1) Paulo recomenda Febe, uma servidora da igreja em Cencreia, para que a igreja de Roma a receba bem e a ajude.
2) Paulo envia saudações a 26 pessoas em Roma, destacando a importância das relações na igreja.
3) A diversidade na igreja (gênero, classe social, raça) é unida em Cristo, e os crentes devem estar dispostos a trabalhar e oferecer suas casas para o trabalho de Deus.
Descrição original:
Texto: a importância dos relacionamentos na igreja.
Título original
A importância dos relacionamentos na igreja 16. 1-16
1) Paulo recomenda Febe, uma servidora da igreja em Cencreia, para que a igreja de Roma a receba bem e a ajude.
2) Paulo envia saudações a 26 pessoas em Roma, destacando a importância das relações na igreja.
3) A diversidade na igreja (gênero, classe social, raça) é unida em Cristo, e os crentes devem estar dispostos a trabalhar e oferecer suas casas para o trabalho de Deus.
1) Paulo recomenda Febe, uma servidora da igreja em Cencreia, para que a igreja de Roma a receba bem e a ajude.
2) Paulo envia saudações a 26 pessoas em Roma, destacando a importância das relações na igreja.
3) A diversidade na igreja (gênero, classe social, raça) é unida em Cristo, e os crentes devem estar dispostos a trabalhar e oferecer suas casas para o trabalho de Deus.
A carta de Paulo aos Romanos é singular não apenas
quanto ao seu conteúdo, mas também quanto à sua conclusão. Aqui está a mais longa lista de saudações feita pelo apóstolo. A primeira vista este capítulo parece árido e somos inclinados a subestimar o valor de seus ensinos. Entretanto, no final desta carta, Paulo enfileira grandes verdades e preciosos ensinamentos acerca dos relacionamentos pessoais de amor na igreja. Para usar uma conhecida expressão de Crisóstomo, devemos aproximar-nos dessa introdução como garimpeiros à cata de grandes tesouros.
Romanos 16 pode ser dividido em cinco pontos:
recomendação, saudação paternal, exortação, saudação fraternal e adoração doxológica. Warren Wiersbe sintetiza-os em três verdades preciosas: alguns amigos para saudar (16.1-16), alguns inimigos a evitar (16.17-20) e alguns servos a honrar (16.21-27).
Uma recomendação pastoral (16.1,2)
O apóstolo escreve: “Recomendo-vos a nossa irmã Febe, que está servindo à igreja de Cencreia, para que a recebais no Senhor como convém aos santos e a ajudeis em tudo que de vós vier a precisar; porque tem sido protetora de muitos e de mim inclusive” (16.1,2). As cartas de recomendação eram comuns e necessárias naquele tempo (At 18.27; 2Co 3.1), uma vez que os crentes precisavam contar com a hospitalidade dos irmãos quando viajavam de uma cidade para outra. Igualmente, eram necessárias para proteger as pessoas de charlatães. Febe era uma mulher que realizara eminentes serviços à igreja, e a recomendação tinha de ser proporcional a seu caráter e devoção.
Uma carta de apresentação daria à Febe o acesso à igreja
de Roma. Ela era membro da igreja de Cencreia, onde se localizava o porto de Corinto, quinze quilômetros a leste da cidade (At 18.18). A igreja de Cencreia talvez fosse filha da igreja metropolitana de Corinto.
O nome próprio Febe significa radiante ou brilhante,
título do deus Apolo, e isto pode indicar os antecedentes gentílicos dessa cristã. William Hendriksen é da opinião de que o nome Febe deriva da mitologia pagã, sendo outra palavra para Artemis, a brilhante e radiante deusa lua, identificada com Diana, deusa romana. Febe estava viajando de Cencreia a Roma e possivelmente foi a portadora dessa carta aos Romanos.
Paulo ensina aqui algumas lições:
1-Em primeiro lugar, o importante papel da mulher na
igreja (16.1,2). Febe era uma servidora da igreja de Cencreia. A palavra grega diakonon, usada pelo apóstolo para descrever Febe, é o feminino do termo diaconos, “diácono”. Embora muitos comentaristas, como F. F. Bruce, John Stott, Dale Moody, Warren Wiersbe, Franz Leenhardt, Charles Hogde, C. H. Lenski, C. E. B. Cranfield a considerem diaconisa, concordo com Charles Erdman em que o simples uso do termo não significa que Febe tivesse esse ofício. O termo pode denotar simplesmente o exercício da caridade e da hospitalidade que deveriam caracterizar a vida de todo verdadeiro crente e que Febe parecia manifestar em assinalado grau.
2-Em segundo lugar, o importante papel do cuidado
mútuo na igreja (16.2). Febe era protetora de muitos e inclusive do apóstolo Paulo. A palavra grega prostatis significa “ajudadora, patronesse, benfeitora”, ou seja, prostatis era um representante legal e um protetor rico. Leenhardt diz que prostatis designava o representante legal e protetor dos estrangeiros, uma vez que eles eram privados de garantias jurídicas. Essa palavra tem também o sentido de patrocinadora. Isso demonstra que Febe era uma mulher de posses que usava a sua riqueza para apoiar a igreja e também o apóstolo.
Febe usou seus recursos não apenas para seu deleite e
conforto, mas para sustentar e socorrer muitos irmãos. Era uma mulher altruísta, abnegada, desapegada das coisas materiais e apegada às pessoas. Sua vida, sua casa e seus bens estavam a serviço da igreja. Ela não se blindou para viver confortavelmente num castelo seguro em meio às tempestades da vida, mas serviu de porto seguro para muitos que estavam sendo batidos pelos vendavais furiosos das circunstâncias adversas. De acordo com Adolf Pohl, Febe trabalhava no vasto campo da assistência e do cuidado de necessitados. 3-Em terceiro lugar, o importante papel da recepção calorosa na igreja (16.2). A igreja de Roma deveria receber Febe no Senhor como um membro da família de Deus e ajudá-la em tudo aquilo de que precisasse. A palavra grega parasthete, traduzida como “ajudar”, significa auxiliar, assistir, ficar atrás a fim de empurrar, de sustentar alguém. Chegara o momento de Febe colher os frutos de sua semeadura. Ela havia cuidado de muitos e agora deveria ser alvo do cuidado da igreja de Roma. A igreja é a comunidade da ajuda mútua.
Uma saudação paternal (16.3-16)
Paulo passa da recomendação às saudações. Elenca 26 nomes, acrescentando na maioria dos casos uma apreciação pessoal e uma palavra de elogio. O apóstolo é um mestre de relacionamentos humanos. E um pastor experiente e sabe o valor de tratar as pessoas pelo nome e de fazer-lhes elogios encorajadores. Essa lista de nomes obscuros é de grande valor e verdadeira significação. Tais saudações revelam o coração de Paulo a patentear terna afeição, apreciação à bondade, afetuosa simpatia e o alto conceito em que tinha as amizades humanas. Dão-nos instrutivos relances da vida da igreja primitiva, capacitando-nos a ter ideia da íntima união, dos heroicos sofrimentos, das generosas simpatias, da pureza, da consagração, da fé, da esperança e do amor então reinantes.
Alguns estudiosos atribuem essa longa saudação à igreja
de Éfeso, e não à igreja de Roma, argumentando que Paulo não conhecia pessoalmente a última e seria improvável que tivesse tantos amigos lá. Além disso, Paulo faz referência a Priscila e Aquila, proeminente casal que fora expulso de Roma pelo edito de Cláudio em 49 d.C. (At 18.2) e servira a Cristo na cidade de Corinto, onde Paulo os acompanhara (At 18.1-3). Depois viajaram juntos para Éfeso (At 18.18,19; 1Co 16.10), e deve ter sido ali que o casal arriscou a vida por ele (16.4).
Além do mais, Paulo envia saudações a Epêneto (16.5),
primeiro convertido da Ásia, sendo Éfeso a capital da Ásia Menor. Concordo, entretanto, com William Barclay quando ele diz que, se Paulo tivesse enviado saudações a tanta gente para uma igreja conhecida como Éfeso, teria provocado ciúmes nos demais membros, mas para uma igreja que ainda não havia visitado, como a de Roma, essa longa lista era um expediente sábio para criar a maior rede possível de relacionamentos.
Outro argumento consistente para provar que essa
saudação foi realmente dirigida aos crentes de Roma, e não aos membros da igreja de Éfeso, é que Roma era a capital do império, a maior e mais cosmopolita cidade da época, com mais de um milhão de habitantes, e todos os caminhos levavam a Roma. A essa magnífica cidade todos os dias afluíam pessoas em busca de novas oportunidades. Havia naquele tempo grande mobilidade e era natural que muitos crentes convertidos em igrejas que Paulo fundara agora estivessem residindo em Roma. Concordo com John Stott quando ele diz não ser nada improvável que, após a morte de Cláudio em 54 d.C., Priscila e Áquila tenham retornado a Roma, onde teriam recebido essa saudação de Paulo.
Destacamos aqui algumas preciosas lições:
1-Em primeiro lugar, os crentes fazem parte da família
de Deus. A família de Deus tem duas marcas distintas - unidade e diversidade, como destaca. Com respeito à diversidade, podemos notar que na lista de Paulo há homens e mulheres, escravos e livres, pobres e ricos, gentios e judeus, mas todos estão em Cristo, e é essa união com Cristo que fornece a base para a unidade da igreja.
A diversidade da igreja pode ser notada pelo gênero,
classe social e raça. Na igreja de Roma havia homens e mulheres servindo a Deus. Dentre as 26 pessoas saudadas na carta de Paulo, nove são mulheres. Na igreja de Roma pobres e ricos, escravos e livres estavam juntos nesse labor. Na igreja de Roma judeus e gentios faziam parte da mesma família. Na igreja de Deus há diversidade unidadena.
Os comentaristas acham muito provável que o Aristóbulo
mencionado aqui (16.10) seja um neto de Herodes, o Grande, e amigo do imperador Cláudio, e que Narciso (16.11) seja ninguém menos que o conhecidíssimo, rico e poderoso liberto que exerceu grande influência em Cláudio. Havia pessoas da corte imperial convertidas a Cristo na igreja de Roma (Fp 4.22). No que concerne à unidade, precisamos salientar que ela não é feita pelo homem, mas por Deus. Não criamos a unidade da igreja; ela existe. Ao descrever seus amigos, Paulo destaca quatro vezes que eles estão em Cristo (16.3,7,9,10) e cinco vezes que estão no Senhor (16.8,11,12,13). Por duas vezes ele usa uma linguagem de conotação familiar, referindo-se a “irmã” (16.1) e “irmãos” (16.14).
2-Em segundo lugar, os crentes devem ter mãos
dispostas para o trabalho de Deus (16.3,6,9,12). Priscila e Aquila eram cooperadores de Paulo (16.3), assim como Urbano (16.9). Maria muito trabalhou pela igreja de Roma (16.6). Trifena e Trifosa trabalhavam no Senhor (16.12). Os verbos “cooperar” e “trabalhar” destacam que essas pessoas tinham as mãos dispostas para o trabalho de Deus.
3-Em terceiro lugar, os crentes devem ter a casa aberta
para a igreja de Deus (16.5). Paulo saúda os líderes dos cinco grupos em cujas casas a igreja se reunia para a adoração (16.5,10,11,14,15). Em destaque está o casal Priscila e Aquila. Eles tinham vocação missionária. Eram fabricadores de tendas e deixaram Roma para habitar em Corinto, depois em Éfeso e agora estavam de volta a Roma. O edito de Cláudio, pelo qual os judeus haviam sido expulsos, deixara de vigorar, e Priscila e Aquila não hesitaram, como muitos outros judeus, em voltar ao seu antigo lar e a seus antigos negócios. E, uma vez mais descobrimos que eles são exatamente os mesmos: outra vez há uma igreja, um grupo de cristãos que se reúnem em seu lar (16.5). Em outra ocasião, pela última vez, eles estão novamente em Éfeso (2Tm 4.19). Priscila e Aquila era um casal nômade, dois missionários itinerantes. Em todas as cidades por onde passaram, Roma, Corinto, Éfeso, novamente Roma e outra vez Éfeso , eles abriram as portas da sua casa para a igreja de Deus. Naquele tempo, não havia templos, e as igrejas se reuniam nas casas. A casa desse casal era uma igreja na qual os crentes se reuniam para adorar a Deus e proclamar sua Palavra.
4-Em quarto lugar, os crentes devem ter o coração
aberto para os filhos de Deus (16.4,7,13). Priscila e Áquila não apenas abriram a casa para abrigar a igreja de Deus, mas também estavam dispostos a correr riscos pelos filhos de Deus. Arriscaram a vida para salvar o apóstolo Paulo. A palavra grega upethekan significa colocar-se sob o machado do executor, sob a lâmina do carrasco e arriscar a vida em prol de outras pessoas. Possivelmente isso aconteceu em Éfeso, onde Paulo enfrentou lutas maiores que suas forças a ponto de desesperar-se da própria vida (2Co 1.8). O casal Andrônico e Júnias esteve com Paulo na prisão (16.7) e compartilhou de seus sofrimentos.
5-Em quinto lugar, os crentes devem ter lábios abertos
para expressar amor aos filhos de Deus (16.5,7,8,9,10,12,13). Paulo era pródigo nos elogios. Acerca de Epêneto, diz que era seu querido. Ressalta que Andrônico e Júnias eram notáveis entre os apóstolos. Destaca que Amplíato era seu dileto amigo. Chama Estáquis de amado. Afirma que Apeles é aprovado em Cristo. Destaca que estima Pérside. Informa que Rufo é eleito no Senhor e destaca que sua mãe também foi mãe para ele. O elogio sincero tem grande valor nos relacionamentos humanos. Paulo sabia disso e não hesitava em usar esse importante recurso.
6-Em sexto lugar, os crentes devem ser zelosos no
serviço, mesmo que no anonimato (16.13-15). Na família de Deus há muitos heróis anônimos. Há muitos santos cujos nomes não são destacados na terra, mas são eminentes no céu. Rufo era possivelmente, filho de Simão Cirineu, o homem que carregou a cruz de Cristo (Mc 15.21). Sua mãe, embora não mencionada pelo nome, foi como uma mãe para o apóstolo Paulo. Que progenitores tinha Rufo! Um pai que carregara a cruz do Salvador, e uma mãe que “adotara” o seu maior apóstolo. O apóstolo saúda muitos irmãos e muitos santos sem declinar seus nomes, gente desconhecida na terra, mas cujos nomes estão arrolados no céu.
7-Em sétimo lugar, os crentes devem ser afetuosos em
seus relacionamentos interpessoais (16.16). Na igreja primitiva, o ósculo santo era a forma afetuosa e calorosa de cumprimento e demonstração de amizade, especialmente antes da celebração da Ceia. Concordo, entretanto, com Calvino quando ele diz: “Não me parece que Paulo exija a observância desta cerimônia, senão que exorta a prática do amor fraternal para que se diferencie das amizades profanas do mundo”. Em nossa cultura o aperto de mão e o abraço são emblemas de efusividade no trato uns com os outros. Mesmo que o gesto seja cultural, o princípio permanece. Devemos ser atenciosos e calorosos em nossos relacionamentos interpessoais. William Hendriksen aponta três conjuntos de passagens nas quais o Novo Testamento faz referência ao beijo.
1. Lucas 7.36-50, onde Jesus diz a seu hospedeiro, Simão,
o fariseu: Você não me saudou com um beijo, mas esta mulher, desde que entrei aqui, não parou de beijar meus pés (Lc 7.45). Eis a lição: não só deve haver afeição, mas esta tem de ser expressa. E preciso haver um sinal de afeição, por exemplo, o ósculo.
2. Lucas 22.47,48. Jesus perguntou a judas: E com um
beijo que você trai o Filho do homem? O amor deve não apenas ser expresso, mas tem de ser real. O ósculo precisa ser sincero.
3. O ósculo trocado entre os membros da comunidade
cristã, a igreja. Este é o ósculo referido em Romanos 16.16 e em 1Coríntios 16.20 e 2Coríntios 13.12. Não só teria de ser um ósculo e um símbolo de afeição genuína, mas também deveria ser santo. Em outros termos, jamais poderia implicar menos de três partes: Deus e as duas pessoas que se osculam reciprocamente. O ósculo santo assim simboliza o amor de Cristo mutuamente compartilhado.
Uma exortação apostolar (16.17-20)
Uma saudação fraternal (16, 21-24) Uma expressão de louvor, honra e gloria a Deus (16. 25-27)