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Titulo do Curso: ABC da tributação

DIRECÇÃO REGIONAL DA 3ª REGIAO TRIBUTÁRIA, MAIO DE 2022


Formador: André Dala Canzage

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3. CONCEITO DE TRIBUTO

Com origem no termo em latim tributum, a palavra tributo


remete para alguma coisa que é concedida ou rendida por
obrigação, hábito ou necessidade.

Em alguns casos, tributo era o nome dado ao valor pago por


um estado a outro, como sinal da sua dependência.

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3. CONCEITO DE TRIBUTO

Os tributos são, também, um tipo de homenagem feito em


reconhecimento ao trabalho de uma pessoa. São feitos tributos em
relação a grupos musicais (tributo aos Jovens do Prenda, tributo a Bob
Marley), ou a celebridades como actores.

Muitas vezes os tributos são feitos em memória de pessoas que já


faleceram, onde são celebrados acontecimentos da vida da pessoa
em questão.

Na Roma Antiga, tributo era o valor pago pelos vencidos ao vencedor


e por vezes era uma espécie de prestação para despesas de guerra.

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3. CONCEITO DE TRIBUTO

No campo das relacções entre o Estado e os cidadãos, tributo é toda a


prestação patrimonial, pecuniária ou susceptível de avaliação
pecuniária, que não constitua sanção de acto ilícito, imposta pelo
Estado ou outras entidades de direito público ou concessionárias de
serviço público, com vista à satisfação das necessidades públicas.

Prestação patrimonial

Trata de bens, direitos e obrigações de conteúdo económicos


pertencentes a uma pessoa ou empresa sobre os quais o
Estado retira parte destas, para fazer face à concretização do
interesse da colectividade. As prestações patrimoniais
envolvem valores monetários.

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3. CONCEITO DE TRIBUTO
Prestação pecuniária

Trata-se da prestação tendente a assegurar ao Estado os


recursos necessários para a prossecução dos seus objectivos,
por isso não deve ser pago em serviços ou bens bens
insusceptíveis de avaliação em dinheiro.

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3. CONCEITO DE TRIBUTO

Não constitui sanção de acto ilícito

O tributo é diferente de penalidade porque, a penalidade tem


como incidência objectiva um acto ilícito, enquanto que a
incidência do tributo é sempre algo lícito.

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3. CONCEITO DE TRIBUTO

Imposta pelo Estado

O tributo é uma prestação compulsória, isto é, a imposição da


prestação tributária caracteriza-se pela ausência do elemento
vontade.

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3. CONCEITO DE TRIBUTO

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3. CONCEITO DE TRIBUTO

ESPÉCIES DE TRIBUTOS

No ordenamento jurídico angolano, existem três espécies de


tributos:

Taxas

Contribuições

Impostos

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3.1 - CONCEITO DE TRIBUTO - TAXA

Taxa – conceito
Tributo que constitui-se na
contraprestação pecuniária ou
avaliável em dinheiro exigida por
uma entidade pública em regime
de direito público, em virtude da
prestação individualizada,
concreta e efectiva de um serviço
público, da utilização de um bem
do domínio público ou da
remoção de um limite ou
obstáculo jurídico ao exercício de
uma actividade.

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3.1 CONCEITO DE TRIBUTO - TAXA

3 circunstâncias em que a acção de uma entidade pública


pode beneficiar, de forma individualizada, um cidadão:

1 – Prestação de um serviço público. Ex. justiça, saúde,


educação, etc.

2 – Utilização de bens do domínio público. Ex. trânsito em


pontes, acostagem de navios num porto, entrada num
museu, instalação de quiosques na via pública, etc.

3 – Remoção de limites jurídicos. Ex. licenças de caça, pesca


ou para realização de obras.

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3.2 CONCEITO DE TRIBUTO – CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

Contribuições – conceito

Contribuições são prestações pecuniárias devidas em razão de


benefícios individuais ou de grupos sociais, decorrentes da
realização de obras ou gastos públicos ou de actividades
especias do Estado.

O benefício é o principal indicador, além de ser o critério da


justiça distributiva, visto que transmite uma vantagem economia,
reconduzível a um aumento do património e
consequentemente, a capacidade contributiva.

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3.2 CONCEITO DE TRIBUTO – CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
3.2.1 - Tipos de Contribuições
3.2.1.1- Contribuições de Melhoria
Contribuições de melhoria e de maior desgaste que assentem,
respectivamente, na obtenção pelo contribuinte, de benefícios ou
aumentos do valor do seu património em resultado de obras
públicas ou a criação e ampliação de serviços públicos ou, no
especial desgaste de bens públicos ocasionados pelo exercício de
uma actividade.
As contribuições de melhoria visam os casos em que alguns
cidadãos obtêm de uma actividade pública, duas vantagens
distintas: uma como membros da colectividade e outra como
titulares de uma situação específica.

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3.2 CONCEITO DE TRIBUTO – CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

Exemplo: Construção de uma auto estrada


Vantagem como membro da
colectividade: molhoramento da
mobilidade urbana na localidade.

Vantagem particular:
Valorização do seu imóvel
localizado nos arredores.

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3.2 CONCEITO DE TRIBUTO – CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

3.2.1.2- Contribuições Financeiras Gerais


• Contribuições para o fundo de formação petrolífera (art. 12.º do
Decreto-Lei nº 17/09, de 26 de Junho)

• Contribuições para o fundo ambiental (art. 250.º do Código


Mineiro)

• Contribuições de intervenção na organização económica (arts.


11.º e 18.º da Lei das MPME)

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3.2 CONCEITO DE TRIBUTO – CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

3.2.1.3- Contribuições Para a Segurança Social


Contribuições de natureza tributária, porém, de cariz parafiscal, por
não ser imposto, taxa ou contribuição de melhoria.

Sustenta encargos do Estado que não lhe seriam próprios.

O INSS tem como finalidade arrecadar contribuições das categorias


profissionais e económicas, descentralizando a actividade do
Estado, com vista ao pagamento do futuro benefício previdenciário.

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3. CONCEITO DE TRIBUTO
DIFERENÇA ENTRE AS TAXAS E AS CONTRIBUIÇÕES

1 – Nas taxas, os cidadãos procuram pela prestação dos serviços,


enquanto as contribuições não passam de repercussões incidentais
de um investimento público, não procurado por nenhum dos
intervenientes.

2 – As taxas possuem um âmbito de aplicação geral, ao passo que as


contribuições são tributos geograficamente confinados.

Nota: As taxas e as contribuições, possuem características híbridas, pelo facto de terem


subjacentes o interesse privado e o interesse público.

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3. CONCEITO DE TRIBUTO
DIFERENÇA ENTRE TAXA E PREÇO PÚBLICO

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3.3 CONCEITO DE TRIBUTO - IMPOSTO

IMPOSTO

→ Tributo com natureza


ART. 3.º
unilateral, em virtude da sua CGT
obrigação não constituir a
contrapartida de qualquer OGE
prestação individualizada do
Estado. CRA

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3.3 CONCEITO DE TRIBUTO - IMPOSTO

COMBINAÇÕES DE INTERESSE PÚBLICO E PRIVADO NAS RECEITAS


PÚBLICAS

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3.3 CONCEITO DE TRIBUTO - IMPOSTO
IMPOSTO
→ Acto de autoridade que tem como fundamento o imperativo ético
de todos os cidadãos contribuírem para as despesas públicas.

→ Nasce do facto de, um grande número de bens e serviços


aprovisionados pelo Estado, tais como defesa, segurança, diplomacia,
preservação do ambiente, etc., serem indivisíveis e assim, todos os
cidadãos são, automaticamente, seus utilizadores efectivos,
independentemente da sua vontade e não dispõem da faculdade de
recusa.

“nenhum Estado pode se manter se os cidadãos não o sustentarem”


Vauban, Marechal francês (1633-1707)

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4. ELEMENTOS ESSENCIAIS DO IMPOSTO

1 – FUNDAMENTO

Entrando para as teorias do Contrato Social, o Estado nasce de um


pacto entre os cidadãos, de modo que o imposto corresponde ao
pagamento de um serviço contratualmente estabelecido, isto é,
equivale ao preço das vantagens que o Estado propicia.

O fundamento do imposto está no conjunto de bens e serviços que o


Estado aprovisiona em benefício da sociedade.

“o imposto constitui a expressão económica da união entre o indivíduo e a nação”


Lorenz Von Stein (1885)

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4. ELEMENTOS ESSENCIAIS DO IMPOSTO

2 – FINALIDADE

O imposto possui um carácter instrumental: a sua existência só faz


sentido enquanto meio para alcançar determinados fins.

A aceitação do seu pagamento, decorre do reconhecimento de que


só é possível atingir a generalidade dos desígnios atribuídos à
sociedade com o concurso financeiro dos cidadãos.

A razão de ser dos impostos está nos objectivos que ele permite
alcançar.

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4. ELEMENTOS ESSENCIAIS DO IMPOSTO

3 – FORMAS DE ESTABELECIMENTO

Unilateralidade: ao pagamento do imposto não corresponde qualquer


contrapartida directa do Estado. Para uma maior eficácia no seu
cumprimento por parte dos cidadãos, o seu estabelecimento deve ser
marcado pela obrigatoriedade, pela via autoritária.

O imposto incorpora sempre um elemento de violência, porque nasce de


uma vontade dominadora, porque é imposto.

No entanto, o poder supremo não pode tirar de nenhum homem


qualquer parcela da sua propriedade sem o seu próprio consentimento,
dado que, a preservação da propriedade é o fim maior do Estado.

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4. ELEMENTOS ESSENCIAIS DO IMPOSTO

O QUE DIZ A CRA SOBRE O IMPOSTO?

Art. 101.º da CRA:


O Sistema Fiscal visa satisfazer as necessidades financeiras do Estado e outras entidades
públicas, assegurar a realização da política económica e social do Estado e proceder a
uma justa repartição dos rendimentos e da riqueza nacional.

Art. 102.º da CRA:


Os impostos só podem ser criados por lei, que determina a sua incidência, a taxa, os
benefícios fiscais e a garantias dos contribuintes.

Apenas a lei, enquanto vontade declarada do órgão soberano representativo da


Nação, pode dar a indispensável legitimidade ao imposto.

Apenas a lei pode transmitir ao imposto as características imprescindíveis da generalidade


e da uniformidade.

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4. ELEMENTOS ESSENCIAIS DO IMPOSTO

FASES DA VIDA DO IMPOSTO


INCIDÊNCIA LANÇAMENTO LIQUIDAÇÃO COBRANÇA

APLICAÇÃO DA ENTREGA DO
ACTOS OU IDENTIFICAÇÃO
TAXA A IMPOSTO AOS
SITUAÇÕES DA MATÉRIA
MATÉRIA COFRES
SUJEITAS COLECTÁVEL
COLECTÁVEL PÚBLICOS

• O QUÊ? • COMO?
• QUANTO? • PAGAMENTO
• QUEM? • QUANDO?

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Obrigado pela atenção dispensada

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