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União Europeia III

Sistema competencial (cont.)


A execução do Direito da União
A delimitação da esfera de competência da União
- o exercício de poderes executivos

Até ao momento o estudo do sistema competencial da União


centrou-se no exercício de poderes legislativos e convencionais.
Importa agora atentar ao exercício de poderes executivos.
Numa pergunta: como se delimitam as competências da União
Europeia e dos seus Estados-membros no plano executivo. Quem
aplica o Direito da UE? Quem assegura que o Direito da UE é
respeitado e cumprido?
A delimitação da esfera de competência da União
- o exercício de poderes executivos

Os diapositivos que se seguem exploram as diferentes formas de


execução do Direito da União

• Administração directa
• Administração indirecta
• Administração mista, ou integrada
A delimitação da esfera de competência da União
- o exercício de poderes executivos

• Uma perspectiva comparativa sobre os modelos de federalismo ajuda a


compreender o modelo Europeu. Afinal, o federalismo é uma forma de delimitação
vertical do poder.
• É comum distinguir dois modelos principais de federalismo: o modelo americano, de
federalismo dual, e o modelo alemão, de federalismo executivo
(Vollzugsföderalismus).
No modelo de federalismo dual, indicam-se as matérias que são competência do
Estado federal e dos Estados federados, e em relação às matérias que são da sua
competência, os dois níveis exercem o poder legislativo, o executivo e o judicial.
Veja-se o exemplo americano: ao nível do Estado Federal, nas matérias que são
competência do Estado federal (por exemplo, política externa, defesa), o poder
executivo é exercido pelo Presidente; ao nível dos Estados federados (Califórnia,
Texas …), nas matérias que são da sua competência (por exemplo, política criminal),
o poder executivo é exercido pelo Governador. E o mesmo se passa na esfera
legislativa e na esfera judicial (há tribunais federais e estaduais).
Daí o nome: federalismo dual: duplica as várias instâncias de poder.
No modelo de federalismo executivo, separam-se as funções. A função legislativa
é exercida ao nível do Estado federal, a executiva ao nível dos Estados federados
• Numa perspectiva comparativa, o modelo de delimitação de competências
consagrado nos Tratados da UE contrasta com o modelo americano de federalismo
dual e apresenta semelhanças com o modelo de federalismo executivo da Alemanha
Administração Directa

• A aplicação directa do Direito da UE (i.e., pelos órgãos da União) é uma


excepção.
• Isto explica o tamanho reduzido do aparato administrativo da União
Uma comparação com a administração federal dos EUA é disso ilustrativa:
a administração federal americana tem cerca de 3 milhões de funcionários;
a da EU, perto de quarenta mil.
• A comparação da administração da União com as administrações nacionais
aporta à mesma conclusão. Na literatura são referidos os exemplos das
autarquias de Milão e de Paris como tendo mais funcionários do que a UE
• Mas há domínios em que a aplicação do Direito da União está a cargo das
instituições e órgãos da União. O Direito da Concorrência é uma dessas
áreas.
• O Direito da Concorrência é um ramo do Direito. As regras da concorrência
visam assegurar o bom funcionamento do mercado. A Comissão (órgão
executivo da UE) tem poderes para aplicar multas às empresas que violem
essas regras (por exemplo: concertando preços, separando mercados).
Administração Indirecta

• Os Estados-Membros têm um papel predominante na aplicação do direito


da União Europeia .
• O Sector aduaneiro oferece um bom exemplo deste modelo de
administração indirecta. A legislação é adoptada pela UE, mas a aplicação
dessa legislação (Código aduaneiro) fica a cargo das administrações
nacionais.
• Entre a administração da União e as administrações nacionais não existe
uma relação de hierarquia. A Comissão não pode modificar, alterar, uma
decisão de uma autoridade nacional.
• Mas a Comissão pode fiscalizar a actuação das autoridades nacionais. É
guardiã do cumprimento do Direito da União. Caso considere que as
autoridades nacionais não estão a cumprir uma obrigação imposta pelo
Direito da União, pode instaurar contra esse Estado um processo por
incumprimento no Tribunal de Justiça da UE. O Tribunal pode aplicar ao
Estado inadimplente uma sanção pecuniária.
Administração Mista – em especial, as Agências

• Nos últimos anos, temos assistido ao surgimento de formas híbridas


de execução do direito da União.
• Para dar apenas um exemplo: a proliferação de agências.
• As agências são organismos dotados de personalidade jurídica
instituídos pelo legislador da União para realizar determinadas
tarefas que, por razões políticas ou técnicas, não podem ser
desenvolvidas pela administração central.
• Falamos de uma administração mista porque as autoridades
nacionais participam na estrutura organizativa das agências
• A agências estão sediadas nos diferentes países da UE,
proporcionando por esta via uma maior proximidade da
administração da União em relação aos administrados
Agências

Convido-vos a explorar o sítio da UE sobre as agências


As agências especializadas merecem especial atenção

https://europa.eu/european-union/about-eu/agencies_pt#tipos-de-
ag%C3%AAncias
Agências com sede em Portugal

• Agência Europeia da Segurança Marítima (EMSA)


https://europa.eu/european-union/about-eu/agencies/emsa_pt
• Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT)
https://europa.eu/european-union/about-eu/agencies/emcdda_pt
Perguntas para controlar a compreensão dos tópicos abordados

A consulta do sítio atrás referenciado permitirá responder às


seguintes questões:
- As agências são todas iguais? Há diferentes tipos de agências?
- De que tipo são as agências localizadas em Portugal?
- Quais são as principais áreas em que o legislador da União tem
recorrido à figura das agências?
- Que agências foram criadas em matéria de política social e
emprego?

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