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a autoestima dos estudantes em relação à Matemática, a perseverança em resolver problemas

de Matemática, o tempo dedicado ao estudo da disciplina etc.). Sobre o motivo de um teste de


Matemática (dito de outro modo, por que testar Matemática?), conforme versa a própria
BNCC (Brasil. MEC, 2017a, p. 263):

o conhecimento matemático é necessário para todos os alunos da Educação Básica, seja por sua
grande aplicação na sociedade contemporânea, seja pelas suas potencialidades na formação de
cidadãos críticos, cientes de suas responsabilidades sociais. A Matemática não se restringe apenas
à quantificação de fenômenos determinísticos – contagem, medição de objetos, grandezas –
e das técnicas de cálculo com os números e com as grandezas, pois também estuda a incerteza
proveniente de fenômenos de caráter aleatório. A Matemática cria sistemas abstratos, que
organizam e inter-relacionam fenômenos do espaço, do movimento, das formas e dos números,
associados ou não a fenômenos do mundo físico. Esses sistemas contêm ideias e objetos que são
fundamentais para a compreensão de fenômenos, a construção de representações significativas
e argumentações consistentes nos mais variados contextos.

Por se tratar de testes de larga escala, externos à escola, é necessário ter claro o que
se quer medir – o constructo de Matemática. O constructo é um atributo intangível, com
manifestação variável entre indivíduos, que só pode ser avaliado indiretamente, como
uma série de resultados alcançados em um teste cognitivo, em conformidade com o que
se pretende mensurar com base nas habilidades presentes nas cinco unidades temáticas
preconizadas pela BNCC traduzidas nas Matrizes de Matemática do Saeb. O desempenho em
um teste demonstraria o desenvolvimento de habilidades que, em conjunto, corresponderiam
a essa espécie de estrutura de disposições da inteligência inerente aos sujeitos, denominada
também de traço latente.
O constructo em foco é o Letramento Matemático10, conceituado como a compreensão
e aplicação de conceitos e procedimentos matemáticos na resolução de problemas nos campos
de Números, Álgebra, Geometria, Grandezas e Medidas e Probabilidade e Estatística, bem
como na argumentação acerca da resolução de problemas. Operacionalmente, a proficiência
em Matemática é definida pelas seguintes competências gerais da BNCC:

1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico,


social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo
e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.

Na BNCC, o Letramento Matemático é “definido como as competências e habilidades de raciocinar, representar, comunicar
10

e argumentar matematicamente, de modo a favorecer o estabelecimento de conjecturas, a formulação e a resolução de


problemas em uma variedade de contextos, utilizando conceitos, procedimentos, fatos e ferramentas matemáticas”. (Brasil.
MEC, 2017a, p. 264).

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2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências,
incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade,
para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas
e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes
áreas.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais,
e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita),
corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística,
matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências,
ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao
entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de
forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo
as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir
conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal
e coletiva.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de
conhecimentos e experiências que lhes possibilite entender as relações próprias do
mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu
projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular,
negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem
e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo
responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação
ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.

À luz da BNCC e de outros estudos realizados pela equipe técnica do Inep indicados no
Anexo V, as Matrizes de Referência de Matemática são constituídas por eixos cognitivos e eixos
do conhecimento. Os eixos cognitivos serão apresentados na seção seguinte. Sobre os Eixos do
Conhecimento, são utilizadas as mesmas cinco Unidades Temáticas da BNCC. Há um eixo não
explícito, o contexto11, o qual pode ou não estar presente num determinado item, a depender
da habilidade. O contexto caracteriza cada item (ou a tarefa a ser resolvida/enfrentada

Em Matemática, o contexto pode ser definido como “o aspecto do mundo de um indivíduo em que os problemas são colocados.
11

A escolha de estratégias e representações matemáticas apropriadas é frequentemente dependente do contexto em que surge
um problema”. Pode-se utilizar quatro categorias de contexto para classificar os itens: pessoal, ocupacional, social e científico
(este último inclui itens intramatemáticos). (OECD, 2013).

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