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PROCURADORIA DE

JUSTIÇA DE HABEAS
CORPUS - PRJHC

HABEAS CORPUS N.º 1.0000.23.033.658-8/000 - 6ª Câmara Criminal

Colenda Câmara

Cuida-se de Habeas Corpus, com pedido liminar, impetrado em favor de


CARLOS ANDRET FORTES, sob a alegação de constrangimento ilegal perpetrado pelo
Juízo de Direito da Vara de Violência Doméstica e Inquéritos da Comarca de
Contagem.

Sustenta a impetração que o paciente foi preso em flagrante em 04/02/2023 e


teve a prisão convertida em preventiva pela suposta prática do delito previsto no artigo
33, da Lei 11.343/06; que não se encontram presentes os requisitos previstos no art.
312 do Código de Processo Penal; que o Juízo a quo não fundamentou devidamente a
decisão; assevera a desproporcionalidade do decreto prisional, visto que em eventual
condenação o paciente será agraciado com o benefício previsto no artigo 33, §4°, da
Lei n° 11.343/06, podendo ter a pena privativa de liberdade substituída por restritiva de
direitos; destaca as condições pessoais favoráveis do paciente; pugna pela aplicação
de medidas cautelares diversas da segregação. Requer o deferimento liminar e a
concessão da ordem. (fls. 01/13).

A liminar foi indeferida (fls. 142/146) e as informações foram dispensadas.

O paciente foi preso em flagrante em 04/02/2023 e teve a prisão convertida em


preventiva pela suposta prática do delito previsto no artigo 33, da Lei n° 11.343/06,
conforme decisão às fls. 15/17.

Avenida Álvares Cabral, nº1690. Bairro Lourdes. Belo Horizonte/MG. CEP: 30170-008
Telefone: (31) 3330-8100. E-mail: prjhc@mpmg.mp.br.www.mpmg.mp.br

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Segundo o APFD (fls. 29/34), no dia 04/02/2023, Carlos, ora paciente, teria ido
visitar o detento Luciano, recluso na Penitenciária Nelson Hungria. No entanto, no
momento da revista pessoal, através do equipamento de Raio-x Scan, foi localizado um
objeto suspeito no corpo de Carlos que, posteriormente constatou-se tratar-se de
substâncias entorpecentes ilícitas, que foram apreendidas e submetidas à exame
pericial (Auto de Apreensão à fl. 47)

Asseverou o Juízo a quo na decisão que converteu a prisão em custódia


preventiva do paciente (fls. 15/17): “A situação narrada no auto de prisão em flagrante
delito configura estado de flagrância. Os requisitos formais para a lavratura do auto
foram observados, ouvidos o condutor, testemunhas e o conduzido. A nota de culpa foi
expedida pela autoridade policial e recebida pelo autuado.
Sendo assim, pela ausência de ilegalidade e irregularidade formal, HOMOLOGA-
SE o presente auto de prisão em flagrante delito.
Ultrapassado esse ponto, passa-se à análise da viabilidade da concessão de
liberdade provisória c/c aplicação de outras medidas cautelares previstas na
processualística penal.
Em juízo de cognição sumária, verifica-se a presença dos pressupostos
autorizadores para o decreto da prisão preventiva do acusado, previstos no art. 312 do
Código de Processo Penal.
Outrossim, a materialidade, bem como os indícios de autoria do crime de tráfico
de drogas encontram-se comprovados pelo auto de apreensão, laudo preliminar e
declarações das testemunhas.
Justifica-se a custódia pela necessidade de manutenção da ordem pública,
revelada pelas consequências do próprio delito de tráfico de drogas, nefasto para a
tessitura social.

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Ressalta-se ainda a alta reprovabilidade da conduta de levar drogas para o


interior do estabelecimento prisional tentando burlar os sistemas de segurança.
Pelo que consta das informações trazidas com a comunicação da prisão, as
medidas cautelares diversas da prisão (art. 319 CPP) não se mostram suficientes e
adequadas para conter o preso dentro da legalidade e, em contraponto ao princípio da
presunção de inocência está o princípio de que a segurança pública é direito de todos,
obrigando o Estado na preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e
do patrimônio (art. 144 da CR/88).
Assim, mostra-se necessária e adequada a custódia cautelar, justificando-se a
conversão da prisão em flagrante em preventiva.”

Segundo os Exames Preliminares de Drogas de Abuso (fls. 35, 56, 73), foram
encontradas na posse do paciente, 33 pedras de crack (7,40g), 01 embalagem
contendo haxixe (69,50g), além de 06 unidades de LSD.

De acordo com o RRPJ (fls. 65/71) e CAC às fls. 80/87, o paciente reitera na
prática delitiva e possui sentença penal condenatória ainda não transitada em julgado
pela suposta prática do delito de lesão corporal, no âmbito da violência doméstica.

No entanto, não se vê nos autos decisão ou pedido de revogação da prisão


preventiva da paciente, assim a fim de evitar indesejável supressão de instância,
preliminarmente opinamos pelo não conhecimento do Habeas Corpus, já no
mérito, se superada a preliminar ora arguida, opinamos pela concessão da ordem,
em razão da decisão existente ser genérica, não estando fundamentada no caso
concreto, ausentes descrição dos fatos supostamente criminosos, conduta do suposto
autor e as circunstâncias do ocorrido.

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Belo Horizonte, 23 de fevereiro de 2023.


PAULO MARQUES
LFSOL Procurador de Justiça

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