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As sociedades humanas, ao longo da sua história, procuram sempre preservar a sua existência
através das novas gerações, transmitindo-lhes continua e progressivamente as suas ideias,
sentimentos, crenças, hábitos, e aptidões, em fim, a sua cultura.
Educação tradicional visa uma tripla integração do indivíduo: pessoal, social e cultural.
Integração pessoal permite ao indivíduo reunir num todo unitário, as múltiplas influências do
seu meio para em seguida integrá-las na sua maneira de pensar, de agir e de se comportar. Por
seu turno a integração social permite ao indivíduo participar activamente nas actividades e na
vida do grupo a que pertence.
A educação tradicional respondia assim, a esta tripla finalidade, mas dando maior
importância à integração social e cultural que a integração pessoal.
A educação tradicional dada à criança não lhe permitia individualizar-se do grupo; ela
visava à formação da personalidade no sentido de dependência ao grupo e pouco favorecia o
desabrochamento de qualidades humanas individuais através da sua consciência, ela
procurava fazer do indivíduo uma parte integrante da sociedade onde vivia.
O caracter colectivo e social da educação tradicional fez com que ela fosse exercida não
somente pela família mas também pelo clã e aldeia inteira. A criança era considerada um
bem comum e por consequência, submetida à educação de todos: podia ser mandada,
aconselhada, corrigida ou punida por um adulto qualquer da aldeia. Ela recebia, portanto,
uma multiplicidade de influências, mas os resultados eram convergentes quando ao ponto de
coesão ao grupo.
Entre 7/10 anos inicia-se a separação de sexos: assim, o rapaz vive ao lado do seu pai
enquanto a rapariga vive ao lado da sua mãe. É neste período etário que a criança começa
progressivamente a participar nas actividades produtivas da família. A medida que a criança
vai crescendo a separação conforme o sexo vai se tornando cada vez mais nítida.
Além da família e do grupo a iniciação representa uma instituição de capital importância para
a instrução e educação do indivíduo.
Os ritos de iniciação têm lugar por volta dos 15 anos e são marcados por acções educativas
mais conscientes. É nessa altura que a educação dos jovens é confiada a alguns membros
designados pela colectividade. Ela compreende os fundamentos da vida social,
nomeadamente os valores culturais, costumes e tradições. Numa estreita ligação com adultos
aprendem um ofício, são informados sobre os segredos da família, do clã e da etnia.
Aprendem igualmente as cerimónias, danças e contos.
Assim, o adolescente forjado na iniciação é um homem completo: ele tem da sua vida e da
sua sociedade uma ideia clara e corrente, sabe o que os outros esperam e o que é que ele deles
pode se esperar.
Os valores tradicionais
A educação tradicional não existe, actualmente no nosso país, no seu estado puro, mas
contínua presente na nossa sociedade. Ao nível da escola, particularmente nas zonas rurais a
sua presença é notória nas crianças nas quais se verificam bem patentes os valores
tradicionais veiculados e defendidos pela família donde provêm.
Conterá a educação tradicional elementos ou aspectos que podem ser utilizados na educação
e ensino actual?
A educação tradicional apresenta alguns elementos que podem ser tomados e valorizados no
nosso actual sistema educativo.
Ela realizava-se sempre acompanhando a vida da criança em todas suas fases, era apenas no
período de iniciação e de passagem que educação tradicional era formal, institucionalizada.
As disciplinas não eram fragmentadas como acontece na escola de hoje, formavam um todo
coerente, ensinava-se ao mesmo tempo as tradições, a moral, a língua, a arte de viver,
história, a geografia, etc. através duma história, por exemplo ensinava-se por sua vez as
características dos animais (zoologia), os comportamentos humanos (psicologia), a arte de
contar (a fala) e a moral, onde se mostrava como por exemplo, o mal era punido e o bem
premiado.
A separação dos jovens por sexos permitia dar uma educação sexual apropriada a cada grupo.
Procurando, deste modo, harmonizar as suas futuras relações em família. O rapaz aprendia
como viver com a sua mulher e a rapariga como viver com o seu marido.