos
do artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal, requerendo o reconhecimento
do instituto do crime impossível, uma vez que a apelante ao tentar adentrar ao
presídio com substância entorpecente em sua cavidade corporal, teria utilizado meio
absolutamente ineficaz para a consumação do delito porque seria submetida à
revista pessoal.
Em contrarrazões, o representante do Ministério Público se
manifestou pelo conhecimento e desprovimento do apelo (fls. 160-161).
Nesta instância, a douta Procuradoria de Justiça oficiou também
pelo conhecimento e desprovimento do recurso (fls. 165-168).
É o relatório do necessário.
VOTOS
.
Nesta senda, é certo que o tipo previsto no artigo 33, "caput", da Lei
nº 11.343/2006 não exige dolo específico, ou seja, não é preciso que o sujeito seja
flagrado, por exemplo, comprando, vendendo ou oferecendo drogas. Ao contrário, o
tipo demanda apenas o dolo de realizar qualquer núcleo do tipo.
Nesse sentido, são as lições do jurista e doutrinador Guilherme de
Souza Nucci, ao tecer comentário ao artigo 33, "caput", da Lei nº 11.343/2006:
"Elemento subjetivo: é o dolo. Não há elemento subjetivo específico do tipo, nem se
pune a forma culposa" (NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Processuais
Penais Comentadas. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 358).
Assim, embora tenha ocorrido a tentativa no núcleo "entregar a
DOSIMETRIA
A Defesa não se insurgiu contra a dosimetria da pena, todavia, em
razão do efeito devolutivo intrínseco ao recurso, passa-se a analisá-la.
Na primeira fase, a autoridade sentenciante julgou favoráveis todas
as circunstâncias judiciais do artigo 59 do Código Penal. No que tange à qualidade e
à quantidade da droga apreendida (53,04g de maconha) nos termos do artigo 42 da
Lei nº 11.343/2006, não houve qualquer elevação da reprimenda. Assim,
acertadamente, fixou a pena-base em 5 (cinco) anos de reclusão, e pagamento de
500 (quinhentos) dias-multa. Sem reparos.
Na segunda fase, o Sentenciante certificou a ausência de
atenuantes e de agravantes, mantendo a reprimenda intermediária no patamar
mínimo legal em 5 (cinco) anos e pagamento de 500 (quinhentos) dias-multa. Não
há o que reparar.
Na terceira fase, o Magistrado "a quo" reconheceu a causa de
diminuição de pena prevista no artigo 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006, ante
ausência de prova de que a ré integre organização criminosa ou que se dedique
habitualmente a atividades criminosas. Ademais, de forma correta, considerou a ré
primária, motivo pelo qual reduziu a pena no seu patamar máximo de 2/3 (dois
terços), fixando-a em 01 (um) ano e 08 (oito) meses de reclusão e pagamento de
166 (cento e sessenta e seis) dias-multa.
Em seguida, como presente a causa de aumento de pena do artigo
40, inciso III, da Lei nº 11.343/2006, porque o crime de tráfico foi cometido no
interior de estabelecimento prisional, o Magistrado aumentou a pena anterior em 1/6
(um sexto), fração legal mínima, estabelecendo a pena definitiva em 01 (um) ano,
11 (onze) meses e 10 (dez) dias de reclusão, e pagamento de 193 (cento e
noventa e três) dias-multa, no padrão unitário mínimo legal. Irreparável a
sentença.
Regime, detração, substituição e suspensão
A autoridade sentenciante atendendo o que dispõe os artigos 33, §1,
"c", §2º, "c", §3º, 59, todos do Código Penal, e afastando a possibilidade de fixação
do regime inicial fechado "ope legis", fixou o regime aberto para o início de
cumprimento da pena. Mantenho a sentença neste ponto, ante a proporcionalidade
com a pena privativa de liberdade aplicada ao caso.
Em seguida, o Magistrado "a quo", de forma correta, atendendo os
requisitos previstos no artigo 44 do Código Penal e alinhado a jurisprudência firmada
pelo Supremo Tribunal Federal e do E. TJDFT, bem como por força da Resolução nº
5 do Senado Federal, a qual suspendeu a vedação contida no art. 33, §4º, da Lei nº
DECISÃO